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Divisão dos circuitos

Para fins de estudo desta unidade, consideraremos o circuito elétrico como sendo
o conjunto de condutores e cabos, ligados ao mesmo equipamento de proteção. Assim,
cada conjunto de condutores, eletrodutos, tomadas, luminárias e disjuntores constitui um
circuito elétrico.
Em uma instalação predial, existem dois tipos básicos de circuito:
• Circuito de Distribuição – liga o quadro do medidor, na origem da instalação, ou
da entrada de energia ao quadro de distribuição.
• Circuito Terminal – é aquele que parte do quadro de distribuição e alimenta
diretamente lâmpadas, tomadas de uso geral e tomadas de uso específico.

Observação
A instalação elétrica seja ela residencial, comercial ou industrial, deve ser subdividida em
circuitos terminais, pois isso facilita a manutenção e reduz a interferência entre eles.

A norma NBR 5410 estabelece alguns critérios para a divisão da instalação


elétrica em circuitos terminais. Segundo esses critérios, deve-se:
• Prever circuitos de iluminação separados dos circuitos de TUGs, procurando
limitar a corrente total do circuito a 10A.
• Prever circuitos independentes, exclusivos para cada equipamento que possua
corrente nominal superior a 10A.
• Limitar a potência total para 1270VA em instalações 127V e 2200VA em 220V.
Em linhas gerais, pode-se dizer que deverá haver, no mínimo, três circuitos
terminais em uma instalação predial:
• Um para iluminação;
• Um para tomadas de uso geral
• Um para tomada de uso específico (chuveiro).

Uma boa recomendação é separar um pouco mais os circuitos terminais utilizando


os seguintes critérios:
→ Para os circuitos de iluminação, pode-se separá-los em área social e área de
serviço:
• Social: sala, dormitórios, banheiro, corredor e hall.
• Serviço: copa, cozinha, área de serviço e área externa.
→ Para os circuitos de tomada de uso geral, tem-se:
• Social: sala, dormitórios, banheiro, corredor e hall.
• Serviço 1: Copa.
• Serviço 2: Cozinha.
• Serviço 3: Área de serviço.
→ Para os circuitos de tomada de uso específico, deve-se ter:
• Uma tomada para o chuveiro elétrico.
• Uma tomada para cada equipamento que possua corrente maior que 10A.

Para resumir, pode-se dizer que haverá um circuito independente para cada carga
que possua corrente nominal superior a 10A, havendo, portanto, apenas uma tomada e
um dispositivo de proteção para o referido circuito.
Nas instalações alimentadas com duas ou três fases, as cargas devem ser
distribuídas entre as fases de modo que se obtenha o melhor equilíbrio possível.
Para melhor compreender como fazer essa distribuição de circuitos, estude
cuidadosamente os exemplos a seguir.
Exemplo 1
Consideremos uma casa com dois dormitórios, uma sala, uma copa, uma cozinha,
uma área de serviço e um banheiro, cujo proprietário é muito preocupado com segurança
e uso responsável de energia. Por isso, solicitou que o projeto da instalação elétrica seja
realizado dentro dos parâmetros da norma, sem economias “porcas”. Quais cargas de
tomada específica são possíveis prever nesta residência e quantos serão os circuitos
correspondentes?
Antes do início do projeto, o dono da residência informou ao projetista a previsão
dos seguintes equipamentos que o profissional anotou em sua planilha:
1 - Nos dormitórios haverá um aparelho de ar condicionado em cada um (220V,
5A) e um computador (127V, 4A) em um deles.
2 - Na sala e na copa não haverá nenhuma tomada de uso específico.
3 - Na cozinha haverá uma geladeira (127V, 4A), um forno de micro-ondas (127V,
7A) e uma torneira elétrica (220V, 20A).
4 - Na área de serviço serão instaladas uma lavadora (127V, 6A) e uma secadora
(127V, 12A).
5 - No banheiro haverá um aquecedor para a torneira da pia (220V, 20A) e um
chuveiro (220V, 32A).
Seguindo as exigências da NBR 5410, o projetista concluiu que haverá um circuito
para cada equipamento que possua corrente acima de 10A, ou seja:
Circuito 1 - Uma torneira elétrica da cozinha (20A);
Circuito 2 - Um chuveiro elétrico no banheiro (32A);
Circuito 3 - Um aquecedor para a torneira da pia do banheiro (20A);
Circuito 6 - uma secadora (12A);
Os circuitos restantes foram assim agrupados:
Circuito 4 – dois aparelhos de ar condicionado para os dormitórios (2 x 5A);
Circuito 5 – uma geladeira (4A) e um forno de micro-ondas (7A) na cozinha.
Circuito 7 - uma lavadora (6A), na lavanderia.
Circuito 8 – Computador (4A) e demais TUGs dos dormitórios;
Circuito 9 – TUGs da sala e copa.

Observe que cada cliente terá gostos e necessidades específicas. Assim, o exemplo
dado acima é apenas uma sugestão. Em uma residência com a mesma quantidade de
cômodos, é possível eliminar alguns circuitos e cargas conforme seja conveniente ou,
ainda, acrescentar mais alguns circuitos, de acordo com as necessidades do cliente.

Cálculo da corrente elétrica dos circuitos

Considerando que cada circuito alimentará uma determinada carga,


correspondente à soma dos equipamentos ligados ao circuito, dizemos que cada circuito
terá sua potência total a ser suprida.
Não se deve esquecer que a potência elétrica tem uma relação direta com a tensão
e a corrente utilizadas, sendo obtida pela fórmula:
P=VxI
Nessa expressão:
P = Potência elétrica
V = Tensão elétrica
I = Corrente elétrica
Isto significa que basta multiplicarmos o valor da tensão pelo valor da corrente
para que se obtenha o valor da potência.
Todavia, é preciso lembrar que, normalmente, nos equipamentos são indicados
apenas os valores de tensão e potência, isso significa que para se obter o valor da corrente
deve-se utilizar a uma outra expressão:
I=P/V
Por exemplo, se o cliente tiver um forno de micro-ondas que consome 900W, com
tensão de 127V, a sua corrente elétrica será:
I=P/V
I = 900 / 127
I = 7A
A partir do valor da corrente de cada circuito é que se define a bitola do condutor
e o dispositivo de proteção – nesse caso, um disjuntor – mais adequado para a proteção
desse condutor.
Para calcular a corrente elétrica dos circuitos procede-se da seguinte maneira:
1. Determina-se a potência total do circuito.
2. Determina-se a tensão de utilização no circuito, aplicando-se a fórmula I = P/V.

Exemplo 1
Imaginemos, em uma residência, um circuito de iluminação que atenda:
1 – a dois dormitórios: 2 x 160VA
2 – a sala: 100VA
3 – ao banheiro: 100VA
4 – ao hall: 100VA
O valor total da potência deste circuito será:
P = (2 x 160) + (3 x 100)
P = 320 + 300
P = 620VA.
Como normalmente os circuitos de iluminação residenciais são alimentados em
127V, a corrente do circuito será:
I=P/V
I = 620 / 127
I = 4,9A

Exemplo 2
Um banheiro deverá ter um TUE para um chuveiro dos mais modernos e
completos que possui um regulador de temperatura que atinge a potência máxima de
7500W. Para determinar sua corrente, é preciso lembrar que todo circuito alimentador
para chuveiros tem a tensão de 220V. Assim:
I=P/V
I = 7500 / 220
I = 34,0A
Apenas após calcular a corrente de cada circuito é que é possível especificar os
condutores e o disjuntor adequados.

Observação
Dimensionar a fiação de um circuito é definir a bitola dos cabos alimentadores do circuito
de forma que seja garantido que a corrente que circular por ele, durante um tempo
ilimitado, não provocará superaquecimento.

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