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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS


DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA

RODOLFO SANTANA GAESCHLIN

RESUMO: CAPÍTULO I DO LIVRO A GRÉCIA ARCAICA DE


HOMERO A ÉSQUILO

RIO DE JANEIRO
2015
Claude Mossé inicia o capítulo I questionando sobre qual uso os historiadores podem tirar das
obras homéricas. Ele segue na ideia expondo que essa interrogação acerca da historicidade
em Homero foi e permanece como um objeto de discussão, havendo quem aceite e repudie a
tese. Mossé, por sua vez, considera que o fato de que nas histórias homéricas os personagens
parecem estar representados dentro do mundo real, o que torna permissível questionar-se a
cerca da parcela do real na literatura homérica, contudo deixa claro que para o fazer é
necessário usar certos critério específicos.
Mossé traz o trecho da Odisséia onde o rei dos Faeces prepara um grande festim para seu
hospede Ulisses, a narrativa se segue com a chegada do aedo cego e inspirado pela Musa,
antecedido por um arauto e acolhido de forma honrosa, senta-se no lugar reservado e após
comer da mesa que havia sido posta para ele, se põe então a cantar. A partir desse trecho
levanta-se a possibilidade do aedo descrito ser o próprio Homero.
Acerca de Homero, explica o autor, sabe-se que chegaram até os dias atuais obras literárias,
dentre as quais dois poemas de grande relevância, atribuídos a ele. Já desde a antiguidade
questionava-se acerca da autoria homérica, no entanto a contestação da existência de um
poeta chamado Homero ou mesmo a duvida sobre ser ele mesmo o autor das duas epopeias é
um fato recente motivadas por contradições de naturezas filológicas e históricas. Esse
problema foi reformulado a partir dos trabalhos do antropólogo estadunidense Milmann
Parry, que descobriu que as repetições que pautam do poema foi elaborado para favorecer a
memorização ajudando na transmissão oral, daí a semelhança com os bardos jugoslavos.
Tal descoberta permitiu entender não só a importância do estilo, mas também explicar alguns
anacronismos. No entanto, o autor apresenta que tal semelhança apresenta também algumas
objeções como, o publico alvo de ambos, os bardos por viverem numa realidade de
letramento se dirigiam aos camponeses iletrados, ao passo que, os aedos vivendo numa
realidade onde escrita desaparecera dirigiam-se aos nobres. Levanta-se ainda uma segunda
objeção com a anterior também relacionada a escrita. Na época de Homero a escrita havia
ressurgido no mundo grego, se apresentado num alfabeto adaptado, feito de uma junção de
vogais, a descoberta de uma taça, na qual estavam escritas três versos do velho reia Ilíada e
Odisséia, o que de certa forma assegura que a escrita ressurgira para transcrever as epopeias
cantadas pelos aedos. Uma terceira objeção se faz acerca é poca em que foi escrita a Ilíada e a
Odisséia. Pela alta qualidade da obra e seu caráter altamente elaborado, seria impossível
negar que ambas as obras tenham sidas redigidas no final do século VIII a.C., ainda que
tradicionalmente atribua-se sua aparição em Atenas no tempo de Pisítratos.
Os trabalhos de Milmann Parry juntamente com seu filho Adam Parry ao porem acento
tónico nos vastos séculos de tradição oral, permitiu que historiadores como M. I. Finley
retomar o problema da sociedade homérica.
O autor começa por apresentar que Schilemann empreendera as mais diversas escavações nos
cenários homéricos, primeiro em Ítaca, posteriormente em Tróia e finalmente em Micenas.
As descobertas sucessiva de palácios ricamente adornados com túmulos com grande profusão
de metais preciosos, levou aqueles que desempenhavam os esforços na empreitada a
acreditarem terem achado o mundo de Agamémnom e Ulisses. Eruditos exerceram trabalhos
laboriosos para fazer corresponder as descobertas arqueológicas com os escritos homéricos,
utensílios correspondentes foram encontrados aqui e acolá, no entanto é impossível, segundo
o autor, não ficar bestificado com a coincidência com as cidades mencionadas no poema e as
descobertas. Micenas a cidades onde Agamémnom reinava, Tiriton a cidade de Diomedes,
Pilos onde Nestos teria reinado, e desta maneira Atenas, Tebas, Orcómeno, faltando apenas
Ítaca, onde apesar das escavações empreendidos por Schiliemann foi impossível encontrar o
palácio e de Ulisses, assim como em Esparta, a cidade de Menelau. Há, segundo Mossé, um
enigma segundo a localização divergente da Esparta atua para a Esparta arcaica que era
situada próxima a Amicleia, cidade que no futuro se integrar a Esparta
No início do século XX datou-se de forma mais clara estes palácios, esclarecendo que as
principais estações micênicas tenham começado a se desenvolver no século XVI a.C. além do
quê escavações na ilha de Creta levou alguns a pensar numa possível conquista cretense ao
continente. Com efeito, a tradição grega conserva a hegemonia marítima dos cretense sob o
comando do rei Minos. Contudo, surgiram indicações de que esses palácio de Creta
pertenceram ao uma época de Declínio, sequênciado por por desastres e incêndios por volta
do ano de 1400. A ideia de um hipotética ocupação cretense cederá lugar a ideia de que o
declínio dos palácios é resultado de uma ocupação micênica, essa ideia é amparada pela
decifração do Linear B.
Muitas tabuinhas de argilas foram preservadas pelo seu cozimento dado aos incêndios nos
palácios. Tabuinhas como essas foram achadas em Micenas e Pilos como em Cnossos, que
divergiam no modo de escrita por alguns pormenores a tabuinhas mais antigas. Os
arqueólogos batizaram essas tabuinha de Linear A e Linear B. Se serviam do Linear B tanto
em Micenas, Pilos e Cnossos, para transcrever uma língua que era o grego, o que faz
desmoronar a tese da dominação cretense. Os micênicos, segundo Mossé, teriam ido buscar
com os cretenses a escrita, e por outro lado haviam lhes imposto a sua língua. Alguns
recusando admitir a ruína dos palácios cretenses por uma invasão micênica, invocam a
possibilidade de um abalo sísmico por volta do ano 1450, no qual os palácios haviam
sucumbido possibilitando uma ocupação creto-acaica. Outros ainda supõem que os aqueus
que cultuavam deuses masculinos tinha mais predisposição a guerra em contraposição aos
egeus que cultuavam divindades femininas eram mais benévolos. O fato é que após a
decifração do Linear B, se teria finalmente uma definição mais precisa da formação dos
Estados Micênicos.
Os trabalhos desenvolvidos por arqueólogos, tinham permitido constatar a importância do
palácio no seio dos Estados, Com suas diversas salas todas elas em torno do mégarron, não
era uma simples residência mais uma estrutura sem precedentes. Desempenhando poder
político e religioso, o palácio era também o eixo orbital da vida econômica e o local onde se
concentravam todas as riquezas. As tabuinhas confirmam essa afirmação. A cabeça da vida
palaciana era o anax, um soberano que congrega em suas mãos a autoridade política e
religiosa. ao lado do anax estão os lawagetas que parece deter grande importância,
provavelmente seriam chefes militares. Outros personagens são os telestes e os basileus.
Provavelmente estes nomes fazem parte de uma aristocracia militar que viviam em torno do
rei. Há também a existência de sacerdotes e sacerdotisas, artesãos, escravos. Com exceção de
Apolo, cultuavam os mesmos deuses que posteriormente comporiam o Olimpo.
As tabuinhas oferecem uma ideia acerca do regime de terras, onde anax e lawgetas possuem
temenos, uma espécie de propriedade privada, outros funcionários do rei são agraciados com
domínios retirados da terra comum. Alguns afirmam ser isso uma espécie de feudalismo,
outros vêem uma sociedade tipicamente oriental. A decifração das tabuinhas não permitem,
segundo o autor, ir além de observações genéricas, elas não fornecem informações de como
um Estado poderia se relacionar com o outros. Por outro lado as tabuinhas confirmaram a
importância do artesanato micênico.
Segundo Mossé, a ideia de um imperialismo micênico parece ser improvável, há ainda
dúvidas acerca das relações de trocas entre o mundo micênico e o Mediterrâneo Ocidental,
certas passagens míticas sugerem grandes viagens, no entanto isso não assegura que
existissem grandes postos além mar. É, por tanto, impossível negar a existência de uma
civilização micênica que se desenvolveu a partir do século XVI, e teve seu nascimento no
século XII.
Mossé, se volta novamente a interrogar-se acerca da relação entre Homero e o mundo
micênico. Várias coincidências foram encontradas desde utensílios de guerra aos mesmo
deuses, por outro lado, não há na obra homérica a descrição da burocracia palacianam, mas se
o mundo de Homero não for o mundo micênico, indaga-se o autor, como preencher o vazio
que fica entre o fim dos palácios e a época dos poemas.
Arqueólogos explicam que o fim dos palácios se deu por volta dos século XIII-XII, devido a
possíveis invasões dóricas. Nos século V e IV Esparta era vista pelos grego com uma
cidade-Estado dórica pelas suas práticas, daí muitos estudiosos presumem que foram os
dóricos responsáveis pela aniquilação da civilização micênica. No entanto os trabalhos
arqueológicos não acharam evidência de uma civilização dórica, pondo em questão a invasão
dórica. Isso obriga a voltar a questão ao início, tendo sido a invasão fruto das deslocações de
povos micênicos no mundo mediterrâneo.
Isso implica a repensar a a guerra de Tróia, a guerra de Tróia aconteceria no âmbito das
expedições micênicas, a ainda a Tróia contemporânea aos palácios teria fortificação
suficiente para ter resistido por anos aos gregos. O que talvez, segundo Mossé, nos leva a
concluir que talvez a guerra de Tróia nunca existiu, talvez existiu na forma de uma expedição
de pouca importância, ou poderia terem os micênios destruído Tróia durante a fuga da Grécia,
e de um pequeo assalto fizeram um grandioso conto.
Há um período denominado séculos obscuros, pois, durante quatro século ocorreu o
desaparecimento da escrita, e um declínio cultural. No entanto, é por volta do século XI que
findam os movimentos migratórios, e é nessa é poca que se dá a chega dos Dórios ao
Peloponeso. O fato de os gregos se fixado na costa da Ásia Menor, explica melhor as relações
com o mundo oriental, explicando a descoberta da metalurgia.
A cidade-Estado grega se diferencia das cidade-santuário e das cidade-palácio, pois estas
tinha o centro do poder no templo e no palácio, a cidade-Estado, por sua vez tem como centro
a praça, o local da assembleia. O desenvolvimento da cultura agrícola e o armazeamento de
grãos favoreceu uma explosão demográfica, promovendo o desenvolvimento técnológico.
Diversos cultos e santuários locais erguidos para as divindades locais foram, aparecendo, no
entanto preservando forte resquício da época palaciana. Os cultos se desenvolveram em torno
dos túmulos dos heróis, isso favoreceu que na polis grega, a ágora fosse o centro político e
religioso.
Deste modo, os poemas homéricos foram escritos nessa época de renascimento de um
passado distante, onde heróis teriam vivido e com eles a nascente aristocracia guerreira queria
se assemelhar, assim atribuíam a eles proezas sobre humanas. O aproveitamento do alfabeto
fenício permitiu que o autor de Ilíada que é provavelmente o mesmo que Homero
transcrevesse as narrativa heróicas que se tornarão símbolo da Grécia antiga.

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