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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI

Programa de Pós-Graduação em Tecnologia, Ambiente e Sociedade


Ana Carolina Almeida Silva Mandarino

SUBDESENVOLVIMENTO BRASILEIRO: termo de colaboração e seu impacto para


as indenizações das vítimas do crime ambiental da SAMARCO em Governador
Valadares-MG

Teófilo Otoni
2019
RESUMO

O termo de colaboração firmado entre o Tribunal de Justiça de Minas Gerais e a Fundação


Renova, se deu a partir do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana-MG, e este será
o objeto desta pesquisa, que tem como objetivo demonstrar como a atividade minerária e as
políticas legislativas e judiciárias, acirram ainda mais a condição de dependência externa do
Brasil, como país subdesenvolvido. Para isso, serão estudadas as causas que inaugurou o
convênio firmado entre o Poder Judiciário e as empresas multinacionais, à luz de seus
interesses institucionais e econômicos, e como o Poder Judiciário ficou subordinado às
práticas da Fundação Renova. Sendo assim, pretende-se fragmentar esta pesquisa em duas
áreas: no campo jurídico, apoiando-se nos ensinamentos do processo civil – com advento do
Código de Processo Civil de 2015 – para compreender como se deu o termo de colaboração e
seus desdobramentos na legislação e doutrina brasileira; e, por fim, no campo econômico,
apoiando-se na história econômica brasileira – nas fases do neocolonialismo, imperialismo e
teorias econômicas do subdesenvolvimento brasileiro – para compreensão da atuação do
Poder Judiciário na estrutura capitalista, atendendo os anseios econômicos das empresas
multinacionais na área jurídica, prejudicando a população atingida pelo rompimento da
barragem na cidade de Governador Valadares-MG – localizada no curso do Rio Doce, que foi
gravemente contaminado pela lama tóxica oriunda da barragem.

Palavras chave: termo de colaboração; atividade minerária; subdesenvolvimento brasileiro;


imperialismo; judiciário.
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................3
2 REFERÊNCIAL TEÓRICO................................................................................................7
2.1 Termo de Colaboração e seus impactos socioeconômicos...............................................7
2.2 A tragédia anunciada........................................................................................................11
2.2.1 Surgimento da Fundação Renova..................................................................................13
2.3 O subdesenvolvimento econômico brasileiro..................................................................14
3 OBJETIVOS........................................................................................................................22
3.1 Objetivo Geral..................................................................................................................22
3.2 Objetivos específicos........................................................................................................22
4 JUSTIFICATIVA................................................................................................................ 23
5 METODOLOGIA............................................................................................................... 23
6 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO..................................................................................23
REFERÊNCIAS.....................................................................................................................24
3

1 INTRODUÇÃO

Em 28 de março de 2017, foi firmado o termo de colaboração, entre o Tribunal de


Justiça de Minas Gerais e a Fundação Renova, que se deu a partir do rompimento da barragem
de Fundão, na cidade de Mariana-MG. Esse termo, em tese, foi criado como mecanismo de
atendimento jurisdicional à população que ingressou com as demandas judiciais em desfavor
das mineradoras responsáveis pelo crime ambiental.
Em virtude do rompimento da barragem de Fundão, de responsabilidade da
mineradora Samarco, uma onda de lama coberta por dejetos de minério se alastrou no Rio
Doce e as cidades localizadas no seu curso, consequentemente, tiveram o abastecimento de
água interrompido e a qualidade desta afetada.
Sendo assim, grande parte da população de Governador Valadares ingressou com
ação de compensação por danos morais, em desfavor das mineradoras: Samarco, Vale e BHP
Billiton. A mineradora brasileira Samarco Mineração S/A é controlada pela Vale S/A e a
anglo-australiana BHP Billiton Ltda, com 50% das ações cada uma, através de uma joint-
venture1 e, por essa razão, as três mineradoras figuram no polo passivo dos processos
judiciais.
Do ponto de vista das partes envolvidas – Tribunal de Justiça de Minas Gerais e
Fundação Renova –, o termo de colaboração visa à “adequada” resolução de conflitos
relacionados ao abastecimento e distribuição de água, na cidade de Governador Valadares2.
Ante ao exposto, esta pesquisa possui a seguinte problemática: O termo de
colaboração, firmado entre o Tribunal de Justiça de Minas Gerais e a Fundação Renova, foi
eficaz nas relações judiciais indenizatórias, decorrente do crime ambiental causado pela
mineradora SAMARCO, na cidade de Governador Valadares?
Alguns elementos e perspectivas deverão ser analisados para compreensão e
discussão desta temática. “É particularmente notável o papel reservado à historiografia na
conceituação da realidade brasileira” (PRADO JR. 1978, p.18). Diante disso, para resolver a
problemática dessa pesquisa, será necessário buscar na história do Brasil suas transformações
políticas e econômicas, que o define como um país heterogêneo, periférico, dependente e
subdesenvolvido.

1
Vide SAMARCO, In: WIKIPÉDIA: a enciclopédia livre. Wikimedia, 2019. Disponível em:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Samarco
2
TJMG. Termo de Colaboração Gecont/Contrat. Cv 079/2017, p. 1. Disponível em:
http://www.tjmg.jus.br/data/files/52/63/16/80/A781C510495681C5480808A8/image2017-03-28-153458.pdf.
4

A importância de estudar a particularidade brasileira está na capacidade de


apreensão de que o problema tratado nesta pesquisa não está apenas ligado ao capitalismo em
geral, mas sim ao capitalismo dependente. O Brasil passou por uma Revolução Burguesa
particular, que revela as prerrogativas do surgimento do capitalismo no Brasil. Contudo, esta
revolução não ocorreu da mesma forma que nos países hegemônicos centrais, de cunho
revolucionário e democrático. A atuação dessas burguesias brasileiras está apoiada em seus
interesses econômicos particularistas, com objetivo de dar continuidade e expansão ao
capitalismo dependente (FERNANDES, 1976).
“As próprias ‘associações de classe’, acima dos interesses imediatos das
categorias econômicas envolvidas, visavam a exercer pressão e influência sobre o Estado e, de
modo mais concreto, orientar e controlar a aplicação do poder político estatal, de acordo com
seus fins particulares” (FERNANDES, 1976, p. 204). Pelos escritos de Fernandes, percebe-se
que a dominação burguesa no Brasil se inicia pelo espectro político, ensejando o controle
direto do Estado a seu favor, garantindo seus interesses particulares.
Um convênio entre uma instituição judiciária pública e empresas multinacionais,
que são rés em processos judiciais em razão de crime ambiental, é o retrato de um país
subdesenvolvido e dependente como o Brasil. Percebe-se que as pressões internas e externas –
burguesias brasileiras e capital estrangeiro, respectivamente – que sofre o Estado brasileiro,
afeta diretamente os princípios norteadores constitucionais de um estado democrático de
direito.
Observa-se que estas características específicas do Estado brasileiro estão
diretamente conectadas com as práticas legislativas e judiciárias: com a flexibilização das
normas ambientais e a criação de políticas dentro do judiciário que atendem aos interesses
econômicos de empresas privadas3.
Para Furtado (1974), o subdesenvolvimento brasileiro é denominado como
fenômeno histórico, resultante da Revolução Industrial Inglesa do século XVIII e os efeitos da
difusão desigual do progresso técnico, e não como uma etapa pelo qual as economias
supostamente atrasadas precisam passar ou superar. Mais do que isso, lança luz sobre as reais
possibilidades de que o padrão de consumo das economias desenvolvidas seja capaz de se
espraiar para os países periféricos.
Portanto, parte-se da hipótese que a atividade econômica minerária das
multinacionais, em vez de trazer o desenvolvimento prometido, aprofunda ainda mais a
3
Com efeito, “existe consenso de que as atividades econômicas se articulam crescentemente em escala
planetária num processo que tem como contrapartida o cumprimento da famosa tese de Marx de dissolução do
que se entende como Estado nacional” (FURTADO, 1999, p. 15).
5

condição de subdesenvolvimento no Brasil, já que seus interesses estão em explorar os


recursos naturais e a mão de obra barata, com a finalidade de remeter seus lucros para sua
matriz. Esse dinamismo do capital estrangeiro está intimamente ligado aos fundamentos do
termo de colaboração e às funções das burguesias brasileiras, que possuem influência direta
sobre o Estado, superprotegendo essas empresas multinacionais; garantindo a intensificação
do capitalismo dependente; e atendendo os anseios do imperialismo.
Observar-se-á pelas instruções e procedimentos desse convênio que, na verdade,
seu objetivo está em resolver um problema institucional de “abarrotamento” do judiciário e
não de atender os interesses da população atingida em Governador Valadares, compensando-
as justamente pelos danos sofridos.
Simultâneo aos interesses do Tribunal de Justiça de Minas Gerais está a ambição
econômica das rés, tendo em vista que esta “adequada” resolução de conflito se materializa
em um acordo judicial de valor mísero e vil àqueles impactados pelo crime ambiental.
Sendo assim, demonstrada a importância da historicidade, o neocolonialismo, o
imperialismo e as teorias econômicas do subdesenvolvimento brasileiro, serão analisados para
compreensão da atuação do Judiciário na estrutura capitalista, que atende os anseios
econômicos das empresas multinacionais na área jurídica e, consequentemente, prejudica a
população atingida pelo rompimento da barragem.
Furtado em sua obra “O mito do desenvolvimento econômico” de 1974, expõe a
estrutura do sistema capitalista no predomínio da grande empresa, o fenômeno do
subdesenvolvimento e a dependência destes países em relação aos países do centro e, em
particular, o subdesenvolvimento brasileiro. Nesta obra, o autor faz um alerta sobre a atenção
dos economistas não estarem voltado às crescentes modificações do mundo físico, e sim à
criação de valor econômico, provocando processos irreversíveis de degradação do meio
ambiente.
Portanto, o autor abre o seguinte questionamento: “que acontecerá se o
desenvolvimento econômico, para o qual estão sendo mobilizados todos os povos da terra,
chega efetivamente a concretizar-se, isto é, se as atuais formas de vida dos povos ricos
chegam efetivamente a universalizar-se?” Afirmou ser bem clara a resposta: “se tal
acontecesse, a pressão sobre os recursos não renováveis e a poluição do meio ambiente seria
de tal ordem (ou alternativamente, o custo do controle da poluição seria tão elevado) que o
sistema econômico mundial entraria necessariamente em colapso” (FURTADO, 1974, p.19).
Será necessário englobar as prerrogativas do imperialismo, que se estrutura no
período do desenvolvimento da indústria e em seu processo de concentração de capital. “A
6

dependência externa na periferia somente pode ser apreendida a partir de seus nexos com o
imperialismo” (RODRIGUES, 2017, p.16). Será utilizado, para tal, a obra “Imperialismo, fase
superior do capitalismo”, do autor Lenin (2012), que expõe o avanço do sistema capitalista
mundial, iniciando na fase da livre concorrência, passando pela formação dos monopólios e o
imperialismo como fase particular do capitalismo; e, por fim, as consequências partilhas do
globo em razão dessas fases.
Serão explorados os impactos dessa estrutura capitalista para o meio ambiente
tendo em vista a emergência deste assunto em escala local e global, em virtude de impactos
crescentes gerados pelo modo de produção capitalista. Ademais, a expansão do modo de
produção capitalista e novos contornos adquiridos pela economia na contemporaneidade,
intensificam ainda mais tais contradições. Diante desta emergência ambiental, a população
atingida por esses impactos espera que o Estado atue com proporcionalidade, transparência e
justiça.
O termo de colaboração – supostamente criado para atendimento dessa população
– revela procedimentos incoerentes com tais princípios e o objetivo desta pesquisa está em
explanar como esta prática judiciária representa o retrato do subdesenvolvimento brasileiro; e,
por fim, como as atividades econômicas minerárias – lideradas por empresas multinacionais –
acirram ainda mais a dependência externa do Brasil, além dos prejuízos imensuráveis ao meio
ambiente.
Para tal, especificamente, será necessário uma análise crítica do termo de
colaboração: sua origem, seus desdobramentos na estrutura do Poder Judiciário Mineiro e
seus impactos para as indenizações das vítimas do crime ambiental da Samarco em
Governador Valadares; um estudo aprofundado do crime ambiental para compreender a
origem e atuação da Fundação Renova; analisar os interesses existentes na relação jurídica
formada pelo termo de colaboração para, assim, analisar seus resultados; e, por fim, uma
análise socioeconômica do Brasil, com suas profundas transformações no decorrer da história.
Desta forma, pretende-se dividir esta pesquisa em duas áreas: no campo jurídico,
apoiando-se nos ensinamentos do processo civil – com advento do Novo Código de Processo
Civil de 2015 – para compreender como se deu o termo de colaboração e seus
desdobramentos na legislação e doutrina brasileira; e, por fim, no campo econômico,
apoiando-se na história econômica brasileira, para compreensão da atuação do Poder
Judiciário na estrutura capitalista.
2 REFERENCIAL TEÓRICO
7

2.1 Termo de Colaboração e seus impactos socioeconômicos

O termo de colaboração firmado entre o Tribunal de Justiça de Minas Gerais e a


Fundação Renova (representante das mineradoras), se deu a partir do rompimento da
barragem de Fundão, distrito da cidade de Mariana-MG e, segundo os envolvidos, visam com
este termo a adequada resolução de conflitos relacionados ao abastecimento e distribuição de
água na cidade de Governador Valadares – MG.
Este termo prevê a disponibilização, pela Fundação Renova, de um escritório
compartilhado, onde aconteceriam as audiências de conciliação, denominado como Posto
Avançado de Autocomposição. O Posto Avançado de Autocomposição (PAA) foi instalado em
Governador Valadares com todos os ônus de eventual uso à Fundação Renova.
As obrigações da Fundação Renova estão, resumidamente, agregadas a
participação ativa e colaborativa em todas as audiências de conciliação; disponibilização de
escritório de mediação e conciliação para realização das audiências; envio de relatórios acerca
do andamento dos trabalhos de autocomposição; custeio do coordenador de conciliação,
mediador e conciliador; fornecimento de recursos físicos, humanos e tecnológicos para o
funcionamento do PAA.
A princípio, com o cenário de obrigações exposto acima, assemelha-se à realidade
de “justiça”, ao deparar-se com as responsáveis de um crime ambiental arcando com todos os
ônus da estrutura do atendimento jurisdicional. Contudo, uma das intenções desta pesquisa
está em analisar até que ponto essas obrigações comprometem ou influenciam os
procedimentos processuais, o direito, o acesso à justiça equânime e, até mesmo, o resultado
final do processo.
Este convênio prevê a participação do Tribunal de Justiça de Minas Gerais e das
empresas mineradoras: Samarco Mineração S/A, Fundação Renova, Vale S/A e BHP Billiton
Brasil LTDA e não pode ser confundido com o Termo de Transação e Ajustamento de
Conduta (TTAC), que trata de um acordo firmado por dezenas de entidades ambientais,
estaduais e municipais, com as empresas mineradoras. O TTAC trata de diretrizes de
reparação para reverter ou diminuir os impactos causados pelo rompimento da barragem e se
divide em duas vertentes: dano socioambiental e dano socioeconômico (popularmente
conhecido como “dano água”). Esclarece-se, portanto, que o termo de colaboração trata de um
desdobramento das diretrizes traçadas para os danos socioeconômicos, ou seja, um plano
induzido pelo TTAC.
8

Apesar de a barragem ter se rompido na cidade de Mariana-MG, uma onda de


lama contendo dejetos de minério de ferro se formou e contaminou o Rio Doce, afetando
diretamente as cidades situadas em seu curso, provocando impactos socioambientais e
econômicos imensuráveis. A lama atravessou dois estados brasileiros – Minas Gerais e
Espírito Santo –, deixando rios contaminados, mortes de animais e de seres humanos.
A empresa de Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE) da cidade de
Governador Valadares, realiza a captação da água no Rio Doce e, por conta do ocorrido,
durante nove dias aproximadamente, a população ficou sem o abastecimento de água em suas
residências. A prefeitura da cidade de Governador Valadares decretou estado de calamidade
pública4 e a população foi comunicada dos prejuízos à saúde e ao bem estar. Além das
condições desfavoráveis às atividades econômicas e sociais, a lama trouxe o perecimento do
rio que trançava a cidade, sendo este, inclusive, seu cartão postal.
O crime ambiental resultou na existência de dezenas de milhares de ações
judiciais cíveis no Juizado Especial de Governador Valadares, na qual a população pleiteia
compensação por danos morais sofridos pela falta de abastecimento e distribuição de água,
nos dias em que a lama se instalou na região.
Em consulta aos relatórios “justiça em números”, no site do TJMG, pode-se
observar que em novembro de 2015, mês e ano que ocorreu o crime ambiental, o Juizado
Especial Cível de Governador Valadares se encontrava com o estoque de 5.712 (cinco mil
setecentos e doze) processos pendentes. E, já em janeiro de 2016, foram aumentando de forma
significativa, alcançando o estoque de 7.776 (sete mil setecentos e setenta e seis) processos
pendentes.
Considerando o rompimento da barragem de Fundão – chamado pelo termo de
“evento”-; o congestionamento causado no Judiciário do Estado de Minas Gerais; os
princípios norteadores da duração razoável do processo, da celeridade, do acesso à Justiça e à
solução consensual de conflitos; e, por todas outras razões constantes no termo de
4
“A Prefeita Elisa Costa, decretou no dia 10 Estado de Calamidade Pública em função do desabastecimento de
água em Governador Valadares. [...] Após o desastre ambiental no distrito de Mariana-MG, com o rompimento
das barragens de Fundão e Santarém da mineradora Samarco, os rejeitos e a lama começaram a chegar pela calha
do Rio Doce em Governador Valadares na tarde de ontem (9). Por volta da 1h da madrugada de hoje, a grande
quantidade de lama chegou à parte do rio que corta o centro da cidade, onde está a Estação de Tratamento
Central do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), que já havia interrompido a captação e tratamento da
água, devido ao alto nível de turbidez. A turbidez tolerável para o tratamento da água tem o índice de 1000 uT.
Ás 14h desta terça (10) a análise da água já mostrava o nível de 80 mil uT. Já para o ferro, a concentração
tolerável para tratamento é de 0,03mg. No mesmo horário a amostra retirada do Rio Doce constatava 410mg.
[..]Em contato permanente com órgãos federais e estaduais, que estão monitorando a situação, como a CPRM e a
Agência Nacional de Água (ANA), o SAAE alerta que não há como prever quando poderá restabelecer o
abastecimento, já que nenhum tratamento é eficaz enquanto a lama não se diluir e não há previsão de quanto
ainda existe de lama para passar”. Disponível em: http://www.valadares.mg.gov.br/detalhe-da-
materia/info/prefeitura-decreta-estado-de-calamidade-publica/22634
9

colaboração, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, junto a Fundação Renova, resolvem


celebrar esse convênio. Contudo, será possível a compreensão de que – a partir de uma análise
prática5 deste termo de colaboração –, os princípios norteadores constitucionais e processuais
não foram devidamente cumpridos.
Com efeito, no TTAC há um Programa de Indenização Mediada (PIM), que trata
do ressarcimento das pessoas e microempresas que tenham sofrido danos materiais ou morais,
bem como perdas às suas atividades econômicas, em consequência do rompimento da
barragem de Fundão. Na prática, antes mesmo da criação do termo de colaboração, a
Fundação Renova já oferecia um valor de indenização para aqueles que não tiveram interesse
ou oportunidade de ingressar com a demanda judicial. E, posterior à concretização do termo
de colaboração, foi oferecido de forma fixa e irredutível o mesmo valor de indenização em
todas as audiências de conciliação no PAA. Ou seja, não houve negociação nas audiências de
conciliação, já que a proposta de acordo era única, fixa e irredutível.
Conclui-se, portanto, que o motivo oculto do termo de colaboração foi ampliar o
PIM já existente, para se alcançar números maiores de indenizações ínfimas e,
principalmente, com o respaldo do Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Ora, se a parte
requerente – impactada pelo desabastecimento de água – tivesse interesse na proposta de
acordo oferecida pelas mineradoras, teria feito a partir do PIM, já que se tratava do mesmo
valor e não teria que arcar com a contratação de advogado.
As primeiras sentenças condenatórias dos magistrados lotados no Juizado Especial
Cível de Governador Valadares – antes dos processos serem suspensos –, giravam em torno de
uma compensação de R$10.000,00 (dez mil reais) por pessoa. Tal decisão de mérito gerou
esperança na população atingida, o que desencadeou novos ingressos de ações judiciais,
ocasionando filas enormes no setor de distribuição do órgão jurisdicional supramencionado.
Simultâneo a construção do termo de colaboração, foi decidido pelo
desembargador responsável pelo Incidente de Resolução de Demanda Repetitiva (IRDR), pela
suspensão de todos os processos decorrentes do rompimento da barragem de Fundão no
Juizado Especial Cível de Governador Valadares. Nesta época, março de 2017, o estoque
deste Juizado era de 52.281 (cinquenta e dois mil duzentos e oitenta e um) processos
pendentes. Isto, de certa forma, gerou uma instabilidade nas decisões judiciais e, a partir de
então, foi notada certa tendência à autocomposição pelos autores das ações.

5
Tendo em vista a ausência de materiais sobre o objeto de estudo – Termo de Colaboração – e a inviabilidade de
execução do método de entrevista, será retratada a prática deste termo de colaboração a partir da experiência da
autora desta pesquisa como Coordenadora de Conciliação do Posto Avançado de Autocomposição.
10

“E os dez mil reais? Eu ganho quando o processo termina?” – Essa frase foi a
mais ouvida pelos conciliadores das audiências no PAA. Estes esclareciam à parte autora que
seu processo não poderia ser julgado, pois se encontrava suspenso e, o que restava a eles
naquele momento, era o acordo judicial, no valor de mil reais. Neste acordo, era discriminada
a porcentagem do pagamento do procurador da parte, restando pra si, apenas, o valor de
setecentos reais. Esclareciam, ainda, que ao invés disso, teriam que aguardar o andamento
processual, que poderia levar anos até a decisão final do processo. A partir disso, muitos se
viam pressionados a realizar o acordo.
O termo ora estudado se sustenta em uma medida judiciária nacional, que
pretende dar tratamento adequado de resolução de conflitos no âmbito do Poder Judiciário,
estabelecida pela Resolução 125/2010 do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Segundo o
Tribunal de Justiça de Minas Gerais, em notícia divulgada em seu site, diz que “na prática, o
termo de colaboração vai agilizar o processo de indenizações das famílias atingidas pela falta
de água6”. Entretanto, baseado nos ritos procedimentais jurídicos deste termo e no resultado
dessas ações para a população atingida, observa-se certa desproporcionalidade em relação ao
dano e a compensação deste; e, também, foi possível identificar ausência de transparência no
convênio para aqueles que movimentaram o judiciário pleiteando por justiça.
O termo de colaboração tem como objeto a realização de audiências de
conciliação, almejando a solução consensual entre as partes do processo. Com o advento do
Código de Processo Civil em 2015, a Lei de Mediação e as reformas na Lei de Arbitragem,
foram estimuladas práticas de autocomposição, indicando ser o caminho adequado para
resolução de conflitos, estabelecendo-se como uma nova tendência da justiça brasileira.
Contudo, observar-se pelas instruções e procedimentos desse convênio que, na
verdade, seu objetivo está em resolver um problema institucional de “abarrotamento” do
judiciário e não de atender os interesses da população atingida em Governador Valadares,
compensando-as justamente pelos danos sofridos.
Simultâneo aos interesses do Tribunal de Justiça de Minas Gerais está o interesse
econômico das rés, tendo em vista que esta “adequada” resolução de conflito se materializa
em um acordo judicial de valor mísero e vil àqueles impactados pelo crime ambiental.
O PAA, mesmo com a suspensão dos processos em razão dos trâmites do IRDR,
realizava mais de trezentas audiências de conciliação por dia. E, até março de 2019,

6
TJMG, mineradoras e fundação celebram termo de colaboração. Convênio visa à resolução de conflitos
relacionado ao abastecimento e à distribuição de água em decorrência do rompimento da barragem de Fundão.
Disponível em: https://www.tjmg.jus.br/portal-tjmg/noticias/tjmg-mineradoras-e-fundacao-celebram-termo-de-
colaboracao.htm
11

permaneceu seu funcionamento. O estoque do Juizado Especial Cível de Governador


Valadares, nesta época, marcava o número de 60.551 (sessenta mil quinhentos e cinquenta e
um) processos pendentes.

2.2 A tragédia anunciada

O rompimento da barragem de Fundão, da Samarco, se deu em cinco de


novembro de 2015, na cidade de Mariana (MG), e foi considerada como a pior tragédia
ambiental do Brasil, com 19 vítimas fatais – há estudos que estimam 20 vítimas 7 –, descrita
por pesquisadores como “uma tragédia anunciada, previsível, evitável” (CALDAS, 2018, p.
17).
Esta tragédia ambiental provocou uma onda de lama coberta por dejetos de
minério, que se alastrou no Rio Doce e as cidades localizadas no seu curso consequentemente
tiveram o abastecimento de água interrompido e a qualidade desta afetada. Ademais, foi
responsável pela morte de seres humanos, animais e pela destruição do subdistrito de Mariana
(MG), Bento Rodrigues (MG).
Com uma economia predatória, o Brasil tem a mineração como um dos principais
setores da economia, tendo em vista a sua riqueza em reservas naturais. Essa atividade está
concentrada nas regiões Sudeste e Sul do país, que são submetidas a regulamentações e
fiscalizações por diversos órgãos de proteção ao meio ambiente.
Nesta pesquisa, será evitado o termo “acidente” para nomear o fato ocorrido em
Mariana8. O poder da nomenclatura tem forte relevância neste aspecto, pois, com o passar dos
anos, observa-se uma tendência ou tentativa de se naturalizar o acontecido. Chamando o
ocorrido de “acidente” ou “evento” – como faz o termo de colaboração –, dá margem àqueles
que conduzem o fato à esfera da mediação, afastando da necessidade real de análise jurídica e
investigação criminal.

7
“O cenário constitui o maior crime ambiental brasileiro e segue demonstrando apresentar proporções globais. O
evento inicial liberou 34 milhões de m³ de lama, contendo rejeitos de mineração, por 650 km de extensão, o que
acarretou 20 mortes e não 19 como amplamente divulgado, visto que uma grávida abortou no mar de lama. O
desastre é o maior em volumes de rejeito e dimensionalmente é o maior do mundo!” (REIS; SANTOS, 2016, p.
1)
8
“O rompimento da barragem de Fundão não é um acidente, não é algo imprevisível nem fruto trágico de um
conjunto de fatores incontroláveis. [...] há uma relação estrutural entre mineração e rompimento de barragens.
Aonde houver atividade de mineração haverá, intrinsecamente, altos riscos de ocorrência de rompimento de
barragens” (REIS; SANTOS, 2016, p. 2).
12

Há estudiosos que explicam a relação entre os períodos de alta e baixa dos preços
das commodities de mineração e o aumento significativo de rompimentos de barragens 9:
quando se encontra nos períodos de baixa dos preços, há certa tendência de redução dos
custos do negócio e, todo período que sucede o período de alta dos preços, há um aumento na
ocorrência de rompimento de barragens e acidentes de trabalho10.
Compreender o contexto em que ocorreu o rompimento da barragem de Fundão é
essencial para confirmar como, em meio a uma das maiores tragédias do Brasil, as
mineradoras responsáveis ainda passam por período de alta lucratividade. Enquanto assumia
dívidas priorizando seu crescimento, as mineradoras responsáveis pelo crime ambiental
arrecadavam para seus acionistas.
O crime ambiental para essas mineradoras, que priorizam a lucratividade em
detrimento dos Direitos Ambientais e Humanos, compensa economicamente. Sendo assim, é
perceptível a necessidade de atuação do Estado para garantir a segurança e a proteção dessas
atividades, contudo, quando o Estado está inserido – por questões históricas – numa estrutura
de capitalismo dependente, dificilmente atuará em prol da população e do meio ambiente.
Para Krenak, representante indígena, vítima da atividade de mineração, que tem
uma relação espiritual com o Rio Doce – denominado “watu” que significa que “o rio é nosso
parente” –: “Para meu povo mineração para gerar riqueza a natureza não suporta! Homem
produz as suas ações e tem reações. Meu povo luta para participar deste processo desde 1808
e até hoje sofre com a ausência de participação nesses projetos de desenvolvimento. Que
projeto é esse que só tira e não repõe?” (REIS; SANTOS, 2016, p. 3).

2.2.1 Surgimento da Fundação Renova

Em razão do crime ambiental ocorrido em Mariana (MG), com o rompimento da


barragem de Fundão a Fundação Renova foi criada para realizar a reparação dos danos.
Extraídos do próprio site, a Fundação Renova se apresenta:

9
“Os dados analisados indicam que normalmente o pico de rompimentos de barragens ocorrem dois ou três anos
após o pico do preço dos minérios. Em alguns casos há a redução no número de “acidentes” em determinado
período, mas o aumento na incidência de ocorrências mais sérias, uma vez que as mineradoras buscam
tecnologia para trabalhar em solos de menor concentração mineral e para que isso seja economicamente viável,
se fazem necessárias minas cada vez maiores e, portanto, barragens cada vez maiores. A junção da barragem do
Fundão com a de Germano seguiu justamente essa linha de raciocínio. Esse contexto é fundamental para que se
entenda como a Samarco, joint venture não operada uma vez que efetivamente controlada pela Vale, lidou com
esse processo de boom e pósboom.” (REIS; SANTOS, 2016, p. 3).
10
Relatório disponível em: http://www.ufjf.br/poemas/files/2014/07/PoEMAS-2015-Antes-fosse-mais-leve-a-
cargavers%C3%A3o-final.pdf.
13

A Fundação Renova é a entidade responsável pela mobilização para a reparação dos


danos causados pelo rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG). Trata-
se de uma organização sem fins lucrativos, resultado de um compromisso jurídico
chamado Termo de Transação e Ajustamento de Conduta (TTAC). Ele define o
escopo da atuação da Fundação Renova, que são os 42 programas que se desdobram
nos muitos projetos que estão sendo implementados nos 670 quilômetros de área
impactada ao longo do rio Doce e afluentes. As ações em curso são de longo prazo.
Ao estabelecer uma organização dedicada exclusivamente ao processo de reparação,
também foi criado um modelo de governança robusto, com presença de mais de 70
entidades. As respostas para cada desafio são obtidas em conjunto, sendo que
nenhuma parte envolvida tem controle sobre a decisão. A Fundação Renova reúne
técnicos e especialistas de diversas áreas de conhecimento, dezenas de entidades de
atuação socioambiental e de conhecimento científico do Brasil e do mundo e soma
hoje cerca de 7 mil pessoas (entre colaboradores próprios e parceiros) trabalhando
no processo de reparação, de Mariana à foz do rio Doce. (FUNDAÇÃO RENOVA,
2019).

Representando as mineradoras responsáveis pelo crime ambiental, a Fundação


Renova vem de um modelo norte-americano “claims resolution facilities”, que significa
“entidades ou mais genericamente infraestruturas criadas para processar, resolver ou executar
medidas para satisfazer situações jurídicas coletivas que afetam um ou mais grupos de
pessoas” (ZANETI; CABRAL, 2019, p. 450).
Essas “infraestruturas” se tornaram realidade no Brasil com o surgimento da
Fundação Renova, que se materializou no TTAC e nos desdobramentos desta.
Detectando as complexidades das ações coletivas e os obstáculos que
enfrentariam os Tribunais para tratar delas, o Brasil se adequou ao modelo norte-americano,
como método alternativo de resolução de conflitos. Idealizam com este modelo uma maior
eficiência no atendimento jurisdicional a um custo menor que àquelas despendidas no
Judiciário.
Nos Estados Unidos, “seu surgimento se deu em causas de responsabilidade civil
em danos massificados, e o objetivo era padronizar a indenização, desvinculando o
ressarcimento dos danos efetivamente sofridos” (ZANETI; CABRAL, 2019, p. 450).
As “claims resolution facilities” funcionam, por assim dizer, como tribunais
extrajudiciais, ou seja, não possuem relações com o Poder Judiciário 11 para sanar danos
ambientais das vítimas.
No entanto, no Brasil se aplica de forma diferente, pois tem a relação e apoio
estatal. Ademais, a Fundação Renova e o TTAC, trata de acordo firmado com Ministério
Público, Defensoria Pública, bem como, dezenas de entidades ambientais – federais, estaduais
e municipais –, juntamente com as mineradoras. O termo de colaboração, objeto desta

11
ZANETI; CABRAL, 2019, p. 451.
14

pesquisa, trata de um desdobramento das diretrizes traçadas para os danos socioeconômicos,


ou seja, um plano induzido pelo TTAC.
O fato de um modelo norte-americano não ser aplicado nos mesmos moldes,
quando se trata da atuação do Estado, diz muito sobre sua formação econômica, política e
social.

2.3 O subdesenvolvimento econômico brasileiro

Observa-se que, para resolver a problemática dessa pesquisa, será necessário


buscar na história do Brasil suas transformações políticas e econômicas, que o define como
um país heterogêneo, periférico, dependente e subdesenvolvido. Portanto, inicialmente é
importante compreender que o problema tratado nesta pesquisa não está apenas ligado ao
capitalismo em geral, mas sim ao capitalismo dependente.
Para tal compreensão, a obra de Fernandes “A Revolução Burguesa no Brasil” de
1976 trata de uma análise histórico-sociológica que revela as prerrogativas do surgimento do
capitalismo no Brasil e suas particularidades. E, para isso, abre os seguintes pontos a serem
questionados: primeiro, a natureza do capitalismo que coube ao Brasil, graças à “partilha do
mundo” e, segundo, a evolução do capitalismo e o que ele reserva aos protagonistas
principais, ou seja, à burguesia e ao proletariado.
A natureza do capitalismo no Brasil vem da Revolução Burguesa, que “denota um
conjunto de transformações tecnológicas, sociais, psicoculturais e políticas que só se realizam
quando o desenvolvimento capitalista atinge o clímax de sua evolução industrial”
(FERNANDES, 1976, p. 203).
O que muitos consideravam como “crise do poder oligárquico”, no começo da
Primeira República, na verdade constituía o início de uma transição que, mais tarde, faria com
que o poder burguês e a dominação burguesa ocupassem o protagonismo econômico, político
e social, ainda sob a hegemonia oligárquica.
As burguesias brasileiras “mais se justapõem do que se fundem” (FERNANDES,
1976, p. 204), o que não quer dizer que elas não se unem. Há um fator em comum que é o
comércio, onde seus interesses se encontram e, assim, atuam de forma unificada no campo
político para estabelecer a dominação de classe.
Apesar de heterogêneas, as burguesias brasileiras possuem interesses em comum e
contam com as desigualdades sociais para alcançar seus objetivos. Maquiam-se de
15

democráticas através das eleições12, mas, na verdade seu poder está no mandonismo e nos
princípios retrógados, assim como a oligarquia13. Emergem na primeira metade do século XX
com a mesma bandeira nacionalista e democrática das burguesias clássicas, só que não passa
de aparência. No final, seu real objetivo é trazer esses benefícios apenas pra uma minoria
detentora do poder.
Diferentemente dos países de revolução burguesa clássica, no Brasil a dominação
burguesa se inicia pelo espectro político, ensejando o controle direto do Estado a seu favor,
garantindo seus interesses particulares. Ou seja, incumbida de condições ideais para passar
pela transição, modernizando-se e estabelecendo à classe trabalhadora perda no campo da
representação política.
A preocupação de Fernandes (1976) está em estabelecer como e por que a
Revolução Burguesa foi uma realidade histórica particular nos países capitalistas dependentes
e subdesenvolvidos.
Diferentemente de outros países do mundo, como por exemplo, a França, o Brasil
passou por uma revolução burguesa particular. Bastante heterogênea e autocrática, as
burguesias brasileiras tiveram sua essência marcada pelo ultraconservadorismo e
reacionarismo. As burguesias clássicas, por condições históricas, se aproximaram
temporariamente da classe trabalhadora combinando desenvolvimento capitalista com
conteúdo democrático e nacionalista, levantando uma bandeira de independência e liberdade.
Já no Brasil fora diferente: elas se uniram com a oligarquia tradicional e a burguesia externa,
contra a classe trabalhadora e as massas populares, para satisfazerem seus interesses
econômicos (FLORESTAN, 1976).
Entretanto, essa essência conservadora das burguesias brasileiras acaba sendo
desmascarada, tendo em vista que o restante da população passa a cobrar por mudanças, ou
seja, um contexto social, político e econômico condizentes com as promessas e discursos que
as mantinham no poder. Deparam-se tais burguesias, portanto, com a alternativa de permitir
que haja mudanças e a Revolução avance com maior rapidez e alcance, englobando mais
frações da população ou mostrar sua verdadeira face e passar a controlar e reprimir a classe
trabalhadora, as massas populares, os movimentos sociais e sindicais.

12
“Ela se define, em face de seus papéis econômicos, sociais e políticos, como se fosse a equivalente de uma
burguesia revolucionária, democrática e nacionalista” (FERNANDES, 1976, p. 205).
13
“Podia discordar da oligarquia ou mesmo opor-se a ela. Mas fazia-o dentro de um horizonte cultural que era
essencialmente o mesmo, polarizado em torno de preocupações particularistas e de um entranhado
conservantismo sociocultural e político. [...] O burguês que o repelia, por causa de interesses feridos, não
deixava de pô-lo em prática em suas relações sociais, já que aquilo fazia parte de sua segunda natureza humana”
(FERNANDES, 1976, p. 205).
16

Quase meio século depois a história revela os caminhos de uma burguesia


reacionária e ultraconservadora14. Desta maneira, “a dominação burguesa se associava a
procedimentos autocráticos, herdados do passado ou improvisados no presente”
(FERNANDES, 1976, p. 207).
Fernandes (1976) expõe dois elementos necessários para se compreender a
evolução da dominação burguesa. O primeiro é o significado dessa dimensão autocrática: as
elites tinham um acordo de manter essa ordem autocrática, contudo, os mecanismos de
racionalizações expunham uma contradição, ao mesmo tempo em que diminuíam as
implicações práticas desta sem erradicar a germinação de conflitos.
O segundo trata do progressivo aparecimento de uma efetiva “oposição dentro da
ordem” e a “partir de cima”. Em tempos do escravismo a aristocracia podia conter as
oposições (praticamente inexistentes) para dar garantia aos seus interesses econômicos, algo
mais difícil com a eclosão do regime de classes (FERNANDES, 1976).
Conclui-se, portanto, pelos escritos de Fernandes (1976), que a oligarquia moldou
e determinou a dinâmica das burguesias brasileiras, ditando os novos rumos, como forma de
reintegração no poder, o que o autor chama de consolidação conservadora da dominação
burguesa no Brasil15.
Fernandes (1976) esclarece alguns equívocos comuns, como por exemplo, atribuir
a ausência de conteúdo democrático e nacionalista ao desenvolvimento capitalista no Brasil a
uma burguesia débil e irracional que, ao restringir o espaço político, tornava a Revolução
Burguesa uma revolução difícil ou inviável. Para o autor, o problema é mais profundo:
existem distintas burguesias e, no caso das brasileiras, diferentemente dos países centrais,
encontram-se em um momento específico do desenvolvimento do capitalismo mundial,
expostas à dominação externa enquanto capitalismo dependente.
Portanto, segundo Fernandes (1976), a distinção em relação aos países centrais
revela a particularidade da Revolução Burguesa e a capacidade das burguesias brasileiras se
moldarem aos limites e possibilidades concretos de seu tempo histórico para impor seu padrão

14
“A burguesia mostrou as verdadeiras entranhas de maneira predominantemente reacionária e
ultraconservadora, dentro da melhor tradição do mandonismo oligárquico (que nos sirva de exemplo o
tratamento das greves operárias na década de 10, em São Paulo, como puras “questões de polícia”; ou, quase
meio século depois, a repressão às aspirações democráticas das massas)” (FERNANDES, 1976, p. 206).
15
“Poderíamos dizer que se constitui uma nova aristocracia e que foi a oligarquia (antiga ou moderna) – e não as
classes médias ou os industriais – que decidiu, na realidade, o que deveria ser a dominação burguesa, senão
idealmente, pelo menos na prática” (FERNANDES, 1976, p.209),
17

de dominação de classe no país, já que a história brasileira se fez diferente dos países
centrais16.
A particularidade brasileira, um capitalismo dependente e subdesenvolvido,
mostra como não é só uma questão de vontade dessas burguesias determinarem se a bandeira
será nacionalista ou não. A história criou tendências para que fosse assim e, para o capitalismo
se desenvolver no Brasil – objetivo almejado pelas burguesias com suas finalidades
econômicas –, a via conservadora e reacionária era a de menor resistência, tendo em vista a
dependência externa17.
Fechar o espaço político aberto à mudança social construtiva é a maneira que as
burguesias brasileiras têm de conciliar a sua existência com a continuidade e expansão do
capitalismo dependente.
Para Fernandes (1976), o problema central consiste na crise do poder-burguês,
com a transição do capitalismo competitivo para o capitalismo monopolista, que foi
solucionada em prol das classes dominantes com o Golpe Civil-Militar de 1964.
Diferentemente de algumas análises, nessa fase a burguesia não foi vítima de um golpe que a
destituiu do poder e da concretização de sua tarefa revolucionária. Para o autor, a burguesia
fez parte do golpe como meio de consolidar seu poder, ameaçado pela expansão da
democracia e das reformas dentro da ordem.
No Brasil, a passagem do capitalismo competitivo para o monopolista não é fruto
do desenvolvimento e autonomização internos, mas sim, da capacidade de absorção de
padrões/práticas estrangeiras, de produção industrial e de consumo inerentes ao capitalismo
monopolista.
O padrão compósito de dominação burguesa sofria, após a década de 1930, uma
tripla pressão que a colocava em risco. De um lado a pressão externa (pelo capital estrangeiro)
18
; de outro, pressão interna oriunda de duas fontes: o proletariado e as massas populares, bem
como, o Estado na esfera econômica (FERNANDES, 1976).
16
Fernandes abre o seguinte questionamento para expor a particularidade brasileira no desenvolvimento do
capitalismo: “Como conciliar a expansão interna do capitalismo competitivo com os marcos tão recentes do
passado colonial e neocolonial, ainda vivos no processo de descolonização em curso ou, pior, nos processos de
acumulação capitalista recém-adorados, na economia agrária?” (FERNANDES, 1976, p. 214).
17
“Em uma linha objetiva de reflexão crítica, não há como fugir à constatação de que o capitalismo dependente
é, por sua natureza e em geral, um capitalismo difícil, o qual deixa apenas poucas alternativas efetivas às
burguesias que lhe servem, a um tempo, de parceiras e amas-secas. Desse ângulo, a redução do campo de
atuação histórica da burguesia exprime uma realidade específica, a partir da qual a dominação burguesa aparece
como conexão histórica não da “revolução nacional e democrática”, mas do capitalismo dependente e do tipo de
transformação capitalista que ela supõe” (FERNANDES, 1976, p. 214).
18
“Essa pressão continha um elemento político explícito: condições precisas de “desenvolvimento com
segurança”, que conferissem garantias econômicas, sociais e políticas ao capital estrangeiro, às suas empresas e
ao seu crescimento. Mas tal pressão, em sua dupla polarização, não só era compatível com a ideia da
continuidade do sistema” (FERNANDES, 1976, p. 216).
18

Tendo em vista a esta tripla pressão que sofria a dominação burguesa, a solução
dada foi o golpe civil-militar de 1964, com a autoridade militar garantindo o poder político
das burguesias, através: de uma associação mais íntima com o capitalismo financeiro
internacional; da repressão, pela violência, a qualquer ameaça operária ou popular de
subversão da ordem ou até revolução dentro da ordem e; da consolidação do Estado como
instrumento exclusivo do poder burguês, tanto no plano econômico quanto nos planos social e
político.
O golpe de 1964 representa, assim, a aceleração e garantia do capitalismo –
dependente - no Brasil, defendendo a burguesia das pressões que vinha sofrendo e
consolidando o padrão autocrático de dominação burguesa no país.
Fernandes (1976) denomina, portanto, o capitalismo dependente e
subdesenvolvido como selvagem e difícil, tendo em vista os dinamismos ditados no campo
meramente político19.
A transformação capitalista serve como parte do esquema para as burguesias dos
países hegemônicos, possibilitando parcerias sólidas na periferia dependente. E, para o autor,
isto é o retrato do imperialismo total20.
O autor conclui, portanto, que, “para libertar-se do capitalismo dependente e
subdesenvolvido, a burguesia brasileira precisaria livrar-se, com maior urgência, do atual
padrão de dominação burguesa e de solidariedade de classes” (FERNANDES, 1976, p. 306).
Logo, será necessário englobar as prerrogativas do imperialismo, que se estrutura
no período do desenvolvimento da indústria e em seu processo de concentração de capital.
Será utilizado, para tal, a obra “Imperialismo, fase superior do capitalismo”, do
autor Lenin (2012), que expõe o avanço do sistema capitalista mundial, iniciando na fase da
livre concorrência, passando pela formação dos monopólios e o imperialismo como fase
particular do capitalismo; e, por fim, as consequências partilhas do globo em razão dessas
fases.
Lenin (2012) inicia sua obra apontando o desenvolvimento da indústria e seu
processo de centralização de capital como característica marcante do capitalismo. E que, a
partir do século XX, o antigo capitalismo sai de contexto dando espaço para o novo, onde o

19
“O que sugere que a Revolução Burguesa na periferia é, por excelência, um fenômeno essencialmente político,
de criação, consolidação e preservação de estruturas de poder predominantemente políticas, submetidas ao
controle da burguesia ou por ela controláveis em quaisquer circunstâncias” (FERNANDES, 1976, p. 294).
20
Tanto as burguesias nacionais da periferia quanto as burguesias das nações capitalistas centrais e hegemônicas
possuem interesses e orientações que vão noutra direção. Elas querem: manter a ordem, salvar e fortalecer o
capitalismo, impedir que a dominação burguesa e o controle burguês sobre o Estado nacional se
deteriorem”(FERNANDES, 1976, p. 294)
19

capital financeiro atua como resultado da junção do capital bancário com o capital industrial.
Evidentemente, todo esse cenário atua diretamente nas condições sociais de um país, já que
essas irregularidades no desenvolvimento do capitalismo se apoiam na subalimentação das
massas, sendo esta condição inevitável no modo de produção capitalista.
O capital financeiro, portanto, atua de forma tão poderosa a ponto de influenciar
todas as relações econômicas e de impor a situação de subordinação até mesmo nos Estados
que gozam de uma completa independência política. Segundo o autor, à medida que o
capitalismo se desenvolve aumenta a procura por fontes de matérias primas no mundo inteiro
e mais brutal é a luta pela posse de colônias.
A atuação do capital financeiro, portanto, evidencia quão falaciosa é a ideia de
desenvolvimento como uma repetição histórica em etapas, passível de existência em todos os
países. A superação da dependência externa, da heterogeneidade estrutural e da desigualdade
social interna passa, na periferia do sistema, a vincular-se cada vez mais ao desenvolvimento
imperialista sob a égide do capital financeiro.
Na obra “O mito do desenvolvimento econômico” Furtado (1974), expõe a
estrutura do sistema capitalista sob predomínio da grande empresa, o fenômeno do
subdesenvolvimento e a dependência destes países em relação aos países do centro.
A estrutura do sistema capitalista periférico se forma com a superexploração, com
vistas a atender os ditames dos países cêntricos, dos recursos naturais, não renováveis, dos
países subdesenvolvidos. E é aqui que nasce, para Furtado (1974), o mito do progresso
econômico. Ele ressalta que o subdesenvolvimento nada tem a ver com a idade de um país e
sua jovialidade, mas sim, o seu grau de acumulação de capital. Ou seja, não se trata de fases a
serem cumpridas, mas sim de uma deficiência marcada pela exploração de recursos não
renováveis, exploração da força de trabalho e a imitação de padrões de consumo dentro de
uma sociedade que não reflete a realidade dos países que mimetiza.
Vê-se, portanto, que enquanto os países cêntricos direcionam suas forças para a
acumulação de capitais e avanços tecnológicos, os países periféricos buscam expandir suas
exportações primárias com vistas a garantir a remuneração do capital estrangeiro, sob o mote
de que os aumentos da produtividade dotariam o país de vantagens comparativas.
Toda essa estrutura é fundamental para entender o processo de industrialização
dos países subdesenvolvidos, que tentam adequar uma megaestrutura industrial de um país
cêntrico, dentro de um espaço limitado de um país periférico, reforçando padrões de consumo
desconectado da realidade econômica e social.
20

Os países periféricos tem suas especificidades por não ter criado um sistema
econômico nacional, a periferia passa por um processo de agravação das disparidades internas
à medida que se industrializam pela substituição de importações.
Os impactos negativos dessa estrutura capitalista para o meio ambiente são
imensuráveis e compreender a importância deste tema é fundamental, tendo em vista a
emergência em escala local e global, em virtude de impactos crescentes gerados pelo modo de
produção capitalista. Ademais, a expansão do modo de produção capitalista e novos contornos
adquiridos pela economia na contemporaneidade, intensificam ainda mais tais contradições.
Palco de um dos maiores desastres ambientais do mundo, em 2015 o Brasil
enfrentou um crime ambiental. Resultado de ações predatórias das multinacionais, com a
exploração desmedida dos recursos naturais no solo fértil brasileiro, uma barragem de dejetos
de minério de ferro se rompeu, comprometendo a vida de seres humanos e degradando o meio
ambiente.
O crime ambiental – como foi exposto anteriormente – afetou a cidade de
Governador Valadares (MG), com o desabastecimento de água. E, baseado em uma análise
crítica sobre o Termo de Colaboração, serão evidenciados alguns pontos que permitem
identificar a inércia do Estado e sua conivência com o crime das mineradoras, prejudicando,
assim, as vítimas atingidas pela barragem.
Portanto, pretende-se fundamentar que a atividade econômica minerária das
multinacionais, em vez de trazer o desenvolvimento prometido, aprofunda ainda mais a
condição de subdesenvolvimento no Brasil, já que seus interesses estão em explorar os
recursos naturais e a mão de obra barata, com a finalidade de remeter seus lucros para sua
matriz.
Ademais, esta suposta “adequada resolução de conflito” – fundamento do termo
de colaboração – está intimamente ligada aos dinamismos das burguesias brasileiras, que
possuem influência direta sobre o Estado, superprotegendo essas empresas multinacionais;
garantindo a intensificação do capitalismo dependente; e atendendo os anseios do
imperialismo.
3 OBJETIVOS

3.1 Objetivo Geral

Partindo-se de um contexto de crime ambiental, que o Estado fecha um convênio


com empresas mineradoras multinacionais, com uma roupagem de amparo às vítimas do
21

rompimento da barragem de Fundão em Governador Valadares e, por fim, com a contribuição


teórica desenvolvida pelos autores que compreenderam a realidade brasileira e as suas
particularidades econômicas, políticas e sociais, têm-se como objetivo geral: demonstrar
como esta prática judiciária representa o retrato do subdesenvolvimento brasileiro; e, como as
atividades econômicas minerárias – lideradas por empresas multinacionais – acirram ainda
mais a dependência externa do Brasil, além dos prejuízos imensuráveis ao meio ambiente.

3.2 Objetivos Específicos

Para concretizar o objetivo central da pesquisa, serão estudadas as causas do


convênio firmado entre o Poder Judiciário e as empresas multinacionais, a luz de seus
interesses institucionais e econômicos, que se deu de forma subordinada.
Esta pesquisa será dividida em duas áreas: no campo jurídico, apoiando-se nos
ensinamentos do processo civil – com advento do Novo Código de Processo Civil de 2015 –
para compreender como se deu o termo de colaboração e seus desdobramentos na legislação e
doutrina brasileira; e, por fim, no campo econômico, apoiando-se na história econômica
brasileira – nas fases do neocolonialismo, imperialismo e teorias econômicas do
subdesenvolvimento brasileiro – para compreensão da atuação do Poder Judiciário na
estrutura capitalista, atendendo os anseios econômicos das empresas multinacionais na área
jurídica.
Será necessário uma análise crítica do termo de colaboração: sua origem, seus
desdobramentos na estrutura do Poder Judiciário Mineiro e seus impactos para as
indenizações das vítimas do crime ambiental da Samarco em Governador Valadares; um
estudo aprofundado do crime ambiental para compreender a origem e atuação da Fundação
Renova; analisar os interesses existentes na relação jurídica formada pelo termo de
colaboração para, assim, analisar seus resultados; e, por fim, uma análise socioeconômica do
Brasil, com suas profundas transformações no decorrer da história.

4 JUSTIFICATIVA

A importância de se compreender o subdesenvolvimento brasileiro está nas


possibilidades de transformação de uma sociedade marcada pela exploração. Desde o
colonialismo o Brasil carrega a cultura do extrativismo, manifestando ser um país periférico e
22

dependente, conforme dinamismos atuais do sistema capitalista se observa que a essência


colonial ainda perpetua na esfera econômica brasileira.
Com o avanço do capitalismo, os países periféricos ficam submetidos ainda mais
aos anseios do imperialismo, contribuindo para intensificação e expansão do capitalismo
dependente. Alguns resultados disso são as tragédias ambientais, flexibilização das normas
ambientais e abertura das portas para o capital estrangeiro livremente se apropriar das
riquezas brasileiras.
Compreendendo as teorias do subdesenvolvimento brasileiro, será possível
entender a inconciliabilidade dos interesses aqui estudados, qual seja do interesse público e do
interesse privado capitalista.
Ademais, é necessário voltar à atenção aos impactos dessa estrutura capitalista
para o meio ambiente, tendo em vista a emergência deste assunto em escala local e global, em
virtude de impactos crescentes. Desse modo, a expansão do modo de produção capitalista e os
novos contornos adquiridos pela economia na contemporaneidade intensificam ainda mais tais
contradições, caracterizando um cenário de crise.

5 METODOLOGIA

A metodologia utilizada para o desenvolvimento desta pesquisa qualitativa contará


com análises críticas de teorias e legislações brasileiras.
Para tal, serão necessários materiais da literatura sobre o tema ora estudado, a
partir de pesquisas bibliográficas, interpretação de livros, bem como, investigação de
previsões legais que envolvem a pesquisa. Ademais, a internet será utilizada para
levantamento de dados, para posterior análise e conclusões.

6 CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO

SEMESTRES
Atividades
1º 2º 3º 4º
1. Equivalência de Créditos X
2. Levantamento Bibliográfico X X X
3. Leitura/Estudo da Bibliografia X X X
4. Análise dos dados X X X
5. Produção de textos para a redação da Tese X X X
23

6. Redação Parcial da dissertação e


X X
Qualificação
7. Redação Final da dissertação X X
8. Defesa da dissertação X

REFERÊNCIAS

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24

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