Explorar E-books
Categorias
Explorar Audiolivros
Categorias
Explorar Revistas
Categorias
Explorar Documentos
Categorias
AULA 3
2
Nesse modelo, as relações entre professor e aluno são verticais; o
professor é o centro do processo, é autoritário, e o aluno obviamente é passivo,
submisso, só recebendo informações e está sujeito a castigo.
As técnicas de ensino utilizadas são embasadas em na memorização,
portanto, a aula é expositiva com muita produção de exercícios repetitivos,
cópias, leituras e todos centrados na repetição e memorização de conceitos,
sendo o grande estímulo direcionado ao individualismo e à competição para
serem os melhores, tirarem as melhores notas e consequentemente estar em
primeiro lugar.
Na mesma toada, os métodos utilizados para o ensino ou a metodologia
seguem um padrão sempre primando inicialmente por uma recordação da aula
anterior e, depois, uma apresentação que traduza o objetivo e objeto da
aprendizagem daquela aula. Por meio de esquemas, sistematiza o
conhecimento unindo sempre a aula anterior a próxima e depois os alunos
fazem a devolutiva demonstrando nas avaliações o que aprenderam.
Conseguimos aprender e compreender também que a prática escolar
está diretamente ligada aos condicionantes da sociedade e também da
concepção de homem de cada época e, por isso, tem implicação direta com a
maneira que os professores realizam o seu trabalho na escola e escolhem o
currículo a ser trabalhado. “O currículo seria um objeto que precederia a teoria,
a qual só entraria em cena para descobri-lo, descrevê-lo, explicá-lo” (Silva,
2007, p. 11).
Nessa concepção liberal, a ideia central é a de que a escola necessita
preparar o indivíduo para estar apto a desenvolver papéis que a sociedade lhe
impõe, de acordo, necessariamente, com as aptidões de cada um.
O indivíduo, nesse caso, necessita se adequar às normas sociais de
classe. Vale lembrar que o currículo no âmbito escolar tem sempre a intenção
política de formação humana e o professor é o mediador do conhecimento e
necessita conhecer sua função como ato político de emancipação humana.
Sobre as tendências, é importante frisar que não são excludentes, ou
seja, uma nasce quando a outra morre, mas, sim, que
[...] não aparecem em sua forma pura, nem sempre são mutuamente
exclusivas, nem consegue captar toda a riqueza da prática escolar.
São, aliás, as limitações de qualquer tentativa de classificação. De
qualquer modo, a classificação e descrição das tendências poderão
funcionar como instrumentos de análise para o professor avaliar a
sua prática de sala de aula. (Libâneo, 1982, p. 2)
3
Por isso, entendemos que o currículo escolar independente de sua
tendência e que não é neutro, e a tendência organiza, os conteúdos indo além
dessa premissa. “O efeito final, de uma forma ou outra, é que o currículo se
torna um processo industrial e administrativo” (Silva, 2007, p. 13).
4
O desenvolvimento da criticidade é engessado, sem permissões para
discussões e debates que aproximem o currículo do cotidiano e da realidade.
Lembremos de que na escola não ensinamos da mesma maneira todos os dias
e tampouco o aluno aprende da mesma forma. É necessário que ocorra
sempre uma sistematização dos saberes que são realmente relevantes e isso
se dá por meio de uma organização curricular comprometida com a realidade,
em que o aluno se modifica e modifica o meio, e com certeza a tendência
tradicional passa longe deste conceito. “A organização curricular enfatiza a
quantidade de conteúdos que são apresentados de forma fragmentada,
estanque e descontextualizados e sem articulações com a realidade prática”
(Lima; Zanlorenzi; Pinheiro, 2012, p. 91).
Importante relembrar e situar o contexto histórico, político, social,
econômico de que se está falando em currículo. Nesse caso, a concepção
tradicional está dentro das teorias não críticas. Relembrando:
6
Diferentemente do professor tradicional, o professor escolanovista faz
apoio ao desenvolvimento livre do estudante e sua contribuição auxilia dando
forma ao pensamento do estudante, por isso um bom relacionamento entre
professor e aluno se dá de maneira democrática e positiva. Claro que a escola
nova na prática escolar leva tempo para se manifestar com efetividade, pois
entra em choque com a pedagogia tradicional.
Na tendência liberal renovada não diretiva, o papel da escola centra-se
em compreender os problemas psicológicos no intuito de ser formadora de
atitudes. Não há mais a preocupação com problemas pedagógicos sociais.
Alguns estudiosos entendem que a escola deve favorecer o
autodesenvolvimento e a realização do indivíduo, assemelhando-se a uma
terapia. Os conteúdos não são importantes e devem ser procurados pelos
próprios alunos, nesse sentido devem ser os meios para buscar conhecimento.
O professor é um facilitador que ajuda o aluno a se organizar e, portanto, a
educação proposta é centrada no aluno. A pedagogia não diretiva visa formar a
personalidade do aluno pelas experiências que façam desenvolver
características e manifestações de sua natureza.
7
A escola nesse período denominado tecnicista atua para garantir o
aperfeiçoamento da ordem e do sistema de produção e, para isso, utiliza-se da
tecnologia comportamental, produzindo seres humanos competentes e úteis
para o mercado de trabalho. Os currículos escolares estão conforme a ordem
da pesquisa científica garantido a objetivação da prática escolar.
Os conteúdos são necessariamente informações que contenham
princípios científicos ou legislação pertinente. O conteúdo a ser ensinado é
somente conteúdo que possa ser medido ou observado objetivamente. A
subjetividade não faz parte do período tecnicista, pois uma das características
principais é a mensuração. O currículo é executado por meio de manuais, livros
didáticos e todo material audiovisual que não possuem subjetividade.
O relacionamento entre professor e aluno é um relacionamento objetivo
com funções bem definidas, em que o professor transmite o conteúdo, o aluno
recebe as informações, fixa e reproduz sem discutir a eficácia do conteúdo. O
professor representa uma linha de ligação, um fio condutor entre a verdade
científica e o aluno, e para isso deve empregar o conteúdo que está previsto no
sistema. O aluno não participa da programação dos conteúdos, cabendo-lhe
apenas absorver a verdade científica, e claramente é descartada qualquer tipo
de relação afetiva ou pessoais entre professor e aluno, consequentemente,
discutir o conteúdo ou debater a sua veracidade não encontram espaço nesse
período.
Os métodos de ensino são muito claros na escola tecnicista, fazendo
com que a aplicação do curricular ocorra da mesma maneira que uma fábrica,
para tanto, aplica-se o conteúdo com um objetivo simples de fazer com que
entendam a matéria e depois cobra-se na avaliação que tenham a mesma
resposta do que foi sistematicamente explicado. Um “ctrl c + ctrl v”, de
conteúdos, programa aplicado e programa cobrado nas avaliações sem espaço
para discussões e questionamentos. Para que ocorra o bom ensino, então, é
necessário organizar os conteúdos de forma que estimulem o aluno e ele
ultrapasse a forma como entrou no aprendizado progredindo, ou seja, no final o
que se espera é que esteja apto ao mercado de trabalho sem se preocupar
com as significações das mudanças sociais.
Essa corrente de pensamento, se assim podemos chamar, tem como
expoente Skinner, que seguia a corrente psicológica do behaviorismo. Essa
corrente acredita que adquirimos o conhecimento por meio de imitação e de
8
repetição de hábitos, e a instrução programada segue esse formato, fazendo
da repetição a sua forma de aprendizagem.
O tecnicismo tem como objetivo principal a exatidão e, por isso, não abre
espaços para questionamentos ou debates, pois não combinam com o conceito
de racionalidade, eficiência e muito menos de operacionalidade. O currículo,
por consequência, é o que está ali no papel, engessado, sem abertura para
nada que não signifique eficiência e produtividade, pois seu objetivo maior é a
habilidade adquirida para ter competência técnica.
9
O professor tem a função de ensinar e aprender, mas o que ensinar o
que realmente deve fazer parte de um currículo que caminhe para a
emancipação e dignidade humana não é uma tarefa fácil num Brasil cheio de
diferenças regionais. Novamente, relembramos que o currículo não é um
amontoado de conhecimentos neutros e indiferentes ao momento que a
sociedade vive. O currículo é sempre “o resultado da seleção de alguém de
visão de algum grupo acerca do que seja conhecimento legítimo. É produto das
tensões, conflitos e concessões culturais, políticas e econômicas que
organizam e desorganizam um povo” (Moreira; Silva, 2009, p. 59).
Estamos vivendo um momento de colocar em prática uma Base
Nacional Comum Curricular no Brasil, que iniciou suas discussões em 2015
com base na análise dos documentos curriculares realizada por diversos
especialistas dos municípios brasileiros para perceber quais conteúdos
deveriam constar e de que maneira nesse documento nacional. Em 2017, fora
concluída a sistematização dessa BNCC e o CNE (Conselho Nacional da
Educação) ficou responsável de regulamentá-la e instituí-la. Temos até o final
de 2019 para compreendê-la, digeri-la, modificar os planejamentos e planos de
aula de acordo com o documento e implantar nas escolas brasileiras
obrigatoriamente.
A BNCC traz algumas competências a serem desenvolvidas como,
valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente construídos; exercitar a
curiosidade intelectual; valorizar as manifestações artísticas; utilizar diferentes
linguagens; utilizar e compreender tecnologias digitais de informação; valorizar
a diversidade de saberes e vivencias culturais; argumentar com base em fatos,
dados e informações confiáveis; conhecer-se e cuidar de sua saúde física;
exercitar a resolução de conflitos e agir coletivamente com autonomia e
responsabilidade, entre tantas outras questões que se desdobram destas.
Cabe às escolas (professores, alunos e comunidade) fazer uma análise
profunda entre o que foi vivido até aqui e o que está posto na nova
regulamentação deste currículo nacional para que esteja voltada ao princípio
de igualdade e respeito entre as mais diversas regiões brasileiras. O currículo é
um instrumento de formação de qual futuro queremos para nossa sociedade,
portanto, exige, sim, discussões e estudos aprofundados para que caminhe no
sentido do progresso contínuo e humanístico.
10
NA PRÁTICA
Na organização das propostas curriculares das escolas da Educação
Básica, ou seja, da Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio do
Brasil, fora criado esse documento denominado de Base Nacional Comum
Curricular, que está sendo motivo de grandes discussões sobre sua efetiva
eficácia.
A BNCC define conhecimentos, competências e habilidades que devem
ser desenvolvidas pelos alunos ao longo da Educação Básica no nosso país e
obviamente é documento indispensável de conhecimento a todos os
professores que estão no caminho de sua formação profissional. Acesse o site
<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/a-base> e conheça o documento. Com
base nele, tente identificar se nele há alguma proposta específica regida por
alguma das correntes ou tendências pedagógicas analisadas nesta aula. Será
que é possível que o documento da BNCC seja uma colcha de retalhos entre
as tendências conservadoras e atuais ou realmente há uma evolução para um
novo currículo que irá promover a dignidade a cidadania e o conhecimento?
FINALIZANDO
11
Agora, cabe a você, caro aluno, tentar compreender o currículo através
do tempo e perceber se as mudanças são significativas e acompanham o que
está posto para a sociedade em cada época.
12
REFERÊNCIAS
13