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MANUAL DE HALTEROFILISMO

DIRETORIA TÉCNICA | 2015


SUMÁRIO
1. O HALTEROFILISMO PARALÍMPICO................................................................................................ 08
1.1 HISTÓRICO INTERNACIONAL....................................................................................... 08
1.2 HISTÓRICO NACIONAL................................................................................................. 09
1.3 INFORMAÇÕES BÁSICAS.............................................................................................. 11
2. OS ATLETAS DE SUPINO................................................................................................................. 12
2.1 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E ANTROPOMÉTRICAS................................................... 12
2.2 CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS............................................................................. 14
3. O TREINADOR DE HALTEROFILISMO PARALÍMPICO...................................................................... 17
COMITÊ PARALÍMPICO BRASILEIRO 4. O TREINAMENTO DE HALTEROFILISMO PARALÍMPICO................................................................. 19
4.1 PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO DE SUPINO......................................................... 19
4.2 MODELO TRADICIONAL DE PERIODIZAÇÃO.............................................................. 19
PRESIDENTE
Andrew Parsons
4.3 MODELO DE PERIODIZAÇÃO PARA CURTOS PERÍODOS DE TEMPO........................ 25
4.4 PRINCÍPIOS DE TREINAMENTO PARA A APLICAÇÃO DAS CARGAS......................... 26
1° VICE-PRESIDENTE 4.5 ASPECTOS TÉCNICOS DO SUPINO PARALÍMPICO..................................................... 28
Ivaldo Brandão 4.6 TREINAMENTO PSICOLÓGICO NO SUPINO................................................................ 31
2° VICE-PRESIDENTE 4.7 TREINAMENTO FÍSICO NO SUPINO............................................................................ 34
Mizael Conrado 4.7.1 Componentes da carga de treinamento....................................................... 34
4.7.2 Treinamento isométrico de sustentação da carga...................................... 35
SUPERINTENDÊNCIA DE ADMINISTRAÇÃO, 4.7.3 Treinamento isométrico na fase de arranque............................................. 37
FINANÇAS E CONTABILIDADE
4.7.4 Treinamento isométrico na fase de finalização........................................... 37
Carlos José Vieira de Souza
4.7.5 Treinamento de coordenação dinâmica...................................................... 38
DIRETORIA TÉCNICA 4.7.6 Treinamento de “Overlifting”....................................................................... 38
Edilson Alves da Rocha - Tubiba 4.7.7 Treinamento de “Board” ......................................................................... 40
DIRETORIA DE MARKETING
4.7.7.1 Treinamento de “Board” completo.............................................. 40
Ana Bacellar 4.7.7.2 Treinamento de “Board” concêntrico 1....................................... 41
4.7.7.3 Treinamento de “Board” concêntrico 2....................................... 41
DIRETORIA DE RELAÇÕES INSTITUCIONAIS 4.7.8 Treinamento de técnica completa livre....................................................... 41
Luiz Garcia
4.7.9 Treinamentos complementares................................................................... 42
GERÊNCIA DE COMUNICAÇÃO 4.7.9.1 Aparelhos de ginástica artística................................................... 42
Rafael Maranhão 4.7.9.2 Uso de equipamentos da musculação tradicional...................... 43
4.7.9.3 Uso de outros equipamentos...................................................... 43
ENDEREÇO
5. ASPECTOS IMPORTANTES DO HALTEROFILISMO PARALÍMPICO.................................................. 44
SBN Qd- 2- BL. F - Lt. 12
Ed. Via Capital - 14° andar
5.1 PROC. DE AJUSTE COR. SOBRE O BANCO E SOB A BARRA PARA CADA ATLETA.. 44
Brasília/DF - CEP: 70.040-020 5.2 FASES DA EXECUÇÃO DO SUPINO EM TREINAMENTOS E COMPETIÇÕES.............. 46
Fone: + 55 61 3031 3030 5.3 ASPECTOS FISIOTERÁPICOS....................................................................................... 46
Fax: + 55 61 3031 3023 5.3.1 PRINCIPAIS LESÕES, CAUSAS E TRATAMENTOS........................................ 46
5.3.2 ASPECTOS DE PREVENÇÃO DE LESÕES.................................................... 48
5.4 ASPECTOS NUTRICIONAIS.......................................................................................... 49
MANUAL DE HALETROFILISMO
Versão 1_MAI 2015
6. A COMPETIÇÃO DE SUPINO........................................................................................................... 52
72 páginas 6.1 REGRAS GERAIS DA COMPETIÇÃO.............................................................................. 52
Conteúdo e informações: Diretoria Técnica 6.2 CHECAGEM DOS EQUIPAMENTOS, VESTIMENTA E PESAGEM DOS ATLETAS........ 53
Edição e diagramação: Diretoria de Marketing 6.3 A COMPETIÇÃO............................................................................................................ 56
Fotos: Acervo CPB/MPIX 6.4 AS CATEGORIAS.......................................................................................................... 60
APRESENTAÇÃO
6.5 O SISTEMA DE RODADAS............................................................................................ 60
6.6 A TÁTICA NAS COMPETIÇÕES.................................................................................... 60
7. TESTES EM HALTEROFILISMO......................................................................................................... 62 Nas últimas décadas a evolução e desenvolvimento do paradesporto brasileiro é uma realidade incontes-
7.1 TESTES FÍSICOS ESPECÍFICOS...................................................................................... 62 tável, tanto no seu aspecto administrativo e organizacional, bem como no aspecto técnico o que tem refle-
7.2 TESTES TÉCNICOS ESPECÍFICOS................................................................................. 63 tido hoje na performance dos nossos atletas em muitas modalidades esportivas. Isto tem levado o Brasil
7.3 TESTES ANTROPOMÉTRICOS...................................................................................... 64 a figurar hoje como uma das maiores potências do esporte paralímpico do planeta. Esta grande evolução
7.4 TESTES PSICOLÓGICOS............................................................................................... 65 tem resultado também em um aumento significativo no número de atletas, treinadores e demais profis-
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA.......................................................................................................... 69 sionais envolvidos no esporte na busca da construção de uma estrutura esportiva de alto rendimento.

Treinadores brasileiros e cientistas do esporte nesse mesmo sentido vêm envidando esforços no sentido
de desenvolver métodos e processos de treinamento que possam ser aplicados diretamente nas modali-
dades paralímpicas de competição. Esse trabalho é na verdade, difícil e complexo. Não obstante, e aliado
também à uma visão de nossos dirigentes ao longo dos anos, associada a uma vontade inquebrantável
de alcançar níveis de excelência cada vez mais elevados é que nos tornamos a sétima potência mundial
no paradesporto.

Nesse sentido, e ressaltando o árduo trabalho desenvolvido pelos treinadores e equipe técnica é que
temos o prazer e o privilégio de apresentar esse trabalho cujo objetivo primordial é de contribuir para o
avanço da modalidade halterofilismo paralímpico no Brasil.

Este guia traz informações básicas e cruciais para todos aqueles que desejam engajar-se no movimento
paralímpico por meio do halterofilismo. São abordados nele aspectos relativos ao comportamento e aos
compromissos profissional e ético dos treinadores, regras gerais das competições, aspectos técnicos,
táticos, físicos e psicológicos do treinamento do levantamento supino paralímpico. Outros temas de re-
levante importância tais como, meios e processos de avaliação dos atletas no aspecto físico e técnico
desenvolvidos especificamente pelos profissionais da equipe técnica dessa modalidade ao longo de 4
anos de atividades intensas com o grupo de elite desse esporte no país, reveste este trabalho de uma
relevância técnica fundamental.

O presente guia, tem por finalidade ainda, divulgar a todos os treinadores e simpatizantes do halterofilis-
mo paralímpico aquilo que há de melhor em termos de treinamento seja ele para atletas iniciantes ou para
atletas já formados. Ele aponta um norte em termos de preparação técnica, tática, física, psicológica além
dos aspectos preventivos de lesões que podem acometer os atletas. Nesse sentido, ela deverá tornar-se
uma obra de referência e de consulta constante por todos aqueles apaixonados por essa empolgante
modalidade.

Andrew Parsons
Presidente do CPB

4 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 5


INTRODUÇÃO
O desenvolvimento do Esporte Paralímpico Brasileiro nas últimas duas décadas é uma realidade incon- Contamos com o apoio de todos para que possamos levar a cabo essa tarefa e aprofundarmos ainda
testável, contudo, além das dificuldades ainda encontradas no que diz respeito à infraestrutura dos clubes mais no conhecimento e nos segredos dessa modalidade tão fascinante e que arregimenta milhares de
e associações para o desenvolvimento da prática esportiva, tais como: locais apropriados, materiais e praticantes mundo afora.
equipamentos adequados, além da conscientização das próprias pessoas com deficiência e sua família
sobre a importância do esporte como fator preponderante na contribuição para a qualidade de vida destas
pessoas em todos os seus aspectos, a falta de profissionais habilitados e adequadamente formados para
atuarem com essas pessoas nas modalidades esportivas específicas, aliado a escassez da literatura e Alberto Martins da Costa
materiais didáticos têm sido, uma das principais queixas e reivindicações dos clubes, federações nacio- Presidente da APB
nais, atletas e dirigentes do esporte paralímpico no nosso país.

Procurando atender as necessidades dessa demanda, nesta última década, muitos cursos de capacita-
ção, habilitação, clínicas e seminários tem sido realizado pelo Brasil afora. No entanto, ainda carecemos
de dedicarmos mais na elaboração de materiais didáticos que possam contribuir com os profissionais da
área para uma atuação mais segura e atualizada para atender as reais necessidades que demanda não
somente o desporto de alto rendimento como também o próprio fomento da iniciação esportiva.

O Brasil, na recente Paralimpíada de Londres, se consagrou e se consolidou como uma das grandes po-
tências do esporte paralímpico mundial, grandes investimentos foram e continuam sendo realizados na
divulgação e implementação de todas as modalidades paralímpicas. Foram criadas novas competições e
torneios nacionais, foram financiadas e incentivadas as participações internacionais de todas as nossas
equipes que atingiram o status de equipes de esporte de alto-rendimento.

O objetivo desse guia é poder divulgar os esforços desenvolvidos por uma equipe multidisciplinar com-
posta por treinadores, psicóloga, fisioterapeuta, médico, nutricionista e biomecânico, e compartilhar os
conhecimentos e experiências adquiridas ao longo de 3 anos de trabalho.

Esse guia tenta resumir e divulgar para os treinadores os conceitos gerais da modalidade halterofilismo
paralímpico, enfatizando os seus aspectos técnicos, as formas de treinamentos existentes e aplicadas a
essa modalidade, os aspectos psicológicos que devem ser abordados durante os treinamentos e compe-
tições, fundamentos de arbitragem e táticos de competição, a preparação física geral e especial e por fim,
testes específicos para essa modalidade. Muitos dos conceitos aqui presentes foram desenvolvidos por
essa equipe e já estão sendo aplicados com grande sucesso.

O maior mérito deste guia é, na verdade, o seu caráter inovador, por ser a primeira tentativa em seu gêne-
ro de repassar as experiências e os conhecimentos acumulados por pessoas envolvidas com esse espor-
te e mesmo com a ciência, há vários anos. A divulgação e a aplicação dos conceitos aqui presentes, entre
os profissionais da área, em nossa opinião, serão de grande valia e incentivo ao progresso mais acelerado
dessa modalidade. Não temos certeza se a qualidade dessa publicação será suficiente para preencher
pelo menos algumas das lacunas existentes nessa área em relação à sistematização do conhecimento
relativo aos meios e técnicas de treinamentos voltadas ao halterofilismo paralímpico. De qualquer forma,
a equipe de profissionais responsável por essa área no CPB espera contribuir de maneira clara e efetiva
nesse sentido, com a publicação e divulgação desse modesto trabalho.

6 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 7


1. O HALTEROFILISMO PARALÍMPICO
Felipe Machado Costa Ernest Dias Está claro que ainda há espaço para o desenvolvimento da modalidade, pois os atletas continuam melho-
Wéverton Lima dos Santos rando consistentemente seus desempenhos. Os recordes mundiais, continentais e nacionais são quebra-
dos constantemente e isto é muito importante para o crescimento do esporte (IPC, 2006).

1.1 HISTÓRICO INTERNACIONAL


1.2 HISTÓRICO NACIONAL
Em 1946 o Dr. Ludwig Guttmann, neurologista e neurocirurgião do Hospital de Lesionados Medulares de
Stoke Mandeville, implantou pela primeira vez o desporto em cadeira de rodas. A princípio Guttmann bus- O Brasil estreou na modalidade com o atleta Marcelo Garcia da Motta nos Jogos Paralímpicos de Atlanta
cava, através do esporte, restabelecer o bem-estar psicológico e o bom uso do tempo livre do paciente, na categoria -56 kg com a marca de 122,5 kg, obtendo a 11ª colocação. O quadro a seguir demonstra o
mas com o tempo se deu conta que a disciplina desportiva influenciava positivamente também no sistema histórico da participação verde e amarela em todas as edições do maior evento paralímpico do planeta:
neuromuscular e ajudava na reinserção da pessoa na sociedade. Antes disso, houve em 1922, com a
Organização Mundial de Esportes para surdos-CISS, os Jogos Silenciosos.
ATLETA CATEGORIA(Kg) MARCA(Kg) COLOCAÇÃO

Atlanta, 1996
O surgimento do esporte para portadores de deficiência física deu-se quase ao mesmo tempo nos Esta-
Marcelo Motta -56,0 122,5 11ª
dos Unidos, com Benjamim Lipton e, na Inglaterra com Ludwig Guttmann. As atividades desportivas que
tiveram seu início em 1944 foram o arco e flecha, o tênis de mesa e o arremesso de dardo. O primeiro
esporte em equipe desenvolvido foi o pólo em cadeira de rodas, que mais tarde foi substituído pelo Ne-
tball. Somente em 1947 foi introduzido o basquetebol sobre rodas (STROHKENDL, 1996 apud FREITAS

Sidney, 2000
Alexsander Whitaker -82,0 157,5 14ª
E CIDADE, 1997).
João Euzébio -75,0 155,0 15ª
O Dr. Guttmann iniciou o paradesporto com o tiro com arco, basquete em cadeira de rodas e atletismo, Terezinha Mulato -56,0 70,0 8ª
para logo seguir com muitos outros esportes, até implementar em 1960 o halterofilismo (ZUCCHI, 2001).

Atenas, 2004
O halterofilismo começou a ser praticado nos Jogos Paralímpicos de 1964, em Tóquio/JPN, onde somen- Alexsander Whitaker -67,5 180,0 4ª
te os lesados medulares competiram com o nome de Weightlifting. Nos anos seguintes o halterofilismo João Euzébio -82,5 165,0 12ª
passou por várias mudanças para incluir outras deficiências e se adaptar às regras da competição de
halterofilismo basista. Naquela época existiam dois tipos de levantamentos: a) o Powerlifting que era o
Alexsander Whitaker -67,5 172,5 10ª

Pequim, 2008
supino basista (barra iniciando com cotovelos estendidos) e; b) o Weightlifting executado com a barra
saindo de baixo, tocando o tórax estando os cotovelos flexionados. O atleta deveria então, a partir dessa João Euzébio -82,5 170,0 9ª
posição fazer a extensão total dos cotovelos. A diferença, portanto, entre o Powerlifting e o Weightlifting Josilene Ferreira -67,5 100,0 5ª
era a posição de saída da barra. A partir dos Jogos de Barcelona/ESP, em 1992, optou-se apenas pela Maria Luzineide -44,0 82,5 5ª
competição de Powerlifting.
Alexsander Whitaker -67,5 165,0 7ª

Londres, 2012
Nos Jogos de Barcelona o número de países participantes foi de 25, chegando a Atlanta/USA, em 1996, Josilene Ferreira -75,0 0,0 DSQ*
com mais que o dobro (58 países), e desde 2000, em Sidney/AUS, esse número passa de 115 repre- Márcia Menezes -82,5 110,0 6ª
sentantes de cinco continentes, sendo que nesta edição da Oceania, a participação feminina debutou Rodrigo Marques -90,0 192,0 6ª
internacionalmente.
*Desqualificado(a)

O halterofilismo é um dos esportes que mais cresce no mundo paralímpico com mais de 5.500 atletas
masculinos e femininos ranqueados mundialmente. O halterofilismo feminino desenvolveu-se muito des-
de a sua estreia, contando hoje com mais de 1.250 mulheres de 60 países.

8 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 9


Em território nacional, o primeiro campeonato de Powerlifting foi realizado de 31 de julho a 01 de agosto Como consequência, a renovação da base esportiva será intensificada e, certamente, em um futuro de
de 1993, na Academia Yeda Granatto, na Associação Médica Fluminense, em Icaraí/Niterói. A promoção longo prazo, o Brasil ampliará consideravelmente sua participação em termos qualitativos nos grandes
foi da Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos (ANDEF/RJ) e a realização da Associação Brasileira eventos do ciclo paralímpico.
de Desportos de Cadeira de Rodas (ABRADECAR) e da Associação Brasileira de Desportos para Ampu-
tados (ABDA). Participaram os clubes ANDEF, SADEF/RN , CPSP/SP , ACPD/ES , CAIRA/MS , CIEDEF/
SP , ADDF/PE e ADEJ/SC . As modalidades foram: Weightlifting (o peso sai de baixo) e o Powerlifting (o 1.3 INFORMAÇÕES BÁSICAS
peso sai de cima), em 10 categorias de peso corporal.
A entidade responsável por regular a modalidade no mundo é o Comitê Paralímpico Internacional (IPC),
Os resultados foram os seguintes: que assume a função de Federação Internacional de Powerlifting. No Brasil, a lógica é a mesma: O Comi-
tê Paralímpico Brasileiro (CPB) é o responsável por gerilo.
Weightlifting Powerlifting Geral*
1º CIEDEF/SP 1º CPSP/SP 1º CPSP/SP Para poder competir em eventos oficiais o atleta deve ter no mínimo 14 anos. Já em eventos como Cam-
2º CPSP/SP 2º ADDF/PE 2º CIEDEF/SP peonatos Regionais ou Jogos Regionais, o atleta deve ter ao menos 15 anos. Para Campeonatos Mun-
diais ou Jogos Paralímpicos, 16 é a idade mínima exigida.
3º ADDF/PE 3º ANDEF/RJ 3º ADDF/PE
As disputas podem ser realizadas em até três divisões de acordo com a faixa etária, sendo Junior (até 20
* Soma das duas modalidades dividida pelo número de atletas.
anos), Adulto ou Senior (a partir de 21 anos) e Master (a partir de 40 anos).
Também foi premiado o atleta que levantou a maior quantidade de peso proporcional ao peso de seu cor-
po (Índice Técnico). O vencedor foi Marcelo Garcia da Motta de 27 anos, da ANDEF/RJ. Ele tinha 50,0 kg No halterofilismo os atletas permanecem deitados em um banco e executam um movimento conhecido
e levantou 114 kg no Weightlifting e 110 kg no Powerlifting. (ABRADECAR, 1993). como supino. A competição começa no momento em que a barra de apoio é retirada com ou sem a ajuda
do auxiliar central (sacador), deixando os cotovelos do atleta totalmente estendidos. Em seguida, o atleta
De lá pra cá a modalidade ganhou novos adeptos e, a partir de 2009, passou a integrar o programa do desce a barra até a altura do peito e a retorna até a sua posição inicial, finalizando o movimento.
Circuito Brasil CAIXA Loterias, realizado em 7 etapas ao longo do ano com o mesmo nível de importância
entre elas, até a temporada de 2011. A partir de 2012, o halterofilismo ganhou novo formato dentro do As categorias são subdivididas pelo peso corporal. São dez categorias femininas e dez masculinas. O
referido Circuito e passou a ser realizado em 4 etapas, sendo as três primeiras qualificatórias para a úl- atleta pode realizar o movimento três vezes, sendo que o maior peso levantado é aquele considerado
tima, que ganhou status de Campeonato Brasileiro, pois passou a ser a referência para clubes e atletas, como resultado final. São elegíveis para competir atletas amputados, les autres (termo francês que signi-
consagrando-os como campeões nacionais de cada temporada, além de ser a maior referência para o fica ‘os outros’) com limitações mínimas, atletas das classes de paralisia cerebral e atletas das classes de
pleito da Bolsa-atleta federal e conceder premiações. Tal formato contribuiu para uma melhor organização lesões na medula espinhal.
e periodização do treinamento, que deverá ter seu planejamento sempre pautado na busca da melhor per-
formance do atleta justamente neste evento, o mais importante do ano (em âmbito nacional), e este guia Os competidores precisam ser capazes de estender complemente os braços com uma limitação de angu-
vem também ao encontro dessa proposta, maximizando o conhecimento para que o pico de rendimento lação de cotovelo de, no máximo, 20 graus. Os árbitros ficam atentos à execução contínua do movimento
seja assim conquistado. e à parada nítida da barra no peito. Os detalhes técnicos serão informados nos próximos capítulos.

É notória a evolução do Powerlifting no território brasileiro e este guia tem a intenção precípua de contri-
buir para um trabalho de disseminação de conhecimento, a fim de unificar o entendimento sobre a moda-
lidade para qualquer clube, treinador e atleta, criando a Escola Brasileira de Halterofilismo.

1 Sociedade dos Amigos dos Deficientes Físicos do Rio Grande do Norte


2 Clube dos Paraplégicos de São Paulo
3 Associação Capixaba de Pessoas Deficientes
4 Centro Arco Iris de Reabilitação Alternativa
5 Associação para Integração Esportiva do Deficiente Físico
6 Associação Desportiva de Deficientes Físicos de Pernambuco
7 Associação dos Deficientes Físicos de Joinville

10 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 11


2. OS ATLETAS DE SUPINO
Sílvio Soares dos Santos Do ponto de vista da seleção das melhores condições para a prática do halterofilismo paralímpico, a medi-
Renata Almeida da de envergadura deve ser a menor possível. Já em relação às medidas de circunferência do tórax e dos
braços contraídos, seria interessante, que essas medidas fossem máximas. Em relação à consideração
de valores máximos de medidas de circunferência, deve-se considerar nesse contexto, os valores das
2.1 CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E ANTROPOMÉTRICAS dobras cutâneas nessas regiões, (que devem ser mínimos), para que a interpretação da medida tomada
possa ser feita corretamente. A circunferência do abdome poderia se colocar entre o valor da média e a
As características antropométricas dos atletas de halterofilismo do Brasil mostram uma grande variação. média -1 desvio-padrão (entre 79 e 98 cm). Isso se deve ao fato de essa medida estar relacionada com o
Essa variabilidade é causada devido, principalmente, ao fato de haver atletas com diferentes deficiências estado de saúde das pessoas, e quanto maior o valor da circunferência da cintura, maiores são as chan-
participando dessa modalidade. Nossos atletas de elite que, são frequentemente avaliados durante as ces de haver acúmulo de gordura visceral, o que afeta diretamente o estado de saúde não só de pessoas
Semanas de Treinamento e Avaliações apresentam as seguintes características: amputação de membros comuns quanto o de atletas.
inferiores, lesão medular alta, sequelas de pólio, paralisia cerebral, acondroplasia, mielomelingocele e
sequelas nos membros inferiores devido a acidentes de trânsito. Figura 2 Medidas de comprimento e circunferência

A figura 1 abaixo mostra os valores médios, o desvio padrão, os valores mínimo e máximo e o coeficien- ENVERGADURA CIRC. TÓRAX_I CIRC. ABDOME
Circ. Braço E Circ. Braço D
contraído contraído
te de variabilidade das medidas. As variáveis medidas foram: a idade (ID), as dobras cutâneas (bíceps, (cm) (cm) (cm)
(cm) (cm)
tríceps, peitoral, axilar média, subescapular, supra ilíaca, abdome, coxa e peito) sendo estimados os va-
lores de gordura corporal (%), gordura central (%) e gordura periférica (%) para o conjunto de atletas em Média 167 110 98 42 42
sucessivas avaliações, que somam 66 avaliações.
DP 12 13 19 6 6
Fazem parte desse grupo, 18 atletas sendo 13 homens e 5 mulheres.
Mínimo 128 85 65 29 31
Figura 1 Medidas de dobras cutâneas, percentual de gordura e quantidade de gordura central e Máximo 190 135 135 58 58
periférica.
CV% 6.9% 11.6% 19.3% 14.0% 14.3%
DOBRAS CUTÂNEAS - COMPOSIÇÃO CORPORAL
ID Bi Tr Pt A.Méd S.Esc S.Ili Ab Cx Pr GD.COR GD.CTR. GD.PER.
(mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) (mm) A medida de estatura, tão importante para a maioria dos esportes, no caso do halterofilismo paralímpico
Média 37 7 13 9 24 27 28 38 19 12 22 101 50 não se mostra tão relevante, devido ao fato de o mesmo ser praticado na posição de decúbito dorsal e
DP 7 6 8 10 13 13 18 23 8 6 9 57 24 o levantamento da barra ocorrer perpendicularmente a essa posição. Em relação à massa corporal, por
não haver a necessidade de deslocamento, sustentação do mesmo contra a gravidade e nem de sua
Mínimo 23 2 3 2 4 7 4 6 9 4 9 20 19
manutenção em condições de equilíbrio instável, sua importância se dá apenas em relação à definição da
Máximo 46 24 37 39 56 58 66 87 43 27 41 230 121
categoria em que o atleta será alocado para competir.
CV% 19.5% 90.1% 63.0% 109.6% 56.5% 50.0% 65.3% 59.4% 43.8% 53.5% 39.8% 56.1% 47.4%

Portanto, do ponto de vista antropométrico os atletas que apresentam uma menor envergadura, uma
Os valores médios encontrados no quadro1 podem ser usados como valores de referência para todos menor quantidade de gordura corporal, (especialmente nos membros superiores e tronco), uma maior
os atletas (homens e mulheres) de todas as categorias de “peso” corporal da modalidade halterofilismo circunferência do tórax e dos membros superiores são aqueles que apresentam uma melhor condição de
paralímpico. Os valores extremos devem ser evitados, em especial, os valores máximos, pois podem atingirem mais rapidamente altos níveis de performance no halterofilismo paralímpico. Esses são aspec-
comprometer o estado geral de saúde do atleta. tos importantes caso se deseje ainda fazer um processo de seleção de novos atletas.

A figura 2 mostra os valores das variáveis: envergadura (cm), circunferência do tórax inspirado (cm), cir-
cunferência do abdômen (cm), e circunferência dos braços esquerdo e direito contraídos (cm).

12 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 13


2.2 CARACTERÍSTICAS PSICOLÓGICAS extra; as glândulas suprarrenais também aumentam sua produção e enviam secreções aos músculos
cardíacos, acarretando no aumento da frequência cardíaca e maior distribuição sanguínea pelo corpo.
Fatores “não físicos” ou habilidades psicológicas desempenham importante papel na performance atlé- Processo que ocorre em segundos, e que bem aproveitado, pode fazer a diferença no peso levantado. O
tica. Com o desenvolvimento de novas técnicas e táticas, o esporte tem se tornado ainda mais competi- bom aproveitamento seria transformar este processo fisiológico em rendimento, tornando-o consciente e
tivo e detalhes no âmbito psíquico podem aproximar ou afastar atletas do pódio ou de boa classificação condicionado ao movimento, sem perder a atenção (BRANDÃO, 2012).
(FRANCO, 2004).

Para estes detalhes psíquicos, utilizamos o nome Características Psicológicas, que são fatores físicos, 2. Auto eficácia: refere-se à crença que o atleta tem de suas próprias capacidades e a forma
comportamentais e emocionais que formam a personalidade, os quais influenciam a percepção que a com que ele as utiliza para o desempenho esportivo. É um fator decisivo na competição, o
pessoa tem de si própria, ou seja, a auto percepção e, estas podem ser classificadas como benéficas ou qual independe do número de habilidades. O importante é saber usá-las e, principalmente,
não em determinada situação (NUNES et al., 2010). nos momentos certos. Um bom exemplo seria a queima da 1º pedida no supino paralímpico.
O importante é ter consciência real das suas habilidades e reestruturar as pedidas restantes.
Dentre várias características, ressaltamos a Inteligência ou Estabilidade Emocional, Auto eficácia, Criati- Existem dois componentes importantes neste fator: 1) a Expectativa de eficácia (que é a
vidade, Competências e Comprometimento. Esses cinco (5) traços são importantes para o planejamento convicção de gerar o resultado, é a certeza de suas habilidades, é a confiança na execução
profissional e pessoal, cujas características são inatas, mas que também podem ser adquiridas, treinadas do movimento, é o arriscar um peso na barra se o atleta se diz capaz, e claro o contrário tam-
ou aprendidas (HALL et al., 2000). bém, se ele não se sente capaz não submetê-lo a tal stress); e 2) a Expectativa de resultado
(é a crença de que um dado comportamento gerará um resultado específico). Ex.: Rezar
1. Inteligência ou Estabilidade Emocional: refere-se à capacidade que o indivíduo tem antes do movimento, sucessão de respirações, esticar os braços em frente da barra, amarrar
para lidar com as suas emoções, ponderar quando não lhes são positivas e sobressair sem a munhequeira de forma pessoal, dentre outros. Estes dois componentes são individuais,
se desestabilizar. O atleta vive constantemente em situação ansiógena, pois, além da co- particulares mesmo e, devem partir do atleta. Não é uma característica que deve ser imposta
brança interna existe a cobrança da mídia, da família, da equipe e do próprio treinador, por por outros, mas a equipe técnica deverá estar ciente para fundamentar este processo e co-
isso necessita controlar seus sentimentos negativos e possuir alta tolerância à frustração. laborar com tais crenças (VIEIRA et al., 2011).
Momentos que antecedem a competição são decisivos para os mesmos, afinal é quando
eles preveêm as oportunidades, os riscos e as consequências. Um exemplo seria os sin- 3. Criatividade e ou Abertura a novas experiências: É outro componente da personalidade
tomas psicossomáticos de ansiedade que antecedem a competição, tais como: suor frio, importante para o atleta, pois se caracteriza pela facilidade em encontrar diferentes soluções
tontura, rosto afogueado, falta de ar, indigestão ou desconforto no abdômen, palpitação ou para um problema ou situação, ser tolerante frente às diferenças, estar aberto a novas ex-
aceleração no coração. Estes são extremamente normais e até motivadores ou facilitadores, periências, afinal a inovação poderá fazer a diferença. E o mais importante neste aspecto, a
para aqueles que utilizam estes efeitos fisiológicos para potencializar sua força e melhorar baixa tendência para o uso de mecanismos de defesa normais do ser humano, o que signi-
seu movimento. No entanto, sintomas cognitivos de ansiedade já não seriam tão positivos, fica dizer estar disposto a superar os limites físicos, mentais e emocionais que o seu corpo
afinal eles são de apreensão e preocupação. Alguns atletas podem experimentá-los como e situações lhe colocam. Querer sempre quebrar os seus limites, nunca se fixando no limite
nervosismo e se comparar com outros atletas, sentindo-se dessa forma, incapazes ou em do outro, pois o outro mesmo que melhor em condicionamento hoje também terá a suas li-
desvantagem, tirando o foco de seu objetivo podendo desestruturar todo o seu desempenho mitações, e tendo-o como espelho poderá adquirir a limitação como o reflexo (RUSS, 1993).
durante a competição. Ainda temos dentre os sintomas, os de humor (tensão, irritabilidade e
pânico) e os motores (movimentos rápidos nas extremidades do corpo, mãos ou pés e susto 4. Competência e ou Habilidades: São traços que exprimem a capacidade que o atleta
exagerado), lembrando que todos eles estão diretamente relacionados entre si, sendo alguns tem de alcançar determinada realização ou desempenho, está diretamente relacionada à
geradores de outros. (RUSS, 1993). motivação, perseverança, capacidade de planejamento, bem como organização e pontuali-
dade. São características na maioria das vezes inatas, mas que podem ser aprendidas com o
Aprofundando um pouco mais neste tema, a Ansiedade pode ser explicada como uma sensação causada abandono de desejos ou prazeres imediatos. Pessoas com este aspecto bem desenvolvido
pela incerteza das habilidades necessárias para sobressair à determinada situação, inicialmente ameaça- tendem a buscar formas diferentes, fazendo uso da criatividade para alcançar seus objeti-
dora. Fisiologicamente falando, são ativações do sistema nervoso central, onde há atividades neurais ex- vos, pois têm em si características facilitadoras para que enxerguem uma situação de várias
cessivas, que preparam o corpo para reações de “fuga” ou força. Acontece ativação neural, sentida como perspectivas e com menores dificuldades. Um bom exemplo é o descobrimento dos detalhes
pânico, ou nervosismo, logo em seguida, aceleração da respiração ou hiperventilação, para transportar (sejam físicos ou psicológicos) que precisam ser trabalhados para o aprimoramento da ativi-
mais oxigênio ao sangue; o fígado responde aos estímulos enviando açúcar ao sangue para dar energia dade em questão. (ASENDORPF, 2004).

14 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 15


3. O TREINADOR DE
HALTEROFILISMO PARALÍMPICO
5. Comprometimento: Refere-se ao detalhismo na realização das tarefas, é acompanhado Sílvio Soares dos Santos
por grande exigência pessoal com a qualidade das tarefas realizadas (perfeccionismo) e Wéverton Lima dos Santos
pela necessidade do reconhecimento de seus esforços. Geralmente pessoas com este traço Valdecir Lopes
tendem a planejar detalhadamente os passos até o alcance de suas metas. O que no esporte Carlos Williams Rodrigues da Silva
principalmente no halterofilismo é muito positivo, pois nenhum reconhecimento ou resultado João Vieira Pereira Jr.
virá imediatamente. No entanto, este traço sem o acompanhamento de habilidades, criativi- Renata de Almeida
dade e estabilidade emocional, não passaria de mais um peso ou uma cobrança na vida do
atleta (ASENDORPF, 2004).
O técnico tem um papel essencial para o atleta, principalmente no que tange ao bem estar, saúde e se-
É interessante ressaltar que existem várias características, que podem ser tão importantes quanto estas gurança. Desta forma, o corpo técnico nacional (Comitê Paralímpico Nacional) de qualquer técnico autori-
aqui mencionadas e outros fatores que também influenciam diretamente no desempenho esportivo, mas zado a adentrar a área de aquecimento ou de competição de qualquer competição reconhecida pelo IPC
cada caso é um, e deve ser analisado por si só. Aspectos psicológicos são totalmente treináveis assim Powerlifting terá a inteira responsabilidade de garantir que ele tenha uma capacitação formal reconhecida
como o físico, basta ter consciência do que deve ser melhorado e planejar as mudanças necessárias. por seu órgão nacional e/ou pelo IPC Powerlifting, devendo ter em mãos algum meio idôneo de provar que
Para que a mudança ocorra, é preciso comprometimento, veracidade e paciência; saber respeitar o seu possui autorização válida para atuar como técnico. O técnico deve também ter profundo conhecimento e
próprio tempo também é uma habilidade (RÚBIO, 2001). compreensão das regras mais atualizadas vigentes do IPC Powerlifting.

É permitida a permanência do técnico na sala de aquecimento para auxiliar seu atleta a se preparar para
a competição. Ele deve sempre usar uma credencial oficial que lhe é entregue pelo Comitê Organizador
Local e mostrá-la ostensivamente sempre que for solicitado pelos oficiais do IPC Powerlifting.

Nunca poderá ter mais de dois membros credenciados da comissão técnica de uma mesma equipe na
sala de aquecimento ao mesmo tempo.

É permitido ao técnico auxiliar o atleta na entrada (e) ou saída da plataforma e na entrada (e) ou saída do
banco quando requisitado.

É responsabilidade do atleta ou de seu técnico checar a altura do suporte que foi registrada oficialmente
antes de ser chamado para a plataforma, porque uma vez que a barra tenha sido anunciada como pronta
e seu nome chamado pelo locutor, o cronômetro será iniciado e qualquer ajuste posterior na altura do su-
porte será feito dentro do intervalo de 2 minutos permitido ao atleta. O técnico pode auxiliar o atleta com
as faixas no banco, seja sozinho ou com o auxílio dos anilheiros laterais ou árbitros laterais.

Uma vez na plataforma de competição, o técnico jamais deve tocar a barra, os suportes ou braços e mãos
do atleta durante seu período de preparação; ele pode oferecer instruções verbais para o atleta ou para
que os anilheiros o auxiliem em sua preparação final.

Durante o levantamento, o técnico deve permanecer dentro da área específica designada, ou como indi-
cado pelo Júri ou Controlador técnico encarregado.

16 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 17


4. O TREINAMENTO DE
HALTEROFILISMO PARALÍMPICO
Se um técnico contestar uma decisão, ele deverá conduzir a reclamação para o Presidente do Júri e re-
alizar um protesto em formulário oficial e pagar €100,00 (cem euros) em até 1 minuto. Ele nunca poderá
falar com nenhum dos árbitros. Sílvio Soares dos Santos
Wéverton Lima dos Santos
Um técnico deve sempre se portar de maneira profissional ao representar seu país e o esporte do IPC Valdecir Lopes
Powerlifting em geral, especialmente enquanto estiver no local de competição. Carlos Williams Rodrigues da Silva
João Vieira Pereira Jr.
O técnico pode auxiliar o atleta com as faixas no banco, seja sozinho ou com o auxílio dos anilheiros la- Renata de Almeida Figueiredo Garcia
terais ou árbitros laterais.

O Técnico deve sempre vestir roupas e calçados devidamente limpos e arrumados, os quais nunca de- Periodização, “ato de periodizar”, ou seja, dividir em períodos. Foi desta forma que no Egito e na Grécia
verão possuir nenhum tipo de propaganda ou logo de patrocinadores, exceto aqueles do país do atleta antiga se realizava uma preparação, primeiramente para as batalhas e posteriormente com o surgimento
e ou qualquer outro kit pré-aprovado pelo IPC Powerlifting. Bonés de qualquer tipo nunca deverão ser dos Jogos Olímpicos, para a elevação da performance dos atletas (ALVES,2010).
utilizados no local de competição.
Possivelmente, o primeiro modelo de periodização surgiu na Grécia antiga (modelo Tetra) que obedecia
Qualquer técnico que possa imputar uma imagem negativa para o esporte por um comportamento ma- ciclos de 3 dias por 1 de descanso. A partir daí já na década de 1950, surgiu o modelo que daria origem
lintencionado e/ou para obter uma vantagem injusta será solicitado a deixar o local de competição e terá à maioria dos modelos modernos de periodização, não obstante ser muito contestado. Ele é conhecido
sua credencial revogada. por modelo de Matveiev e é atualmente ainda muito utilizado especialmente em desportos individuais
especialmente no atletismo e na natação. Outros modelos tais como o modelo estrutural Tschiene está di-
recionado para desportos que recorrem frequentemente à força explosiva; os modelos de Verchoshanskij
(ATR) e Bondarchuck têm características para desportos de força, halterofilismo e lançamentos por exem-
plo; já o modelo de Bompa aplica-se a modalidades que exigem potência e velocidade, em detrimento dos
que se focam na resistência; os modelos de cargas seletivas e o modelo integrado surgem para colmatar
as necessidades dos desportos coletivos (ALVES,2010).

4.1 PERIODIZAÇÃO DO TREINAMENTO DE SUPINO

As periodizações são organizadas em função da modalidade, do calendário de competições, dos ob-


jetivos de curto, médio e longo prazos dos atletas e treinadores, das condições materiais, econômicas,
físicas, técnicas e psicológicas efetivas apresentadas pelos atletas ao longo do período de treinamento.
Aqui serão apresentadas duas formas básicas de periodização: a) tradicional – que se adequa princi-
palmente aos atletas iniciantes e; b) moderna – mais atual e que melhor se adequa aos atletas de alto
rendimento.

4.2 MODELO TRADICIONAL DE PERIODIZAÇÃO

O modelo abaixo poderá ser usado por atletas iniciantes e terá como meta alcançar apenas dois picos
de rendimento anuais. A interpretação das figuras 3, 4, 5, 6 e 7 se fará de acordo com a apresentação de
setas de diferentes cores e inclinações, que representarão intensidades de prioridade no desenvolvimento
daquelas capacidades.

18 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 19


Figura 3 Periodização bianual – modelo para o período preparatório básico e específico da moda-
lidade de halterofilismo paralímpico

A seta de cor verde representa intensidade máxima no desenvolvimento das capacidades a ela relacio-
nadas.

As setas de cor amarela representam intensidades submáximas no desenvolvimento das capacidades a


ela relacionadas.

A seta de cor vermelha representa intensidade mínima no desenvolvimento das capacidades a ela rela-
cionadas.

A primeira coluna apresenta todas as características temporais da periodização (número de semanas,


meses e datas); a definição dos diferentes tipos de períodos e fases; as datas previstas de testes e
competições preparatórias e principais. Logo abaixo aparecem todas as características técnicas e táticas
que devem ser desenvolvidas ao longo da temporada assim como a intensidade e o volume com que
elas devem ser desenvolvidas. Segue logo abaixo a musculação complementar com as capacidades
físicas a serem trabalhadas (força, velocidade, potência, resistência e flexibilidade) nas formas geral (G)
e específica (E) e o volume e a intensidade com que devem ser feitos esses trabalhos. O último item da
periodização é a preparação psicológica em que constam, motivação, treinamento mental, concentração,
auto-controle e volição.

20 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 21


Figura 4 Periodização bianual – modelo para o período pré-competitivo e competitivo da modalida- Figura 5 Periodização bianual – modelo para o segundo período preparatório básico e específico
de de halterofilismo paralímpico (continuação). da modalidade de halterofilismo paralímpico (continuação).

22 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 23


Figura 6 Periodização bianual – modelo para o segundo período pré-competitivo e competitivo da
modalidade de halterofilismo paralímpico (continuação).

4.3 MODELO DE PERIODIZAÇÃO PARA CURTOS PERÍODOS DE TEMPO

O modelo abaixo deverá ser usado apenas por atletas de alta performance, que tenham nível nacional e
no mínimo três anos de treinamento contínuo. A figura 7 mostra um exemplo de como pode ser estrutura-
da uma periodização completa com duração de 3 meses. Nesse sentido, pode-se atingir por esse modelo,
4 picos de performance anuais. O pressuposto básico é de que o atleta já apresenta uma estrutura forte
de treinamento de base podendo fixar a sua maior atenção na preparação específica. Para tanto, há uma
redução do tempo de preparação básica e aumento da preparação específica mantendo-se um nível de
intensidade média ao longo da temporada, superior àquele atingido na periodização tradicional.

Figura 7 Exemplo de periodização moderno com duração de 3 meses

24 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 25


4.4 PRINCÍPIOS DE TREINAMENTO PARA A APLICAÇÃO DAS CARGAS A figura 9 mostra um modelo de distribuição de carga tradicional em que há uma alternância entre o
volume e a intensidade de carga aplicada ao longo dos períodos de treinamento quando comparado ao
a) Principio da individualidade biológica percentual de carga (% carga) aplicado. Ao aproximar-se o período competitivo as linhas representativas
Esse princípio estabelece que o treinador deve considerar ao planejar o treinamento as ca- da intensidade e volume se encontram, fazendo com que a partir desse instante haja um aumento pro-
racterísticas individuais do atleta como: habilidades disponíveis, potencial atlético, carac- gressivo da intensidade do treinamento e uma proporcional redução do seu volume.
terísticas de aprendizagem e a especificidade do esporte. Em resumo o treinador deve ser
capaz de compreender as necessidades de treinamento de um atleta e maximizar suas habi- Figura 8 Modelo esquemático de Supercompensação
lidades. No sentido de o treinador poder planejar corretamente as cargas a serem impostas
ao atleta é necessário que ele considere os seguintes fatores, de acordo com Bompa (2002):
a idade cronológica e biológica; experiência motora acumulada; reconhecimento e diferen-
e.
ciação entre as capacidades de trabalho e desempenho; nível de treinamento e saúde e
finalmente, a identificação de fatores externos que podem gerar sobrecarga de treinamento Estímulo
e velocidade de recuperação. a.

b) Princípio da progressão da carga


• Carga padrão – a utilização de carga constante ao longo da temporada poderá ter bons re-
d.
sultados no início da processo mas em seguida ocorrerá um platô e logo após a estagnação b.
do desempenho;
• Sobrecarga – esse método advoga que o desempenho aumentará somente se o atleta for c.
submetido à altas cargas de trabalho, normalmente maiores que aquelas normalmente em- Super
Fadiga Recuperação Compensação Destreino
pregadas. Esse princípio pode levar no longo prazo a níveis críticos de fadiga e aos efeitos
de supertreinamento, pois quando rigidamente aplicado não prevê fases de recuperação e
regeneração.
• Carga progressiva – o método da carga progressiva considera os aspectos fisiológicos e
psicológicos do atleta no sentido de após a elevação e aplicação de uma carga haver uma Figura 9 Modelo tradicional de distribuição da carga ao longo da temporada – I volume e Ia inten-
fase de recuperação em que ele (o atleta) se adapte e regenere. sidade

No sentido de aplicar corretamente o princípio da progressão da carga, precisamos conhecer os efeitos


da Supercompensação durante o processo de treinamento.
I

O modelo de supercompensação prevê que a aplicação de uma carga de treinamento irá depletar o sis-
tema de energia muscular (A – C); após a aplicação dessa carga haverá um período de recuperação total
até os níveis iniciais (C – D); após a recuperação total uma adaptação ocorrerá, elevando os padrões
iniciais de energia para níveis mais altos que aqueles iniciais, caracterizando, dessa forma, o efeito de Ia
supercompensação (E); no ápice dessa recomposição energética, aplica-se então, uma nova carga ( ).
II

O intervalo de tempo transcorrido entre as diversas etapas do processo irá depender da natureza da carga III
IIa
aplicada entre A e C, ou seja: o volume e a intensidade da mesma. O período compreendido entre C e
D é o tempo de descanso (recuperação) necessário para que todas as funções neuromusculares sejam
totalmente restabelecidas para que se possa novamente aplicar a próxima carga. Esse princípio vale para MESES I II III IV V VI VII VIII IX X XI XII
trabalho de grupos musculares específicos e para o volume total de treinamento diário.
ETAPAS

PERÍODOS PREPARATÓRIO COMPETITIVO DE TRANSIÇÃO

26 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 27


4.5 ASPECTOS TÉCNICOS DO SUPINO PARALÍMPICO B) A postura do corpo ao longo do movimento, engloba:

Nove aspectos importantes, do ponto de vista técnico, devem ser observados durante a execução do • Posição do corpo – inalterado ao longo de todo o movimento, desde o comando “start” até o
supino paralímpico, ou seja: comando “rack”. A cabeça, as escápulas, os glúteos e as pernas não podem perder o contato
a) Postura corporal no início do movimento; com o banco no período compreendido entre esses dois comandos;
b) Postura do corpo ao longo do movimento;
c) Sacada da barra do suporte; C) A sacada da barra pode ser feita com ou sem a ajuda do sacador. É importante observar:
d) Velocidades de descida da barra;
e) Parada da barra sobre o peito; i. Fase de pegada na barra
f) Velocidade de subida da barra; • Posição da barra ainda no suporte – posiciona-se aproximadamente na altura do rosto do
g) Movimentos da barra nos diversos planos do movimento; atleta deitado sobre o banco;
(sagital, frontal e transversal); • Pegada na barra – posição equidistante das mãos em relação ao centro da barra (b);
h) Posicionamento dos ombros ao longo de todo o movimento; • Pegada na barra – maior distância possível entre ambas as mãos, respeitando os limites
i) Ações articulares e musculares durante todo o movimento . estabelecidos regra (abertura máxima de 81cm medido entre os dedos indicadores) (c);

A) A postura corporal no início do movimento engloba: ii. Fase de sacada da barra


• Posição do centro da barra após ter sido sacada – alinhada sobre o eixo longitudinal do
• Posição do corpo no banco – eixo longitudinal do banco deve coincidir com o eixo longitu- banco (o);
dinal do corpo; • Atingir uma postura firme do corpo e absoluta estabilidade da barra sobre e acima do peito;
• Faixas de amarração – fixa os membros inferiores sobre o banco. A fim de gerar-se maior • Cotovelos totalmente estendidos;
estabilidade látero-lateral do corpo os membros inferiores podem estar ligeiramente afasta- • Barra totalmente horizontalizada (c);
dos entre si (a) até os limites laterais do banco. Elas podem também ser responsáveis pelo • Posição da barra no apoio – distância entre a primeira anilha do lado esquerdo e o seu
auxílio aos atletas com algum tipo de lesão medular no sentido de melhorarem a sua hipe- suporte deve ser igual à distância da primeira anilha do lado direito e seu suporte (d) desde
rextensão lombar (arco, ponte); a sacada até o final do movimento.

Fig.10 Postura sobre o banco D) Velocidade de descida da barra, a partir do comando start: (adaptado de TILLAAR E ETTEMA, 2009)

• Velocidade crescente até aproximadamente metade da trajetória de descida (seu valor é


cerca de 10% menor que o primeiro pico da velocidade da fase concêntrica);
• Velocidade decresce a partir da metade da trajetória até que a barra toque o peito;

E) Parada da barra no peito:


• Sem oscilações verticais das extremidades da barra;
• Sem afundar no peito, mostrando apenas um “apoio” sobre o mesmo;
• Tempo de parada entre 0,5 e 0,7 segundo;

28 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 29


Fig.11 Parada da barra sobre o peito
I) Ações articulares e musculares ao longo de todo o movimento (adaptado de Marchetti et al.,2010)

i. Ações articulares

Retração das escápulas


Abdução horizontal dos ombros Fase excêntrica
Flexão dos cotovelos
Adução dos ombros
Extensão da coluna

Abdução dos ombros


Adução horizontal dos ombros Fase concêntrica
Extensão dos cotovelos
Extensão da coluna

ii. Ações musculares

Contração dos romboides


Contração da porção medial do trapézio Ação Isométrica
F) Velocidade de subida da barra: (adaptado de TILLAAR E ETTEMA,2009) Contração do peitoral menor
Contração dos flexores da coluna
• Crescente até aproximadamente 15% da trajetória (primeiro pico de velocidade);
• Decrescente entre 15% e 35% da trajetória não sendo inferior ao valor da metade da velo- Contração excêntrica do tríceps e ancôneo
cidade alcançada no primeiro pico de velocidade; Contração excêntrica do peitoral maior, Fase excêntrica
• Crescente entre aproximadamente 50 e 90% da trajetória (segundo pico de velocidade que deltoide anterior e bíceps p.c.
é menor em aproximadamente 10% do valor alcançado no primeiro pico);
• Decrescente entre 90 e 100%. Contração concêntrica do bíceps p.c.,
peitoral maior e deltoide anterior Fase concêntrica
G) Movimentos da barra nos diversos planos de movimento: Contração concêntrica do tríceps
Contração concêntrica do ancôneo
• O único movimento aceitável da barra deve ser de Translação.

H) Posicionamento dos ombros ao longo de todo o movimento: 4.6 TREINAMENTO PSICOLÓGICO NO SUPINO

i. Durante a sacada Não é segredo que para um bom desempenho acontecer são necessários treinos físicos gerais e especí-
• Escápulas em retração durante todo o movimento (desde a sacada ao final da fase con- ficos, com correto planejamento, aperfeiçoamento constante da técnica, descansos adequados, alimen-
cêntrica). tação balanceada etc. Novidade pode ser a afirmação que isto também ocorre com as características
emocionais; elas podem e devem ser treinadas de acordo com a necessidade individual e requer planeja-
mento, objetivo e comprometimento. (SCHMIDT, 2001; FLEURY, 1998).

30 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 31


A psicologia do esporte disponibiliza inúmeras técnicas que auxiliam no combate da ansiedade, falta de • Menor gasto de tempo na aprendizagem, por ter trabalhado e refletido sobre cada movi-
concentração, baixa autoconfiança, depressão, estresse, dentre outros fatores (FRANCO, 2000; GON- mento mentalmente, tornando-os mais ágeis e conscientes na hora da execução.
ZÁLEZ, 1996). Um método que tem sido muito utilizado por diversos atletas de várias modalidades, por
apresentar muitas vantagens em sua prática é conhecido como Treinamento Mental (SAMULSKI apud Todas as ações do ser humano são antecipadas por pensamentos, logo podemos dizer que os movimentos
NOCE,2000), que consiste em um processo de imaginação de forma planejada, repetida e consciente das realizados pelos atletas são influenciados diretamente pela mente, sendo eles compostos por sequência de
habilidades motoras e técnicas esportivas. atividades as quais podem ser desmembradas, observadas e aprimoradas (DENNO, 2002).

É embasado na Terapia Comportamental Cognitiva (TCC) a qual defende o poder que temos de exercer No caso do Halterofilismo deve-se considerar como início do movimento o instante em que o atleta deita-
um domínio maior sobre os pensamentos, sentimentos e consequentemente do comportamento. Assim, -se sobre o banco e término quando ele recoloca a barra no suporte após ter finalizado o movimento de
como mostra o esquema a seguir, emoção, pensamento, sensação física e comportamento, estão dire- supino. Cada atleta tem a sua maneira própria de desmembrar a cena, mas quanto maior a riqueza de
tamente interligados e correlacionados entre si, portanto, qualquer mudança em um dos aspectos gera detalhes que ele alcança no processo de repassar mentalmente toda a movimentação, mais chances de
consequências em todos os outros (RÚBIO, 2000). fixar e aperfeiçoar a técnica desse movimento, ele tem.

Figura 13 Relação entre emoção, pensamento, sensação física e comportamento O Treinamento Mental atua em 4 dimensões, sendo elas:

a) Dimensão Visual: Refere-se à forma de imaginação que o atleta conduzirá a visualiza-


ção. Ela pode ser:
PENSAMENTO a) Interna - seria se imaginar fazendo o movimento e;
b) Externa - se ver fazendo o movimento como uma 3ª pessoa. Ex. de externa: visão
do técnico.
b) Dimensão Cinestésica: imaginação da percepção interna que o atleta vivencia, antes,
SENSAÇÃO durante e depois da ação motora. Refere-se às sensações físicas geradas pela movimenta-
FÍSICA ção articular gerada pelas ações musculares.
c) Dimensão Auditiva: percepção dos ruídos gerados por si próprio, assim como aqueles
gerados pelo objeto que maneja. Ruídos produzidos pelo meio-ambiente esportivo também
EMOÇÃO
entram nessa categoria.
d) Dimensão Emocional: sentir e perceber a emoção relacionada ao movimento. Ex.: su-
peração, raiva, medo, tranquilidade, prazer, dentre outras (BECKER, 1996).
COMPORTAMENTO
A técnica se resume em Imaginar os movimentos da forma mais realística possível, com uma execução
técnica perfeita, ou repassando o movimento com foco de atenção em uma fase específica do mesmo no
Treinamento Mental (TM) é uma técnica comprovada cientificamente e pesquisas comprovam que ao pen- sentido de corrigir suas imperfeições. Fazer uso do máximo de dimensões sensoriais possíveis, sempre
sar em um movimento, já há estimulação sináptica e irrigação sanguínea em determinado grupo muscular dentro de bases realísticas, isso significa, não se imaginar levantando um peso muito distante de sua
responsável por tal movimento (NOCE, 2000). realidade atual. O treinamento mental não é um sonho, mas sim uma programação neurolinguística, que
estará enviando estímulos para que ele (o atleta) se movimente da maneira programada (DENNO, 2002).
Esta técnica tem como finalidade amenizar os aspectos psicológicos que influenciam de maneira negati-
va o atleta, bem como potencializar a aquisição das habilidades motoras, o que resulta em várias outras Esse treinamento deve ser realizado individualmente antes ou depois dos treinos técnicos, com duração
vantagens, sendo elas: de 15 minutos cada sessão, a posição corporal (deitado, sentado ou em pé) não interfere no desenvolvi-
mento da técnica, podendo assim ficar a critério do atleta (BECKER, 1996). Pode ser iniciado ou finalizado
• Diminuição da carga física e psíquica, resultando na queda da ansiedade; com uma técnica de relaxamento se for posterior ao treino ou em casos de reabilitação (GONZÁLEZ,
• Maior chance de concentração; 1996). Pode ser ainda: autógena (praticada pelo próprio atleta) ou heterógena (com a direção de um
• Aumento da motivação e da autoconfiança; orientador experiente monitorando a visualização, induzindo as cenas a serem imaginadas) (GONZÁLEZ,
• Melhoria da tomada de decisão, pois permite uma maior reflexão e autoanálise; 1996).

32 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 33


Para o sucesso da técnica é necessário apenas persistência e concentração, pois uma visualização deta- Esses exemplos mostram que o tempo total de trabalho varia em função do: a) número de
lhada do movimento, com imagens nítidas só é possível de ser alcançada com o treinamento sistemático, séries propostos; b) do número de repetições; c) dos intervalos entre as séries e; d) ritmo de
por isso, a importância do planejamento e constância na execução desse exercício. Nesse aspecto, a cada execução.
mente não difere muito do corpo físico, necessitando de cuidados e aperfeiçoamentos. Aquele atleta que
se encontra fisicamente bem preparado pode fazer coisas incríveis com seu corpo, mas aquele que une d) Densidade (Dent) – pode ser entendida como sendo a relação entre a duração dos estí-
um corpo em forma e uma mente preparada é capaz de feitos excepcionais. mulos e a duração das pausas. Dessa forma, a densidade pode ser alterada pela mudança
na duração do estímulo ou pela alteração na duração da pausa. Exemplos:
Duração das séries 60”; Duração total das pausas 60” = Densidade = 60/60 = 1
4.7 TREINAMENTO FÍSICO NO SUPINO Duração das séries 90”; Duração total das pausas 60” = Densidade = 90/60 = 1,5
Duração das séries 60”; Duração total das pausas 90” = Densidade = 60/90 = 0,67.
No treinamento físico trataremos de desenvolvimento das capacidades físicas de: força, resistência, ve- Pausas mais longas que os estímulos diminuem a densidade da série e pausas mais curtas
locidade, potência e flexibilidade. aumentam a densidade das mesmas. Densidades acima de 1 significam tempos de estímu-
los superiores aos tempos dedicados ao descanso.

4.7.1 COMPONENTES DA CARGA DE TREINAMENTO e) Frequência (FS) – pode ser entendida como sendo a quantidade de sessões de trei-
namento por semana ou microciclo. Pode haver mais de uma sessão por dia, assim como
Um estímulo, obviamente físico, que é capaz de provocar alguma adaptação no organismo é entendido nenhuma. Exemplos:
como sendo uma “carga de treinamento”. De acordo com Chagas e Lima (2011) são componentes da 1-Sessões – segunda - T quarta - T sexta- T sábado - T
carga de treinamento: o volume, a intensidade, a frequência, a densidade e a duração. 2-Sessões – segunda – M/T terça – M/T quarta- M quinta- M/T sexta- T
No primeiro exemplo tivemos uma frequência de 4 sessões/semana e no segundo exemplo 8
a) Volume total (Vt ) – pode ser entendido como sendo a quantidade de carga deslocada em sessões/semana. Pode haver mais de uma sessão de treinamento por dia, como ocorreu no
uma sessão. É o produto entre a quantidade de séries executadas, o número de execuções exemplo 2 na segunda, na terça e na quinta nos períodos da manhã (M) e tarde (T).
de cada série e o valor da carga deslocada.
Vt = #s * #r * C . A unidade é o quilograma.
Exemplos: 4.7.2 Treinamento isométrico de sustentação da carga
5 séries de 12 repetições com 10kg – volume total = carga total deslocada = 600kg;
5 séries de 12 repetições com 20kg – volume total de repetições = 1200kg Consiste no ato de sacar a barra mais anilhas do suporte e mantê-la suspensa acima da cabeça por um
tempo pré-determinado. Os cotovelos deverão apresentar uma leve flexão para que a sustentação seja
b) Intensidade total (It ) – pode ser entendida como sendo a razão entre o volume total (Vt) realizada principalmente pelos músculos motores e não pelos ligamentos articulares.
deslocado e o tempo gasto (t) para executar essa tarefa. Esse conceito se confunde com a
ideia de ritmo de movimento. Essa forma de treinamento somente poderá ser implementada a partir do conhecimento da meta a ser
It = Vt / t . A unidade é o kg/s atingida pelo atleta na principal competição da temporada. O tempo necessário para cumprirem-se as
Exemplos: metas desse treinamento deverá girar em torno de 10 meses. Os treinamentos serão distintos para atletas
Volume total de 600kg em 300s – intensidade = 600/300 = 2kg/s iniciantes (até 3 anos de prática) e atletas já formados (mais de 3 anos de prática no esporte).
Volume total de 1200kg em 300s – intensidade = 1200/300 = 4kg/s
Quanto maior for o quociente alcançado maior será a intensidade do trabalho, ou seja, 4kg/s A) Para os atletas iniciantes sugerimos os seguintes procedimentos, divididos em 3 fases:
mostra uma intensidade duas vezes maior que a intensidade de 2kg/s.
1ª. Fase
c) Duração total (Dt) – pode ser entendida como sendo a quantidade de tempo utilizada • A carga inicial deverá ser de 85% daquela estabelecida na meta a ser atingida na principal
durante a aplicação dos estímulos, ou seja, a quantidade de tempo gasta na execução dos competição da temporada;
movimentos. Exemplos: • Inicialmente fazer o exercício com cotovelos estendidos e com adequado encaixe de ombros;
5 séries de 12 repetições com 10kg , ritmo 1:1, com 2’ de intervalo entre as cargas; • No segundo mês alterar a carga para 95% da carga estabelecida como meta da principal
8 séries de 12 repetições com 10kg, ritmo 1:2, com 3’ de intervalo entre as cargas. competição da temporada;

34 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 35


• No terceiro mês alterar a carga para 100% da carga estabelecida como meta da principal 2ª. Fase
competição da temporada;
• No terceiro mês executar o exercício com uma leve flexão dos cotovelos, que sobrecarrega
2ª. Fase ainda mais a musculatura quando comparado com a execução feita com cotovelos totalmen-
te estendidos. Se possível retirar e recolocar a barra, sozinho. A carga sugerida é de 95% da
• No quarto mês executar o exercício com uma leve flexão dos cotovelos, que sobrecarrega carga estabelecida como meta da principal competição da temporada;
ainda mais a musculatura quando comparado com a execução feita com cotovelos totalmen- • No quarto mês alterar a carga para 100% da carga estabelecida como meta da principal
te estendidos. Se possível retirar e recolocar a barra, sozinho. A carga sugerida é de 90% da competição da temporada;
carga estabelecida como meta da principal competição da temporada;
• No quinto mês alterar a carga para 95% da carga estabelecida como meta da principal 3ª. fase
competição da temporada;
• No sexto mês alterar a carga para 100% da carga estabelecida como meta da principal • No quinto mês executar o exercício com carga de 110% da carga estabelecida como meta
competição da temporada; da principal competição da temporada;
• No sexto mês elevar a carga para 120% da carga estabelecida como meta da principal
3ª. fase competição da temporada;
• No sétimo mês elevar a carga para 130% da carga estabelecida como meta da principal
• No sétimo mês a carga sugerida é de 110% da carga estabelecida como meta da principal competição da temporada;
competição da temporada; • No oitavo mês elevar a carga para 140% da carga estabelecida como meta da principal
• No oitavo mês de trabalho elevar a carga para 120% da carga estabelecida como meta da competição da temporada;
principal competição da temporada; • No nono e décimo meses elevar a carga para 150% da carga estabelecida como meta da
• No nono mês de trabalho elevar a carga para 125% da carga estabelecida como meta da principal competição da temporada;
principal competição da temporada;
• No décimo mês de trabalho elevar a carga para 130% da carga estabelecida como meta da
Nº REPETIÇÕES TEMPO CONTRAÇÃO INTERVALO CARGA DURAÇÃO
principal competição da temporada;

12 / SEMANA 10’’ 1’30’’ 95% A 150% 1RM 10 MESES

Nº REPETIÇÕES TEMPO CONTRAÇÃO INTERVALO CARGA DURAÇÃO


4.7.3 Treinamento isométrico na fase de arranque
10 / SEMANA 10’’ 1’30’’ 85% A 130% 1RM 10 MESES
• Altura: 2cm acima do peito
B) Para os atletas com no mínimo 3 anos de treinamento sugerimos os seguintes procedimentos, dividi- • Carga isométrica com a barra apoiada no board
dos em 3 fases: • Tempo de contração: 6-10”
• Séries: 10
1ª. Fase • Intervalo: 30”
• A carga inicial deverá ser de 95% da carga estabelecida como meta da principal competição • Frequência semanal: 3 vezes
da temporada;
• No segundo mês alterar a carga para 100% da carga estabelecida como meta da principal
competição da temporada; 4.7.4 Treinamento isométrico na fase de finalização

• Altura: ½ da distância entre a máxima flexão dos cotovelos e a sua máxima estensão
• Carga isométrica com a barra a meio caminho do final
• Tempo de contração: 6-10”

36 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 37


• Séries: 10 Processo de treinamento curto:
• Intervalo: 30”
• Frequência semanal: 3 vezes • Primeira semana:

o Carga excêntrica – 100% 1RM


4.7.5 Treinamento de coordenação dinâmica o Carga concêntrica – 70% 1RM

O treinamento de “coordenação dinâmica” deverá ser executado sob a supervisão necessária e obriga- • Segunda semana:
tória do treinador. Após estipulada a carga, o atleta deverá executar a ação de descida e subida da barra
rigorosamente dentro da técnica estabelecida pelas regras da modalidade. O treinador, posicionado no o Carga excêntrica – 110% 1RM
lado oposto (aos pés do atleta em posição supina) e de frente para a barra irá observar a execução dos o Carga concêntrica – 80% 1RM
movimentos e fornecer o feedback imediato de como está sendo executado o movimento, explicitando
o que deverá ser alterado no mesmo, de modo a tornar a execução “perfeita”, no maior número de exe- • Terceira semana:
cuções possível. Esse exercício deverá ser repetido todos os dias antes do início do treino propriamente
dito. Ele poderá ser usado até como forma de aquecimento. As cargas utilizadas são relativas a um per- o Carga excêntrica – 120% 1RM
centual de sua condição atual, ou seja, percentual de sua carga máxima. Esse processo de progressão da o Carga concêntrica – 90% 1RM
carga pode se prolongar por 4 meses, até que a carga máxima seja alcançada (55% de 1RM). Sugere-se
reajustar a carga a cada 4 meses ou sempre que houver a tomada de uma nova carga máxima. Processo de treinamento longo:

Processo de treinamento: • Primeira semana:

• Primeiro mês: carga de 40% de 1 RM o Carga excêntrica – 100% 1RM


• Segundo mês: carga de 45% de 1 RM o Carga concêntrica – 70% 1RM
• Terceiro mês: carga de 50% de 1 RM
• Quarto mês: carga de 55% de 1 RM • Segunda semana:

Nº REPETIÇÕES Nº DE SÉRIES INTERVALO ENTRE SÉRIES CARGA DURAÇÃO FREQUÊNCIA


o Carga excêntrica – 100% 1RM
o Carga concêntrica –80% 1RM
12 5 60’’ A 120’’ 40% A 55% 1RM 10 MESES DIÁRIA

• Terceira semana:
4.7.6 Treinamento de “Overlifting”
o Carga excêntrica – 100% 1RM
O equipamento de “Overlifiting” consiste de uma haste metálica com base de metal circular que se encai- o Carga concêntrica – 90% 1RM
xa nas laterais da barra. Nessa haste são anexadas anilhas com quantidade idêntica em ambos os lados.
A barra é sacada tendo os dois aparelhos suspensos em suas laterais. Quando a barra é descida a base • Quarta semana:
do “overlifting” toca no solo e a cabeça metálica que sustentava os pesos na barra é desencaixada da
mesma se desfazendo, dessa forma, dos pesos adicionais, tornando a fase concêntrica mais leve que a o Carga excêntrica – 110% 1RM
fase excêntrica. o Carga concêntrica –80% 1RM

O treinamento de Overlifting (sobrecarga excêntrica) deve ser executado no início do período competitivo, • Quinta semana:
ou seja, durante a fase específica da periodização. Dependendo do tipo de periodização ela pode durar
de 3 a 8 semanas. A carga excêntrica nesse tipo de trabalho deverá ser sempre maior do que a carga na o Carga excêntrica – 110% 1RM
fase concêntrica. o Carga concêntrica – 90% 1RM

38 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 39


• Sexta semana: 4.7.7.2 Treinamento de “Board” concêntrico 1

o Carga excêntrica – 120% 1RM • Carga: 70 - 110% 1RM


o Carga concêntrica –80% 1RM • Séries: ≤ 5
• Repetições: 1 - 10
• Sétima semana: • Intervalo: < 3’
• Frequência semanal: 2 vezes
o Carga excêntrica – 120% 1RM • Altura: 2cm acima do peito
o Carga concêntrica – 90% 1RM • Tipo de trabalho: concêntrico
• Execução: a partir da barra colocada sobre o Board (2cm acima do peito), elevar a barra
• Oitava semana: até a estensão máxima dos cotovelos.

o Carga excêntrica – 120% 1RM 4.7.7.3 Treinamento de “Board” concêntrico 2


o Carga concêntrica – 95% 1RM
• Carga: 70 - 110% 1RM
Nº REPETIÇÕES Nº DE SÉRIES INTERVALO ENTRE CARGA CARGA FREQUÊNCIA • Séries: ≤ 5
SÉRIES CONCÊNTRICA SEMANAL
• Repetições: 1 - 10
1-2 4-5 + ou - 3 MIN 100% a 120% 1RM 70 - 95% 1 RM 2 • Intervalo: < 3’
• Frequência semanal: 2 vezes
• Altura: ½ da distância entre a máxima flexão dos cotovelos e a sua máxima estensão
• Tipo de trabalho: concêntrico
4.7.7 Treinamento de “Board” • Execução: a partir da barra colocada sobre o Board, elevar a barra até a estensão máxima
dos cotovelos.
O Board constitui-se de uma placa de madeira ou EVA de espessura, comprimento e largura variáveis
que é colocada sobre o peito do atleta durante o treinamento de supino. Esse tipo de treinamento serve 4.7.8 Treinamento de técnica completa livre
para facilitar a execução da fase concêntrica do supino utilizando-se cargas sub-máximas, máximas ou
supra-máximas. O Board facilita a execução, pois, encurta o trajeto concêntrico do exercício que é onde Essa forma de treinamento será intensificada prioritariamente nos períodos pré-competitivo e competitivo.
acontece a fase de maior exigência muscular. Existem muitas variações para a sua utilização. Descreve- Ela deverá utilizar as cargas de submáximas às máximas. Uma periodização especial para esse tipo de
remos a seguir algumas delas. treinamento deverá ser utilizada com flutuação das cargas ao longo dos microciclos. Ela poderá ser im-
plementada com a utilização de cargas extras, como explicitado a seguir.
4.7.7.1 Treinamento de “Board” completo No sentido de se conseguir uma maximização da carga ao longo do movimento pode-se utilizar a seguinte
estratégia:
• Altura: ½ da distância entre a máxima flexão dos cotovelos e a sua máxima extensão
• Carga: 100 - 130% 1RM a) Dependurar uma corrente nas laterais da barra, equidistantes do centro da mesma;
• Séries: 5 b) Amarrar um elástico nas laterais da barra, equidistantes do centro da mesma, de modo a
• Repetições: 5 tencioná-la contra o chão.
• Intervalo: ±3’
• Frequência semanal: 3 vezes O movimento completo será feito utilizando-se dessa estratégia com o objetivo de:
• Tipo de trabalho: excêntrico - concêntrico
• Execução: sacar a barra com o Board no peito, descer a barra até tocar o Board, elevar a a) Implementar uma sobrecarga excêntrica e decrescente, durante a descida da barra até o
barra até a estensão máxima dos cotovelos. peito;
b) Implementar uma sobrecarga concêntrica e crescente, durante a subida da barra até a
finalização do movimento.

40 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 41


Essa estratégia de treinamento tende a manter os torques sobre a musculatura “constantes” ao longo de Treinamento na barra fixa – pode ser usado para o treinamento da força estática (com restrições) e dinâ-
todo o movimento, produzindo então, um efeito benéfico sobre a musculatura utilizada ao longo de todo mica. Exemplos de exercícios:
o transcurso de movimento.
• A partir da suspensão fazer flexão/extensão dos cotovelos;
• A partir da suspensão subir até o apoio sobre a barra;
4.7.9 Treinamentos complementares • A partir da suspensão flexionar os quadris e cotovelos e rodar para trás por sobre a barra.

Os treinamentos complementares são utilizados sempre que necessário com o intuito de desenvolver gru-
pos musculares específicos, fortalecer grupos musculares principais e prevenir lesões. Os equipamentos 4.7.9.2 Uso de equipamentos da musculação tradicional
utilizados são os mais variados, indo desde a utilização do próprio corpo como carga a ser vencida a apa-
relhos de ginástica em geral, aparelhos de musculação, aparelhos de ginástica artística e seus acessórios São adequados a utilização de equipamentos que podem promover o desenvolvimento da força dos gru-
etc. pos musculares dos ombros, peito, membros superiores, abdomen e dorso.

4.7.9.1 Aparelhos de ginástica artística 4.7.9.3 Uso de outros equipamentos

Treinamento nas Argolas – é utilizado para o desenvolvimento da força e da coordenação inter e intra Materiais complementares podem ser usados para facilitar a utilização dos equipamentos acessórios.
muscular, devido à instabilidade gerada pelo próprio aparelho. Força isométrica e isotônica concêntrica e Esses materiais podem ser:
excêntrica podem ser treinadas. Exemplos de exercícios:
• Cordas de várias espessuras e tamanhos;
• Abdução/adução horizontal dos ombros com cotovelos e corpo totalmente estendidos; • Borrachas cirúrgicas de diferentes calibres;
• Flexão/extensão dos ombros com cotovelos e corpo totalmente estendidos; • Bancos suecos;
• Apoio com cotovelos estendidos e corpo na vertical; • Plintos.
• Abdução/adução dos ombros com o corpo na vertical e estendido;
• Prancha de costas;
• Prancha de peito;
• Passar da suspensão ao apoio sem impulso.

Todos esses exercícios podem ser treinados com facilidade e segurança usando-se um par de argolas
mais baixo (aproximadamente 1,30m de altura). Utilizando-se uma borracha cirúrgica pode-se facilitar a
execução de todos esses exercícios.

Treinamento nas Paralelas – pode ser utilizada para o treinamento da força estática e dinâmica concên-
trica e excêntrica, de uma forma mais facilitada do que aquela executada nas argolas, pois as paralelas
oferecem uma grande estabilidade quando comparada com as argolas. Exemplos de exercícios:

• Balanço no apoio com cotovelos estendidos;


• Balanço com flexão/extensão dos cotovelos quando o corpo vai para frente;
• Balanço com flexão/extensão dos cotovelos quando o corpo vai para trás;
• Balanço com flexão/extensão dos cotovelos quando o corpo vai para frente e para trás;
• Prancha facial com e sem apoio nas pernas;
• Flexão/extensão de cotovelos na parada de mãos (com apoio);
• Prancha de peito com apoio nas pontas da paralela.

42 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 43


5. ASPECTOS IMPORTANTES DO
HALTEROFILISMO PARALÍMPICO
Sílvio Soares dos Santos Fig.14 Aspectos importantes do posicionamento corporal no banco
Wéverton Lima dos Santos
Valdecir Lopes
Carlos Williams Rodrigues da Silva
João Vieira Pereira Jr.
Vander Fagundes
Frederico Tadeu Deloroso

São aspectos importantes que devem ser observados durante todas as sessões de treinamento e nas
competições.

5.1 PROCEDIMENTOS DE AJUSTE CORPORAL SOBRE O BANCO E SOB A BARRA PARA CADA
ATLETA.

Prestar atenção nos seguintes aspectos:

a) DISTÂNCIA DA CABEÇA AO TOPO DA MESA;


b) POSICIONAMENTO DO CORPO EM RELAÇÃO ÀS BORDAS LATERAIS DO BANCO;
c) POSICIONAMENTO DAS MÃOS NA BARRA;
Pegada curta ou pegada afastada
Pegada simétrica
d) POSTURA ENCURVADA (EXTENSÃO LOMBAR) NA SACADA DA BARRA;
e) ALINHAMENTO CORPORAL EM RELAÇÃO À LINHA CENTRAL DO BANCO;
f) POSTURA DO PEITO (ELEVADO) NA PEGADA INICIAL;
g) LOCAL E TENSÃO ADEQUADOS DAS FITAS DE AMARRAÇÃO SOBRE O
CORPO
Sobre a coxa
Sobre a perna
Sobre a coxa e a perna

44 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 45


5.2 FASES DA EXECUÇÃO DO SUPINO EM TREINAMENTOS E COMPETIÇÕES cidos locais e circunvizinhos na forma de dor, calor e rubor. O reparo de um tendão ou ligamento lesado
se assemelha aos de outros tecidos conjuntivos, tendo como objetivo principal substituir aqueles lesados
1. REMEMORIZAÇÃO DO MOVIMENTO COMPLETO COM SUCESSO – pelo menos 5 por saudáveis.
vezes
2. POSICIONAMENTO SOBRE O BANCO (ALINHAMENTO DO CORPO – cabeça, tronco, A avaliação fisioterapêutica é um procedimento clínico que permite detectar possíveis defeitos posturais,
pernas + AMARRAÇÃO) lesões osteomioarticulares, desequilíbrios musculares, alterações ortopédicas e, ainda, mensurar o nível
3. CONCENTRAÇÃO ABSOLUTA A PARTIR DESSE MOMENTO de flexibilidade e força.
4. PEGADA NA BARRA – distância correta entre as mãos à partir do centro da barra
5. POSIÇÃO DA BARRA NO SUPORTE – centralizada e à frente no suporte de apoio Por meio da avaliação obteremos um perfil do atleta/paciente o que permitirá a elaboração de um progra-
6. SACADA – de acordo com as características de cada atleta ma individualizado ou coletivo respeitando os limites e as características pessoais de cada um, tornando
7. SUSTENTAÇÃO – Após ser sacada a barra e, imediatamente antes do início do movi- a terapia mais segura e precisa.
mento, sua projeção vertical deve estar acima da articulação dos ombros
8. DESCIDA – velocidade decrescente, a partir da metade do trajeto, sem desvios laterais Após uma avaliação detalhada, o fisioterapeuta estabelece os objetivos de curto, médio e longo prazos,
ou frontais da barra quando for o caso, identificando os procedimentos fisioterapêuticos e suas modulações. Então, aplica a
9. PARADA – barra horizontalizada e centralizada tempo entre 0,5” e 0,7”. terapia e verifica os resultados pós-tratamento, para posteriormente reintegrá-lo com a anuência de toda
10. PRIMEIRO TERÇO DA FASE DE SUBIDA - barra horizontalizada, centralizada e com equipe multidisciplinar.
velocidade crescente
11. SEGUNDO TERÇO DA FASE DE SUBIDA- barra horizontalizada, centralizada e com Na Tabela 1, verificamos as lesões osteomioarticulares que receberam tratamento fisioterapêutico, tanto
velocidade constante nos períodos de treinamento como no de competição no ano de 2013.
12. TERCEIRO TERÇO DA FASE DE SUBIDA- barra horizontalizada, centralizada e com
velocidade decrescente Constatamos que a mialgia e o estiramento muscular, juntos, somaram 29%, as epicondilites 31% e
13. PARADA DA BARRA – sem solavancos e na mesma posição de saída. as tendinites 24% que prevaleceram como as lesões de maior ocorrência nesta modalidade esportiva,
devendo, portanto, ser mais bem observadas para que nos períodos de treinamento não venham a se
instalar ou agravar e nos períodos de repouso recebam uma atenção preventiva.
5.3 ASPECTOS FISIOTERÁPICOS
Tabela 1 Levantamento das lesões osteomioarticulares atendidas no setor de Fisioterapia do CPB,
Durante o treinamento e competições os atletas, assim como o treinador devem estar atentos às possíveis atletas da modalidade halterofilismo (34 casos, 08 cadeirantes).
fontes de lesões e tentar evitá-las ao máximo. Lesões nos ombros e tronco são as mais comuns sendo
causadas principalmente por sobrecarga ou acidentes. LESÕES DE ACORDO COM
PORCENTAGEM
A LOCALIZAÇÃO ANATÔMICA
Mialgia 26%
5.3.1 PRINCIPAIS LESÕES, CAUSAS E TRATAMENTOS
Epicondilite lateral 23%
Esforços físicos que excedam a capacidade de resistência e elasticidade das fibras musculares Tendinite do bíceps 15%
e da substância fundamental, esforços repetitivos com tempo de repouso insuficiente, irrigação escassa Tendinite do tríceps 9%
e pouco aporte nutricional, são alguns dos fatores causais ou mecânicos das lesões osteomioarticulares Epicondilite medial 8%
que causarão alterações bioquímicas ou rupturas nas fibras colágenas e elásticas modificando ainda as Lesões manguito 6%
substâncias da matriz extracelular e as bainhas fibro-elásticas desses atletas. Estiramento muscular 3%
Subluxação 3%
Em se tratando de atletas cadeirantes verificamos que além das causas já citadas, grande força aplicada
Ruptura parcial tendinea 3%
na propulsão da cadeira, cadeiras inadequadas, posições irregulares do assento e longos períodos na
posição sentada também contribuem para a ocorrência dessas lesões. A reação imediata é um processo
Artrose 3%
inflamatório como parte inicial do reparo, onde poderemos constatar alterações morfo-funcionais dos te- Escara 1%

46 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 47


Na Tabela 2, foram identificadas as lesões segundo sua etiologia, foram verificadas lesões causadas por • Seguir corretamente a prescrição medicamentosa do médico;
sobrecarga e lesões causadas por acidentes esportivos. • Ficar alerta quanto às medidas de prevenção;
• Voltar às atividades esportivas progressivamente, quando estiver totalmente liberado pela
Tabela 2 Lesões osteomioarticalares causadas por sobrecarga e acidentes esportivos em 2013. equipe multidisciplinar com trabalhos leves, de fortalecimento, alongamento e exercícios pro-
prioceptivos;
ACIDENTES • Manter o equilíbrio entre saúde, desempenho técnico, físico e psicológico;
LESÕES DE SOBRECARGA • Alongar-se sempre antes e após os treinamentos e principalmente nos dias de folga.
ESPORTIVOS
Tendinopatias Cortes
Recomendações para cadeirantes:
Bursites Contusões
Síndromes miofaciais Estiramentos • Fazer uso de proteção específica para dedos e mãos;
Sobrecarga articular Luxações • Reequilíbrio do manguito rotador;
Úlcera de pressão Rupturas tendíneas • Fazer uso de cadeiras adequadas;
• Manter um tempo de descanso adequado;
• Evitar ao máximo grandes transferências de peso, principalmente quando em tratamento
Os recursos terapêuticos mais utilizados nos tratamentos destes atletas foram os recursos eletrotermo- de ombro lesado;
terápicos, crioterápicos, hidroterápicos, exercícios terapêuticos e principalmente os recursos manuais • Evitar transitar longos percursos e aclives fortes, principalmente nos dias de folga.
(massagem manual, manipulação, mobilização articular e alongamento). • Consultar o médico imediatamente quando sentir dor ou for acometido por lesões ou qual-
quer outro problema de saúde;
Os tratamentos fisioterapêuticos foram planejados e posteriormente ministrados, levando-se em consi- • Não faltar as sessões de tratamento fisioterapêutico ou medicamentoso;
deração a fase do processo inflamatório: agudo, subagudo ou crônico, ou seja, a duração ou o tempo de • Seguir à risca as recomendações médicas e/ou fisioterapêuticas;
evolução da lesão, assim como a idade do atleta. • Ficar alerta quanto às medidas de prevenção;
• Orientação quanto à responsabilidade individual para que os mesmos possam apresentar-
Na fase aguda da lesão, foram planejadas sessões de fisioterapia com utilização da crioterapia, correntes se quando convocados, em plena forma técnica, física e de saúde.
analgésicas, anti-inflamatórias e vasodilatadoras, ultrassom pulsado, massagem manual (deslizamento
superficial e drenagem) e laser He Ne.
5.4 ASPECTOS NUTRICIONAIS
Nas lesões subagudas, incluímos além das técnicas já citadas, as mobilizações articulares, cinesioterapia
passiva e ativa evoluindo para a resistida e estimulação proprioceptiva e sensorial. Há tempos sabemos da importância primária da Nutrição no meio esportivo. A influência na conquista dos
resultados e evolução na performance dos atletas por meio da nutrição é evidente, mas falhas conceituais
Na fase crônica, acrescentamos gradualmente, exercícios pliométricos, fortalecimento e alongamento estão presentes hoje em dia pelo excesso de informação direcionada a praticantes de atividade física e
muscular, treinamento proprioceptivo com gesto esportivo e retorno gradativo aos treinos e competições. por diante difundidas entre os atletas de alto rendimento, principalmente no que se refere à suplementa-
ção esportiva.

5.3.2 ASPECTOS DE PREVENÇÃO DE LESÕES Seguem alguns tópicos importantes para cuidados e adequação da dieta frente à performance dos atletas:

Deixamos ainda, algumas sugestões que entendemos ser muito importantes para a prevenção da ocor- a) Manutenção e redução de peso pré-competição;
rência das lesões osteomioarticulares que poderão significar o afastamento temporário ou mesmo defini- b) Consumo calórico (diferenciado para cada deficiência);
tivo dos atletas halterofilistas da modalidade supino: c) Consumo proteico excessivo;
d) Refeições antes e depois dos treinamentos e competições;
• Consultar um médico de imediato quando sentir dor ou for acometido por lesões ou qual- e) Ingestão de líquidos e repositores;
quer outro problema de saúde; f) Suplementação.
• Não faltar às sessões de tratamento fisioterapêutico e seguir as orientações dadas;

48 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 49


A) Manutenção e redução de peso pré-competição D) Refeições antes e depois dos treinamentos e competições
O nutriente essencial dos atletas de força é o carboidrato (CHO), por isso torna-se importante
Este é um dos aspectos limitantes para evolução da performance e que mais assombra os o consumo adequado de alimentos com base neste nutriente antes e depois dos treinamen-
atletas nas proximidades da competição, podendo influenciar no rendimento físico e também tos e competições. Dessa forma, pães, massas, arroz, batata e similares, frutas e sucos são
no psicológico. bons exemplos.
Como o esporte é dividido em categoria de peso, encontrar o perfil de peso corporal perfei- O calculo é de 1 a 2g de CHO por quilo de peso corporal antes do treinamento e 1,5g de CHO
to para cada atleta é fundamental para seu sucesso. Um atleta fora do seu peso ideal ou por quilo de peso corporal após o treinamento, por exemplo, um atleta pesando 80kg deve
competindo em uma categoria longe de sua zona de conforto pode causar danos inclusive ingerir de 80g a 160g de CHO antes do treino e 120g após os treino. Como base para cálculo
à saúde. uma batata média de 100g possui 20g de CHO.
Outro fator importante é o tempo das refeições. Isso varia para cada atleta antes dos trei-
O controle do peso precisa ser específico para cada atleta. O fundamental é que o atleta namentos e competições, alguns preferem grandes refeições 30 minutos, outros 2h antes,
realize os treinamentos e preparação abaixo do peso de competição, por exemplo, um atleta mas o CHO demora aproximadamente 4h para ser digerido e estocado no fígado e músculo
da categoria -59kg deverá treinar abaixo disso. Podemos ter uma média de -2kg ou -3kg até como glicogênio. Sendo assim como ideal uma refeição sólida com CHO de 4h a 6h antes
1 ou 2 semanas antes das competições, ou seja, este atleta deverá treinar pesando 57kg em dos treinos e competições.
média. O mesmo serve para todas as categorias. Este tipo de controle evita um stress maior Após o treinamento a adição de uma fonte de proteína de alto valor biológico (proteína ani-
para o atleta na semana pré-competição, pois acima do peso a tendência é o atleta restringir mal) com o CHO auxilia a recuperação do atleta.
nutrientes fundamentais para o sucesso na competição.
E) Ingestão de líquidos e repositores
B) Consumo calórico (diferenciado para cada deficiência) O Colégio Americano de Medicina Esportiva (ACSM) recomenda a ingestão 0.7 g de CHO
A diminuição na mobilidade ocasiona uma limitação no gasto calórico diferenciando-os de por quilo de peso corporal por hora de treino intenso e uma diluição de 6-8% (por exemplo,
atletas “convencionais”, por isso, o consumo diário deve ser controlado com mais atenção 6-8 gramas de CHO para cada 100 ml líquido) a cada 15 a 20 minutos. Essa ingestão ajuda
para que não aconteçam grandes variações no peso corporal. Para isso é necessário uma a manter os níveis de glicose e previne a depleção dos estoques de glicogênio evitando uma
individualização no consumo dos alimentos para cada atleta. Facilitamos este controle por fadiga antecipada.
meio de um diário alimentar: os atletas devem quantificar os alimentos ingeridos ao longo A água é fator nutricional mais importante para o atleta. Durante um treino intenso ele pode
dos dias e de acordo com as fases de treinamento e conferir a variação de peso semanal (ou perder até 2% do seu peso corporal. Para manter o balanço hídrico e evitar desidratação o
diária) para saber se o consumo está adequado ao gasto. O importante neste procedimento atleta deve ingerir de 0,5l a 2l por hora de treino além dos 2l do consumo diário.
é ter sempre um Nutricionista acompanhando a alimentação e rotina de cada atleta.
F) Suplementação
C) Consumo proteico excessivo O maior trabalho é conscientizar o atleta da estruturação da dieta e dos horários do consumo
Sabemos que o consumo de proteínas é importante para a construção muscular e recupe- dos nutrientes para otimizar a performance e a recuperação. A suplementação pode auxiliar
ração das atividades de força, mas vemos um consumo superestimado deste nutriente por no consumo diário de calorias, carboidratos e proteínas da dieta, mas deve ser visto como
meio de alimentos e suplementos. complemento e não substituto de uma boa alimentação.
A recomendação para atletas de força de acordo com a Sociedade Internacional de Nutrição Há pouca evidência científica de que alguma suplementação favorece o treino e/ou a perfor-
Esportiva (ISSN) é de 1,5g a 2g por quilo de peso corporal. Por exemplo, um atleta pesando mance, mas também é verdade que alguns suplementos dietéticos podem ajudar na perfor-
80kg deve ter o consumo diário de 120g a 160g de proteína por dia. Para ter-se uma ideia mance e/ou recuperação e o uso destes podem melhorar uma dieta bem adaptada.
prática, um filé de frango médio de 100g equivale a 30g de proteína. Para melhor avaliar a necessidade ou não de uma suplementação, cada atleta deve procurar
Dentro de uma dieta balanceada com várias fontes proteicas inseridas (ovos, peixes, carnes, um Nutricionista especialista para direcionar e individualizar esta suplementação dentro da
leite e substitutos etc.) a suplementação se apresenta desnecessária e sem comprovação de especificidade de cada um. Não é estimulada nenhuma suplementação sem o consentimen-
sua real necessidade. to de um profissional capacitado.

50 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 51


6. A COMPETIÇÃO DE SUPINO

Luis Gustavo Leite mais membros não concordarem, a decisão dos Árbitros será mantida e não haverá mais nenhum outro
Sílvio Soares dos Santos recurso para se apelar.

Para cada competição sancionada pelo IPC Powerlifting, um Congresso Técnico deverá ser conduzido
com antecedência de até 1 (um) dia do início da mesma. Durante este Congresso, acontecerá a confirma-
O halterofilismo paralímpico é um esporte composto por uma série de regras e regulamentos que devem ção de todos os atletas presentes em cada categoria de peso corporal. Cada clube/país pode solicitar a
ser respeitados por todos os atletas tanto antes quanto durante a execução do levantamento. Estas regras alteração da categoria em que seu atleta foi inscrito desde que esta mudança seja para uma imediatamen-
englobam itens gerais e específicos a serem observados pelos respectivos Árbitros que atendem nas ses- te acima ou abaixo de sua categoria atual e mediante o pagamento da quantia de €100 (cem euros). Não
sões de cada categoria. Estes Árbitros decidirão se o movimento executado pelo atleta cumpriu ou não haverá outro momento durante a competição para se realizar qualquer alteração da categoria do atleta.
com todos os itens descritos no Livro de Regras e Regulamentos do IPC Porwerlifting.

6.2 CHECAGEM DOS EQUIPAMENTOS, VESTIMENTA E PESAGEM DOS ATLETAS


6.1 REGRAS GERAIS DA COMPETIÇÃO
Antes de se começar cada sessão de competição com as respectivas categorias de peso corporal, haverá
A decisão individual de cada Árbitro será mostrada em uma tela/placar por um sistema de luzes que estará uma checagem dos equipamentos a serem utilizados por todos os atletas e, imediatamente após esta
localizado em um lugar plenamente visível à todas as pessoas presentes no lugar da competição. Este co- checagem, acontecerá a pesagem de cada um deles. A checagem de equipamentos será geralmente rea-
mando será revelado imediatamente após a conclusão de cada tentativa de levantamento realizado pelo lizada 15 minutos antes do início da pesagem. Entretanto, fica a critério do Delegado Técnico, Secretário
atleta e será representado por duas cores: quando o movimento for tido como válido, sua decisão será da Competição e Árbitros designados para a sessão determinar a realização em um momento anterior,
mostrada por uma luz branca. Quando o movimento for considerado inválido, uma luz vermelha indicará desde que antes da pesagem de cada categoria ou da sessão de competição, mas somente se todos os
sua decisão. atletas forem devidamente informados e estiverem disponíveis.

Em caso de falha do sistema, falta de energia elétrica ou quando não houver sistema de luzes, a decisão A checagem dos equipamentos de todos os atletas deve ser realizada no horário determinado. Não have-
se dará por meio de bandeiras. Cada Árbitro possuirá duas bandeiras, uma branca e outra vermelha, para rá checagem de equipamentos durante a pesagem. Os atletas que chegarem fora do horário determinado
mostrar a todos os presentes a sua decisão. Isto ocorrerá mediante o comando do Árbitro Central após a para esta checagem deverão ser atendidos pelos Árbitros responsáveis (se houver tempo hábil), mas
conclusão de cada tentativa de levantamento executado pelo atleta. Esse comando indica que cada um terão de pagar uma multa de €100 (cem euros).
dos 3 (três) Árbitros deve mostrar sua decisão, simultaneamente, a todos aqueles presentes na área de
competição. Durante a checagem dos equipamentos, o cartão de identificação do IPC, o Livro de Recordes do IPC
Powerlifting, uniforme de competição e os outros equipamentos de competição deverão ser apresentados
Em cada round ou sessão de competição haverá sempre 3 (três) Árbitros e a decisão unânime ou a e verificados. Qualquer atleta que não apresentar o seu cartão de identificação e o livro de recordes do
maioria sempre prevalecerá. A única forma de contestar a decisão destes Árbitros é recorrer ao protesto. IPC Powerlifting receberá uma multa de €100 (cem euros). Os atletas devem apresentar todos os seguin-
Esta conduta só pode ser realizada em competições onde haja a presença de um Júri. Todos os protestos tes itens para os Oficiais Técnicos durante a checagem de equipamentos:
devem ser escritos no formulário oficial de protestos do IPC Powerlifting e apresentados ao Presidente do
Júri, acompanhados da quantia de €100 (cem Euros) e no prazo de até 1 (um) minuto após a realização • Cartão de Identificação do IPC Powerlifting
do levantamento que se deseja contestar. Este protesto pode ser em relação ao próprio atleta ou contra • Livro de Recordes do IPC Powerlifting
qualquer outro atleta.
Roupa de competição: Deverá ser uma peça única e feita com uma quantidade limitada de tecido elástico.
Os protestos só poderão ser realizados pelo responsável da equipe, ou em sua ausência, pelo técnico, Pode ser de uma ou mais cores, conter o emblema do clube/país e o nome do atleta. Não pode, porém,
mas nunca pelo próprio atleta. A decisão do Júri será transcrita no próprio formulário. Esta decisão deve conter marcas ou logos de patrocinadores, bordados, estofamentos, dupla camada de costura e zíper.
ser sempre unânime, ou seja, todos os 5 membros do Júri devem necessariamente concordar com a ra- Tem que possuir alças para os ombros e ser vestida durante todo o tempo de competição. Pode ser uma
zão pela qual o protesto foi solicitado. Ocorrendo a concordância entre todos os membros, a decisão será versão cumprida, devendo possuir alças para fixação no tornozelo ou uma versão mais curta, onde o
revertida sem que haja a necessidade de se realizar uma nova tentativa por parte do atleta. Se um ou cumprimento seja de ao menos 10 cm ao longo de cada perna e sempre terminar bem acima do joelho.

52 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 53


Todos os equipamentos pessoais de competição do atleta devem estar limpos, organizados e devem ser • Bandagens: Serão permitidas apenas bandagens com uma camada de tecido elástico re-
considerados adequados para o devido propósito, caso contrário, deverão ser recusados pelos árbitros. vestida de poliéster, algodão ou uma combinação dos dois materiais ou crepes médicos.
Bandagens de ou com borracha são proibidos. Não podem exceder 1 metro de comprimento
• Camiseta: Deve ser com uma gola lisa, conhecida como gola careca e ser sempre vestida e 8 cm de largura.
por debaixo da roupa de competição. Pode conter uma ou mais cores, ser feita de algodão,
poliéster ou uma mistura dos dois. Qualquer outro material é proibido. Não pode conter ne- • Faixas de punho: não pode exceder 10 cm de largura. Pode ter uma volta no polegar e
nhum material elástico, costuras reforçadas, bolsos, botões, zíperes, gola em forma de “V”. velcro para ter uma maior segurança ao colocá-la. Não pode possuir fivela, laço ou qualquer
As mangas devem sempre estar abaixo do ombro e acima do cotovelo. Deve vestir de forma outro tipo de fixação. Uma combinação de bandagens e faixas de punho também não é per-
que não fique muito justa ou muito folgada no corpo do atleta. mitida. Bandagens de punho não deve cobrir mais de 10 cm acima e 2 cm abaixo do centro
da articulação do punho, mensurados a partir da posição anatômica e nunca deve exceder
• Calçados: Todos os atletas são obrigados a utilizarem calçados durante a competição. Ex- uma largura total de cobertura de 12 cm.
ceção se faz aos atletas com alguma deficiência específica. Neste caso, deverão possuir um
registro médico em seu livro de registro do IPC Powerlifting. Após a checagem dos equipamentos, os atletas deverão se dirigir à área de pesagem para a verificação
do seu peso corporal. Todos os atletas devem ter seu peso corporal dentro dos limites inferiores e supe-
• Sutiã: Pode ser um modelo esportivo e sempre deverá ser apresentado à mesa de checa- riores de sua categoria. Se não atingirem ou ultrapassarem os limites eles poderão ser repesados, mas
gem de equipamentos. Não pode conter nenhum estofamento, arame ou ser rígido. Nunca somente após o último atleta de sua categoria já estiver finalizado sua pesagem. A pesagem sempre terá
deverá ser verificado enquanto a atleta o estiver vestindo. início não mais que 2 (duas) horas antes de começar a sessão da competição e sua duração é de no
máximo uma hora e trinta minutos.
• Véu de cabeça (mulheres): Somente pode ser uma peça única, material liso e colorido. Não
pode conter qualquer adereço afixado, nunca esconder completamente o rosto da atleta e Nenhum atleta será pesado fora deste limite de tempo, a não ser que, devido ao número de atletas aguar-
não pode terminar abaixo do pescoço de forma a impedir a visão dos cotovelos e pescoço dando, não haja tempo hábil para finalizar esta pesagem dentro do tempo programado. Neste caso, todos
pelos Árbitros. os atletas que estiverem prontos e esperando por sua vez, terão o direito de serem pesados, entretanto,
se estiverem fora do limite de peso corporal para sua categoria, não terão direito a uma nova pesagem.
• Faixas de banco: A todos os atletas é permitido o uso de faixas de banco. Cabe ao atleta Quando atletas do gênero feminino estiverem sendo pesadas, o procedimento usual pode ser adaptado
ou treinador escolher se uma ou duas faixas. Também é permitido o não uso das mesmas. para assegurar que serão pesadas por oficiais do mesmo gênero.
O atleta poderá optar ainda, por utilizar as faixas oficiais, pessoais ou ambas. Escolhendo
utilizar faixas pessoais, deverá apresentar as mesmas durante a checagem dos equipamen- Os 3 (três) Árbitros da sessão da competição serão os responsáveis pela condução da pesagem. É permi-
tos. Deverá ser inteiramente de velcro e não pode possuir nenhuma fivela de metal, laços tida a presença de um membro da comissão técnica para auxiliar o atleta na hora da pesagem. Nenhuma
ou estofamentos adicionais. Sua largura deve ser no mínimo de 7,5 cm e máximo de 10 cm. outra pessoa estará autorizada a estar dentro da sala. Todos os atletas deverão se pesar completamente
Pode ser colocada entre os tornozelos e a parte superior da coxa do atleta. Nunca pode ser nu ou em roupa íntima. Não é permitido utilizar próteses, fralda ou qualquer outro item no momento em
colocada encima ou cruzando as articulações, salvo as exceções a critério exclusivamente que estiverem em cima da balança. Em caso de amputações, o acréscimo de peso será realizado con-
do Classificador funcional designado para a competição. Em caso de amputações de quadril, forme a altura da amputação e o peso corporal, conforme tabela pré-estabelecida pelo IPC Powerlifting.
deve ser posicionada no lugar mais abaixo possível.
A determinação da ordem de pesagem deverá coincidir com o número de sorteio designado para cada
• Cinto: Todos os atletas podem optar por usar cinto de competição, mas este deverá estar atleta. O sorteio é o processo onde cada atleta receberá um número e este será o único indicador da
sempre acima da roupa de competição. Pode ser de couro, vinil ou outro material não elásti- ordem em que cada atleta será pesado e, durante a competição, o critério de desempate para atletas que
co contendo uma ou mais camadas que podem ser coladas ou costuradas. Não pode conter escolherem o mesmo peso para uma mesma tentativa. Sempre deverá ser respeitada esta ordem, assim
nenhum estofamento, reforço ou suporte de qualquer outro material, seja na superfície ou sendo, o atleta que tiver o menor número irá em primeiro e assim sucessivamente.
entre suas camadas. Pode ter uma fivela com um ou dois pinos ou ser do tipo de liberação rá-
pida. Sua largura e espessura máxima não devem ultrapassar 10 e 1,3 cm respectivamente.

54 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 55


6.3 A COMPETIÇÃO (“start”) até que o levantamento seja concluído e os braços estiverem em extensão completa/travados. O
atleta deve sempre segurar a barra com os polegares e os dedos envolvidos com segurança em torno da
Em todas as competições do IPC Powerlifting, deve haver uma apresentação dos atletas antes de cada circunferência da barra.
sessão individual ou categorias unificadas. Os atletas serão alinhados pelo Controlador Técnico, respei-
tando a ordem de início da competição e apresentados de forma ordenada e de frente para o público. O espaçamento das mãos dos atletas nunca deve exceder 81 cm, medidos entre os dedos indicadores,
Assim que seu nome e clube/país forem anunciados pelo locutor, o atleta deverá se retirar e voltar para a mesmo quando houver uma deficiência fisiológica ou anatômica gerando um desequilíbrio na distância
área de aquecimento de modo a finalizar sua preparação e se preparar para o início da competição. da empunhadura na barra. As bordas internas dos dedos indicadores nunca devem estar fora dos limites
(direito e esquerdo) demarcados de 81 centímetros. Uma empunhadura sem o uso do polegar em torno
Os membros da comissão técnica e/ou os próprios atletas deverão estar atentos aos prazos de troca do da barra não é permitida e será sempre considerado levantamento inválido.
peso requerido para a 1ª. tentativa, caso haja necessidade desta solicitação. O prazo termina 5 minutos
antes de iniciar a sessão da competição. Passado este prazo, nenhuma alteração será permitida. A alte- Se um atleta não puder estender completamente seus braços, resultante de formação anatômica espe-
ração pode ser para um peso inferior, desde que não seja menos que 7 (sete) quilos abaixo do requerido cífica do seu cotovelo, ele deverá reportar/identificar este fato aos três Árbitros e ao Júri antes de se po-
durante a pesagem, bem como pode ser para um peso superior, não havendo limites, nesse caso. sicionar no banco para o início de cada tentativa durante a competição. Se um atleta não puder estender
completamente suas pernas resultante de deformação anatômica ou por uma deficiência neurológica, ele
Como parte dos requisitos gerais, todos os atletas devem cumprir com essas normas citadas anteriormen- deverá reportar/identificar este fato aos três árbitros e ao Júri antes de entrar no banco no início de cada
te bem como normas específicas para quando no momento da execução do movimento em cada uma de tentativa durante a competição. Nestes dois casos, as informações detalhadas precisam estar anotadas
suas tentativas. Os atletas e, principalmente os técnicos, deverão estar atentos aos critérios de desquali- em seu passaporte de atleta pelo Classificador. Caso contrário, se não houver nenhuma informação, o
ficação que possam vir a ocorrer pois, sua tentativa será considerada inválida pelos Árbitros caso algum julgamento dos Árbitros será realizado sem levar-se em conta essas observações.
das infrações sejam observadas.
Durante a execução da tentativa de levantamento, o atleta deve cumprir com requisitos específicos para
Quando a competição tem início, o atleta terá a sua tentativa anunciada pelo locutor e, após seu nome ter que conquiste uma decisão dos Árbitros que validem o seu movimento. Qualquer descumprimento de um
sido chamado, deverá se dirigir ao banco depois de liberado pelo Controlador Técnico e a contagem re- ou mais requisitos resultará de uma desqualificação da tentativa realizada. Normas estas que consistem em:
gressiva de 2 minutos se iniciará para que comece seu levantamento. Somente será permitida a presença
dos Árbitros, anilheiros, técnico e o atleta na plataforma de competição. a) O atleta tem até 2 minutos para iniciar o seu levantamento após ter sido chamado para a
plataforma de competição. Caso ele não comece o seu levantamento dentro deste limite de
O atleta poderá escolher se irá utilizar ou não as faixas de competições disponíveis. Se optar por utilizar, tempo, sua tentativa será considerada inválida. Para começar a sua tentativa ele pode sacar
poderá escolher também se usará somente um ou as duas faixas. Para a sua fixação, poderá fazê-lo sozi- a barra dos suportes, sozinho ou com o auxílio dos anilheiros.
nho, ou com o auxílio do técnico ou dos anilheiros. Caso o técnico ajude seu atleta, ao terminar de prender
a faixa, este deverá se dirigir à sua área específica previamente demarcada e lá permanecer durante toda b) Após a retirada da barra, o atleta deve mantê-la em seu controle e esperar o comando de
a execução do levantamento. início ou “start” pelo Árbitro Chefe (central).

O técnico jamais deve tocar a barra de competição, mas, caso queira que a barra seja posicionada mais c) O mesmo deve acontecer ao final de sua tentativa, controlando a barra com os cotovelos
para um dos lados, que melhor lhe convier, este poderá solicitar ao anilheiro ou ao próprio atleta o repo- travados até receber o comando de “rack” e assim, colocar a barra de volta nos suportes.
sicionamento da mesma. Se o atleta não receber o comando de início tão logo que ele tenha o controle da barra, será
por constatação por parte dos Árbitros de que existe alguma irregularidade em seu posiciona-
Uma vez no banco todos os atletas devem sempre assumir a sua posição de partida, que deve ser manti- mento. Cabe ao atleta e/ou seu técnico corrigir esta infração dentro do tempo restante para sua
da durante toda a execução do movimento, assim que se inicia o comando de “comece” (“start”) for dado tentativa. Em hipótese alguma os Árbitros estão autorizados a informar o porquê de não ter sido
pelo Árbitro Chefe (principal). dado o comando de início. É permitido ao atleta reposicionar a barra nos suportes, corrigir seu
posicionamento e sacá-la novamente desde que ainda haja tempo remanescente.
A cabeça dos atletas, os ombros (cabelo ou adereço de cabeça não devem restringir a visão dos Árbitros),
glúteos, pernas (totalmente estendidas, sempre que possível) e os dois calcanhares devem permanecer d) Obedecer aos comandos do Árbitro Chefe para que inicie e termine o seu levantamento.
sobre ou tocando no banco durante toda a duração do levantamento. A cabeça dos atletas nunca deve Ao receber o comando de iniciar o levantamento, a barra somente pode se movimentar para
levantar do banco durante a execução do levantamento, a partir de quando for dado o sinal de início baixo.

56 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 57


Até 49.00kg
e) Após iniciar sua tentativa, não é permitida qualquer mudança em sua posição corporal, Até 54.00 kg - de 49.01 kg a 54.00 kg
tais como: cabeça, ombros, glúteos e calcanhares. Estas partes citadas devem sempre per- Até 59.00 kg - de 54.01 kg a 59.00 kg
manecer em contato com o banco entre os comandos de início e término de movimento. Até 65.00 kg - de 59.01 kg a 65.00 kg
Até 72.00 kg - de 65.01 kg a 72.00 kg
f) O atleta deve realizar uma pausa visível da barra no peito caracterizando uma parada de- Até 80.00 kg - de 72.01 kg a 80.00 kg
finitiva do movimento de forma que não obtenha nenhuma vantagem ao aproveitar o impulso Até 88.00 kg - de 80.01 kg a 88.00 kg
gerado na barra ao tocá-la no peito. Até 97.00 kg - de 88.01 kg a 97.00 kg
Até 107.00 kg - de 97.01 kg a 107.00 kg
g) Ao parar no peito, a barra não deve oscilar lateralmente, afundar e nem quicar de modo Acima de 107.00 kg
que torne mais fácil a execução do levantamento.
CATEGORIAS POR PESO CORPORAL – MULHERES
h) Durante toda a execução do levantamento, a barra não pode tocar os suportes de forma
deliberada ou sem controle facilitando assim a execução do movimento. Se for constatado Até 41.00 kg
que o atleta foi beneficiado por este toque, seu movimento será invalidado pelos Árbitros. Até 45.00 kg - de 41.01 kg a 45.00 kg
Entretanto, se não ficar caracterizado que o atleta se beneficiou desse toque, o movimento Até 50.00 kg - de 45.01 kg a 50.00 kg
poderá ser validado desde que tenha cumprido com todas as outras regras. Até 55.00 kg - de 50.01 kg a 55.00 kg
Até 61.00 kg - de 55.01 kg a 61.00 kg
i) Após a parada definitiva no peitoral, durante a fase de empurrar, a barra deve se movi- Até 67.00 kg - de 61.01 kg a 67.00 kg
mentar de forma progressiva para cima, estendendo igualmente os braços, ou seja: manten- Até 73.00 kg - de 67.01 kg a 73.00 kg
do as laterais da barra ascendendo com mesma velocidade. Assim, os cotovelos precisam Até 79.00 kg - de 73.01 kg a 79.00 kg
ser travados exatamente ao mesmo tempo ao término do levantamento. Até 86.00 kg - de 79.01 kg a 86.00 kg
Acima de 86.00 kg
j) Uma vez que a barra começou a ser empurrada para cima pelo atleta, ela não pode
movimentar-se de forma desigual em nenhum dos lados e, também, para baixo, ou seja, na Acréscimos ao peso corporal dos atletas serão feitos para os amputados, como se segue:
direção do atleta novamente. Entretanto, a barra pode parar durante a subida e continuar o
seu movimento desde que somente para cima. Desta maneira, não haverá interferência no • Para cada amputação de tornozelo deve-se acrescentar:
julgamento de seu levantamento. ½ kg para todas as categorias de peso
Portanto, o Livro de Regras e Regulamentos do IPC Porwerlifting especifica todos os requi- • Para cada amputação abaixo do joelho deve-se acrescentar:
sitos obrigatórios e que devem ser cumpridos por todos os atletas participantes de competi- 1 kg para peso corporal de até 67 kg
ções chanceladas pelo IPC Porwerlifting. É necessário que todos os atletas e membros da 1 ½ kg para peso corporal de 67,01 kg e acima
comissão técnica possuam um excelente entendimento tornando os treinamentos cada vez • Para cada amputação acima do joelho deve-se acrescentar:
mais próximos, se não iguais aos critérios de avaliação aos quais serão submetidos, seja em 1 ½ kg para peso corporal de até 67 kg
competições nacionais ou internacionais. Desta forma, os atletas poderão conquistar uma 2 kg para peso corporal de 67,01 kg e acima
evolução significativa em sua execução técnica. • Para cada desarticulação completa do quadril deve-se acrescentar:
2 ½ kg para peso corporal de até 67 kg
3 kg para peso corporal de 67,01 kg e acima

6.4 AS CATEGORIAS

CATEGORIAS POR PESO CORPORAL – HOMENS

58 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 59


6.5 O SISTEMA DE RODADAS prazo de até 5 minutos antes do início da competição, fazer a única mudança (nesse caso, de
redução) de peso permitido para a primeira tentativa, lembrando que o peso total não poderá
Existem três (3) rodadas competitivas em uma competição do IPC Powerlifting. ser reduzido mais de 7kg em relação ao peso inicial solicitado durante a pesagem.
Todos os atletas deverão completar cada rodada em ordem sequencial, primeiro por ordem do peso es-
colhido a ser levantado, e quando o peso for o mesmo, por ordem de número do sorteio. O atleta com o 2) Após uma execução válida o treinador deve ir à mesa central e fazer a pedida de carga
menor número de sorteio sorteado quando da pesagem sempre deverá ser o primeiro a competir. para a segunda tentativa. Essa pedida deve considerar: a) seu potencial dentro da competi-
ção; b) a meta a ser alcançada pelo atleta; c) as cargas efetivamente levantadas e aquelas
Apenas três tentativas de levantamento serão permitidas no atual sistema de competição. solicitadas para a próxima tentativa dos adversários. Nesses casos, o treinador pode no-
vamente superestimar sua pedida para influenciar e induzir ao erro seus adversários.
Um levantamento adicional para fins de recorde (4ª tentativa) será registrado apenas para este fim, não Obs.: Considerando que pela regra, não se pode alterar a segunda pedida, superestimá-la
sendo a marca válida no resultado final para efeito de ranking. pode se tornar um grande risco, principalmente quando constatamos que muitas competi-
ções estão sendo definidas na segunda tentativa.
A barra deve ser carregada progressivamente a cada rodada, atendendo ao princípio da barra crescente
pelo qual cada atleta fará sua primeira tentativa na primeira rodada, sua segunda tentativa na segunda 3) A terceira pedida é normalmente a que decide a competição e, a mesma pode ser altera-
rodada e sua terceira tentativa na terceira rodada. da até 2 vezes após ter sido feita. Esse é o momento mais tenso e decisivo da competição,
pois entra em ação todo o conhecimento do treinador (acerca da regras do jogo, das capa-
Em nenhum momento o peso da barra será diminuído dentro de uma rodada, exceto se ocorrerem erros cidades do seu atleta e dos seus adversários) para conduzir a estratégia adequadamente de
devidos a uma barra carregada incorretamente ou erro dos anilheiros, tal como descrito na seção respec- modo a levar vantagem em relação às ações incorretas dos adversários ou mesmo induzilos
tiva do livro (ver pontos 13.5 e 13.6 - os erros no carregamento da barra) e, mesmo assim, esta diminuição ao erro. Nesse sentido, a massa corporal (peso) desempenha um importante papel nessa
deverá ser feita apenas no final de uma rodada. etapa da competição, pois em caso de empate na barra, o vencedor será aquele que tiver o
menor “peso”.
Se não tiver êxito em uma tentativa, o atleta não deve realizar uma nova tentativa imediatamente, mas, As ações táticas são diretamente dependentes do sucesso ou fracasso dos adversários em
sim, esperar até a próxima rodada, antes que ele possa tentar o mesmo peso novamente ou fazer uma relação à superação das cargas pedidas. Esse quadro é absolutamente dinâmico durante a
nova tentativa com um peso maior. competição. Os treinadores precisam estar atentos ao seu atleta e aos seus adversários, no
sentido de acumular o maior número possível de informações para tomar a decisão correta
em relação às cargas pedidas e aquelas a serem alteradas.
6.6 A TÁTICA NAS COMPETIÇÕES Perceber e intuir acerca do potencial dos adversários naquele momento é fundamental dentro
desse processo, para tanto é, necessário estar atento e observando de perto todas as suas
A tática é um aspecto fundamental dentro da competição quando se deseja alcançar uma melhor coloca- ações e reações dentro da área de aquecimento e durante o levantamento propriamente dito.
ção especialmente quando se disputa essa melhor colocação contra um concorrente direto de mesmo Pode acontecer, por vezes, de o treinador sacrificar o alcance do melhor resultado individual
nível. O conhecimento das regras e do potencial dos adversários é fundamental para a aplicação correta do seu atleta em função da garantia de obtenção de uma medalha, caso a meta de atingir-se
das ações táticas. a melhor marca individual coloque em risco a obtenção dessa medalha.
O jogo tático implica em assumir riscos tanto em relação ao julgamento do potencial dos seus
SITUAÇÕES DE COMPETIÇÃO: adversários quanto do real potencial do seu atleta.

1) Quando existem muitos competidores (acima de 10) dentro de uma mesma classe haverá
a necessidade de dividir-se o grupo em subgrupos. De maneira geral o subgrupo mais forte
é o último a competir. A formação dos subgrupos é determinada pelo peso da pedida inicial
de cada atleta declarado durante a pesagem, pelo próprio atleta ou treinador. É nesse mo-
mento que o treinador pode fazer a escolha da carga dependendo de onde ele deseje que o
seu atleta atue, se no subgrupo mais forte, mais fraco ou intermediário. Caso seja no grupo
mais forte (elite), ele tem a possibilidade de superestimar a carga inicial para alcançar esse
intento. Após definidos e apresentados os grupos e atingido o objetivo, o treinador poderá, no

60 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 61


7. TESTES EM HALTEROFILISMO

Sílvio Soares dos Santos D. Teste de potência bilateral – mostra a capacidade do atleta de realizar um movimento
Wéverton Lima dos Santos concêntrico bilateral, com a máxima velocidade, utilizando uma carga igual a 55% do seu
Valdecir Lopes RM. O atleta posiciona-se sob a barra guiada segurando-a da mesma forma como executa o
Carlos Williams Rodrigues da Silva supino. O teste consiste em elevar a barra a partir do peito até a posição em que os cotovelos
João Vieira Pereira Jr. estejam no máximo de sua extensão, o mais rapidamente possível.
Renata de Almeida
E. Teste de potência unilateral – mostra a capacidade do atleta de realizar um movimento
concêntrico unilateral, com sua máxima velocidade, utilizando uma carga igual a 25% do
A execução de testes para a detecção de falhas e mesmo, reconhecimento das habilidades dos atletas seu RM. O atleta posiciona-se sob a barra guiada segurando no centro da mesma estando a
reveste-se de fundamental importância para o aprimoramento geral dos mesmos. Uma série de testes mesma colocada já sobre o seu peito. O teste consiste em elevar a barra com um dos mem-
físicos, antropométricos e psicológicos devem ser conduzidos para esse fim. bros até a posição em que o cotovelo esteja no máximo de sua extensão o mais rapidamente
possível.
Passaremos agora a descrever os principais testes que devem ser realizados para que haja um correto
acompanhamento do desenvolvimento da performance do atleta ao longo da temporada.
7.2 TESTES TÉCNICOS ESPECÍFICOS

7.1 TESTES FÍSICOS ESPECÍFICOS Características gerais dos testes


Os testes deverão seguir os seguintes procedimentos:
Os testes A, B e C podem ser executados na mesma sessão de treinamento, obedecendo-se um intervalo
mínimo de 10 minutos entre eles. • Intervalo de 3 minutos entre cada tentativa;
• Três avaliadores experientes e conhecedores das regras do supino paralímpico avaliarão
Os testes D e E podem ser realizados em uma única sessão, diferente daquela usada para a realização as tentativas;
dos testes A,B e C. • Será erguida uma bandeira vermelha quando a tentativa for inválida, ou uma bandeira bran-
ca quando a tentativa for válida;
A. Teste de carga máxima (1RM) no supino – esse teste mostra a máxima capacidade do • O escore final para o teste A será dado pela soma de bandeiras BRANCAS erguidas ao
atleta para desenvolver força excêntrica e concêntrica na posição supina em uma única ten- longo das tentativas;
tativa. • O escore final para os testes B, C e D será dado pela soma de bandeiras VERMELHAS
erguidas ao longo das tentativas;
B. Teste de carga máxima (1RM) na remada deitada – mostra a capacidade do atleta de re- • Posicionamento dos avaliadores:
alizar um movimento concêntrico e bilateral da barra com carga máxima, a partir da posição Teste A – se posicionarão semelhantemente aos árbitros nas competições oficiais, ou
de decúbito ventral sobre um banco de supino reto. O teste consiste em puxar uma barra com seja, um na cabeceira e os outros dois lateralmente e próximos aos pés do atleta;
anilhas, na direção do tórax, com empunhadura maior que a largura dos ombros até que a Teste B – se posicionarão no fundo do banco de frente para a barra no sentido caudo-
barra toque a parte inferior do banco. Na posição inicial o corpo encontra-se na posição de cefálico do atleta;
decúbito ventral sobre o banco supino, segurando a barra com as anilhas tocando o solo e Teste C – se posicionarão lateralmente à barra e logo acima dela;
com os cotovelos totalmente estendidos. Teste D – se posicionarão no fundo do banco, de frente para a barra no sentido cau-
do-cefálico do atleta.
C. Teste de carga máxima (1RM) unilateral no supino – esse teste mostra a máxima capaci- • Entre cada teste haverá um intervalo de 3 minutos.
dade do atleta para desenvolver força concêntrica na posição supina em uma barra guiada. • Poderá ser usado sistema de vídeo para observação das imagens logo após cada teste.
O atleta posiciona-se sob a barra guiada segurando no centro da mesma estando a mesma • É aconselhável o uso de um simetrógrafo na base do banco (pés) alinhado com o centro da
colocada já sobre o seu peito. O teste consiste em elevar a barra com um dos membros até barra, para os testes B e D.
a posição em que o cotovelo esteja no máximo de sua extensão. O outro braço deverá estar
fixado.

62 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 63


A. Teste técnico de supino – mostra a capacidade do atleta de executar o movimento válido C. Oito dobras cutâneas (peitoral, subescapular, supra ilíaca, abdome, tríceps, bíceps, coxa
de supino, com carga submáxima (90%1RM), em 5 diferentes tentativas. e perna).

Escore do teste A (total de bandeiras brancas em 5 tentativas): D. Medidas de circunferência – braços direito e esquerdo contraídos e relaxados; ante bra-
ços esquerdo e direito contraídos e relaxados; tórax inspirado e expirado; cintura e quadril.
ESCORE MUITO FRACO FRACO BOM MUITO BOM EXCELENTE

BANDEIRAS E. Massa corporal


BRANCAS 0-5 6-7 9 10 - 12 13 - 15

7.4 TESTES PSICOLÓGICOS


B. Teste de nivelamento vertical das bordas da barra – mostra a capacidade do atleta de
executar 4 ciclos do movimento de supino com 80% 1RM mantendo as bordas laterais da Partindo do princípio de que o Ser humano é um Ser complexo, múltiplo, e formado pela soma de vários
barra se movendo na mesma altura durante todo o trajeto das 4 repetições. fatores, dentre eles: físicos, emocionais e sociais; entendemos que para o alcance do desempenho de
excelência no esporte devemos trabalhar todos eles em conjunto.
C. Teste de nivelamento horizontal das bordas da barra – mostra a capacidade do atleta de
executar 4 ciclos do movimento de supino com 80% 1RM mantendo as bordas laterais da Entender o atleta em sua totalidade não é tarefa fácil e muito menos função de apenas um profissional,
barra inalteradas (sem movimento de rotação em relação a um eixo vertical que passa pelo mas como uma equipe multidisciplinar ainda não é comum nos centros de treinamento e academias; faz-
centro da barra), durante todo o trajeto das 4 repetições. se necessário ter o conhecimento básico de alguns sintomas, queixas e/ou comportamentos que suscitam
um encaminhamento ao profissional responsável.
D. Teste de fixação do ponto central da barra – mostra a capacidade do atleta de executar 4
ciclos do movimento de supino com 80% 1RM sem que haja movimentos laterais do centro Avaliação Psicológica é um termo que se refere ao estudo aprofundado dos fatores psíquicos, não se res-
da barra (esquerda-direita) durante todo o trajeto das 4 repetições. tringindo à aplicação de testes, contando também com a observação clínica e análise da situação como
um todo. Esta, porém, é restrita ao profissional de psicologia.
Escore dos testes B, C e D (total de bandeiras vermelhas em 4 tentativas para cada teste):
No entanto, é de fundamental importância que os profissionais de outras áreas tenham consciência de
ESCORE PÉSSIMO MUITO RUIM RUIM MÉDIA MUITO BOM EXCELENTE
alguns sintomas emocionais, cognitivos e motores que podem estar associados a algum transtorno psico-
NÚMERO DE
12 10 - 11 7-9 4-6 1-3 0 lógico para bem planejar e conduzir a evolução do atleta.
FALHAS

Os sintomas de ansiedade são os mais frequentes no mundo atual, e se percebido pelo atleta como ala-
vanca de adrenalina e de propulsor de força é muito positivo. A avaliação destes sintomas pode ser feita
7.3 TESTES ANTROPOMÉTRICOS por meio da observação direta do treinador ou da análise das respostas de um questionário específico,
em que é solicitado ao atleta que descreva as sensações físicas e emocionais pelas quais passa no mo-
Os testes antropométricos são de grande importância para a manutenção da condição corpórea ideal do mento. Como o que se segue abaixo:
atleta. Essas medidas podem informar sobre os níveis de possíveis riscos à saúde que o atleta se en-
contra, ela pode ser usada como parâmetro para a seleção de novos atletas assim como determinar sua
elegibilidade para o esporte paralímpico.

A. Tomar as medidas de envergadura, comprimento de membros superiores esquerdo e


direito, distância biacromial.

B. Ângulo de extensão máximo dos cotovelos esquerdo e direito, de abdução horizontal dos
ombros direito e esquerdo.

64 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 65


Tabela 3 Sintomas de ansiedade 5. Perda do senso de humor,
6. Sensação de tristeza e falta de prazer,
SINTOMAS ÚLTIMOS 7 DIAS ÚLTIMOS 3 DIAS HOJE
7. Pensamento ou ações suicidas.
Coração acelerado
Frio na barriga Este transtorno é sério, assim como todos estes sintomas, e não devem ser ignorados e vistos como
Vontade de urinar “drama” pela equipe. Caso esses sintomas estejam ocorrendo, deve-se procurar um profissional de psico-
Mãos frias ou Trêmulas logia, pois eles interferem direta e negativamente no rendimento esportivo e no “clima” da equipe.
Rosto afogueado
Boca seca
Outros transtornos muito frequentes na população de atletas são os alimentares, Bulimia, Transtorno
Mudanças no apetite
Compulsivo alimentar e Anorexia. Os dois primeiros podem ser encontrados em atletas com problemas
Formigamento nas em manter o peso corporal dentro da categoria e a diferença entre eles é que na bulimia a pessoa ten-
extremidades ta contrapor o excesso de alimentação em exercícios físicos e/ou comportamentos inadequados como
Dor de cabeça a utilização de laxantes constantemente ou a indução do vômito após as refeições. Já a compulsão é
Insônia, Pesadelos caracterizada pela ingestão alimentar muito rápida, sensação de culpa após as refeições, mastigação
Diarréia inadequada dos alimentos ingeridos, episódios de perda do controle alimentar e ingestão de alimentos de
forma escondida.
Estas são sensações diretamente relacionadas à ansiedade. Já se houver relatos quanto aos sintomas
da tabela 4, a seguir, o diagnóstico modifica-se passando a ser considerado como um quadro de fobia. Um fator muito importante para a execução do movimento e sucesso do mesmo é a concentração e esta
Nesse sentido, o fator desencadeador deverá ser descoberto e analisado por um profissional habilitado. pode ser testada de várias formas, desde dinâmicas descontraídas como, por exemplo:

Tabela 4 Sintomas de fobias.


1) TESTE DOS TRÊS MINUTOS
SINTOMAS ÚLTIMOS 7 DIAS ÚLTIMOS 3 DIAS HOJE
Vômitos Entregue uma folha a cada atleta com as seguintes ordens, e avise que eles têm 3 minutos para completar
Sensação de sufocação a tarefa.
Tontura
Hipertensão arterial 1. Leia atentamente todos os itens antes de fazer qualquer coisa.
Vontade de fugir 2. Ponha seu nome no canto superior direito da folha.
3. Faça um círculo em volta da palavra “nome” do item 2.
Apatia
4. Desenhe cinco pequenos quadrados no canto superior esquerdo do papel.
Depressão ou raiva 5. Ponha um “x” dentro de cada quadrado.
continuada 6. Faça um círculo em volta de cada quadrado.
Lembrando que, os sintomas para serem crônicos, ou percebidos como parte de um transtorno deve ter 7. Ponha sua assinatura sobre o título dessa página.
uma continuidade na vida do atleta, podendo estar ou não ligado a um evento específico, como por exem- 8. Logo em seguida ao título, escreva sim, sim, sim.
plo, a competição. 9. Faça um círculo em volta do número do item 7.
10. Ponha um “X” no canto inferior esquerdo da página.
Os sintomas de depressão têm como base os sintomas de ansiedade e somando-se a eles: 11. Desenho um triângulo em volta do “X” que você acabou de desenhar.
12. No verso desta página, multiplique 13 por 12.
1. A sensação de incompetência/fracasso em todas as áreas, 13. Faça três buraquinhos no topo deste papel com o seu lápis ou caneta.
2. Cansaço excessivo, 14. Sublinhe todos os números pares desta página.
3. Pensar e falar constantemente em um só assunto, 15. Se você chegou neste ponto do teste, dê um tapinha nas costas do colega ao lado.
4. Angústia e ansiedade diárias, 16. Se você acha que conseguiu fazer tudo certo até aqui, levante o braço, conte até 3 men-

66 Manual de Halterofilismo Paralímpico Manual de Halterofilismo Paralímpico 67


8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

talmente, abaixe o braço e prossiga. ABRADECAR. Revista Toque a Toque. I campeonato brasileiro de halterofilismo. Rio de Janeiro, Se-
17. Com sua caneta ou lápis, dê três batidas fortes na mesa. tembro/Outubro, nº 10. Ano IV, 1993.
18. Se você é o primeiro que chegou até aqui, diga alto para todos ouvirem: “Estou na frente!
Vocês precisam trabalhar mais rápido”! ALVES, F. J. Modelos de periodização. Revista digital. Buenos Aires, ano 15, no. 148, Setembro 2010.
19. Faça um quadrado em volta do número do item anterior. http://www.efdeportes.com.
20. Agora que você terminou de ler todos os itens cuidadosamente, faça somente o que ASENDORPF, J. B. Psychologie der Persoenlichkeit. Berlin: Springer, 2004.
está no item 2 esqueça as outras instruções.
BECKER, Benno Junior. El efecto de tecnicas de imaginacion sobre patrones electroencefalograficos,
frecuencia cardiaca y en el rendimento de practicantes de baloncesto con puntuaciones altas e bajas en
Quando todos tiverem respondido o teste, faz-se uma avaliação sobre a importância da aten- el tiro libre. Barcelona: Universidade de Barcelona, 1996. (Tese de Doutorado em Psicologia)
ção, tanto para a execução do movimento, quanto para a colaboração com outros atletas da
equipe. Existem várias dinâmicas com este foco de avaliação e estas podem ser encontradas BOMPA, T. O. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. Phorte. São Paulo, 2002.
facilmente na internet, e existem também testes que foram elaborados e que necessitam de
um maior conhecimento para a aplicação e análise do mesmo, por isso a importância do BRANDÃO, M. L. Psicofisiologia. 3º Ed. São Paulo: Atheneu, 2012.
contato com o profissional de psicologia. Mas o déficit de concentração e atenção são fatores
fáceis a serem observados e trabalhados. O importante é saber que todos têm um tempo CAMPBELL et al. International Society of Sports Nutrition position stand: protein and exercise. JISSN,
limite de retenção da atenção em algum estímulo, por isso há a necessidade de conhecer-se 2007, 4
este tempo para que, caso ele seja insuficiente para o desenvolvimento da tarefa a ser de-
sempenhada possa-se trabalhar no sentido de aperfeiçoa-lo. CHAGAS, M.H.; LIMA, F.V. Musculação: variáveis estruturais. 2ª.ed. Belo Horizonte: Casa da Educação
física,2011.
Enfim, a avaliação de todos os fatores é indispensável para o atleta de alto rendimento, pois o alcance da
vitória passa pela observação dos detalhes, e estes podem ser trabalhados por meio destas avaliações. E DOAN, R. K.; NEWTON, R.U.; MARSIT, J.L.; KRAEMER, W.J. Effects of Increased Eccentric Loading on
as informações básicas são de extrema importância para a conclusão do laudo psicológico. Bench Press 1RM. J. Strenght and Coditioning Research. 16(1),9-13, 2002.

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