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Universidade Católica de Pernambuco (Unicap)

Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH)


Matéria: Educação e Prática Social
Professora: Clarisse Travassos Sobrinha
Acadêmico: José de Sá Araújo Neto
Data: 29/03/2019
O texto abaixo pleiteia ser o conjunto coeso e coerente das respostas às questões
referentes ao artigo “A finalidade da escola enquanto instituição social”.

Partindo de educadores, tais como Paulo Freire, Mário Sergio Cortella e outros, os
autores do artigo objetivam trabalhar o conceito de Escola como instituição sócio -
histórica que, em sua essência, é capaz de produzir cultura, potencializar a criação e,
sobretudo, transformar a realidade. Ou seja, o humano, sendo um ser não acabado, mas
em contínuo processo de “hominização”, no contexto social em que está inserido com a
realidade histórica de seu tempo, é produtor de saberes diversos (teóricos, práticos e
experienciais) e, simultaneamente, fruto mesmo do meio que constitui e é igualmente,
por ele, constituído. Assim, o homem é “sujeito reflexivo” (entenda-se agente e
paciente), podendo conscientemente agir sobre o mundo e modificá-lo a fim de
satisfazer suas necessidades, originando o mundo humano, a realidade construída pela
comunidade humana, mas expressa individualmente.

Citando Ferreira (2006), afirmam os autores que a educação é um processo tipicamente


humano, formando os cidadãos por meio de ideias, teorias e valores, sendo a Escola a
instituição veiculadora dos instrumentos necessários para a socialização de tais saberes,
integrando conhecimentos teóricos e vivenciais do indivíduo em seu cotidiano. O
homem é, então, sujeito (subjectum), e não objeto (objectum), que intervém
conscientemente no mundo por meio do trabalho (práxis), pleiteando apropriar-se dele,
como que “personalizando” o ambiente que o cerca e “contextualizando-se” junto a ele.
Essa realidade engendrada pela comunidade humana, na qual ela também é engendrada,
é chamada de cultura (CORTELLA, 2008), e está intrinsecamente ligada ao processo de
hominização: “a criação da cultura e a criação do homem são, na verdade, duas faces de
um só e mesmo processo” (PINTO, 1979, p.122).

Dessa relação homem/cultura surgem os produtos culturais que, por sua vez, seguindo a
sistemática explicativa de Cortella, podem ser diferenciados em materiais (coisas) e
imateriais (ideias), os quais se interpenetram, uma vez que não há coisa produzida que
não tenha sido pensada ou idealizada pelo homem, nem ideia que não fundamente
alguma coisa. Aos produtos materiais úteis aos homens, dá-se a nomenclatura de bens, e
estes podem ser ou de consumo, ou de produção. Aqui, ainda segundo o autor
supracitado, o artigo assevera que o maior bem de produção é o próprio homem e
inseparavelmente a cultura, construção contínua que perpassa seguidas gerações, as
quais não podem se contentar com o que já fora produzido nas anteriores, havendo
necessidade de reconfiguração, recriação, contextualização e evidentemente superação
de seus limites. Nessa “descontinuidade contínua”, o homem se reinventa e se
redesenha, traça novos contornos para as suas ações transformadoras no mundo de
acordo com suas novas necessidade e habilidades desenvolvidas.
A Escola (instituição social e histórica), por conseguinte, torna-se um espaço
privilegiado para desencadear todo esse processo vital e tipicamente humano. Por isso
mesmo, deve compreender que a sua especificidade não é um “estar amorfo no
contexto”, mas um “ser agente” que veicula o conhecimento científico sem
desconsiderar a riqueza das experiências como ponto de enlace nas relações de
aprendizagem. O conhecimento, objeto social e historicamente produzido pela
humanidade, não pode ser delimitado apenas ao campo teórico, pois, o ato de conhecer
intenta a consciência da realidade do todo vivencial (social, política, econômica etc),
que constitui o “chão existencial” de cada indivíduo. A análise dessa aquarela humana é
um instrumental que possibilita a criticidade, motor de conscientização e,
consequentemente, de mobilização e transformação das relações sociais que tecem o
cotidiano do homem.

Destarte, pode-se defender que os autores do artigo, aqui brevemente apreciado, tendo
como fundamentos a pedagogia freireana e desenvolvimentos de escritores posteriores
da mesma corrente pedagógica, conseguiram elaborar aquilo que foi proposto desde o
início da apresentação do trabalho científico: “[...] se busca analisar a importância da
cultura como sendo um processo de construção do homem para a humanização do
sujeito no contexto educacional” (RESUMO). E, prazerosamente, atrai o leitor, e aqui
me coloco como um desses, a percorrer caminhos que seguem para um mesmo ponto de
chegada: compreender que a educação é um contínuo processo de reinvenção do mundo
e do homem, ou melhor, do mundo humano. Por fim, corroborando com o que até aqui
foi exposto, Rubem Alves, filósofo, educador, teólogo e psicanalista mineiro, em um de
seus textos, afirma:

Eu estou pensando há muito tempo em propor o novo tipo de professor. [...] É


um professor de espantos. O objetivo da educação não é ensinar coisas
porque as coisas já estão na Internet, estão por todos os lugares, estão nos
livros. É ensinar a pensar. Para mim esse é o objetivo da educação: criar a
alegria de pensar. [...] A missão do professor não é dar as respostas prontas.
As respostas estão nos livros, estão na Internet. A missão do professor é
provocar a inteligência, é provocar o espanto, é provocar a curiosidade.1

1
Fonte: https://www.portalraizes.com/rubem-alves-professor-de-espantos/. Acesso em 29/03/2019

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