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ENERGÉTICA
VERSÃO REVISADA
Secretaria Nacional
de Saneamento
Ambiental - SNSA
MINISTÉRIO DAS CIDADES tos Pedrosa, Hugo Fagner dos Santos Pedrosa,
Ítala Gomes dos Santos Jesus, Jair Jackson Dias
Ministro das Cidades Santiles, Jairo Tardelli Filho, Jardel Almeida de
Alexandre Baldy de Sant’anna Braga Oliveira, Jean Morillas, João Gustavo Ferreira Ju-
nior, João Roberto Rocha Moraes, José Fabiano
Secretário Executivo Barbosa, Julian Thornton, Ksnard Ramos Dantas,
Silvani Alves Pereira Leandro Moreira, Lineu Andrade de Almeida,
Luís Carlos Rosas, Luís Guilherme de Carvalho
Secretário Nacional de Saneamento Ambiental Bechuate, Luiz Fernando Rainkober, Mariana
Adailton Ferreira Trindade Freire dos Santos, Maurício Alves Fourniol, Mau-
rício André Garcia, Michel Vermersch, Milene
Diretor do Departamento de Planejamento e Cássia França Aguiar de Salvo, Nilson Massami
Regulação Taira, Paula Alessandra Bonin Costa Violante,
Ernani Ciríaco de Miranda Paulo Cezar de Carvalho, Pedro Frigério Paulo,
Pedro Gilberto Rodrigues da Mota, Pedro Paulo
Coordenadora da UGP/SNSA da Silva Filho, Pertony Ribeiro Guimarães, Ro-
Wilma Miranda Tomé Machado dolfo Alexandre Cascão Inácio, Rodrigo Andrade
de Matos, Rodrigo Martin Teresi, Sílvio Henrique
Equipe Técnica do INTERÁGUAS Campolongo, Thatiane Medeiros Soares de Al-
André Braga Galvão Silveira, José Dias Corrêa meida, Vinicius Kabakian, Wantuir Matos de Car-
Vaz de Lima, Paulo Rogério dos Santos e Silva valho, Wellington Luiz de Carvalho Santos
Equipe Técnica
Alexandra De Nicola, Alexandre Savio Pereira
Ramos, Álvaro José Menezes da Costa, Ana Lú-
cia Floriano Rosa Vieira, Andrey Barbosa Dantas
Souza, Augusto Nelson Carvalho Viana, Bertrand
Dardenne, Cássio Caçula de Lima, Clênio Alberto
Argôlo Lopes, Diogo da Fonseca Reis, Eduardo
Augusto Ribeiro Bulhões Filho, Eudes de Olivei-
ra Bomfim, Fátima Carteado, Franz Bessa da Sil-
va, Geraldo Prado de Almeida, Hamilton Pollis,
Heber Pimentel Gomes, Hudson Tiago dos San-
Sumário
1. A SISTEMATIZAÇÃO DO PROJETO – METODOLOGIA E ESTUDOS DE CASO...................... 6
1.1 O Registro do Projeto Com+Água.2......................................................................................................6
3. METODOLOGIA.................................................................................................................................... 19
3.1 Detalhamento da Metodologia At 4.....................................................................................................19
3.2 Atualização Metodológica em Relação ao Com+Água...................................................................19
3.2.1 Plano de Aplicação dos Recursos do Procel...............................................................................20
3.2.2 Normas da International Organization for Standardization - ISO......................................20
3.2.3 Softwares................................................................................................................................................21
3.2.3.1 Softwares de Gestão Energética.............................................................................................21
3.2.3.2 Retscreen.........................................................................................................................................23
3.2.3.3 Strata (Cotopaxi)...........................................................................................................................24
3.2.3.4 Sigma (Team).................................................................................................................................26
3.2.3.5 Softwares de Manutenção para Empresas de Saneamento..........................................27
3.2.3.6 SAP....................................................................................................................................................30
3.2.3.7 EAM...................................................................................................................................................30
3.2.3.8 Protheus..........................................................................................................................................31
3.2.3.9 SIM (ASTREIN)...............................................................................................................................32
3.2.3.10 Softwares de Operação de Sistemas de Abastecimento..............................................32
3.3 Diagnóstico Hidroenergético..................................................................................................................33
3.4 Medidas Administrativas e Redução de Gastos com Energia Elétrica.....................................35
3.4.1 Gestão de Contas.................................................................................................................................35
3.4.2 Medidas Institucionais.......................................................................................................................36
3.4.3 Medidas Operacionais não Ligadas Diretamente à Atividade-Fim....................................36
3.5 Projetos de Eficiência Energética com a Redução de Consumo e de
Demanda de Energia Elétrica........................................................................................................................36
3.5.1 Planejamento das Ações...................................................................................................................37
3.5.2 Operacionalização das Ações..........................................................................................................38
3.5.3 Redução das Perdas Reais de Água e Impacto no Consumo de Energia..........................38
3.5.4 Operação de Reservatórios de Água de Modo a Minimizar o
Bombeamento em Horários de Ponta.....................................................................................................40
Eficiência Energética
Lista de Figuras
Figura 1. Consumo de Energia Elétrica no Saneamento...................................................................................17
Figura 2. Gestão de Energia........................................................................................................................................22
Figura 3. Software Retscreen......................................................................................................................................23
Figura 4. Tela do Software Retscreen......................................................................................................................23
Figura 5. Software Retscreen......................................................................................................................................24
Figura 6. Tela do Strata (Cotopaxi)............................................................................................................................25
Figura 7. Software Strata (Cotopaxi).........................................................................................................................25
Figura 8. Tela do Sigma (Team)..................................................................................................................................26
Figura 9. Softaware Sigma (Team)............................................................................................................................26
Figura 10. Indicadores de Gestão..............................................................................................................................27
Figura 11. Gráfico de Indicadores de Manutenção..............................................................................................28
Figura 12. Tela de Movimentação Visual................................................................................................................28
Figura 13. Tela da Ordem de Serviço.......................................................................................................................29
Figura 14. Tela de Cadastro de Ativos......................................................................................................................29
Figura 15. Tela da Ordem de Serviço com Procedimentos...............................................................................29
Figura 16. Tela do Sap...................................................................................................................................................30
Figura 17. Tela do Software Emanut.........................................................................................................................31
Figura 18. Tela do Software Protheus......................................................................................................................31
Figura 19. Software Sim...............................................................................................................................................32
Figura 20. Melhoria de Desempenho Hidroenergético.....................................................................................34
Figura 21. Etapas do Diagnóstico Hidroenergético............................................................................................34
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Eficiência Energética
Lista de Fotos
Foto 1. Sistema BFT na Fazenda Boa Esperança em Minas Gerais..............................................................50
Foto 2. Turbinais Helicoidais para Gerar Energia Elétrica................................................................................51
Foto 3. Conjunto Motobomba da Inversão.............................................................................................................60
Lista de Tabelas
Tabela 1. Etapas do Diagnóstico Hidroenergético..............................................................................................39
Tabela 2. Determinação do Rendimento de Inversores de Frenquência de
Diversas Potencias Nominais.....................................................................................................................................44
Tabela 3. Dados Resumidos do Diagnóstico Hidroenergético........................................................................60
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Eficiência Energética
1. A SISTEMATIZAÇÃO DO
PROJETO – METODOLOGIA
E ESTUDOS DE CASO
A
metodologia do Projeto COM+ÁGUA.2, A aplicação prática do projeto nas duas
para a gestão integrada e participa- áreas prioritárias selecionadas na chamada pú-
tiva visando o combate e o controle blica, ocorrida por meio de assistência técnica
das perdas de água e o uso eficiente de energia de consultores do Consórcio WMI/NG INFRA/
elétrica em sistemas de abastecimento de água SAGE às equipes da Companhia Pernambucana
selecionados na Chamada Pública nº 104/2014 de Saneamento - COMPESA e Empresa Baiana de
está descrita em seis livretos que compõem o Água e Saneamento S.A. - EMBASA, são apresen-
Compêndio Metodológico COM+ÁGUA.2: tadas em dois livretos de estudos de caso:
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Eficiência Energética
2. A GESTÃO DA ENERGIA
A
escassez de energia vem assumindo 1997 e revisado continuamente. Publicou em
papel de relevância cada vez maior 2009 o International Energy Efficiency Finan-
no painel das preocupações de líderes cing Protocol (IEEFP), como guia para insti-
mundiais e de cientistas de todas as nacionali- tuições locais de financiamento, ao redor do
dades. Se, por um lado, a utilização de combus- globo, avaliarem e financiarem projetos reno-
tíveis fósseis e carvão para geração de energia váveis de eficiência energética.
elétrica, proporcionou grande desenvolvimento e OLADE - Organización Latino Americana de
econômico no passado, por outro lado acarretou Energia2, organização intergovernamental
problemas ambientais que assumem importân- internacional, criada em 1973, com sede em
cia crescente na busca por uma solução para Quito (Equador) para incentivar o melhor uso
o desenvolvimento sustentável, agravada pela dos recursos energéticos dos países da região,
superpopulação, crise dos combustíveis fósseis, contribuindo para sua integração, desenvol-
vimento sustentável e segurança energética,
escassez de água, poluição dos mananciais e
assessorando e impulsionando a cooperação
problemas climáticos, dentre outros.
e coordenação entre os países membros. Res-
Assim é que organizações internacionais de ponsável por algumas usinas hidroelétricas
todas as tendências e especialidades se têm de- binacionais, inclusive Itaipu.
bruçado sobre o assunto, explorando todas as e DGNB - ´Deutsche Gesellschaft für Nachhal-
vertentes, ramificações e imbricações, podendo- tiges Bauen3 (German Sustainable Building
-se citar como exemplo, dentre outras: Council), organização não governamental
sem fins lucrativos, fundada na Alemanha em
e EVO - Efficiency Valuation Organization1, or- 2007 por 16 iniciadores de áreas diversas do
ganização sem fins lucrativos com sede nos setor da construção e imobiliário, contando
EUA e escritório no Canadá, cuja missão con- hoje com mais de 1000 membros, com o ob-
siste em assegurar a medição e verificação jetivo de promover construções sustentáveis
correta da economia e impacto decorrentes e eficientes economicamente.
de projetos de sustentabilidade e eficiência e WGBC – World Green Building Council4, rede
energética, através de certificação IPVMP (In- mundial de conselhos independentes (orga-
ternational Performance Measurement and nizações não governamentais, sem fins lu-
Verification Protocol), por ela publicado em crativos), que visam fomentar a indústria de
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https://evo-world.org/en/
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www.olade.org
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https://www.dgnb.de/en/council/dgnb/
4
www.worldgbc.org
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Eficiência Energética
construções sustentáveis. O Brasil tem seu Cerca de 95% dos consumos de energia
conselho integrado à rede5. no saneamento são devidos às instalações de
e COP – Conferência das Partes da Convenção- bombeamento.
-Quadro das Nações Unidas sobre mudanças De uma forma geral, avalia-se a eficiência
climáticas, órgão máximo da Convenção do energética de um sistema ou instalação pela re-
Clima (estabelecida durante a Rio-92), rea- lação entre o consumo de energia elétrica (kWh)
lizada anualmente desde 1995, visando a e o volume bombeado (m3), buscando-se obter
estabelecer acordos para redução das emis- o menor índice nas condições intrínsecas do sis-
sões de gases de efeito estufa. tema ou instalação estudados.
O setor saneamento, com uso intensivo de As prestadoras de serviço de abastecimen-
bombeamento, alia a possibilidade de conju- to de água, em sua maioria, não têm sistemas
gar o uso racional da água com o uso eficiente de gestão de energia implantados, seja por
da energia, tendo sido identificada a possibili- falta de conhecimento ou de recursos, e, às
dade de redução de consumo no setor em até vezes, de ambos.
45%, dos quais 20% decorrentes de medidas A gestão começa pelo entendimento e pela
de eficiência energética e 25% de redução de mensuração do processo. O sistema de medição
perdas de água6. e registro das grandezas envolvidas, necessário
Na mesma referência acima citada é pos- para identificação das oportunidades de melho-
sível encontrar, nas páginas introdutórias, uma ria do desempenho dos equipamentos e da ope-
listagem de associações, empresas, entidades de ração do sistema é o primeiro grande ausente
ensino e pesquisa e diversas outras conectadas na maior parte das prestadoras. Sem medição
ao tema no Brasil. e registro, falta também o acompanhamento on
Para obtenção e manutenção das economias line do desempenho, e reduz-se a possibilidade
previstas nos projetos de eficiência energética de ganhos (ou de redução de perdas) seja pela
é fundamental a implantação de sistemas de previsão dos problemas, seja por intervenção
gestão nas operadoras, que podem contar, como e correção rápidas quando da ocorrência dos
elementos de apoio indispensáveis ao trata- mesmos. Mais raros ainda são os centros de
mento dos dados em todas as áreas da empresa, operação do sistema, onde as informações das
com recursos computacionais que serão aborda- diferentes instalações de bombeamento pos-
dos em maior detalhe no item 4.2.3. sam ser centralizadas, processadas e analisadas,
permitindo automatização da operação e propi-
2.1.1 O Gerenciamento Energético e sua ciando feedback para revisão das rotinas opera-
Importância na Avaliação de Desempe- cionais. Este fato é explicável pela necessidade
nho em Sistemas de Bombeamento da implantação de um sistema de comunicação,
Água e energia são, cada vez mais, insumos além dos equipamentos de medição, monitores
caros e escassos. Acresce, pois, a importância da e computadores e programas.
utilização otimizada dos mesmos, tendo em vis- Na era da tecnologia, embora ainda de for-
ta a crise dos combustíveis fósseis e a necessi- ma incipiente, é notada uma tendência positiva
dade de preservação do meio ambiente. ao uso de sistemas de informação digitais como
Com os aumentos das tarifas de energia elé- auxiliares na gestão, incluindo-se planilhas para
trica dos últimos 10 anos, no Brasil, a represen- cálculo de balanço hídrico, bancos de dados com
tatividade dos custos com energia se posiciona cadastro de ativos e cadastros de clientes, co-
atualmente entre as três principais despesas das nectados a mapas georreferenciados. Menos co-
empresas de saneamento, chegando a represen- mum é o uso de programas específicos para ges-
tar até 30% dessas despesas operacionais. tão da energia e gestão da manutenção, entre
5
www.gbcbrasil.org.br
6
Ministério das Minas e Energia – Plano Nacional de Eficiência Energética – PNEF (2011).
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Eficiência Energética
outros, a serem abordados em seção específica, estendida, mas, a partir de determinado ponto,
conforme mencionado no item 3.1. os recursos requeridos podem não ser mais jus-
Mesmo sem a sofisticação acima referida, tificáveis, seja pelo retorno financeiro insuficien-
um primeiro passo importante (e ausente to- te, seja pelo montante dos recursos disponíveis.
tal ou parcialmente em significativa parte das
prestadoras) deve ser a criação e manutenção 2.1.2 Diagnóstico e Proposição de Al-
de indicadores de desempenho energético ternativas
que permitam acompanhar os resultados das Nesta etapa incluem-se as seguintes ativi-
ações de eficientização. dades e levantamentos:
A integração multidisciplinar entre as áreas
envolvidas (hidráulica, mecânica e elétrica) e Medições das grandezas elétricas e hidráu-
para a implantação de medidas que reduzam a licas de conjuntos motobomba, preferen-
ineficiência energética não faz parte da cultu- cialmente com registro ao longo do ciclo
ra da maioria das operadoras, excetuadas (em de operação;
muitos casos, apenas parcialmente) as grandes e Levantamento das curvas de demanda dos
empresas estaduais. reservatórios (volumes fornecidos ao sistema
O Projeto COM+ÁGUA.2 teve como alguns de distribuição);
de seus objetivos a disseminação dos conhe- e Levantamento do diagrama eletro-hidráulico
cimentos necessários à determinação das do sistema, propiciando a rápida visualiza-
condições de desempenho, à investigação das ção do conjunto de unidades consumidoras
oportunidades de melhoria e à implantação de (elevatórias de água bruta e tratada, estações
um sistema de acompanhamento e gestão per- de tratamento de água, boosters, com indica-
manente do consumo de energia elétrica e uso ção da quantidade e características nominais
racional da água. elétricas e hidráulicas dos conjuntos moto-
As ações para melhoria da eficiência na bomba), adutoras, reservatórios, redes de
operação do sistema podem ter seu efeito re- distribuição simplificadas, localização dos
duzido em curto prazo se não forem acompa- medidores de grandezas hidráulicas e abran-
nhadas por uma mudança organizacional, tanto gência das medições de energia elétrica;
na estrutura técnica e comercial como na área e Levantamento do diagrama unifilar elétrico
administrativa, englobando-se nesta última das unidades consumidoras;
as ações de conscientização dos funcionários e Levantamento do cadastro dos equipamentos;
quanto à importância do produto da empresa e Levantamento das caraterísticas técnicas das
para a sociedade brasileira, em particular, e, adutoras e acessórios, com perfil topográfico;
numa perspectiva holística, para a sustentabi-
e Levantamento dos equipamentos de medi-
lidade da vida no planeta.
ção existentes;
Destarte, a viabilidade de execução das ações
e Levantamento dos procedimentos de opera-
de eficiência energética a serem propostas deve
ção e manutenção;
ser iniciada por um amplo diagnóstico em todas
e Levantamento dos recursos auxiliares de
as áreas e pela sensibilização das equipes quan-
gestão existentes: sistemas georreferencia-
to à importância do tema. Paralelamente, pode
dos de cadastro técnico e comercial; centro
ser efetuada uma campanha educativa junto às
de controle operacional, com telemedição e
comunidades consumidoras, fundamental para o
comando remoto; modelagem computacio-
sucesso da racionalização do uso da água, re-
nal da rede hidráulica;
duzindo desperdícios e conscientizando-as em
e Verificações de campo para confirmação
relação a temas ambientais.
de dados.
As ações devem ser balizadas por padrões de
referência e pelos estudos de viabilidade eco- Muito embora não sejam estritamente
nômica dos investimentos associados, eis que a atividades de eficiência energética, a análi-
busca pela máxima eficiência pode ser sempre se tarifária, baseada no exame das contas de
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Eficiência Energética
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Eficiência Energética
8
Fonte: ricardotrevisan.com/2016/09/21/o-que-e-project-finance
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http://www.aneel.gov.br/programa-eficiencia-energetica
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Eficiência Energética
A Agência Alemã de Cooperação Interna- atingiram R$ 3,5 bilhões, tendo sido consu-
cional – Deutsche Gesellschaft für Internationale midos 12,74 TWh. Esta quantidade equivale
Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, como empresa fe- ao consumo doméstico anual de cerca 22 mi-
deral de utilidade pública, apoia o governo fe- lhões de habitantes no Brasil. A informação do
deral da Alemanha em seus objetivos na área consumo energético e dos respectivos gastos
de cooperação internacional para o desenvolvi- dos prestadores de serviço é recolhida e pro-
mento sustentável. No Brasil, a cooperação atua cessada pelo Sistema Nacional de Informa-
principalmente em duas áreas temáticas: a pro- ções sobre o Saneamento - SNIS. O SNIS é uma
teção e o uso sustentável dos recursos naturais reconhecida referência internacional em fer-
e a eficiência energética e a inclusão de fontes ramentas de monitoramento e diagnóstico da
renováveis na matriz energética brasileira. prestação dos serviços públicos, gerido pela
Em 2014, as despesas com energia elétri- Secretaria Nacional de Saneamento Ambien-
ca dos prestadores de serviço de saneamento tal, do Ministério das Cidades.
8,00
6,00 O objetivo de universalização do atendimento
4,00 estabelecido pelo PLANSAB e os crescentes
2,00 desafios para aceder a novos mananciais de
0,00 abastecimento tornam imperatica uma
melhor utilização da energia elétrica no setor.
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Visando, pelo exposto, uma melhor utilização tadoras de serviço. O objetivo é aproveitar o poten-
da energia elétrica no setor, o projeto de coopera- cial de economia existente nos sistemas de abas-
ção em eficiência energética no abastecimento de tecimento. Pretende-se, a médio prazo, alcançar
água - PROEESA11 foi pactuado entre a Secretaria reduções significativas nas despesas de eletricida-
Nacional de Saneamento Ambiental, do Ministé- de, nos consumos energéticos e nas perdas de água,
rio das Cidades, do Brasil e o Ministério Federal com inerentes melhorias na conservação das redes
da Cooperação Econômica e do Desenvolvimento de distribuição e de instalações de bombeamento.
(BMZ) da Alemanha, sendo a parceria executada O PROEESA incide na análise de instru-
pela Cooperação Alemã para o Desenvolvimento mentos de financiamento e de fomento de efi-
Sustentável - Deutsche Gesellschaft für Interna- ciência energética, no intercâmbio de entes no
tionale Zusammenarbeit (GIZ). A colaboração teve setor de saneamento e de energia e também
início em janeiro de 2016 e a conclusão prevista na adequação de ferramentas e instrumentos
para o final de 2018. metodológicos. As diferentes áreas de atuação
O PROEESA atua na melhoria das condições são acompanhadas com medidas de informação,
para a implantação de medidas nas entidades pres- sensibilização, capacitação e assessoria.
11
Fonte: http://www.cidades.gov.br/saneamento-cidades/proeesa
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Eficiência Energética
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Eficiência Energética
3. METODOLOGIA
A
metodologia preconizada no COM+ e Subprojeto 5: Controle e Redução de Perdas
ÁGUA.2 tem como base estruturante Aparentes;
os DMC como pilares estratégicos no e Subprojeto 6: Sistema de Planejamento;
combate às perdas de água. e Subprojeto 7: Instâncias Participativas;
A metodologia do COM+ÁGUA havia sido e Subprojeto 8: Comunicação Social;
elaborada em torno dos seguintes subprojetos: e Subprojeto 9: Educação e Cultura.
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Eficiência Energética
Fonte:
No Brasil, dada a complexidade da nossa es- tarifas para os consumos e tarifas nos horários
trutura tarifária de energia elétrica, é importan- de ponta e fora de ponta, os encargos por even-
te que esse software esteja desenvolvido consi- tuais ultrapassagens de demanda e por reativo
derando os algoritmos da Resolução 414/2010 excedente, impostos, etc...
da ANEEL, ou seja, considerando as diferentes
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Eficiência Energética
3.2.3.2 Retscreen
Figura 3. Software Retscreen
Fonte: www.nrcan.gc.ca/energy/software-tools/7465
Fonte: www.nrcan.gc.ca/energy/software-tools/7465
13
https://www.nrcan.gc.ca/energy/software-tools/7465
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Eficiência Energética
Seus módulos possuem então as seguintes e Analisador de energia virtual - consumo típi-
funções: co de um edifício para localização especifica
(não requer diagnóstico energético em cam-
e Análise de Viabilidade – modelação de
po, inicialmente).
projetos de energia limpa com análise de
energia, custo, emissões, financeira e sen- Outras características importantes incluem:
sibilidade/risco;
e Análise de Desempenho – monitoramento, e Modelos de Tecnologias de Energia Limpa
análise e anotações de dados chave do de- e Dados de Produtos Internacionais de mais
sempenho energético; de 1.000 fornecedores de equipamentos
e Análise de Benchmarking/ Ponto de referên- e Dados climáticos Internacionais
cia – edifícios modelados em comparação com e 1.000 estações de monitoramento terrestre
outros edifícios similares no mundo inteiro; e Conjunto de dados meteorológicos e de
e Análise de Portfólio – gestão de energia de energia solar fornecidos por Satélites da
várias unidades operacionais, considerando- NASA
-se as medidas de eficiência energética em e Manual do Usuário Online
um único local ou em diversos locais.
Fonte: www.nrcan.gc.ca/energy/software-tools/7465
O software entretanto, ainda não está dis- Os programas ficam residentes na nuvem e
ponível em uma versão “em tempo real” ou com os dados obtidos pelos medidores e transferidos
coleta automática de dados, sendo necessário a pela Gateway são então automaticamente anali-
inserção manual dos dados ou a importação a sados pelo software.
partir de um banco de dados disponível.
Dentre os softwares de gerenciamento em 3.2.3.3 Strata (Cotopaxi)
tempo real, no qual as informações chegam au- É um software para avaliação do desem-
tomaticamente, bem como são analisadas e au- penho energético das instalações elétricas e
tomaticamente geram os chamados “relatórios hidráulicas, em tempo real, com aplicabilidade
de exceção”, destacam-se o STRATA da COTOPA- direta em operações de bombeamento de água.
XI e o SIGMA da TEAM, ambos ingleses, porém Strata14 foi desenvolvido pela empresa Cotopaxi.
com versões em português. O software de gerenciamento de energia é um
14
Fonte: http://www.cotopaxienergy.com/energy-management-software/
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Eficiência Energética
centro integrado de conhecimento, métricas, in- eletrônicos possibilitando fácil acesso ao siste-
formações e ferramentas de relatórios para aju- ma dos dados coletados a qualquer momento.
dar uma quantidade ilimitada de usuários a re- O programa gera gráficos de desempenho
duzir os custos operacionais (energia, recursos e hidroenergético de um único equipamento (con-
matérias-primas), melhorar a qualidade, reduzir junto motobomba) ou de uma estação completa,
os prazos de entrega e reduzir o risco ambien- gerando os indicadores que forem configurados,
tal. O sistema coleta dados de processo de alta como kWh/m3, R$/kWh e R$/m3, em tempo real,
frequência ou incrementa os dados de vazão de que possibilita uma gestão eficaz do consumo
água para análise de exceção, em tempo real. energético e do desempenho hidroenergético
Tem disponível mecanismo de pesquisas e filtra- dos sistemas de bombeamento. Seu algoritmo
gens inteligentes e intuitivas, que se constituem utiliza como base a metodologia de medição,
de ferramentas fundamentais para as pesquisas monitoramento e definição de metas, em linha
de desempenho energéticos das instalações com a ISO 50001 de gestão energética.
elétricas, disponíveis em diversos dispositivos
Fonte: http://www.cotopaxienergy.com/energy-management-software/
Fonte: http://www.cotopaxienergy.com/energy-management-software/
25
Eficiência Energética
Fonte: teamenergy.com/energy-management-software/sigma-energy-intelligence-reporting/
Fonte: teamenergy.com/energy-management-software/sigma-energy-intelligence-reporting/
15
Fonte: https://www.teamenergy.com/energy-management-software/sigma-energy-intelligence-reporting/
26
Eficiência Energética
3.2.3.5 Softwares de Manutenção para Em- Em uma pesquisa realizada pela Rede Bra-
presas de Saneamento sileira de Manutenção – RBM16, foram identifi-
Muitas empresas ainda usam planilhas ele- cados os softwares de gerenciamento da manu-
trônicas ou outras ferramentas de baixo custo, tenção mais usados no Brasil por empresas dos
para realização de registro e controle dos ati- mais variados segmentos, incluindo as empresas
vos existentes em suas instalações. de saneamento, que seguem a mesma tendência.
TOTVS SIM
13% (ASTREIN)
SAP 9%
37%
ENGEMAN OUTROS MANTEC
8% 5% 4%
SIGMA
13% 6% 4% 1%
Fonte: indicadoresdegestao.com
16
Fonte: www.indicadoresdegestao.com
27
Eficiência Energética
Fonte: http://engeman.com.br/pt-br/?gclid=EAIaIQobChMIgKXH-dm13QIVDAuRCh3iPQcfEAAYASAAEgIa-vD_BwE
Fonte: ENGEMAN
28
Eficiência Energética
Fonte: ENGEMAN
Fonte: Totvs
Fonte: ENGEMAN
29
Eficiência Energética
Fonte: https://blogs.sap.com/2013/08/08/how-to-manage-sap-report-layout/
17
Fonte: https://www.sap.com/brazil/index.html
18
Fonte: http://emanut.com.br/mmsoftware
30
Eficiência Energética
Fonte: http://emanut.com.br/mmsoftware
Fonte: www.totvs.com/home
19
Fonte: https://www.totvs.com/home
31
Eficiência Energética
Fonte: astrein.com.br/
20
Fonte: http://www.astrein.com.br/
21
Fonte: https://www.manutencaoesuprimentos.com.br/
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Eficiência Energética
22
http://www.agili.com.br/Produtos/administrativa/hidro
23
www.engenharias.net
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Eficiência Energética
Um diagnóstico hidroenergético é
uma avaliação sistemática do uso Finalidade - buscar oportunidades de melhoria no seu
de energia e água de uma unidade desempenho hidroenergético.
consumidora.
A elaboração do diagnóstico considera as Deve ser notado que a toda redução de con-
etapas de execução indicadas na figura abaixo: sumo de energia elétrica corresponde um efeito
O relatório, a ser elaborado após a coleta ambiental positivo, pela redução de emissões
e análise dos dados, deve ser objetivo, porém de gases do efeito estufa, desde que haja usinas
com informações suficientes para a tomada de termoelétricas sendo despachadas para aten-
decisão por parte do prestador e conterá além dimento às necessidades de geração, o que é o
dos aspectos técnicos, como relação de ações de caso do sistema elétrico interligado brasileiro,
eficiência energética, economia do consumo de principalmente no horário de ponta. Usinas ter-
energia e Redução da Demanda na Ponta - RDP, moelétricas podem ser a gás, a óleo, a carvão ou
também o investimento estimado, a economia outro combustível primário, cuja queima libe-
calculada, a análise de viabilidade financeira e a rará maior ou menor quantidade de GEE, sendo
redução de emissões equivalentes de Gases do a avaliação efetuada pelo equivalente em CO2
Efeito Estufa - GEE. estabelecido para cada um.
34
Eficiência Energética
35
Eficiência Energética
25
Kingdow, Liemberger, & Marin, 2006
26
http://www.snis.gov.br
36
Eficiência Energética
27
GUIA PRÁTICO VOL. 03 – PLANEJAMENTO E BOAS PRÁTICAS EM CAMPO, publicado pelo Programa Nacional de
Conservação de Energia Elétrica – PROCEL
37
Eficiência Energética
28
Conforme descrito na Nota 23
38
Eficiência Energética
Uma vez que praticamente toda a água cap- Dentre as várias alternativas de planilhas
tada, tratada ou distribuída sofre bombeamento, disponíveis na internet para estabelecimen-
a ocorrência de perda de água significará perda to do balanço hídrico estão a Calculadora de
da energia utilizada neste processo de bombea- BH.xls, da Associação Brasileira das Empresas
mento, ou seja, há uma associação direta entre Estaduais de Saneamento Básico, disponível
perdas de água e de energia, expressa através gratuitamente no site da associação29, hoje
do indicador kWh/m³. em dia mais utilizada no Brasil do que a da
A partir da quantificação do volume de água American Water Works Association – AWWA e a
não faturada e da visualização de seus compo- da WB-Easy Calc (da Liemberger), disponível
nentes, do cálculo dos indicadores de desempe- em diferentes idiomas.
nho apropriados e da transformação dos volu- Apresenta-se abaixo um exemplo de efe-
mes de perdas de água em valores monetários, tividade das ações de redução de perdas num
essas perdas podem ser entendidas de modo sistema hipotético, sendo os resultados compa-
adequado e isso facilita a visualização das ações rados aos obtidos com uma ação exclusiva de
necessárias a serem adotadas. eficiência energética no bombeamento (redução
Para tanto, o primeiro passo a ser dado é o do consumo específico de energia elétrica – CE)
desenvolvimento e o estabelecimento do ba- e, finalmente, a potencialização dos resultados
lanço hídrico. Esse recurso auxilia os gestores a pela realização simultânea das ações de redu-
entender a magnitude e o custo do volume de ção de perdas e melhoria do CE.
água não faturado. O quadro abaixo30 resume os resultados
A IWA desenvolveu uma estrutura e uma para o caso base e os casos a, b e c, estando os
terminologia padronizadas de balanço hídrico dados em fundo amarelo e os valores calculados
internacional que foi adotada por associações em fundo cinza.
nacionais em muitos países ao redor do mundo.
Volume
1.000.000 875.000 1.000.000 875.000
produzido (m3)
Volume
700.000 700.000 700.000 700.000
faturado (m3)
Consumo de
1.000.000 875.000 800.000 700.000
energia (kWh)
Perdas (V não
30% 20% 30% 20%
faturado)
CE (kWh/m3) na
1,00 1,00 0,80 0,80
produção
CE (kWh/m3) no
1,428 1,250 1,142 1,000
consumo
29
www.aesbe.org.br/materialbibliografico/
30
Adaptado do livro Sistemas de Bombeamento – Eficiência Energética – 2012, Ed. Universitária – UFPB (Organiza-
dor: Heber Pimentel Gomes), capítulo 6
39
Eficiência Energética
40
Eficiência Energética
trada, quanto na saída dos reservatórios, o que Um recurso que pode ser utilizado para
não é prática da maior parte das operadoras, que limpeza e desobstrução de adutoras e conse-
costumam instalar medidores apenas na entra- quentemente recuperação de sua capacidade
da dos reservatórios. hidráulica é a passagem de Pipeline Inspection
Deve-se também realizar análise técnica e Gauge - PIG (torpedo), procedimento que é feito
econômica para que se avalie a possibilidade utilizando-se a própria passagem da água cir-
de implantação de sistema de telemetria e de culante na adutora para a movimentação desse
automação, de forma a que os despachos dos dispositivo entre dois pontos previamente de-
conjuntos sejam feitos à distância e, de prefe- terminados e preparados para essa manutenção.
rência, automaticamente. O PIG é inserido no sistema e direcionado
para seguir um caminho previamente determi-
3.5.5 Redução da Altura Manométrica nado acompanhando a direção do fluxo da água.
de Bombeamento, Através de Altera- A passagem do PIG efetuará a remoção e sub-
ções Físicas ou Operacionais sequente descarga de todo o material estranho
Um dos principais fatores que interfere na al- acumulado, antes aderido ou depositado na pa-
tura manométrica de sistemas de bombeamento rede interna da adutora.
é a ocorrência de incrustação em tubulações, que É importante esclarecer que, dependendo da
aumenta na medida em que estas envelhecem. idade da adutora, o procedimento mais adequado
A incrustação gera perda de carga, tanto e seguro a ser adotado pode ser a sua substituição.
por causa da diminuição do diâmetro interno, Ainda em relação a alterações físicas, modi-
quanto pelo aumento da rugosidade e conse- ficações na geometria do arranjo dos barriletes
quente alteração do coeficiente C da tubulação. podem reduzir as perdas de carga.
No caso de tubulações novas, as rugosidades Atenção também deve ser dada ao trajeto
são conhecidas e obtidas a partir de tabelas e das linhas de adução, geralmente entre a cap-
em função de seu material e de sua fabricação. tação e a Estação de Tratamento de Água – ETA.
Na medida em que a tubulação envelhece, é Muitas vezes, o caminho mais curto passa por
comum ocorrer a formação de incrustações ou cotas mais elevadas, resultando numa perda de
sedimentações, fatores que aumentam a perda carga maior do que pelo caminho mais longo.
de carga da mesma. Nestes casos, a correção do traçado por um
Uma forma de verificar a rugosidade é me- by-pass pode ser avaliada do ponto de vista eco-
dir as pressões estáticas entre dois pontos de nômico-financeiro, podendo os ganhos em econo-
um trecho da adutora estando, quando possível, mia de energia superar os investimentos requeri-
esses pontos a uma distância de pelo menos um dos em prazos abaixo dos máximos estipulados.
km um do outro. Para tanto, deve ser instalado Sob o ponto de vista operacional, o processo
um TAP (registro de derivação ou uma luva) em de redução da altura manométrica mais utili-
cada ponto de instalação da medição. zado é o uso de inversores de frequência, a ser
Simultaneamente deve-se também medir a examinado em detalhe no item 5.5.5.
vazão média com uso de tubo de Pitot tipo Cole,
ou de medidor ultrassônico. Além dessas grande- 3.5.6 Melhoria do Rendimento dos
zas, também é necessário medir as cotas de cada Equipamentos
ponto de medição e o diâmetro interno da adutora. É comum observar-se em sistemas de
De posse desses dados e aplicando-se a abastecimento de água a utilização de con-
equação de Bernoulli entre esses pontos, pode- juntos motobomba mal dimensionados, prin-
-se explicitar o coeficiente de perda de carga de cipalmente pela prática de dimensionarem-se
Darcy-Weisback, ou o coeficiente C de perda de novos conjuntos a partir dos dados de placa
carga, de Hazen-Willians32. previamente existentes.
32
A descrição detalhada desses cálculos pode ser obtida no capítulo 7 do livro Sistemas de Bombeamento – Eficiên-
cia Energética – 2012, Ed. Universitária – UFPB (Organizador: Heber Pimentel Gomes)
41
Eficiência Energética
É comum também verificar-se a existência fornecidas pelo fabricante, pois o desgaste das
de motores antigos, que já foram submetidos a mesmas com o uso normalmente é mais acen-
vários tipos de manutenção como, por exemplo, tuado que o dos motores: as bombas estão em
o enrolamento de rotor, que normalmente de- contato com o fluido, há desgaste dos rotores,
gradam em muito o rendimento desses motores. que são trocados ou modificados muitas vezes
Para que se obtenha um melhor rendimento sem registro.
desses equipamentos, o correto a se fazer é a A evolução tecnológica tem permitido a
realização de campanhas de medições de gran- construção de motores com perdas cada vez
dezas hidráulicas e elétricas simultâneas que mais reduzidas e os requisitos para produção
possibilitem a visualização das reais necessida- de motores elétricos mais eficientes têm sido
des dos sistemas de recalque e de distribuição estabelecidos por diversos países. Em nível in-
de água, para que se minimize o alto índice de ternacional, tem-se a IEC 60034-30-1, de 2014,
ineficiência operacional dos sistemas de abaste- que já inclui motores com classe de desempe-
cimento de água observado historicamente. nho IE4 (super premium). No Brasil, em 2013, foi
O rendimento de um conjunto motobomba publicada a ABNT NBR 17094-1:2013 Máquinas
pode ser expresso em função de grandezas de- Elétricas Girantes Motores de Indução Parte 1:
terminadas pelas medições como33: Trifásicos, uma revisão da ABNT NBR 17094-
1:2008, que estabelece requisitos mínimos para
h = hbx hme = (9,81 x Q x H) / Pel: motores de indução trifásicos. A norma prevê au-
mento dos rendimentos e apresenta os motores
h = rendimento do conjunto motobomba. premium (classe IR3).
hb = rendimento da bomba. Com a Portaria Interministerial nº 553, de
hme = rendimento do motor elétrico. 2005, desde 2010 só podem ser fabricados, co-
mercializados e importados no Brasil motores
Q = vazão (m3/s)
elétricos com eficiências iguais ou superiores
H = altura manométrica (m). aos de alto rendimento (IR2). Já a Portaria Inter-
Pel = potência elétrica de entrada do ministerial nº 1, de 2017, prevê a fabricação ou
importação de motores mais eficientes a partir
motor (kW)
de 2019. O documento abrange equipamentos
com potência nominal de 0,12-370 kW/0,16-
Para determinar individualmente os rendi- 500 cv, de dois, quatro, seis e oito polos. Os ren-
mentos do motor e da bomba seria necessário dimentos mínimos estabelecidos variam confor-
executar medições e registros da potência me- me a potência e a quantidade de polos, sendo de
cânica no eixo de acoplamento motor-bomba. 62 a 95,8 (dois polos), 66 a 96,2 (quatro polos),
Esta medição não é executada em praticamente 64 a 95,8 (seis polos) e 59,5 a 95 (oito polos).
nenhuma instalação, seja por indisponibilida- No gráfico a seguir, é apresentado um “com-
de de equipamentos de medição, seja por difi- parativo entre os níveis de rendimento dos motores
culdade de acesso ao local de medição, sendo W22 IR2, IR3 Premium e IR4 Super Premium, para
substituída pelo procedimento de estimar o motores de quatro polos. Como normalmente os
valor do rendimento do motor, atribuindo-se motores operam por milhares de horas, o ganho
fator de redução ao rendimento nominal (valor de eficiência através da substituição por moto-
de placa), por idade, tipo de operação e rotinas res de rendimento mais elevado se traduz numa
de manutenção e determinar o rendimento da economia considerável que se pagará em poucos
bomba dividindo o rendimento do conjunto pelo anos ou mesmo em meses. O projeto dos motores
rendimento do motor. W22 IR4 Super Premium, que apresenta perdas de
A prática citada é mais segura do que a es- 20% a 40% menores em comparação com os mo-
timativa do rendimento da bomba pelas curvas tores elétricos convencionais, oferece os níveis de
33
Livro Sistemas de Bombeamento – Eficiência Energética – 2012, Ed. Universitária – UFPB (Organizador: Heber
Pimentel Gomes), capítulo 2.
42
Eficiência Energética
rendimento mais altos disponíveis para motores dade e disponibilidade da planta. A economia de
elétricos de indução. Devido a isso, o investimento energia será ainda maior se o motor antigo tiver
para a substituição de motores já instalados pe- sido submetido a rebobinagens durante a sua vida,
los motores W22 IR4 Super Premium retorna num pois cada rebobinagem pode reduzir o rendimento
período muito curto, resultando não somente em de 1% a 5% conforme EASA – Electrical Apparatus
economia de energia, mas também na confiabili- Service Association.”
η (%)
97,00
96,00
95,00
W22 IR2*
94,00
W22 IR3 Premium
93,00
W22 IR4 Super Premium
92,00
* Níveis de rendimento mínimos
determinados pela portaria 553
91,00
40 50 60 75 100 125
150 175 (cv)
200
250
Comparativo de rendimento para motores de 4 polos, 60 Hz.
Fonte: http://ecatalog.weg.net/files/wegnet/WEG-w22-super-premium-50041203-catalogo-portugues-br.pdf
43
Eficiência Energética
0,5% a 3,5% (em valores médios) da ener- tências, em razão da baixa variação de vazão
gia absorvida para acionar o conjunto mo- requerida;
tobomba, sendo estas perdas dependentes e Por ser um dispositivo eletroeletrônico,
da operação (normal ou pesada, respectiva- quando em operação gera harmônicos que
mente) do inversor; (*) são injetados na rede elétrica na forma de
e De maneira geral, recomenda-se que a sua ruído. Por isso deve ser avaliada a necessi-
operação fique na faixa de 30 Hz a 60 Hz; dade de instalação de filtro de harmônico.
e Em sistemas em que a demanda por água ao (*) O quadro abaixo apresenta um cálculo de
longo do dia tende a permanecer pouco va- perdas em inversores de potências variáveis de
riável, provavelmente a melhor solução seja 5 a 50 cv, onde os rendimentos foram calculados
a composição de bombas de diferentes po- conforme metodologia indicada pelo fabricante35.
Dados do fabricante
Calculado COM+ÁGUA.2
Fonte: COM+ÁGUA.2
Os valores extremos obtidos foram de 0,4% tudo na partida, de forma suave, sem picos;
a 4,6% e Economia de energia;
Entretanto, o uso desse dispositivo oferece e Aumento do fator de potência;
as seguintes vantagens: e Elimina a necessidade de válvulas para par-
tir e parar o bombeamento;
e Aumento da confiabilidade do sistema; e Melhora o controle do processo;
e Aumento da vida útil da bomba, mancais e e Minimiza a necessidade de paradas do siste-
vedações, em relação ao uso convencional; ma ou elimina os saltos de produção;
e Proteções elétricas incorporadas no próprio e Possibilita a automação do sistema;
equipamento, com redução do número de e Diminui o número de rompimentos nas tu-
componentes e do tamanho do painel; bulações.
e Controle da corrente do motor elétrico, sobre-
35
Schneider Electric, site www.se.com/br/pt/product/ATV630
44
Eficiência Energética
RETScreen® RETScreen®
Potência Típica
Vazão diâmetro do fluxo
45
Eficiência Energética
Lâmina d’água
Altura (m)
Barragem
e
captação Casa de Força
Grade de proteção
adução Painel de controle
Conexão à rede Pátio de
manobra
Vazão (m³/s)
gerador Turbo
de dre
no
turbina
Potência ≈ 7 x Altura x Vazão
Corredeira
CENTRAIS GERADORAS EM
ADUTORAS DE ÁGUA TRATADA
46
Eficiência Energética
Mercado principal
Medellin y Área Metropolitana del Valle
de Aburrá
3,6 millones de habitantes
Presencia internacional
Panamá (HET - Proyecto Bonyic) -
Ecuador (ventas de energia elétrica)
47
Eficiência Energética
Geração unitária
Microcentral Vazão média (m3/s) Queda (m) Potência média (kW)
média (kWh/m3)
48
Eficiência Energética
3.6.2 Bomba Funcionando como Turbina na rotação da bomba operando como turbina, do
A utilização da bomba funcionando como mesmo modo da geração em usinas hidrelétri-
turbina é um método de geração de energia cas. Esse tipo de geração distribuída é de fácil
que consiste no aproveitamento do potencial implementação e simples configuração, porém
hidráulico de um local na conversão de energia é principalmente aplicado nos casos em que a
potencial da queda d’água em energia cinética vazão hidráulica é relativamente constante.
Figura 30. Bomba Funcionando como Bomba Figura 31. Bomba Funcionando como Bomba
BFB BFT
Entrada Saída
Esse método de geração de energia apre- e Facilidade de obtenção de peças para re-
senta algumas vantagens em relação às turbi- posição;
nas convencionais como: e Facilidade e rapidez de aquisição;
e Equipamento robusto.
e Custo extremamente reduzido;
Conduto Forçado
Câmara de carga
Canal
de adução
Tomada
d’água
Barragem
49
Eficiência Energética
A aplicação desse tipo de tecnologia, apesar e Tecnologia bomba funcionando como turbi-
das vantagens relacionadas, tem tido ainda pouca na e seu motor como gerador (grupo gerador
aplicação no Brasil. Um dos casos recentes foi o de baixo custo):
de uma fazenda em Minas Gerais onde a solução e el = 43kW; Qt = 0,250m3/s; Ht = 20m.
foi implantada com as seguintes características:
Fonte: Livro Bombas funcionando como turbinas, do Prof. Augusto Nelson Carvalho Viana
Para áreas que apresentam quedas menores funcionamento se baseia na bomba de Arqui-
que 10 metros são utilizados turbinais helicoi- medes ou parafuso de Arquimedes funcionando
dais para gerar energia elétrica. O princípio de como turbina.
50
Eficiência Energética
51
Eficiência Energética
Apresentando vantagens para o sistema como: Uma instalação típica consiste de painéis
instalados em telhados ou no solo, dependen-
e Confiabilidade; do da área disponível para essa instalação, que
e Simplicidade; alimenta um inversor de frequência (que trans-
e Modularidade; forma a corrente contínua em alternada, para
uso pelos sistemas atualmente existentes nas
e Imagem;
empresas e residências).
e Silêncio.
PAINÉIS FOTOVOLTAICOS
INVERSOR
ENERGIA
COMPRADA
MEDIÇÃO
CONSUMO
QUADRO
GERAL
MEDIÇÃO
EXCEDENTE
TOMADAS E ILUMINAÇÃO
ENERGIA
CEDIDA COMO
CRÉDITO
Fonte: RETScreen™
Os sistemas fotovoltaicos podem ser inter- ou para outro local de consumo de energia do
conectados de forma permanente à rede da em- usuário final.
presa de distribuição de energia elétrica (parale- A título de referência, o custo do sistema
lismo permanente), ou operar de forma isolada. instalado vem caindo substancialmente nos úl-
No caso de paralelismo permanente será timos três anos e ficando no início do segundo
instalado pela distribuidora de energia um novo semestre de 2018 no valor por kWp instalado
medidor bidirecional de energia, pois caso a estava da ordem de R$ 5.000,00, contra cerca de
energia gerada pelo sistema não seja integral- R$ 5.300,00/kWp no início do ano.
mente absorvida pelos equipamentos consumi- Considerações sobre o recurso solar:
dores, essa energia excedente é então fornecida
para a rede da distribuidora e registrada como
e 1 Wp de FV= 800 a 2.000 Wh por ano, depen-
crédito para compensação futura pelo usuário.
dendo da:
O prazo de compensação atualmente é de
até 60 meses (resolução nº 687/2016 ANEEL) • Latitude;
e a compensação pode ser feita para o mesmo • Nebulosidade.
52
Eficiência Energética
e Recurso solar no inverno é crítico para siste- a oito anos, dependendo principalmente da
mas fora da rede: tarifa de energia do consumidor final.
53
Eficiência Energética
Para que se possam obter bons resultados O principal objetivo da realização da manu-
operacionais é fundamental não só que se di- tenção preditiva é a verificação dos equipamen-
mensionem seus componentes adequadamente, tos e componentes a fim de antecipar eventuais
como também é de extrema importância que problemas que possam causar gastos desneces-
todo esse processo seja garantido por meio de sários e paradas indesejadas para a realização
manutenção adequadamente planejada e gerida. de manutenções corretivas.
Nesse contexto, três metodologias e técni- O estudo e a análise das informações co-
cas de manutenção são caracterizadas pela for- letadas dos instrumentos de medição indicam
ma como é executada a intervenção nos siste- também as condições reais de funcionamento
mas, conforme descrito a seguir: e operação dos equipamentos. Estas condições
predizem o tempo de vida útil dos componentes
3.7.1 Manutenção Preventiva37: e as condições para que esse tempo seja mais
É a execução de serviços de caráter preven- bem aproveitado ou expandido pelo usuário.
tivo, com o objetivo de revisar sistematicamente Em geral, nas estações de bombeamento, as
equipamentos e componentes a partir do esta- falhas mais comuns identificadas, são:
belecimento de periodicidade cronológica, ou de Vibração excessiva em conjuntos motobomba;
número de horas de operação dos equipamentos
e Sobreaquecimento em mancais de conjun-
e componentes eletromecânicos, com o objetivo
tos girantes;
de garantir a confiabilidade e desempenho ope-
e Sobreaquecimento nas bobinas dos motores;
racional das instalações e equipamentos.
e Motores operando com correntes e/ou ten-
Os intervalos de tempo, ou horas entre in-
sões desequilibradas;
tervenções são estabelecidos segundo especifi-
e Bombas operando em condições adversas;
cações dos fabricantes para manutenção da vida
e Falhas nos dispositivos de acionamento e
útil, mantendo a eficácia dos componentes e lu-
proteção de motores elétricos;
brificantes aplicados.
Os procedimentos de manutenção preventi-
va consistem nas lubrificações periódicas, revi- 3.7.3 Manutenção Corretiva
sões sistemáticas do equipamento, execução dos É aquela efetuada para corrigir deficiências
planos de calibração e de aferição de instrumen- funcionais nos equipamentos.
tos, mantendo as recomendações do fabricante. O objetivo de uma boa gestão de manuten-
ção é minimizar a ocorrência destas interven-
3.7.2 Manutenção Preditiva38: ções, que acarretam gastos desnecessários e
É uma metodologia que tem como base a interrupção dos processos produtivos.
realização de avaliação dos equipamentos e
componentes envolvidos no processo, de modo 3.7.4 Planejamento
a evitar interrupções operacionais por deficiên- Um planejamento bem elaborado propor-
cia funcional dos mesmos. ciona economia de tempo e dinheiro na execu-
A manutenção preditiva faz o acompanha- ção das atividades de manutenção.
mento e aquisição de dados periódicos das Muitas empresas ainda realizam apenas ma-
máquinas e componentes eletromecânicos nutenção em caráter emergencial, que, na maio-
com o uso de instrumentos de verificação e ria dos casos, deixa providências pendentes e
medição. Com base nas análises dos dados co- origina uma quantidade de retrabalhos consi-
letados, determinam a durabilidade e vida útil deráveis. Considere-se, por exemplo, o inconve-
dos equipamentos e componentes envolvidos niente e os custos de a equipe ter que retornar
no processo. ao local para conclusão das atividades e efetuar
37
A descrição detalhada desses procedimentos pode ser obtida no capítulo 8 do livro Sistemas de Bombeamento –
Eficiência Energética – 2012, Ed. Universitária – UFPB (Organizador: Heber Pimentel Gomes)
38
Fonte: https://www.manutencaopreditiva.com/manutencao/manutencao-preventiva-x-preditiva
54
Eficiência Energética
No item 4.2.3 são apresentados diversos soft- de uma cultura de gestão em todas as áreas,
wares para utilização com essa finalidade e outros, possibilitando que dirigentes e líderes da alta
na gestão energética ou na gestão operacional. gestão das concessionárias de saneamento dei-
Foi possível identificar, ao longo da execu- xem de visualizar a área de manutenção como
ção do projeto COM+ÁGUA.2, que as realidades um setor que só gera despesas, passando a tra-
encontradas nas Áreas Prioritárias podem ser tá-la como um investimento de alto retorno.
bastante discrepantes, evidenciando estágios Manutenções feitas de forma adequada,
distintos no processo de evolução rumo a um pelas quais se poderão prever ou antecipar al-
sistema de gestão efetivo e consolidado. Isto é gumas possíveis falhas, tomando as medidas
um reflexo da situação do setor no Brasil, em que adequadas tempestivamente, certamente deve-
as prestadoras apresentam realidades díspares. rão aumentar a disponibilidade operacional e
Para reverter tal quadro, iniciativas como o o ganho de receita, sem contar os ganhos não
COM+ÁGUA.2 contribuem para a disseminação mensuráveis com a imagem do prestador.
56
Eficiência Energética
4. INDICADORES DE EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA EM SISTEMAS DE
ABASTECIMENTO
O
s Indicadores de Desempenho Energé- pamentos em manutenção por outros de ca-
tico - IDE são fundamentais para uma racterísticas diversas, recaindo, eventualmen-
gestão eficiente dos sistemas de bom- te, em um ou ambos os casos acima citados;
beamento. Mesmo que não ocorram expansões e Redução no diâmetro útil das tubulações
do sistema ou substituição de componentes, as por incrustações com aumento da perda de
condições operativas tenderão a sofrer altera- carga, exigindo maior potência dos conjun-
ções com a passagem do tempo. Isto se deve a tos motobomba;
diversos fatores, tais como, entre outros: e Ocorrência de vazamentos não detectados,
exigindo acréscimo na produção para forne-
e Perda de rendimento de motores por opera- cimento dos mesmos volumes ao consumo,
ção indevida (sobrecarga, excesso de parti- com aumento da energia elétrica consumida.
das acarretando superaquecimento etc.);
O acompanhamento dos indicadores é o
e Queda de rendimento das bombas por ope- recurso que permite identificar a ocorrência de
ração fora do ponto nominal devido a varia- padrões anormais na operação e fornecer dados
ção da altura manométrica; para planejamento das medidas corretivas ou de
e Substituição provisória de conjuntos ou equi- expansão do sistema.
O CE pode ser obtido de forma global para Energia – massa de 1 m3 de água x acelera-
todo um sistema; ou para um subsistema; para ção da gravidade x 100 m
várias ou uma só elevatória; para associação de Energia = 1000 kg x 9,8 m/s2 x 100 m = 9,8
conjuntos motobomba em série ou em parale- x 105 J
lo; ou para um único conjunto. Entretanto, por si Potência hidráulica = 9,8 x 105 J / 1 hora =
só não é indicativo do desempenho do conjun- 9,8 x 105 / 3600 J/s = 0,2725 x 103 W = 0,272 kW
to, uma vez que reflete a eficiência do conjunto
mais a eficiência do sistema hidráulico a jusante e A energia hidráulica requerida, em kWh é:
da bomba. Ele permite comparar o desempenho
de uma mesma instalação ao longo do tempo,
Whidr = 0,272 x 1 hora = 0,272 kWh
mas não serve para comparar o desempenho de
estações de bombeamento diferentes, visto que
e Se o rendimento do conjunto é de 54%, a
estas recalcam água a alturas manométricas di-
energia elétrica fornecida pela rede será:
ferentes, consumindo, portanto, diferentes quan-
tidades de energia elétrica, ainda que os rendi-
mentos dos equipamentos possam ser iguais. Wrede = Whidr / 0,54 = 0,272 / 0,54 = 0,5 kWh
4.1.2 Consumo Específico de Energia e Esta foi a energia elétrica consumida para
Elétrica Normalizado - CEN recalcar 1 m3 de água a 100 m, portanto:
No intuito de contornar esta dificuldade e
estabelecer um parâmetro para comparação do CEN = 0,5 kWh/m3
desempenho de conjuntos diferentes, a Inter-
Este indicador não avalia os processos hi-
national Water Association (IWA, 2000) propôs o
dráulicos a jusante dos conjuntos, apenas a
artifício de reduzir as alturas manométricas de
eficiência dos conjuntos. Do ponto de vista do
diferentes instalações à altura única de 100m,
conjunto, não interessa se os 100 m a serem
criando assim o Consumo Específico de Energia
vencidos são referentes a desnível geométrico
Elétrica Normalizado – CEN, que serve como
ou perda de carga das linhas de recalque.
uma medida indireta do rendimento médio dos
Conhecido o CEN, pode-se determinar o ren-
conjuntos motobomba:
dimento do conjunto pela proporção:
58
Eficiência Energética
59
Eficiência Energética
Bomba Inversão
Marca KSB
H (m) 72
Q (m³/h) 900
Fonte: COM+ÁGUA.2
Fonte: COM+ÁGUA.2
60
Eficiência Energética
No caso da unidade operacional menciona- cifico médio em R$/kWh, para fins de análise de
da foi ainda definido o indicador de custo espe- pré-viabilidade.
0,33
0,32
0,31
ETA PETROPOLIS COHAB
Fonte: RETScreen
61
Eficiência Energética
aplicando se uma turbina de 10 kW, a um custo es- O resultado da avaliação indicou um payback
timado de R$ 90.000,00, na chegada da água bruta do projeto de menos de 5 anos, TIR superior a 20%,
para a estação de tratamento de água. além de apresentar um gráfico do fluxo de caixa.
Fonte: RETScreen
Fonte: RETScreen
C
omo detectado nos estudos de caso, e Melhoramento de metodologias de gerencia-
alguns dos principais desafios enfren- mento e implantação de ações de monitora-
tados para a implementação exitosa da mento do consumo energético online;
metodologia adotada no COM+ÁGUA.2 em um e Desenvolvimento de metodologias de análise
ou ambos os prestadores foram, dentre outros: das faturas de energia, que possibilite a reali-
zação de ações administrativas e técnicas nas
e Indisponibilidade dos valores de indica- unidades da COMPESA;
dores de eficiência energética, por falta de e Gerenciamento efetivo dos contratos de forne-
equipamento de medição ou mecanismos de cimento de energia elétrica, sendo que o valor
gestão adequados; pago é da ordem de R$ 180 milhão/ano, es-
e Falta de mecanismos de gestão de ativos da tando este entre os três maiores valores pagos
infraestrutura, principalmente no tocante à pela COMPESA;
renovação de redes e ramais; e Realização de treinamentos e capacitações
e Falta de uma cultura de manutenção predi- em processo, teóricos e práticos, para melhor
tiva e preventiva; disseminação do conceito e da importância
e Falta de recursos humanos e materiais. do desenvolvimento de ações de eficiência
Citamos, a seguir, uma constatação retirada energética;
do relatório de um dos estudos de caso: e Implantação do programa de cadastro de ati-
vos e elaboração de planos de manutenções
Adicionalmente ao diagnóstico hidroenergéti- preventiva e preditiva nas AP. A implementação
co foram avaliadas as iniciativas de desenvol- dos planos irá facilitar o gerenciamento das
vimento de programas e projetos de eficiência atividades desenvolvidas em cada ativo (bom-
energética e a estruturação da Coordenação bas, motores, válvulas, transformadores e etc.),
de Eficiência Energética – CEN (*): além de gerar histórico dos equipamentos, per-
e Criação de novos Indicadores de Desempenho mitindo um melhor acompanhamento da vida
Energético - IDE, como o kWh/m³ bombeado. útil de cada um.
Atualmente a CEN (*) e as AP consideram como
indicadores de eficiência energética o índice de No modelo atual de gerenciamento e aná-
ultrapassagem de demanda e cobrança de mul- lise das faturas de energia elétrica aplicado
tas por parte da Companhia Energética de Per- na COMPESA, as APs não recebem as faturas
nambuco - CELPE por baixo fator de potência; de energia, ficando restrito apenas à CEN (*).
e A importância da criação de IDE tendo como Desta forma os gestores operacionais das
base a norma ISO 50.001, que estabelece uma áreas ficam impossibilitados de realizar uma
estrutura para que as empresas possam geren- análise mais criteriosa. As AP recebem uma
ciar e melhorar o consumo de energia elétrica; planilha em meio digital, chegando quase
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Eficiência Energética
trinta dias após o faturamento, com as infor- Específico Normalizado – CEN. (Nota desta
mações resumidas, cabendo ao gestor local publicação)
apenas analisar:
Essas constatações corroboram a necessi-
dade da continuidade de programas como o
e Verificação do consumo de energia se está
COM+ÁGUA.2, visando a fixar nos prestadores
na média do histórico;
de serviço a cultura da gestão, tanto no que se
e Comparação da demanda lida, em relação à
refere ao uso racional da água como à eficiên-
contratada, verificando se houve redução ou
cia energética.
ultrapassagem;
Os programas de sensibilização das equi-
e Verificação e correção do fator de potência
pes dos prestadores são ferramentas essen-
lido nas instalações, sendo que este deve ser
ciais para a conscientização da importância
maior que 0,92 obrigatoriamente.
dos mecanismos de gestão em todas as áreas
dos prestadores.
(*) Não confundir Coordenação de Eficiência
Energética - CEN com o indicador Consumo
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