Você está na página 1de 31

Corrente Interferencial

Pedro H. Donini
Histórico
• A Corrente Interferencial (CI) foi desenvolvida
na década de 1950 pelo austríaco Dr. Hans
Nemec, tornando-se cada vez mais popular no
Reino Unido durante a década de 1970
• Ele pegou 2 correntes, causando interferência
entre elas  gerando um terceiro tipo de
corrente
Definição
• É um método de tratamento não
medicamentoso simples e não invasivo utilizado
principalmente para induzir a analgesia, produzir
contração muscular e reduzir edemas
• Consiste na aplicação transcutânea de correntes
alternadas de média frequência, com amplitude
modulada em baixa frequência (0 a 250 Hz),
formando “pacotes” ou bursts de corrente
Princípios Físicos
1. Quando se tem 2 ondas em perfeitas fases:
• Crista de uma onda + crista de outra onda e
vale de uma onda + vale de outra onda 
forma uma outra onda de maior intensidade
 interferência construtiva
Princípios Físicos
2. Quando se tem 2 ondas fora de fase:
• Crista de uma onda + vale de outra onda  as
ondas se subtraem  interferência destrutiva
Princípios Físicos
Então podemos afirmar que:
Princípios Físicos
• A CI é formada mesclando-se 2 correntes de média
frequência que ficam levemente fora de fase, de
modo que sofram interferência nos tecidos ou de
forma pré-modulada (modulada dentro do
estimulador)
• As correntes de média frequência devem ser
moduladas para baixa frequência para haver tempo
da fibra nervosa se repolarizar  prevenindo a
inibição wedensky (quando a fibra não tem tempo
de repolarizar, não havendo período refratário)
Princípios Físicos
• Uma corrente é de frequência fixa (4.000 Hz) e
a outra é ajustável (entre 4.001 e 4.250 Hz) 
as 2 correntes se somam ou se cancelam,
produzindo uma corrente modulada
resultante a frequência da corrente
resultante será igual a média das 2 correntes
originais e sofrerá variação de amplitude com
uma frequência igual à diferença dessas
correntes
Princípios Físicos
Vantagens da CI
Parâmetros Ajustáveis
• Os estimuladores interferenciais usam 2 correntes
de média frequência  1 na frequência fixa =
4000 Hz; 1 ajustável  4.001 à 4.250 Hz; AMF = 1
à 250 Hz
• A frequência de modulação da amplitude (AMF) é
a diferença entre essas duas correntes 
4.100 − 4.000 = 100 Hz  esse valor é o da
AMF  que formarão o número de pacotes da
corrente
Parâmetros Ajustáveis
1. Frequência portadora:
• 2 kHz  fortalecimento muscular
• 4 kHz e 8 kHz  analgesia
Parâmetros Ajustáveis
2. Frequência de modulação da amplitude (AMF):
• É o ingrediente ativo da corrente, simulando
correntes de baixa frequência, induzindo os
mecanismos fisiológicos no organismo
• A teoria é a de que os componentes de média
frequência sejam responsáveis por agir como
correntes portadoras conduzindo a AMF de baixa
frequência para o interior dos tecidos
• AMF de 100 Hz = efeito analgésico
Parâmetros Ajustáveis
2. Frequência de modulação da amplitude (AMF):
• Fase aguda  120 à 150 Hz
• Fase subaguda  70 à 120 Hz
• Fase crônica ou estimulação muscular  25 à 75
Hz
Habituação Sensorial
• Todo estímulo a partir de uma tempo diminui,
pois o SNC acostuma com ele e reduz sua
percepção
• Após ajustar a AMF, deverá ajustar a
frequência de varredura (∆F ou sweep) com o
objetivo de diminuir a habituação sensorial
Frequência de Varredura (∆F ou Sweep)

• A AMF pode ser controlada de 2 maneiras


básicas  modo contínuo (A AMF é constante) e
modo frequência de varredura (oscilação da
AMF)
• Essa faixa de frequência é automática e
ritmicamente aumentada e diminuída dentro de
uma faixa (espectro)  varia de 1 a 100 Hz 
portanto se utilizar uma AMF de 100 Hz com ∆F
de 50 Hz, a variação da AMF ocorrerá entre 100
a 150 Hz
Frequência de Varredura (∆F ou Sweep)

• É preconizado que a ∆F seja ajustado 50 a 60 %


da AMF, com exceção em casos crônicos, em que
o ∆F pode ser utilizado com valores iguais ou
próximos à AMF escolhida
Exemplo:
• 150 Hz + 50 % = 180 𝐻𝑧
Padrão de Varredura (Slope ou Sweep
Mode)

• É caracterizado pelo aumento da


AMF a partir da frequência mais
baixa para a mais alta durante certo
período de tempo
Padrão de Varredura (Slope ou Sweep
Mode)
1. 6/6:
• A AMF aumenta da frequência mais baixa para
a mais alta em 6 segundos e retorna à AMF
base por 6 segundos
• É indicada para a fase aguda da lesão
Padrão de Varredura (Slope ou Sweep
Mode)
2. 1/5/1:
• A frequência aumenta em 1 segundo,
mantém-se por 5 segundos e volta para a AMF
em 1 segundo
• É indicada para fase subaguda
Padrão de Varredura (Slope ou Sweep
Mode)
2. 1/1:
• A AMF base é mantida durante 1 segundo,
mudando em seguida para a frequência mais
alta o qual também permanece por 1 segundo
• É indicada para fase crônica
Mecanismo de Analgesia
• Teoria das comportas
• Aumento da fluxo sanguíneo (que poderia
remover substâncias algogênicas do sítio da
lesão)
• Ativação das vias analgésicas descendentes
• Bloqueio fisiológico da condução nervosa das
fibras da dor
• Efeito placebo
Técnicas de Aplicação
1. Tetrapolar ou quadripolar:
• É utilizada em áreas
grandes onde a dor é difusa
• Cruzar sempre os canais 
os canais cruzados irão criar
vetores
• Vetor normal e vetor
automático (os vetores
ficam rotacionando, sendo
indicado para áreas
maiores)
• A interferência ocorre no
corpo do paciente
Técnicas de Aplicação
1. Tetrapolar ou quadripolar:
Lombalgia
Técnicas de Aplicação
1. Tetrapolar ou quadripolar:
Dores ou edemas difusos na articulação do
joelho
Técnicas de Aplicação
1. Tetrapolar ou quadripolar:
Dores difusas no ombro
Técnicas de Aplicação
2. Técnica bipolar:
• É utilizada em áreas
menores, onde a dor é
localizada  exp:
tendinite de Dekervein,
síndrome do túnel do
carpo, epicondilite
medial
• A interferência ocorre
dentro do aparelho
Técnicas de Aplicação
2. Técnica bipolar:
Afecções do punho e lesões do cotovelo
Tempo de Aplicação
• 10 a 20/30 minutos de aplicação
Indicações
• Analgesia e relaxamento muscular
• Drenagem de edemas
• Reparo dos tecidos
• Estimulação muscular
Contraindicações
• Portadores de marca-passo
• Trombose venosa profunda
• Câncer
• Útero gravídico
• Portadores de doenças cardíacas
• Alteração de sensibilidade
• Alergia no local da aplicação dos eletrodos

Você também pode gostar