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COACHING PARA CONCURSOS – ESTRATÉGIAS PARA SER APROVADO

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

Atualidades

Irã E Seus Recentes Protestos No País

O Irã é, sem dúvida, um país que intriga muitos observadores. Ao mesmo tempo que vemos
interlocutores como Donald Trump bradando severas acusações ao governo teocrático, também nos
deparamos com relatos da hospitalidade e gentileza do povo iraniano e até intrigantes fotos de
adolescentes andando por Teerã, nos anos 70, como se fossem europeus. Como compreender esse
rico país, se não olhando para sua história?

A Influência Estrangeira E A Dinastia Pahlavi

Desde o século XVIII, com o início da expansão europeia, o Irã – ou Pérsia, como era chamado na
época – perdeu diversos territórios e se viu cada vez mais espremido entre dois grandes impérios: o
britânico e o russo. A influência dessas duas grandes potências foi essencial para moldar a história
da região e foi selada oficialmente em 1907 com a convenção anglo-russa, que estabeleceu a
influência russa ao norte e britânica ao sul, incluindo permissões para exploração de petróleo na
Pérsia. Mesmo com a queda do Império Russo durante a Primeira Guerra Mundial, o Irã continuou
sofrendo grande influência britânica. Além do petróleo, o país sempre foi geograficamente muito
importante, sendo um dos únicos no Oriente Médio que possui saídas para o mar, tanto ao norte
quanto ao sul.

Após a Primeira Guerra Mundial, um oficial do exército persa tomou o governo e estabeleceu-se no
poder sob o nome de Xá Reza Pahlavi, sendo também posteriormente conhecido como ―Reza Xá, O
Grande‖. Além de estimular projetos de urbanização e desenvolvimento industrial no Irã – nome que o
país passou a adotar em seu governo – o Xá procurou também diminuir a influência anglo-russa no
país.

Durante a Segunda Guerra Mundial, entretanto, o país foi invadido novamente por Inglaterra e URSS,
que retomaram o controle sobre os recursos petrolíferos e pressionaram o Xá a abdicar em favor de
seu filho, Mohammad Reza Pahlavi. A influência anglo-russa estabeleceu-se de tal maneira que até a
famosa conferência entre os vencedores da segunda grande guerra foi realizada em Teerã, contando
com a presença de Stalin, Churchill e Roosevelt.

O novo Xá busca promover uma ―Revolução Branca‖ no país, adotando cada vez mais costumes
ocidentais e tomando medidas como o voto universal e a reforma agrária. Seu regime, entretanto,
também se torna progressivamente ditatorial, notadamente reprimindo o clero xiita e utilizando até
mesmo uma ―polícia política‖, a chamada ―Savak‖. Além disso, é cada vez mais caracterizado pela
corrupção e gastos excessivos.

O evidente descontentamento interno passa também ao plano exterior, quando o Primeiro Ministro
Mohammad Mossaq resolveu nacionalizar as companhias petrolíferas, o que leva a um rompimento
diplomático com o Reino Unido e um boicote dos países ocidentais. Embora a União Soviética
apoiasse o Irã nessa iniciativa, os Estados Unidos e o Reino Unido, por meio de apoio estratégico em
um golpe militar, depuseram Mossaq em 1953, ajudando o Xá Reza Pahlavi – que havia fugido do
país – a voltar ao governo com poderes ditatoriais.

A Revolução Islâmica De 1979

O descontentamento com o governo do Xá leva vários setores da sociedade iraniana às ruas em


protesto. O clero xiita, entretanto, toma para si a articulação do movimento. O Xá foge do país
novamente e, em 1 de fevereiro de 1979, o Aiatolá Ruhollah Khomeini, um especialista em religião
que estava exilado devido às críticas que fazia ao governo do Xá, retorna ao país e assume o poder
no Irã.

A partir desse momento, o país é declarado uma República Islâmica que tem como chefe supremo o
Aiatolá – um líder religioso xiita especializado em religião. A partir desse momento, a estrutura social
é alterada profundamente, sendo moldada pela religião. Prévias conquistas, como o direito de voto
das mulheres, foram revogadas e novas leis baseadas na Sharia foram estabelecidas, enterrando
completamente os anteriores anseios por democracia que muitos manifestantes expressaram em
1979.

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Relações com países, como os Estados Unidos, também foram estremecidas, principalmente depois
de uma invasão de militantes islâmicos à embaixada americana em Teerã. Até mesmo a União
Soviética era vista com maus olhos pelo governo iraniano, considerando ―infiéis‖ ambos os lados que
travavam a Guerra Fria. Acusações de terrorismo e a inclusão na lista de ―eixo do mal‖ de George W.
Bush contribuíram para dificuldade de diálogo entre o Irã o restante do mundo.

Além disso, o próprio governo iraniano sofre com divergências internas entre os setores ―pragmáticos‖
e ―radicais‖ do clero. As dificuldades econômicas também são fortes motivos de embate dentro do
governo, mesmo com a captação de alguns investimentos estrangeiros após a morte de Khomeini em
1989.

A Questão Nuclear No Irã

O Irã possui um forte programa nuclear, o qual alega ter fins pacíficos. Entretanto, vários
observadores acreditam que o programa também visa a preparar o país para um possível embate
com os Estados Unidos ou Israel, além de ser uma questão de ―equilíbrio regional‖, visto que o país
se encontra geograficamente entre várias potências nucleares.

Um dos únicos líderes mundiais que conseguiu dialogar com o Irã foi justamente o presidente
brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva (2003 – 2010), que articulou um acordo entre Brasil, Irã e Turquia
em 2010 para o fornecimento de urânio.

Em 2015, foi assinado um acordo nuclear entre o Irã, os cinco membros do Conselho de Segurança
da ONU e a Alemanha, o que se caracterizou como uma grande demonstração de colaboração entre
diversos países. O acordo estabelece que o programa nuclear iraniano pode continuar para fins
pacíficos, como, por exemplo, fins medicinal, comercial e industrial. Entretanto, as quantidades de
enriquecimento de urânio e a exploração de plutônio são limitadas de modo a que seja impossível a
construção de uma bomba atômica.

Com o acordo, foram retiradas diversas sanções aplicadas ao programa nuclear, mas não sanções
que dizem respeito ao programa de mísseis balísticos ou à violações de direitos humanos. O
levantamento de sanções é extremamente importante para o desenvolvimento da economia iraniana
a curto e longo prazo.

O Movimento Verde

O governo iraniano se caracteriza pela separação entre instituições eleitas – como o presidente e o
parlamento – e instituições não eleitas – como o líder supremo e o conselho dos guardiões. O Líder
Supremo, cargo vitalício estabelecido com base em conhecimentos religiosos, está acima do
presidente, define os rumos políticos do país e comanda as forças armadas. O presidente, entretanto,
é a segunda maior autoridade do país e possui mandato de quatro anos.

Em 2009, os iranianos foram às ruas em protesto à reeleição do presidente ultraconservador


Mahmoud Ahmadinejad. A cor utilizada pelos manifestantes nos protestos foi o verde, o que
caracterizou o levante como ―Revolução Verde‖ ou ―Movimento Verde‖. O uso de celulares e de redes
sociais foi importante para organização dos protestos, da mesma maneira adotada pela ―Primavera
Árabe‖ iniciada na Tunísia em 2011.

O movimento verde, entretanto, foi sufocado pelo governo Ahmadinejad, que foi sucedido pelo atual
presidente, Hassan Rohani, em 2013.

Governo Trump E Protestos

Em 2017, o presidente Donald Trump anunciou que não mais validaria o pacto nuclear com o Irã,
considerando que o país realizou ―múltiplas violações‖ e que o acordo só levaria ―ao terror, à violência
e à arma nuclear‖. A decisão sobre o acordo foi deixada nas mãos do Congresso estadunidense e o
anúncio do presidente foi acompanhado por novas sanções.

No final de 2017, o Irã voltou aos noticiários após uma série de protestos contra o governo que se
espalharam por várias cidades do país. O crescimento do desemprego, a alta de preços e até anseios
por mudanças políticas foram alguns dos motivos que levaram cidadãos iranianos às ruas. O governo

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reagiu com bloqueios às redes sociais e a atribuição das manifestações a ―forças externas‖ que visam
a desestabilizar o país, como os Estados Unidos, a Arábia Saudita e Israel.

Lei Do Feminicídio

Feminicídio é uma palavra nova para uma prática antiga, uma vez que mulheres morrem de formas
trágicas todos os dias no Brasil: são espancadas, estranguladas, agredidas brutalmente até o
momento em que perdem a vida. A palavra feminicídio passou a ser usada para designar um crime
no Brasil a partir de 2015, pois existe nele uma particularidade. Vamos falar sobre feminicídio?

O Que É Feminicídio?

Feminicídio é uma palavra que define o homicídio de mulheres como crime hediondo quando envolve
menosprezo ou discriminação à condição de mulher e violência doméstica e familiar. A lei define
feminicídio como ―o assassinato de uma mulher cometido por razões da condição de sexo feminino‖ e
a pena prevista para o homicídio qualificado é de reclusão de 12 a 30 anos.

Por Que A Palavra Feminicídio É Importante?

―Trata-se de um crime de ódio. O conceito surgiu na década de 1970 com o fim de reconhecer e dar
visibilidade à discriminação, opressão, desigualdade e violência sistemática contra as mulheres, que, em
sua forma mais aguda, culmina na morte. Essa forma de assassinato não constitui um evento isolado e
nem repentino ou inesperado; ao contrário, faz parte de um processo contínuo de violências, cujas raízes
misóginas caracterizam o uso de violência extrema. Inclui uma vasta gama de abusos, desde verbais,
físicos e sexuais, como o estupro, e diversas formas de mutilação e de barbárie.‖

Eleonora Menicucci, ministra-chefe da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência


(Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República)

Um terço dos homicídios de mulheres no mundo – 35% – são cometidos por seus companheiros, de
acordo com a Organização Mundial da Saúde, enquanto 5% dos assassinatos de homens são
cometidos por suas parceiras. A projeção da Organização das Nações Unidas é que 70% de todas as
mulheres no mundo já sofreram ou irão sofrer algum tipo de violência em algum momento de suas
vidas. Em 2016, um terço das mulheres no Brasil – 29% – relataram ter sofrido algum tipo de
violência. Delas, apenas 11% procuraram uma delegacia da mulher e em 43% dos casos a agressão
mais grave foi no domicílio.

Esses são alguns dados de muitos outros – sobre os quais falaremos adiante – e que ilustram
pontos-chave para entendermos a diferença entre feminicídio e homicídio de mulheres.

O principal motivo para o uso da palavra feminicídio é de que o crime é diferente por si só, por ser um
crime de discriminação, cometido contra uma mulher pelo fato de ela ser mulher. Essa discriminação
provém no machismo e do patriarcado, que são maneiras culturais de a sociedade colocar a mulher
num lugar de inferioridade, submissão e subserviência; de acordo com essa lente, a autoridade
máxima é exercida pelo homem e automaticamente a mulher se torna um ser desimportante, que
deve dedicar sua vida à servir (principalmente os homens).

Por vezes, mulheres sofrem diversos tipos de violência de gênero – sexual, psicológica, moral, física,
doméstica – até que lhe seja tirada a vida. Esse foi o caso de Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos,
assassinada em 2008 após ser mantida refém por mais de 100 horas pelo ex-namorado Lindemberg
Fernandes Alves. A existência dessas formas de violência na vida de tantas mulheres chama a nossa
atenção para o fato de que o feminicídio pode ser evitado, por muitas vezes ser o ápice de um
processo de violência contínua e que muitas vezes está dentro de casa.

A tipificação do feminicídio como crime de gênero se faz necessária por estar diretamente ligado à
violência de gênero e por ser um crime passível de ser evitado – principalmente às vítimas de
violência doméstica, que podem ter suporte e seus agressores punidos conforme prevê a lei. De
acordo com o Atlas da Violência e outros relatórios, ―os dados apresentados [sobre violência contra a
mulher e feminicídio] revelam um quadro grave, e indicam também que muitas dessas mortes
poderiam ter sido evitadas. Em inúmeros casos, até chegar a ser vítima de uma violência fatal, essa
mulher é vítima de uma série de outras violências de gênero, como bem especifica a Lei Maria da

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Penha (Lei 11.340/06). A violência psicológica, patrimonial, física ou sexual, em um movimento de


agravamento crescente, muitas vezes, antecede o desfecho fatal.‖

O artigo 121, que define homicídio no Código Penal, foi alterado e teve o feminicídio incluso como um
tipo penal qualificador – como um agravante ao crime. A condição do feminicídio como uma
circunstância qualificadora do homicídio o inclui na lista de crimes hediondos, cujo termo hediondo é
usado para caracterizar crimes que são encarados de maneira ainda mais negativa pelo Estado e tem
um quê ainda mais cruel do que os demais. Por isso, têm penas mais duras. Latrocínio, estupro e
genocídio são exemplos de crimes hediondos – assim como o feminicídio.

Há circunstâncias em que a pena do feminicídio pode ser aumentada em 1/3. Se a pessoa for
condenada a 15 anos de prisão e a situação do crime se encaixar em um dos motivos abaixo, terá
mais 1/3 da pena acrescida ao tempo de reclusão, totalizando 20 anos de prisão. As situações
agravantes são quando o feminicídio é realizado:

 Durante a gestação ou nos três primeiros meses posteriores ao parto;

 Contra menor de 14 anos ou maior de 60 anos de idade;

 Contra uma mulher com deficiência;

Na presença de ascendentes ou descendentes da vítima – exemplos de parentes ascendentes


podem ser os pais e avós, já os descendentes podem ser filhos, netos e assim por diante.
É importante salientar que o feminicídio não define o assassinato de todas as mulheres que morrem
dessa maneira: uma mulher que foi morta após um roubo, por exemplo, sofreu o crime de latrocínio;
já uma mulher que sofria ameaças de um ex-companheiro e depois foi morta por ele, é uma vítima de
feminicídio, pois o caso envolveu discriminação à condição de mulher.

Como Surgiu A Lei Do Feminicídio?

―O feminicídio é a instância última de controle da mulher pelo homem: o controle da vida e da morte. Ele
se expressa como afirmação irrestrita de posse, igualando a mulher a um objeto, quando cometido por
parceiro ou ex-parceiro; como subjugação da intimidade e da sexualidade da mulher, por meio da
violência sexual associada ao assassinato; como destruição da identidade da mulher, pela mutilação ou
desfiguração de seu corpo; como aviltamento da dignidade da mulher, submetendo-a a tortura ou a
tratamento cruel ou degradante.‖

Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre Violência contra a Mulher (Relatório Final, CPMI-
VCM, 2013)

Essas foram as diretrizes que resultaram na formulação da Lei do Feminicídio, lei nº 13.104, que
entrou em vigor em 2015. Uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito foi formada para tratar da
violência contra a mulher no país, investigar qual era a situação nos estados brasileiros e tomar
providências sobre. O processo durou de março de 2012 a julho de 2013, quando foram percebidas
as relações diretas entre crime de gênero e feminicídio. Leia o relatório do Senado Federal aqui.

Como É O Panorama De Feminicídio No Brasil?

―A violência contra mulheres é uma construção social, resultado da desigualdade de força nas relações
de poder entre homens e mulheres. É criada nas relações sociais e reproduzida pela sociedade‖.

Nadine Gasman, porta-voz da ONU mulheres no Brasil.

O panorama de feminicídio no Brasil é grave: a cada dia, 13 mulheres são assassinadas no Brasil. Há
diversas pesquisas, relatórios e estudos que mostram esse comportamento sistêmico não só no
Brasil, mas no mundo.

O Brasil tem a quinta maior taxa de feminicídios no mundo: 4,8 homicídios para cada 100 mil
mulheres – de acordo com a Organização Mundial da Saúde. O Mapa da Violência de 2015 que trata
sobre o homicídio de mulheres mostra que 106.093 mulheres foram assassinadas entre 1980 e 2013,
sendo 4.762 só em 2013. Em 2015 o número diminuiu, mas pouco: 4.621 mulheres foram

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assassinadas no Brasil, contabilizando 4,5 mortes para cada 100 mil mulheres, de acordo com o Atlas
da Violência de 2017.

A pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública de 2017 sobre a violência contra a


mulher indica em 29% das entrevistadas afirmou ter sofrido algum tipo de violência no último ano.
Outra pesquisa sobre violência doméstica e violência contra a mulher, feita pelo DataSenado desde
2005, apresenta outros dados na sua edição de 2017: o percentual de entrevistadas que declararam
ter sofrido violência se manteve constante nesse período, entre 15% e 19%. Aumentou o número de
mulheres que declaram ter sofrido algum tipo de violência doméstica: o percentual passou de 18%,
em 2015, para 29%, em 2017. E os tipos de violência sofridas são:

 67% das entrevistadas disseram já ter sofrido agressão física;

 47% delas sofreu violência psicológica;

 36% delas foram vítimas de violência moral;

 15% sofreram violência sexual.

Quanto à percepção dos brasileiros sobre o aumento ou a diminuição da violência, 73% da população
brasileira diz que a violência contra a mulher aumentou nos últimos 10 anos. Já para as mulheres
brasileiras, 76% acredita no aumento da violência contra pessoas de seu gênero e dentre as vítimas
de violência o último ano, o percentual vai para 79% (FBSP, 2017).

Houve um aumento perceptivo de mulheres que declaram ter sido violentadas sexualmente. Em
2011, eram 5% das mulheres; em 2017 passou para 15%. Assim como aumentou o número de
mulheres que dizem conhecer alguma mulher que já sofreu violência doméstica ou familiar praticada
por um homem: em 2015 era de 56%; já em 2017 passou para 71% (DataSenado, 2017).

Aí fica uma reflexão: será que a violência contra a mulher realmente aumentou ou as mulheres estão
falando mais a respeito? Há de se considerar a existência da Lei Maria da Penha, que visa a punir
violência doméstica, e de maneiras de denunciar essa violência – como o número 180 ou em
delegacias da mulher, que são iniciativas oficiais do governo. Há, além disso, iniciativas e campanhas
populares de mulheres que dizem um basta à violência, a exemplo da Chega de Fiufiu (Think Olga),
da Mexeu com uma mexeu com todas (usada por meio da hashtag #mexeucomumamexeucomtodas)
e mesmo a hashtag #MeuPrimeiroAssédio, usada por mulheres nas redes sociais para denunciar
assédios e violências sofridas em suas vidas.

Feminicídio De Mulher Negra: Os Números São Ainda Mais Maiores

O recorte de realidade precisa ser feito também quando tratamos de mulheres negras com relação a
mulheres brancas: em dez anos, de 2003 a 2013, o número de homicídio de mulheres brancas caiu
9,8% – de 1.747 para 1.576 – e o de mulheres negras cresceu 54,2%, passando de 1.864 para 2.875
(Mapa da Violência, 2015). Dentre as mulheres que declararam ter sofrido algum tipo de violência,
enquanto o percentual de brasileiras brancas que sofreram violência física foi de 57%, o percentual
de negras (pretas e pardas) foi de 74%. (DataSenado, 2017).

Além de a taxa de mortalidade de mulheres negras ter aumentado, cresceu a proporção de mulheres
negras entre mulheres vítimas de mortes por agressão: em 2005 era de 54,8% e em 2015 era 65,3%
(Atlas da Violência, 2017). Resumindo, 65,3% das mulheres assassinadas no Brasil no último ano
eram negras, evidenciando que a combinação entre desigualdade de gênero e racismo é um ponto
fundamental para compreendermos a violência letal contra a mulher no país.

Essa disparidade pode ser observada nas respostas à pergunta sobre ter visto algum tipo de
violência mulheres no seu bairro no último ano praticada por companheiros, maridos ou namorados
(atuais ou não): 26% das mulheres negras respondeu que sim, em oposição a 22% das mulheres
brancas. Quando questionadas sobre ter visto essa violência na casa de suas vizinhas, 42% das
mulheres negras afirmou ter visto, assim como 30% das mulheres brancas. (FBSP, 2017).

Os números nos levam a concluir que quanto menos privilégios um grupo de mulheres tem, mais
sofrerá com a violência e mais altos serão os números de feminicídio. São poucas as pesquisas que
segmentam as entrevistadas por uma perspectiva de renda, por exemplo, o que pode ser um

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impeditivo de uma leitura mais ampla do problema. Não há outros recortes feitos por essas pesquisas
que tragam dados sobre feminicídio de mulheres lésbicas, bissexuais, transsexuais, travestis, nem
cruzem as suas demais características, como as de ser uma mulher negra e lésbica, por exemplo.

E Como É O Feminicídio No Mundo?

Ainda é um desafio mundial criar leis que tipifiquem o crime de feminicídio, conforme feito no Brasil, o
que consequentemente diminui o problema da invisibilidade e inicia uma discussão. Na América
Latina, 15 países têm leis específicas contra o feminicídio, com diferentes tipos de penalidade.

Mas muitos países não penalizam sequer a violência contra a mulher, quanto mais o feminicídio. Dos
193 países, 140 têm leis contra a violência doméstica. As regiões no mundo com menos punição para
a violência contra a mulher estão na África Subsaariana, no Oriente Médio e Norte da África (um em
cada quatro), de acordo reportagem do El País.

Atualmente, 140 países no mundo punem a violência doméstica e 46 não o fazem. Alguns países têm
quebrado a lógica da região em que estão inseridos: na Tunísia, o parlamento criou uma lei contra a
violência de gênero, a mais abrangente dentro da região árabe, que pune todo tipo de agressão
sexista e assédio sexual. Já a Rússia, que é um país considerado hostil às mulheres – a cada 40
minutos, uma mulher é assassinada lá – descriminalizou a violência de gênero. Uma pessoa que
seria presa por cometer tal crime, hoje só recebe uma multa.

Por Fim…

Depois da Lei Maria da Penha, passou a haver maior discussão sobre a violência doméstica e a
violência contra a mulher no país. Mas, quanto ao feminicídio, a discussão ainda é muito pequena e
está restrita a grupos feministas e pessoas que já têm consciência do problema. Considerando que a
violência contra a mulher é uma das causas que leva ao feminicídio, combatê-la pode evitar casos de
feminicídio.

De acordo com a pesquisa Avaliando a Efetividade da Lei Maria da Penha (Ipea, 2015), a lei de
combate à violência doméstica fez diminuir cerca de 10% a taxa de homicídios contra mulheres
praticados dentro das suas residências: ―[A diminuição da taxa] implica dizer que a Lei Maria da
Penha foi responsável por evitar milhares de casos de violência doméstica no País‖. De qualquer
maneira, não há no Brasil hoje políticas públicas de combate ao feminicídio, o que deve ser o próximo
passo a ser dado no combate à violência contra a mulher.

Donald Trump E Globalização

Donald Trump em pronunciamento

Em seu primeiro ano de mandato, em 2017, Donald Trump tomou uma série de iniciativas polêmicas.
Retirou-se do Acordo de Paris, que estabelece metas de redução de gases do efeito estufa, e
do Acordo Transpacífico, um bloco destinado a ser a maior área de livre-comércio do mundo. Além
disso, contrariou a comunidade internacional a reconhecer Jerusalém como capital de Israel e adotou
medidas para impedir a entrada de imigrantes muçulmanos nos EUA.

Essas ações demonstram o pouco apreço de Trump ao sistema internacional e o seu desejo de
retirar o país do protagonismo mundial. A histórica liderança que os EUA exerciam nos principais
temas mundiais começa a se esvaziar, abrindo espaço para que novos atores ocupem esse papel.
Países como China, Alemanha, França e Rússia começam a ampliar sua influencia em temas

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(comércio, globalização) e regiões geopolíticas (Oriente Médio, África) antes sob domínio norte-
americano. Em 2018, Trump pode aprofundar essa política ao retirar-se do Nafta, o bloco comercial
que divide com México e Canadá, e tentar esvaziar ainda mais o poder da ONU. Internamente, as
investigações sobre seu possível envolvimento na interferência da Rússia durante eleições
presidenciais continuarão avançando e podem abalar a sua presidência.

Brexit e União Europeia

Grafite do artista Banksy, em Dover, na Inglaterra, faz alusão à saída do Reino Unido da União
Europeia (Carl Court/Getty Images)

2018 promete ser um ano decisivo para as negociações que irão determinar as condições para a
retirada do Reino Unido da União Europeia – o Brexit. Votado em 2016, britânicos e europeus têm até
o início de 2019 para definir os termos do divórcio. Para o Reino Unido, o ideal é recuperar o controle
sobre suas fronteiras e a soberania política e econômica. No entanto, o país quer manter os
privilégios do acesso ao mercado europeu e os vantajosos acordos comerciais com a região. Mas a
União Europeia promete jogar duro para mostrar que não é vantajoso abandonar o bloco e
desestimular outros membros que queiram seguir o exemplo britânico.

Paralelamente, a União Europeia enfrenta outros problemas internos. Pretende avançar em reformas
que garantam maior autonomia econômica aos membros sem perder a unidade do bloco – o
problema é como resolver esse dilema. O descontentamento de muitas nações com o fraco
desenvolvimento econômico e o aumento da imigração abrem espaço para a ascensão de políticos
nacionalistas, com um discurso anti-europeu, que vêm ampliando sua participação nos parlamentos
locais.

Turbulências no Oriente Médio

A cidade de Jarablus, na Síria, destruída após ataques do Estado Islâmico, em 2016 (Defne
Karadeniz/iStock)

Nada indica que a região mais turbulenta do planeta tenha um ano livre de crises em 2018. É verdade
que a principal ameaça extremista, na figura do Estado Islâmico, perdeu bastante poder em 2017 e
mantém presença apenas em pontos isolados da Síria e do Iraque. Mas a guerra civil na Síria entra
em seu oitavo ano sem perspectivas de ser encerrada. O ditador Bashar al-Assad ganhou força com
a ajuda da Rússia, mas grupos rebeldes ainda resistem e tentam derrubá-lo do poder.

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Além disso, há a guerra civil no Iêmen, que desde 2015 opõem as forças do governo sunita contra
os rebeldes houtis, formado por xiitas. Esse conflito interno começa gradualmente a ganhar
proporções regionais, alimentando uma das maiores rivalidades do Oriente Médio. O governo iemita
tem o apoio da Arábia Saudita, enquanto os houtis recebem ajuda do Irã. O aumento da tensão
colocam as duas potências regionais à beira de um confronto aberto.

Falando no Irã, os primeiros dias de 2018 foram marcados por intensas manifestações populares
contra a crise econômica e a falta de liberdade, em desafio direto à autoridade da teocracia que
governa o país. Outra possibilidade que pode deixar a situação mais complicada é uma eventual
suspensão do acordo nuclear entre Irã e Estados Unidos. Em 2017, Trump não validou o acordo e
agora cabe ao Congresso norte-americano decidir se mantém os termos que impedem o Irã de
avançar em seu programa nuclear ou rompe de vez com o tratado.

Eleições na América Latina

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro (Spencer Platt/Getty Images)

Em 2018, cinco países com importante peso econômico e político na região realizarão eleições
presidenciais: Brasil, México, Colômbia, Paraguai e Venezuela. Além disso, o regime cubano, irá
decidir quem irá suceder o presidente Raúl Castro, mas sem eleições diretas.

O cenário político na América Latina vem sendo marcado por denúncias de corrupção e descrença na
classe política, o que torna o cenário eleitoral imprevisível nesses países. A região, que na década
passada caracterizou-se pelo predomínio de governos de esquerda e centro-esquerda, começa a dar
uma guinada à direita, principalmente após a posse de Mauricio Macri na Argentina, Michel Temer no
Brasil e Pedro Pablo Kuczynski, no Peru. Na Venezuela, que enfrenta grave turbulência política e
econômica, as eleições de dezembro devem acirrar ainda mais a polarização política.

Rússia: Copa e geopolítica

Presidente da Rússia, Vladimir Putin. (Sean Gallup/Getty Images)

2018 é ano de Copa do Mundo, e todas as atenções do planeta estarão voltadas para o país-sede, a
Rússia. Portanto, serão grandes as chances de o país ser abordado nos vestibulares deste ano. Mas
não será tão difícil assim se inteirar sobre a Rússia. A mídia deve explorar bastante não apenas o
evento esportivo, mas as principais questões sociais, políticas e econômicas do país.

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O evento se transformará no palco ideal para que o presidente Vladimir Putin, que concorrerá à
reeleição nas eleições de março, tente mostrar uma imagem positiva de seu país ao mundo. Apesar
do baixo preço do petróleo, seu principal item de exportação, e das sanções econômicas impostas
pelas Europa e pelos EUA, a Rússia vem tentando superar essas dificuldades com o estímulo à
produção e ao comércio interno.

Geopoliticamente, o país ainda é visto pelas potências ocidentais com preocupação, principalmente
após os distúrbios na Ucrânia em 2014, que levaram a Rússia a anexar a Crimeia. No Oriente
Médio, Putin elevou o status de seu país ao desempenhar papel decisivo na luta contra o Estado
Islâmico e na manutenção de seu aliado, o ditador Bashar Al-Assad, no comando da Síria.
Internamente, a Rússia é criticada por perseguir a oposição política e as minorias, principalmente
homossexuais.

O risco permanente da Coreia do Norte

Protesto em Seul, capital da Coreia do Sul, contra teste nuclear realizado pela Coreia do Norte em
janeiro de 2016. Cartaz mostra a imagem do líder norte-coreano Kim Jong Un (Chung Sung-Jun/Getty
Images)

O ano começou com uma notícia promissora: representantes da Coreia do Norte e do Sul tiveram o
primeiro encontro oficial em dois anos. Na conversa os norte-coreanos anunciaram que devem
mandar uma delegação de atletas para os Jogos Olímpicos de Inverno de PyeongChang, na Coreia
do Sul. No entanto, a prudência recomenda não esperar muitos progressos.

Desde a guerra entre as duas Coreias (1950-1953), as relações entre os dois países são pautadas
pela hostilidade, com algumas tentativas frustradas de negociações em intervalos esporádicos. Os
significativos avanços no programa nuclear norte-coreano realizados no ano passado fortaleceram o
regime de Kim Jong-Un e lhe deram poder para negociar concessões econômicas com os EUA.
Embora uma guerra não esteja nos planos de nenhum dos lados envolvidos, o risco aumenta diante
de qualquer erro de cálculo – um teste de um foguete norte-coreano que atinja acidentalmente o
Japão, por exemplo, pode desencadear um conflito de grandes proporções.

A China Se Consolida Como Potência

O presidente da China, Xi Jinping durante conferência à imprensa, em Pequim, em janeiro de 2018


(Mark Schiefelbein/Getty Images)

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

O presidente chinês Xi Jinping ampliou ainda mais sua liderança interna após o Congresso Nacional
do Partido Comunista, realizado no ano passado. Com ar confiante, anunciou que a China está
preparada para assumir o papel de potência mundial e o protagonismo nas relações internacionais.
Para isso, a China avança em sua diplomacia econômica, investindo em projetos de infraestrutura e
empréstimos em diversas partes do mundo para angariar aliados.

Quem trabalha com Relações Internacionais é responsável por conduzir as relações entre povos,
nações e empresas. Se você tem interesse em cursos dessa área, o GE Bolsas oferece opções de
bolsas que trazem descontos em várias faculdades do País.

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Paralelamente, o país tenta preencher o vácuo de poder, com a gradativa retirada dos EUA da defesa
do sistema mundial e de seu papel de protagonista das principais decisões internacionais. Xi Jinping
vem se tornando uma das vozes mais proeminentes na defesa da globalização e do livre-comércio e
se firma como uma liderança mais ponderada do que o presidente norte-americano Donald Trump.

Terrorismo Sem Trégua

(divulgação/Divulgação)

As derrotas sofridas pelo Estado Islâmico (EI) no último ano e a perda de territórios na Síria e no
Iraque podem dar a entender que a organização extremista está acabada. De fato, ao desfazer seus
planos de formar um califado no Oriente Médio e se contentar com o controle de apenas algumas
regiões pontuais, o EI perdeu seu poder de fogo.

Com seus objetivos prejudicados no Oriente Médio, o grupo deve mobilizar seus adeptos e suas
ações para promover atentados terroristas no resto do mundo. Tudo indica que em 2018 deve-se
manter a tendência de ataques cometidos pelos chamados ―lobos solitários‖, nome dado a jihadistas
que, de forma autônoma, perpetram atentados individuais. Apesar de ser menos letais, esses ataques
são mais difíceis de serem detectados pelas forças de segurança e representam um enorme desafio
para as autoridades.

Natureza Em Fúria

Inundação na cidade de Houston após o furacão Harvey (Win McNamee/Getty Images)

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

A temperatura do planeta vem batendo seguidos recordes desde o início do século, um sinal
inequívoco das alterações climáticas pelas quais a Terra vem passando. Se o cenário mais
catastrófico, como a elevação do nível dos mares a ponto de fazer submergir ilhas e cidades
costeiras, deve ocorrer a médio e longo prazo, alguns fenômenos climáticos já começam a se
intensificar como consequência do aquecimento global.

Em 2017, a temporada de furacões no Oceano Atlântico foi uma das mais violentas dos últimos anos
e as chuvas de monções no Sudeste Asiático deixaram milhares de mortos. A tendência é que 2018
não seja diferente e diversos pontos do planeta sejam atingidos por extremos climáticos. Além de
furacões, tufões e tornados mais intensos, o mundo deve presenciar fortes nevascas, como vêm
ocorrendo neste inverno no hemisfério norte, secas prolongadas e violentos temporais. Para os
especialistas, se as alterações climáticas não são responsáveis pela ocorrência direta desses
fenômenos, o aquecimento global ajuda a torná-los mais intensos

Imigração

Migrantes são escoltados pela polícia na região de Brezice, na Eslovênia, em outubro de 2015:
autoridades europeias relutam em permitir a entrada de refugiados (Jeff J Mitchell/Getty Images)

O mundo vive atualmente a mais grave crise imigratória desde o final da II Guerra Mundial. O que
leva milhões de pessoas a se deslocar para locais distantes de sua terra natal são as guerras e
perseguições que estão em curso em diversos países, principalmente na África, no Oriente Médio e
outras partes da Ásia. Como esse cenário turbulento permanece, tudo indica que 2018 deve registrar
novamente um enorme fluxo de pessoas em busca de melhores condições de vida.

Com a persistência dessa crise, a reação dos países que recebem imigrantes pode endurecer. Na
Europa já há um forte movimento entre algumas nações para restringir o acesso de refugiados e criar
meios legais para deportá-los. Nos EUA, Donald Trump insiste em reprimir a entrada de imigrantes de
alguns países muçulmanos e pode ampliar as restrições para outras nações. Em 2018, algumas das
rotas de refugiados menos evidentes podem ganhar maior relevância, como na África ou na Ásia.

A Importância Das Exportações Para O Brasil

Você deve se lembrar da Operação Carne Fraca, realizada pela Polícia Federal, que desvendou um
esquema em que funcionários de empresas do setor de frigoríficos pagavam propina a funcionários
públicos responsáveis pela fiscalização da qualidade dos produtos, para que permitissem a sua
venda mesmo fora da validade ou em condições impróprias para consumo.

A notícia, claro, foi muito mal recebida tanto por consumidores brasileiros, quanto por parceiros
comerciais mundo afora, que não tardaram em anunciar a suspensão da importação de produtos das
empresas envolvidas no escândalo – como as gigantes JBS e BRF. O caso derrubou o valor das
ações dessas empresas na Bolsa de Valores de São Paulo e veio em momento delicado, no meio de
uma das mais severas crises econômicas que o país já viveu. Além de tudo, manchou – mesmo que
temporariamente – a imagem de um relevante produto da pauta exportadora brasileira.

Mas afinal, por que é tão importante enviar nossos produtos para o exterior? Não seria melhor
consumir tudo aquilo que produzimos (exceto, é claro, a carne estragada)? Vamos explicar
a relevância das exportações para o Brasil – e, via de regra, para qualquer país.

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

(scyther5/iStock)

A Importância Do Comércio Internacional

Para entender a importância das exportações, é preciso entender a relevância do comércio


internacional como um todo. A teoria econômica clássica, desenvolvida a partir do século XVIII, já
apresentava argumentos a favor da participação dos países no comércio internacional. As parcerias
comerciais, de acordo com essa teoria, sempre seriam benéficas a todos os envolvidos por causa de
uma coisa chamada vantagem comparativa. Segundo esse conceito, criado pelo intelectual inglês
David Ricardo, cada país seria mais produtivo do que outro em alguma área específica da economia.
E essa diferença de produtividade tornaria o comércio algo positivo para todos os seus envolvidos.

Vamos exemplificar. Digamos que dois países, A e B, consomem e produzem frango e automóveis.
Se ambos só produzissem frango, o país A conseguiria produzir 100 toneladas de frango, enquanto o
país B produziria 80 toneladas. Por outro lado, se a produção dos dois países fosse toda voltada para
automóveis, o país A teria capacidade de produzir 50 automóveis, enquanto o país B faria 100.

Tabela 1: Capacidade absoluta de produção de carros e frango – países A e B

Produção Carro Frango


País A 50 200
País B 100 100
Ocorre que o país A não conseguiria consumir todo o frango que poderia produzir, nem o país B teria
condições de utilizar todos os seus automóveis. O que fazer nesse caso? Simples: promover o
comércio. Enquanto o país A produz frango, produto que consegue produzir com mais eficiência, o
país B produz automóveis. Os excedentes que não são consumidos pelas respectivas populações
nacionais são exportados e importados.

Mas a vantagem comparativa vai além do que mostramos no exemplo acima. O que vimos é que o
país A produz mais frango do que o país B, em termos absolutos – e da mesma forma o país B
produz mais carros do que A. Digamos agora que o país A, na verdade, produz apenas 50 toneladas
de frango por hora e a mesma quantidade de tempo rende 100 carros. Ou seja, o quadro ficou
desfavorável para A, observe:

Tabela 2: Capacidade absoluta de produção de carros e frango – países A e B

Produção Carro Frango


País A 50 75
País B 100 100
Agora, o país B possui vantagem absoluta na produção de ambos os produtos, frango e carros.
Nesse caso, o comércio entre os dois países perde sentido, certo? A resposta é: não! Ainda assim,
afirma a teoria econômica, será vantajoso para os dois países manter comércio entre si, mesmo que
B seja mais eficiente que A em tudo. Quer ver por quê?

O Custo De Oportunidade

Tudo se explica por uma coisa chamada custo de oportunidade. O país B possui uma capacidade
de produção limitada, portanto precisa escolher como usar sua mão de obra para conseguir os
produtos que precisa. Por isso, precisa ter em mente que uma hora de um trabalhador preparando

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

frango significa uma hora a menos produzindo carros. Ou seja, é preciso descobrir quanto cada país
perde se focar sua produção em apenas um produto.

No caso do país B, com os números da tabela anterior, o custo de oportunidade de produzir uma
tonelada de frango é de 100 ÷ 100 = 1 unidade de automóveis. Por outro lado, o custo de
oportunidade para o país A produzir a mesma tonelada de frango é igual a 50 ÷ 75 = 0,66 veículos.
Ou seja, a perda que o país A tem ao escolher se focar na produção de frango é comparativamente
menor do que a perda que B teria se produzisse apenas frango.

Do mesmo modo, o custo de produção de um veículo para A é 75 ÷ 50 = 1,5 tonelada de frango. Para
B, esse custo é de 100 ÷ 100 = 1 tonelada de frango. Ou seja, B perde menos frango que A ao se
focar apenas na produção automotiva. Assim, temos:

Tabela 3: Custo de oportunidade – países A e B

Produção Carros (unidade) Frango (t)


País A 1,5 0,66
País B 1 1
A tabela de custo de oportunidade evidencia que:

 Para A, 1 carro custa 1,5 tonelada de frango;

 Para B, 1 carro custa 1 tonelada de frango.

 Para A, 1 tonelada de frango custa 0,66 unidade de automóvel;

 Para B, 1 tonelada de frango custa 1 unidade de automóvel.

Logo, A é mais eficiente que B em produzir frango e B é mais eficiente que A em produzir
automóveis.

Hipótese 1: produção SEM comércio

Suponha que A dedica metade de sua produção para carros e a outra para frangos. Nessa situação,
produziria 37,5 toneladas de frango e 25 unidades de carro. Já B produziria 50 toneladas de frango e
50 carros, conforme mostramos na tabela abaixo.

Produção Carros (unidade) Frango (t)


País A 25 37,5
País B 50 50
Total 75 87,5
Hipótese 2: produção COM comércio

Nessa situação, A volta-se 100% à produção de frango, por isso consegue produzir 75 toneladas. Já
B diminui sua produção de frango para que possa produzir mais carros. Ambos realizam comércio, A
exportando frango e B exportando carros. Veja como a produção de ambos os produtos aumenta.

Produção Carros (unidade) Frango (t)


País A 85 75
País B 85 15
Total 95
Portanto, se A se especializar em produzir frango e B se especializar em automóveis e ambos
realizarem comércio, a produção global de ambos será maior e mais eficiente. Com o comércio
entre eles, A poderá adquirir carros a um custo menor e B terá à disposição frangos a um menor
custo.

É por isso que se sustenta que o comércio internacional sempre beneficiará a todos os envolvidos,
pois ao explorarem suas vantagens comparativas, os países conseguem obter ganhos de
produtividade – fica mais barato produzir e adquirir produtos. Além disso, fazer comércio significa
obter produtos que nós não temos condições de produzir internamente. Para pagar pelas
importações, é necessário fazer exportações – se não oferecemos nada em troca do que importamos,

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

geramos deficit na nossa balança comercial, pois mais dinheiro sair do país do que entrar. Deu pra
entender?

(ake1150sb/iStock)

Na Prática, Como É A Dinâmica Das Exportações?

É preciso fazer a ressalva de que esse é apenas um exemplo simplificado da teoria das vantagens
comparativas, que continuou a ser aprimorada nos séculos seguintes. Esse modelo teórico também
ganhou críticas, como a teoria da deterioração dos termos de troca, da Cepal (Comissão
Econômica para a América Latina), segundo a qual o comércio internacional pode ser mau negócio
para países em desenvolvimento, normalmente com vantagens comparativas em produtos agrícolas,
de baixo valor agregado.

De maneira simplificada, essa teoria afirma que o valor dos produtos agrícolas tendem a diminuir,
enquanto os produtos de países desenvolvidos (industrializados, de alto valor agregado) tendem a
aumentar. Isso tornaria o comércio internacional mais injusto para países subdesenvolvidos, que para
solucionar o problema, de acordo com a Cepal, precisariam desenvolver uma indústria própria para
de fato experimentar o crescimento econômico.

De todo modo, com a criação da Organização Mundial do Comércio (OMC) e a liberalização


econômica vivida nas últimas décadas, a tendência é que haja cada vez mais abertura comercial no
planeta. Tem prevalecido a ideia de que o comércio internacional tende a gerar mais benefícios do
que perdas e que abrir os mercados para produtos estrangeiros é melhor do que se fechar para eles.

Ok, E O Que Isso Tudo Tem A Ver Com As Exportações Brasileiras?

Ora, é para pagar por produtos de nossa necessidade ou desejo feitos por outros países que o Brasil
também dedica parte de sua produção para a exportação. Em 2016, por exemplo, nossas
exportações geraram divisas (dólares e outras moedas conversíveis usadas em transações
internacionais) de US$ 185 bilhões, de acordo com o Ministério da Indústria, Comércio Exterior
e Serviços. Parte desses recursos serviu para compensar as importações, que atingiram US$ 137
bilhões. O restante foi incorporado de diversas formas à nossa economia. Ou seja, no final das
contas, tivemos uma entrada de divisas no nosso país, agregando ao nosso Produto Interno Bruto
(PIB).

Mas nem tudo é positivo. Esse resultado, que foi o maior superavit alcançado desde os anos 1980 no
país, teve a ver com a forte queda das importações (cerca de 20% no ano), causada principalmente
pela crise econômica brasileira. O valor das exportações, aliás, também caiu, mas a um ritmo bem
menor do que as importações (3,5%). Tudo isso tornou esse resultado, aparentemente positivo, um
pouco mais amargo.

A Importância Da Carne Nas Exportações?

Mesmo sendo um país considerado industrializado, o agronegócio continua a ser um dos setores
mais fortes da economia brasileira. Isso pode ser verificado na relação de produtos mais exportados
por empresas brasileiras.

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

Em 2016, segundo dados do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, a carne de frango
congelada, fresca ou refrigerada correspondeu a 2,92% das exportações brasileiras. Já a categoria
―Carne de bovino congelada, fresca ou refrigerada‖ correspondeu a 2,35% das exportações. Ou seja,
apenas esses dois produtos, de baixo valor agregado, foram responsáveis por trazer cerca de 1 em
cada 20 dólares vindos de exportações do nosso país.

Com a deflagração da Operação Carne Fraca, vários importadores da carne brasileira anunciaram
suspensões do comércio desse produto, entre eles a União Europeia, formada por 27 países, que
suspendeu a compra de carnes dos 21 frigoríficos envolvidos. A China, principal parceira comercial
do Brasil, suspendeu as importações da carne brasileira, mas logo as retirou, mantendo medidas
restritivas apenas aos frigoríficos sob suspeita. Decisão semelhante foi tomada pelo Vietnã. O Japão
suspendeu especificamente a importação do frango – o país asiático é nosso terceiro maior
importador desse produto. Muitos desses países também determinaram o aumento da fiscalização
dos produtos.

Essas medidas, mesmo que temporárias, geraram grandes perdas: as empresas JBS e BRF – duas
gigantes do setor alimentício brasileiro – chegaram a R$ 5,5 bilhões apenas um mês após o início da
Carne Fraca. Pode-se dizer que o caso reafirmou a importância do comércio internacional para o
Brasil – e também a lição de que negligenciar a qualidade de nossos produtos terá sempre um preço
alto para o país.

EUA Decretam Fim Da Neutralidade De Rede

Estados Unidos acabam com neutralidade de rede na internet do país

Manifestantes contra a decisão dos Estados Unidos de decretar fim da neutralidade de rede (Chip
Somodevilla/Getty Images)

Na última quinta-feira (14), a Comissão Federal de Comunicações dos Estados Unidos (FCC) aboliu a
norma que instituía a obrigação da neutralidade de rede para operadoras de telecomunicações.

Aprovada no país sob a administração de Barack Obama em 2015, na neutralidade de rede as


empresas que controlam infraestruturas de telecomunicações por onde ocorre o tráfego de dados da
internet não podem tratar de forma discriminatória as informações que circulam nesses espaços.

Em outras palavras, uma operadora de telefonia que também controla banda larga não pode deixar
lenta ou ruim a conexão de um usuário que utilize a rede para se conectar a um serviço online de
chamadas, como o Skype.

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

Relatório da ONU indica que economia mundial teve em 2017 maior crescimento em seis anos

(William_Potter/iStock)

Lançado na última segunda-feira (11), um relatório das Organizações das Nações Unidas (ONU)
aponta que este ano a economia mundial ganhou força com a diminuição das fragilidades associadas
à crise financeira global e teve o maior crescimento desde 2011.

Japão Faz Acordo De Livre-Comércio Com UE

UE e Japão concluem acordo de livre-comércio

Nesta sexta-feira (8), a União Europeia (UE) e o Japão concluíram negociações sobre um acordo de
livre-comércio. O acordo precisa ser aprovado pela Eurocâmara e os Estados membros para poder
entrar vigor em 2019. O acordo une dois parceiros que movimentam 40% do comércio e possuem
30% do PIB mundial e é o maior pacto comercial já negociado pela UE. O presidente da Comissão
Europeia, Jean-Claude Juncker, e o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, consideraram que o
acordo envia ―um sinal claro ao mundo‖ do compromisso de ambas as partes para que a economia
mundial funcione com mercados ―abertos, livres e justos‖ e ―lutando contra a tentação do
protecionismo‖. Leia a notícia.

ONU estima que quase 1 bilhão de pessoas no mundo vivam sem eletricidade

Nesta terça (5), a Organização das Nações Unidas alertou que quase 1 bilhão de pessoas vivem
atualmente sem eletricidade e que cerca de 780 milhões delas poderão permanecer fora da rede
elétrica até 2030. No entanto, a situação melhorou nos últimos anos porque proliferaram pequenos
sistemas de energia solar distribuída a clientes de baixa renda na África e na Ásia, onde vivem pelo
menos 95% da população mundial sem eletricidade. Leia a notícia.

Bolívia manifesta interesse em fornecer energia a estados brasileiros vizinhos

Michel Temer e Evo Morales durante encontro em Brasília, nesta semana (Beto Barata/PR/Fotos
Públicas)

Em reunião com Michel Temer em Brasília nesta terça (5), o presidente boliviano Evo Morales
declarou interesse em fornecer energia aos quatro estados brasileiros que fazem fronteira com a
Bolívia – Acre, Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Além de eletricidade e derivados do
gás natural, o país diz poder contribuir com integração rodoviária, pontes e outras infraestruturas. Os

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

dois governos têm ainda o interesse mútuo de dispor de uma saída ao Pacífico‖ por meio do projeto
do Corredor Ferroviário Bioceânico, que atravessaria o Peru, a Bolívia e o Brasil, fazendo uma
ligação do Oceano Pacífico até o Atlântico. Leia mais.

ONU Alerta Para Aumento Da Degradação Dos Solos Do Planeta

A Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) fez um alerta na terça (5)
para o aumento da degradação dos solos a nível mundial, devido a práticas inadequadas de
manuseio da terra. Segundo a FAO, aproximadamente 33% dos solos globais estão
degradados. Segundo estimavas da FAO, mais de 10 milhões de pessoas já abandonaram os seus
países de origem devido a questões ambientais, como seca, erosão do solo, desertificação e
desmatamento. Até 2050, a população mundial deverá atingir 9 bilhões de pessoas, o que obrigará os
agricultores a produzirem pelo menos 49% de alimentos sob um clima cada vez mais difícil de
prever. Leia a notícia.

EUA Reconhecem Jerusalém Como Capital De Israel E Hamas Convoca Nova Intifada

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (6) que seu país passa
a reconhecer Jerusalém como capital de Israel e determinou a transferência da embaixada, que está
em Tel Aviv. A medida já começou a gerar tensões no Oriente Médio: no dia seguinte (7), o
movimento islamita Hamas convocou os palestinos a começar uma terceira Intifada, termo que vem
do árabe e significa levante ou revolta (no caso, contra a política de expansão de Israel na região)

Coreia Do Norte Lança Míssil E Ameaça Os Eua

A Coreia do Norte informou na quarta-feira (29) ter testado com sucesso um novo míssil balístico
intercontinental (ICBM), nas proximidades do Japão, que coloca toda a área continental dos Estados
Unidos ao alcance de suas armas nucleares. A informação é da Reuters. O primeiro teste de um
míssil norte-coreano desde setembro vem uma semana depois de o presidente dos EUA, Donald
Trump, recolocar a Coreia de Norte em uma lista de países que, afirma Washington, apoiam o
terrorismo, permitindo a imposição de novas sanções aos norte-coreanos.

Pelo Twitter, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, defendeu a liberação de financiamento
para a área de segurança. ―Depois do lançamento dos mísseis da Coréia do Norte, é mais importante
do que nunca financiar nossos militares‖, escreveu Trump.

A embaixadora dos Estados Unidos na ONU, Nikki Haley, disse que a Coreia do Norte será
totalmente destruída se ocorrer uma guerra. Haley participou de uma reunião de emergência do
Conselho de Segurança da ONU, na quarta-feira, depois do lançamento do míssil. ―Nós nunca
buscamos guerra com a Coreia do Norte e, ainda hoje, não a buscamos. Se ocorrer uma guerra, será
por causa dos atos de agressão contínuos, como o que testemunhamos ontem‖, disse Haley. A
reunião foi convocada pelos Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul.

Ex-Membros Do Governo Da Catalunha Comparecem À Suprema Corte

Oito ex-membros do gabinete da Catalunha, atualmente detidos enquanto aguardam


julgamento, comparecerão à Suprema Corte nesta sexta-feira (1º), após solicitarem sua liberação
antes de uma eleição regional que acontecerá no dia 21 de dezembro, desencadeada por um
contestado referendo de independência.

O vice-presidente destituído da Catalunha, Oriol Junqueras, um dos principais candidatos do partido


Esquerda Republicana da Catalunha (ERC) para a eleição, pediu autorização para deixar a cadeia
para fazer campanha para a votação convocada pela Espanha.

O referendo do dia 1º de outubro, considerado inconstitucional por Madri, e a subsequente


proclamação de independência da rica região arrastou a Espanha para a pior crise política em
décadas e levou o governo central a impor controle direto sobre a Catalunha.

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

Reconstrução da Síria vai custar US$ 250 bilhões; governo participará de diálogo de paz

A cidade de Jarablus, na Síria, destruída após ataques do Estado Islâmico, em 2016 (Defne
Karadeniz/iStock)

A reconstrução da Síria custará pelo menos US$ 250 bilhões, disse Staffan de Mistura, enviado
especial do secretário-geral das Nações Unidas para o país. Ele informou aos Estados-membros do
Conselho de Segurança da ONU que a guerra dos últimos seis anos obrigou metade da população
síria a fugir das suas casas.

A delegação do governo da Síria participa da oitava rodada do diálogo de paz com a oposição, em
Genebra, na Suíça. A informação é da Agência EFE. A oposição síria, pela primeira vez unificada e
liderada por Nasser Hariri, reiterou sua exigência de que Assad não permaneça no poder assim que
for iniciada uma transição política no país árabe.

Nicolás Maduro Será Candidato À Presidência Em 2018 Na Venezuela

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, buscará a reeleição para o cargo nas eleições que
devem ser realizadas antes do fim de seu mandato, em 2018. A confirmação da candidatura
anunciada pelo vice-presidente do país, Tareck El Aissami, durante um evento do Partido Socialista
Unido da Venezuela (PSUV) realizado no estado de Aragua, como parte da campanha para o pleito
municipal de 10 de dezembro. A informação é da agência EFE.

―Temos já 18 governadores. Vamos ter em breve a maioria das prefeituras. Já temos a Assembleia
Nacional Constituinte e vamos ter, com a ajuda de Deus e do povo, a reeleição do nosso irmão
Nicolás Maduro como presidente da República‖, disse o ex-governador de Aragua El Aissami.

Imperador Japonês Akihito Abdicará Do Trono Em 30 De Abril De 2019

O imperador Akihito renunciará ao trono do Japão no dia 30 de abril de 2019, a primeira abdicação de
um monarca japonês em quase dois séculos. A informação é da agência Reuters. Akihito passou a
maior parte de suas quase três décadas no cargo tentando curar as feridas da Segunda Guerra
Mundial.

Os dez integrantes do Conselho da Casa Imperial – que conta com parlamentares, membros da
realeza e juízes da Suprema Corte e é presidida pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe –
concordou hoje (1º) com a data. O imperador será sucedido pelo príncipe herdeiro Naruhito, de 57
anos.

Qual O Papel Das Armas Nucleares Em Conflitos Políticos

Com os conflitos entre Kim Jong-un, líder da Coreia do Norte, e Donald Trump, presidente
dos Estados Unidos, o papel das armas nucleares voltou a ser debatido. É provável que tenhamos
uma guerra nuclear? Se sim, como ela seria?

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

(donfiore/iStock)

Quais Os Tipos De Armas Nucleares?

As armas nucleares, também chamadas de bombas atômicas, são armamentos de grande poder
destrutivo. Sua força vem de reações nucleares, ou seja, reações que acontecem no núcleo dos
átomos, as partículas minúsculas que formam toda matéria existente – objetos, animais, natureza,
tudo. Essas reações são provocadas pelos humanos para que liberem grande quantidade de energia
– e poder explosivo.

Existem basicamente dois tipos de reações possíveis, que resultam em dois tipos de armas
nucleares: por fissão ou por fusão dos núcleos atômicos. Vamos explicar melhor cada um deles.

Fissão Nuclear

Na fissão nuclear, núcleos de elementos pesados, como o urânio e o plutônio, são quebrados em
átomos menores, através do bombardeamento com nêutrons – partículas minúsculas que também
integram os átomos.

Quando a desintegração ocorre, novos nêutrons são liberados, atingindo os núcleos dos átomos
pesados que se encontram a sua volta, resultando em uma reação em cadeia que só terá fim quando
todos os elementos pesados já tiverem sido quebrados em átomos menores.

Este tipo de armamento nuclear foi utilizado ao final da Segunda Guerra Mundial, pelos Estados
Unidos, contra duas cidades japonesas: Hiroshima e Nagasaki. Na primeira, foi utilizado o urânio e,
na segunda, o plutônio. Estima-se que cerca de 200 mil pessoas tenham falecido por consequência
de seu uso, tanto no momento da explosão quanto pela radiação liberada.

Fusão Nuclear

Na fusão nuclear, como o nome diz, ocorre quase o oposto que na fissão: os núcleos, ao invés de
serem quebrados em elementos menores, juntam-se, formando átomos mais pesados. Do mesmo
modo como na fissão, o processo de fusão libera uma enorme quantidade de energia.

Os elementos mais comuns para a realização de uma fusão nuclear são o hidrogênio e o hélio. Por
isso, armamentos nucleares que se utilizam da fusão também são conhecidos como ―bombas-H‖ ou
bombas de hidrogênio.

A bomba mais poderosa já testada era deste tipo: a ―bomba Tsar‖, feita pela URSS em 1961 e cuja
força era equivalente a aproximadamente 3,8 mil bombas de Hiroshima.

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

À esquerda, bombardeio em Hiroshima, 6 de agosto de 1945; à direita, em Nagasaki, 9 de agosto de


1945 (Charles Levy/Wikimedia Commons)

O Papel Das Armas Nucleares Em Conflitos Políticos

Durante a Guerra Fria, URSS e EUA entraram em uma corrida armamentista, buscando expandir ao
máximo seu poder bélico. A corrida incluiu testes e desenvolvimento de armamentos nucleares.
Quando a URSS testou sua primeira bomba atômica, em 1949, o perigo de uma guerra nuclear entre
as duas superpotências se tornou mais real.

Apesar do medo e tensão que geram, as armas nucleares são consideradas um dos grandes motivos
para que a Guerra Fria não tenha se tornado ―quente‖. Com a perspectiva de destruição mútua,
ambos os Estados evitaram um conflito direto durante os mais de 40 anos em que durou o embate. O
poder das armas nucleares e seu papel na Guerra Fria – bem como nos conflitos atuais – pode ser
resumido em 5 pontos.

Físico

As armas nucleares possuem um enorme poder de destruição. Para termos uma ideia, os mísseis
atuais podem transportar mais de 100 vezes o poder explosivo da bomba de Hiroshima. Além disso,
as consequências das bombas nucleares ainda são incertas. Alguns afirmam que uma guerra nuclear
geraria tanto carbono e poeira na atmosfera que impediria as plantas de realizarem a fotossíntese,
acabando com os tipos de vida que conhecemos atualmente.

Político

Com as armas nucleares, percebeu-se uma desproporção entre os meios militares (possibilidade de
destruição total) e todos os fins políticos que o país poderia almejar, ou seja, não existe objetivo
político que justifique a possibilidade do país ser totalmente destruído. Essa desproporção ocasionou
uma paralisia na utilização da força total durante a Guerra Fria, pois o preço a se pagar para alcançar
os objetivos políticos do país era muito grande.

Assim, foi restaurada a guerra limitada (os países não utilizavam todos os seus meios bélicos
possíveis), as várias crises substituíram uma única guerra central, a dissuasão (desencorajamento
pelo medo) se tornou a estratégia central de ambos e as duas superpotências buscaram ser
prudentes, tendo o objetivo em comum de evitar a guerra nuclear.

Equilíbrio De Terror

Com as armas nucleares, o poder das superpotências foi equilibrado através do terror. Com isso,
queremos dizer que as demonstrações de força eram mais psicológicas do que físicas. As armas
nucleares não eram utilizadas, e, portanto, seu poder não era visto, mas o conhecimento de que elas
existiam era suficiente para impedir um ataque inicial de ambos os lados.

Esse pode ser chamado de ―efeito bola de cristal‖. Com as armas nucleares, os líderes de ambos os
blocos conseguiam prever o que aconteceria se dessem o primeiro passo: destruição de seu território
e milhões de mortes. Assim, calculavam que os custos de iniciar uma guerra direta eram muito altos
comparado ao retorno que poderiam ter. O fato é que este equilíbrio de terror, somado ao sistema
bipolar, produziu o mais longo período de ―paz‖ entre as potências centrais desde o início do
sistema de Estados modernos.

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

Dissuasão Nuclear

Esse tipo de dissuasão remete ao raciocínio de que um não pode impedir o outro de atacar primeiro,
mas a retaliação de ambos os lados será tão violenta que nenhum dos dois irá realizar o ataque
inicial. Para que a dissuasão seja efetiva, dois elementos devem estar presentes: a capacidade de
destruição e a credibilidade de que as armas serão utilizadas. A capacidade de destruição era clara
por ambos os lados da Guerra Fria a partir da década de 1950, já a credibilidade varia em cada caso,
a depender da importância atribuída ao objetivo.

Era provável que os Estados se utilizassem das armas nucleares para defender seus próprios
territórios, por exemplo, bem como de seus aliados mais próximos. Já em conflitos em que não havia
um interesse tão grande, era pouco provável que as armas nucleares fossem realmente utilizadas. Os
Estados Unidos, por exemplo, não poderiam impedir a União Soviética de invadir o Afeganistão
através da dissuasão nuclear, pois a URSS sabia que os norte-americanos não estariam dispostos a
arcar com os custos da retaliação por causa desse território.

Já uma ameaça direta, como a instalação dos mísseis soviéticos em Cuba, tornou mais provável que
um ataque nuclear fosse realizado em auto-defesa, aumentando assim a dissuasão nuclear. A
credibilidade das ameaças estadunidenses de que utilizariam força nuclear caso os mísseis não
fossem retirados talvez tenha sido um dos principais fatores para que a URSS tenha removido seus
mísseis, evitando assim um conflito nuclear.

Questões Morais

As armas nucleares promovem reflexões morais. Por serem armas de destruição em massa, se
utilizadas em grande escala não permitem separar civis de combatentes, por exemplo. Por este
motivo, muitos consideram seu uso ou mesmo seu desenvolvimento, imoral.

Se utilizadas em pequena escala, as armas nucleares podem funcionar do mesmo modo


que armas convencionais, mas como garantir que a partir desse primeiro ataque e de suas
retaliações – principalmente se o Estado atacado também possuir a tecnologia nuclear – não haverá
escalada do conflito e destruição total?

Desse modo, é possível que um Estado que utilize armas nucleares em algum conflito sofra grande
represália internacional, pelo caráter imoral que muitos atribuem a esses armamentos. Este também
pode ser considerado um motivo pelo qual as armas nucleares não foram utilizadas durante a Guerra
Fria.

Destruição em Hiroshima após a bomba de 1945 (Keystone/Getty Images)

Como Seria Uma Guerra Nuclear?

Diante dos fatos apresentados e de toda incerteza e insegurança que cerca a utilização de armas
nucleares em conflitos, parece quase impossível que ocorra uma guerra nuclear nos próximos anos,
certo? Mais ou menos.

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

Uma guerra nuclear ilimitada e absoluta, ou seja, em que todos os recursos possíveis sejam
utilizados – digamos, todo o arsenal de armas nucleares existente hoje – é, realmente, muito pouco
provável, posto que teria o potencial de acabar com a vida na Terra como a conhecemos.

No entanto, um cenário mais possível – ainda que improvável – seria a utilização limitada de armas
nucleares, em alvos específicos e estratégicos. Como já citamos anteriormente, duas bombas
nucleares já foram utilizadas em conflito, com essa mesma característica limitada: em Hiroshima e
Nagasaki. Claro que na época a situação era bem diferente: somente os Estados Unidos possuíam
armas nucleares, portanto não havia perigo de retaliação.

Hoje, além dos EUA, Rússia, China, França, Grã-Bretanha, Índia, Paquistão, Irã e Coreia do Norte
possuem a tecnologia. Desse modo, a utilização de armamento nuclear se torna uma questão muito
mais delicada, posto que uma resposta de igual tipo e porte pode acontecer mais facilmente

Mugabe Renuncia À Presidência Do Zimbábue

O presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, renunciou ao cargo na terça-feira (21), pouco após o
Parlamento ter aberto um processo de impeachment para encerrar seu regime de 40 anos. Aos 93
anos, Mugabe se segurava no poder havia uma semana, desde que o Exército assumiu o controle e
ele foi expulso de seu próprio partido, a União Nacional Africana do Zimbábue – Frente Patriótica
(ZANU-PF), que também cobrava sua renúncia. A queda de Mugabe se deve à rivalidade existente
entre membros da elite governista do país para decidir quem o sucederá. Leia a notícia completa.

Ex-Militar Sérvio-Bósnio É Condenado À Prisão Perpétua Por Genocídio Na Guerra Da Bósnia

O ex-militar sérvio-bósnio Ratko Mladic, conhecido como o ―Carniceiro de Srebrenica‖, foi condenado
à prisão perpétua por genocídio e crimes contra a humanidade nesta quarta-feira (22). Segundo o
Tribunal Penal Internacional para a Antiga Iugoslávia (TPII), Mladic era parte de ―uma equipe
criminosa‖ que buscava a extermínio ―de civis‖ da Bósnia e ―compartilhava a intenção‖ de exterminar
os muçulmanos e croatas durante a Guerra da Bósnia entre 1992 e 1995. Além disso, ele foi
responsabilizado pela ―ordenação‖ do massacre em Sarajevo, pois ―propôs e ordenou‖ o extermínio
da população muçulmana residente na cidade. Sua intenção era impedir o acesso dos civis à água,
comida e eletricidade para que ―vivessem em uma situação de estresse e assédio‖ que provocasse o
terror entre a população de Sarajevo. Mladic se declarou inocente. As informações são da Agência
EFE.

Putin Diz Que Agora Há Oportunidade Real Para Fim Da Guerra Na Síria

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, disse nesta quarta-feira (22) que os jihadistas na Síria
receberam um golpe decisivo e que agora se abre uma oportunidade real de a guerra no país chegar
a um fim. Em um discurso transmitido pela televisão russa, Putin destacou o papel desempenhado
pelo presidente da Turquia e o presidente do Irã para a ―cessação de hostilidades, o cessar-fogo, e as
zonas de redução de tensões‖. Agora, ele quer convocar um fórum para negociações, que chamou
Congresso dos povos da Síria. ―O povo sírio deve decidir por si próprio o seu futuro, pactuar os
princípios da sua ordem constitucional. O processo de reformas não será fácil e exigirá compromissos
e concessões de todas as partes, inclusive o governo da Síria‖

Canadá, EUA E México Conseguem Avanços Para Atualizar Nafta

A quinta rodada de negociações para atualizar o Tratado de Livre Comércio da América do Norte
(Nafta), realizada entre os governos dos Estados Unidos, Canadá e México, obteve avanços. A
informação veio da Secretaria de Economia do México, que sediou a rodada. Tem gerado polêmica
entre os participantes um pedido dos EUA de aumentar o conteúdo regional na produção de
automóveis de 62,5% para 85%, sendo 50% do total de origem americana. Outra cláusula
controversa é a batizada como ―sunset‖, que prevê a revisão do acordo a cada 5 anos e o fim do
pacto caso um dos países-membros não concorde com as novas negociações. A próxima rodada de
conversas ocorrerá entre 23 e 28 de janeiro.

Estado de exceção na Venezuela completará dois anos

O Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela (TSJ) decretou na quarta-feira (22) a


―constitucionalidade‖ do Estado de Exceção e de Emergência Econômica, aprovado pelo presidente

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Nicolás Maduro em janeiro de 2016. A medida ainda foi prorrogada por mais 60 dias, de modo a
completar dois anos de vigência em janeiro de 2018. O TSJ justificou a decisão pelas ―circunstâncias
extraordinárias no âmbito social, econômico e político que afetam a ordem constitucional, a paz social
e a segurança da nação‖. Desde a primeira aprovação, o Parlamento venezuelano rejeitou o decreto
e suas posteriores extensões por considerar que a medida ―aprofunda a grave alteração da ordem
constitucional e democrática‖.

Movimentos Separatistas Da Espanha

Você deve ter ouvido falar que o vice-presidente da Espanha assumiu o controle da Catalunha, no
nordeste do país. Após a tentativa de independência em relação à Espanha, a região catalã perdeu
mais um pouco de sua autonomia local. Mariano Rajoy, atual presidente espanhol, destituiu o
governo catalão e anunciou que serão realizadas novas eleições. Mas devemos lembrar que
esse não foi o único movimento separatista que ocorreu na Espanha. Houve também o do País
Basco, no norte da Espanha e sul da França.

Primeiramente, O Caso Da Catalunha

População balança a bandeira da Catalunha em protesto no dia 3 de outubro em Barcelona,


Espanha, contra a violência policial cometida no dia do referendo pela independência. (David
Ramos/Getty Images)

A Catalunha localiza-se no nordeste da Espanha e, há muito tempo, é culturalmente independente.


Pode-se dizer que o desejo de independência política não é recente. É fato que a Catalunha é uma
das regiões mais ricas da Espanha. Ela concentra cerca de 12% da população do país, representa
aproximados 19% do PIB (Produto Interno Bruto) nacional e quase um quarto
das exportações espanholas.

A Catalunha é uma região autônoma reconhecida pelo Estado espanhol, mas não é independente
dele. Segundo os opositores do movimento separatista, essa condição de independência é ilegal do
ponto de vista constitucional. O que isso significa? A Catalunha, como região autônoma, possui
algumas características próprias: o idioma catalão e o direito de ter um Parlamento próprio, que
decide autonomamente os investimentos em saúde, segurança e educação local. Mas essa
autonomia não é total! E por quê? A Catalunha possui fortes laços com o governo espanhol, o que é
garantido pela Constituição de 1978.

Como Funciona O Governo Catalão?

A Generalidade da Catalunha é o sistema institucional no qual se organiza politicamente o governo


autônomo catalão. Sua sede é o Palácio da Generalidade, que fica em Barcelona.

É importante explicar que a Catalunha nunca foi independente nem se estabeleceu como uma nação.
Mas há muitos séculos possui um Governo próprio, que garante a permanência de vários aspectos
sociais, culturais, políticos e econômicos próprios da região. Ela esteve compreendida dentro
do Reino de Aragão, antigo território cristão que mais tarde integrou-se a outros territórios,
resultando na atual Espanha. A Catalunha possui um organismo político próprio desde esse período,
por volta do século XV.

Portanto, a história da Catalunha sempre esteve ligada à história espanhola. O momento em que isso
ficou mais evidente foi o período ditatorial pelo qual passou a Espanha, como falaremos adiante. Por
enquanto, vamos voltar no tempo para entender a história completa?

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

Em 1700, o monarca espanhol da casa de Habsburgo, Carlos II, faleceu sem deixar herdeiros. Era
preciso buscar seu sucessor, certo?

Em testamento, Carlos II legou a Coroa espanhola a Filipe de Bourbon, neto de Luís XIV, então rei de
França, também da família Bourbon. E agora? Os Bourbons já governavam a França. Se Filipe
subisse ao trono espanhol, a Espanha também teria um membro Bourbon no poder. Muito poder para
uma dinastia só, certo? Muitas nações concluíram que seria. E se houvesse uma união entre França
e Espanha? Bem, Madri e Barcelona aceitaram a nomeação do futuro Felipe V, como veio a ser
reconhecido.

Outras nações, no entanto, como Áustria, Holanda, Inglaterra e Dinamarca, sob reinado de outras
dinastias, como os Habsburgos, temeram um pacto franco-espanhol e estabeleceram a Grande
Aliança. O que aconteceu a partir disso? Houve um confronto armado que durou entre 1702 e 1714,
envolvendo a maior parte das nações da Europa Ocidental. Esse embate pelo trono espanhol
aconteceu basicamente entre os Bourbons e os Habsburgos.

Em 1714, próximo do fim da Guerra de Sucessão, a cidade de Barcelona foi enfraquecendo conforme
as tropas franco-espanholas foram proporcionando um cerco cada vez mais intenso, a fim de manter
o território catalão, sem perdê-lo para outras nações. Nesse período, a Catalunha já era um território
com algumas autonomias políticas, mas foram perdidas na guerra contra os Habsburgos.

O sentimento nacionalista catalão, se assim podemos chamá-lo, voltou a crescer na segunda


metade do século XIX e no início do XX. Em abril de 1931, ocorreu a proclamação da Segunda
República Espanhola (1931-1939). Em 1932, a Catalunha alcançou seu status de autonomia política,
após um referendo que ocorreu na cidade de Núria. Percebeu quanto tempo a Catalunha demorou
para retomar vários aspectos de sua autonomia?

Nesse período, surge o Generalitat (governo próprio regional), liderado pela Esquerda Republicana
da Catalunha. Os nacionalistas passaram a governar a região.

Nessa história, 1936 é um ano importante. Por quê? Ocorreu a eleição nacional na Espanha e os
partidos de esquerda saíram vitoriosos, formando a chamada Frente Popular. Os opositores
de direita, com a organização e liderança de Francisco Franco Bahamonde (1892-1975), deram um
golpe de Estado, inclusive apoiados por várias regiões espanholas.

Quem Era Francisco Franco E Qual Movimento Liderava?

Francisco Franco começou a ganhar reconhecimento na década de 1920, por sua atuação no
campo de batalha em campanhas na África. Ele foi promovido a general de brigada em 1926. Com a
proclamação da República em 1931, perdeu cargos de responsabilidade. Voltaria a ganhar cargos na
hierarquia militar em 1933, com a ascensão de um governo de direita.

As condições políticas e eleitorais da Segunda República Espanhola (1931-1939) foram bem


confusas. Cerca de 16 personagens chegaram a ocupar o governo nacional nesse período, o que
reflete a instabilidade política que dominou a década de 1930 espanhola.

Com a conquista eleitoral da Frente Popular em 1936, em novas eleições, Franco perdeu influência
militar. Não aceitando essa realidade e com apoio de vários grupos dentro da Espanha, liderou o
golpe político. Mas por quê? Muitos opositores do governo de esquerda foram os
chamados falangistas, simpatizantes do nazi-fascismo. Esse grupo incluía muitos empresários,
latifundiários, militares e membros do que seria a classe-média espanhola do período. Os falangistas,
que lutavam contra o socialismo e comunismo, tinham inclusive apoio militar e financeiro dos
governos alemão e italiano, extremamente influentes na época. Esse movimento era liderado pelo
general Francisco Franco.

Depois do golpe de Franco, grande parte das cidades e regiões industriais permaneceu ligada ao
Governo Republicano de Esquerda, que havia vencido as eleições em 1936. Assim, a Espanha
encontrava-se dividida. Inicia-se a Guerra Civil Espanhola (1936-1939).

O governo de Francisco Largo Caballero (1869-1946), do Partido Socialista Operário Espanhol que
havia vencido as eleições em 1936, passou a sofrer ataques constantes do movimento liderado pelo
general Francisco Franco, que venceu a Guerra Civil. Instaurou-se a ditadura por toda a Espanha,

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incluindo as regiões autônomas, vivendo sob a repressão por décadas. Madri, capital da Espanha,
concentrou todos os poderes políticos. Uma das consequências dessa ditadura foi a proibição oficial
do uso do idioma catalão.

Apoiadores da declaração de independência se manifestam nas ruas de Barcelona, nesta sexta-feira


(27), após decisão do governo espanhol de intervir na região. (Jack Taylor/Getty Images)

A Volta Da Democracia À Espanha

Com a morte de Francisco Franco em 1975, a democracia retornou à Espanha e a nova Carta
Constitucional (1978), vigente até hoje, garantiu à Catalunha uma grande autonomia política, e
assim pôde reviver a Generalitat (governo próprio). Desde esse momento, o partido majoritário foi
o nacionalista conservador ―Convergência e União‖ (CiU). Nesse período inicial, ainda não lutava
pela independência e, inclusive, estabelecia acordos com Madri e os demais partidos espanhóis.

Devemos lembrar que, em 2006, houve um referendo na região catalã, que garantiria a ela duas
condições: a ampliação dos poderes da Generalitat e o status de nação dentro da Espanha. Esse foi
o quarto Estatuto de Autonomia da Catalunha. Houve campanhas contrárias: o Partido
Popular, conservador, apresentou um recurso ao Tribunal Constitucional espanhol contra o referendo.
O judiciário, por sua vez, interviu e retirou o direito do uso do termo ―nação dos catalães‖. Milhares de
pessoas saíram às ruas da Catalunha em protesto. Em 2010, devido a uma crise econômica mundial
que atingiu a Espanha e a Catalunha em grandes proporções, o conflito se intensificou.

O esforço dos independentistas em reunir multidões a favor da separação foi constante, bem como a
realização de referendos. Em setembro de 2017, aprovou-se uma lei para a convocação de um
referendo em 1º de outubro. Esse conflito de interesses ocorreu todo no interior do Parlamento, onde
há membros a favor e também contrários à independência catalã. O referendo foi feito. Então, onde
estavam os opositores parlamentares? Houve reação dentro do Parlamento, mas todas as propostas
contrárias foram negadas em absoluto.

Cerca de 2,2 milhões de pessoas (pouco mais de 40% do eleitorado catalão) votaram no referendo. O
resultado de quase 90% desses votantes foi o ―sim‖ à separação da Catalunha.

O Que Os Catalães Argumentam?

O movimento separatista catalão sustenta-se em diversos argumentos. Confira 10 deles a seguir:

1. A Catalunha é uma das regiões autônomas da Espanha. Os separatistas argumentam que os


aproximados 40 anos de autogovernoculminaram no fracasso dessa condição. Segundo eles, há um
processo de re-centralização acontecendo, no sentido de que o governo de Madri estaria tentando
reduzir a autonomia política catalã. Portanto, sendo que a autonomia já não é mais suficiente, a
alternativa é a independência.

2. Segundo os catalães, a Espanha é um Estado autoritário;

3. Os separatistas acusam a Espanha de roubo. Esse debate começou em 2012. Um dos políticos a
favor da autonomia publicou que a Catalunha contribuía com pouco mais de 16 bilhões de euros no
orçamento comum da Espanha. A ideia do suposto roubo de cerca de 8,4% do PIB da
Catalunha começou a ser propagado nesse período;

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

4. Em 1978, entrou em vigor a Constituição atual no país. Segundo a campanha separatista, essa
Constituição é hostil aos catalães. Seria preciso superá-la, desfazer-se do vínculo com ela e, por isso,
propor a independência;

5. Há quem diga que, separados, os catalães serão mais ricos do que na condição atual;

6. Segundo a lei do referendo, atualmente suspensa, a Catalunha teria o ―direito imprescritível e


inalienável à autodeterminação‖. Para além disso, acreditou-se que esse direito seria reconhecido
internacionalmente, por nações e instituições, como a ONU;

7. A votação que foi convocada para 1º de outubro foi legítimo, de acordo com o governo catalão;

8. Independentes, os catalães continuariam a fazer parte da União Europeia;

9. Segundo o principal lema do movimento separatista: ―Referendo é democracia‖;

10. A guerra que houve 1714 foi ―separatista‖. Baseados em uma determinada bibliografia, muitos
separatistas afirmam que a guerra desucessão que ocorreu na Espanha em princípios do século
XVIII foi uma guerra de secessão, de separação da Catalunha com relação à Espanha. Segundo os
separatistas, a Catalunha foi conquistada e seus habitantes tiveram seus direitos abolidos. Segundo
essa perspectiva, o resultado final foi a submissão catalã ao poder espanhol.

Muitos, no entanto, têm discutido esses argumentos e contradizendo os catalães, fazendo referência
à ilegalidade do referendo realizado em 1º de outubro e do próprio esforço separatista. Essa
condição ilegal supostamente consta no artigo 155 da Constituição espanhola, como será explicado
adiante. Uma das situações mais imediatas desse movimento de independência foi que mais de mil
empresas já iniciaram processo de retirada de sua sede social da região catalã.

Qual Foi A Reação Do Governo Espanhol?

De forma imediata, a primeira reação foi logo no dia do referendo, 1º de outubro, quando a polícia
atuou na tentativa de frear a votação, incluindo o uso da violência, como se sabe, sem sucesso. Do
ponto de vista jurídico, em resposta ao movimento separatista, o governo espanhol acionou o artigo
155 da Constituição de 1978. Em uma reunião com o Conselho de Ministros, no dia 21 de outubro, o
Presidente espanhol, Mariano Rajoy, aprovou a ativação desse artigo. E o que ele diz?

De Acordo Com O Número 1 Do Artigo 155 Da Constituição Espanhola:

―Se uma Comunidade Autônoma não cumprir as obrigações que a Constituição ou outras leis lhe
imponham, ou atuar de forma que atente gravemente contra o interesse geral de Espanha o Governo,
com requerimento prévio enviado ao Presidente da Comunidade Autônoma e, em caso de não ser
atendido, com a aprovação por maioria absoluta do Senado poderá adotar as medidas necessárias
para obrigar àquela ao cumprimento forçoso de ditas obrigações ou para a proteção do mencionado
interesse geral.‖

Do ponto de vista do governo espanhol, esse artigo pode conferir ao governo de Madri plenos
poderes sobre a região catalã. De forma temporária, a autonomia conquistada pela Catalunha pode
ser retirada, tanto quanto as competências do atual governo local. Assim, Madri pode assegurar
controle total sobre todo o organismo governamental catalão, o que inclui, por exemplo, as forças de
segurança, os canais de televisão e as finanças. Para quê? O objetivo do governo espanhol é
realizar novas eleições em breve. Todos os membros do atual corpo administrativo catalão deixarão
seus cargos. Haverá punição? Segundo consta, pode haver, principalmente sob as acusações de
traição e desobediência.

O Que Aconteceu Com O Parlamento Catalão?

O Parlamento catalão é Unicameral e composto por 135 deputados desde a redemocratização


espanhola. Os deputados são eleitos para um mandato de quatro anos, por meio de um sufrágio
universal, direto, secreto, livre e igual.

O Parlamento catalão não deixará de existir. As novas eleições apenas colocarão novos membros no
governo, ou seja, haverá a troca de membros nos cargos públicos da atual gestão, mas as atividades

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

governamentais voltadas à saúde, segurança, educação e outras esferas não serão interrompidas.
Nunca na história da jurisdição espanhola esse artigo 155 foi efetivado. Então, mesmo para o
governo espanhol, trata-se de um contexto totalmente novo. É preciso a aprovação do senado
espanhol para que esse artigo seja posto em prática. Em seguida, o governo da Catalunha deve ser
notificado.

Em tese, uma vez notificada, a Catalunha deve transmitir suas competências ao Governo Central, em
Madri. Assim, ocorre a destituição do governo vigente.

E O Movimento Separatista Do País Basco? Lembra-Se Dele?

Imagem divulgada em 2011 de três militantes do ETA anunciando o fim do conflito armado pela
independência do País Basco. (Gara/Getty Images)

O País Basco é uma região localizada entre França e Espanha. Desenvolveu-se no local uma cultura
que se diferenciou daquelas dos países que a cercam. Os bascos possuem inclusive um idioma
próprio, o euskara. O desejo de independência que existe no País Basco não é recente. Assim como
os catalães, eles não possuem direito legal à independência. Cerca de 90% do País Basco encontra-
se em território espanhol, enquanto os outros aproximados 10% ficam no interior da França.

Lembra-se da Guerra Civil Espanhola (1936-1939) citada anteriormente? Pois é, um dos eventos que
mais ganharam destaque nesse período foi o bombardeio aéreo na pequena localidade de Guernica,
em 26 de abril de 1937, no País Basco.

A cidade de aproximados 6 mil habitantes teve a maior parte de seu território destruída por um ataque
aéreo realizado por aviões alemães da Legião Condor, numa experimentação bélica nazista. Esse
ataque apoiou o regime ditatorial de Francisco Franco. Lembra-se da tela ―El Guernica‖ (1937), de
Pablo Picasso (1881-1973)?

O movimento liderado pelo general Francisco Franco venceu o combate civil e impôs duras medidas
aos pequenos grupos étnicos. No caso do País Basco, proibiu-se o ensino do idioma local (euskara) e
a exaltação de seus símbolos. A Catalunha também passou por essa repressão.

Como Está O País Basco Agora?

Já ouviu falar do ETA? Trata-se do grupo separatista basco. A sigla significa Euskadi Ta
Askatasuna ou ―Pátria Basca e Liberdade‖, na tradução literal. O ETA foi fundado em 31 de julho de
1959 e tinha como objetivo principal a independência do País Basco, mantendo, assim, seus próprios
aspectos culturais e sociais.

Em 1975, houve uma mudança na história desse grupo: o falecimento do general Francisco Franco.
As Cortes Gerais da Espanha proclamaram Juan Carlos como rei da Espanha, redemocratizando o
país. Ele ainda vive, mas abdicou ao trono espanhol em junho de 2014, favorecendo seu filho, Filipe
VI.

Com a volta do regime democrático, o País Basco alcançou a condição de região autônoma,
compreendendo um sistema próprio de impostos e até uma polícia própria. A população basca
recebeu de volta inclusive aqueles direitos retirados durante a ditadura franquista.

Porém, o grupo ETA não encerrou suas atividades, como muitos esperavam. Em vez disso, alguns
membros do ETA permaneceram na ativa e tornaram-se o principal eixo a favor do processo

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

separatista. O caminho trilhado passou a envolver técnicas terroristas. Ao longo do tempo, houve
vários atentados e cada vez mais a simpatia e o apoio a esse grupo foram diminuindo entre a
população basca. Pelo que parece, para muitos bascos as autonomias instituídas com a Constituição
de 1978 já eram suficientes.

O grupo ETA chegou a ter cerca de 3.800 militantes. Porém, desde 1961 já foram
aproximadamente 3.300 presos pela Espanha. Em 2011, o ETA declarou o fim de suas atividades
armadas. O atual movimento separatista na Catalunha preocupa a muitos na região basca. Mesmo
com o fim do ETA, e com o clima social e político apaziguado, há certo receio de que o histórico de
conflitos e violência tenha novos episódios.

Catalunha Declara Independência Da Espanha;

Os parlamentares catalães aprovaram, em votação secreta, a independência da Catalunha nesta


sexta-feira (27). Foram 70 votos a favor, dez votos contrários e dois em branco. A oposição havia se
retirado do plenário minutos antes e se absteve de votar. A decisão aconteceu aproximadamente às
15h30 no horário europeu (11h30 no horário de Brasília).

O Senado espanhol aprovou por 214 votos a favor, 47 contra e uma abstenção a aplicação do artigo
155 da Constituição espanhola, para suspender a autonomia da Catalunha e destituir o líder
regional, Carles Puigdemont. O dispositivo interfere ainda no governo da região autônoma. A decisão
aconteceu por volta das 16h (12h horário de Brasília).

Está marcada para as 19h de hoje (15h no horário de Brasília) uma reunião extraordinária do
Conselho de Ministros, que vai efetivar a intervenção do governo espanhol na Catalunha.

Pesquisa mostra que 68% dos bolivianos não querem nova candidatura de Evo Morales

Pesquisa realizada pelo Instituto Ipsos e divulgada na terça-feira (24) mostrou que 68% dos
bolivianos rejeitam a possibilidade de o presidente do país, Evo Morales, ser candidato nas eleições
de 2019 para tentar o quarto mandato seguido. A informação é da Agência EFE.

Foram ouvidas 1.000 pessoas nas dez principais cidades do país entre os dias 1º e 10 de outubro,
com uma margem de erro de 3,1 pontos percentuais. O apoio para que Morales volte a se candidatar
é de 30%, de acordo com a pesquisa. Em nove cidades, a rejeição às pretensões do presidente está
entre 53% e 83%. Em La Paz, a capital do país, 67% dos moradores se opõem à candidatura de
Morales. Já em Santa Cruz de La Sierra, esse índice chega a 75%.

A única cidade que apoia uma reeleição de Morales é El Alto, vizinha de La Paz, com 52% – 46%
rejeitam a hipótese.

OEA denuncia irregularidades em eleições venezuelanas por falta de observação

A Organização dos Estados Americanos (OEA) denunciou irregularidades e violações sistemáticas


durante as eleições regionais do último dia 15 de outubro na Venezuela devido à falta de observação
independente. A informação é da Agência EFE.

―O processo eleitoral venezuelano esteve infestado de irregularidades que restringiram os direitos


políticos dos cidadãos e impediram que os resultados publicados pelo Conselho Nacional Eleitoral
(CNE) refletissem a vontade do povo venezuelano‖, afirmou a OEA em relatório divulgado ontem (24)
à noite.

Com cerca de 53% dos votos, o chavismo ganhou 18 dos 23 governos no último dia 15 de outubro,
enquanto a oposição, com 45%, conseguiu se impor em apenas cinco.

Coreia do Norte diz que ameaça de teste atômico no Oceano Pacífico é real

Um oficial norte-coreano advertiu os Estados Unidos (EUA) de que a recente ameaça do regime de
realizar um teste nuclear sobre o Oceano Pacífico é firme e deve ser interpretada ―literalmente‖. A
informação foi dada por um alto funcionário do Ministério das Relações Exteriores da Coreia do Norte,
Ri Yong-pil, em entrevista à emissora americana CNN.

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

No último dia 22 de setembro, o chanceler norte-coreano, Ri Yong-ho, disse que, em resposta às


ameaças de intervenção militar americana, seu país poderia testar uma bomba nuclear de hidrogênio
no Oceano Pacífico, se isso for decidido pelo líder Kim Jong-un.

A Coreia do Norte realizou, até o momento, seis testes nucleares, o último no dia 3 de setembro, mas
todos foram detonações subterrâneas e não atmosféricas, como ameaçou fazer sobre o Pacífico.

Tragédias naturais nos Estados Unidos custaram US$ 350 bilhões na última década

Um relatório divulgado na terça-feira (24) pelo governo dos Estados Unidos afirma que tragédias
naturais relacionadas ao clima já impactam no orçamentofederal norte-americano. Na última década,
o país gastou U$ 350 bilhões para responder a tragédias naturais, como furacões e incêndios.

Segundo o Government Accountability Office (GAO, sigla em inglês para Agência de Prestação de
Contas do governo, livre tradução), a projeção é de que o custo para recuperar danos decorrentes de
fenômenos causados por climas extremos deve aumentar no curto e médio prazos.

O relatório prevê que os custos podem chegar a atingir um orçamento anual de US$ 35 bilhões até
2050. O texto diz se o governo norte-americano não se planejar para estes custos recorrentes de
problemas climáticos, eles podem ser um alto risco para as finanças do governo.

9 Casos Marcantes De Corrupção No Mundo

Dificilmente algum brasileiro não concordaria que a corrupção se tornou um tema de debate
recorrente em nossas vidas. Frases como ―político é tudo assim mesmo‖, ―só no Brasil para esse tipo
de coisa acontecer‖ e ―sempre foi e sempre vai ser assim‖ não são inesperadas em almoços em
família, mesas de bar e redes sociais. Mas será que isso é um fenômeno exclusivamente brasileiro?

(PeopleImages/iStock)

A Corrupção É Crime No Brasil?

No Brasil, segundo o Código Penal e a Lei nº 12.846/2013, corrupção política consiste em uma série
de crimes previstos contra a administração pública, tais como abuso de poder, falsificação de papéis
públicos, lavagem de dinheiro, emprego irregular de verbas ou rendas públicas, suborno e nepotismo.

É muito complicado chegar a um valor preciso de quanto dinheiro é desviado pelo Brasil anualmente,
mas diferentes fontes apontam para estimativas de centenas de bilhões de reais, variando entre
entre 2% e 10% do PIB brasileiro.

Diversos mecanismos de prevenção e combate à corrupção vem sendo adotados no país nas últimas
décadas, tais como a criação da Controladoria Geral da União (CGU), em 2003, e do Portal da
Transparência, em 2004. Uma das medidas mais significativas nesse sentido consiste na Lei de
Acesso à Informação, a qual entrou em vigor em 2012 e garante o acesso de qualquer cidadão à
informação sobre dados, registros e procedimentos públicos.

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

Esforços Internacionais No Combate À Corrupção

Um olhar mais atento às notícias internacionais nos mostra que o número de investigações criminais
envolvendo figuras públicas está longe de ser ignorado. Aliás, acordos de cooperação regional
voltados ao combate da corrupção vinham sendo assinados desde 1996 até a promulgação
da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, em 2003.

Os artigos mais importantes tratam da prevenção à corrupção, penalização e aplicação da lei – não
somente ao setor público, mas também ao setor privado -, recuperação de ativos (bens, valores,
créditos, ações e títulos enviados ao exterior de forma ilegal) e cooperação internacional nos esforços
anticorrupção. Em 2009, após a conferência dos Estados signatários desta convenção (dos quais não
fazem parte apenas 15 membros das Nações Unidas, tais como Mônaco, Somália, Suriname e
Coreia do Norte), foi criado um mecanismo de monitoramento da sua implementação para avaliar se
os Estados estão cumprindo suas obrigações.

Quais Os Países Mais Corruptos Do Mundo?

Segundo o Índice de Percepção de Corrupção da Transparency International, publicado anualmente


desde 1995, a média global de corrupção no mundo em 2016 foi de 43 em uma escala de 0
(altamente corrupto) a 100 (altamente transparente) – sendo que a nota máxima atribuída foi 90 e a
mínima, 10. Isso indica a condição endêmica da corrupção nos setores públicos de todas as regiões
do mundo.

Os 5 países mais transparentes são:

 Em 1º lugar estão empatadas a Dinamarca (90) e a Nova Zelândia (90);

 Em 2º lugar estão a Finlândia (89), a Suécia (88) e a Suíça (86).

Nas Américas, quem lidera o ranking é o Canadá (82), seguido dos Estados Unidos (74), do Uruguai
(71), das Bahamas (66) e do Chile (66).

Os 5 países mais corruptos são, em ordem decrescente:

 A Somália (10) – o mais corrupto;

 O Sudão do Sul (11);

 A Coreia do Norte (12);

 A Síria (13);

 O Iêmen (14).

Nas Américas, quem ocupa o pior lugar no ranking é a Venezuela (17), seguida do Haiti (20), da
Nicarágua (26), da Guatemala (28) e do Paraguai (30).

O Brasil encontra-se em 79º lugar dentre os 176 países analisados, com a pontuação 40, superando
seus 38 pontos em 2015, mas abaixo de seus 43 pontos de 2014.

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

(Transparency International/Divulgação)

O relatório também deixa clara a relação entre corrupção e desigualdade social. Segundo a
Transparency International, em consonância com diversos trabalhos acadêmicos da área, existe um
ciclo vicioso em que a corrupção gera uma distribuição desigual de poder na sociedade, o que, por
sua vez, leva a uma distribuição desigual de riqueza e oportunidades. Esta dinâmica acabaria
prejudicando a confiança dos cidadãos na sua própria democracia, voltando-se para líderes políticos
que prometem quebrar o ciclo de corrupção, mas que, no entanto, acabam frequentemente
aumentando, e não resolvendo, a tensão produzida pelo descontentamento popular.

Quais Os Maiores Escândalos De Corrupção No Mundo?

Um dos maiores problemas é que os casos de corrupção impactam negativamente na credibilidade


da democracia e estão geralmente relacionados à falta de transparência e ao nível de desigualdade
social dos países onde ocorrem, como aponta a Transparency International. Esta ONG, sediada em
Berlim, organizou uma lista dos maiores escândalos de corrupção no mundo, baseada em votação
popular, bem como no impacto destes casos sobre os direitos humanos.

Lista ―Desmascare os Corruptos‖, sobre os maiores casos de corrupção no mundo, segundo a


Transparency International.

1. A Fortuna Do Ex-Presidente Ucraniano Viktor Yanukovych (2010-2014)

Responsável pelo desvio de milhões de dólares em apropriação indébita (o valor é incerto devido ao
seu caráter ilícito) e contratos irregulares com diversas empresas durante seu mandato. Declarando
cerca de 5.000 dólares de renda mensal em 2006, sua propriedade de 137 hectares contava com um
zoológico particular, um campo de golfe, um spa e mais de 2 bilhões de dólares em móveis e outros
artigos de luxo em 2013, enquanto a renda per capita da Ucrânia neste ano era menor que 4.000
dólares.

Foi deposto em 2014, após a repressão de protestos que vinham desde 2013 e deixaram mais de 70
manifestantes e 20 policiais mortos, além de mais de 500 pessoas feridas. Fugiu para a Rússia logo
após sua deposição e chegou a ser incluído na lista da Interpol de mais procurados em 2015, mas
conseguiu entrar com uma ação para ser retirado desta em 2016.

2. Petrobras (2014)

Descoberto durante a Operação Lava-Jato, o caso diz respeito a 6,2 bilhões de reais em propinas,
subornos, desvio de dinheiro e demissões em massa na estatal petrolífera brasileira entre 2004 e
2012. O escândalo envolveu mais de 50 políticos atuantes e 23 empresas, dentre elas empreiteiras
conhecidas por exportar práticas corruptas para outros países.

Executivos de mais de 20 construtoras inflaram o valor dos serviços prestados à Petrobras,


canalizando fundos para as contas dos diretores e empresários da petrolífera, além de sua conexão
com partidos políticos. As investigações contribuíram para a atual crise econômica em que o país se
encontra, além de ser responsável pela destruição de milhares de empregos. A maior parte dos
grandes empresários e elite política do país envolvidos segue impune.

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3. FIFA (2015)

Envolvendo a acusação de roubo de até 150 milhões de dólares pelos dirigentes do órgão
responsável pelo futebol mundial através de 81 casos investigados. A Federação Internacional de
Futebol (FIFA) é acusada de redes de cúmplices, lavagem de dinheiro e suborno em todos os
continentes. As Copas do Mundo geram receitas que excedem 5 bilhões de dólares e, uma vez que a
FIFA é isenta de supervisão legal, há pouca transparência em relação ao emprego desses recursos.

As prisões em 2015 por parte da polícia suíça foram seguidas de uma investigação pelo FBI a vários
outros funcionários e executivos. Outra investigação liderada pelo governo suíço que está em
andamento é relativa à lavagem de dinheiro envolvida nas candidaturas da Rússia e do Qatar para as
Copas de 2018 e 2022, respectivamente.

4. Os Desvios Do Ex-Presidente Panamenho Ricardo Martinelli (2009-2014)

Através de mais de 200 casos de investigação, o ex-presidente do Panamá e seus aliados foram
acusados de roubar mais de 100 milhões de dólares dos cofres públicos. As investigações dizem
respeito igualmente à abuso de informação comercial privilegiada, suborno, apropriação indevida de
fundos públicos, abuso de poder e escutas ilegais.

Em 2012, mais de 26% da população do Panamá vivia com menos de 4 dólares por dia – se a
quantia estipulada for confirmada, isso significa que centenas de milhares de crianças e adultos em
situação de vulnerabilidade teriam sido privados de seus direitos básicos. Somente este ano
a Interpol conseguiu prender o ex-presidente em sua residência na Flórida por espionagem ilegal,
dias após ele anunciar sua candidatura para presidência no Twitter.

5. O Inatingível Senador Dominicano Felix Bautista (2010-Atualidade)

Conhecido por ser bem-conectado politicamente, as acusações de abuso de poder, lavagem de


dinheiro, prevaricação e enriquecimento ilícito ao atual senador parecem não sair do papel. Durante a
década de 1990, o atual senador foi nomeado para diversos cargos públicos, tornando-se Chefe do
Gabinete dos Engenheiros Supervisores das Obras Públicas, posição ocupada até 2010.

Ao comparar suas declarações de renda com os valores que, de fato, entravam em sua conta, o
Ministério Público dominicano descobriu, em 2014, que Bautista havia criado uma rede de mais de 35
empresas controladas por ele mesmo, as quais ele usava para ter acesso a contratos públicos.
Movimentando mais de 100 milhões de dólares através de contas na República Dominicana, o
senador adquiriu mais de 150 propriedades, dentre elas apartamentos de luxo e fábricas de asfalto,
bem como jatos privados e estações de rádio.

A acusação parecia inabalável, até que, em 2015, o caso foi encerrado por uma juíza do Supremo
Tribunal (membro do mesmo partido político de Bautista) por insuficiência de provas. Embora a
Procuradoria Geral e a sociedade civil tenham protestado, a juíza manteve sua decisão e
Bautista continua em liberdade.

6. O Sistema Político Libanês

O Líbano sofre de corrupção sistêmica em seu governo, instituições e serviços públicos,


frequentemente causada pela sua relação com o setor privado. O país conta com um sistema político
confessional, segundo o qual todos os grupos religiosos do país teriam sua representação garantida
no Parlamento, possibilitando acordos livres de partilha de poder entre as elites. Há uma complexa
relação enraizada entre as elites governantes e o restante da população, baseada em redes
clientelistas informais, que contribuem para a estagnação das instituições reguladoras do Estado
frente ao combate à corrupção.

Apontado como um dos gatilhos para as revoltas de 2015 no país, está o caso da empresa de coleta
de lixo Sukleen, a qual recebia cerca de 5 milhões de dólares do governo libanês anualmente em
tarifas excessivas, enquanto permitia o grande acúmulo de lixo nas ruas de Beirute.

7. Fundação Chechena Akhmad Kadyrov (2007-Atualidade)

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O atual presidente da Chechênia, Ramzan Kadyrov, governa com imunidade completa. É acusado de
faturar mais de 60 milhões de dólares por mês, apesar de declarar renda de apenas 75 mil dólares,
enquanto 80% da população chechena vive abaixo da linha da pobreza.

A fundação Ahmad Kadyrov foi criada em 2004 para o desenvolvimento econômico-social da região
após a guerra civil, mas sua arrecadação já foi utilizada pelo atual presidente até para comprar
jogadores de futebol para a seleção chechena, construir um zoológico particular e promover festas
para astros de Hollywood.

8. A Superfaturação Do Ex-Presidente Tunisiano Zine Al-Abidine Ben Ali (1989-2011)

A estimativa de renda do ex-presidente e seus aliados consistia em algum valor entre 1 e 2,6 bilhões
de dólares nos últimos 7 anos de seu mandato, segundo pesquisa do Banco Mundial em 2015. Em
controle de aproximadamente 20% dos lucros empresariais tunisianos, o ex-presidente renunciou
após os protestos organizados durante a Primavera Árabe.

Apesar de ter negado possuir contas no exterior, fundos ligados ao ex-presidente já foram
encontrados no Canadá, na União Europeia, no Reino Unido e na Suíça – as autoridade suíças já
iniciaram o processo de devolução de cerca de 40 milhões de dólares que estavam guardados em
uma destas contas para o governo tunisiano. Entretanto, o governo da Tunísia vem trabalhando em
um acordo de anistia que pode vir a atuar em favor do ex-presidente, o que acabou gerando novos
protestos.

9. O Estado De Delaware Nos Estados Unidos

Devido aos baixos impostos, leis estritas de sigilo e sem a necessidade de informar dados sobre a
empresa, o estado tornou-se um tipo de paraíso fiscal para empresários e contrabandistas do país
inteiro. Quase metade das corporações públicas nos Estados Unidos estão incorporadas em
Delaware – em 2012, o estado já possuía mais corporações (tanto públicas como privadas) do que
pessoas. Devido à facilidade do processo de abertura de empresas no estado, o número de
empresas fantasma utilizadas para reverter lucros de atividades ilegais é cada vez maior.

ONU Condena Atentado Jihadista Na Somália

O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou o atentado jihadista que
deixou mais de 300 mortos e 400 feridos no sábado (14) na capital da Somália, Mogadíscio. As
informações são da EFE. Em comunicado, Guterres pediu ―a todos os somalis que se unam à luta
contra o terrorismo e o extremismo violento‖. Os terroristas explodiram os caminhões-bomba em um
movimentado mercado e um hotel, por isso a grande maioria de vítimas é de civis.

A Somália vive em um estado de guerra e caos desde 1991, quando foi derrubado o ditador
Muhammad Siad Barre, o que deixou o país sem um governo efetivo e nas mãos de milícias radicais
islâmicas, senhores da guerra que respondem aos interesses de um clã determinado e grupos de
criminosos armados.

Na quarta-feira (18), o Conselho de Refugiado Norueguês (NRC) informou que mais de um milhão de
pessoas fugiram dos seus lares na Somália este ano devido à grave seca e ao conflito. Estima-se que
mais de 6,2 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária.

Governo Da Espanha Convocará Eleições Na Catalunha Em Janeiro

O governo espanhol entrou em acordo com o Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), principal
partido de oposição, para que sejam convocadas eleições antecipadas na Catalunha. O pleito, que
deve acontecer em janeiro, servirá para evitar a aplicação do Artigo 155 da Constituição espanhola,
que permite ao Estado dissolver o parlamento regional, destituir o líder catalão Carles Puigdemont,
convocar novas eleições e até cancelar a autonomia administrativada Catalunha.

Por enquanto, após a negativa de Puigdemont de acatar as determinações do primeiro-ministro,


Mariano Rajoy, e desistir de levar adiante a independência da região, o executivo já começou a
delinear que medidas serão propostas para que se aplique, pela primeira vez na história do país, o
Artigo 155.

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Grupo formado por 12 países pede auditoria de eleições na Venezuela

Protesto anti-governo em março de 2014 na Venezuela (Jonh Moore/Getty Images)

Os governos do chamado Grupo de Lima, formado por 12 países da América, incluindo o Brasil,
divulgaram na terça-feira (17) um comunicado pedindo a realização urgente de uma auditoria
independente na eleição da Venezuela, ocorrida no último domingo (15). Segundo o grupo, a
auditoria deve ser acompanhada por observadores internacionais especializados e reconhecidos, ―a
fim de esclarecer a controvérsia gerada sobre os resultados da referida eleição e conhecer o
verdadeiro pronunciamento do povo venezuelano‖.

A nota também aponta que as eleições, para eleger governadores dos estados, foram caracterizadas
por diversos obstáculos, atos de intimidação, manipulação e irregularidades, que colocam em
questão os resultados do processo. O Grupo de Lima é formado pelos governos de Argentina, Brasil,
Canadá, Chile, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai e Peru.

União Europeia Adota Novas Sanções Contra Programa Nuclear Da Coreia Do Norte

Os países da União Europeia (UE) aprovaram na segunda-feira (16) novas medidas autônomas
contra a Coreia do Norte por conta da persistente ―ameaça‖ à paz e à estabilidade internacional que
os programas nucleares e o desenvolvimento de mísseis balísticos representam. A informação é da
Agência EFE.

A decisão foi tomada pelos ministros de Relações Exteriores da UE durante uma reunião realizada
em Luxemburgo e na qual analisaram a situação na Península da Coreia, em particular, o ―flagrante
menosprezo as resoluções anteriores do Conselho de Segurança das Organização das Nações
Unidas (ONU)‖ por parte de governo em Pyongyang.

Reprovação Do Governo De Donald Trump Atinge 57%; Aprovação Está Em 37%

Cerca de 37% dos norte-americanos aprovam o governo de Donald Trump de acordo com pesquisa
divulgada na terça-feira (17) pela CNN-SSRS. O índice de aprovação é o mesmo do mês passado. A
reprovação foi de 57%, também a mesma registrada em setembro. O número de norte-americanos
otimistas, no entanto, caiu. Em agosto 53% dos entrevistados disseram que ―as coisas estavam indo
bem‖, percentual que caiu para 46% .

Sobre as políticas polêmicas que Trump quer implementar – reforma tributária, extinção do
Obamacare e plano imigratório –, os dados revelam que quatro em cada dez entrevistados acreditam
que essas políticas serão positivas para o país. Por outro lado, 56% dizem que as mudanças vão
conduzir o país na direção ―errada‖.

A relação política do presidente dos Estados Unidos com o Congresso é vista de forma negativa no
universo global – que inclui entrevistados republicanos, democratas e de outras tendências políticas.
Em geral, 32% aprovam a maneira com a qual Trump se relaciona com os parlamentares, sobretudo
com a base republicana, enquanto 54% desaprovam.

As Faces Do Neonazismo Na Atualidade

Alguns termos da política são usados de maneira errada – ou ao menos inapropriada. É o caso da
confusão entre nazismo e neonazismo. Alguns casos avaliados como neonazistas aconteceram

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recentemente no mundo e uns pensam que o neonazismo é uma vertente atenuada do nazismo, mas
não é bem por aí. Vamos compreender o que é o neonazismo?

O Que É Neonazismo?

O neonazismo é o resgate do nazismo na atualidade, mas com uma face repaginada, a fim de ter
mais sintonia com a época atual. Continuam as ideias nazistas, como a do racismo, do nacionalismo,
do antissemitismo e do anticomunismo.

Manifestação neonazista na cidade de Leipzig, na Alemanha, em outubro de 2006. (Sean


Gallup/Getty Images)

Para os neonazistas, assim como no nazismo alemão, há apenas uma raça soberana: a ―raça pura
ariana‖. Os principais alvos de discriminação são: comunistas, judeus, índios, negros e
homossexuais. Da mesma maneira que vários tipos de preconceito se disseminam, como
a xenofobia, ele tem causas em questões pelas quais certo país está passando, como desemprego,
poucas oportunidades de trabalho, crescente criminalidade, entre vários outros contextos nacionais.
Para eles, uma forma de combater esses problemas é depositar a culpa desses problemas na
presença e cultura do outro no país, como imigrantes, refugiados, estrangeiros.

O grande diferencial do neonazismo é o uso de outra abordagem para a disseminação de suas


ideias. Por exemplo, quando defendem suas ideias ao clamar por uma ―salvação nacional‖,
considerando-se ―libertadores‖ que valorizam a pátria e dela se orgulham. Esses são exemplos da
utilização de palavras brandas, os famosos eufemismos, para maquiar a origem de seus ideais e ter a
possibilidade de atrair mais pessoas, principalmente aquelas que já se identificam com ideais da
extrema-direita. O discurso de ―nós‖ contra ―eles‖ é o mesmo, só está repaginado.

O Que Foi O Nazismo?

O nazismo é o nome de uma ideologia política disseminada amplamente pelo Partido Nacional
Socialista dos Trabalhadores Alemães, que foi criado em 1920 por Anton Drexler na Alemanha. Como
muitos já sabem, essa ideologia logo se espalhou por toda a Alemanha sob o comando de Adolf
Hitler, culminando num regime autoritário nazista, que foi a causa de vários marcos históricos, como o
holocausto e a Segunda Guerra Mundial.

Quais As Características Do Neonazismo?

As características do neonazismo são as mesmas do nazismo, mas com uma abordagem nova e
mais adaptada à atualidade. As origens são similares também: ambas as ideologias florescem em
países, espaços e locais em que há alguma forma de conturbação social, seja o desemprego, a
violência, a desigualdade social e dificuldade de vida em geral. O neonazismo se alastra em quem já
tem um pensamento que caminha em direção à extrema direita.

O neonazismo tem como premissas a supremacia da raça branca – ou, como chamam, a ―raça
ariana‖ –, a anti-imigração – e consequente xenofobia –, o nacionalismo exacerbado, o
anticomunismo, o anticatolicismo, o antissemitismo. Esses comportamentos são diretamente
inspirados no nazismo. Outros, porém, fortaleceram-se apenas com surgimento do neonazismo.
Vejamos:

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

Os neonazistas são chamados de negacionistas. A maioria dos grupos neonazistas nega que o
Holocausto existiu. O Holocausto foi o nome dado ao genocídio de judeus durante a Segunda Guerra
Mundial, em que eles foram perseguidos e aprisionados em campos de extermínio pelo regime
nazista. Nesses lugares, eram levados a câmaras de gás para morrerem por asfixia. Estima-se que 6
milhões de judeus morreram na Alemanha nazista. A estratégia de muitos grupos neonazista é de
negar esse acontecimento, argumentando que não houve essa perseguição e que o número de
judeus mortos durante a guerra não passou de 500 mil pessoas.

Não se intitulam como racistas, apesar de atitudes que corroborem essa prática. O discurso
nazista e neonazista é essencialmente racista, tanto por acreditar em uma supremacia branca como
por ser contra a entrada de outras pessoas – portanto, de outras culturas, outras ideias, outras
vivências e visões de mundo – em seu espaço.

Líder do Partido Nacional Socialista dos EUA fala com jornalistas, em 2005 (Lisa F. Mizelle/Getty
Images)

Como O Neonazismo Se Desenvolveu?

O nazismo não é uma ideia antiga, tampouco uma filosofia que foi expulsa do mundo após a Segunda
Guerra Mundial. Muitas pessoas, e o próprio governo alemão, demonstraram vergonha do Holocausto
e do nazismo depois da guerra. Criaram museus sobre a sua história e monumentos para o
Holocausto, transformaram os campos de concentração – como Auschwitz, o maior deles – em um
lugar aberto para visitação e implementaram nas aulas de história formas de mostrar às novas
gerações as consequências do nazismo, a fim de conscientizá-las.

O Neonazismo Na Alemanha

No berço do nazismo, a Alemanha, entendeu-se que a educação seria também um meio de


conscientização. Em 1991, a agência educacional de monitoramento do governo alemão pediu que o
nazismo fosse total e ostensivamente tratado nas escolas, a fim de que a memória do Holocausto
fosse mantida viva e de que o passado não se repetisse.

Sobre a visão da população alemã acerca do nazismo, o professor de ética comparada da


Universidade Livre de Berlim, Markus Tiedemann, explica como os alemães encaram a história do
nazismo em uma entrevista.

 A esmagadora maioria da população alemã tem a explícita rejeição de todas as formas de


fascismo e racismo e um compromisso com a história alemã, o Holocausto e a Segunda Guerra
Mundial. Tem desejo de paz, tolerância e solidariedade internacional e agem com comprometimento
em prol desses valores.

 Uma segunda parte da população toma esses valores como garantidos, no sentido de não haver
necessidade de relembrá-los o tempo todo – sobre solidariedade, paz e tolerância. Eles tendem a
ignorar os perigos ou a encarar a miséria humana com horror e impotência.

Portanto, por mais que tenha havido educação extensiva no sistema educacional alemão, há dois
resultados: de pessoas que reconhecem esses valores e pessoas que se comprometem com eles;
nem todas serão ativas socialmente para disseminar valores contrários ao do nazismo, por exemplo.
E é importante entender que, por ter sido o país em que o nazismo surgiu e se aflorou, a Alemanha

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ATUALIDADES DO SEGUNDO SEMESTRE DE 2017

não conseguiu extinguir o mal pela raiz. Diversas pessoas que seguiam a ideologia nazista
continuaram no país, como trabalhadores comuns, artesãos, vendedores, médicos, advogados.
Como explica o livro ―Nazismo – como ele pôde acontecer‖, da Superinteressante, essas pessoas
inclusive voltaram a trabalhar no governo.

Exemplo disso foi um dos autores das leis de segregação racial durante o regime nazista, Hans
Globke. Ele se tornou assessor do chanceler alemão nos anos 50, ou seja, estava de alguma forma a
influenciar o governo. Uma das formas de manutenção e sobrevivência da ideologia nazista foi,
então, a criação de grupos remodelados: os que conhecemos hoje como grupos neonazistas.

O Neonazismo No Mundo Atual

Há alguns episódios de grupos neonazistas atuando política e socialmente no mundo. Sobre a sua
atuação política, o neonazismo aparece na sua forma de ideologia. Veja alguns exemplos:

 Na Alemanha, o Partido Nacional Democrático propõe a expulsão de ciganos e turcos do território e


afirma que essa medida seria democrática e uma forma de expressão do nacionalismo.

 Na Grécia, o porta-voz do partido Aurora Dourada, Ilias Kasidiaris, tem uma suástica tatuada em
seu braço e já elogiou Hitler publicamente, mas diz que não é nazista.

Socialmente, milícias e grupos neonazistas atuam ao redor do mundo. Para nomear dois deles,
falamos do grupo Clandestinidade Nacional Socialista que atuou por anos na Alemanha, sendo autor
de ataques por bombas que causaram mortes de oito pessoas. O Movimento de Resistência
Finlandês, que atua na Finlândia, faz protestos contra a entrada de imigrantes e refugiados, atua de
forma violenta e tem diversas acusações de agressão.

Charlottesville: A Passeata De Neonazistas Nos EUA

O mais recente, comentado e visado caso de neonazismo explícito aconteceu em Charlottesville, uma
cidade no estado de Virgínia, nos Estados Unidos. No dia 12 de agosto de 2017, centenas de
pessoas foram às ruas dessa pequena cidade estadunidense de 50 mil habitantes para protestar.
Contra o quê? Contra a presença de negros, homossexuais, imigrantes e judeus. Carregavam tochas,
gritavam palavras de ordem e faziam saudações nazistas. Alguns se vestiam com armaduras e
tinham cacetetes nas mãos.

A passeata neonazista reuniu centenas de pessoas que eram contra a retirada da estátua de um
general confederado – que lutou pelo Sul na Guerra Civil dos Estados Unidos – chamado Robert E.
Lee, pois o consideram um símbolo histórico de ideais como a supremacia branca. Os atos ocorreram
principalmente na Universidade de Virgínia e causaram momentos de tensão e violência,
principalmente com os grupos que faziam oposição aos extremistas de direita – como o grupo Black
Lives Matter (a vida dos negros importa, em tradução literal para o português).

A BBC Brasil enviou o repórter Ricardo Senra para a cidade de Charlottesville e aqui estão algumas
de suas impressões sobre o que ocorreu: ―Os participantes do protesto desta sexta-feira carregavam
bandeiras dos Confederados e gritavam palavras de ordem como: ―Vocês não vão nos substituir‖, em
referência a imigrantes; ―Vidas Brancas Importam‖, em contraposição ao movimento negro Black
Lives Matter; e ―Morte aos Antifas‖, abreviação de ―antifascistas‖, como são conhecidos grupos que
se opõem a protestos neonazistas.‖

Grupos Neonazistas

Os grupos neonazistas existem em todo o mundo, estão espalhados por países como Alemanha,
Espanha, Estados Unidos, Brasil e Uruguai. Alguns dos mais famosos definem sua principal pauta na
―supremacia branca‖ – princípio de que pessoas de pele branca são superiores –, como a Nação
Ariana, o White Power, os Skinheads, a Ku Klux Klan. Vamos falar sobre dois deles: os skinheads e
a Ku Klux Klan.

Os Skinheads

Um grupo muito conhecido é o dos skinheads, formado nos anos 1960 na Inglaterra por jovens de
classe média baixa que, originalmente, não promovia ideais racistas. Mas, na década seguinte,

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devido à recessão econômica e à fragilização da relação com imigrantes, o grupo se uniu ao partido
neonazista inglês Frente Nacional – em inglês, National Front –, que promovia a superioridade
branca. A partir de então, são diretamente associados a ideais neonazistas, fascistas e de extrema-
direita.

Os skinheads ganharam mais notoriedade a partir dos anos 1980, com grupos nos Estados Unidos
que praticavam vandalismo e violência contra grupos de pessoas negras, homossexuais, judeus e
imigrantes latinos.

Ku Klux Klan

Outro grupo, também muito famoso historicamente, é a Ku Klux Klan, conhecida como KKK. A Ku
Klux Klan foi um grupo secreto racista, chamado de clã, com ideais de extrema-direita. Prega o
ultranacionalismo, a supremacia branca, a anti-imigração, o antissemitismo e tem um histórico de
violência grande nos Estados Unidos. Esses ideais foram mais ou menos presentes nas três formas
em que o clã se desenvolveu no país.

A Ku Klux Klan é também conhecida por suas vestimentas características: trajes brancos, como
camisolas, chapéus pontiagudos em forma de cones, apesar com buracos para os olhos. Com essas
roupas, buscavam assustar as pessoas e manter o anonimato de seus membros.

O primeiro clã foi formado em 1866 por soldados veteranos que lutaram pelo sul dos Estados Unidos
– historicamente um território racista, que queria a continuidade do escravismo – e foram derrotados
na Guerra Civil Americana. Não há dados que confirmem quantas pessoas integraram esse clã. O
grupo agiu com violência e intimidação contra os escravos libertos. Em 1882, a Suprema Corte
declarou a existência da KKK como inconstitucional.

O segundo clã passou a agir em 1920 tinha características principalmente antissemitas, xenofóbicas
e nacionalistas. Opunham-se contra os judeus e defendiam a unidade do país, tinham um discurso de
anti-imigração – havia uma onde de imigração vinda da Europa – e de conservação da identidade
nacional. O grupo, que chegou a 4 milhões de membros, fazia grande oposição também à Igreja
Católica, realizando passeatas em massa, com os mesmos trajes do primeiro clã e fazendo queima
de cruzes.

O terceiro clã surgiu em meados dos anos 1950, em diversos lugares nos Estados Unidos, como
uma forma de se opor ao movimento dos direitos civis liderado por Martin Luther King, em busca do
fim da segregação racial e do ódio contra os negros. Agiam de maneira independente e radicalizada:
faziam linchamentos e praticavam terrorismo contra a população negra, inclusive por meio de ataques
por bombas. Devido à violência de seus ataques, o próprio governo estadunidense se viu obrigado a
assinar a Declaração dos Direitos Civis – que previa a igualdade racial – em 1964 e foi revivido um
ato que proibia a ação da KKK no país.

Os dois grupos apresentados não são apenas grupos de extrema-direita, mas sim grupos que se
relacionam diretamente com ideais nazistas, caracterizando-se pelo neonazismo. Casos como o de
Charlottesville, que pregam intolerância, ódio e preconceito têm sido recorrentes no mundo. Devemos
nos educar, entender esses ideais, suas origens e como se manifestam no mundo atual.

Crise Migratória De Venezuelanos Para O Brasil

A crise da Venezuela se intensifica a cada dia, levando milhares de habitantes a deixar o país em
busca de refúgio em outros locais. Neste ano, cerca de 52 mil venezuelanos fugiram da situação de
miséria e perseguição política. Destes, mais de 12 mil vieram para o Brasil.

A Migração Dos Venezuelanos Para O Brasil

De acordo com o Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), depois dos Estados
Unidos, o Brasil é o segundo destino mais procurado pelos venezuelanos, seguido da Argentina,
Espanha, Uruguai e México. As nações receberam milhares de solicitações de migração neste ano.

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Protesto na Venezuela (Getty Images/Getty Images)

A maioria dos venezuelanos que chega aqui entra pela fronteira com Roraima, segundo a
organização Human Rights Watch. Eles solicitam por refúgio, uma permissão para permanecer no
Brasil na condição de refugiados, o que significa que precisaram deixar o país de origem por motivos
de perseguição política ou crise humanitária. Também procuram por trabalho temporário e pelo
Sistema Único de Saúde (SUS), devido ao precário atendimento médico, quando existia, em seu país
natal.

Os imigrantes venezuelanos estão vivendo em condições precárias em Boa Vista, capital do estado,
o que aponta para um estado de urgência na região Norte do Brasil. Enquanto durar a escassez de
alimentos e remédios e o sistema político da Venezuela continuar instável, a tendência é que mais
habitantes continuem deixando o país.

No primeiro semestre de 2017, a Polícia Federal nos Roraima recebeu 5.787 pedidos de refúgio de
imigrantes venezuelanos e a maioria deles permanece no estado. Eles preferem não se afastar muito
da fronteira e manter o contato com a família. Mas há imigrantes que escolhem viajar para outras
regiões para procurar emprego.

Crise Econômica E Política Na Venezuela

A Venezuela tem uma das maiores reservas de petróleo do mundo e já foi um dos países mais ricos
da América Latina. Mas, desde 2013, enfrenta uma série de crises econômicas e políticas
responsáveis pelo aumento catastrófico da inflação, tornando alimentos e medicamentos inacessíveis
para boa parte da população.

Em 2017, as tensões se intensificaram. No dia 30 de julho, os venezuelanos foram às urnas para


eleger uma Assembleia Nacional Constituinte que será responsável por formular a nova Constituição
do país. Nicolás Maduro, o atual presidente do país, afirmou que foi vitorioso e que estará à frente da
formulação do novo documento. Mas países como México, Peru, Brasil e Estados Unidos não
reconheceram o resultado e acusam o regime de totalitário.

O resultado também não agradou parte da população, que continua saindo às ruas para protestar.
Os protestos na Venezuela já geraram mais de 100 mortos, executados com armas de fogo pela
polícia militarizada do país (Guarda Nacional Bolivariana) durante as manifestações. Além da
agitação política, o governo de Maduro foi prejudicado pela queda nos preços do petróleo, produto
responsável por cerca de 95% das receitas de exportação do país. O dinheiro era utilizado para
financiar programas sociais do governo.

Soldados venezuelanos tentam conter protestantes (Susana Gonzalez/Getty Images)

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Como Funciona A Residência Temporária Dos Venezuelanos?

Os venezuelanos não precisam de visto para entrar no Brasil, mas só podem permanecer em
território nacional por até 60 dias na condição de turistas. Para vir trabalhar ou estudar, é preciso
solicitar os vistos específicos.

Diante da crise humanitária, o Brasil criou mecanismos para permitir a residência temporária dos
venezuelanos. Muitos são perseguidos políticos e se encaixam na categoria de refugiados, que vêm
ao país também em busca de melhores condições de vida. Para regularizar sua situação na Polícia
Federal, o imigrante precisava pagar uma taxa de R$311,22 ao governo. Mas em agosto deste ano, a
Justiça Federal em Roraima os isentou do pagamento.

Ao oferecer refúgio, o Brasil permite que os imigrantes obtenham carteira de trabalho temporária e
matriculem seus filhos em escolas. No entanto, a lista de espera para solicitar a regularização dos
documentos é alta: em abril deste ano, já contava com mais de 4 mil pessoas.

Desafios Para Atender O Fluxo Migratório

O Brasil está com dificuldades para atender o alto fluxo migratório de venezuelanos. Um dos desafios
é prover toda a assistência pública à qual têm direito, como a de saúde. Muitos precisam de
assistência médica e recorrem ao sistema público de saúde do estado. O Hospital Geral de Roraima
atendeu 1.815 venezuelanos em 2016. Em fevereiro de 2017, atendia, em média, 300 por dia,
também segundo a Human Rights Watch.

Como não receberam tratamento adequado no seu país, chegam aos hospitais em condições mais
graves do que os brasileiros. Muitos foram tratados para doenças como HIV, pneumonia, tuberculose
e malária e precisam ser hospitalizados.

O Brasil está com dificuldades para atender o alto fluxo migratório de venezuelanos. Um dos desafios
é prover toda a assistência pública à qual têm direito, como a de saúde. Muitos precisam de
assistência médica e recorrem ao sistema público de saúde do estado. O Hospital Geral de Roraima
atendeu 1.815 venezuelanos em 2016. Em fevereiro de 2017, atendia, em média, 300 por dia,
também segundo a Human Rights Watch.

Como não receberam tratamento adequado no seu país, chegam aos hospitais em condições mais
graves do que os brasileiros. Muitos foram tratados para doenças como HIV, pneumonia, tuberculose
e malária e precisam ser hospitalizados.

Além da alta demanda por atendimento médico, os venezuelanos enfrentam outros problemas no
Brasil e em países vizinhos. Segundo a Agência da ONU para Refugiados, os principais desafios são
a falta de documentação, violência sexual e de gênero, exploração e falta de acesso a direitos e
serviços básicos. Em algumas regiões, grupos criminosos cometem abusos físicos contra os
refugiados e podem capturá-los para o trabalho escravo — principalmente quando os imigrantes não
estão com a situação regularizada e, por consequência, não conseguem emprego.

A Rádio Senado, em reportagem especial sobre a crise migratória, revela que ―boa parte dos
venezuelanos vindos para cá são indígenas da etnia warao‖. Há 400 pessoas, que são indígenas
dessa etnia, vivendo em um ginásio cedido pelo governo em Boa Vista que tem capacidade para
abrigar apenas 200. Muitos não falam português ou espanhol e têm dificuldade para se integrar.

Além de ficar sujeitos a ação de grupos criminosos, refugiados de etnias diferentes entram em
conflito. A situação precisa ser intermediada pelas entidades que prestam trabalho voluntário na
região, como a Diocese de Roraima. Os voluntários também auxiliam os venezuelanos a regularizar
os documentos, procurar emprego ou conseguir atendimento médico.

Por fim, há o preconceito e a xenofobia. Na reportagem da Rádio Senado, voluntários e professores


universitários que vivem em Roraima contam que muitos brasileiros acreditam que os venezuelanos
querem roubar seus empregos, já escassos no país.

Mecanismos Para Lidar Com A Crise Migratória

O Brasil é um dos 14 países integrantes da Organização dos Estados Americanos (OEA) que está

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mediando a crise política na Venezuela. As nações se posicionaram contra a eleição da Assembleia


Constituinte e pedem por diálogo entre Maduro e a oposição. O objetivo é encontrar uma solução que
ponha fim à crise política e à migração.

Enquanto isso não acontece, o governo brasileiro deverá criar novos mecanismos para receber o alto
fluxo de venezuelanos que buscam por abrigo e pela chance de uma vida digna. A nova Lei de
Migração, que entra em vigor em novembro, irá facilitar a permanência desses estrangeiros no Brasil
por questões humanitárias, além de isentá-los de taxas por incapacidade econômica.

Representantes de Roraima no Senado Federal, assim como entidades sociais do estado, pedem
outras soluções urgentes. Uma delas é reconhecer a mão de obra qualificada que entra no país,
como médicos e engenheiros, mas acaba trabalhando em subempregos por falta de oportunidade ou
informação. Eles alegam que a região Norte do Brasil tem escassez desses profissionais.
Venezuelanos que têm curso superior e especialização poderiam contribuir com a economia do país
e viver em melhores condições por aqui.

O principal apelo, no entanto, é pela criação de mais abrigos para refugiados em Boa Vista, evitando
que os venezuelanos continuem vivendo miseravelmente nas ruas da capital.

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