Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
As belas fachadas pintadas, que se tornaram moda há poucos anos, ficaram para trás.
Hoje, caminhar pelas calçadas da cidade pode ser um perigo: obras irregulares,
marquises infiltradas, má conservação dos revestimentos etc., oferecem todo tipo de
risco para carros e transeuntes. Só este ano, três acidentes
Tarde de 19 de abril, Rua Pedro Lessa, Centro do Rio: o digitador Márcio Alves
Martins, 26 anos, conversa com um amigo em frente ao prédio da Previdência Social,
por volta das 15 horas, período em que centenas de pessoas trafegam no local. Do
sétimo andar do edifício cai um arquivo metálico com cerca de 10 quilos, raspa a cabeça
do digitador e o atinge em cheio no braço. Quem assistiu à cena garante: Márcio nasceu
outra vez. Atendido no Hospital Souza Aguiar, levou pontos no braço e foi para casa
com um galo na cabeça.
Os três acidentes – ocorridos em três dias consecutivos – não são mais novidade (ver
box). A não ser pelo destaque que ganharam na mídia, em virtude de terem acontecido
em locais centrais, de grande movimento, e com intervalo de 24 horas. Fora isso, já
fazem parte da cena urbana carioca.
Sirkis reconhece que, mesmo que a Prefeitura pudesse aplicar multas draconianas, teria
de contar com a população para evitar acidentes: a Secretaria de Urbanismo tem apenas
seis fiscais para cobrir a área do Centro (70 mil imóveis), além de outros tantos em São
Cristóvão, Santa Teresa, Rio Comprido e Paquetá.
Responsabilidade civil
Aurélio Rodrigues, consultor de seguros, lembra que, “se objetos ou pedaços da fachada
atingem pessoas e carros, a responsabilidade civil é do condomínio”. Não só do ponto
de vista material, como também do ponto de vista moral.
Mas o problema não pára aí: além do prejuízo para o condomínio, sobra para o síndico.
Quem for negligente ficará vulnerável: “As atribuições conferidas ao síndico pelo artigo
22, parágrafo 18, alínea a, da Lei 4.591, determinam sua competência para representar
ativa e passivamente o condomínio em juízo ou fora dele, e praticar os atos de defesa
dos interesses comuns. Se ele deixar de cumprir isso, estará omisso e sujeito a sanções
penais que são previstas no artigo 159 do Código Civil”, assegura Rodrigues.
• em 2001, uma marreta de três quilos caiu de um prédio na Av. Rio Branco e matou o projetista Jorge
Claudino Vieira, 50 anos, que passava na calçada;
• em 94, na mesma avenida, um pedaço de reboco do 16º andar do prédio da Junta Comercial caiu e
matou a costureira Maria Rey Martinez Vasques, 70 anos;
• em 93, a estudante Rosimar de Sousa, 17 anos, morreu na esquina das Ruas Pompeu e Camarino,
atingida também por um pedaço de reboco;
• em 92, mais uma vez a queda de uma placa do reboco do Edifício Iacumã, no Leme, provocou a morte
do aposentado Joaquim Rodrigues Silva, 77 anos.