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Editor
Raul Maia
Produção Editorial 2004
Departamento Editorial DCL
Produção Gráfica
Roze Pedroso
Capa
Antonio Briano
Diagramação
José Marcos Rigamont / Siumeli Rigamont
Revisão
Ana Paula Ribeiro
Caio Alexandre Bezarias
ISBN 85-7338-419-0
1. Português (Ensino fundamental) — Gramática I. Título.
00-4263 CDD-372.61
Índices para catálogo sistemático:
1. Gramática : Português : Ensino fundamental 372.61
No mundo atual, escrever é sempre importan- Nada mais equivocado. A língua portuguesa
te, necessário e freqüente. Mostrar que você sabe é acessível a todos, é companheira e filha de nós e
comunicar-se (bem) usando a escrita é um dos fun- da cultura em que vivemos e participamos; compa-
damentos da capacidade de ser e realizar, da cida- nheira porque a utilizamos continuamente, é o veí-
dania e da competência. A tão propalada era do com- culo de transmissão de nossos saberes, conheci-
putador, que, muitos afirmavam, iria diminuir muito mento e visão de mundo, e filha porque é uma enti-
a necessidade de papel e escrita, fez o inverso: nun- dade continuamente alterada pela vivência e cria-
ca tanta informação e conhecimento circularam en- ções de todos nós, falantes da língua portuguesa
tre tantas pessoas e de modo tão rápido, nunca as espalhados pelo mundo.
pessoas se comunicaram tanto (e-mails, chats etc.), Este Manual de Gramática foi criado consideran-
fazendo com que todos escrevamos mais e mais. do tudo isso. As regras do bom utilizar da nossa língua
são mostradas não como um emaranhado de regras
E escrever bem exige conhecer as regras e
frias e inflexíveis, mas como um conjunto de orienta-
bons autores do idioma em que se escreve. E é ções práticas e acessíveis, como o são de fato, e cuja
nesse momento, em que se exige segurança no base deriva de nossa cultura, que forjou as obras e
manejo das palavras, que surgem temor, dúvida, criadores nos quais a boa gramática sempre se ba-
desconfiança e sentimento de debilidade diante seia. Assim, não considere a gramática uma tirana,
dos labirintos da língua. Estas são as reações mais mas um corpo de conhecimentos que faz parte tam-
comuns de vestibulandos, alunos de colégios e bém do mundo em que você vive e que reflete um
cursinhos e outros praticantes da Língua Por- pouco da história de nossa cultura e de nosso povo.
tuguesa quando precisam encará-la: produzir um Adotamos uma apresentação de termos leve
texto correto e elegante, em que o uso adequado e uma seqüência lógica que facilita o estudo e en-
das infinitas e complicadas regras gramaticais tendimento dos fatos gramaticais: dos fonemas e
case com as idéias a serem comunicadas, resul- morfemas, tijolos básicos da língua, às palavras, às
tando em algo prazeroso de ler, parece coisa re- categorias em que estas se dividem e finalmente
servada aos professores de Português, aqueles abordamos a construção de frases e períodos.
especialistas que estudam a língua portuguesa a Exemplos simples, mas expressivos e trechos dos
ponto de fazerem disso sua profissão. autores consagrados de nossa literatura ilustram os
conceitos expostos. E para fixar os instrumentos Para aqueles que necessitam ou simples-
aprendidos, milhares de exercícios, a maioria colhi- mente desejam utilizar corretamente nosso gran-
da dos vestibulares das principais faculdades de todo de patrimônio comum, que é a língua, criamos
o Brasil, garantindo, assim, uma etapa de exercíci- esta obra, lembrando que dominar nosso idioma
os e fixação de conceitos à altura dos objetivos pre- é tarefa complexa, mas muito gratificante que exi-
tendidos por esta obra. ge leitura, conhecimento e escrita.
Índice
Do século XII
ao século XVI Século XVI até
Período Anterior ao século XII a atualidade
Século XII Século XIV
ao XIV ao XVI
Latim bárbaro
(linguagem dos Separação Uniformidade da língua
Caracte- documentos, também Galego- entre o Primeiro dicionário da
rísticas chamado de latim português galego e o língua portuguesa
tabeliônico ou dos português (século XVI)
tabeliões)
A Língua Portuguesa
no Mundo de Hoje
PORTUGAL
MACAU
CABO VERDE
GUINÉ BISSAU
SÃO TOMÉ E
BRASIL PRÍNCIPE
ANGOLA TIMOR-LESTE
MOÇAMBIQUE
—1—
1 Fonética
Conceitos Num vocábulo, nem sempre há
equivalência entre o número de letras e o
FONÉTICA: é a ciência que estuda os de fonemas.
sons da fala em suas múltiplas realizações. O vocábulo falha, por exemplo, possui:
FONOLOGIA: é a ciência que estuda os — 5 letras (f-a-l-h-a)
fonemas de uma língua, ou seja, as unidades — 4 fonemas /f-a-lh-a/
que têm função distintiva num sistema lingüístico.
Nós, brasileiros, dispomos de 33 fonemas
a serem representados graficamente por ape-
Fonemas nas 23 letras.
FONEMAS = SONS DA FALA É que o nosso sistema ortográfico não é
rigorosamente fonético, mas ainda está preso
FONEMAS são os elementos sonoros mais à origem das palavras. Assim, por força da
simples das palavras. É a mínima unidade de som tradição etimológica, podemos observar, na
capaz de estabelecer diferenciação entre um vo- figuração dos fonemas portugueses, as se-
cábulo e outro: guintes particularidades:
f i t a 1. A mesma letra pode representar mais
f i l a de um fonema: eXame, Xale, próXimo, seXo.
Como se vê, a diferenciação entre as 2. O mesmo fonema pode ser figurado
duas palavras acima é marcada pelos por mais de uma letra: caSa, eXílio, coZinha
fonemas /t/ e /l/. = / z /.
3. Um fonema pode ser representado por
Fonemas e sua um grupo de duas letras (dígrafos): maCHado,
representação muLHer, uNHa, miSSa, caRRo.
4. A letra ou grafema X pode representar
FONEMA n LETRA dois fonemas ao mesmo tempo, ou seja, um
fonema dúplice /ks/, /cs/. Ex.: táXi, fiXo, tóraX,
FONEMA: unidade sonora. Para transcrever heXacampeão.
o fonema, usam-se barras oblíquas. Ex.: /s/
5. O H inicial das palavras também não
Para simbolizar a pronúncia real de um representa fonema algum. Em hora, por exem-
fonema, usa-se o ALFABETO FONÉTICO. plo, há três fonemas apenas: /ora/.
LETRA: sinal gráfico com que se represen- 6. As letras M e N, quando não seguidas
tam os fonemas. O conjunto de letras forma o al- de vogal, também não representam um fonema.
fabeto. São sinais de nasalização da vogal anterior.
Ex.: c, s, x... são letras que representam Em canta, por exemplo, há apenas 4
o fonema /s/. fonemas: /c-ã-t-a/.
—2—
⇓ ⇓
São os fonemas I e U átonos que, ~
/i/ /í/
~
/u/ /u/
unidos à vogal vizinha, formam, com ela,
uma sílaba. São assilábicos, pois a base
da sílaba é a vogal. ~
/ê/ /é/ /e/ /ô/ /ó/ /õ/
~
Os fonemas podem ser: /a/ /a/
ATENÇÃO
V + SV c DD
• Há os seguintes DITONGOS NASAIS DE-
SV + V c DC CRESCENTES:
PRONÚNCIA ESCRITA EXEMPLIFICAÇÃO
O encontro de uma vogal + uma semivogal, /ãy/ ãe, ãi mãe, cãibra
ou de uma semivogal + uma vogal recebe o
/ãw/ ão, am mão, vejam
nome de DITONGO.
/ey/ em, en vem, benzinho
Os DITONGOS podem ser:
/õy/ õe põe, sermões
a) DECRESCENTES e CRESCENTES /uy/ ui mui, muito
b) ORAIS e NASAIS
Obs.: o ü com trema é sempre SV.
—4—
5) No final de vocábulo:
Hiato — AM
— ENS Tn ou Ex.: amam = DDn
— ENS DDn enxáguam = TN
V+V
6) Com 3 letras vogais:
Dá-se o nome de HIATO ao encontro de duas feio = DD + DC
vogais. Assim, comparando-se as palavras pais
(plural de pai) e país (região), verifica-se que: c Observação:
a) na primeira, o encontro ai soa numa só
sílaba: pais. FEIO = DD + DC
b) na segunda, o a pertence a uma sílaba e
Sendo HIATO a ocorrência de duas vo-
o i a outra: pa-ís.
gais consecutivas em sílabas separadas, não
Conclui-se, portanto, que em pais há DITON- há muita propriedade em dizer-se que nas
GO; em país, ao contrário, HIATO. palavras seguintes, por exemplo, ocorre hi-
—5—
{
função das
cavidades orais
bucal e nasal
nasais
modo de
articulação { oclusivas
fricativas
constritivas
laterais vibrantes
função das
cordas vocais { surdas
homorgânicas
sonoras surdas sonoras
homorgânicas
sonoras simples
sonoras
múltiplas
sonoras
(ç)
ponto de articulação
(s) (r)
alveolares /s/ (c) /z/ /e/ /r/ /n/
(z) (rr)
(s)
(x)
palatais /x/ (ch) /j/ (g) /l/ (lh) /n/ (nh)
(j)
(c)
velares /k/ /g/ (guê)
(q)