Você está na página 1de 30

ANÁLISE DE CIRCUITOS

1.0 – Instrumentos e Medições: O MULTITESTE

O multiteste é um instrumento de medida elétrica que, geralmente, permite executar


medidas de diversas grandezas elétricas: tensão, corrente e resistência entre outras. A grande
maioria dos multitestes mede tensão contínua, tensão alternada (senoidal), corrente contínua e
resistência. Um multiteste analógico (de ponteiro) é construído a partir de um instrumento de
bobina móvel e imã permanente (BMIP) que fornece uma deflexão em um ponteiro
proporcional a corrente que atravessa o instrumento. A grandeza básica medida é corrente
contínua; as demais grandezas devem ser transformadas em uma corrente contínua
proporcional para que possa haver uma indicação do ponteiro do instrumento. Um multiteste
digital usa um circuito integrado em que uma tensão contínua é comparada com uma
referência interna e o resultado mostrado em um visor de 3½ ou mais dígitos. A grandeza
básica medida é tensão contínua, sendo as demais grandezas obtidas a partir de circuitos que
fornecem uma tensão contínua proporcional à grandeza a ser medida.

1.1 - Funcionamento do movimento BMIP(bobina móvel imã permanente)

O movimento do sistema de bobina móvel imã permanente é a base de um multiteste analógico


é mostrado na figura acima. Consta de uma bobina que pode girar dentro de um campo
magnético radial gerado por um imã permanente e conformado por um núcleo de ferro doce. A
bobina é suspensa for fios ou por duas hastes apoiadas em mancais de baixo atrito. Quando a
Página 1
suspensão é por mancais, duas molas espirais mantém o conjunto em uma posição de repouso
correspondente ao zero da escala. Ao circular corrente pela bobina o campo gerado tende a
alinhar-se com o campo gerado pelo imã, fazendo com que um ponteiro acoplado à bobina se
mova sobre uma escala graduada com um movimento angular proporcional à corrente. Esse
movimento angular pode ser medido na escala que é construída de modo que a leitura
corresponda à corrente que circula pela bobina. Para uso como instrumento básico do
multiteste, é interessante que a deflexão do ponteiro ocorra com a menor corrente possível. A
maioria dos multitestes usa movimentos BMIP cuja deflexão à plena escala corresponde à
aproximadamente 50 A.

1.2 – O uso do Multiteste

Como foi aprendido na Física, tensão (diferença de potencial) é uma grandeza associada
com dois pontos, cada um dos quais possui determinado potencial eletrostático em relação a
alguma referência. O que se mede ao usar o multiteste é a diferença de potencial entre os dois
pontos. O movimento da agulha sobre a escala, no caso de um multiteste analógico ou a leitura
no visor, no caso de um multiteste digital, corresponde à amplitude da tensão (d. d. p.). O
sentido do deslocamento da agulha ou o sinal, dependendo da localização das duas ponteiras,
indica qual dos dois pontos possui o maior potencial.
Resumindo, para medir tensão é necessário conectar cada ponteira a um dos dois pontos entre
os quais desejamos medir a tensão. Já a medida de corrente é diferente. Corrente é uma
medida relacionada com a quantidade de portadores elétricos que circula ATRAVÉS de um
componente qualquer (incluindo um condutor). Para medir uma corrente é necessário que esta
corrente também circule através do instrumento. Para tanto é necessário abrir o circuito e
inserir as ponteiras no mesmo de modo a possibilitar a circulação da corrente que se deseja
medir através do multiteste.

1.3 - Medida de tensão contínua

1.3.1 - Multiteste analógico

Nesta medida o multiteste analógico comporta-se como um amperímetro de corrente


contínua muito sensível ligado em série com resistores calibrados. Estes resistores fazem com
que a corrente que circula pelo instrumento seja proporcional à tensão aplicada.

Se aplicarmos uma tensão contínua V aos terminais, circulará uma corrente

I = V/R,

Página 2
onde R é a resistência interna do multiteste (resistor calibrado mais resistência do fio da
bobina do amperímetro).

Como R é conhecido, através da medida da corrente I podemos determinar o valor da


tensão aplicada:

V=R I.

A escala do multiteste já está convenientemente marcada em volts e as diferentes escalas


podem ser escolhidas através de uma chave rotativa. É necessário lembrar que a resistência
interna do multiteste pode afetar as leituras obtidas. Por exemplo, se um instrumento BMIP
cuja corrente de fundo de escala é de 1mA for usado para medidas de 0-50V a resistência
total do instrumento deve ser 50k pois,

R = V/I = 50/0,001 = 50000 .

Ao medirmos a tensão sobre o resistor RB do circuito abaixo, que sabemos ser 50V.

a ligação do instrumento em paralelo com RB formaria o seguinte circuito:

onde a tensão lida pelo multiteste sobre RB seria:

VRB = 100 (50//50)/[50+(50//50)] = 33,3...V

Para que o erro introduzido pelo instrumento possa ser desprezado, é necessário que a
resistência interna do multiteste na escala usada seja muito maior que a resistência equivalente
do circuito no qual desejamos medir a tensão.

Página 3
1.3.2 Multiteste Digital

No multiteste digital a comparação da tensão a ser medida é, geralmente, feita com uma
tensão de referência de 100mV. Se o visor pode apresentar valores de até 1,999, isto significa
que a escala básica de tensão contínua é de 0 – 199,9mV, freqüentemente chamada de escala
de 0 – 200mV. Para que tensões maiores possam ser medidas é necessário que circuitos
apropriados sejam incluídos que fornecem na saída uma tensão que seja uma potência de 10
vezes menor que a tensão de entrada. Por exemplo, se VI = 19V deve ser feita uma divisão
por 100 para que a tensão aplicada ao circuito integrado seja de 190mV e possa ser medida
pelo multiteste. Como no instrumento analógico, a escala é escolhida através de uma chave
seletora que, adicionalmente, ajusta a posição do ponto decimal do mostrador.
A resistência de entrada do multiteste digital é fixa para todas as escalas de tensão e seu
valor geralmente é de 10M . Como esta resistência é muito maior que a resistência interna da
maioria dos circuitos, a interferência do multiteste digital na tensão que está sendo medida
pode ser desprezada na maior parte dos casos.

1.4 - Medida de tensão alternada

Como as grandezas básicas medidas pelos multitestes são contínuas, é necessário incluir
no circuito para medida de tensões alternadas um dispositivo chamado retificador que
transforma tensões com forma de onda senoidal em tensões contínuas proporcionais a alguma
característica da senóide (amplitude, valor médio etc).

1.5 - Medida de corrente contínua

1.5.1 - Multiteste Analógico

Como a medida básica do multiteste analógico é de corrente contínua, basta aplicar a


corrente a ser medida diretamente ao instrumento. Caso a corrente seja maior que a
correspondente ao fundo de escala é necessário acrescentar circuitos derivadores que
desviam parte da corrente que circula pelo circuito. Como nas medidas de tensão os
derivadores são selecionados através de uma chave em que cada posição corresponde a uma
escala de corrente como no circuito abaixo.

1.5.2 - Multiteste digital

Sendo o multiteste digital um instrumento que compara tensões contínuas, é necessário


inserir no circuito resistores calibrados que produzem uma tensão proporcional à corrente e
podem ser escolhidos através de uma chave. É importante observar que nos dois casos uma
resistência externa é inserida no circuito onde a corrente deve ser medida, alterando a
resistência do caminho de corrente. Dependendo da grandeza da resistência inserida a
corrente no circuito pode ser alterada pela presença do multiteste (como exemplo, tomemos o
multímetro Minipa ET-2081, que na escala de 400µA, insere uma resistência de 1KΩ em série,
na escala de 40mA esta resistência cai para 10Ω e na escala de 400mA, aproximadamente cai
para 1Ω).

1.6- Medida de resistência

1.6.1 - Multiteste analógico

Página 4
A Lei de Ohm é usada na forma:

I = V / R.

Se a tensão V for conhecida (fornecida por uma pilha ou bateria), medindo o valor da
corrente I podemos calcular a resistência R.

O valor da resistência vem diretamente indicado na escala do instrumento. Observe-se


que a relação entre a resistência e a corrente é inversa, consequentemente a escala de
resistência será não-linear e terá o zero à direita(corrente máxima). Componentes adicionais
são necessários para evitar que a corrente máxima ultrapasse o valor de fundo de escala do
instrumento e para compensar a variação da tensão de alimentação fornecida por pilhas ou
baterias.

1.6.2 - Multiteste digital

A Lei de Ohm é usada na forma

V = R * I.

Uma fonte de corrente constante (o multímetro Minipa ET-2081 aplica 800µA na escala
de 400Ω, 80µA na escala de 4KΩ, 20µA na escala de 40KΩ e 2µA na escala de 400KΩ,
aproximadamente) é usada para fornecer a corrente I com valor conhecido e a resistência R
pode ser determinada medindo a tensão V sobre o resistor.

1.7 - As Medidas de Tensão no Multímetro Analógico

O multímetro analógico possuí um ponteiro no painel para indicar o valor da unidade a ser
medida. É menos preciso que o digital na medida de tensões ou resistências, porém é o mais
eficiente no teste de componentes eletrônicos. O ideal é que o multímetro analógico tenha a
escala de X1 e X10K no mínimo, quanto mais escalas melhor, observe atentamente o modelo
de multímetro a seguir.

Página 5
A medida da tensão elétrica é medida em volts, por isso o multímetro tem uma seção para
a medida da tensão alternada (ACV) várias escalas várias escalas para medir o nível da
tensão, e uma seção para a medida de tensão contínua (DC) e várias escalas para medir o
nível da tensão. É preciso estar atento para o tipo de tensão que se deseja medir e também
para o nível da tensão que se deseja medir, se não for conhecido o nível da tensão, é
recomendável que se inicie a medida da tensão da escala mais alta e vá baixando a escala até
conseguir uma leitura correta da tensão. Nos multímetros digitais o valor da escala é
visualizado diretamente no display, já para multímetros analógicos é preciso ter atenção e uma
interpretação dos valores medidos.
Para um bom multímetro analógico, os valores encontrados para a medição de corrente
contínua (DC) com a escalas mais comuns são 200mV, 2V, 20V, 1000V, mas dependo do tipo
do multímetro podem existir outras escalas. Para a medição de corrente alternada (AC) as
escalas mais comuns são 50V, 200V, 750V, 1000V, para os multímetros mais simples as
escalas geralmente são 200V e 750V. A seleção da seção e das escalas é feita através de uma
chave rotativa.

“O importante ao usar um multímetro, é saber selecionar a seção e a escala correta para


o tipo da medição a ser feita, e é claro, saber interpretar o que o ponteiro indica.”

A seção para a medição de tensão contínua é indicada por VCC, DCV, VDC ou um V com
duas linhas sobre ele, uma linha tracejada e a outra linha contínua. A seção para a medição de
tensão alternada é indicada por VCA, ACV, VAC ou um V com um ~ (til) sobre ele. Para medir
o nível de tensão em um determinado ponto é necessário que as pontas de prova sejam
colocadas em paralelo com o ponto a ser medido. Se for de interesse medir a tensão aplicada
sobre uma lâmpada devemos colocar uma ponta de prova de cada lado da lâmpada, isto é
uma ligação em paralelo. No caso de uma lâmpada incandescente encostamos uma ponta de
prova na rosca e outra na parte inferior e metálica do conector da lâmpada.

Página 6
“Estas medidas devem ser feitas com critério, durante uma medida nunca devemos
encostar as mãos em nenhuma parte metálica da ponta de prova ou dos pontos que
estão sendo medidos, caso isto aconteça corre-se o risco de choque elétrico e/ou
termos uma leitura errada.”

É bom praticar bem antes de manipular as pontas de provas e começar a medir tudo que
encontrar pela frente. Sempre, mas sempre mesmo, preste muita atenção, o borne comum,
normalmente indicado por COM, e é onde deve estar sempre ligada a ponta de prova preta. O
borne indicado por V/Ohms/mA é onde deve estar conectada a ponta de prova vermelha para a
medição de tensão contínua ou tensão alternada, medição de resistência e medição corrente
na ordem de miliampères. Nos multímetros analógicos, se for realizada uma medida de tensão
contínua e o ponteiro defletir ao contrário, ou seja, para trás, isso significa que as pontas de
prova estão invertidas, ou seja, a ponta de prova vermelha está sendo colocada no ponto
negativo do nível de tensão que está sendo medida, e conseqüentemente a ponta de prova
preta está sendo colocada no ponto positivo do nível de tensão que está sendo medido, é
preciso trocar a posição das pontas de prova para uma leitura correta. A chave de liga-desliga
de um multímetro digital geralmente é uma das posições da chave rotativa, mas também pode
ser uma chave ao lado do instrumento, para economizar bateria, desligue o multímetro caso
não esteja utilizando.

1.8 - Para Medir tensão Alternada:

Coloque a chave na escala ACV mais próxima acima da tensão a ser medida, no caso
esperamos encontrar em torno de 220 volts, então escolha na seção ACV a primeira escala
superior a 220 volts, em nosso exemplo a primeira escala superior é 250 volts. Não tem
importância a polaridade das pontas na medição da tensão alternada, pois nos circuitos
eletrônicos costuma-se ser feita a medida na entrada da rede ou nos secundários do
transformadores de alimentação.

Sempre lembrando que existe o perigo de tomar choques, então muito cuidado para não
tocar nas partes metálicas.

Abaixo vemos como deve ser feita esta medida usando a escala de ACV, lembrando que
se não tiver tensão nos filamentos, o ponteiro não se moverá e se a tensão for maior que a
tensão máxima que pode ser medida na escala escolhida, o ponteiro irá bater no final da
escala, podendo via a danificar permanentemente o multímetro.

Página 7
No exemplo acima não existe perigo de choque, pois espera-se encontrar um nível baixo
de tensão, mas é bom se acostumar a não encostar as mãos ou qualquer parte do corpo nas
pontas de provas ou em partes metálicas, pois podem mostrar tensão abaixo da que realmente
existe no ponto medido, e existe o perigo de choque elétrico.

1.9 - Para medir tensão contínua:

Geralmente as tensões no circuito eletrônico são medidas em relação ao terra, então coloque a
ponta preta no terra e com a ponta vermelha meça a tensão nos terminais do transistor e
compare com o valor de tensão indicado no esquema.

Veja abaixo:

Página 8
ANÁLISE DE CIRCUITO

1.10 - Uso do multímetro

O Laboratório que acompanha Resistores, introduz a utilização do multímetro como ferramenta


indispensável para realizar medidas nos circuitos.
Quanto mais habilitado você estiver com esse aparelho de medição, mais poderá testar
circuitos, entendendo melhor como funcionam, como localizar e corrigir falhas.

Tópicos

O que fazem os medidores?

Multímetros analógicos

Práticas com medidas

O que fazem os medidores?

Um medidor é um instrumento de medição. O resultado de uma medição é uma medida.


Não há cunho científico onde não houver medida. Em Eletrônica, os amperômetros medem
intensidades de corrente, os voltômetros medem a diferença de potencial (tensão) entre dois
pontos e os ohmômetros medem as resistências elétricas dos condutores.
Cometendo erros de nomenclatura, porém já consagrados pelo uso, tais aparelhos são
mais conhecidos por: amperímetro, voltímetro e ohmímetro.

Nota: O Sistema Internacional de Unidades, no trecho dedicado á nomenclatura, indica:


aparelhos de medida direta são grafados com terminação em "ímetro" (tal como o paquímetro)
e os de medida indireta são grafados com terminação "ômetro" (tais como o cronômetro,
odômetro, amperômetro, voltômetro etc.). Os técnicos em eletricidade e eletrônica não 'falam'
cronímetro ou odímetro, mas dão-se por satisfeitos com amperímetro, voltímetro etc.Um
'multímetro' ou multiteste incorpora todas essas funções de medidores e possivelmente outras
mais, num só equipamento. Antes de entrarmos em detalhes no manuseio dos multímetros, é
importante para você ter uma idéia clara de como os medidores são conectados ao circuito sob
inspeção.

1) A ilustração abaixo mostra um circuito em duas situações, A antes e B depois de se ligar um


amperímetro:

Página 9
Para se medir a intensidade de corrente que circula por um dado componente ou num trecho
de circuito, tal circuito deve ser "aberto", "cortado", "interrompido" para poder intercalar o
amperímetro em série.

Toda a corrente que passa pelo componente ou no trecho em questão deve passar também
através do medidor. Na ilustração acima, não importa se o amperímetro é inserido na posição
indicada, entre R1 e R2 ou entre R2 e a fonte de tensão.
A introdução do amperímetro no circuito implica na introdução de uma nova resistência (a
resistência interna do próprio aparelho)que afeta a resistência total e conseqüentemente a
intensidade de corrente. Assim, para a leitura seja confiável é necessário que a resistência
própria do medidor seja a mais baixa possível.

“Um bom amperímetro deve ter resistência interna praticamente nula!”

2) A ilustração a seguir mostra um circuito em duas situações, A antes e C depois de se ligar


um voltímetro:

Observe que, para a medida de uma diferença de potencial (tensão) entre dois pontos (os
terminais do resistor R2, na ilustração), o circuito não precisa ser interrompido; o voltímetro é
conectado em paralelo.

Página 10
Para que a inclusão do voltímetro não altere substancialmente o valor da resistência do trecho
sob medição é preciso que a resistência própria (interna) do medidor seja a mais alta possível.
Em outras palavras, a intensidade de corrente através do voltímetro deve ser mínima.

“Um bom voltímetro tem resistência interna praticamente infinita!”

Que medição você acha que é mais útil para o experimentador, intensidade de corrente (com
amperímetro) ou tensão elétrica (com voltímetro)?
Ambas são úteis porém, a medida de tensão é muito mais prática e muito mais freqüente. Ela é
uma medição fácil pois incorpora a vantagem de não necessitar nenhuma interrupção no
circuito original. Nesse tipo de medição, as pontas de prova do voltímetro são simplesmente
encostadas nos pontos entre os quais quer se saber o valor de tensão.

3) A ilustração abaixo mostra um circuito em duas situações, A antes e D depois de se ligar um


ôhmímetro:

O ôhmímetro não deve ser usado com o circuito conectado à fonte de alimentação. Ele
não trabalha da mesma maneira que voltímetro e amperímetro. Esses dois usam a fonte de
alimentação do circuito para suas leituras; o ôhmímetro não, ele tem sua própria fonte de
tensão.
Além disso, o componente cuja resistência está sob medição deve ser retirado do circuito. Na
ilustração, o resistor R2 foi retirado para uma perfeita medição do valor de sua resistência. Na
prática não é necessário dessoldar seus dois terminais, basta soltar um deles.
A fonte de tensão interna do ohmímetro faz circular uma pequena intensidade de corrente pelo
componente em teste e avalia a queda de tensão sobre ele; em função dessa tensão o medidor
fornece, como leitura, a resistência do componente. A maioria dos ohmímetros têm, em seu
interior, um fusível para protegê-lo contra "abusos" e falhas do operador.

1.11 - Multímetros digitais

Multímetros digitais são projetados por engenheiros eletrônicos e produzidos em massa.


Até mesmo os modelos mais baratos podem incluir características que você, iniciante,
provavelmente não as usará.
Tais medidores dão, como saída, uma exibição numérica normalmente através das
propriedades dos mostradores de cristais líquidos.
A ilustração a seguir mostra dois modelos de multímetro digitais. O da esquerda, um
típico, tem suas funções e alcances selecionadas mediante uma chave (ligada a um grande
botão no meio do aparelho). O da direita, mais sofisticado, não é necessário selecionar
nenhum alcance, apenas a função. Ele, automaticamente seleciona um alcance adequado.

Página 11
Comentemos o primeiro modelo. Mediante o acionamento do botão central, que pode
assumir diversas posições, você tem que escolher aquela que convém para a adequada
medição. Se esse botão foi dirigido para o setor V= e aponta para a faixa dos 20V (como na
ilustração) então, 20V é a tensão máxima que pode ser medida. Para os circuitos
experimentais com os quais trabalharemos essa é a seleção indicada para medidas de
tensões. Em algumas situações poderemos utilizar o alcance 2V ou ainda 200 mV. As faixas de
tensões para fontes de polaridade fixa (pilhas, baterias e fontes de alimentação) estão no setor
indicado com V=. Nossos projetos iniciais trabalharão com esse tipo de alimentação.
Leituras de tensões alternadas (AC) devem ser feitas com o máximo de cuidado e o botão
central deve ser levado para o setor V~.

Muito cuidado ao ligar o medidor na rede elétrica domiciliar.

Comentemos o segundo modelo. É um multiteste (multímetro) denominado multímetro auto


ajustável. Mediante o botão central você se limita a escolher uma função, ou seja, que
grandeza quer medir (tensão, corrente, resistência, decibéis etc.), o restante o aparelho faz por
conta própria. Ele escolhe qual o alcance mais indicado e apresenta no mostrador a leitura
(digital) acompanhada da unidade de medida. Ele é mais caro que o medidor comum mas,
obviamente, de manuseio mais simples. Cuidado especial deve ser tomado para as ligações

Página 12
das pontas de prova no multiteste. O fio vermelho que termina em ponta deve ser conectado ao
terminal marcado com V, W ,mA e o fio preto que termina com um jacaré deve ser inserido no
terminal marcado com COM (COMUM).

1.12 -Multímetros analógicos

Nos medidores analógicos uma agulha movimenta-se diante de uma escala gravada no
mostrador. Multímetros analógicos com alcances chaveados (selecionados por botão central)
são mais baratos que os digitais porém, de leituras mais difíceis para os novatos lerem com
precisão, especialmente nas escalas de resistências. O aparelho é mais delicado que os
digitais e, em caso de queda, é mais provável que se danifiquem.
Cada tipo de medidor tem suas vantagens e desvantagens. Usado como voltímetro, um
medidor digital é normalmente melhor porque sua resistência interna é muito mais alta (1 MΩ
ou 10 MΩ ) que aquela dos analógicos (200 kΩ ) numa faixa semelhante. Por outro lado, é
mais fácil seguir o lento movimento da agulha em determinadas leituras de tensão que as
trocas numéricas de um digital. Usado como amperímetro, um medidor analógico passa à
frente do digital; primeiro por ter resistência interna bem menor e em segundo, por ser mais
sensível (normalmente com escalas até 50 mA). Multímetros digitais mais caros podem igualar
ou mesmo superar esse desempenho. A maioria dos multímetros modernos é digital; os tipos
analógicos tradicionais são destinados a ficar obsoletos (mas, eu não dispenso o meu
analógico!).

1.13 - Práticas com medidas

1.13.1 - Medidas de tensão:

Construa o circuito mostrado abaixo usando a matriz de contatos e quatro resistores de 10 kW .

Usando o multímetro digital como voltímetro, meça a tensão fornecida pela fonte de
alimentação e a seguir as tensões (d.d.p) entre os pontos [A e B] e [A e C].

Que você observa com relação a esses resultados?

Os quatro resistores estão associados em série e fazem um arranjo conhecido como


divisor de tensão. A tensão total é compartilhada (dividida) entre os quatro resistores e, a
menos da tolerância, cada resistor recebe parcelas iguais (pois têm valores nominais iguais).

Página 13
Modifique o circuito, substituindo um ou mais resistores de 10 kΩ por outros de 1 kW ou 100 kΩ
. Refaça as leituras de tensão.

Os resultados são os esperados?

A ilustração a seguir mostra um circuito sensor de luz construído de modo semelhante:

O circuito usa um LDR (resistor dependente da luz) e um resistor de 10 kΩ em série,


constituindo também um divisor de tensão.
A resistência imposta pelo LDR é afetada pela luz que incide sobre sua face sensível. Na
escuridão essa resistência é bem alta, 1 MΩ ou mais. Sob iluminação (quando então a energia
luminosa aumenta o número de portadores de carga disponível para o fluxo de corrente) a
resistência diminui sensivelmente, podendo mesmo chegar abaixo dos 100 Ω . Conecte as
pontas de prova de tensão sobre o resistor de 10 kW , como se ilustra. A seguir, cubra com a
mão a superfície sensível do LDR. A tensão lida aumenta ou diminui?

1.13.2 - Medidas de resistência

Remova o LDR do circuito e meça sua resistência, como se ilustra acima.

Página 14
Para fazer o multímetro funcionar como um ohmímetro, você precisará selecionar uma faixa de
resistência. O chaveamento para o alcance 200 kΩ é satisfatório. Agora você poderá observar
as alterações de resistência conforme muda o nível de iluminação no LDR.
Se a leitura chegar ao valor máximo e estacionar com a progressiva cobertura do LDR, isso
significa que o alcance do medidor precisa ser modificado para um alcance mais elevado, 2000
kΩ , por exemplo: A quantos MΩ corresponde os 2000 kΩ ?

1.13.3 - Medidas de intensidades de correntes:

A ilustração abaixo mostra um arranjo efetuado com resistores de 100 W sobre uma
matriz de contatos. Vamos usá-lo para efetuar medidas de intensidade de corrente:

Observe que a corrente tem que circular pelo amperímetro assim como pelo circuito. O circuito
foi previamente interrompido e o amperímetro inserido. Faça uma nova leitura de intensidade
de corrente levando o "jumper" que está ligado em A para uma nova posição B.

Qual a intensidade de corrente?

Leve o "jumper" para as posições C e D, sucessivamente e anote as novas leituras. Não


esqueça de escrever as unidades corretamente. Calcule, separadamente, a intensidade de
corrente esperada em cada caso usando da Lei de Ohm.

Página 15
ANÁLISE DE CIRCUITOS

1.0 – O CAPACÍMETRO

É o instrumento usado para medir o valor dos capacitores comuns e eletrolíticos. Há dois
tipos de capacímetro: o analógico (de ponteiro) e o digital (de cristal líquido). Existem os
multímetros digitais com um capacímetro que podem medir capacitores de 0 a 20 µF e os
capacímetros propriamente ditos (sem outras funções) que podem alcançar valores maiores
como por exemplo de 0 a 20.000 µF. Abaixo vemos um multímetro digital com várias funções
entre elas um capacímetro:

1.1 - ESCALAS DO CAPACÍMETRO

Cada uma das escalas indica a máxima capacitância que pode ser medida. Não se esqueça
de descarregar o capacitor antes de testá-lo num capacímetro. Veja abaixo:

Página 16
A sequência certa para testar o capacitor com este instrumento é a seguinte:
a) Faça a leitura do valor do capacitor indicado no corpo do mesmo;
b) Coloque o capacímetro na escala mais próxima acima do valor da peça;
c) Descarregue o capacitor e encaixe-o nos terminais do aparelho;
d) A leitura deve ser próxima ao valor indicado no corpo;
e) Se a leitura for muito diferente ao indicado no corpo, o capacitor está com defeito.

Obs - Os aparelhos que são apenas capacímetros podem alcançar maiores valores para os
capacitores eletrolíticos (geralmente até 20.000 µF) e costumam ter, além dos terminais de
encaixe, duas ponteiras de provas para colocar nos terminais do capacitor a ser testado. O
capacitor eletrolítico pode ser colocado em qualquer posição para o teste.

1.2 - MEDIDA DE CAPACITORES DE CERÂMICA

Como estes capacitores geralmente têm valores mais baixos, usaremos as escalas de 2n,
20n ou 200n no máximo conforme o caso. Abaixo vemos como se faz a medida do valor do
capacitor cerâmico:

Neste caso como o capacitor é de 12 pF (0,012 nF), foi escolhida a escala mais próxima acima,
no caso até 2 nF. O valor medido está um pouco acima do marcado no corpo, devido à
tolerância do capacitor. E outro detalhe: o capacitor alterado indicará valor menor que o normal.

Página 17
1.3 - MEDIDA DE CAPACITORES DE POLIÉSTER

Este tipo possui uma faixa de valores mais alta que os de cerâmica. As escalas do
capacímetro a serem usadas estão entre 20 n e 2 µ. O procedimento de teste nos capacitores
de poliéster podem ser usados em qualquer tipo de capacitor comum de médio valor. Veja
abaixo:

1.4 - MEDIDA DE CAPACITORES ELETROLÍTICOS

Estes capacitores são os de mais alto valor na eletrônica. Portanto devemos usar as
escalas mais altas do capacímetro. Infelizmente o multímetro usado como exemplo só pode ser
usado para medir pequenos capacitores eletrolíticos (até 20 µF). Porém os capacímetros sem
outras funções podem medir eletrolíticos maiores. O capacitor pode ser colocado em qualquer
posição para fazer este teste. Veja alguns exemplos abaixo:

1.5 – CAPACÍMETRO DIGITAL MC-152

Embora os capacitores possam ser testados de forma empírica com o multímetro ou

Página 18
mesmo com outros recursos, saber se um desses componentes está com o valor correto é
fundamental para o diagnóstico de falhas em equipamentos de todos os tipos. Um capacitor
alterado, mesmo que levemente, pode causar problemas graves nos equipamentos e os testes
rudimentares de fuga ou carga feitos com multímetros ou outros recursos não revelam isso.
Assim, todo o profissional de Eletrônica deve contar obrigatoriamente em sua oficina com a
ajuda de um capacímetro. Houve tempo que os capacímetros eram instrumentos caros e
sofisticados, encontrados apenas nos laboratórios mais avançados. Hoje, entretanto, graças às
tecnologias modernas de instrumentação, é possível encontrar capacímetros excelentes a
preços acessíveis como o MC-152.
Esse capacímetro digital que fornece os valores de capacitância em um display de cristal
líquido de 3 1/2 dígitos pode medir com precisão capacitâncias de 1 pf a 2 000 mF em10 faixas
de leitura indicadas na tabela abaixo.

Essas escalas são selecionadas por uma chave rotativa que se encontra no painel do
aparelho, o que torna bastante simples o seu uso. Quando um capacitor tem valor que está
fora do valor máximo alcançado pela faixa selecionada, há uma indicação no próprio painel
pedindo que escala apropriada seja escolhida.

1.6 – Indutímetros

No ARRL Handbook for Radioamateurs de 1999 foi apresentado um circuito muito simples
para medir indutores. Este Indutímetro mede indutores entre 3µH e 7mH, em duas escalas de
medição. A leitura da indutância é feita na escala de miliVolts de um multímetro . A precisão
deste Indutímetro fica em torno de +/- 10%, o que é perfeitamente adequado ao caráter
experimental do radioamadorismo. O multímetro deve ser digital. Medida de bobinas é uma
coisa que quase não ouvimos falar, até parece que o valor de bobinas é quantas espiras ela
tem, mas indutores tem sua unidade de medida o Henry. Esse circuito pode auxiliar nas
montagens de circuitos de RF.

1.6.1 - O Circuito do medidor de indutores para multímetro

O circuito do medidor é composto pelos seguintes blocos: Fonte de alimentação,


Oscilador, Diferenciador, Integrador e Ajuste de Offset. A fonte de alimentação é composta por
uma pilha de 9V e um circuito integrado regulador de tensão (U2). Para aumentar a vida útil da
pilha escolhemos o regulador 78L05 que tem uma corrente quiescente em torno de 3mA. Já
um regulador do tipo 7805 tem uma corrente quiescente em torno de 10mA (os reguladores de
alguns fabricantes chegam a apresentar até a 25mA de corrente quiescente!).
O oscilador, que fornece os pulsos para o diferenciador, gera pulsos em duas freqüências fixas.
Estas freqüências determinam as escalas de medição. A primeira escala, com o oscilador em
Página 19
60KHz, vai de 3uH a 500uH. Na segunda escala, de 100uH a 7mH, o oscilador funciona com
uma freqüência de 6KHz. A seleção de escalas é dada pela chave, S1, do tipo 2 pólos 2
posições. Este oscilador é do tipo RC com uma porta inversora e com um buffer para isolá-lo
da carga RL.
O diferenciador é formado por uma carga resistiva R e pelo indutor a ser medido, L. Neste
diferenciador serão gerados pulsos cuja largura depende da constante de tempo RL, como o R
é fixo, quanto maior o indutor L, maior será a largura do pulso gerado. Simples assim.
Os pulsos do diferenciador são aplicados à entrada da porta lógica seguinte que transforma
estes pulsos analógicos e pulsos de nível TTL, e desta segue para a última porta lógica e o RC
formado por R3 e C3 - o integrador que transforma estes pulsos em uma tensão dc
proporcional a largura destes pulsos. Por último, o circuito de Ajuste de offset gera uma
pequena tensão para zerar o instrumento na escala de 3uH a 500uH.

1.6.2 - Montagem e Calibração do indutímetro

A montagem do circuito é simples. Aconselhamos usar um soquete de 14 pinos para o


circuito integrado. As conexões entre o Indutímetro e o indutor sob medição devem ser
mantidas curtas, para não afetar o valor medido.
Para a calibração é necessário ter um indutor (bobina) padrão. Este determinará a precisão do
Indutímetro. O procedimento que descrevemos é para um indutor padrão de 330µH. Selecione
a escala de medição baixa (3 a 500uH), coloque os terminais de medição em curto - com um
pedaço de fio de tamanho suficiente apenas para estabelecer o curto circuito. Ligue a saída no
multímetro e selecione a escala de milivolts. Ajuste o potenciômetro
para ler 0V no multímetro. Retire o curto circuito e coloque o indutor padrão para ser medido.
Ajuste o trimpot (R2) da escala de medição baixa para ler 330 mV no multímetro. Pronto, esta
escala está calibrada. Para calibrar a outra escala, selecione a escala de medição alta.
Coloque o indutor padrão para ser medido. Ajuste o trimpot da escala de medição alta (R5)
para ler 0,33 mV no multímetro. O Indutímetro está calibrado.Lembre que na escala baixa os
milivolts lidos no multímetro indicam µH e na escala alta os milivolts lidos no multímetro
indicam mH.Sempre que for medir na escala baixa é preciso colocar um curto no lugar do
indutor sob medição e ajustar o potenciômetro para ler 0V no multímetro.
Este procedimento não é necessário ao medir na escala alta..
O sistema elétrico brasileiro produz potência elétrica, a qual é fornecida e tarifada segundo o
tempo de consumo dos usuários, ou seja, energia consumida pelos mesmos. Como já foi visto
em relatórios anteriores, a potência elétrica é dada pela expressão (a qual nos será de grande
valia mais a frente, quando a ela retornaremos), contudo, o simples cálculo da mesma dessa
forma, nos induziria a um erro muito maior quando da realização dessa operação. Então, para
minimizar o erro, usamos o Wattímetro, instrumento esse, que internamente realiza essa
operação devido a seus detalhes construtivos (bobinas separadas para medição da tensão e
corrente e, da interação das duas, produz o movimento de deflexão do ponteiro). A energia é a
integral, num dado intervalo de tempo, da potência consumida nesse mesmo intervalo ().
Assim sendo, o instrumento (medidor de energia elétrica, popularmente conhecido como
Relógio) calcula a energia consumida como numa integral, similarmente a um Voltímetro, mas,
ao invés de mover um ponteiro, o trabalho produzido faz girar um disco que, através de
ponteiros ou dígitos, registra quantitativamente a energia consumida num dado período.
Montagem: Realizamos os tipos de montagens acima procurando montar na bancada o circuito
visando segurança e padronização. Daí, nos valendo dos materiais listados mais a frente,
realizamos a coleta de alguns dados, tendo feito as leituras mais aproximadamente possível do
seus reais valores. As tabelas a seguir expõem esses valores: Medido Calculado Tensão
Corrente Potência Consumo/Dia Consumo/Mês Potência Consumo/Dia Consumo/Mês 50,00 V
0,782 A 40,00 W 0,96 kWh 28,80 kWh 39,10 W 0,94 kWh 28,15 kWh 80,00 V 1,025 A 82,00 W
1,97 kWh 59,04 kWh 82,00 W 1,97 kWh 59,04 kWh 100,00 V 1,155 A 116,00 W 2,78 kWh
83,52 kWh 115,50 W 2,77 ...

Página 20
ANÁLISE DE CIRCUITOS

1- CONECTORES, CHAVES E RELÊS

Na maioria das vezes, os circuitos eletrônicos precisam se comunicar


com o exterior, controlar equipamentos de grande porte e serem controlados
pelo usuário.
Os conectores, chaves e relês são, em muitos casos, renegados à um
segundo plano na solução de um problema, quando podem ser a solução.
Neste capítulo, veremos como utilizá-los e dimensioná-los de forma que
atendam corretamente as necessidades em que se aplicam.

CONECTORES

Um conector se destina, basicamente, a facilitar a conexão entre


circuitos ou equipamentos de forma semi-permanente. Podemos tomar como
exemplo mais comum a tomada elétrica que utilizamos para conectar os
aparelhos eletro-eletrônicos na rede de energia. Sem ela, teríamos que
emendar fios a cada ligação.
Existe uma grande variedade de conectores no mercado. Cada um deles
possui características que o torna mais adequado para determinada aplicação.
ALGUNS PARÂMETROS IMPORTANTES NA ESCOLHA DE UM CONECTOR
a) Capacidade de corrente: Especifica a corrente que o conector suporta por
tempo indefinido, sem danos. Enquanto uma tomada elétrica comum suporta
cerca de 10 A, conectores de sinal como um pluque RCA suportam poucos
miliampéres.
b) Tensão Máxima de trabalho: É a tensão máxima que o conector suporta sem
que haja danos. Um conector mal dimensionado nesse sentido, que seja
submetido à uma tensão acima da suportada, estará sujeito a ocorrência de
centelhas e suas conseqüencias, oferecendo inclusive perigo ao operador.
c) Resistência de contato: Do exposto acima, podemos concluir que é muito
simples escolher um conector. Basta adquirir um com a maior capacidade de
corrente e maior tensão de trabalho possíveis. Ledo engano!!! Quando
trabalhamos com sinais de baixa-intensidade, a resistência de contato é muito
importante. Alguns conectores chegam a ter seus contatos revestidos com ouro
devido à esse problema.

OUTROS PARÂMETROS
a) Blindagem Eletromagnética: Quando trabalhamos com sinais de baixa-
intensidade suscetíveis a interferências eletro-magnéticas, utilizamos
cabos blindados.
Existem conectores específicos para tais casos, tais como RCA, F e BNC.
b) Resistência Mecânica: Certas conexões precisam de uma resistência
mecânica maior. Para isso existem conectores adequados. Os conectores do

Página 21
tipo DB (DB9, DB25) utilizados em computadores são exemplos de conectores
com boa resistência mecânica.
c) Fixação: Conectores de áudio geralmente precisam ser plugados e
desplugados muitas vezes, por isso são fáceis de se colocar e retirar. Para
conexões que possuem um caráter mais permanente, existem conectores que
são rosqueados, possuem travas ou parafusos de fixação. Podemos citar como
exemplo os conectores tipo F
(usados principalmente nas telecomunicações) ou os conectores tipo DB
utilizados em computadores.

d) Condições ambientais

Dependendo da utilização, alguns conectores podem ser submetidos à


condições ambientais desfavoráveis, tais como ambientes corrosivos, altas
temperaturas, sol e chuvas dentre outros. Tais condições determinam a forma
e os materiais utilizados na sua construção.
Na escolha de um conector para determinada aplicação, é importante
levar em consideração tais fatores para que o projeto não seja comprometido.

TIPOS DE CONECTORES

A classificação abaixo não compreende todos os tipos de conectores


existentes e foi feita apenas para facilitar o entendimento do conteúdo exposto.
Na escolha do conector correto para o seu projeto, são muito importantes a
correta avaliação das necessidades e o bom senso, pois as possibilidades são
inúmeras.

Conectores para áudio


Geralmente possuem 2 ou 3 contatos (mono ou estéreo). Os mais
comuns são os tipos RCA, P1, P2 e P10. Os conectores do tipo RCA são
indicados quando
se trabalha com altas potências, devido à sua construção mais robusta. Os
conectores P1, P2 e P10 são mais utilizados em conexões de sinais de baixa
intensidade e onde são necessárias conexões e desconexões constantes
(microfones, fones de ouvido).
Em alguns casos, quando o plugue é inserido, a saída ou entrada de
áudio é comutada de uma conexão padrão (ex: alto-falante) para o dispositivo
conectado (ex: fone de ouvido).

Plugues tipo P2 estéreo e RCA

Página 22
Conectores para cabos blindados (coaxiais)

Se encaixam nesta categoria conectores tipo F, BNC e o próprio RCA,


dentre outros. Sua principal característica é serem construídos para que o
condutor interno esteja sempre coberto pela blindagem. Alguns modelos
mantém a impedância do cabo para o qual foram projetados para que não haja
perda de sinal.

Conectores para sinais digitais ou complexos (muitas vias).


Se caracterizam por terem relativamente grande quantidade de contatos.
Os principais representantes dessa categoria são os conectores da série DB
utilizados em computadores.

Conector DB25

Conectores para alimentação

São conectores feitos para suportar uma razoável capacidade de


corrente. Todos eles são construídos para que não haja possibilidade de seus
contatos serem curto-circuitados por acidente, como acontece com os
conectores P1, P2 e P10 por exemplo. No caso de se trabalhar com tensões
que ofereçam perigo aos seres humanos, seus contatos são protegidos para
que não sejam tocados pelo usuário. Podemos citar como exemplo as
tomadas elétricas comuns, os conectores tipo P3 ou P4, dentre outros. Em
alguns casos, eles também possuem o recurso de desconectar uma
alimentação padrão (ex: pilhas) quando a nova alimentação é conectada
(ex:rede de energia).

Pinos Banana Macho Plugue P4

Página 23
Outros conectores

Além dos conectores expostos acima, existe uma infinidade de opções,


pois a cada dia são criadas novas aplicações que requerem novos
conectores. Podemos citar como exemplo os conectores da série RJ que
são utilizados principalmente em telefonia e redes de computadores. Eles
possuem grande confiabilidade contra maus contatos e uma baixa resistência,
no entanto sua capacidade de corrente é muito pequena. Outro exemplo seria
o conector utilizado em dispositivos USB que possui vias de sinal e vias de
alimentação.

Conectores RJ45 Conector USB Macho

SIMBOLOGIA
Apresentamos abaixo os símbolos de alguns conectores mais comuns:

Página 24
CHAVES
Chaves são dispositivos que possuem contatos, os quais, de acordo com a
necessidade são conectados ou desconectados através da aplicação de força,
ligando, desligando ou comutando circuitos.
A exemplo dos conectores, existe uma grande variedade de chaves no
mercado.
TIPOS DE CHAVES
Sob o ponto de vista da forma de acionamento, existem 2 tipos basicamente:
a) Ação de Engate: São chaves que possuem 1 ou mais posições estáveis. A
posição é modificada pelo usuário através da aplicação de uma força. Quando
a força cessa, a chave continua na posição determinada pelo usuário.
b) Ação Momentânea: São chaves que possuem 2 posições e apenas 1
posição estável.
A posição é modificada também pela aplicação de uma força pelo usuário, no
entanto, quando a força cessa, a chave volta para sua posição estável.
Podemos ainda classificar as chaves com base na função que exercem,
obtendo 3 tipo básicos:
a) Interruptores: É o tipo mais simples. Possui apenas dois terminais e dois
estados: ligado ou desligado.
Exemplo: Chaves liga-desliga em geral.

b) Comutadores: Ao contrário do interruptor, o comutador, ao abrir um


circuito, fecha outro. Possui sempre três ou mais terminais. Veja os
exemplos abaixo:

Página 25
c) Botões de pressão (push-buttons): São dispositivos que possuem apenas
uma posição estável. Para que a posição seja modificada, é necessário que
o usuário exerça uma força sobre o botão.
Podemos citar como exemplo um botão de campainha. Sua
posição estável é “desligado” e seu estado muda para “ligado” somente
enquanto o visitante o pressiona.
Existem botões simples, com apenas 1 contato,
como um interruptor e existem botões mais complexos, com inúmeros
contatos, como os comutadores, mas evidentemente, todo botão possui
apenas 2 posições.
Quando se encaixa na primeira categoria, um push-button pode ser NA
(Normalmente Aberto) ou NF (Normalmente Fechado). O push-button NA se
encontra aberto enquanto não é pressionado e o push-button NF se encontra
fechado enquanto não pressionado. Veja a símbologia abaixo:

Botões de pressão simples

ALGUNS PARÂMETROS IMPORTANTES NA ESCOLHA DE UMA CHAVE


As chaves e os conectores possuem diversos parâmetros em comum, de forma
que
devemos ficar atentos aos mesmos detalhes, além de alguns outros mais
específicos.

Página 26
Aqueles parâmetros que já foram detalhados anteriormente serão descritos de
forma
mais sucinta dando especial atenção às diferenças em relação aos conectores.
Aqueles
parâmetros que forem mais específicos serão devidamente detalhados.
Salientamos que as especificações de chaves mencionados em manuais e no
próprio
corpo da chave são para comutação de cargas resistivas, salvo onde for
especificado o
contrário.
Vamos ao parâmetros propriamente ditos:
a) Capacidade de corrente: Especifica a máxima corrente que a chave suporta
por
tempo indefinido, sem que hajam danos.
b) Tensão Máxima de Trabalho: Máxima tensão que a chave suporta. Uma
chave
submetida a uma tensão superior à especificada estará sujeita a
centelhamentos e aos possíveis danos em conseqüencia disso.
c) Resistência de Contato: É diretamente relacionada ao material com o qual os
contatos da chave foram construídos e sua área de contato. É comum que ao
trabalharmos com baixas tensões (áudio, sinais digitais, etc) utilizemos chaves
com
uma resistência menor e vice-versa.
d) Resistência de Isolamento: É a resistência medida quando os contatos estão
abertos. Deve ser sempre a maior possível, principalmente quando
trabalhamos com altas tensões.
e) Durabilidade Elétrica: Diz respeito à quantidade de operações suportáveis
pelos contatos de chaveamento. Ex: 100000 (cem mil) operações.

OUTROS PARÂMETROS
a) Força de Operação: É a força, medida em Gaus (unidade de força), que é
necessária aplicar na “alavanca” para ocorrer o chaveamento (exemplo: 220 g).
Para a escolha correta, devem ser previstas as condições de utilização da
chave. Uma chave que requeira pouca força poderá ser acionada muitas vezes
sem que ocorra fadiga do operador, no entanto, poderá ser acionada por
acidente.
b) Fixação: Especifica como a chave será fixada. Algumas são feitas para uso
em painéis industriais, outras para placas de circuitos impresso, etc.
c) Condições ambientais: Como no caso dos conectores, algumas chaves
podem ser submetidas a condições ambientais desfavoráveis e tais condições
devem ser levadas em conta na especificação da chave correta para cada
caso.

RELÊS
O QUE É UM RELÊ?

Relés são componentes eletromecânicos que permitem controlar (ligar e


desligar) cargas de grandes potências utilizando pequenas correntes e
tensões. Isso equivale a dizer, por exemplo, que podemos controlar o

Página 27
acionamento de um motor ligado a rede elétrica de 127V utilizando uma pilha
de 1,5 V. É importante salientar que controlar é diferente de alimentar o
motor.
Com isso, é possível, por exemplo, ligar a lâmpada da sala, a TV ou o
ventilador utilizando as baixas tensões presentes na saída de um circuito de
controle ou na porta paralela de um computador.

Relê para montagem em PCI

Um relê, basicamente, é composto de uma chave, que é utillizada para


ligar ou desligar a carga de alta potência, e um eletroimã, também chamado
de bobina, cuja função é controlar a chave. Veja a figura Abaixo.
A chave pode ser um simples interruptor ou um comutador complexo,
com diversos contatos.
O funcionamento é bastante simples. Quando a bobina é energizada,
esta atrai um ou diversos contatos, fechando ou abrindo circuitos.
Quando a bobina é desenergizada, ela deixa de atrair o(s) contatos(s),
fazendo com que a chave retorne a sua posição estável ou de repouso.

Note que o funcionamento é similar à um botão de pressão, com a


diferença que aqui, quem aplica a força não é o usuário e sim a bobina. Por
essa similaridade, os conceitos de contatos NF (normalmente fechado) e NA
(normalmente aberto) também podem ser aplicados aos contatos do relê.
Em relação aos Tiristores e componentes de estado sólido similares, os
relés apresentam a vantagem de oferecer um isolamento físico e elétrico entre
o circuito de controle e o circuito de potência, pois não há contato físico

Página 28
entre os fios da bobina e os contatos da chave. Suas desvantagens são a
velocidade de comutação e o desgaste devido às suas características
mecânicas.

ESPECIFICAÇÕES DE UM RELÊ
As especificações de um relê podem ser divididas em duas partes:
• Referentes aos contatos, e
• Referentes à bobina.
Os contatos do relê nada mais são que uma chave e quase todos os
conceitos aplicáveis às chaves podem ser aplicados à eles da mesma forma,
tais como:
• Capacidade de corrente;
• Tensão Máxima de Trabalho;
• Resistência de Contato (diretamente influenciada pelo material dos
contatos);
• Resistência de Isolamento, e
• Durabilidade Elétrica.
No entanto, os relês possuem alguns outros parâmetros relacionados
aos seus contatos, que devem ser levados em consideração na escolha,
principalmente em aplicações críticas. São eles:
a) Tempo de operação: É o tempo que os contatos levam para mudar de
estado quando a bobina é energizada. Geralmente são da ordem de mili
ou microssegundos.
b) Quanto mais rápido, melhor.
c) b) Tempo de liberação ou desoperação: É o tempo que os contatos
levam para voltar para o estado de repouso quando a bobina é
desenergizada. Também são da ordem de mili ou microssegundos,
dependendo da construção e porte do relê.
d) Com relação às especificações da bobina, temos 2 características
principais:
c) Tensão Nominal: Se refere a tensão que é necessário aplicar à bobina
para que os contatos mudem de estado. É importante que seja
verificado também se a bobina trabalha com corrente contínua,
alternada ou ambas.
d) Corrente Nominal: É a corrente de consumo da bobina quando
alimentada. Alguns fabricantes especificam apenas a resistência da
bobina, sendo nesse caso necessário aplicar a lei de ohm para deduzir a
corrente. Quanto menor a corrente, melhor.
Da mesma forma que nos conectores ou nas chaves, existem outros
fatores que devem ser levados em consideração, tais como montagem
(PCI, Soquete, etc), resistência
mecânica, exposição à ambiente agressivo, dentre inúmeros outros,
onde o técnico deverá utilizar de bom senso de forma a escolher o relê
mais adequado.
A seguir, podemos ver um datasheet dos relês miniatura série A da
Metaltex, os quais são muito utilizados em aplicações simples.

Página 29
Página 30

Você também pode gostar