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cativeiro na Babilônia: ordem


cronológica da queda de Judá
 Gabriel Filgueiras
 
 22 de junho de 2020
 
 6 Comentários

Ocativeiro na Babilônia é, de modo geral, a remoção forçada da maior parte


da população, especialmente das pessoas mais habilidosas e de classe
superior, de sua pátria para outro país. Esta foi a ocasião em que os israelitas
foram retirados à força de sua terra prometida, e levados cativos para outros
países por imperadores e reis. O exílio babilônico durou ao todo mais de 70
anos.

Cronologia do cativeiro babilônico e


assírio:
O primeiro a acontecer foi o exílio dos israelitas do reino do norte (Samaria)
efetuado pelos assírios, que é conhecido como cativeiro assírio. Ele ocorreu
em duas fases, a primeira em 734 a. C. sob Tiglate-Pileser III (2 Reis 15:29).
Logo após, em 722 a. C., sob Salmaneser e seu sucessor, Sargão II, quando
a cidade de Samaria foi destruída e o reino do norte deixou de existir (2 Rs
17:5-6).
imagem ilustrativa
Quando começou o exílio babilônico de
Judá?
Em 605 a. C. Nabucodonosor II empreendeu uma grande campanha militar a
fim de estender o território de seu império na Babilônia. Este rei foi um
instrumento do próprio Deus JAVÉ para disciplinar seu povo devido sua
inclinação ao mal (Jr 32:28-30; Dn 5:18). Logo, o próximo grande exílio dos
judeus envolveu a destruição do reino do Sul (Judá) e a cidade
de Jerusalém. Esse também ocorreu em várias fases, todas sob o rei
Nabucodonosor II (Jr 52:28-30).

Portanto, em 605 a. C. ocorreu a primeira deportação para a Babilônia,


estima-se que um pequeno grupo de pessoas foram levadas cativas, onde
também estavam Daniel e seus três amigos (Dn 1:1-6).

A segunda deportação ocorreu em 597 a. C., era o oitavo ano do reinado de


Nabucodonosor. O templo de Jerusalém foi saqueado, mas não destruído (2
Rs 24:8-16). Nesta ocasião, cerca de 10 mil pessoas foram levadas a
cativeiro, inclusive o profeta Ezequiel, que sempre data suas profecias a
partir do cativeiro de Joaquim, rei de Judá em Jerusalém, também levado
cativo nessa fase (2 Rs 24:15; Ez 1:1-3).

A mais terrível, quando ocorreu a queda de Judá, foi em 587-586 a. C. (Jr


52:29). Esta pode ser considerada a data oficial do início dos 70 anos do
cativeiro. Você entenderá por que mais adiante.

Foi dessa vez que o templo de Salomão em Jerusalém foi destruído, e a


dinastia de Davi chegou ao fim (2 Cron. 36:14-20). Este rei babilônico tinha
também a intenção de preparar diversos jovens para trabalhar nos negócios de
interesse de seu império; de fato alguns jovens hebreus tiveram que se sujeitar
a isso (Dn 1:1-4).

Uma outra deportação, a terceira, aconteceu em 582 a. C., provavelmente


em represália ao assassinato de Gedalias, homem que o rei Nabucodonosor
colocou como governador de Jerusalém em lugar do rei Zedequias, que
fora levado cativo devido sua rebelião contra o rei da Babilônia (2 Rs 25:7,22-
25).

Essas três últimas deportações são registradas pelo profeta


Jeremias.

Jeremias 52:27-30 registra:

E o rei de Babilônia os feriu e os matou em Ribla, na terra de Hamate. Desta


forma Judá foi levado cativo da sua própria terra. Este é o povo a quem
Nabucodonosor levou cativo: no sétimo ano três mil e vinte três judeus. (598-
597 a. C.)
No décimo oitavo ano de Nabucodonosor ele levou cativos de Jerusalém
oitocentas e trinta e duas pessoas. (587-586 a. C.)
No vigésimo terceiro ano de Nabucodonosor, Nebuzaradã, o capitão da
guarda, levou cativos dos judeus setecentas e quarenta e cinco pessoas.
Todas as pessoas foram quatro mil e seiscentas. (582 a. C.).

JAVÉ também prenunciou pela boca do profeta Jeremias que este cativeiro
duraria 70 anos, veja:

E esta terra inteira será uma desolação, e um assombro. E estas nações


servirão ao rei de Babilônia por setenta anos.
E acontecerá que, quando setenta anos forem completados, que eu punirei o
rei de Babilônia, e aquela nação, diz o SENHOR, pela sua iniquidade, e a terra
dos caldeus, e a farei desolações perpétuas. (Jeremias 25:11-12 KJF)

Note que o evento que marcaria o início dos 70 anos do cativeiro na Babilônia
seria a desolação total de Jerusalém, o que inclui a destruição de seu templo,
de seus muros, seus palácios etc. Portanto, este evento aconteceu na
deportação do ano 586 a. C.

Veja também em Jeremias 29:8-10, que o evento que marcaria o fim dos 70
anos de cativeiro seria a restauração total da cidade. Mais abaixo veremos
quando isso aconteceu.

Os profetas que viveram durante e que


anunciaram o cativeiro na Babilônia.
Para saber com mais detalhes como aconteceu o exílio babilônico, leia
os versículos referenciados em cada trecho acima. E como nós também
pudemos perceber nestes breves relatos, os principais profetas do exílio
babilônico foram Jeremias, Daniel e Ezequiel.

Isaías viveu entre 765 e 681 a. C. e profetizou muitas coisas acerca do


Cativeiro na Babilônia (Is 39:5-7). Já Jeremias, que viveu entre 650 e 586 a. C.,
um tempo durante o próprio exílio babilônico, não foi levado cativo ao mesmo,
mas foi-lhe concedido viver em liberdade onde quisesse (Jr 40:1-6).

Ele pregava que todo o Israel, além de outras nações, deveriam render-se ao
rei da Babilônia (porque, através dele, JAVÉ estava disciplinando seu povo
devido à sua rebeldia e iniquidade – vide Jr 28:14), e por isso foi tratado até
como traidor do povo de Deus (Jr 37:6-15; 38:1-6).

Qual foi o motivo dos cativeiros babilônico e


assírio?
A causa que levou os israelitas a sofrerem os cativeiros na Babilônia e na
Assíria, começou muito tempo antes destes próprios exílios, para ser mais
exato, ainda com o rei Salomão, o terceiro rei da monarquia dos hebreus,
cujo reinado durou de 970 a 931 a. C.

Como você deve saber, o rei Salomão ajuntou-se com várias mulheres
estrangeiras, e por isso estas o induziram a pecar contra JAVÉ ao inclinar seu
coração a adorar deuses pagãos (1 Rs 11:1-11).

Como consequência de tal ato, JAVÉ divide o reino da dinastia de Davi e


entrega uma parte do mesmo a um dos servos do próprio rei, a saber,
Jeroboão (931 a. C.). Este, por sua vez, mesmo tendo sido inicialmente
chamado pelo próprio Deus JAVÉ para herdar o trono real de Israel (1 Rs
11:29-38), ao assumir o reinado, logo de início cuida de instalar a idolatria no
reino, pois não confiou em JAVÉ para firmá-lo como rei, e temeu que o povo
devolvesse o reino ao filho de Salomão, que reinava em Judá (1 Rs 12:20,25-
33).

Daí por diante o povo inclinou-se à idolatria e por isso à maldade, e vários
outros reis idólatras também se levantaram, que abandonaram os caminhos de
JAVÉ, Deus de Davi, e embora Seus profetas tentassem fazer o povo voltar
para os caminhos dele, o povo tornou-se tão obstinado que não houve outro
remédio para eles, a não ser sofrer a disciplina e o juízo com o cativeiro na
Babilônia (2 Cron. 36:14-20).

Retorno de Israel do cativeiro na Babilônia.


Geralmente se ouve a pergunta quem libertou os hebreus do cativeiro da
babilônia, entretanto é importante saber que isso também aconteceu em
várias partes, e reis persas foram responsáveis por sua libertação.

Segue uma ordem cronológica dos reis persas que contribuíram para libertar os
hebreus de seu cativeiro, confira:

 Ciro II, o Grande, 559 – 530 a. C.


o Mencionado nos capítulos 1 e 6 do livro de Esdras,
além de Isaías 45:1. Este permitiu o retorno dos
judeus do exílio e facilitou a reconstrução do
templo em Jerusalém.
o Em 539 a. C. Ciro conquista a Babilônia e,
partilhando o ideal de uma política de respeito às
culturas dos povos que conquistava (a fim de
conquistar a fidelidade deles), permitiu aos hebreus
que retornassem à sua terra de origem e aos seus
costumes religiosos.
o Como dito antes, Ciro é citado em Esdras 1:1-4,
que registra o cumprimento da profecia
de Jeremias 29:10, e também em 6:3-5, que
registra o cumprimento da profecia de Isaías
44:28 (observe que Isaías desempenhou o seu
ministério entre 739 e 681 a. C., ao passo que Ciro
veio a ser rei da Pérsia em 539 a.C. Há entre eles
um período de 150 a 200 anos).
o Observe que o cativeiro babilônico se refere à
Judá, e não a todo Israel.
 Cambisses II (não mencionado na Bíblia. Filho de Ciro),
530 – 522 a. C. 
 Dario I Histaspes, 522 – 486 a. C.
o No primeiro ano de Dario, Daniel lê nos livros do
profeta Jeremias que os judeus deveriam passar
70 anos no cativeiro babilônico (Dn 9:1-3).
Considerando a data de 586, quando aconteceu a
queda total de Jerusalém e seu templo, Daniel lê
isso aos 64 anos de cativeiro.
o Ageu e Zacarias pregaram durante o segundo ano
de Dario (520 a. C.). Durante seu reinado
aconteceu a reconstrução e dedicação do templo
(516 a. C.; Ver Esdras 6:13-15).
 Xerxes I, 486 – 465 a. C. Este possivelmente é
o Assuero, mencionado no livro de Ester (1:1-5). Era filho
de Dario I.
 Artaxerxes I Longímano, 465 – 425 a. C.
o Neemias era seu copeiro e pede-lhe permissão
para ir até Judá e reconstruir os muros de
Jerusalém em 444 a. C., que é o vigésimo ano de
seu reinado (ver Neemias 2:1).
o A data tradicional da missão de Esdras é no ano
sétimo do reinado de Artaxerxes, em 458 a.
C. Ver Esdras 7:7.

Qual é a data exata dos 70 anos no exílio


babilônico?
Os 70 anos do cativeiro na Babilônia duraram de 587-586 até 516 a. C., que
é o sexto ano do rei Dario.

Embora haja diferentes opiniões a respeito da data de duração do cativeiro,


essa é uma alternativa aceitável, pois em 586 aconteceu a ruína total do
reino de Judá e a destruição do templo, e mais pessoas foram levadas
cativas; como registrado em Jeremias 25:11, podemos afirmar que o início dos
70 anos em cativeiro começariam a contar depois da desolação total de
Jerusalém.

Se somarmos os anos deste acontecimento até a data em que Ciro conquista a


Babilônia e promove a liberdade dos judeus, em 539, teremos apenas 48 anos;
porém, no segundo ano do rei Dario, o segundo sucessor de Ciro, em 520,
vemos que Judá ainda não havia retornado completamente do cativeiro, se não
apenas algumas porções de gente.

De acordo com registro do profeta Zacarias 1:7-13, no segundo ano de Dario


(520), é revelado que Judá ainda estava dentro do período dos 70 anos de
cativeiro (66 anos). Nesta data, o templo de Jerusalém ainda estava sendo
reconstruído desde o primeiro ano em que Ciro conquistou a Babilônia (539,
vide Ed 5:13-16), a obra foi finalizada no sexto ano de Dario.

Os 70 anos completam-se finalmente em 516 a. C., no sexto ano do rei Dario,


quando o templo de Jerusalém é finalmente reconstruído e a liberdade dos
judeus é plenamente recuperada, como JAVÉ havia prometido por meio da
carta que Jeremias enviou aos exilados do ano 597.

Porque assim diz o SENHOR: Após se completarem setenta anos em


Babilônia, eu vos visitarei e cumprirei a minha boa palavra em vós, fazendo-
vos retornar para este lugar. (Jeremias 29:10 KJF)

Repare que o profeta Jeremias estava em Jerusalém quando envia essa carta
aos cativos de Judá que haviam sido levados para a Babilônia nessa ocasião
(29:1). E foi justamente no ano 516 que os judeus recuperaram sua plena
liberdade, restaurando seu culto no templo em Jerusalém, os sacerdotes e os
levitas, e justamente neste tempo eles puderam celebrar a páscoa novamente
com os cativos que lá estiveram, justamente o evento que também marcou a
liberdade deles da escravidão no Egito, como registra Esdras 6:14-21.

Portanto, de 586, ano da queda total de Judá e destruição do


templo, até 516 a. C., ano da reconstrução do templo,
restauração do culto e celebração da páscoa, são exatos 70
anos.

Além de todas essas provas, Jeremias profetizou que o cativeiro levaria 70


anos para acabar em pelo menos duas ocasiões, veja;

1. Ano 605, primeiro ano de Nabucodonosor (Jr 25:1,11);


2. Depois ele confirma esses 70 anos de cativeiro em 597,
quando envia uma carta aos que foram levados cativos
para a Babilônia nessa ocasião, junto com o rei Jeconias
(Jr 29:1-10).
Portanto, o exílio só pode ter começado depois dessas datas, então tudo indica
que iniciam-se os 70 anos em 586, quando Jerusalém é completamente
tomada e seu templo destruído.

O retorno dos judeus do cativeiro da


Babilônia também aconteceu em várias
fases.
É importante notar que, mesmo depois de completados todos os anos do
cativeiro, dos decretos que libertaram os judeus e da restauração de seu
templo e seu culto, nem todos eles voltaram para Jerusalém e para as terras de
Israel.

Os primeiros judeus retornaram do exílio para Israel em 538 a. C. (Esdras


caps. 1 – 6), pouco tempo depois de Ciro ter dado o decreto permitindo-os.

Seus líderes eram Zorobabel e Jesua. Ciro Também permitiu que o templo de
Jerusalém fosse reconstruído e ainda proveu tesouros para ajudar nessa
tarefa, o que de fato começou a ser feito, como lemos em Esdras 5:13-16.
Foram devolvidos ainda os objetos de ouro e de prata utilizados no culto, que
anteriormente foram retirados do templo por Nabucodonosor.

Em 458 a. C. o rei persa Artaxerxes I permitiu a qualquer judeu que quisesse


retornar para sua pátria (Esdras caps. 7 – 10). Nesta fase foram permitidos
estabelecer magistrados civis e juízes judeus, além disso vários homens de
Israel haviam se casado com mulheres estrangeiras.

Em 444 a. C. Neemias lidera a última caravana que retorna para


Jerusalém sob Artaxerxes I também. Nessa fase foi permitida a reconstrução
da Cidade de Jerusalém e em 52 dias Neemias e outros judeus, mesmo com
algumas oposições, reerguem os muros da cidade (Ne 6:15).

Este vídeo do Rodrigo Silva também dá muitos detalhes a respeito deste


período da história de Israel, e confirmar as informações trazidas
neste estudo bíblico:

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