Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
br
2
MÓDULO 1
Tema 3
O Despertar da Consciência
ea
Íntima Recordação de Si mesmo
www.igabrasil.org.br
3
4
O DESPERTAR DA CONSCIÊNCIA
- o sonho;
- a consciência de vigília;
- a autoconsciência;
- e a consciência objetiva.
No primeiro
destes estados, o
sonho, enquanto o
corpo físico dorme na
cama, o Ego anda com
a consciência
adormecida como um
sonâmbulo, movendo-
se pela região
molecular, ou plano
astral. Nessa região,
projeta “sonhos” e vive
neles.
Não existe lógica alguma no mundo dos sonhos, não existe continuidade,
nem causas nem efeitos. Todas as funções psíquicas trabalham sem direção
alguma, aparecem e desaparecem imagens subjetivas, cenas incoerentes,
vagas, imprecisas, resquícios de recordações do dia, ecos do passado etc. Todo
este universo de sonhos atravessa nossa psique sem deixar mais do que um
ínfimo rastro na memória, quase sempre sem deixar vestígio algum.
5
Quando o Ego regressa ao corpo físico, aparece então o segundo estado
de consciência, chamado de estado de vigília, e que, no fundo, não é mais do
que outra “forma de sonho”. Acontece o mesmo quando o Sol nasce: as estrelas
se ocultam ante a luminosidade do dia, mas isto não significa que deixem de
existir. Assim são os “sonhos” no estado de vigília, eles continuam
secretamente, não desaparecem. Ao regressar ao corpo físico, os sonhos
continuam em nosso interior; o chamado estado de vigília, que alguns chamam
de consciência lúcida ou consciência desperta, é realmente um “sonhar
acordado”, um estado de consciência relativa e subjetiva.
Como consequência da
vivacidade das impressões
sensoriais, dos desejos e
sentimentos, em particular,
do sentimento de contradição
ou de impossibilidade, cuja
ausência é total no estado de
sonho, os sonhos tornam-se
invisíveis, mas estão
presentes e frequentemente
exercem sobre o conjunto de
nossos pensamentos,
sentimentos e ações, uma
influência cuja força, às vezes,
supera àquela das percepções
reais do momento. De fato, é
mais perigoso o “sonhar
acordado” do que o “sonhar
adormecido” da noite. O
“sonhador acordado” que
quiser realizar seus sonhos pode chegar a prejudicar os outros no mundo físico.
No entanto, os “sonhos da noite” são inofensivos, por mais violência que se
exerça, ninguém é prejudicado.
Isto significa que o “animal intelectual”, tanto de dia quanto de noite, vive
em um mundo de sonhos: dirige carros sonhando, trabalha na fábrica, no
escritório, no campo etc. sonhando; apaixona-se em sonhos e se casa em
sonhos; muito raramente na vida está desperto, vive em um mundo de sonhos
e ilusões e crê firmemente que está desperto, sem se dar conta que permanece
6
fortemente influenciado pelos sonhos. Com razão, o Poeta disse que “a vida é
um sonho”.
7
a “autoconsciência” é um estado que nos atribuímos sem o menor direito. E
quanto à consciência objetiva, esse é um estado do qual nada sabemos.
8
No terceiro estado de consciência, “a autoconsciência”, podemos
conhecer toda a verdade sobre nós mesmos. Esse estado se manifesta como
sintetismo conceitual, revisão analítica e consciente de crenças e opiniões,
indução e dedução de tipo reflexivo, estudos muito sérios sobre a psicologia
humana, sobre fenômenos, leis etc. Em um estado de experiências vívidas e
diretas que leva o homem a alcançar o conhecimento de si mesmo.
Este estado está tão longe de nós que não podemos sequer pensar nele de
maneira apropriada, e devemos nos esforçar para compreender que os
lampejos de consciência objetiva só podem ser obtidos no estado plenamente
realizado de consciência de si mesmo.
9
Se as pessoas tivessem a consciência desperta, a Terra seria um paraíso,
não haveria guerras, não existiria nem o meu nem o seu, tudo seria de todos,
viveríamos em uma Idade de Ouro. Porém, é muito difícil fazer com que as
pessoas vejam que não são conscientes de si mesmas e que não podem chegar
a sê-lo apenas por desejarem. Isto é particularmente difícil, pois a natureza,
aqui, lhes prega um truque singular:
Pergunte a um homem “se é consciente”, ou diga a ele “que não é”, e ele
responderá que é perfeitamente consciente de si mesmo e que é absurdo dizer
que não é, posto que, naquele instante, ele o ouve e compreende. E terá plena
razão, mas, ao mesmo tempo, se equivocará totalmente. Essa é a “brincadeira-
ilusão” que a natureza lhe prega. Terá razão, pois sua pergunta ou sua
observação o terá tornado vagamente consciente por um instante. Instantes
depois (quando não houver ninguém nem nada que vagamente o “desperte”),
a consciência terá desaparecido, mas ele recordará o que você disse a ele, o que
respondeu e, por certo, acreditará ser consciente.
10
Quando uma pessoa desperta a
Consciência, quando se torna autoconsciente,
quando adquire consciência de si mesma, é
então que realmente passa a conhecer a
verdade sobre si mesma. Antes de alcançar o
terceiro estado de consciência, ela realmente
não conhece a si mesma, ainda que acredite se
conhecer.
11
A ÍNTIMA RECORDAÇÃO DE SI MESMO
Para alcançar o estado de autoconsciência devemos recordar de nós
mesmos... Uma das características do estado de vigília (o “sonhar acordado”) é
que o homem vive em um esquecimento de si mesmo. Está ausente, não
possui verdadeira realidade. A Recordação de Si é um ato de vontade em que
o estudante trata de sentir a si mesmo, de ser consciente de si mesmo.
Estamos falando algo sobre o qual se deve refletir profundamente; isto que
estamos dizendo aqui é muito importante e não pode ser compreendido se for lido
mecanicamente. Nossos leitores devem refletir.
12
A DIVISÃO DA ATENÇÃO
“Tratarei de
descrever minhas
tentativas de ‘recordar
de mim mesmo’. Minha
primeira impressão foi
que as tentativas da
recordação de si - ou de
ser consciente de si, e de
dizer: ‘Sou eu quem
caminha, sou eu quem
faz isto”, ao tratar de
experimentar
continuamente a
sensação deste Eu -
detinham os
pensamentos. Quando
tinha a sensação de mim,
já não podia nem pensar
nem falar, as próprias
sensações se obscureciam. Por isso as pessoas não podem ‘recordar de si mesmas’
desta maneira, senão por alguns instantes.
13
experiências eram quase idênticas, com a única diferença de que, ao deter os
pensamentos, a atenção está totalmente orientada para o esforço de não
admitir pensamentos, enquanto que no ato da ‘recordação de si’ a ATENÇÃO SE
DIVIDE: uma parte se dirige ao próprio ESFORÇO, e a outra, para a SENSAÇÃO
DE SI.
Eu -----------------------------------------------------------------> o fenômeno
observado.
Eu <----------------------------------------------------------------> o fenômeno
observado.
14
estranho! Eu, aqui neste lugar!’; ou em momentos muito emocionais, em
momentos de perigo, em momentos em que é necessário não perder a cabeça,
quando alguém ouve a sua própria voz e se vê e se observa de fora. Vi claramente
que minhas primeiras lembranças de vida, que no meu caso eram muito remotas,
tinham sido momentos de ‘recordação de si’.
Ainda temia tirar conclusões muito rápidas, mas pude perceber que me
encontrava no limiar de uma grande descoberta. Sempre me surpreendi com a
debilidade e a insuficiência de nossa memória. São tantas as coisas que
desaparecem e que são esquecidas! Parecia-me que todo o absurdo de nossa vida
tinha como base este esquecimento. Por que passar por tantas experiências para
esquecê-las em seguida? Além disso, havia algo degradante nisso. Um homem
sente algo que lhe parece muito grande, pensa que nunca o esquecerá: passa-se
um ano, ou dois, e não sobra nada daquilo.
Então ficou claro para mim por que isto era assim e por que não podia ser de
outro modo. Se nossa memória realmente mantém vivos apenas os momentos da
recordação de si, então fica claro por que ela é tão pobre. Tais foram minhas
experiências nos primeiros dias.
15
esforços, não era capaz de manter minha atenção na ‘recordação de mim mesmo’.
O barulho, o movimento, tudo me distraía. A cada instante perdia o fio de minha
atenção, encontrava-o de novo e logo voltava a perdê-lo. Finalmente senti uma
espécie de irritação ridícula comigo mesmo e dobrei uma rua à esquerda,
firmemente decidido, desta vez, a recordar de mim mesmo pelo menos por algum
tempo e, neste caso, até que tivesse chegado à rua seguinte. Cheguei à
Nadesjdinska sem perder o fio de minha atenção, talvez por breves momentos.
Então me dei conta que era mais fácil não perder a linha do meu pensamento em
ruas tranquilas e, desejando me testar nas ruas mais barulhentas, decidi retomar
à Nevsky, enquanto continuava recordando de mim mesmo. Cheguei à Nevsky
sem ter parado de recordar a mim mesmo e começava a experimentar o estranho
estado emocional de paz interior e de confiança que se segue a grandes esforços
desse tipo. Justamente ao virar a esquina, na Nevsky, havia uma charutaria onde
comprava meus cigarros. Ainda recordando de mim mesmo, pensei em passar por
ali e encomendar algumas caixas... Duas horas mais tarde, despertei na
Tavrisheskaya, ou seja, muito longe. Estava indo para a gráfica em um trenó. A
sensação de despertar foi extraordinariamente vívida. Quase posso dizer que
voltei a mim. De repente, recordei-me de tudo: como havia caminhado ao longo
da Nadesjdinskaya, como havia estado em recordação de mim mesmo, como
havia pensado nos cigarros e como, com este pensamento, havia caído atordoado
eu um sono profundo.
16
Contudo, enquanto estava mergulhado nesse sono, havia continuado a
executar ações coerentes e oportunas. Havia saído da charutaria, telefonado ao
meu departamento na Liteyni e, em seguida, ido para a gráfica. Havia escrito duas
cartas. Logo tinha regressado para casa novamente e retomado a Nevsky, pela
calçada esquerda, até o portão Gostinoy, com a intenção de chegar até a
Offitzerskaya. Logo tinha mudado de ideia, pois já estava ficando tarde. Havia
tomado um trenó para a gráfica, na Kavalergardskaya. Pelo caminho, enquanto
me dirigia pela Tavricheskaya, comecei a sentir uma estranha inquietude, como se
houvesse esquecido de algo. De imediato, me dei conta de que havia esquecido de
recordar de mim mesmo...”.
17
significa que ingressou numa parte equivocada de sua mente, onde poderá
ficar alojada como qualquer outro fragmento de conhecimento. Ocorreu um
impacto e não se produziu o efeito que esta ideia implica, e somente com
grande dificuldade o homem pode voltar a ter a mesma oportunidade.
Todo homem desperto de verdade pode verificar por si mesmo, por meio da
experiência direta, os sonhos das pessoas, pode ver esses sonhos nas pessoas que
andam pelas ruas, nos que trabalham nas fábricas, nos que governam, em toda
criatura.
Todo homem desperto de verdade pode ver, ouvir, cheirar, sentir e apalpar as
grandes realidades dos mundos superiores. Quem quiser experimentar a realidade
de tudo o que ocorre nas dimensões superiores do espaço deve despertar a
consciência aqui e agora.”
18
Na próxima conferência, aprofundaremos a possibilidade do despertar
da consciência e as experiências internas que ele nos proporciona, por meio
de um exercício prático que a gnosis ensina e que está relacionado com a tripla
divisão da atenção.
PRÁTICA RECOMENDADA
19
20