A democracia ateniense é considerada, historicamente, um modelo
excludente e oligárquico, no que se refere a participação popular na pólis. O
contexto citado é uma completa contradição – uma vez que democracia e exclusão são conceitos diametralmente opostos. Apesar disso, inúmeras contradições como a citada perduram no Brasil, a exemplo da desigual acessibilidade dos cidadãos ao cinema. Essa falta de democratização do acesso ao cinema decorre da escassez de investimentos governamentais em determinadas áreas e a preferência da indústria cinematográfica pelos grandes polos econômicos. A zona de investimentos governamentais em Estados específicos em detrimento de outros acaba por criar áreas dinâmicas – como o eixo Rio-São Paulo, em contraste com áreas “periféricas”- como o norte/nordeste. Essa atuação direcionada da esfera federal data do período colonial, no qual eram priorizados os Estados mais rentáveis para o poder régio. A consequência direta é que regiões negligenciadas terão um acesso extremamente inferior a lazer, o que inclui acesso ao cinema, em contraposto com áreas favorecidas. Concomitantemente, a esfera privada, representada pela indústria cinematográfica, investe em áreas desenvolvidas economicamente – uma vez que terão maior mercado e capacidade de difusão de seus filmes/entretenimentos. Portanto, o lucro e a atração que os grandes polos econômicos garantem às indústrias é ligeiramente superior ao ofertado em regiões periféricos. Logo, o processo de democratização do acesso ao cinema torna-se distante, uma vez que a indústria de filmes não se disponibiliza de forma heterogênea. Diante dos fatos supracitados, torna-se nítida a necessidade de mudança. A fim de garantir maior acesso ao cinema para a população, o Ministério da Economia deve criar condições favoráveis para a instalação das indústrias cinematográficas em regiões até então negligenciadas. Para isso, deve haver isenções fiscais e subsídios aos empresários do ramo. Assim, o acesso ao cinema torna-se mais barato para a população e ao mesmo tempo lucrativo para a indústria. Dessa forma, os serviços tornam-se cada vez mais democráticos e reais à população, se contrapondo, esse contexto, com a realidade exclusiva e antidemocrática vivenciada pelos atenienses na Antiguidade Clássica. (Total = 29 linhas)