Você está na página 1de 11

ESTUDO DA RECUPERAÇÃO DE AREAS DEGRADADAS COM

INVESTIMENTOS DA FUNDAÇÃO RENOVA NA BACIA DO RIO DOCE NOS


ULTIMOS CINCO ANOS.

STUDY OF THE RECOVERY OF DEGRADED AREAS WITH INVESTMENTS


FROM THE RENOVA FOUNDATION IN THE RIO DOCE BASIN IN THE LAST
FIVE YEARS.

BÁRBARA FARIA LOPES DE MOURA

RESUMO

O rompimento da barragem de Fundão no ano de 2015, em Mariana, Minas Gerais, foi


considerado por muitos especialistas como o maior desastre ambiental da história do Brasil.
Denominado “tragédia de Mariana”, o desastre ceifou várias vidas e deixou muitas pessoas
sem perspectiva de vida, além de degradar quilômetros de áreas, eliminando vegetações
nativas e contaminando rios e solos. O presente trabalho tem como escopo estudar a
recuperação das áreas degradadas na Bacia do Rio Doce nos últimos cinco anos com
investimentos da Fundação Renova, realizando uma analise crítica e pontual sobre as ações
executadas pela fundação. Sabendo-se que os efeitos do desastre ao meio ambiente e as
populações atingidas são incalculáveis e indeterminados, a Fundação trabalha no sobreposto
da busca da qualidade de vida dos afetados.

Palavras-chave: rompimento de barragem; desastre de Mariana; Fundação Renova; áreas


degradadas; bacia do Rio Doce.

Abstract
The collapse of the Fundão dam in Mariana, Minas Gerais was considered by many experts to
be the biggest environmental disaster in the history of Brazil. Called “Mariana's tragedy”, the
disaster claimed several lives and left many people with no prospect of life, in addition to
degrading kilometers of areas, eliminating native vegetation and contaminating rivers and
soils. The present work aims to study the recovery of degraded areas in the Rio Doce Basin in
the last five years with investments from the Renova Foundation, performing a critical and
punctual analysis of the actions carried out by the foundation. Knowing that the effects of the
disaster on the environment and the affected populations are incalculable and indeterminate,
the Foundation works in the overlap of the search for the quality of life of those affected.

Keywords: dam burst; Mariana's disaster; Renova Foundation; degraded areas; Rio Doce
basin.

INTRODUÇÃO
Em 05 de novembro de 2015, ocorreu um dos maiores desastres ambientais em terras
brasileiras. No subdistrito de Bento Rodrigues, localizado a 30 km do município de Mariana,
em Minas Gerais, a barragem de rejeitos de mineração denominada “Fundão”, controlada pela
Samarco Mineração S.A., um empreendimento conjunto das maiores empresas de mineração
do mundo, a brasileira Vale S.A. e a anglo-australiana BHP Billiton, rompeu-se causando o
considerado maior impacto ambiental da história brasileira.

O rompimento da barragem atingiu mais de 30 cidades nos estados de Minas Gerais e


Espírito Santo ceifando vidas inocentes e ocasionando danos à infraestrutura da cidade de
Mariana e aos ecossistemas da Bacia do Rio Doce. Ambientalistas acreditavam ser incerta a
possibilidade de se recuperar o rio.

A Fundação Renova foi criada após o desastre e é a entidade responsável pela


mobilização para a reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão. É
uma organização sem fins lucrativos que elabora programas e projetos que estão sendo
implementados nos 670 quilômetros de área impactada ao longo do Rio Doce e seus
afluentes.

O presente trabalho possui como objetivo principal realizar uma abordagem crítica,
científica e pontual sobre a recuperação de áreas degradadas com investimentos da Fundação
Renova na Bacia do Rio Doce nos últimos cinco anos.

A barragem de “Fundão”
A barragem de rejeitos minerais denominada “Fundão” estava localizada no
subdistrito de Bento Rodrigues, a 30 km do município de Mariana, cidade histórica de Minas
Gerais. Próxima a essa barragem, havia também a barragem de Santarém que, devido ao
rompimento da de Fundão, transbordou somando ainda mais lama aos 34 milhões de metros
cúbicos liberados da barragem de Fundão.

Essas barragens eram controladas pela Samarco Mineração S.A., uma mineradora do
grupo Vale S.A, uma empresa brasileira de grande visibilidade em mineração, e da anglo-
australiana BHP Billiton. Ambas as barragens faziam parte da Mina Germano, situada no
distrito de Santa Rita Durão, município de Mariana, localizado na Microrregião de Ouro
Preto da Mesorregião Metropolitana de Belo Horizonte.

A barragem de Fundão entrou em operação em dezembro de 2008. Em abril de 2009,


segundo o site do Ministério Público Federal, teve o lançamento dos rejeitos interrompidos
devido a problemas com a percolação do talude de jusante do barramento. Em julho de 2010
também foi acusado novo problema na barragem. Desta vez, o rejeito arenoso adentrou o
reservatório através da galeria principal causando nova paralisação. E várias outras
suspensões foram ocasionadas no decorrer dos anos de funcionamento resultando em obras de
adaptações não previstas nos projetos iniciais.

No final da tarde do dia 05/11/2015, a barragem de Fundão entrou em colapso se


rompendo e atingindo a barragem de Santarém, a jusante. Segundo BRASIL (2015),
“despejou cerca de 50 milhões de metros cúbicos de rejeitos minerais no ambiente”,
aniquilando o distrito de Bento Rodrigues, causando sérios transtornos a outros distritos
próximos a Mariana e contaminando importantes rios da Bacia do Rio Doce.

Possíveis causas do rompimento da barragem


As causas do rompimento foram praticamente relacionadas ao planejamento e uso
inadequados da barragem.

Peritos do setor afirmaram que as possíveis causas para o rompimento da barragem


estavam relacionadas ao processo de liquefação; aos abalos sísmicos que
antecederam o desastre; a falhas na construção/manutenção das barragens; a uma
fiscalização deficitária pelos órgãos competentes e à utilização do reservatório acima
de sua capacidade de armazenamento. (LOPES, 2016, p. 14)

Todas essas afirmações foram baseadas nos fatos e falhas ocorridos anteriormente ao
desastre, o que fundamentou as especulações dos especialistas.

Impactos socioambientais e econômicos


Os impactos socioambientais e econômicos ocasionados pelo rompimento da
barragem foram considerados de alta magnitude, sendo um dos maiores desastres ambientais
ocorridos no Brasil “com proporções nunca antes vistas na história da mineração brasileira e
mundial” (LOPES, 2016, p.14). Os prejuízos foram vistos nas primeiras horas após o
acontecimento e ainda se projetam sem tempo certo para se findarem.

Além da contaminação do solo com rejeitos de minerais pesados, desencadeou


também o desequilíbrio do ecossistema da Bacia do Rio Doce, assim como o prejuízo à fauna
e flora da região e a morte de 19 pessoas inocentes.

Segundo Freitas et al (2016), “os impactos foram classificados em microrregional,


relacionada aos impactos com maior efeito destrutivo nos quatro municípios mais atingidos
em Minas Gerais, e macrorregional, relacionada aos impactos nos municípios ao longo de
mais de 570 km da calha do rio Doce até a foz no oceano Atlântico”.

A vida e cultura dos povos da região onde aconteceu o desastre foram totalmente
afetadas. Os impactos mais evidentes, em longo prazo, segundo Freitas et al (2016), “se
relacionam à qualidade da água para o consumo humano e a sua distribuição. Os efeitos
envolvem metais pesados e se apresentarão com o tempo, portanto deverão ser monitorados”.

Os prejuízos econômicos foram imediatos e de grade escala, impactando os serviços


públicos essenciais, as atividades industriais, agropecuárias, mineradoras, comerciais e
turísticas e destruindo edificações públicas e privadas.

Surgimento da Fundação Renova


Visando a recuperação, mitigação e reparação dos danos socioambientais e
socioeconômicos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, foi criada
a Fundação Renova, em março de 2016. Representantes das empresas Samarco, Vale e BHP
Billiton Brasil, dos governos estaduais de Minas Gerais e Espirito Santo e do governo federal
se reuniram para firmar o Termo de Transação e de Ajustamento de Conduta (TTAC).

Trata-se de uma fundação sem fins lucrativos, resultado do compromisso jurídico do


TTAC. Esse termo “define o escopo da atuação da Fundação Renova, que são os 42
programas que se desdobram nos muitos projetos que estão sendo implementados nos 670
quilômetros de área impactada ao longo do rio Doce e afluentes. As ações em curso são de
longo prazo” (FUNDAÇÃO RENOVA, 2017).

A Fundação, de acordo com Mazzolla (2018), “reúne especialistas em âmbitos


socioeconômicos e socioambientais, assim como especialistas em diversas áreas de
conhecimentos e de entidades de ação socioambiental e conhecimento técnico cientifico” que
trabalham no processo de recuperação de toda área devastada.

Segundo o site da Fundação Renova (2017), os recursos financeiros utilizados provem


de suas entidades mantenedoras assim como de programas do Governo Federal que visam
satisfazer os projetos de desenvolvimento socioeconômico e socioambientais da região
afetada.

Áreas degradadas pelo desastre de “Mariana”


O desastre ocorrido em Mariana (MG) no ano de 2015 afetou 41 cidades nos Estados
de Minas Gerais e Espirito Santo, numa extensão de mais de 660 Km. O Ministério Público
Federal publicou dados da degradação:

O desastre de Mariana causou a morte de 19 pessoas, degradou 240,88 hectares de


Mata Atlântica e atingiu três comunidades indígenas, sendo as comunidades de
Krenak, Tupinikim e Guarani. Mais de 50 milhões de m3 de rejeitos minerais forem
despejados em terrenos e rios; 29.300 carcaças de peixes foram coletadas ao longo
dos rios Carmo e Doce correspondendo a 14 toneladas de peixes mortos
(MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL, 2020)

A lama dos rejeitos soterrou uma área estimada de 27,9 km² em várias localidades do
distrito de Bento Rodrigues. Na sub bacia do rio do Carmo, no alto Rio Doce, o desastre
devastou os ecossistemas aquáticos e o curso dos rios, modificando a paisagem e destruindo
propriedades e localidades (ESPÍNDOLA et al, 2019). No médio e baixo Rio Doce a lama
afetou drasticamente diversas espécies e ecossistemas aluviais, prejudicando as populações
ribeirinhas e toda a população que depende do rio para o abastecimento de água.
O Centro de Sensoriamento Remoto do IBAMA concluiu que o desastre devastou
“1.469 hectares ao longo de 77 km decursos d’água, incluindo Áreas de Preservação
Permanente” (BRASIL, 2015, p. 10)
Segundo o Relatório Final do Grupo de Força Tarefa de Minas Gerais, Agencia Minas
Gerais (2016), o relevo também foi afetado. A descida da lama de rejeitos minerais remodelou
o relevo e causou processos erosivos.
Em relação à vegetação, a lama arrancou e soterrou árvores e vegetação herbácea. A
vegetação afetada, segundo o IBAMA (2015), é caracterizada dentro do domínio da Floresta
Atlântica.

Metodologia da Pesquisa
Trata-se de pesquisa de revisão bibliográfica com abordagem técnica qualitativa.

Resultados e discussão

Fundação Renova: processo de recuperação de áreas degradadas


Desde a data do desastre, diversos pesquisadores e universidades trabalham para a
recuperação das áreas degradadas pelo rompimento da barragem. Em março de 2016, foi
assinado o Termo de Transação e Ajustamento de conduta, um compromisso jurídico que
define os 42 programas implementados nas áreas impactadas, através da Fundação Renova.

A tabela 1 evidencia os programas conforme planejado no Termo de Ajuste de


Transação e Conduta (TTAC), para reparar, restaurar e reconstruir o meio ambiente e as
comunidades impactadas pelo colapso da barragem de Fundão.

Tabela 1: Programas Fundação Renova de acordo com o TTAC

Programa Descrição

PG001 Levantamento e Cadastro dos Impactados


PG002 Ressarcimento e Indenização dos Impactados
Proteção e Recuperação da Qualidade de Vida
PG003 dos Povos Indígenas
Proteção e Recuperação da Qualidade de Vida de Outros Povos e Comunidades
PG004 Tradicionais
PG005 Programa de Proteção Social
PG006 Comunicação, Participação, Diálogo e Controle Social
PG007 Programa de Assistência aos Animais
PG008 Reconstrução de Vilas
PG009 Recuperação do Reservatório da UHE Risoleta Neves
Programa de recuperação das demais comunidades e infraestruturas impactadas
PG010 entre Fundão e Candonga
Recuperação das Escolas Impactadas e Fortalecimento da Educação Pública na
PG011 Bacia do Rio Doce
PG012 Programa de Memória Histórica, Cultural e Artística
PG013 Programa de Turismo, Cultura, Esporte e Lazer
PG014 Programa de Apoio à Saúde Física e Mental da População Impactada
PG015 Remoção da Inovação
PG016 Retomada das Atividades Aquícolas e Pesqueiras
PG017 Retomada das Atividades Agropecuárias
PG018 Desenvolvimento e Diversificação Econômica
PG019 Recuperação de Micro e Pequenos Negócios
PG020 Estímulo à Contratação Local
PG021 Auxílio Financeiro Emergencial
PG023 Manejo de Rejeitos
PG025 Programa de Recuperação da Área Ambiental 1
Programa de Recuperação de Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Recargas
PG026 Hídricas
PG027 Programa de Recuperação de Nascentes
PG028 Conservação da Biodiversidade
PG029 Recuperação da Fauna Silvestre
PG030 Fauna e Flora terrestre
PG031 Coleta e Tratamento de Esgoto e Destinação de Resíduos Sólidos
PG032 Melhoria dos Sistemas de Abastecimento de Água
Programa de Educação para Revitalização da Bacia do Rio Doce (Educação
PG033 Ambiental)
PG034 Preparação para Emergências Ambientais
PG035 Programa de Informação para a População
PG036 Comunicação Nacional e Internacional
PG038 Monitoramento da Bacia do Rio Doce
PG039 Unidades de Conservação
PG040 Programa de Fomento ao CAR e PRA
PG041 Gerenciamento dos Programas Socioambientais
PG042 Ressarcimento dos Gastos Públicos Extraordinários
Fonte: o Autor (2020)
Investimentos utilizados para recuperação das áreas degradadas
Segundo o site da Fundação Renova (2020), o orçamento previsto para as ações de
reparo e compensação é de R$12,49 bilhões de reais. Até setembro de 2020 foram
desembolsados R$10,10 bilhões de reais, sendo R$2,72 bilhões do orçamento executados em
2019 e R$4,66 bilhões orçados para execução em 2020. Foram pagos em indenização R$1,22
bilhão referente a Dano Água e Dano Geral e R$1,43 bilhão em Auxílio Financeiro
Emergencial.

Os recursos financeiros utilizados são provenientes das entidades mantenedores e de


programas do Governo Federal que visam à recuperação de áreas degradadas (FUNDAÇÃO
RENOVA, 2016).

A Fundação Renova deixa explicito em seu site documentos que demonstram a


utilização dos recursos para a execução dos programas de recuperação dos impactos do
rompimento da barragem de Fundão.

O TTAC estabelece os aportes anuais para formação do patrimônio da Fundação,


necessário para a execução dos programas estabelecidos. Há dois tipos de aportes:
Recursos Compensatórios e Recursos Reparatórios. O TTAC define, de forma
preliminar, valores entre R$ 9,46 bilhões e R$ 11,86 bilhões, distribuídos conforme
abaixo.
Os RECURSOS COMPENSATÓRIOS têm valor determinado em R$4,1 bilhões e
envolvem:
— Financiamento do programa de coleta e tratamento de esgoto e de destinação de
resíduos sólidos nos municípios ao longo do rio Doce, no valor total de R$ 500
milhões. Serão distribuídos nos anos de 2016, 2017 e 2018, nos montantes de R$ 50
milhões, R$ 200 milhões e R$ 250 milhões respectivamente.
— Programas compensatórios, no valor total de R$ 3,6 bilhões distribuídos em
parcelas anuais de R$ 240 milhões durante 15 anos, a partir de 2016, como
Recuperação de APPs, Recuperação de Nascentes e ações compensatórias em geral.
Os RECURSOS REPARATÓRIOS não têm limite máximo de valor, ou seja,
deverão ser implementadas as ações reparatórias necessárias e não deverão ficar
limitadas aos aportes anuais estabelecidos de forma preliminar no TTAC.
Compreendem medidas e ações de cunho reparatório que têm por objetivo mitigar,
remediar e/ou reparar impactos socioambientais e socioeconômicos.
Destacam-se, dentre os programas reparatórios, Manejo dos Rejeitos, Contenção de
Rejeitos e Tratamento In Situ, Recuperação da Área Ambiental 1, Sistemas de
Abastecimento Água, Investigação e Monitoramento da Água, Levantamento do
Cadastro de Impactados, Programa de Indenização, Proteção dos Povos Indígenas e
Comunidades Tradicionais, Comunicação e Diálogo, Reassentamento de Bento
Rodrigues, Paracatu e Gesteira, Recuperação do Reservatório da UHE Risoleta
Neves, Saúde Física e Mental dos Impactados, Retomada da Atividade Agropecuária
e Auxílio Financeiro (FUNDAÇÃO RENOVA, 2016).

O cronograma dos aportes anuais previstos no TTAC também está disponibilizado no


site conforme tabela 2.
Tabela 2: Cronograma de aportes anuais previstos no TTAC

Ano Valores

2016 2 Bilhões

2017 e 2018 1,2 bilhão anuais

Entre R$ 800 milhões e R$ 1,6 bilhão anuais, de acordo com o cronograma


2019 e 2021 de execução dos programas e projetos
Valores a serem definidos a partir das ações de reparação previstas,
2022 a 2030 acrescidos dos R$ 240 milhões anuais para ações compensatórias;
Fonte: Fundação Renova (2016)

Áreas recuperadas nos últimos cinco anos


A Fundação Renova divulga anualmente relatórios destacando, em cada ano, as
realizações mais importantes para a reparação, compensação, mitigação e indenização dos
danos decorrentes do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG) em novembro
de 2015.

De acordo com o Relatório Anual de Atividades (2017), as principais ações


executadas no ano foram a criação da área dos direitos humanos, o registro de grande parte
das pessoas atingidas, a conscientização e recrutamento para o plantio de árvores e
recuperação da flora da região, o projeto de captação alternativa de água e monitoramento das
águas contaminadas, assim como a recuperação de nascentes. Dentre várias outras ações
fomentadas na reparação dos danos.

No Relatório Anual de Atividades (2018), demonstra que as atividades de reparação


continuaram avançando, realizando revisões nas estruturas e adequações em programas.
Somente em 2018 que a Fundação Renova foi reconhecida formalmente como executora do
TTAC pelas Defensorias e pelos Ministérios Públicos dos dois estados envolvidos.

Segundo o Relatório Anual de Atividades (2019), o processo de reparação registra


avanços nas diferentes frentes sob direção da Fundação Renova. Os Reassentamentos,
monitoramento de águas e indenizações merecem destaque nesse ano, tanto pelos registros
evolutivos quanto pelo valor na reconstituição do modo de vida da população (FUNDAÇÃO
RENOVA, 2019).

A água vem recuperando suas condições de pré-rompimento. De acordo com o


Relatório (2019), os resultados do monitoramento das águas da Bacia do Rio Doce tem
demonstrado melhoria sistemática, podendo ser consumida sem restrições depois de tratada.
A constatação é respaldada por diferentes programas de acompanhamento.

As ações emergenciais estabelecidas e executadas pela Fundação Renova ajudaram na


recuperação de rios e flora da região. Segundo o Jornal O Tempo (2019), os rios Gualaxo do
Norte e Carmo receberam em suas margens plantios de espécies de vegetação nativas e
tiveram seu contorno refeito. Vários afluentes “desaparecidos” foram recuperados. A
expectativa da Fundação é chegar ao final desse ano de 2020 com 600 hectares de mata ciliar
com espécies de Mata Atlântica recuperadas.

Segundo o pesquisador da Universidade Federal de Viçosa (UFV) e especialista em


solos, Carlos Ernesto Schaefer, em entrevista ao site Agência do Brasil, "os resultados dos
experimentos realizados no solo são muito promissores. Em três anos, praticamente dobrou o
teor de carbono. Da mesma forma, o teor de fósforo, que é um nutriente muito importante
para todas as plantas". (AGENCIA DO BRASIL, 2020).

Apesar de todo empenho para a recuperação das áreas degradadas, segundo o biólogo
e ecólogo André Ruschi (2020), que atua na Estação Biologia Marinha Augusto Ruschi, no
distrito de Santa Cruz, município de Aracruz, no Espírito Santo, os rejeitos só começarão a ser
eliminados do mar em cem anos, no mínimo.

Várias ações relacionadas à recuperação de solo e águas, promoção de qualidade de


vida de animais e da população atingida, replantio da flora nativa, garantias de ressarcimento
e indenizações aos impactados, retomada das atividades agrícolas, pecuárias e pesqueiras,
preocupação com a qualidade de vida das comunidades indígenas, assim como apoio
psicopedagógicos a toda comunidade atingida estão sendo executadas pela Fundação Renova
e são relatadas nos Relatórios Anuais disponíveis no site da Fundação.

Conclusão
O desastre ocasionado pelo rompimento da barragem de Fundão em Mariana foi
caracterizado de altíssima magnitude e considerado o maior desastre ambiental relacionado à
mineração no Brasil. O rompimento da barragem causou um impacto de grandes proporções
ao meio ambiente e na vida das comunidades que vivem no entorno da Bacia do Rio Doce.

A Fundação Renova foi criada no intuito de reparar e compensar os danos causados


pelo desastre. A entidade reúne técnicos e especialistas de diversas áreas do conhecimento
que trabalham no processo de recuperação das cidades impactadas.
Durante esses cinco anos pós-desastre, a Fundação tem executado obras e programas
nas áreas ambientais, de infraestrutura, culturais e econômicas, de reassentamento e
conhecimento em toda extensão de área atingida. Essas obras têm colaborado para uma
melhor qualidade de vida da população atingida, assim como também para o retorno das
atividades econômicas anteriormente executadas.

Vários hectares de solo já foram recuperados e muitos leitos de rios já se encontram


normalizados. Porem, ainda se tem muito trabalho a fazer. Muitas famílias perderam suas
principais fontes de renda e ainda dependem de auxílios financeiros do governo federal.
Muitas pessoas cadastradas ainda não tiveram acesso aos programas financeiros e não
retomaram suas vidas normalmente. Além das vidas ceifadas que jamais retornarão ao
convívio de seus entes.

É notório que, apesar do empenho para a normalização dos efeitos do desastre, torna-
se praticamente impossível retomar tudo “como era antes”. Os prejuízos causados, em sua
grande parte, são perenes. Seria como o homem tentar refazer a obra divina, mas o homem
não tem o poder da criação.

Referências bibliográficas
ESPINDOLA, H.S; NODARI, E.S; SANTOS, M.A. Rio Doce: riscos e incertezas a partir
do desastre de Mariana (MG). Revista Brasileira de História. vol.39 no.81 São
Paulo maio/ago. 2019 Epub 29-Jul-2019. Disponível em:
<https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-
01882019000200141&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acessado em: 28 de novembro de 2020.

FREITAS, C. M; SILVA, M. A; MENEZES, F. C. O desastre na barragem de mineração


da Samarco - fratura exposta dos limites do Brasil na redução de risco de desastres.
Revista Ciência e Cultura. vol.68 no.3 São Paulo Julho/setembro. 2016. Disponível em:
<http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-
67252016000300010>. Acessado em: 28 de novembro de 2020.

FUNDAÇÃO RENOVA. Ralatório Anual de Atividades – 2016. Belo Horizonte, MG.


Disponível em <https://www.fundacaorenova.org/wp-
content/uploads/2017/05/fundacao_renova_relato-
de_atividades_demonstracoes_financeiras.pdf>. Acessado em: 20 de novembro de 2020

FUNDAÇÃO RENOVA. Ralatório Anual de Atividades – 2017. Belo Horizonte, MG.


Disponível em: <https://www.fundacaorenova.org/wp-content/uploads/2018/01/relatorio-
mensal-de-atividades_dezembro_v02.pdf>. Acessado em: 20 de novembro de 2020

FUNDAÇÃO RENOVA. Ralatório Anual de Atividades – 2018. Belo Horizonte, MG.


Disponível em: <https://www.fundacaorenova.org/wp-content/uploads/2019/01/renovaanual-
1.pdf>. Acessado em: 20 de novembro de 2020.
FUNDAÇÃO RENOVA. Ralatório Anual de Atividades – 2019. Belo Horizonte, MG.
Disponível em: <https://www.fundacaorenova.org/wp-content/uploads/2019/01/renovaanual-
1.pdf>. Acessado em: 20 de novembro de 2020.

FUNDAÇÃO RENOVA. Ralatório Anual de Atividades – abril de 2020. Belo Horizonte,


MG. Disponível em: <https://www.fundacaorenova.org/wp-
content/uploads/2020/01/pmorld01200cifanual_200117.pdf>. Acessado em: 20 de novembro
de 2020.

FUNDAÇÃO RENOVA. Dados Financeiros. 2020. Disponível em:


<https://www.fundacaorenova.org/a-fundacao/>. Acessado em: 25 de novembro de 2020.

LOPES, L. M. N. O rompimento da barragem de Mariana e seus impactos


socioambientais. Revista Sinapse Multipla. Junho de 2016. Disponível em:
<http://periodicos.pucminas.br/index.php/sinapsemultipla>. Acessado em: 11 de novembro de
2020

MAZZOLA, B.G; JÚNIOR, M. M. O. Da gestão dos stakeholders à licença social para


operar: o caso do desastre de Mariana. 2018.Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018.
Disponível em: < http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/12/12139/tde-13072018-152431/
>. Acessado em: 11 de novembro de 2020

MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL. Caso Samarco. 2020. Disponível em:


<http://www.mpf.mp.br/grandes-casos/caso-samarco/o-desastre>. Acessado em: 25 de
novembro de 2020.

MIRANDA, B; NOGUEIRA, T. Ações emergenciais recuperam cursos d'água após


tragédia de Mariana. Jornal O Tempo, Belo Horizonte, Minas Gerais, 20 ago. 2019.
Disponível em:<https://www.otempo.com.br/capitulos-do-rio-doce/acoes-emergenciais-
recuperam-cursos-d-agua-apos-tragedia-de-mariana-1.2219631>. Acessado em: 29 de
novembro de 2020.

SCHAEFER, C.E. Mariana: estudos mostram caminhos para recuperar solo com
rejeitos. Agência do Brasil. Por Léo Rodrigues. 25 de fevereiro de 2020. Rio de Janeiro.
Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2020-02/mariana-estudos-
mostram-caminhos-para-recuperar-solo-com-rejeitos>.Acessado em: 29 de novembro de 200

Você também pode gostar