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Variador de tensão contínua

Regula a luminosidade de lâmpadas ou a velocidade de pequenos


motores de corrente contínua e actua também como intermitente de
potência.
O dispositivo que se descreve neste artigo, e que funciona em
corrente contínua, pode utilizar-se em diversos usos, tais como para
variar a luminosidade, a velocidade de pequenos motores, a
temperatura de um ferro de soldar ou de um termo resistência e, em
geral, a alimentação de qualquer carga em corrente contínua.
Particularmente interessantes são as aplicações no campo automóvel,
tais como, o temporizador para manter acesas, durante a noite, as
luzes de cortesia sem incomodar o condutor, o regulador de corrente
do vidro traseiro, o comando progressivo da alimentação, etc.
Para os aficcionados do modelismo, um regulador electrónico de
potência pode servir para obter efeitos de realismo nos comboios
miniatura, ou para resolver particulares exigências de iluminação.
Este dispositivo foi expressamente estudado para funcionar com
cargas de natureza puramente resistiva, sendo capaz de variar de
zero até ao valor máximo a tensão na saída.
É óbvio, portanto, que não se poderá pretender intervir em igual
medida sobre a alimentação dum pequeno motor porque, como se
sabe, este necessita sempre dum valor mínimo de tensão de arranque
para que comece a girar com um determinado binário.
De qualquer forma, o eventual destino do circuito para o controle de
velocidade dum motor é perfeitamente possível, sempre que se tenha
a precaução de restringir o campo de regulação da tensão de saída.
Este dispositivo pode trabalhar também como controlador de potência,
oferecendo uma elevada eficiência luminosa com um limitado
consumo de corrente.
 
Funcionamento do variador
Para controlar a potência entregue a uma carga, em corrente
contínua, a técnica PWM (Pulse With Modulation = Modulação de
Largura de Impulso) é a que proporciona o melhor rendimento
eléctrico.
O princípio de funcionamento baseia-se na interrupção periódica
(chopping) da tensão de alimentação da carga pelo que esta recebe
uma série de impulsos de duração variável (ou modulável), de
amplitude e frequência constantes, ou a tensão total a determinados
intervalos de tempo, e durante a duração pré-estabelecida.
Na prática, cria-se uma relação variável fornecimento/pausa (On/Off)
da alimentação (tempo de pausa mínimo = máxima potência, e vice-
versa) que significa aplicar aos terminais da carga, em vez duma
tensão contínua, um sinal rectangular cujo valor médio constitui a
tensão disponível na saída: Vm(out)=Vcc x (Ton / T) em que Ton é a
duração do impulso, e T é o seu período (ciclo de trabalho do sinal).
 
Descrição do circuito
 

Figura 1 - Circuito eléctrico.

 
Como se pode ver no esquema eléctrico da figura 1, o coração do
circuito é um integrado NE555, o habitual temporizador, em versão
CMOS, que no nosso caso controla os impulsos modulados em
duração, enquanto que o MOSFET TR1 forma a etapa de saída do
regulador de potência. A sua função específica consiste em comutar a
tensão sobre a carga, a alta velocidade.
O temporizador que estabelece a duração dos impulsos é realizado
com o IC7555 na configuração de multivibrador astável com ciclo de
trabalho variável, actuando do seguinte modo.
Assim que se aplica a tensão de funcionamento aos terminais de
entrada da carga, (compreendida entre 9 e 24V), no terminal 3 (saída)
tem-se um nível lógico alto, uma vez que o condensador C1 está
descarregado.
Como consequência, no terminal 2 do circuito integrado temos uma
diferença de potencial igual a 1/3 da tensão de alimentação, reduzida
e estabilizada a 5V pelo regulador de tensão IC2.
Por intermédio das resistências R1 e R2, e do díodo D1, o
condensador C1 começa imediatamente a carregar-se, prosseguindo
até o valor da tensão nos seus terminais alcançar 2/3 da tensão de
alimentação.
Nesse instante, o nível de saída torna-se baixo, tal como o existente
no terminal 7, por efeito da condução do MOSFET interno do circuito
integrado.
Precisamente através deste transístor e de D2, R3/R2, o condensador
nos seus terminais desce para 1/3 da tensão de alimentação e o nível
lógico no terminal 3 torna-se alto. Ao mesmo tempo bloqueia-se o
MOSFET interno de IC1.
Produz-se assim uma fase da carga de C1 e todo o ciclo se repete até
ao infinito. Girando o cursor do trimmer R2, modifica-se o ciclo de
trabalho (relação entre a duração do nível alto e o período) do sinal
rectangular gerado pelo integrado 555, isto é, na prática, a largura dos
impulsos.
Escolhendo para R1 e R3 um valor de 1000 ohms e para R2 um valor
100 vezes maior, pode regular-se o ciclo de trabalho entre 99% e 1%.
Os díodos D1 e D2 apresentam à corrente do condensador C1 dois
possíveis percursos para obter tempos de carga e de descarga
diferentes.
Deste modo, controlam-se os tempos ON e OFF do ciclo.
Mais precisamente, D1 controla a relação Ton < Toff, enquanto que
D2 o faz com Ton > Toff.
 
Frequência de oscilação
Para conhecer, com boa aproximação, a frequência de oscilação do
multivibrador astável, pode recorrer-se à seguinte fórmula:
f=1,44/((R1+R2).C1)
Onde as resistências estão expressas em ohms e C1 em farads.
Na função de regulação de fluxo luminoso (dimmer), a frequência
teórica é de aproximadamente 30KHz, e na de regulação de
velocidade (blinker) é de cerca de 1,4Hz.
O sinal disponível no terminal 3 do integrado IC1 controla, através da
resistência R4, a porta do MOSFET de potência TR1.
Quando a saída é alta, aplica-se a totalidade da tensão de
alimentação ao terminal do dreno.
A escolha dum MOSFET de potência como interruptor electrónico, é
determinada pelas características favoráveis dele, tais como a
baixíssima corrente requerida para o levar à condução (Igs), a alta
corrente e a tensão (Ids-Vds) que se obtém entre os terminais do
dreno e da fonte; a pequeníssima resistência de condução (Rds on),
que se traduz numa dissipação de energia e consequente queda de
tensão praticamente nula, o isolamento eléctrico da porta dos
eléctrodos de dreno-fonte e o coeficiente de temperatura positivo, para
o qual a resistência do MOSFET aumenta com a temperatura da
junção, limitando automaticamente o fluxo da corrente de dreno, etc.
Em particular, para este projecto utilizou-se um MOSFET de canal N,
de fácil localização no comércio especializado, o modelo IRF540,
cujas características principais são: Ids=27A (Tc=25°C)-17 A:
(Tc=100ºC), VDS=100V, Rds on=0,085 ohms, Pd=125W, Vqs=4V,
Igs=250µA.
 
Figura 2 - MOSFET de canal P e de canal N.

 
A finalizar a montagem, é muito conveniente estanhar as pistas da
alimentação e as que vão do MOSFET para a saída. O motivo desta
precaução é que assim se aumenta a sua secção e não existe o
perigo de aquecerem excessivamente.
Os diodos D3 e D4 servem para proteger o circuito contra as
acidentais inversões de polaridade da alimentação e, no caso do uso
em aparelhos com motores, para prevenir os perigosos efeitos das
sobretensões momentâneas provocadas pela instalação da ignição de
alta tensão.
 
Realização prática
Figura 3 - Traçado do circuito impresso.

 
Uma vez realizado o circuito impresso cujo traçado consta da figura 3,
começa-se por montar todas as resistências e condensadores,
devendo ter o cuidado de respeitar a polaridade dos electrolíticos.
A seguir monta-se o suporte para o integrado, os três díodos, o
trimmer com eixo (que se pode substituir por um potenciómetro normal
linear de 100kΩ), as duas caixas de junção, o comutador, o MOSFET
de potência (depois de o ter fixado a um dissipador de valor
adequado) e, finalmente, o circuito integrado estabilizador, IC2.
 
Figura 4 - Disposição dos componentes na placa de circuito impresso.

 
Comprovação do dispositivo
Uma vez ultimada a montagem, poderá proceder-se à sua
comprovação. Nos terminais de saída deve ligar-se uma lâmpada de
automóvel (12V - 5/21W), enquanto que nos de entrada se aplicará
uma tensão contínua de 12 volts.
Deve respeitar-se a sua polaridade, uma vez que, não o fazendo, se
correrá o risco de destruir o díodo D4 com o consequente
funcionamento incorrecto do circuito.
Com o comutador situado na posição Dimmer (D no esquema), deverá
rodar-se o cursor do trimmer R2, de 100kΩ, no sentido contrário ao
dos ponteiros do relógio, com o que a lâmpada deve acender-se
gradualmente, até chegar à sua máxima luminosidade.
Se se pretender pode ligar-se, em paralelo com a lâmpada, um
voltímetro de corrente contínua, e observar a excursão linear da
tensão de 0 a 12V.
Levando o comutador S1 á posição Blinker (B no esquema), o circuito
deve transformar-se num intermitente.
 
Lista de material
Resistências 1/4W ±5%

 R1, R3, R4 = 1KΩ


 R2 = ajustável de 100KΩ

Condensadores

 C1 = 470pF poliester
 C2 = 10μF 25V
 C3 = 10nF poliester
 C4 = 100nF poliester
 C5 = 220μF 25V

Semicondutores

 D1, D2 = 1N4001 (1N4002)


 D3 = Zener 9,1V 1/2W
 D4 = 1N4002
 TR1 = IRF540 (IRF542)
 IC1 = 7555 (CMOS)
 IC2 = LM7805

Diversos

 S1 = Comutador deslizante

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