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Sao Urcente de Faulo Ilustragdes de Augusta Curreli convlia. Windisch Pans, 9AN2. 290% Titulo original: Saint Vincent de Paul © Editions du Signe - 1999 B.P. 94-67038 Strasbourg Cedex 2 ~ Franca ‘Telef.: (33) 3 88 78 91 91 - Fax: (83) 3 88 78 91 99 Email: info@editionsdusigne.tr www.editionsdusigne.tr ‘Todos os direitos reservados Proibida a reproducao ISBN: 978-2-7468-0232-2 ISSN: 1275-5230 Texto: Irma Catarina Ethievant, Carole Monmarché Tlustragoes: Augusta Curreli _Diagramacao: Editions du Signe Adaplacdo para Portugal: Irma Isabel da Silva Alves PROVINCIA PORTUGUESA DAS FILHAS DA CARIDADE DE 8. VINCENTE DE PAULO AV. Marechal Craveiro Lopes, 10 1749-011 LISBOA ‘Telef/Fax. 217590078 Impresso em China Estou certa que ja ouviste falar de um grande amigo ...ele chama-se “Padre Vicente”. Talvez ja tenhas visto, no livro de historia, 0 seu rosto de olhos bondosos e maliciosos, ou a sua imagem numa igreja ou numa praca publica. Ele € frequentemente representado com criancinhas nos bracos, porque salvou muitas da morte. Neste livro, vais encontré-lo no meio dos seus irmaos e irmas, sendo um pastorinho francés das Landes, onde nasceu, mas também como Conselheiro na Corte da Rainha Ana de Aus- tria! “Monsieur Vincent”, um padre extraordinario, totalmente doado a Jesus € aos que sofrem por doenga, por exclusao, guer- ras ou grande pobreza. Para todos, ele inventa e adapta solugdes organizando grupos de homens e de mulheres para os servir. Jamais cruza os bracos: a sua forea € a oracao. Hoje, 0 Padre Vicente mostra-nos um caminho de solidariedade, de partilha; convida-nos a amar os fracos, os desprezados, tal como Jesus os ama. E para nés um exemplo vivo. E para ti, também?... Por que nao? Quando o tiveres descoberto, fa-lo conhecido dos teus com- panheiros. Boa leitura! Sif birfiada. Trma Juana Elizondo Ao ritmo das estacdes, os camponeses levam uma vida simples, rude e trabalhosa: uns labutam nas herdades, outros nos campos, outros, ainda, cuidam dos animais. No tempo do Rei Henrique IV, no Reino de Franga, na \ regiao das Landes, perto dos Pirineus, a aldeia de Pouy aninha-se junto as margens do rio Adour. : ‘No dia 24 de Abril de 1581, os rostos dos aldeaos Alguns anos mais tarde, Joao, Bertanda, Vicente, Gaio, iluminam-se de alegria, ao ouvirem: o choro de um Maria, Claudina... formam 0 grupo alegre dos seis fi- recém-nascido. A familia ‘De Paul’ esta em festa. Thos dos ‘De Paul’. Vicente cresce feliz nesta familia Bertranda e Joao tém o terceiro filho, um garoto, o | cuja fé é sdlida como um carvalho. Vicentinho... } — Olha que bonito e forte que ele é! — Quando sera batizado? Em breve, Vicente pode também ajudar aos trabalhos da quinta. Aprende a semear o grao, a ceifar o feno. A mae aproveita cada ocasiao para ensinar os filhos a co- nhecerem Jesus. Vicente descobre assim a presenca de Deus que criou o céu e a terra, e que, com 0 sol e a chuva, faz crescer as plantas. Vai trabalhando, apren- dendo e brincando ao mesmo tempo. —Mami, olhe, esta manha apanhei caracéis, bem gran- des, no orvalho. E vai haver uma “corrida” de caracéis no patio. Posso levar uma folha de salada? — Podes, Vicente! Toma cuidado com os animaizinhos que carregam a casa as costas! Todas as manhas, bem antes da alvorada, Vicente solta os carneiros e os porcos. Encavalitado em andas, que sao como umas pernas altas de pau, um alforje aos ombros, la vai ele com os animais, as vezes para bem longe, a fim de encontrar boa pasta- ~» gem nesta regiao tao cheia de lagos e pantanos. Ao serao, todos se reunem ao redor do fogo. Contam historias, relembram a vida de Jesus e rezam: “Obrigado, Senhor, por este dia que tivémos!” Os pais, percebendo a inteligéncia de Vicente, con- versam sobre o seu futuro: — Bertranda, este pequeno tem um espirito vivo e aberto. Que tal se mandarmos o Vicente estudar para a cidade? Poderia vir a ser padre, como 0 tio Estevao.... — Ai, Joao, vai ser dificil ver o Vicente partir de casa! — E os estudos seraéo demorados e caros! Estou disposto a vender a nossa junta de bois. Que achas? O Senhor no-la restituira... Esta decidido. Vicente sera um homem de Igreja, e com 0 dinheiro que ira ganhar podera ajudar a familia. E assim que, aos quinze anos, ele troca os rebanhos e a bela regido da sua infancia, pela cidade. Vicente entra para o Colégio dos Franciscanos, em Dax. Inteligente, progride depressa e consegue, em breve, encontrar um trabalho para pagar os seus estudos. Apesar da sua pouca idade, um advogado toma-o como professor de seus filhos. Vicente tem um temperamento vivo, colérico e um tanto orgulhoso. O sucesso sobe-lhe & cabega. Toda a vida ele se lembrara desse dia em que teve vergonha de seu pai, mal vestido e coxo, que viera fazer-Ihe uma visita. Impaciente e ambicioso, nao tem ainda vinte quando, em 1600, é ordenado Padre. “A mim o sucesso!”, pensa ele! Vicente vai de um lugar para outro, procurando sem- pre uma situagéo que o torne célebre e lhe permita encontrar pessoas importantes. Sao anos obscuros, cheios de aventuras! Parte para Roma em peregrinagao. Em Tolosa, herda uma pequena fortuna de uma velha senhora, depois é roubado. Persegue 0 ladrao até Marselha e consegue que o prendam. Conta-se também que, ai, capturado por piratas, é levado para Tunis, além do Mediterraneo e posto ao servico de um médico, de praticas bizarras e secretas, até conseguir fugir e vol- tar para Franga, a bordo de uma fragil embarcagao. 21 De volta a Paris, Vicente 6 nomeado Capelio da Rainha Margarida de Valois, senhora nobre e rica do Reino. E visto pelas ruas dizendo aos pobres: “Recebam estas moedas, em nome da Rainha!” No hospital diz aos doentes: “Recebam estas frutas, em nome da Rainha!” Vicente ainda nao sabe que, alguns anos mais tarde, fara tudo isso em nome de Jesus. Mas um belo dia, em Paris, comecam a circular, por toda a parte, estes malditos boatos: — Sabe que o Padre Vicente de Paulo, tao generoso, é um ladrao? — Nao € possivel! — E sim, roubou o dinheiro ‘de um amigo que mora com ele! — Nao posso acreditar! Vicente nao tem nenhuma prova da sua inocéncia. Envergonha-se de ser acusado tao falsamente e, sem nada dizer, entrega-se a tristeza durante varios anos. Por sorte, 0 culpado € finalmente preso! 23 Vicente comeca, pouco a pouco, a cansarse de correr atras da riqueza dos grandes do mundo! Reflete: “Para qué atormentarme? Por que é que tudo me parece tao sombrio, tao frio? ...Que queres tu que eu faca, Senhor?” Vicente aceita tornar-se paroco de uma igreja pobre, a Igreja de Clichy. E a primeira vez, apés doze anos de ordenagao, que ele exerce verdadeiramente 0 seu ministério de Padre e nao a procura de honrarias. Pela primeira vez, ele é feliz! Um ano mais tarde, a pequena par6quia de Clichy esta alarmada. O seu querido paroco acabara de partir. Com ele, ia tudo tao bem! — Jamais tivémos um padre como ele! — Ele restaurou a Igreja. — Gracas a ele, aprendi a rezar. Por que é que 0 Padre Vicente se afasta quando, justa- mente, tinha dito ao Bispo de Paris, que o viera visitar: “Tenho um povo t&éo bom que penso que nem o Santo Padre, nem vés, Excia., sois tao feliz como eu. Mas 0 Padre Bérulle, seu conselheiro, prop6e-lhe ser pre- ceptor em casa de uma das mais poderosas familias do reino, a dos ‘de Gondi’, General das Galés do Rei. Vicente pensa ter encontrado a boa situagao com que tanto sonhara. Em Montmirail, participa na vida brilhante e faustosa do castelo e ensina 0 catecismo aos dois filhos mais velhos do casal. Tomase o confidente da senhora ‘de Gondi’ e o conselheiro do Conde, a ponto de dissuadi-lo de bater-se em duelo. Integra-se de tal maneira a esta nobre familia que, em breve, se torna muito importante. 27 Durante uma viagem com a familia ‘de G , Vicente é chamado para atender um doente e fica impressio- nado com a ignorancia religiosa desse camponés que exclama antes de morrer: — Obrigado! Sem terme confessado, fa para o inferno! Pesarosa por ter visto este pobre homem, a senhora ‘de Gondi’ volta-se para 0 sacerdote e diz-lhe: — Padre Vicente, quantas almas se perdem! Havera algum remédio? Que fazer para ensinar todas essas pessoas, isoladas em zona rural, a melhor conhecer e amar Jesus? E assim surgiu a ideia! Visitar as terras, pregar nas igrejas, chamar os camponeses ao arrependimento e a confissao (...). O seu primeiro sermao missionario, no dia 25 de Janeiro de 1617, na Igreja de Folleville, obtém um grande sucesso. As suas palavras simples, ardentes, tocam todos os coracdes. Os camponeses vém tao numerosos suplicar 0 perdao do Senhor, que Vicente precisa de pedir ajuda a outros sacerdotes.

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