CORTELLA, Mário Sérgio. A escola e o conhecimento: Fundamentos
Epistemológicos e políticos. 2ª Edição. São Paulo: Cortez: Instituto Paulo Freire, 1999. O Profº Drº Mário Sérgio Cortella, apresentando a tese fundamental de sua Obra “A escola e o conhecimento: fundamentos epistemológicos e políticos” logo no exórdio desta, defende que o conhecimento é uma produção cultural (consequentemente, social e histórica) e não, a descoberta da verdade. A escola, por sua vez, figura como o veículo transportador dessa produção cultural, tendo um comprometimento político de caráter conservador e inovador que também pode se expressar no modo como o conhecimento é compreendido, selecionado, modificado e transmitido. Analisando o seu primeiro capítulo (objetivo deste resumo), pode-se, logo de início, captar que o autor não considera o conhecimento apenas na perspectiva de desenvolvimento de habilidades científicas, mas deseja aprofundar a ideia de que as diversas modalidades do saber (religioso, afetivo, estético etc) são indispensáveis quando se trata da relação do homem com o meio onde está inserido e com o qual realiza uma interação ora produtora, ora produtiva. Cortella empreende, primariamente, um “passeio” de análise conceitual de homem, indo sucintamente desde a filosofia antiga grega até o existencialismo moderno, ou seja, do homem entendido como animal dotado de razão até o devir, fluxo contínuo, no qual está submerso. Partindo, então, da noção de homem como um animal “não-especializado” ou imperfeito (não acabado pela natureza), o que o desperta para a questão do “sentido da vida” e o lança como um “estranho - ser no mundo”, afirma que este “ser - aí” é o construtor dele mesmo, delineando (não sozinho) o sentido (significação e direção) de sua fugaz existência. Isso mesmo só é possível graças a sua capacidade inata de transformação consciente: o homem, dentro de um ambiente não favorável a sua sobrevivência, logo de início buscada, mas sempre acompanhada da questão do sentido, realiza, conscientemente, investidas constantes de transformação desse ambiente objetivando adequá-lo às suas necessidades. O “mundo humano”, pois produzido e produtor deste ser inacabado, é a cultura, e o seu instrumento de intervenção consciente é o trabalho. Com isso, Cortella faz uma afirmação categórica: sendo a cultura o efeito da capacidade de transformação do ambiente inerente a todo gênero humano, é absurdo supor que haja alguém que não a tenha, ou esteja fora dela, ou mesmo não seja por ela social e historicamente formado. Destarte, o homem, que potencialmente já nasce humano, efetiva/concretiza a sua hominização ao longo das relações sociais e históricas que tece internamente à cultura da qual faz parte. Chegando a esse ponto, surge de imediato a questão da precedência e, por consequência, do grau de importância dos elementos: quem é primário? O homem ou a cultura? Dando como resposta a simultaneidade, o autor salvaguarda que não se pode conceber um na ausência do outro. Da basilar relação citada acima, nascem os produtos culturais, as ideias e as coisas, interdependentes, pois aquelas não podem ser separadas do ambiente físico onde o homem realiza sua existência, e estas não podem ser concebidas sem antes terem sido pensadas pelo homem. Sendo esses produtos úteis para o cotidiano, são chamados de bens, ou de consumo ou de produção. E o mais importante bem de produção é o humano e, inseparavelmente dele, a cultura. Como implicação, aquilo que é fonte e sustento desse vínculo, o conhecimento, é considerado imprescindível para a existência humana. Nessa dinâmica, a educação, afirma o autor, é o veículo de produção, transmissão, modificação e reprodução do conhecimento e de valores. Estes são inseridos como um produto cultural necessário para o sentido da vida, pois é a partir dos conceitos que a pessoa humana guia a sua existência. Contudo, como há diversas culturas e nelas distintas experiências, o significado simbólico dessas referências existenciais jamais é único, mas sempre múltiplo. Por ser individual a exteriorização dos valores, mas coletiva a sua construção, a vida social se configura também como vida política, logo, essa edificação de conceitos norteadores não pode ser neutra. Visto que as mais diferentes sociedades apresentam desigualdades em todos os seus níveis, é relevante a influência da classe dominante sobre as menos abastadas e isso claramente se reflete no campo dos valores, ocorrendo via convencimento ou imposição que, por sua vez, pode ocorre pela mídia ou por governos ardentemente guiados por ideologias. Nessa realidade, os processos pedagógicos, justamente por não serem neutros, ocupam os importantes papeis de conservadores do conhecimento engendrado por aqueles que, em sua maioria, são considerados “sem cultura”, e inovadores por unir a educação vivencial à intencional (escolar). Por conseguinte, o autor compreende a educação como o meio pelo qual o homem, imergido em seu cotidiano, extraindo dele saberes e valores, e mediante os conhecimentos que se propôs a aprender na escola, pode entender a sua realidade e transformá-la, procurando ser agente do conhecimento e interventor no mundo humano, na cultura que constrói e que é também por ela formado.
Trabalho Final - ESTRATÉGIAS DE PRODUÇÃO DE BOVINOS NO SECTOR FAMILIAR, EM RESPOSTA ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS, EM ZONAS SEMI-ÁRIDAS DO DISTRITO DE MABALANE (GAZA)