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Hebreus: história e características

(resumo)

Hebreus durante o Cerco de Jericó. Créditos: autoria desconhecida.


Um dos povos mais interessantes da História, os Hebreus têm sua origem
em um dos povos semitas que habitavam o Oriente Médio na Antiguidade.
Demonstraram uma fé inabalável ao longo dos milênios e transformaram
o mundo com o Cristianismo, ficando atualmente conhecidos como
judeus.

Os hebreus, mais tarde chamados de israelitas e depois de judeus,


eram um antigo povo, originalmente da Mesopotâmia, que se instalou
em Canaã (Síria, Líbano e Israel de hoje).

Os seus reinos nunca foram dominantes nem duradouros, e eles


ficaram sob domínio de um império poderoso atrás do outro. Mas,
justificadamente, os hebreus tiveram impacto maior sobre a história
que todos os povos que os venceram.
A sua crença em um deus único, preservada durante séculos de
dispersão, domínio estrangeiro e perseguição, inspirou as três
grandes religiões mundiais: o judaísmo, o cristianismo e islamismo.”
(WOOLF, p. 30, 2014)

Nota de observação: faz-se importante ressaltar desde já o possível desencontro de informações, principalmente quanto à

questão cronológica, visto que algumas referências bíblicas sofrem de ausência de exatidão técnica quando comparadas às

fontes historiográficas.

Ainda, desde já tomo a liberdade de exemplificar alguns termos para garantir a didática. Por vezes, vai-se falar em “hebreus

seguidores de Cristo”, mas os hebreus são anteriores a Cristo, isso é claro, mas entenda como melhor preferir. Divindade,

Deus, Jeová, Yeshua, Jesus, Cristo etc., seria mais apropriado o termo divindade, mas, por experiência própria, não é

aconselhável. Optei por uma escrita mais exemplificada, mesmo sendo arriscado. Tenho profundo respeito aos institutos

religiosos aqui tratados, que, inclusive, como descendente, faço parte.

Como se trata de um mero artigo de internet, meu objetivo é traçar uma ideia da complexa e intricada história dos hebreus,

judeus, cristãos. Se, de alguma forma, atingir esse objetivo, considerarei a minha missão cumprida. De antemão, peço

desculpas àqueles que por um ou outro motivo se desagradem da leitura em algum ponto.

Obrigado e boa leitura!

SUMÁRIO
1 Quem eram os Hebreus

2 Hebreus como um dos povos semitas

3 Região, rio Jordão e os primórdios dos Hebreus


4 Cativeiro e Êxodo do Egito Antigo

5 Política Hebraica

⠀⠀5.1 Patriarcado

⠀⠀5.2 Fase dos Juízes

⠀⠀5.3 Fase dos Reis

6 Cisma Hebraico

7 Cativeiro da Babilônia e libertação persa

8 Hebreus dominados pelos impérios macedônico e romano

⠀⠀8.1 Império macedônico

⠀⠀8.2 Império romano

9 Diáspora Judaica

10 Economia hebraica

11 Sociedade hebraica

12 Religião hebraica

13 Cultura

Referências

1 QUEM ERAM OS HEBREUS?


Estabelecidos há aproximadamente 2000 anos a.C. na Palestina, os hebreus
faziam parte dos povos semitas (descendentes de Sem, o filho de Noé). Eram
monoteístas e sua sociedade era originariamente patriarcal, poligâmica e com
política descentralizada.

Após conflitos e perseguições desde tempos remotos, os hebreus


sobreviveram e atualmente são popularmente conhecidos como judeus,
continuando a construir sua história alicerçados por sua grande força: a fé em
seu Deus, Jeová.

O povo hebreu, dentre os demais povos do Oriente, é o que mais


estreita relação com as origens e a evolução da Civilização Ocidental.
Embora tenha desempenhado um papel político bastante secundário,
sua contribuição à Humanidade foi enorme no terreno religioso.

Fato único e absolutamente excepcional na história, os descendentes


de Abraão, Isaac e Jacó tornaram-se, através de muitos séculos, os
pertinazes portadores de uma mensagem de fé monoteísta que, com
o Cristianismo, alcançou tamanha amplitude a ponto de suplantar as
antigas superstições e derrubar os velhos ídolos do paganismo
(GIORDANI, 1969, p. 224)

2 HEBREUS COMO UM DOS POVOS SEMITAS


Costuma-se se referir aos judeus como povo semita por conta de sua origem
hebraica. Contudo, os hebreus representavam uma pequeniníssima parcela
dos tantos povos semitas. O termo semita provém de Sem, o filho de Noé, que
teria dado origem ao repovoamento do planeta após o dilúvio bíblico.

Povos como os cananeus, assírios, acadianos, babilônicos e hicsos também


eram semitas e teriam surgido originariamente na Península Arábica.

3 REGIÃO, RIO JORDÃO E OS PRIMÓRDIOS DOS


HEBREUS
Estabelecidos há aproximadamente 2000 anos antes de Cristo, os hebreus
eram pastores nômades originários do sul da Mesopotâmia, possivelmente de
Ur, e sob a liderança do patriarca Abraão (“o que atravessou o rio”),
transferiram-se para o vale do rio Jordão, na Palestina, que naquela época já
era chamada de Terra Prometida (Canaã). Região árida e de difícil
sobrevivência, exceto nas proximidades do vale.

Devido às dificuldades de sobrevivência que a Palestina impunha, o rio Jordão


proporcionava agricultura, pesca e pastoreio, sendo por isso palco de
frequentes disputas entre os tantos povos que viviam nas redondezas.
O rio Jordão em destaque, na Palestina. Créditos: autoria desconhecida.

4 CATIVEIRO E ÊXODO DO EGITO


Por volta de 1800 a.C., os hebreus migraram espontaneamente para o Egito
Antigo devido a uma série de secas na Palestina. Durante essa fase, os
hebreus trabalhavam “livremente” na terra dos faraós.
Contudo, tempos depois o Egito foi conquistado pelos militarmente avançados
hicsos, permanecendo na condição de povo conquistado por quase 200 anos.
Os egípcios, após retomarem a sua independência ao expulsar os hicsos,
teriam culpado os hebreus pela desgraça que havia lhe caído, dando início à
escravidão.

Em cerca de 1250 a.C., teria surgido Moisés que liderou a revolta dos hebreus,
conseguindo a libertação do seu povo e o retorno à Terra Prometida, Canaã,
na Palestina. Moisés também ficou conhecido como O Legislador pelo seu
papel nos Dez Mandamentos.

O Êxodo do Egito, de David Roberts.


5 POLÍTICA HEBRAICA
A política hebraica passou por diversas fases, sendo inicialmente apresentada
como uma política descentralizada, mas que caminhou em direção à
centralização quando os hebreus tiveram seus reis, como Saul, Davi e
Salomão.

5.1 Patriarcado

Inicialmente, cada família possuía um líder, o patriarca. Por isso se diz que a
civilização hebraica era uma sociedade patriarcal. Período
de descentralização política onde os mais velhos possuíam grande respeito e
dirigiam a sociedade. O cativeiro do Egito teria ocorrido nesta fase.

5.2 Fase dos juízes

Durante essa fase “nasceram” as Doze Tribos de Israel (descendentes dos 12


filhos de Jacó) e devido ao forte crescimento populacional, o patriarcado
passou a ter dificuldade de governança. Para esse problema administrativo
surgiram os juízes, um governo de indivíduos que gerenciava a sociedade
hebraica. A política era descentralizada, mas já apresentava traços de poder
restrito.

Nessa fase os hebreus, recém-libertos do Egito, precisavam se organizar


melhor para conseguir conquistar os povos estabelecidos em Canaã, como os
filisteus e cananeus (fenícios). Por isso a criação dos Juízes para facilitar a
governança.

Ainda nesta fase se decidiria sobre a transformação em reino sob a liderança


de um rei que foi escolhido, segundo a Bíblia, por Samuel. Samuel teria
recebido o chamado de Deus durante enquanto dormia. Independentemente de
como tenha se dado, o fato é que os hebreus entraram na fase régia.

5.3 Fase dos reis

O primeiro rei de Israel foi Saul, mas pouco tempo permaneceu no poder,
dando espaço ao famoso rei Davi. Entre os feitos de Davi se destacam a
criação de um exército permanente e profissional e a homologação dos Dez
Mandamentos, impondo que todo àquele que desejasse morar ali deveria mais
do que seguir os Dez Mandamentos: deveria acreditar. A política se tornou
centralizada.

O rei Davi, após sua morte, foi sucedido pelo seu filho, Salomão, também
conhecido como Salomão, o Sábio. Este rei criou a mais imponente
construção do seu povo, o Templo de Salomão (ou o Primeiro Templo).
O rei Salomão no Primeiro Templo (ou Templo de Salomão), de James Tissot.

6 CISMA HEBRAICO
Da morte de Salomão decorreu o Cisma Hebraico em 926 a.C., dividindo,
assim, as 12 Tribos e gerando fragilidades, o que favoreceu a conquista dos
dois grupos por povos vizinhos.

Os dois filhos do falecido rei Salomão, Roboão e Jeroboão, tiveram uma


crescente rivalidade e se dividiram, aliando-se cada um às outras tribos
hebraicas para gerar reinos independentes, mesmo que sob a mesma fé.

A primeira divisão — de Roboão — ficaria conhecida como a do reino de


Judá (com 2 das 12 tribos originais). É deste reino que vem o termo judeu
(termo estendido aos demais hebreus e popularizado pelo destaque que Judá
teve durante um determinado período). A segunda ramificação — de Jeroboão
—, por sua vez, fundou o reino de Israel (com 10 das 12 tribos).

O reino de Israel não demoraria a ser dominado pelos assírios (fato ocorrido
em 722 a.C.), enquanto que o reino de Judá se manteria livre por mais alguns
séculos, mas encontrando o mesmo fim nas armas dos babilônios sob o
comando de Nabucodonosor II em 587 a.C., quando se iniciou o Cativeiro da
Babilônia.

7 CATIVEIRO DA BABILÔNIA E LIBERTAÇÃO


PERSA
Sob o jugo babilônico, os hebreus permaneceram escravizados por cerca de 50
anos, quando foram libertados por Ciro II que liderou os persas contra o
império babilônico, vencendo-o e o conquistando.

Diz-se, de acordo com os textos bíblicos, que Ciro, mais conhecido como Ciro,
o Grande, teria recebido uma mensagem do Deus dos hebreus para que os
libertassem. Por outro lado, segundo a política persa de praxe, povos
dominados pagariam tributos em vez de serem escravizados.

Independentemente da real causa, Ciro libertou os hebreus, enviando-os de


volta à sua região anterior, a Palestina, mas sob o regime de tributação ao
império da Pérsia.

Ciro também ficou conhecido por sua tolerância, destreza social e


principalmente como um dos maiores conquistadores da história.
Atualmente é um dos grandes heróis da Pérsia (um dos nomes oficiais do
Estado moderno do Irã).
A famosa retratação bíblica de Daniel injustamente atirado à cova dos Leões,
durante o Cativeiro da Babilônia, mas que nada de mau lhe aconteceu. Pintura
de Briton Rivière.
⠀⠀

8 HEBREUS DOMINADOS PELOS IMPÉRIOS


MACEDÔNICO E ROMANO
8.1 Império Macedônico

Em aproximadamente 330 a.C., Alexandre, o Grande, conquistou não só a


região dos hebreus, como também todo o império persa, o Egito e a
Mesopotâmia em uma das campanhas militares mais extraordinárias da
História (Alexandre chegou até a atual Índia e nunca sofreu uma derrota em
campo de batalha).

Alexandre, que havia sido discípulo de Aristóteles, também compartilhava


de uma política similar à persa, que consistia em conquistar, mas mantendo a
estrutura burocrática dos povos vencidos. Alexandre concedeu autonomia aos
hebreus. Contudo, tudo logo mudaria com a precoce e misteriosa morte de
Alexandre na Babilônia, em 323 a.C..

8.2 Império Romano


Os romanos, diferentemente, agiram com tremenda brutalidade, escravizando
povos em vastas regiões. Particularmente sobre os hebreus, havia um motivo
em especial para escravizar e destruir sua cultura: o messias Jesus e a
crença monoteísta cristã.

Os romanos eram politeístas e cultuavam deuses com nomes de planetas e de


modo similar aos gregos, como, por exemplo, Júpiter encontrando seu
equivalente em Zeus e Marte em Áries, deuses romanos e gregos
respectivamente. Alguns imperadores romanos, principalmente os tidos
como loucos, emplacaram perseguições severas aos hebreus.

Os romanos se empenharam em destruir os hebreus e conseguiram no ano de


70 d.C.. A resistência hebraica persistiu duramente, exigindo um tremendo
esforço das legiões romanas que só conseguiram vencer as defesas de
Jerusalém após um exaustivo cerco de quase três anos.

Ironicamente, o próprio império romano se converteria aos Cristianismo alguns


séculos depois.

Retratação em alto relevo do saque romano após a conquista de Jerusalém.


Pode-se verificar em destaque a Menorá que foi roubada e levada à Roma.
Créditos (fotografia): Beit HaShalom

9 DIÁSPORA JUDAICA
Com a destruição de Jerusalém pelos romanos em 70 d.C., os hebreus se
dividiram em pequenos grupos, dispersando-se para regiões diferentes em
busca de sobrevivência.

Quase 2 mil anos depois da destruição provocada pelos romanos, os hebreus


(agora chamados de judeus) novamente se agruparam originando o Estado
Moderno de Israel na Palestina, feito concretizado em 1948.

Judeus sobreviventes do campo de extermínio nazista de Buchenwald (alguns


ainda com os trajes) em uma embarcação a caminho do porto de Haifa, na
Palestina. Créditos: Zoltan Kluger.

10 ECONOMIA HEBRAICA
Agricultura e pastoreio como modos clássicos de movimentação da
economia. Os hebreus mais abastados costumavam viver da agricultura e os
menos do pastoreio nas terras circundantes. Comércio, artesanato e carpintaria
também eram atividades de destaque na sociedade.

11 SOCIEDADE HEBRAICA
Os costumes mudaram muito ao longo dos séculos, tendo o povo hebreu se
adaptado a cada nova realidade. Entretanto, uma característica clássica era o
patriarcalismo, que impunha respeito de todos aos mais velhos, mesmo na sua
fase régia. Ainda hoje os judeus têm essa característica de respeito aos mais
velhos.

12 RELIGIÃO HEBRAICA
Os hebreus eram profundamente marcados pela religião, de modo que todo
o seu universo girava sob as regras dela.

Eram monoteístas (tinham apenas um Deus), o que os diferenciava


destacadamente pelo fato das demais civilizações ao seu redor acreditarem em
vários deuses, sendo, assim, politeístas.

Notável o fato de que uma “pequena tribo” que foi conquistada por povos
diversos, que foram incapazes de se igualar às potências medianas de sua
época, que tiveram suas construções destruídas e reconstruídas, que teve seu
povo escravizado e dispersado pelo mundo, mas, ainda assim, conseguiram
influenciar de maneira única a sociedade global com o seu monoteísmo.

O monoteísmo praticado pelos hebreus se transformou em de um


culto a um deus tribal para um deus universal, de um deus da guerra
para um deus sereno. (PINSKY, apud: ALMEIDA, s/p, 2020)

Sistema jurídico, comércio e modo de viver eram baseados em leis divinas.


Portanto, os hebreus se governavam de acordo com as regras
do Teocentrismo (Teo, de Deus; e Centrismo, de centro. Ou seja, Deus no
centro).

13 CULTURA HEBRAICA
Além da principal característica dos hebreus, o Teocentrismo, havia
características bem peculiares e pouco difundidas, como a poligamia (um
homem poderia ter várias mulheres para gerar frutos).

A justificação para esse costume era a necessidade de povoar e fazer o povo


hebreu crescer rapidamente em virtude da proteção contra povos vizinhos. Era
tão importante que quando homens e mulheres morriam sem ter procriado era
considerada uma grande tragédia.
De acordo com a referência bíblica, descendentes de Abraão receberam a
tarefa de gerar uma nação. Isto é, reproduzir sob a benção de Deus para o vital
crescimento do seu povo.

REFERÊNCIA(S):
ALMEIDA, Fernando Silva de. História da Hominização às primeiras civilizações. Faculdade Metropolitanas Unidas (FMU),

2020.

BOTTÉRO, Jean. No começo eram os deuses. trad. Marcelo Jacques de Morais. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.

BRAICK, Patrícia Ramos; MOTA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio. 3ª ed. reform. e atual. São

Paulo: Moderna, 2007.

CLINE, Eric H.; GRAHAM, Mark W.. Impérios antigos: da Mesopotâmia à Origem do Islã. trad. Getulio Schanoski Jr.. São

Paulo: Madras, 2012.

GIORDANI, Mário Curtis. História da Antiguidade Oriental. 13 ed. Petrópolis: Vozes, 1969.

JACQ, Christian. O Egito dos Grandes Faraós: história e lenda. trad. Rose Moraes. Rio de Janeiro: Bertrand, 2007.

SOLLA, Walter. Hebreus, Fenícios e Persas. Acesso em: 27 fev. 2018.

VINCENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. São Paulo: Scipione, 2002.

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