Você está na página 1de 20

www.igabrasil.org.

br
2
MÓDULO 1
Tema 2

Psicologia
Revolucionária
www.igabrasil.org.br

3
4
PSICOLOGIA REVOLUCIONÁRIA

Introdução

A Psicologia Revolucionária que o Movimento Gnóstico


ensina é radicalmente diferente de tudo quanto antes se conheceu
com o nome de Psicologia. Ao longo dos séculos que nos
precederam, jamais a psicologia havia caído a um nível tão baixo
como atualmente se encontra.

A Psicologia destes tempos modernos perdeu


lamentavelmente seu sentido de ser e todo contato direto com sua
verdadeira origem e significado, de tal forma que não somente se
faz impossível definir o que é a Psicologia, como também se
desconhece verdadeiramente as matérias fundamentais que se
estuda. E isto apesar de que nunca na história houve tantas
teorias psicológicas nem tantos escritos psicológicos.

Os que supõem equivocadamente que a Psicologia é uma


ciência contemporânea estão realmente enganados, pois a
psicologia é uma ciência antiquíssima, lamentavelmente
esquecida, que tem sua origem nas velhas Escolas dos Mistérios
Arcaicos.

5
Como definir a Psicologia?

É difícil defini-la pois, à exceção desta época contemporânea, a Psicologia


jamais existiu sob seu próprio nome. Por tais ou quais motivos, sempre foi
suspeita de tendências subversivas de caráter político ou religioso, e por isso se
viu na necessidade de se disfarçar com múltiplas roupagens. Desde os tempos
antigos, nos distintos cenários do teatro da vida, a psicologia representou
sempre seu papel, disfarçada inteligentemente com a roupagem da Filosofia.

Nas margens do Ganges, na Índia sagrada dos Vedas, existem formas de


Yoga que no fundo vêm a ser pura Psicologia experimental, de grande
importância. As sete Yogas foram sempre descritas como métodos,
procedimentos ou sistemas filosóficos.

No mundo Árabe, os sagrados ensinamentos dos Sufis, em parte


metafísicos, em parte religiosos, são realmente de tipo psicológico.

Na velha Europa, podre até o tutano dos ossos, com tantas guerras,
preconceitos raciais,
religiosos, políticos etc.
ainda até o final do século
passado, a Psicologia se
disfarçou com o traje da
Filosofia para poder se
passar despercebida.

A Filosofia apesar de
todas as suas divisões e
subdivisões como são a
Lógica, a Teoria do
Conhecimento, a Ética, a
Estética, etc., é sem dúvida
alguma, em si mesma,
autorreflexão evidente,
cognição mística do Ser,
funcionalismo cognitivo da
consciência desperta (é pura
Psicologia).

6
O erro de muitas escolas filosóficas consiste em ter considerado a
Psicologia como algo inferior à Filosofia, como algo relacionado unicamente com
os aspectos mais baixos e até triviais da natureza humana.

Um estudo comparativo das religiões nos permite chegar à conclusão lógica


de que a Ciência da Psicologia sempre esteve associada de forma muito íntima
a todos os princípios religiosos. Na literatura sagrada mais ortodoxa de diversos
países e diferentes épocas existem maravilhosos tesouros da ciência psicológica.

Investigações profundas no terreno do gnosticismo nos permitem


encontrar essa maravilhosa compilação de diversos autores gnósticos, que vem
dos primeiros tempos do Cristianismo e que se conhece com o nome de
Philokalia (“Amor à Sabedoria”), usada ainda em nossos dias pela Igreja Oriental,
especialmente para instrução dos monges. Sem dúvida alguma e sem o mínimo
temor de cair em enganos, podemos afirmar enfaticamente que a Philokalia é
essencialmente pura Psicologia experimental.

Nas antigas Escolas de Mistérios


da Grécia, Egito, Roma, Índia, Pérsia,
México, Peru, Assíria, Caldeia, etc., a
Psicologia sempre esteve ligada à
Filosofia, Arte objetiva, Ciência e
Religião. Nos antigos tempos, a
Psicologia se ocultava
inteligentemente entre as formas
graciosas das dançarinas sagradas,
ou entre o enigma dos estranhos
hieróglifos ou belas esculturas, ou na
poesia, ou na tragédia, ou nos mitos,
e até na música deliciosa dos
templos.

Antes que a Ciência, a Filosofia,


a Arte e a Religião se separassem
para tornarem-se independentes, a
Psicologia reinou soberana em todas as antiquíssimas Escolas de Mistérios.
Quando os Colégios Iniciáticos se fecharam devido à Kali-Yuga, ou Idade Negra
em que ainda estamos, a Psicologia sobreviveu entre o simbolismo das diversas
Escolas Esotéricas e pseudoesotéricas do mundo moderno, e muito
especialmente entre o Esoterismo Gnóstico.

7
Como conclusão, diremos que
profundas análises e investigações
nos permitem compreender com
toda clareza meridiana que os
distintos sistemas e doutrinas
psicológicas que existiram no
passado e que existem no presente
podem ser divididos em duas
categorias:

Primeira: As doutrinas que


estudam o homem tal como o
encontram, ou tal como supõem ou
imaginam que seja. A Psicologia
científica moderna pertence de fato a
esta categoria.

Segunda: As doutrinas que


estudam o homem (não mais do
ponto de visto do que se supõe que
seja, ou do que parece ser), mas do
ponto de vista do que “pode” chegar
a ser, ou seja, do ponto de vista da
Revolução da Consciência.

Estas últimas são em verdade as doutrinas originais, as mais antigas, e


somente elas nos permitem compreender as origens viventes da Psicologia e sua
profunda significação.

Quando todos nós tenhamos compreendido de forma íntegra quão


importante é o estudo do homem do ponto de vista da Revolução da
Consciência, entenderemos então (uma primeira definição da Psicologia):

“A Psicologia é o estudo dos princípios, leis e fatos intimamente


relacionados com a transformação radical e definitiva do indivíduo”. (Ou seja,
com o possível desenvolvimento interior ou evolução consciente do homem).

8
Qual é o significado dessa possível evolução consciente do
homem, ou melhor, sua possível transformação radical e
definitiva? Que condições especiais são necessárias?

Antes de tudo, devemos


compreender que as opiniões
modernas sobre a origem do homem
e sobre sua evolução não podem ser
aceitas, não resistem a um estudo
crítico profundo. Apesar de todas as
teorias de Darwin, aceitas como artigo
de “fé cega”, nada sabem os cientistas
modernos sobre a origem do homem,
nada lhes consta, nada
experimentaram de forma direta e
carecem de provas específicas
concretas, exatas, sobre a Evolução
Humana.

Pelo contrário, se tomarmos a


humanidade histórica, ou seja, a dos
últimos dez mil anos, encontraremos
sinais inconfundíveis de um tipo
superior de homem, incompreensível
para as pessoas modernas, e cuja
presença pode demonstrar-se por
múltiplos monumentos da
antiguidade (pirâmides, exóticos
monólitos, etc.), que os homens
atuais seriam incapazes de repetir ou
imitar.

Quanto ao “homem pré-


histórico”, aquelas estranhas e
misteriosas criaturas de aspecto tão parecido ao “homem” e, porém, tão
distintas, tão diferentes dele, e cujos ossos às vezes se encontram escondidos
em jazidas arcaicas do período glacial ou pré-glacial, nada sabem os cientistas
modernos de forma exata, e até poderíamos aceitar a muito plausível ideia de
que estes ossos pertençam a um ser muito distinto do homem, desaparecido há
muitíssimo tempo.
9
Aqui devemos enfatizar a importante ideia de que ao negar a evolução do
homem no passado, temos que negar também qualquer possibilidade de
evolução mecânica futura, ou seja, uma evolução que se operaria por si mesma,
de acordo com as leis de herança e de seleção, sem esforços conscientes por
parte do homem e sem que este compreenda sequer a possibilidade de sua
evolução.

A ciência gnóstica ensina que o “homem”, tal como o conhecemos, não é


um ser completo, ainda não é “HOMEM”, no sentido cabal do termo. Para
distingui-los em nossos estudos, chamamos de “animal intelectual” ou
“mamífero racional” o homem comum e corrente e Homem, em maiúsculo, ao
verdadeiro Homem, o que desenvolveu em seu interior todas as possibilidades
e potencialidades latentes do “animal intelectual”.

O “animal
intelectual” não é um
ser completo. A
natureza o desenvolve
até certo ponto e logo o
abandona, deixando-o
completamente livre
para prosseguir seu
desenvolvimento por
seu próprio esforço, ou
viver e morrer como
nasceu, ou ainda
perder todas as suas
possibilidades e
degenerar-se.

Devemos
compreender que as
Leis da Evolução e da
Involução são o eixo
mecânico de toda a
natureza e nada têm a
ver com a
Autorrealização Íntima
do Ser. Dentro do “animal intelectual” existem tremendas possibilidades que

10
podem se desenvolver ou se perder. Mas não é uma Lei que elas se
desenvolvam, a mecânica evolutiva não pode desenvolvê-las. A passagem do
tempo não pode desenvolvê-las.

O crescimento interior do homem significa o desenvolvimento de certas


qualidades e possibilidades internas que habitualmente permanecem em
estado embrionário e que não podem se desenvolver por si sós. O
desenvolvimento de tais possibilidades latentes somente é possível em
condições bem definidas, exige tremendos superesforços muito especiais por
parte do próprio homem e uma ajuda eficiente por parte daqueles que já
fizeram no passado esse trabalho.

Portanto, devemos partir da ideia de que sem esforço não há revolução


interior e sem ajuda é igualmente impossível.

Devemos compreender que no caminho do desenvolvimento psicológico o


homem deve tornar-se um ser diferente, e devemos estudar e conceber de que
maneira e em qual direção deve o homem converter-se em um ser diferente, ou
seja, o que significa um ser diferente. Também devemos compreender que nem
todos os “animais intelectuais” podem se desenvolver e chegar a ser diferentes,
ou seja, converterem-se em Homens verdadeiros.

Quem quiser desenvolver todas as suas possibilidades latentes para


converter-se em Homem deve entrar pelo Caminho da Revolução da
Consciência.

O “animal intelectual” é o grão, a semente; desta semente pode nascer o


Homem verdadeiro. Como temos dito, não é uma Lei que este grão, que esta
semente tão especial possa desenvolver-se. O normal, o natural, é que se
perca... “Se o grão não morre, a semente não germina”. Então é necessário que
“algo” morra no “animal intelectual” para que nasça o Homem.

De forma enfática, podemos afirmar que a Revolução da Consciência não


somente é rara neste mundo, mas está se tornando cada vez mais rara.

A Revolução da Consciência possui três fatores perfeitamente definidos:

Primeiro, Morrer.
Segundo, Nascer.
Terceiro, Sacrifício pela humanidade.

11
A ordem dos fatores não altera o produto.

Morrer é uma questão de ética revolucionária e dissolução do Eu


psicológico. Nascer é uma questão de transmutação sexual, este assunto
corresponde à sexologia transcendental (tema que será tratado em detalhes
durante o curso). Sacrifício pela humanidade é caridade universal consciente.

Se nós não desejarmos a Revolução da Consciência, se não fizermos


grandes superesforços para desenvolver essas possibilidades latentes que nos
levam à Autorrealização Íntima, é claro que essas possibilidades não se
desenvolverão jamais. São muito raros os que se autorrealizam e nisso não
existe injustiça alguma. Poderíamos objetar: por que nem todos os seres
humanos podem se desenvolver e se converter em Homens? Por que tamanha
injustiça? A resposta é muito simples: porque não a desejam. Por que deveria o
homem ter o que não deseja?

A ideia essencial é que para converter-se em um ser diferente, o “animal


intelectual” deve desejar profundamente, e durante muito tempo. Um desejo
passageiro ou vago, nascido de uma insatisfação com as condições exteriores da
vida, não criará um impulso suficiente.

A criação interior do Homem depende da compreensão que ele tenha do


que pode adquirir e do que necessita dar para lográ-la.

Se
o

12
“animal intelectual” não desejar, ou não desejar com bastante intensidade, e
não realizar os esforços necessários, não se desenvolverá jamais. Por que
deveria o homem ter o que não deseja? Se fosse forçado a converter-se em um
ser diferente quando está satisfeito com o que é e como está, então nisso
haveria injustiça.

Para converter-se em Homem verdadeiro faz-se necessária uma


transformação psicológica total e definitiva, mas nem todos os seres querem
essa mudança, não a desejam, não a conhecem. Caso lhes explicassem, não a
entenderiam, não a compreenderiam, ou não lhes interessaria. Por que lhes
deveria ser dado à força o que não querem?

O que significa ser diferente?

Se considerarmos todas
as informações que pudermos
reunir sobre esta questão,
encontraremos em diversos
lugares a afirmação de que, ao
tornar-se um ser diferente, o
homem adquire numerosas
qualidades novas e poderes
que antes não possuía. Esta
afirmação é comum a todas as
doutrinas que admitem a ideia
de um crescimento interior do
homem.

Mas apesar de toda a


informação dessas doutrinas, passam-se os anos e os estudantes não obtêm
essas qualidades e poderes, restando a amarga sensação de que falta algo. E em
realidade falta um elo em todas estas doutrinas. Esqueceu-se de algo muito
importante, que a Psicologia Revolucionária do Movimento Gnóstico trata de
aclarar, que é o seguinte: a verdade é que, antes que o indivíduo adquira novas
faculdades ou novos poderes que nem remotamente conhece e que ainda não
possui, deve adquirir faculdades e poderes que tampouco possui e que
equivocamente crê ter, mas que em realidade não tem. Ou seja, o ser humano
atribui a si mesmo faculdades que crê conhecer e que pretende usar, mas que

13
em realidade nem conhece e nem possui. Este é o elo que falta e o ponto de
maior importância.

No caminho da Revolução da Consciência, um caminho baseado nos


próprios esforços e na ajuda, o estudante deve adquirir qualidades que crê já
possuir, mas sobre as quais se engana.

É preciso que o homem saiba que enquanto crer possuir qualidades que
não possui, não fará os esforços apropriados para adquiri-las.

Quais são essas qualidades? Que faculdades imagina e crê possuir?

Para conhecê-las devemos partir dos conhecimentos gerais que o homem


possui sobre si mesmo. E nos encontraremos imediatamente diante de um fato
muito importante: o homem não se conhece. O homem não conhece nem seus
limites, nem suas possibilidades. O homem não conhece sequer até que ponto
não se conhece. E aqui chegamos a uma segunda definição de Psicologia: “A
Psicologia significa, em realidade, o estudo de si mesmo”. (É a Ciência do
autoconhecimento).

"Nosce te ipsum": "Homem, conhece-te a ti mesmo". Essa é uma antiga


máxima de ouro escrita sobre os muros invictos do Templo de Delfos na antiga
Grécia.

O homem não conhece a si mesmo e devido a isso crê possuir uma série de
qualidades que não possui e que deve adquirir se deseja converter-se em um
Homem verdadeiro. O homem não possui Vontade. O homem não possui a
capacidade de Fazer, tudo lhe acontece. O homem não possui Individualidade,
no sentido de unidade interior, não possui um Eu permanente e imutável.

Estas qualidades podem pertencer ao homem, mas isto não significa que já
lhe pertençam efetivamente ou que possam pertencer a qualquer pessoa (De
cada uma dessas qualidades se fará um estudo detalhado nas próximas
conferências).

Mas a mais importante e a mais enganosa das qualidades que o homem


crê possuir e não a tem é a CONSCIÊNCIA. A transformação interior no homem
começa por uma mudança na sua maneira de compreender o significado da
consciência e prossegue com a aquisição gradual de um domínio da consciência.

14
O que é a consciência?

As pessoas confundem consciência com inteligência (no sentido de


atividade mental ou intelectual), e a pessoa muito inteligente ou muito
intelectual é qualificada como muito consciente. Nós afirmamos que a
consciência no homem é, sem dúvida alguma e sem temor de estarmos
enganados, uma espécie muito particular de “apreensão de conhecimento
interior”, independente de toda atividade mental.

A consciência é uma forma particular de “perceber”; no homem, perceber


a si mesmo, perceber quem é, o que sente, ou pensa, ou onde se encontra.

A consciência nos permite o conhecimento de nós mesmos. Ela nos dá


conhecimento íntegro do que se é, de onde se está, do que realmente se sabe,
do que certamente se ignora.

A Psicologia Revolucionária ensina que somente o próprio homem pode


chegar a conhecer a si mesmo. Ela nos diz que somente cada um pode saber de
sua própria consciência e se ela existe em um dado momento ou não. O
homem, e ninguém além dele, pode se dar conta por um instante de que antes
deste instante não era consciente, que tinha sua consciência ausente. Depois,
esquecerá esta experiência ou a conservará como uma recordação, como a
recordação de uma forte experiência, e ainda que se recorde disto, não será
consciência, senão um processo da atividade mental.

A presença ou ausência da consciência no homem não podem ser


comprovadas pela observação de seus atos ou estados exteriores. Somente o
próprio homem pode saber de sua consciência. Por exemplo, uma pessoa pode
sofrer um acidente e perder os sentidos. Para as pessoas, ela “perdeu a
consciência”, mas pode ser que a pessoa permaneça consciente de si mesma e
de tudo que ocorre ao seu redor, apesar de desmaiado e de não poder se
comunicar com os demais. Este tipo de experiência, vivida por muitas pessoas,
demonstra que a consciência é independente da atividade cerebral.

A presença ou ausência da consciência no homem nos demonstra algo de


grande importância: a consciência no homem não é algo contínuo,
permanente, está presente ou não está. Os momentos mais elevados de
consciência criam memória. Os outros momentos o homem simplesmente se
esquece. A realidade é que normalmente a consciência está ausente no homem,

15
sua consciência “dorme” profundamente. Raros, muito raros são os momentos
em que a consciência está desperta. O homem trabalha, dirige carros, casa-se,
morre etc. com a consciência totalmente adormecida e somente em momentos
muito excepcionais possui centelhas de despertar.

A vida do ser humano é uma vida de sonho, mas ele crê que está desperto
e jamais admitiria que está sonhando, que sua consciência está adormecida. Se
alguém chegasse a despertar, se sentiria espantosamente envergonhado de si
mesmo, compreenderia de imediato suas palhaçadas. Esta vida é
espantosamente ridícula, horrivelmente trágica e raríssimas vezes sublime.

Quando o ser humano admite que possui a consciência adormecida, pode


estar seguro de que já começa a despertar.

Algumas escolas reacionárias de Psicologia negam a existência da


consciência e até a utilidade de tal termo; com isto acusam o estado de sonho
profundo em que se encontram esses estudiosos da Psicologia. Por outro lado,
há quem confunda a consciência com as funções psicológicas (pensamentos,
sentimentos, impulsos motores, sensações etc.), realmente são muito
inconscientes, dormem profundamente.

E os que admitem a existência da consciência, mas negam os seus distintos


graus crendo que a consciência permanece sempre no mesmo estado, indicam
falta de experiência.

Toda pessoa que alguma vez tenha despertado momentaneamente sabe


muito bem, por experiência própria, que existem distintos graus de consciência
observáveis em si mesmo.

16
O primeiro é a duração:
Por quanto tempo se permaneceu consciente?

O segundo, a frequência de ocorrência:


Quantas vezes esteve consciente?

O terceiro, a amplitude e penetração:


De que se estava consciente? Pois isto pode variar muito com o crescimento
interior do homem.

Se considerarmos somente os dois primeiros (duração e frequência),


poderemos compreender a ideia de um possível crescimento ou
desenvolvimento da consciência. Esta ideia se encontra ligada a um fato
essencial, perfeitamente reconhecido pela Psicologia Gnóstica e pelas antigas
escolas psicológicas, tais como a dos autores da Philokalia, mas completamente
ignorada pela filosofia e psicologia dos últimos séculos: o fato de que, mediante
grandes esforços de um tipo muito especial, pode-se despertar a consciência e
torná-la contínua e controlável.

Você pode fazer um


experimento que lhe
permitirá estudar sua própria
consciência. Pegue um
relógio e olhe para o ponteiro
dos minutos tratando de
conservar a percepção de si
mesmo e de concentrar-se
no pensamento “sou fulano
de tal”, “agora estou aqui”.
Trate de se concentrar nisto.
Siga simplesmente os
movimentos do ponteiro
permanecendo consciente
de si mesmo, de sua
presença aqui e agora, de sua
existência e do lugar em que
está.

Não é exagero afirmar


que, mediante um grande

17
esforço, o “animal intelectual” pode estar consciente de si mesmo tão somente
por um par de minutos. Ou seja, pode estar consciente de si mesmo durante no
máximo dois minutos. Esse é o limite de sua consciência. E se tentar repetir a
experiência imediatamente depois, será ainda mais difícil que a primeira vez e o
tempo em que poderá permanecer consciente será menor do que dois minutos.
Caso deseje repeti-la várias vezes, chegará um momento em que já não poderá
fazê-la, senão após deixar passar algumas horas e recuperar-se do esforço de
tratar de estar consciente de si mesmo. Sem energia, nenhum esforço é possível.

Este experimento demonstra que um homem, em seu estado comum, pode


mediante um grande esforço estar consciente de uma coisa (dele mesmo)
durante dois minutos ao máximo. A dedução mais importante que se pode
extrair deste experimento, caso realizado corretamente, é de que o homem não
está consciente de si mesmo, que normalmente as pessoas não estão
conscientes delas mesmas. A ilusão de estar consciente de forma contínua nasce
da memória e de todos os processos do pensamento.

Por exemplo, um homem vai ao teatro, e caso esteja acostumado a fazê-lo,


não possuirá consciência de estar ali enquanto estiver. Contudo, poderá ver e
observar o espetáculo, poderá interessar-se ou ficar entediado, poderá
recordar-se, recordar das pessoas com as quais se encontrou e assim
sucessivamente. Quando regressar a sua casa, recordará haver estado no teatro
e, naturalmente, pensará haver estado consciente enquanto esteve lá. De forma
que sua consciência não lhe oferece dúvida alguma, não lhe adverte que ela
esteve totalmente ausente, mesmo quando ele aja de maneira razoável, pense
e observe, mas isto não significa estar consciente.

O homem que pratica um exercício retrospectivo para recordar toda a sua


vida, pode de verdade saber quantas vezes se casou, quantos filhos teve, quem
foram seus pais, seus professores de escola, onde viveu, por onde viajou, etc.,
mas isto não significa estar consciente, isto é simplesmente recordar atos
mecânicos e isso é tudo.

As pessoas não estão conscientes do que fizeram ou do que realmente lhes


aconteceu no passado, somente sabem o que aconteceu. Nós ficaríamos
assombrados se descobríssemos o pouco que em realidade recordamos. Isto
acontece dessa forma porque somente memorizamos vivamente os momentos
em que estávamos conscientes de si mesmos.

18
Se retrocederem mentalmente o máximo que puderem ao início da suas
infâncias ou a algo que ocorreu há muito tempo, então se darão conta do pouco
que realmente recordam. Muitas vezes, do pouco que se recordam
simplesmente sabem o que ocorreu ou lhes explicaram o ocorrido.

A sensação de saber onde estivemos, ou o que fizemos, cria a ilusão de


consciência, quando em realidade é um processo mental que nada tem a ver
com a autêntica consciência.

Os Quatro Estados de Consciência

Para entender bem o porquê das pessoas desconhecerem o que é a


consciência, ou a confundirem com os processos mentais, devemos saber que
de maneira geral o homem pode conhecer quatro estados de consciência. Eles
são:

-ESTADO DE SONHO.
-ESTADO DE VIGÍLIA.
-ESTADO DE AUTOCONSCIÊNCIA (ou consciência de si mesmo).
-ESTADO DE CONSCIÊNCIA OBJETIVA.

O pobre “animal intelectual”, equivocadamente chamado homem,


somente vive em dois destes estados: uma parte de sua vida transcorre no
sonho da noite e a outra no erroneamente chamado estado de vigília, o qual
também é sonho, já que difere muito pouco do sonho.

O homem que dorme e está sonhando crê que desperta pelo fato de
regressar ao estado de vigília, mas na realidade, durante este estado de vigília,
continua “sonhando”. Isto é semelhante ao amanhecer, ocultam-se as estrelas
devido à luz solar, mas elas continuam existindo ainda que os olhos físicos não
as percebam.

Na vida normal, comum e corrente, o ser humano nada sabe da


autoconsciência e muito menos da consciência objetiva. Porém, as pessoas são
orgulhosas e todos acreditam ser autoconscientes. O homem crê firmemente
que possui consciência de si mesmo e de nenhuma forma aceitaria que lhe
dissessem que “está dormindo” e que vive inconsciente de si mesmo. Ele atribui
esse estado a si mesmo, crê possuí-lo, ainda que em realidade não seja
consciente de si mesmo senão por centelhas esporádicas, por certo muito raras,

19
e ainda nesses momentos é pouco provável que reconheça este estado, posto
que ignora o que implicaria o fato de possuí-lo realmente.

Existem momentos excepcionais em que o homem desperta (adquire


autoconsciência), mas estes momentos são muito raros. Podem surgir em um
instante de supremo perigo, durante uma intensa emoção, talvez com a morte
de um ser próximo ou em alguma nova circunstância, em alguma nova situação
inesperada etc. Mas em seu estado comum, “normal”, o homem não possui
domínio sobre seus momentos de autoconsciência.

É verdadeiramente uma desgraça que o pobre “animal intelectual” não


possua domínio sobre estes estados fugazes de consciência, que não possa
evocá-los, que não possa fazê-los contínuos.

O homem possui momentos ocasionais de autoconsciência, mas não possui


domínio sobre eles. Eles vêm e vão por si mesmos, sendo controlados por
circunstâncias externas e associações ou emoções ocasionais. Surge então a
pergunta: é possível conseguir o domínio sobre estes fugazes momentos de
consciência para evocá-los com mais frequência e mantê-los por mais tempo, ou
inclusive torná-los permanentes? Em outras palavras, é possível tornar-se
autoconsciente?

A Psicologia Revolucionária afirma que o


homem pode lograr o controle da consciência
e adquirir autoconsciência.

A Psicologia Revolucionária do
Movimento Gnóstico possui métodos,
procedimentos para despertar a consciência.

Se quisermos despertar a consciência,


necessitamos começar por examinar, estudar e
logo eliminar todos os obstáculos que
apareçam no caminho do despertar.

*****

Na conferência da semana que vem,


seguiremos aprofundando o tema do
DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA…

20

Você também pode gostar