Você está na página 1de 314

Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Indice

GERENCIAMENTO DE CRISE.................................................................................. 2
NEGOCIAÇÃO .......................................................................................................... 9
CONTROLE DE ÁREA ............................................................................................ 19
ABORDAGEM, REVISTA E ALGEMAMENTO ..................................................... 21
PATRULHAMENTO OSTENSIVO ........................................................................ 49
TÁTICAS DE PATRULHAMENTO OSTENSIVO .................................................. 69
ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIAS .................................................................. 72
OCORRÊNCIA COM EXPLOSIVO ....................................................................... 77
ESCOLTAS .......................................................................................................... 85
POSTO DE BLOQUEIO E CONTROLE DE ESTRADAS E VIAS URBANAS ....... 89
SEGURANÇA DE PONTOS SENSÍVEIS E PONTO FORTE ............................... 96
EMPREGO DE CAÇADORES ............................................................................ 104
COMBATE EM RECINTO CONFINADO ............................................................... 107
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 107
TÉCNICAS, TÁTICAS E PROCEDIMENTOS DE COMBATE EM RECINTO
CONFINADO ...................................................................................................... 109
OPERAÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO .......................................................... 115
ARROMBAMENTO EXPLOSIVO ....................................................................... 122
CONTROLE DE DISTÚRBIOS .............................................................................. 131
FORÇAS DE CHOQUE ...................................................................................... 140
TÉCNICAS NÃO LETAIS ...................................................................................... 163
AGENTES QUIMICOS ....................................................................................... 172
ARMAMENTO, MUNIÇÕES E GRANADAS NÃO LETAIS. ................................ 187
ARMAMENTO MUNIÇÃO E TIRO......................................................................... 241
ESPINGARDAS CAL.12 ..................................................................................... 241
BALÍSTICA ......................................................................................................... 248
INSTRUÇÃO GERAL DE OPERAÇÕES DE GLO ................................................ 253
EXTRATOS DE LEGISLAÇÕES ........................................................................ 253
EMPREGO DA FORÇA TERRESTRE NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI
E DA ORDEM ..................................................................................................... 280
ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR DE COMBATE (APH - COMBATE) ............ 304

1
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

CAPÍTULO I

ARTIGO I

GERENCIAMENTO DE CRISE

1. DEFINIÇÃO DE CRISE
Crise é toda e qualquer situação que envolva ameaça a vida. Numa situação de
crise, ocorre um desequilíbrio entre a razão e a emoção das pessoas envolvidas no
evento crítico e uma grave perturbação dos acontecimentos da vida social, rompendo
padrões tradicionais, de alguns ou de todos os grupos integrados na sociedade.
Alguns exemplos: incêndios, inundações, terremotos, ocupações ilegais de terras,
ocupações ilegais de instalações públicas ou privadas, manifestações, catástrofes,
acidentes, epidemias, atos terroristas, suicidas, atos marginais, pessoas emocionalmente
perturbadas tomando vítimas, rebeliões, sequestros, ocorrências com objetos suspeitos,
entre outras em que haja ameaça de vida.

2. CARACTERÍSTICAS DA CRISE
- Imprevisibilidade.
- Premência de tempo.
- Ameaça de vida.

3. GERENCIAMENTO DE CRISE
É o processo metódico de identificação, obtenção e aplicação dos recursos
necessários à antecipação, prevenção e resolução aceitável de uma crise.
O Gerenciamento de Crise não é um processo exato, nem uma panaceia com um
desfecho rápido e fácil de solução de problemas, pois cada crise apresenta características
únicas, exigindo, portanto, soluções personalizadas, que demandam uma criteriosa
análise factual.
Necessidades adotadas para o gerenciamento nas Op GLO:
- Necessidade de postura organizacional não rotineira.
- Planejamento analítico especial.
- Considerações legais especiais.
O Gerenciamento de Crise, dentro das Operações GLO, tem como objetivo
principal “Pacificar Áreas”, conceito extraído do Manual C 85 – 1, Operações de
Garantia da Lei e da Ordem.
O parágrafo 3° da Lei Complementar nº 117, de 2 de setembro de 2004, considera
que os órgãos de segurança pública descritos no Art. 144 da Constituição Federal podem
em algum momento se mostrar indisponíveis, inexistentes ou insuficientes para o
desempenho de sua missão.
A palavra “inexistente” leva a uma conclusão de que o Exército deve contar com
essa substituição direta mesmo que episódica se fazendo valer de todas técnicas, táticas
e procedimentos empregados pelo órgão de segurança pública quando empregados em
situação de crise.

3.1 Posto de Comando (PC) / Gabinete de Crise


O Gabinete de Crise nada mais é que um Posto de Comando (PC) formalmente
organizada com os assessores do Comando no seu devido escalão e com a participação
de órgãos envolvidos diretamente na resposta à crise.
2
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

A autoridade e a responsabilidade estão claramente delineadas na Ordem de


Operações (O Op) emitida pelo escalão superior. A figura do Gerente da Crise nada mais
é que o Cmt Operação (militar mais antigo presente na operação no seu devido escalão).
As frações: Grupo de Combate, Pelotão e Subunidade possuem apenas a
responsabilidade de executar as medidas iniciais diante de uma situação de crise, podem
até adequar as suas estruturas de comando para gerenciar o evento crítico até a chegada
do escalão superior, sem uma obrigatoriedade de estabelecer um PC.
As Unidades têm a responsabilidade de mobiliar PC com estrutura diferenciada
descrita nos organogramas abaixo. A partir do escalão GU, as estruturas de comando
podem ser denominadas Gabinetes de Crise devendo estar destacados próximos ao
local da crise em ligação direta com o Centro de Coordenação de Operações (CCOp),
sendo nada mais do que a estrutura de Estado Maior (EM) avançada para o
gerenciamento aproximado do evento crítico. Os assessores das U e GU devem treinar
em conjunto e participar de exercícios diversificados de gerenciamento de crise, com
constância e, em consequência, cada membro entenderá a função que desempenha e a
função dos demais assessores da estrutura de comando.
a) Proposta para organização de uma força valor Unidade para Gerenciamento
de Crises (Posto de Comando):

Gerente da Crise
(Cmt U)

Sub Gerente
(SCmt)

Assessor de Inteligência
(S/2)
Assessor Pessoal/Assessor
Jurídico
(S/1)
Assessor Logístico
(S/4)

Assessor de Operações
(S/3) Assessor de Imprensa
(RP)

Equipe de Negociação Escalão de Intervenção Escalão de Cerco e


(Assalto) Isolamento (Segurança)

b) Força de Assalto Força de Choque Eqp Obs e Base de Fogos


(Fração para CRC) (Fração para CD) (Observadores ou Tu Caçador). 3
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

c)
b) Proposta para organização de uma força valor Grande Unidade para
Gerenciamento de Crises (Gabinete de Crise):

Gerente da Crise
(Cmt GU)

Sub Gerente
(Ch EM GU)

Assessor de Pessoal Assessor de


(E1) Inteligência
(E2/GOI)

Assessor de Assessor Logístico


Operações (E3) (E4)

Assessor de Assessor Jurídico


Imprensa
(E5)

Escalão de Cerco Equipe de Escalão de


e Isolamento Negociação Intervenção Apoio Reserva
(Segurança) (Assalto)

Eqp Obs e Base Força de Choque Força de Assalto Força de Eqp Busca e
de Fogos (Frações para (Frações para Reação Acolhimento
(Observadores ou Controle de CRC)
Tu Caçadores) Distúrbios)

c) Quadro Geral de Funções dos assessores do PC / Gabinete de Crise:


Função Atribuições
Militar mais antigo presente na ocorrência. Compete a ele a condução do
gerenciamento. Realiza o Exame de Situação da Ocorrência e Comanda as
Gerente da
alternativas táticas. Compete ao mesmo a tomada de decisão em função do
Crise
quadro de acompanhamento da ocorrência (QAO). É responsável pela emissão
da Ordem Fragmentária referente ao Gerenciamento de Crise visando nortear
4
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

o planejamento dos devidos escalões.


Responsável pelo controle de pessoal a ser empregado na Operação de
Assessor de
Gerenciamento. É o Chefe da 1ª Seção (S1, E1, etc) e gerencia os efetivos
Pessoal
empregados na operação.
Responsável em levantar informações inerentes ao local da crise, causadores,
Assessor de vítimas, reféns e, pelo preenchimento do Plano de Inteligência. É o Chefe da 2ª
Inteligência Seção (S2, E2, etc) e poderá ter contato (SFC) com as Companhias/Grupo de
Inteligência.
Realiza o planejamento, esquema de manobra e atualiza o QAO, tomando por
base, informações obtidas através das alternativas táticas e do Plano de
Assessor de Inteligência. É o Chefe da 3ª Seção (S3, E3, etc). É o militar responsável em
Operações consolidar o Exame de Situação e confeccionar a Ordem Fragmentária referente
ao emprego do Gerenciamento de Crise devendo despachá-la junto ao Gerente da
Crise.
Responsável em prover os recursos materiais para operacionalizar o PC/Gabinete
de Crise. Apóia os escalões envolvidos na operação com suprimentos
Assessor
necessários. É o Chefe da 4ª Seção da fração empregada (S4, E4, etc) e
Logístico
responsável pelo preenchimento do Plano de Apoio Logístico, além de
coordenar as tropas de apoio.
Responsável pela ligação entre o Gabinete de Crise e a imprensa (Relações
Assessor de
Públicas, E5, etc). É responsável pelo preenchimento do Plano de Assessoria de
Imprensa
Imprensa.
Responsável em assessorar o Gerente de Crise nos aspectos jurídicos da
Assessor
Operação (Assessor Jurídico da Bda, S1, E1, etc). É responsável pelo
Jurídico
preenchimento do Acompanhamento Jurídico da Ocorrência.
Assessora o Gerente da Crise no quadro tático da operação para o emprego do
Cmt uso da força (Cmt Pel, Cmt SU, Cmt OM, etc). Responsável pelo comando das
Escalão de Forças de Choque, Forças de Assalto, Forças de Reação, Equipe de Obs e Base
Intervenção Fogos e Equipe de Busca e Acolhimento. É o militar responsável em confeccionar
(Assalto) o Plano de Intervenção tomando por base a Ordem Fragmentária emitida pelo
Gerente da Crise.
Cmt
Comanda as tropas de cerco ao ponto crítico e o isolamento da área de crise.
Escalão de
Realiza Patrulhamento Ostensivo (SFC) e controle das principais vias de acesso.
Cerco e
É o militar responsável por confeccionar o Plano de Cerco e Isolamento tomando
Isolamento
por base a Ordem Fragmentária emitida pelo Gerente da Crise.
(Segurança)
Ch Equipe
Responsável pela equipe de negociação e pelo preenchimento do Plano de
de
Negociação e do Registro da evolução dos acontecimentos (REA).
Negociação
Todos os elementos de apoio a Operação (Polícia Federal, Polícia Militar,
Polícia Civil, Bombeiros, Resgate, Cia energia elétrica, Cia telefônica, Ministério
Apoios Público, etc). Outras tropas em apoio também podem ser consideradas: tropa
hipo, seção de cães de guerra, seção de carros de combate, etc. Deverão estar
em contato com o Assessor Logístico da operação.
Tropa em reserva em condições de ser empregada em contato com a ação
principal. Constituída de forças com características semelhantes ao Escalão de
Reserva
Intervenção e em condições de reforçar posições de cerco, isolamento e reforçar a
Força de Reação.

5
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

3.2 Fases do Gerenciamento de uma Crise


a. Eclosão da crise
É de suma importância que a fração ao se deparar com uma situação de crise,
informe de imediato ao escalão superior para que sejam tomadas as medidas cabíveis e
devidos acionamentos.

b. Adotar as medidas iniciais


A partir do momento em que ocorra a eclosão de uma crise, principia-se o
processo de gerenciamento. Medidas de caráter imediato deverão ser adotadas logo nos
primeiros instantes, a fim de favorecer o posterior controle e a própria condução do
evento:
A fração que identificar a situação como crise deverá:
- cercar o ponto crítico (perímetro interno);
- isolar a crise (perímetro externo); e
- negociar (verbalizar sem estabelecer promessas).

Obs.: Caso a crise seja uma manifestação, uma reintegração de posse ou uma
catrástrofe, devem ser previsto(s) via(s) de fuga.

c. Verificar e avaliar constantemente os critérios de ação para tomada de


decisão:
Para orientar o processo decisório durante o gerenciamento de uma crise são
estabelecidos os critérios de ação.
Critérios de Ação são os referenciais que servem para nortear o tomador de
decisão (Comandante), em qualquer evento crítico, quais sejam: a necessidade, a
validade do risco e a aceitabilidade.
(1) A necessidade indica que toda e qualquer ação somente deve ser
implementada quando for indispensável. Se não houver necessidade de se tomar
determinada decisão, não se justifica a sua adoção.
6
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

(2) A validade do risco preconiza que toda e qualquer ação tem que levar
em conta se os riscos dela advindos são compensados pelos resultados.
(3) A aceitabilidade implica em que toda a ação deve ter respaldo legal,
moral e ético.
- A aceitabilidade legal significa que o ato deve estar amparado pela lei.
- A aceitabilidade moral indica que não devem ser tomadas decisões ou
praticadas ações que estejam ao desamparo da moralidade e dos bons costumes.
- A aceitabilidade ética diz respeito ao responsável pelo gerenciamento da
crise tomar decisões ou exigir de seus subordinados a prática de ações que não causem
constrangimento interno na Instituição. Um exemplo disso é a troca de reféns por
militares.

d. Reunião de Coordenação
O Gerente deve acompanhar constantemente a evolução dos acontecimentos
devendo ser o militar mais antigo no seu devido escalão, podendo ser apoiado por
elementos de outros órgãos ou instituições (SFC).

e. Chegada do escalão superior


O militar mais antigo deve assumir a função de Gerente da Crise e verificar o
esquema de manobra estabelecido para a ocorrência.

f. Melhorias do cerco e do isolamento:


- Reforçar a fração de cerco e isolamento.
- Utilizar cones, barreiras, sinalizadores, fitas de interditado, cavaletes, etc.
- Utilizar equipamentos para isolamento. Ex: bloqueador de celular.
- Estabelecer local específico para imprensa.
- Estabelecer local para apoio à operação (zona tampão).
- Estabelecer local PC Tático/Gabinete.
- Não permitir que a ameaça se espalhe.
- Manter os mentores da crise sobre pressão através da movimentação
controlada das tropas de cerco e isolamento.
- Dependendo do local, manter o fluxo do trânsito.

g. Contato da Equipe de Negociação com o primeiro interventor.


A equipe de negociação, antes de entrar em contato com o causador da crise,
deve realizar um contato com a tropa que realizou a primeira intervenção a fim de levantar
informações que ajudarão na condução da negociação.

h. Estabelecer rede rádio para todas as frações envolvidas.


Todas as alternativas táticas deverão estar em contato com o Gabinete de
Crise, independentemente das redes internas de cada fração, tendo em vista, a
necessidade do Gerente da Crise ter que tomar uma decisão e obter uma pronta resposta
rápida.

i. Posicionamento imediato da Tropa de Intervenção


Tão logo chegue a Tropa de Intervenção, a mesma deve ser posicionada,
levando-se em conta, seu emprego emergencial, como uso da alternativa tática: “Uso da
Força”.

j. Posicionamento de Observadores ou Tu Caçadores nos pontos de


7
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

comandamento
O posicionamento de Observadores ou Tu Caçadores visa o uso da alternativa
tática tiro de comprometimento.
É intereressante diferenciar o emprego sendo ele em prol da progressão da
tropa para uma missão específica e em apoio a progressão da fração com medidas e
regras de engajamento especificas para seu emprego e o emprego em prol do
Gerenciamento de Crise onde o tiro será executado Mdt O a comando do Gerente da
Crise.
Os Observadores ou Tu Caçadores servem também como fonte de informação
pois possuem condições de monitorar a ocorrência a distância e em segurança.

k. Coletar informações jurídicas da ocorrência.


Tão logo chegue a equipe de assessoria jurídica ao local da crise, deverão ser
relacionados todos os delitos já cometidos pelos causadores (cárcere privado, invasão de
propriedade, lesão corporal, etc) para que seja preenchido o Acompanhamento Jurídico
da Ocorrência e levado até o Gerente da crise.

l. Lançamento da Equipe de Inteligência.


Os trabalhos de inteligência devem ser realizados durante todas as fases do
Gerenciamento e devem ser realizados por pessoal especializado (militares de 2ª Seção,
Grupos e Companhia de inteligência). Deve haver, também, contato com os demais
órgãos de inteligência das Forças de Segurança pública a fim de levantar dados e
informações dos causadores, vítimas e reféns.

m. Alimentação do Sistema de Gerenciamento.


Todas as frações empregadas devem remeter seus respectivos planos (tático,
negociação, etc) ao gabinete de crise para que o Gerente, juntamente com seus
assessores, possam realizar o Exame de Situação continuado e empregar, da melhor
maneira, as alternativas táticas.

3.3 Soluções para Situações de Crise


Para solucionar uma situação de crise, onde o objetivo é diminuir os riscos de
vida para todas as partes envolvidas, em prioridade os inocentes, militares e os
causadores da crise, devem-se seguir, ordenadamente, as seguintes alternativas
táticas, respeitando os critérios de ação citados anteriormente:
1) negociação real ou tática (80%);
2) tecnologia não-letal (15%);
3) emprego do tiro de comprometimento (Tu Caçadores/Observadores); e
4) uso da força (tropas de intervenção: Companhia / Pelotão de Controle de
Distúrbio e/ou Companhia / Pelotão para CRC) (5%).

8
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO II

NEGOCIAÇÃO

1. DEFINIÇÃO
É o processo que consiste em conduzir o(s) causado(res) da crise à calma,
estabelecendo uma relação de confiança entre ele(s) e o negociador, de forma a
convencer o(s) causado(res) da crise de que a melhor alternativa é optarem pela solução
pacífica do evento garantida a vida e a integridade física de todos os envolvidos
diretamente.
A negociação no gerenciamento de crises é quase tudo. É a opção prioritária, não
é gratuita nem aleatória nem tão pouco decorrente de improviso ela é o resultado de um
longo processo de amadurecimento, obtido através do estudo e da análise de milhares de
casos ocorridos nos últimos anos em todo o mundo, que dão suporte estatístico à
comprovada eficiência desse tipo de solução comparada, por exemplo, como uso de força
letal.

2. PRINCÍPIOS BÁSICOS
Podemos relacionar os princípios básicos da negociação como sendo os seguintes:
- O negociador não tem poder de decisão é apenas um mediador.
- A equipe deve sempre trabalhar em conjunto.
- Ganhar tempo.
- A confiança é inversamente proporcional à segurança do individual e do grupo.

3. OBJETIVOS DA NEGOCIAÇÃO
Principais objetivos da negociação:
- Ganhar tempo.
- Abrandar as exigências.
- Colher e/ou buscar informações para Tropa de Intervenção
- Facilitar a penetração clandestina
- Prover um suporte Técnico e Tático;
- Diminuir a tensão no ambiente (solução pacífica).
- Preservar vidas.
- Garantir a aplicação da Lei.
- Convencer os causadores a se renderem.
- Dissuadir o meliante de seus intentos, através da: negociação real e da
negociação tática.

4. TIPOS DE NEGOCIAÇÃO
A negociação pode ser real ou tática
4.1 Negociação real
É o processo de convencimento de rendição dos causadores da crise por meios
pacíficos, trabalhando com emprego de técnicas de psicologia, barganha ou atendimento
de reivindicações razoáveis, realizada por elemento especializado em negociação.

4.2 Negociação tática


É o processo de coleta e análise de informações para avaliar a necessidade de
acionamento das demais alternativas táticas (Tecnologia Não-Letal, Emprego de
9
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Observador/ Tu de Caçadores e de Tropa de Intervenção) para solução da crise, ou


mesmo para preparar o ambiente, reféns e causadores da crise para o emprego das
mesmas. Nesta análise, deverão ser empregados recursos eletrônicos e tecnológicos
diversos, bem como elementos especializados em interpretação de reações psicológicas
e técnicas de negociação.

5. NEGOCIADOR
O negociador atuará no curso do gerenciamento de crise de três maneiras:
1) através da coleta de informações, durante as negociações;
2) através da utilização de técnicas de negociação que otimizem a efetividade
do risco de uma ação com uso da força; e
3) pelo uso de técnicas de negociação específicas, como parte de uma ação
coordenada.

5.1. CARACTERÍSTICAS DO NEGOCIADOR


O negociador de crises deve apresentar as seguintes características em seu
perfil:
- Maturidade emocional.
- Deve manter a serenidade independente de outros.
- Deve ser o tipo de pessoa que se torna de fácil confiança.
- Habilidade para convencer outros que seu ponto de vista é aceitável e racional.
- Capacidade de planejamento e preparação.
- Conhecimento do tema / assunto que está negociando.
- Capacidade de raciocinar clara e rapidamente sob pressão e incertezas.
- Capacidade para expressar idéias verbalmente.
- Deve ter facilidade para se comunicar com pessoas de diversas classes.
- Habilidade para manipular situações de incerteza e aceitar responsabilidade
sem ter poder de decisão.
- Deve concordar com a doutrina de negociação.
- Deve ter paciência, espírito de equipe, disciplina, autocontrole e perspicácia.
- Habilidade para escutar.
- Capacidade de julgamento e inteligência geral.
- Integridade.
- Capacidade de persuasão / convencimento.

6. CONSTITUIÇÃO, SELEÇÃO E PROCESSO DE FORMAÇÃO DA EQUIPE


A Equipe de Negociação apresenta a seguinte constituição:
1) Negociador Principal ou Primeiro Negociador;
2) Negociador Secundário ou Segundo Negociador;
3) Chefe da Equipe de Negociação;
4) Elemento de ligação ou Mensageiro;
5) Consultor; e
6) no mínimo 01 (um) escudeiro destacado para segurança.

6.1 Missões de cada membro da equipe:


Negociador Principal
- Fala com o causador da Crise.
- Conduz o processo de Negociação.
- Adquire informações.
10
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Representa o único elo entre o causador da crise e o exterior da ocorrência.


- Faz uso de todas as técnicas e táticas para dissuadir o causador da crise de
seu intento.
Negociador Secundário
- Escuta as negociações.
- Grava todo o processo de negociação.
- Anota dados da negociação no REA.
- Mantém os registros comportamentais.
- Sugere pontos de abordagem de conversação para o Negociador Principal.
- Proporciona apoio moral ao Negociador Principal.
- Substituto eventual do Negociador Principal.

Chefe da Equipe de Negociação


- Organiza e distribui o efetivo.
- Supervisiona, coordena e controla o trabalho dos membros da Equipe de
Negociação
- Realiza a troca do Negociador Principal se necessário.
- Realiza contatos necessários com o Gabinete de Crise para passagem de
informações.
- Mantém os registros do Gabinete de Crise atualizados.
- Assegura que os itens negociados sejam cumpridos.
- Fazer com que as negociações sejam dirigidas dentro das estratégias
definidas pelo comando da operação, desde que não contrariem a doutrina.
- Assisti o depoimento das testemunhas.

Mensageiro
- Anota e investiga informações oportunas em contato com Equipe de
Inteligência do Gabinete de Crise;
- Gerencia os recursos materiais para fotografar e filmar a ocorrência;
- Responsável pelos meios de Com entre o Negociador Principal e o Causador
da Crise, e entre a Equipe e o Gabinete de Crise;
- É o mensageiro da Equipe de Negociação;
- É o responsável pela logística da Equipe;
- Assegura que o acesso ao local da negociação seja rigorosamente
controlado.

Consultor
- Avalia constantemente o estado mental do Causador da Crise e do
Negociador Principal.
- Permanece ao largo do processo para manter a objetividade.
- Recomenda técnicas de negociação ou abordagens adequadas a cada caso.

Escudeiro(s)
- Proteger a Equipe de Negociação.

O processo de seleção é realizado tendo como base as características que se


esperam de um Negociador. Cada membro da Equipe deve passar por uma avaliação
psicológica e psiquiátrica.

7. REGRAS DE NEGOCIAÇÃO
11
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Regras básicas:
- Estabilize e contenha a situação
- Escolha a ocasião correta para fazer contato.
- Procure ganhar tempo
- O Cmt da Op não deve ser o negociador
- O Negociador não pode servir como quem detém o poder de decisão (não
prometa nada, diga sempre: anotei tudo e levarei as autoridades).
- Nunca pergunte o que o causador da crise quer.
- Não pergunte o tempo que ele quer para que seja providenciado seu pedido.
- As exigências mais fáceis devem ser atendidas (necessidades básicas).
- O prazo não deve trazer pânico ao negociador.
- Nunca lembre que outro sequestrador tenha morrido.
- Sempre argumente: vamos ver o que se pode fazer; vamos tentar o melhor
possível.
- Nunca provocar ou ameaçar no início da ocorrência.
- Nunca enfatizar a palavra refém (chame pelo nome).
- Sugerir a liberação de crianças, mulheres, idosa e doente.
- Se solicitar médico não fornecer.
- Não fale com a arma apontada para você, exija que abaixe (use após
estabelecer a confiabilidade).
- Elabore perguntas que exijam respostas além do SIM ou NÃO.
- Use linguagem acessível.
- Assegure que não importa os atos anteriores praticados pelo causador da crise,
o que importa é o futuro.
- Deixe o causador da crise falar. É mais importante ser um bom ouvinte que um
bom conversador.
- Seja tão honesto quanto possível, evite truques.
- Nunca diga não, diga que entendeu, anotou e irá repassar.
- Não envolva não-militares na negociação.
- Não permita troca de reféns.
- Ouça de forma interativa.
- Evite dirigir atenção para a vítima.
- Tenha sempre uma rota de fuga.
- Nunca dê as costas para o Causador da Crise.
- Evite movimentos bruscos.
- Evite o uso de palavras que causem irritação e nunca diga "não"
- Procure evitar a linguagem negativa.
- Quando precisar atacar, ataque forte e sem avisar.
- Não aceitar provocações.
- Deixar a outra parte ganhar também.
- Evitar conceder prematuramente.
- Não fazer concessão sem obter outra em contrapartida.
- Nunca fazer concessão pressionado pelo tempo. A não ser que tenha um bom
motivo.
- Buscar sempre reduzir o stress e a tensão do momento.
- Deixar sempre uma opção de “saída honrosa” para a outra parte;
- Conhecer as técnicas de entrevista.
- Não fazer promessas que não possa cumprir.
- Não ofereça nada ao causador da crise
- Não deixe de escutar qualquer exigência, por menor que seja.
12
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Procure abrandar as exigências.


- Nunca estabeleça um prazo final e não procure não aceitar um.
- Evite negociar cara a cara (SFC).

8. TÉCNICAS DE NEGOCIAÇÃO
a. Considerações iniciais
Tipologia dos causadores de crise:
- Criminoso profissional.
- Emocionalmente perturbado.
- Terrorista por motivação política
- Terrorista por motivação religiosa.

b. Antes de chegar a ocorrência


Dentre os itens mais importantes a serem observados antes do atendimento da
ocorrência, podemos citar:
- Não ligue giroflex, sirenes ou similares.
- Oriente o motorista de Vtr para que dirija com velocidade normal e com
segurança.
- Peça o Exame de Situação antes de estabelecer contato com a ocorrência.
- A todo instante tente acalmar seus superiores.

c. Ao chegar a ocorrência
A equipe de negociação, na figura do Chefe, antes de abordar a ocorrência,
deverá:
1. Verificar o cerco e isolamento e como foram as negociações iniciais (CIN).
2. Propor melhorias para o CIN (SFC) ao Gerente da Crise.

d. Estudo de situação dos APOP (causadores da crise)


São esses os itens a serem levantados sobre a ocorrência:
- Dispositivo
- Composição
- Valor
- Atividades importantes recentes e atuais
- Peculiaridades e deficiências

9. PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO
a. Definição da forma de comunicação.
Podemos considerar as seguintes formas de comunicação:
1) Sem a utilização de instrumentos:
- face a face
2) Com a utilização de instrumentos:
- por megafone ou outro aparelho sonoro.
- através de bilhetes.
- através de telefone.

b. Contato com o ponto crítico.


Os primeiros 40 min de uma situação de crise são os mais tensos,
principalmente, para o causador da crise. Dessa forma, o Chefe da Equipe de Negociação
deverá definir o momento exato de engajar o Negociador Principal na ocorrência,
informando, de imediato, ao Gerente da Crise que dará ciência as outras equipes.
13
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

1) Situação de não resposta.


Itens a serem considerados quando não se obtém resposta no contato inicial:
- talvez o causador não pode ouvi-lo (surdo ou dialeto diferente);
- problema físico ou mental:
- com tendência suicida, ou seja, não gosta de conversar;
- pode estar evitando ser preso, está tomado pelo medo;
- pode ter se evadido do local;
- pode estar morto;
- pode estar dormindo; e
- houve a denúncia e a ocorrência nem existia.

2) Apresentação do Negociador Principal.


- Meu nome é..................(não citar patente, posto ou graduação ou título). Eu
sou do ..................Batalhão................, sou negociador trabalho nessa área à ........... anos.
Eu estou aqui para ajudá-lo.

3) Considerações sobre a comunicação


- Dê apoio emocional ao causador da crise quando o mesmo for racional. Ex:
“Eu entendo..., eu compreendo...”.
- Quando não entender, pergunte a ele ou peça para que explique.
- Diminua a gravidade da situação.
- Seja você mesmo e não um ator.
- Escolha suas palavras e seu tom de voz, pois, parte de seu trabalho é reduzir
o stress dele.
- Adapte sua conversação, educação, vocabulário, às condições do causador;
- Fale calmamente e bem devagar.
- Faça perguntas que não requeiram apenas um sim ou não, de forma que ele
tenha que pensar e explicar muitas das vezes.
- Evite o máximo dizer “não”, pois gera expectativas e criatividades.
- Evite estar distraído.
- Esteja atento ao barulho que estiver perto de você e minimize, pois atrapalha.
- Utilize o máximo de honestidade e credibilidade. Evite mentir.

4) Busca de Informações
O negociador é um dos elementos mais importantes na busca de informações
da ocorrência, devido o contato direto estabelecido com o causador da crise.
O negociador pode auxiliar o Gerente da Crise de duas formas:
- Inteligência de levantamento.
- Preparação das demais alternativas táticas.
5) Registro das exigências
A primeira coisa que o causador da crise vai dizer é : “Eu quero”. Assim sendo,
leve em consideração os seguintes itens:
- Seja flexível ao negociar exigências.
- Quando o causador fizer exigências, esteja preparado para oferecer
alternativas sem contrariar a doutrina.
- Não pergunte quais as exigências.
- Repita a pergunta dele de vez em quando suavizando.
- Sempre visualize o que poderá obter em troca. É o aspecto da barganha,
onde o negociador atribui um preço aos reféns, mas cobra, no momento certo, e de forma
suave dependendo do momento da negociação.
14
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Não aumente a expectativa do causador, entregando mais do que ele pediu.


- Não lembre daquilo que você não forneceu. Caso o causador tenha
esquecido, melhor.
- O comando sempre tem que autorizar os acordos feitos, desta forma, o
negociador sempre será o intermediário.

6) Verificação dos prazos.


- Cinco minutos antes do prazo esgotar, entrar em contato com o causador e
conversar de assuntos já tratados.
- Evite conversar sobre prazos.
- Utilizar a desculpa da crise e do caos.
- As exigências e os prazos devem estar visíveis no PC / Gabinete de Crise.
- As ações positivas e negativas da negociação devem ser registradas.

7) Itens negociáveis / não negociáveis


- Necessidades básicas – Sim
- Itens que potencializam a crise (armas, munições, combustíveis, bebidas
alcoólicas, drogas) – Não
Identificação das necessidades
O ser humano apresenta dois tipos de necessidades:
Necessidades Instrumentárias: São aquelas faladas. Ex: Eu preciso de
comida.
Necessidades Expressivas (previsíveis): Não são faladas. Nós todos
precisamos. Ex: necessidade de ser aceito, valor próprio, auto-estima, afeição, etc.

8) Estabelecimento da Síndrome de Estocolmo


É perceptível os sinais da Síndrome de Estocolmo:
(a)Por parte dos tomadores:
- quando param de ameaçar ou agredir os reféns;
- quando começam a pedir coisas para os reféns; e
- passam a se preocupar com a saúde dos reféns.
(b) Por parte dos reféns:
- quando passam a atender os telefonemas;
- passam a ter sentimentos aversivos às forças legais;
- começam a insistir para atender os pedidos do causador da crise; e
- pedem a libertação do causador da crise e pela vida do mesmo.

9) Estabelecimento da Síndrome de Londres


Também conhecida como “Síndrome da fadiga crônica”.
Seguindo os conselhos de Maquiavel “...dividir para conquistar...”, o
estabelecimento da Síndrome de Londres pode ser um facilitador da criação de um
ambiente propício para uma ação eficaz de um bom negociador.
Foi registrada pela primeira vez durante uma longa rebelião em um presídio na
Inglaterra, mais exatamente em Londres.
A liderança, inicialmente forte e decidida, foi se enfraquecendo à medida em
que o cansaço e as tensões foram aumentando, propiciando um ambiente de
insatisfações e facilitando o surgimento de dissidências dentro do grupo de criminosos.
O negociador, por sua vez, alimentou essa situação jogando com o principal
líder e seu principal opositor, procurando contribuir e apoiar a facção mais ponderada.
Ao fim, os presidiários acabaram por se render às autoridades.
15
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

10) Técnicas de Escuta Ativa


Aprender a ser um bom ouvinte é mais difícil do que aprender a fazer boas
perguntas. Ouvir é essencial, mas como parece passivo, é frequentemente subestimado.

11) Parada nas Negociações


As paradas nas negociações são importantes para:
- Rever tudo o que viu e discutiu até aquele momento.
- Para pensar e registrar que perguntas serão feitas.
- Pensar em possíveis alternativas.
- Desenvolver frases persuasivas.
- Rever táticas.
- Estudar concessões.
- Determinar como reagiria a nova exigência;.
- Aproveitar para consultar especialistas como: psicólogos, médicos, Cmt,
etc.
- Rever as leis e procedimentos. Consultar um advogado (Assessor
Jurídico).
- Analisar as exigências e os prazos.
- Descanso.
12) Ganhar Tempo
É a principal tática utilizada na negociação dependendo da ocorrência.
(a) Vantagens ao ganhar tempo:
- Aumenta o cansaço dos causadores da crise.
- Aumento das necessidades básicas do ser humano (comida, água,
dentre outros).
- Reduz o stress e ansiedade (inicia com tom de voz alto e vai reduzindo).
- Aumenta a racionalidade.
- Aumenta a possibilidade dos reféns escaparem devido o cansaço dos
causadores da crise.
- Permite melhores decisões devido as informações que chegam.
- Permite se estabelecer um elo de confiança entre causador da crise e
negociador.
- Reduz expectativas do causador da crise.
- Permite a identificação das emoções e dos problemas do causador da
crise.
(b) Desvantagens ao ganhar tempo
- Exaustão (todos os militares envolvidos).
- Impaciência.
- Injúrias.
- Pressão por parte dos superiores.
- Custo da Operação.
- Quantidade de militares envolvidos.
- Reclamação da comunidade pelos transtornos.
- Pressão da mídia.

13) Algumas técnicas para ganhar tempo


- Discutir tudo em detalhes. Quanto mais ele fala, mais ele pensa e cansa.
- Caso ele seja emocional, deixe-o desabafar, isto diminui o stress.
- Repita o que ele acaba de falar. Não seja muito específico.
16
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Seja compreensivo. Ouça bem com cautelas.

14) Progressos na Negociação


São estes os progressos alcançados pela condução de uma boa negociação:
- Houve mudança da linguagem de ameaçadora para mais tranqüila.
- Se o causador da crise passa a revelar emoções pessoais.
- A linguagem passa de emocional para racional.
- Boa vontade em discutir tópicos fora do incidente.
- O tom de voz diminui com uma fala mais vagarosa.
- O causador inicia a conversa e não mais você.
- Reduziu os atos agressivos. Ex: Atirar objetos.
- Libertações de boa fé (iniciativa própria), sem barganha.
- Passou os prazos sem conseqüências.
- Segue as sugestões do negociador.

10. SOLUÇÃO DA CRISE


Toda e qualquer situação de crise terá sua solução, de acordo com a doutrina, por
intermédio de dois tipos de negociação: Real e Tática.

11. EFEITOS NOS NEGOCIADORES


Principais efeitos causados no negociador no decorrer da ocorrência:
- Identificação com o causador da crise ou com a vítima.
- Sentirá que irá perder a objetividade.
- Medo de falhar e de receber críticas dos superiores.
- Ansiedades físicas e psicológicas.
- Sentimento de solidão.
- Exaustão durante e depois.
- Passa a exceder sua própria autoridade não consultando mais o comando.
Durante uma situação de crise temos várias mudanças físicas e desordens que
podem atingir o organismo dos reféns, causadores da crise e negociadores.

12. GERENTE COMO NEGOCIADOR


Não é recomendado, pois:
- Por estar afastado muito tempo das atividades operacionais e muitas das vezes
desconhece a doutrina de Gerenciamento de Crise.
- Pensará em resolver tudo rapidamente.
- Todas as equipes irão procurá-lo para resolver problemas, dessa forma, como
negociar e gerenciar ao mesmo tempo?
- Por ter autoridade demais, caso o causador da crise descubra, o mesmo
passará a sentir-se poderoso.
- Como Cmt terá dificuldade em manter um trato cordial.
- O Cmt emiti ordens e não está acostumado a receber.

13. ERROS DA EQUIPE DE NEGOCIADORES NO PROCESSO DE NEGOCIAÇÃO


Dentre os principais erros cometidos podemos citar:
- informações de inteligência inadequadas;
- permitir que alguma pessoa assuma a negociação;
- Chefe da equipe de negociação se ausentando, a todo momento, do local de
reunião da equipe;
17
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Equipe de Negociação não realiza o Exame de Situação ao chegar na


ocorrência;
- a equipe não preenche a documentação necessária (REA) para alimentar o
Gerente da Crise;
- falta de Comunicação entre a tropa de intervenção e os negociadores;
- falta de confiança existente entre a tropa de intervenção e a Equipe de
Negociação, devido à falta de compreensão das missões de cada um;
- permitir que um psicólogo se torne o negociador principal;
- falta de segurança da Equipe de negociadores;
- permissão de intrusos;
- quando da substituição da equipe de negociação, a equipe que está saindo
não faz o briffing correto, prejudicando a continuidade adequada das negociações;
- recusa do negociador principal em ser substituído.

14. USO DE NEGOCIADOR QUE NÃO SÃO AGENTES DA LEI (MILITARES)


A utilização de familiares, advogados, padres, pastores, repórteres, médicos,
psicólogos, etc, para a negociação, não é recomendado, pois nenhum destes irá se
concentrar no problema real e por não serem negociadores treinados a maioria não
está acostumado a falar com pessoas violentas, principalmente em situações de
crises, além de não possuírem nenhum comprometimento com a Força.

18
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

CAPÍTULO II

ARTIGO I

CONTROLE DE ÁREA

1. GENERALIDADES

O Controle de Área define-se por atividades móveis ou estáticas de observação,


fiscalização, proteção e identificação, com a finalidade de inibir a ação dos APOP.
Os elementos que realizam o Controle de Área deverão receber treinamento
específico relacionado às técnicas, táticas e procedimentos de:
- Progressão;
- Identificação;
- Abordagem, revista, algemamento e condução de detidos;
- Atendimento de ocorrência;
- Escolta;
- Posto de bloqueio e controle de estradas (PBCE) e vias urbanas (PBCVU);
- Posto de segurança estático (PSE) e ponto forte.
Isto se deve ao fato de que a atividade de Controle de Área pode rapidamente se
transformar em uma Operação de Controle de Distúrbio, ou um Gerenciamento de Crise,
ou uma Ação Tática, por estar em contato direto com a população de uma área. Por esta
razão, os militares devem ter um conhecimento mínimo das diversas Operações de GLO,
para manter a situação sob controle até a chegada de uma tropa especializada, e
equipada especificamente, para determinado tipo de operação.

2. CLASSIFICAÇÃO DE ÁREAS

O nível de influência da ameaça sobre uma determinada área é definido pela


conjugação de fatores, relacionados ao oponente, a seguir discriminados:
a) possibilidade de atuação – fruto de suas capacidades inerentes e das
agregadas pelo apoio recebido da população, de outros atores da região e/ou de
apoio externo patrocinado;
b) existência de atrativos operacionais – aspectos do terreno (físico e humano),
infraestrutura, população e/ou das forças amigas que possam motivar a execução de
operações na referida área; e
c) liberdade de ação – capacidade variável de agir sem restrições de ordem:
operativa (interferência das nossas forças, alcance operativo, etc); legal (no caso de
forças regulares); e/ ou moral (política, religiosa, cultural, dentre outras).

19
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

A identificação das
áreas verdes, amarelas e
vermelhas é de suma
importância para o
planejamento das operações
militares terrestres
contemporâneas,
considerando,
particularmente, a
característica da não
linearidade. Isso permitirá a
orientação das operações no
espaço, a divisão da A Rspnl
e o direcionamento do foco
das ações para a ameaça,
caso a situação assim o
imponha. Esta categorização
permite a utilização das
áreas, por exemplo, de
acordo com o que se segue:

Áreas Verdes - Baixa possibilidade de ações de APOP, deve-se realizar ações


visando o efeito presença e prevenção de atos ilícitos. Nesta área, a influência das
organizações criminosas é pequena, e a tropa deve atuar de forma preventiva, realizando
ações que visem o apoio à população.
Áreas Amarelas - É uma área de transição entre uma área verde e uma área
vermelha, o nível de atenção da tropa deve ser mantido elevado. São realizadas ações
que visem reduzir a influência de APOP na área, como, por exemplo: ações para obter o
apoio da população, estabelecer Ponto Forte e PBCVU. É onde deve-se priorizar o
emprego de meios.
Áreas Vermelhas - O contato com o APOP é iminente e a qualquer momento a
tropa pode se ver sob fogos. Nela devem ser realizadas ações pontuais, com objetivos
definidos e de curta duração, visando expor a tropa o mínimo de tempo possível à ação
dos APOP, por se tratar de área com nível máximo de influencia dos mesmos.

20
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO II

ABORDAGEM, REVISTA E ALGEMAMENTO

1. FUNDAMENTOS BÁSICOS

a. Preparação Mental:
Cada intervenção da tropa é única e singular ; O militar deve ser versátil, capaz de
adaptar-se. Preparação Mental é o processo de pré-visualizar e ensaiar mentalmente os
prováveis problemas a serem encontrados em cada tipo de intervenção e as
possibilidades de respostas.
A falta do preparo mental do militar durante uma intervenção prejudicará o seu
desempenho, levando a um aumento de seu tempo de resposta à agressão e, assim, o
uso de força poderá ser inadequado (excessivo ou aquém do necessário para contê-la).
Num cenário mais grave, o militar pode ser levado a uma paralisia ou bloqueio na sua
capacidade de reagir, comprometendo, consequentemente, a segurança e os resultados
da reação da tropa.

b. Estados de Prontidão:

Os estados de prontidão são definidos por um conjunto de alterações fisiológicas


(frequência cardíaca, ritmo respiratório, dentre outros) e das funções mentais
(concentração, atenção, pensamento, percepção, emotividade) que influenciam na
capacidade de reagir às situações de perigo. É importante destacar que os estados de
prontidão dependem de fatores subjetivos, tais como experiências anteriores, domínio
técnico e relacionamento com as frações de patrulhamento, que influenciam no modo
como cada militar percebe e responde a um mesmo estímulo.

c. Código de Cores:
Branco(relaxado): É caracterizado pela distração em relação ao que está
acontecendo ao redor, pelo pensamento disperso e relaxamento do militar. Pode ser
ocasionado por crença na ausência de perigo o mesmo por cansaço.
Amarelo(atenção): Neste estado, o militar está atento, precavido, mas não está
tenso. Apresenta calma, porém, mantém constante vigilância das pessoas, dos lugares,
das coisas e ações ao seu redor por meio de uma observação multidirecional e atenção
difusa (em 360º).
Laranja(alerta): Ocorre quando o militar detecta um problema e está ciente de que
um confronto é provável. Embora ainda não haja necessidade imediata de reação, o
militar se mantém vigilante, identifica se há alguém que possa representar uma ameaça
que exija uso de força e calcula o nível de resposta adequado. Diminui os riscos de ser
surpreendido, propiciando a adoção de ações de resposta conforme a situação exigir.
Deve-se avaliar se é necessário pedir apoio e identificar prováveis abrigos (proteções)
que possam ser utilizados.
Vermelho(alarme): Neste estado o risco é real e uma resposta da do militar é
necessária. É importante focalizar a ameaça (atenção concentrada no problema) e ter em

21
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

mente a ação adequada para controlá-la, com intervenção verbal, uso de força menos-
letal ou letal, conforme as circunstâncias exigirem.
O preparo mental e o treinamento técnico recebido possibilitarão condições de realizar
sua defesa e a de terceiros e, mesmo em situações de emergência, decidir
adequadamente.
Preto(pânico): Quando o militar se depara com uma ameaça para a qual não está
preparado ou quando se mantém num estado de tensão por um período de tempo muito
prolongado, seu organismo entra num processo de sobrecarga física e emocional. Nesse
caso, podem ocorrer falhas na percepção da situação, comprometendo sua capacidade
de reagir adequadamente à ameaça enfrentada. Isso caracteriza o estado de pânico
(preto). O pânico é o descontrole total que produz paralisia ou uma reação
desproporcional, portanto ineficaz. É chamado assim porque a mente entra em uma
espécie de “apagão”, o que impossibilita ao militar dar respostas apropriadas ao nível da
ameaça sofrida.
Durante o estado de pânico (preto) poderá ocorrer o retorno parcial e momentâneo ao
estado de alarme (vermelho), o que até poderá propiciar alguma capacidade de reação.

d. Princípios Básicos da Abordagem:


 Segurança: caracteriza-se por um conjunto de medidas adotadas
pela tropa para controlar, reduzir ou, se possível, eliminar os riscos na Antes de agir, o
tropa deverá identificar a área de segurança e a área de risco e certificar-se de que o
perímetro está seguro.
 Surpresa: é a percepção do abordado quanto à ação da tropa.
O planejamento da ação permitirá a tropa surpreender o abordado, reduzindo o tempo de
sua reação. Deve-se considerar que, quanto menos esperada for sua ação, maior será a
chance de interferir no processo mental da ameaça, aumentando o tempo de resposta
do abordado.
 Rapidez: é a velocidade com que a ação é processada, o
que contribui substancialmente para a efetivação da “surpresa”. Não se
pode confundir rapidez com afobamento ou falta de planejamento. Em
uma abordagem que resulta em busca pessoal, a tropa deve usar
todo o tempo necessário para uma verificação exaustiva por objetos
ilícitos ou indícios de crime.
 Ação vigorosa: é a atitude firme e resoluta da tropa na ação por
meio de uma postura imperativa, com ordens claras e precisas. Não se confunde com
truculência. O militar deve ser firme e direto, porém cortês, sereno, demonstrando
segurança, educação e bom senso adequados às circunstâncias da ação.
 Unidade de comando: é a coordenação centralizada da ação da tropa
que garante o melhor planejamento, fiscalização e controle. Da mesma forma, cada militar
envolvido na abordagem deve conhecer sua tarefa e qual a sua função específica naquela
ação, sabendo a quem recorrer, respeitando a cadeia de comando.

2. AVALIAÇÃO DE RISCO
Toda intervenção envolve algum tipo de risco potencial que deverá ser considerado pelo
militar. O risco é a probabilidade de concretização de uma ameaça contra pessoa e bens;
é incerto, mas previsível. Cada situação exigirá que ele mantenha-se no estado de
prontidão compatível com a gravidade dos riscos que identificar. Toda ação do militar
poderá ser precedida de uma avaliação dos riscos envolvidos, que consiste na análise
da probabilidade da concretização do dano e de todos os aspectos de segurança que
22
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

subsidiarão o processo de tomada de decisão em uma intervenção, formando um


componente importante do análise de cenário.

METODOLOGIA DE AVALIAÇÃO DE RISCO

a) O QUE/QUEM ESTA SOFRENDO AMEAÇA ?


consiste em identificar quais são os indivíduos expostos ao risco, bens móveis e imóveis
sujeitos a algum tipo de dano, as circunstâncias e o histórico dos fatos, comportamento
das pessoas envolvidas, tipo de delito e a possibilidade de evolução do problema.
b) QUAL/QUAIS PONTO(S) PODEM SURGIR AMEAÇA(S)?
consiste em avaliar as características dos fatores que ameaçam direitos e garantias,
e selecionar o nível de força adequado para controlá-los .
c) QUAL NIVEL DE RISCO?
a classificação de risco permite ao militar agir dentro de padrões de segurança, auxilia na
escolha do comportamento tático mais adequado, além de lhe propiciar melhores
condições para assegurar direitos e proteger todos os envolvidos. A
classificação de risco está estruturada em 3 níveis:

Nível 1: caracterizado pela reduzida


possibilidade de ocorrerem ameaças que comprometem
a segurança. Este nível de risco está presente em
situações rotineiras do patrulhamento e intervenções de
caráter educativo e assistencial.

Nível 2: caracterizado pela real possibilidade


de ocorrerem ameaças que comprometem a segurança.
São situações nas quais o risco é conhecido, mas que a
intervenção da tropa ainda é de caráter preventivo.

Nível 3: caracterizado pela concretização do


dano ou pelo grau de extensão da ameaça. São
situações nas quais a intervenção da tropal é de caráter
repressivo.

d) O QUE TENHO PARA RESPONDER A AMEAÇA?


consiste em analisar os recursos que existem para responder à ameaça.
e) QUAL RESULTADO DA RESPOSTA?
é a análise da relação custo-benefício da intervenção da tropa diante de cada situação de
risco. Cabe ao militar calcular quais serão os resultados de suas ações e seus reflexos na
defesa da vida e das pessoas, no reforço de um cenário de paz social e na imagem do
EB.
A avaliação e classificação de risco possibilitam o uso de técnicas e táticas adequadas
às diversas formas de intervenção .
Não é possível afastar completamente o risco em um intervenção, mas o preparo mental,
o treinamento e a obediência às normas técnicas garantem uma probabilidade maior
de sucesso.

23
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

3. ANÁLISE DO CENÁRIO
Consiste em mapear as diferentes partes do “ambiente de atuação” em função dos riscos
avaliados, identificar perímetros de segurança para atuação, priorizar pontos que exijam
maior atenção e tentar interferir no processo mental do APOP.
Enquanto o preparo mental ocorre antes da ação e consiste numa análise de
possibilidades, a análise de cenário consiste num diagnóstico que utiliza os dados e
informações concretas obtidas por meio da avaliação de riscos de um “ambiente de
atuação” específico. Num processo dinâmico, atualiza-se em função da evolução da
situação.
AVALIAÇÃO DE RISCOS + ANÁLISE DE CENÁRIO = DIAGNÓSTICO DA AÇÃO
Ao aplicar estes conceitos, temos melhores condições para avaliar e reagir de acordo
com os riscos que possam surgir, mesmo sob estresse.
O emprego da Análise de cenário permite :
 dividir em diferentes níveis de perigo o local onde se
encontra ou para onde se dirige (Área de atuação);
 formular um plano de ação;
 estabelecer prioridades para dirigir a atenção e determinar
pontos que devam ser controlados;
 manter a segurança individual e da equipe no desenrolar da
operação;
 controlar ameaças que possam surgir.

 Divisão do Cenário

Área de segurança.
É a área na qual a tropa têm o domínio da situação, não havendo, presumidamente,
riscos à integridade física e a segurança dos envolvidos. É o espaço onde o militar deve
primeiramente se colocar durante a intervenção, evitando se expor a perigos
desnecessários.
Área de risco
Consiste num espaço físico delimitado, no “cenário da ação”, onde podem existir
ameaças, potenciais ou reais, que ponham em perigo à integridade física e a segurança
dos envolvidos. É a área na qual o militar não detém o domínio da situação, por ainda não
ter realizado buscas, sendo portando, uma fonte de perigo para ele ou terceiros, e por isto
requer que os riscos envolvidos sejam rigorosamente avaliados.
Existe pontos dentro da área de risco que requerem monitoramento específico e
demandam imediata atenção do militar, uma vez que deles podem surgir ameaças que
representem risco a segurança dos envolvidos. Portas, janelas, escadas, corredores,
veículos, obstáculos físicos, escavações, uma pessoa, ou qualquer outro elemento no
local de atuação que possa oferecer ameaça, mesmo que não imediatamente visível ou
conhecida podem ser considerados como pontos críticos.
Perguntas básicas:
 Onde estão os riscos potenciais na ação?
 Esses riscos estão controlados?
 Se esses riscos não estão controlados, como fazê-lo?
 Processo mental da ameaça
Consiste nas etapas percorridas por uma pessoa que intenciona realizar uma ameaça
contra tropa, da seguinte maneira:

24
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

 Identificar: captar o estímulo por meio da visão, sons, intuição ou outra forma
de perceber a presença do militar;
 Decidir: definir o que fazer, isto é, preparar-se para o ataque ou ocultar-se;
 Agir: colocar em prática aquilo que decidiu.
Qualquer que seja a ordem, um APOP tem apenas esse processo de pensamento para
percorrer. Isso coloca o militar em desvantagem, pois, enquanto o APOP passa por TRÊS
passos para executar a ameaça, o militar terá, necessariamente, QUATRO fases, a fim de
responder a ameaça.
IDENTIFICAR – CERTIFICAR – DECIDIR – AGIR
Após identificar a provável ameaça, o militar terá, que se certificar de que o APOP está,
de fato, iniciando um ataque, para depois decidir e agir em consonância com os princípios
do uso de força.
Cinco fatores são úteis na tentativa de compensar as possíveis desvantagens
entre os processos mentais do agressor e da tropa:
a) Ocultação: se o agressor não sabe exatamente onde o militar está, ele terá
dificuldades em IDENTIFICÁ-LO para um ataque. Assim, poderá atirar ou atacá-lo a
esmo, em um esforço cego para atingi-lo, mas muito provavelmente sua tentativa será
inútil, caso o militar se encontre devidamente abrigado e coberto (oculto) na área de
segurança.
b) Surpresa: evitar que o agressor possa antecipar suas ações. Surpresa, por
definição, anda lado a lado com a ocultação. É, em outras palavras, agir sem ser
percebido diminuindo as possibilidades de ser agredido. Se o militar pode ocultar-se ou
mover-se de modo imperceptível, diminuirá a possibilidade de ser identificado e sofre a
ação decorrente de um plano de ataque.
c) Distância: de uma maneira geral, o militar poderá manter-se a uma distância
que dificulte algum tipo de ação por parte do abordado. Certamente, se um ataque físico é
a preocupação, quanto maior a distância a ser percorrida pelo agressor para atacar, mais
tempo ele demorará para atingir o militar que, por sua vez, terá mais tempo para
identificar, certificar, decidir e repelir a ameaça. Quanto mais próximo de um agressor,
maiores são as chances do militar ser atingido. O militar estará mais seguro, quando
permanece a uma distância adequada e sob a proteção de um abrigo.
d) Autocontrole: na ânsia de ver o êxito de suas atuações, os militares,
freqüentemente, abreviam boas táticas ou se lançam dentro da área de risco na presença
de um suspeito potencialmente hostil. Por outro lado, se o militar faz com que ele venha
até a área de segurança, que está sob seu controle, estará provavelmente interferindo em
todo o processo de pensamento do agressor, desarticulando, desse modo, suas ações.
e) Proteção: este princípio é, sem dúvida, o mais importante entre todos. Se o
militar pode posicionar-se atrás de algo que verdadeiramente o proteja dos tiros e, ao
movimentar-se utiliza abrigos, um agressor terá muita dificuldade em atacá-lo com
sucesso. O abrigo também lhe dará mais tempo para identificar qualquer outra ameaça
que se apresente.

4. ABORDAGEM

 Conceito de abordagem
É o conjunto ordenado de ações para aproximar-se de uma ou mais pessoas, veículos
ou edificações. Tem por objetivo resolver demandas do patrulhamento ostensivo, como
orientações, assistências, identificações, advertências de pessoas, verificações, coletas
de informações de interesse para Inteligência, realização de buscas e detenções.

25
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

 Etapas da abordagem
Diagnóstico: elaborado a partir das informações sobre o motivo, o abordado e o
ambiente, obtidas por meio da avaliação de risco e da análise de cenário.
Plano de ação: Consiste na decisão, acerca das atribuições de cada militar, dos
métodos e procedimentos para alcançar objetivos da ação. Os militares, trabalhando
dentro de cada fração, devem ter atitudes coerentes entre si, fruto de uma mesma
avaliação de risco e consequente escalonamento da força. É imprescindível considerar os
dados que subsidiaram o diagnóstico, os fundamentos da abordagem, os princípios do
uso de força e os recursos disponíveis (pessoas e equipamentos). O plano de ação ser
elaborado de forma simples e verbal, ou exigir maior estruturação, conforme a avaliação
da complexidade. O militar pode responder às seguintes perguntas:
Perguntas Exemplo
Por que estamos intervindo? Indivíduo que sempre ao ver a tropa procura
se evadir discretamente.
Quem, ou o que iremos abordar? Individuo baixo, magro, calça jeans e camisa
vermelha, portando uma mochila.
Onde se dará a ação? Na praça, onde ele se encontra sentado de
costa para tropa.
O que fazer? Comunicar as outras frações que estão na
área e aproximar com sigilo.
Como atuar? Fazer abordagem de forma tranquila, mas
firme, para não chamar a atenção da
população.
Qual a função e posição de cada militar? Dois militares na viatura de segurança, o
restante na abordagem, o verbalizador colher
o máximo de informação possível fazendo o
interrogatório preliminar, o militar com câmera
gravar a abordagem dentro da área de
contenção e fazer a fotografia do individuo, o
revistador atentar para os detalhes na
mochila e busca pessoal, um segundo militar
com câmera gravar o publico de fora da ação
para analisar indivíduos e comportamentos da
população posteriormente, os militares da
segurança afastada atentos a todas atitudes e
movimentos externos, todos os envolvidos
atentos e prontos para responder qualquer
ameaça.
Quando intervir? Após informar a frações que estão por perto,
e os envolvidos na abordagem.
Execução: é a ação propriamente dita, resultante das fases anteriores. Consiste na
aplicação prática do plano de ação, bem como da adoção de medidas decorrentes da
própria ação (prestação de auxilio ou orientação, busca pessoal, prisão e/oucondução de
APOP).

Avaliação: as condutas individuais e do grupo, os resultados alcançados e as falhas


notadas em cada intervenção devem ser, posteriormente, discutidas e analisadas e
possíveis correções devem ser apresentadas visando aperfeiçoar as competências
profissionais.

26
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

5. ABORDAGEM A PESSOAS
A abordagem a pessoas se refere apenas às ações para se aproximar de um ou mais
indivíduos. Este conceito possui um sentido amplo, ou seja, abrange a todos os cidadãos,
não se restringindo às pessoas em situação de suspeição.
Os procedimentos adotados pela tropa variam de acordo com os fatos motivadores da
abordagem e com o ambiente. Além disso, é aconselhável compreender as
peculiaridades daquele com quem interage e não vincular essa interação,
necessariamente, a ações delituosas. Em cada abordagem realizada, a tropa pode
utilizar técnicas, táticas e recursos apropriados ao público-alvo desta intervenção, seja a
pessoa suspeita ou não.
 Pacificar áreas:
A ação de aplicar a lei é precedida de preservar vidas. Preservar a integridade
física do cidadão (uso da Força – Abuso de Autoridade);
 Indivíduo Suspeito:
É aquele cujo conjunto de características coincide com a descrição feita por
testemunhas da prática de um delito, ou mesmo aquele encontrado com arma,
instrumento ou outro objeto que possa imputar-lhe a presunção da autoria de uma
transgressão.
 Indivíduo em Situações Suspeitas:
É aquele cujas ações e atitudes fogem a regularidade de comportamento da
maioria das pessoas, propiciando a interpretação da prática de delito ou a iminência de
praticá-lo.
 Situações suspeitas
1) Indivíduos que, ao verem a equipe de patrulhamento ostensivo, alteram o
comportamento, disfarçando, ou mudando de rumo, ou largando algum objeto, ou saindo
correndo, ou demonstrando, de alguma forma, preocupação com a presença da tropa;
2) Pessoas aflitas ou nervosas, sem motivo aparente, ou adultos segurando
crianças que choram, pedindo o pai ou a mãe (pode ser sequestro). Crianças pequenas
vagando em lugares públicos ou ermos podem estar perdidas;
3) Indivíduo cansado, suado por correr, sujo de lama ou sangue (pode estar
fugindo da polícia ou do local do crime);
4) Indivíduo parado ou veículo parado por muito tempo, próximo a
estabelecimento de ensino (pode ser um traficante). Vendedores ambulantes (carrinhos
de pipocas, sorvete, etc.) também deve ser objeto de atenção;
5) Indivíduo carregando sacos ou objetos (eletrodomésticos, picareta, pé-de-
cabra, macaco de automóvel) pode ser "arrombador" que já agiu ou vai agir. Indivíduo nas
praias, em atitude suspeita, junto a objetos deixados por banhistas;
6) Indivíduo com odor característico de tóxico (pode ser viciado ou traficante);

7) Indivíduo parado muito tempo nas proximidades de estabelecimento


comercial ou bancário (pode estar esperando a hora de agir);
8) Indivíduo agachado, dentro ou ao lado do veículo parado ou estacionado
(pode estar se escondendo, fazendo ligação direta ou roubando toca-fitas, etc.);
9) Grupo de pessoas paradas em local ermo ou mal iluminado ou de má
frequência;
10) Indivíduo ou veículo que passa várias vezes pelo mesmo local (pode ser
um APOP esperando a hora de agir);
11) Indivíduo ou veículo que foge à aproximação da equipe (pode ser um
27
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

APOP em fuga);
12) Estabelecimento comercial com a porta semi fechada (pode estar havendo
um ilícito penal no seu interior);
13) Janelas ou portas abertas em residências ou estabelecimento comercial,
especialmente no período noturno;
14) Ocupantes de um veículo cujas aparências estão em desacordo com o tipo
de veículo (podem ser APOP em carro roubado);
15) Veículo que passa em alta velocidade, com ocupantes apavorados ou
empunhando armas;
16) Carro estacionado, com motorista no volante ou outras pessoas dentro,
parado há muito tempo no mesmo local (podem ser APOP, esperando a hora de agir);
17) Veículo parado, mal estacionado, com as luzes acesas, portas abertas,
chaves no contato (pode ser carro roubado ou ocupado por APOP em fuga ou cometendo
ilícito penal por perto);
18) Veículo em movimento que procure chamar a atenção da equipe de
patrulhamento através de sinais, como luz, buzina, freadas, etc. (alguém pode estar
precisando de ajuda);
19) Ruídos que quebrem a rotina, como gritos, explosões, disparos de arma de
fogo, etc. (alguém pode estar precisando de ajuda);
20) Veículo velho com placa nova, veículo com placa dianteira diferente da
traseira, veículo com lataria amassada ou vidros estilhaçados, veículo com marcas de tiro
na lataria (pode ser carro roubado);
21) Indivíduo estranho, muito atencioso e carinhoso com crianças nas ruas.

Nota: vivenciando uma situação suspeita, em princípio, a equipe de


patrulhamento só deve atuar se estiver com supremacia de força ou de poder de fogo
de acordo com as regras de engajamento. Não preenchendo essas duas condições,
deverá solicitar reforço. A supremacia de força é uma vantagem tática da tropa em
relação ao abordado para uma atuação segura. Esta vantagem é medida de forma
qualitativa e quantitativa, podendo estar relacionada não só ao efetivo, mas também ao
uso de força e à posse de instrumentos, equipamentos e armamentos por parte da
equipe.
 Cidadão Infrator:
É aquele que praticou o delito e requer a intervenção.
EVITAR O RISCO NA AÇÃO
Nada é 100% garantido quando o assunto é segurança. A prevenção e o
preparo mental representa 90%, os outros 10% representam as técnicas físicas. Sendo
assim as ações devem se concentrar na prevenção e preparação da mental.

6. TÉCNICAS PARA ABORDAGEM A PESSOAS

 Verbalização
A comunicação é um processo de interação estabelecida no mínimo entre duas
pessoas, construindo entre ambas um intercâmbio de sentimentos e idéias. Este
processo, por si só, já remete a uma série de interpretações diferenciadas, pois, com
características únicas que temos, podemos entender distintamente as mensagens. A
maior dificuldade de interpretação está em fatores como a escolha de palavras utilizadas
na fala e na escrita, gestos e postura corporal, bem como o meio pelo qual a mensagem é
transmitida e estabelecida. Este canal também pode estar sujeito aos ruídos (celulares
que tocam em hora errada, barulho do trânsito, tom de voz alto ou baixo demais) e tantos
28
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

outros problemas que atrapalham a compreensão da mensagem enviada. A falta de


clareza e adequação para o tipo de público, impropriedade da técnica, a urgência com
que a mensagem é transmitida, e outros fatores, podem dificultar ou mesmo impossibilitar
a compreensão.
Atenção: Para que a comunicação atinja o seu objetivo, o melhor caminho é a
simplicidade.
Simplicidade quer dizer que o emissor transmite uma mensagem para o receptor de forma
clara, fácil e possível de ser entendida.
 Emissor é aquele que fala, escreve, desenha, faz mímica; é o ponto de
onde parte a mensagem.
 Receptor é aquele que quer ou precisa ouvir e apreender; é o destinatário
da mensagem.
 Mensagem é o conteúdo do que se quer dizer e comunicar.
O processo de comunicação, como um dos fatores mais importantes das
intervenções da tropa com a população, se bem realizado, é um grande facilitador para o
sucesso da abordagem. Por isso, a tropa deve dar atenção a este processo para
maximizar resultados positivos na sua atividade.
Uma das formas da comunicação é a verbalização. Verbalizar significa expressar
ou exprimir algo na forma de palavras. Na técnica, o conceito de verbalização diz respeito
ao uso da fala e de comandos verbais que, apesar de constituírem um dos níveis de uso
de força, estarão presentes em todo tipo de intervenção da tropa.
A comunicação eficaz é útil, persuasiva e convincente.
Uma informação somente é eficaz quando apresenta, dentre outras, duas
características fundamentais:
 Clareza: utilização de linguagem de fácil compreensão;
 Precisão: grau de detalhamento suficiente para produzir o resultado
desejado (ser prático, objetivo, direto).
As técnicas de comunicação estabelecem que antes mesmo de haver a troca de
palavras propriamente dita entre as pessoas, existem elementos verbais e não verbais
que interagem entre o emissor e receptor. Os elementos verbais estão ligados aos
conteúdos falados, envolvem escolha das palavras que vão compor a mensagem. Os não
verbais dizem respeito à voz, gestos e posturas.

Comunicação na abordagem
A tropa não deve alimentar a expectativa de que o abordado sempre se disponha a
colaborar de forma espontânea. Assim, deve buscar o controle da situação por meio de
uma verbalização adequada, emitindo ordens legais, claras, objetivas e pertinentes.
Para potencializar o uso da comunicação nas intervenções, serão apresentadas a seguir
algumas orientações baseadas em áreas específicas do conhecimento (Fonoaudiologia,
Psicologia e Neurolinguística). O primeiro contato com o abordado é de fundamental
importância haja vista que irá construir mentalmente uma imagem de tropa(Exército
Brasileiro) por meio da análise da postura, apresentação invidual e principalmente da
fala e gestos. Esses fatores contribuem para a credibilidade, legitimidade e confiança
na autoridade.
Algumas atitudes contribuem para a solução pacífica dos conflitos e o alcance dos
objetivos e, consequentemente, para boa imagem e legitimidade de suas intervenções.
Dentre elas, a tropa poderá ser:
 Firme: agir de forma segura, estável, constante, comunicando por meio de
comandos firmes, de maneira polida e sem truculência. É preciso que fique
claro ao receptor que a melhor opção para ele é obedecer;
29
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

 Justo: atuar de acordo com os ordenamentos jurídicos e em conformidade


com as regras de engajamento, respeitando a dignidade da pessoa;
 Amigável: ser educado, atencioso, solícito e cortês. A seriedade e a firmeza
necessárias não podem ser confundidas com indiferença ou grosseria.
Durante a abordagem, a tropa poderá, se possível, explicar os motivos da intervenção e
o comportamento que se espera do abordado. O diálogo entre a tropa e o abordado pode
ser prejudicado e sofrer interferências diante de uma postura que denote agressividade,
arrogância ou descaso.
Quadro-Elementos da comunicação em relação à postura do verbalizador
Elementos de Postura do Verbalizador
Comunicação ENÉRGICO FIRME AMENO
Expressão Verbal
Voz Alta Moderada Branda
Fala Rápida e Imperativa Fluente e Pausada e solicita
persuasiva colaboração
Interpelação Sentença exclamatória Frases Pedido ou apelo
declarativas
Expressão Facial
Olhos/Olhar Determinado e Firme e Ameno e Pacífico
Repreensivo Confiante
Músculos Tensos (contraídos) Normais Relaxados
Faciais
Expressões Corporais
De acordo com a mensagem, e o objetivo que se deseja obter em relação ao abordado.

Outro aspecto a ser considerado é que toda pessoa tem um espaço (área física em seu
entorno) que considera psicologicamente reservado para aqueles que são íntimos a ela.
Ao aproximar-se demasiadamente de uma pessoa, a tropa invade este “espaço
pessoal” e pode provocar no abordado o desejo inconsciente de afastar, fugir, ou
defender-se. Qualquer palavra dita nesta situação poderá soar agressivamente. Ao
abordar, não aponte o dedo indicador para a face do abordado, nem toque no seu corpo,
salvo nos casos em que se faz necessário o controle de contato e o controle físico.
Respeitando seu espaço pessoal, será mais fácil obter sua cooperação.
A tropa poderá estabelecer o contato inicial com o abordado a uma distância segura para
criar um vínculo verbal e de confiança, explicando o que será realizado, antes de se
aproximar. Exemplo: “Fique parado! Vamos realizar uma busca pessoal. Você me
entendeu?”.
A tropa precisa preocupar-se com a autoridade que representa, dar à sua fala um
conteúdo imperativo, proporcional ao nível de cooperação do abordado, e primar pelo
bom tratamento dispensado às pessoas. Modificará e adequará os elementos da
comunicação (volume, timbre, entonação e postura) de acordo com a necessidade, caso
o abordado demonstre algum tipo de resistência.
Para evitar percepções equivocadas por parte do abordado e prejuízo na comunicação, é
imprescindível que o militar treine constantemente, considerando todos os elementos
verbais e não verbais enquanto pratica os comandos típicos de uma abordagem.
Verbalização em face ao comportamento do abordado

a) Abordado Cooperativo

30
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

O abordado acata todas as determinações durante a ação, sem apresentar


resistência. Mantendo-se num estado de atenção (amarelo), após realizar a
avaliação dos riscos e decidir por executar a abordagem, a tropa inicia o contato
verbal. Pode-se utilizar pausas e interromper a sua fala, aguardando a resposta do
abordado, para verificar se houve entendimento da sua mensagem e qual é o nível
preliminar de cooperação demonstrado. Utilizando comandos simples e
sequenciais, a tropa explica para a pessoa o que está ocorrendo e, se possível, o
que motivou a abordagem. É conveniente fazer perguntas ao abordado e mantê-lo
constantemente com a atenção voltada para o verbalizador, isto contribuirá para
reduzir sua capacidade de reação.
b) Abordado Resistente Passivo
O abordado não acata, de imediato, as determinações, ou opõe-se a ordens,
reagindo com o objetivo de impedir a ação legal. Contudo, não agride a tropa nem
lhe direciona ameaças. Caso o abordado descumpra algum comando, agindo de
forma passiva, morosa, apática ou indiferente (mas que não constitua agressão),
a tropa pode, inicialmente, alertá-lo sobre as consequências da desobediência à
ordem legal. Persistindo tal comportamento, deve agir com superioridade de força,
usando os meios necessários e moderados para compeli-lo ao cumprimento da
determinação legal. O estado de prontidão nestes casos deverá ser o de alerta
(laranja). A desobediência do abordado e a resistência em cumprir as ordens
deverão ser entendidas como indicativos de ameaça. Neste caso, a tropa pode estar
pronta para responder a algum tipo de agressão. A tropa pode considerar que
poderão existir diversas razões para que o abordado possa resistir de maneira
passiva às ordens dadas pelo verbalizador, por exemplo:
 quando não compreende a ordem emanada pelo verbalizador;
 quando não acata simplesmente porque quis desafiar a tropa ou desmerecer
a ação do verbalizador, tentando, assim, expô-lo a uma situação humilhante
frente ao público, ou ainda, provocar o uso excessivo de força;
 quando busca conseguir a simpatia de pessoas a sua volta, colocando-as
contra a atuação da tropa, assumindo assim uma posição de vítima;
 quando tem algo para esconder (armas, drogas, outros) e busca distrair a
atenção da tropa;
 quando quer ganhar tempo para fugir ou enfrentar fisicamente a tropa;

O verbalizador procura, então, identificar no comportamento do abordado as


possíveis causas da sua resistência, devendo estar atento para não se deixar
levar por provocações do abordado, o qual procura fazer-se de vítima diante da
intervenção. Nesses casos, a tropa pode se resguardar, sempre que possível, por
meio do testemunho de pessoas presumidamente idôneas que estejam próximas ao
local, acionando-as para que presenciem a repetição da ordem legal emitida e o
descumprimento, ou resistência/relutância do abordado em cumpri-la.
Os recursos tecnológicos (aparelhos telefônicos celulares que tiram fotos, filmam,
gravam áudio, ou outros similares) que estejam acessíveis para comprovar a
atuação legítima da tropa e a resistência do abordado podem ser utilizados. Nesse
caso, a tropa pode proceder com especial atenção com relação a sua postura e
segurança, de forma que não se torne vulnerável durante este procedimento, e
alertar formalmente ao interlocutor que estará registrando a intervenção.
Atenção: Cuidado com o uso e a destinação do material registrado. O direito à
imagem é parte da dignidade humana e cabe a tropa protegê-la. Estes registros

31
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

eletrônicos só poderão ser utilizados de maneira oficial, sendo vedada a divulgação


ou distribuição à imprensa ou outros órgãos.
c) Resistência ativa
O abordado não deixa ser tocado e toma atitudes para sua autodefesa.
d) Agressão não-letal
O abordado opõe-se à ordem agredindo a tropa ou pessoas envolvidas na ação,
contudo, tais agressões, aparentemente, não representam risco de morte.
e) Agressão letal
O abordado utiliza de agressão que põe em perigo de morte a tropa ou pessoas
envolvidas na intervenção.

Caso a ação por parte do abordado se materialize em algum tipo de agressão, a


ação da tropa pode prosseguir na reação utilizando o nível de força proporcional
sem, contudo, interromper a verbalização. Nos casos de resistência física, a tropa
pode mensurar e avaliar as atitudes do abordado, adaptando a verbalização, sendo
mais imperativo e impositivo, alertando imediatamente o restante da equipe sobre
esta resistência do abordado, com foco na segurança da tropa e de terceiros. Diante
da agressão, a tropa, poderá reagir com controle de contato e poderá reforçar o
volume de voz emitindo ordens diretas, devendo advertir o abordado, de que tal
procedimento implica em crime (desacato ou resistência). O estado de alarme
(vermelho) é o mais indicado. Neste caso, o abordado já iniciou algum tipo de
agressão e a tropa pode estar pronta para reagir.

Verbalização no caso de prisão.

Após a constatação de uma situação que se configure em prisão do abordado são


adequadas as seguintes frases:
- Fulano ... (Citar o nome da pessoa presa).
-Sou o ... (citar o posto ou graduação e nome do condutor da prisão).
- Você está preso pelo cometimento do crime de (citar o delito).
- Você têm o direito de permanecer calado.
- Você tem direito a assistência da sua família e de advogado
- Você será encaminhado ... (citar o local onde será feito o encerramento da
ocorrência)
- Na delegacia sua família ou pessoa indicada por você poderá ser
comunicada.
É conveniente fazer perguntas à pessoa presa, na presença de testemunhas, tais
como:
- Por favor, confira seus pertences!
- Quer registrar algum fato referente a esta abordagem?

Considerações Finais
Algumas atitudes por parte do verbalizador podem contribuir para tornar a
comunicação simples, rápida e eficaz por abrangerem pontos importantes para o
sucesso em uma abordagem, dentre elas:
 Saber ouvir e compreender a mensagem do abordado, sendo capaz de
responder o que foi perguntado.
 Adaptar a mensagem a cada tipo de público, sem perder a clareza e
objetividade.
 Escolher o momento certo para realizar a comunicação.
32
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

 Ser paciente, pois cada pessoa tem um ritmo, modo e capacidade de


internalizar e compreender a mensagem.
 Demonstrar segurança e confiança.

A verbalização é uma ferramenta fundamental colocada à disposição da tropa na


resolução de conflitos. O uso correto das técnicas aumenta a segurança nas
intervenções e diminui consideravelmente a necessidade do uso de força em níveis
mais elevados.

 Prontos/posturas adotadas na abordagem a pessoas


Definem o posicionamento do corpo e da arma do militar, que o possibilitam
aproximar-se e verbalizar com o abordado de maneira segura, potencializando sua
capacidade de autodefesa e viabilizando o uso diferenciado de força. As posturas
referem-se ao posicionamento corporal com as mãos livres, enquanto os prontos
referem-se a empunhadura de armas ou equipamentos (Posição de retenção, Pronto
1, 2 e 3), durante uma abordagem influencia diretamente no processo mental da
ameaça do abordado retardando a etapa de decisão. O pronto/postura durante a
abordagem poderá estar diretamente vinculada ao risco que se pode deparar. Por
isso, aconselha-se que, em toda abordagem, deve-se empregar a metodologia de
avaliação de risco para decidir a melhor técnica a ser utilizada.

 Ângulo de aproximação

Ao realizar a abordagem, é orientado não se


aproximar do espaço compreendido entre os
braços do abordado, porque poderá ser
atingido com maior facilidade em caso de
uma possível ameaça.
Os demais ângulos descritos na figura acima
permitem uma aproximação segura, sendo
que o ângulo 3 oferece maior segurança e o
ângulo 1, menor. Uma aproximação,
observando-se os ângulos de segurança,
aumenta o tempo do processo mental da
agressão do abordado. Assim, ele terá que
se virar para atingir o militar que, por sua vez,
terá melhor condição de se esquivar.

 Técnica de aproximação triangular


Nesta técnica, dois militares e o abordado dispostos de maneira que formem um
triângulo. É considerada a forma mais segura e eficiente de aproximação. A
distância dos policiais em relação ao suspeito poderá ser de aproximadamente 3
metros, para proporcionar segurança à tropa em caso de repentina ameaça. A
postura ou posição de emprego de arma a ser utilizada pela tropa, deve ser definida
pela tropa de acordo com o nível de risco e a evolução dos fatos durante a
abordagem
A Posição triangulo poderá ser empregada em esquemas táticos variados, em
função da quantidade e comportamento dos abordados.
 Área de contenção: corresponderá ao espaço de abrangência da ação, em
que a tropa manterá monitoramento mais constante, com objetivo de conter os
33
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

abordados e isolar o local de interferência de terceiros, utilizando-se dos demais


integrantes da fração, que não estão envolvidos na abordagem, como segurança
afastada e isolamento da área.
 Setor de busca: corresponde ao local onde se realizará a busca pessoal e
será definido pela tropa após análise da área e da avaliação de risco. Se possível,
possuirá características que privilegiem a segurança tanto da tropa quanto dos
abordados. Tais características são o relevo adequado e se situar fora da área de
tráfego de veículos e de locais onde a tropa não tenha pleno controle no que se
refere à segurança.
 Setor de custódia: corresponderá a um local dentro da área de
contenção,com as mesmas características do setor de busca, definido pela tropa,
onde os demais suspeitos aguardam a busca pessoal e outros procedimentos
necessários (consulta de dados, checagem de objetos, outros). Recomenda-se que
estes locais não possuam pontos de escape, que permitam uma possível evasão
dos abordados.
Na abordagem a pessoas, podem ser exercidas as seguintes funções: Verbalizador,
Segurança e Revistador.
Um único militar poderá exercer mais de uma função. É importante lembrar
que estas funções devem ser previamente treinadas no âmbito da fração, e
adaptadas a cada tipo de abordagem, a fim de garantir a disciplina e integridade
tática da equipe, no decorrer da abordagem, de acordo com o local, número de
abordados, grau de risco, e de informações obtidas sobre os suspeitos.

a. Modelos de abordagem

 Assistência e Orientação(Tipo A)
A aproximação, junto ao abordado(s), será direta e natural, devendo,
entretanto, serem adotadas prontos e posturas corporais específicas, de acordo
com as possibilidade de ameaças.
34
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

O militar se identificará profissionalmente e transmitirá ao abordado a sua


Mensagem, dependendo da situação, armamento no coldre, pode ser feita uma
busca básica ( levantar a camisa com giro de 360°).
Vebalização:
Mantendo-se num estado de atenção (amarelo), após realizar a avaliação dos riscos
e decidir por executar a abordagem, o policial inicia o contato verbal. Utilizando
comandos simples e sequenciais, o verbalizador explica para a pessoa o que está
ocorrendo e, se possível, o que motivou a abordagem. Por se tratar, a princípio, de
abordado cooperativo, o verbalizador dá sequência às ordens, pausadamente,
dando tempo para que o abordado cumpra as determinações, mantendo-se atento
aos elementos verbais e não verbais do abordado para facilitar o processo de
análise de riscos.
Exemplo: Bom dia, sou o .....do Exército, por gentileza......
Ok, obrigado pela cooperação......

 Verificação Preventiva(Tipo B)
A avaliação de riscos demonstra que há indício de ameaça à segurança (do militar
ou de terceiros). Neste tipo de abordagem, podem ser realizadas buscas em
pessoas ou em seus pertences, pois as frações envolvidas iniciam suas ações com
algum risco conhecido (fundada suspeita) e o militar deverá estar pronto para
enfrentá-lo. A tropa planejará a abordagem, indicando as características da pessoa
que se encontra em situação de suspeição, (vestimenta, tipo físico, gênero) e, em
seguida, rapidamente, elaborarão um plano de ação, com a Técnica de
Aproximação Triangular (TAT), de acordo com a situação, a tropa pode estar com
armamento de porte em mãos, porém sem estar apontado para os abordados e
armamento portátil cruzado e apontado para o chão, busca pessoal básica ou
minuciosa.
Inicialmente, Verbalizador poderá:
 identificar-se;
 realizar a inspeção visual;
 determinar ao abordado que adote uma posição para melhor segurança da
tropa.(mãos para cima, mãos na cabeça dedos entrelaçados)
 explicar o motivo da abordagem;
 determinar que o abordado entregue os documentos ao Revistador;
 controlar a atenção do abordado por meio de verbalização, perguntando seu
nome, sua idade, o que faz/procura no local, diminuindo, desta forma, sua
capacidade de reação.
Vebalização:

Exemplo: -Bom dia cidadão, Exército


-Permaneça parado, coloque as mãos para cima. (ou
...lentamente, levante os braços ou... coloque as mãos
sobre a cabeça e entrelace os dedos).
-Para a sua segurança, siga minhas orientações, OK...?
-Pare! Preste atenção! Lentamente, tire sua mão do
bolso (sacola, mochila ...).
-Por favor entregue seu documento ao meu companheiro.

 Ação repressiva(Tipo C)

35
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Neste caso, a avaliação de riscos indica a iminência de algum tipo de delito


(risco nível 3). A tropa deve estar pronta para se defenderem, sempre com
segurança, observando os princípios básicos do uso de força (pronta-resposta),
dependendo da situação a tropa pode Apontar o armamento em direção aos
infratores/ criminosos, colocar os abordados em posição de inferioridade de ações
(anteparo, joelhos), Busca pessoal minuciosa e/ou intima
Neste caso, o Verbalizador poderá:
 aproximar-se do abordado utilizando a Técnica de Aproximação
Triangular (TAT), em conjunto com o Revistador;
 determinar ao abordado que adote uma posição e desconforto.
 controlar a atenção do abordado por meio de verbalização, diminuindo a
capacidade de reação do infrator
Revistador deverá executar a busca pessoal, dando sequência aos demais
procedimentos da prisão, se confirmada autoria;
Verbalização:
Exemplo:
- Parado! Não se aproxime!
- Não faça movimentos bruscos. Obedeça as minhas ordens
- Vou empregar a força!

QUADRO 1 - Correlação entre os níveis de risco, de abordagem, estados de


prontidão e níveis de força recomendados.(sugestão)
Risco Comportamento do Tipo de Abordagem Estados de Prontidão Nível de Força
Abordado
Assistência e orientação Presença
Nível 1 Cooperativo Amarelo Verbalização
Controle de
Nível 2 Resistente passivo Verificação preventiva Laranja contato
Verbalização
Controle físico
Resistente Ativo Técnica não letal
Verbalização
Nível 3 Ação repressiva Vermelho
Ameaça não-letal

Ameaça letal Força letal


OBSERVAÇÃO: Este quadro se trata de uma referência para as ações, podendo o comportamento e
a atitude do abordado variarem nos diversos tipos de abordagem, e devem ser consideradas as
Regras de Engajamento e o amparo legal da tropa.

QUADRO 2 – Tática de Abordagem a Pessoas - “abordado aparentemente


desarmado”(sugestão)
Comportamento do Verbalizador Revistador/Segurança
Abordado
Cooperativo Iniciar a abordagem adotando Iniciar a abordagem na
a postura aberta; Uso da posição com arma
técnica de verbalização. empunhada; Adotar a uma
postura de prontidão quando
for se aproximar para realizar
a busca pessoal.
Resistente Passivo Iniciar na com postura de Iniciar a abordagem na
prontidão; Manter constante posição com arma
verbalização, buscando empunhada; Caso o abordado
convencer o abordado a não ceda à verbalização,
36
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

acatar as ordens; Caso o poderá retirar a mão do


abordado não ceda à punho da arma e adotar a
verbalização, poderá atrair postura defensiva quando for
sua atenção para que o se aproximar do abordado
Segurança consiga se para aplicar a técnica de
aproximar para dominá-lo controle de contato específica
e alertar a outros militares da
equipe.
Resistente Ativo Iniciar a abordagem na Iniciar a abordagem na
postura defensiva; Manter posição com arma
constante verbalização; Caso empunhada; Poderá ser o
o abordado não ceda, deverá responsável por iniciar a
aplicar técnica de controle imobilização e conduzir o
físico, podendo ainda fazer abordado caso não acate às
uso de tecnologia não-letal. ordens do Verbalizador.
Solicitar apoio de outros
militares se necessário.

OBSERVAÇÃO: Este quadro se trata de uma referência para as ações, podendo o comportamento e
a atitude do abordado variarem nos diversos tipos de abordagem, e devem ser consideradas as
Regras de Engajamento e o amparo legal da tropa.

QUADRO 3 – Tática de Abordagem a Pessoas - “abordado visivelmente


portando objetos potencialmente letais”(sugestão)

Comportamento do Abordado Verbalizador Revistador/Segurança


Manter distância de segurança; Iniciar na posição com arma
empunhada ou pronto 1;
Manter constante verbalização, Poderá ser o responsável pela
Cooperativo
determinando ao autor que segurança do Verbalizador;
coloque o objeto no chão e acate
as ordens de busca.
Manter distância de segurança;
Emprego da arma na posição de pronto 1
Manter constante Poderá ser o responsável pela
verbalização, tentando convencer segurança do Verbalizador; Fará
o autor a colocar o objeto no a aproximação para a
chão e acatar às ordens de imobilização e prisão do autor
busca. Caso, após tentativa de somente após ter sido cessado
verbalização, o abordado não seu poder de resistência face aos
ceda às ordens de largar o efeitos do emprego de tecnologia
Resistente Passivo objeto, poderá ser empregado não-letal.(SFC)
tecnologia não-letal para
imobilização e prisão do autor
(SFC). A escolha do tipo de
tecnologia não-letal que será
empregado ficará a cargo da
tropa, de acordo com os
instrumentos disponíveis, com as
informações do fato e com a
análise de risco.
Manter distância de segurança;
Verbalizar após estar abrigado Iniciar a abordagem na posição
(proteção física); Iniciar a de pronto 2 ou 3; Poderá ser
abordagem na posição de pronto responsável pela segurança do
1 (arma de fogo); Caso, após Verbalizador; Fará a aproximação
Resistente Ativo tentativa de verbalização, o para a imobilização e prisão do
abordado continue tentando usar autor somente após ter sido
o objeto contra a tropa ou contra cessado sua força de resistência
terceiros, poderá ser empregado face aos efeitos do emprego de
tecnologia não-letal para tecnologia não-letal;(SFC)
imobilização e prisão do autor A

37
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

escolha do tipo de tecnologia


não-letal que será empregado
ficará a cargo da tropa, de acordo
com os instrumentos disponíveis,
com as informações do fato e
com a análise de risco.
Caso a tentativa de agressão do autor acarrete em risco real e
imediato à vida dos militares da equipe e de terceiros, e o uso de
tecnologia não-letal se mostrarem ineficazes para o caso concreto,
poderá ser efetuado emprego de força letal, de acordo com as regras
de engajamento e legitima defesa.
OBSERVAÇÃO: Este quadro se trata de uma referência para as ações, podendo o comportamento e
a atitude do abordado variarem nos diversos tipos de abordagem, e devem ser consideradas as
Regras de Engajamento e o amparo legal da tropa.

QUADRO 4 – Tática de Abordagem a Pessoas - “abordado visivelmente


portando arma de fogo”(sugestão)
Comportamento do Verbalizador Revistador/Segurança
Abordado
Deverá estar coberto e abrigado;
Cooperativo Iniciar a abordagem na Será o responsável pela
(Ex.: a tropa aborda cidadão posição de pronto 2 ou 3; segurança do PM
que se identifica como Manter constante Verbalizador durante o
policial, pessoa com arma na verbalização, devendo processo de verbalização;
cintura e aparentemente determinar ao autor que Iniciar a abordagem na
disposição a acatar as ordens largue a arma de fogo e acate posição de pronto 2 ou 3
da tropa) às ordens de busca. (arma de fogo).

Resistente Passivo
(Ex.: Arma de fogo na cintura Deverá estar coberto e abrigado, e seguir as Regras de
ou na mão com o cano Engajamento e Legitima Defesa.
voltado para baixo, porém,
não acatando as
determinações do
Verbalizador), com intenção
hostil.

Resistente Ativo Deverá estar coberto e abrigado, e seguir as Regras de


autor apontando arma em Engajamento e Legitima Defesa.
direção aos policiais ou a
terceiros; porém sem atirar.

OBSERVAÇÃO: Este quadro se trata de uma referência para as ações, podendo o comportamento e
a atitude do abordado variarem nos diversos tipos de abordagem, e devem ser consideradas as
Regras de Engajamento e o amparo legal da tropa.

7. BUSCA
É a técnica utilizada para fins preventivos ou repressivos, que visa a procura de
produtos de crime, objetos ilícitos ou lícitos que possam ser utilizados para a prática
de delitos que estejam de posse da pessoa abordada em situação de suspeição.
Será realizada no corpo, nas vestimentas e pertences do abordado, observando-se
todos os aspectos legais, técnicos e éticos necessários. A busca poderá ser
realizada independente de mandado judicial, desde que haja fundada suspeita.
Quando a tropa realiza busca pessoal, a situação de suspeição deverá ser verificada
através da atitude do cidadão, ou seja, da conjugação entre comportamento e
38
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ambiente. A tropa deve estar preparado tecnicamente para realizar a busca pessoal
e cuidar para que esta ação não se converta em atos de arbitrariedade e
discriminação.

a. Fases da Busca pessoal:


Posicionamento: Buscar um anteparo, revistado sempre de costas,
desequilibrado e de cabeça baixa;
Busca de materiais: Ascendente ou descendente, técnica do deslizamento;
Testemunhas: selecionar corretamente as testemunhas oculares ou presenciais
auriculares e por ouvir dizer;
Agradecimento: explicar os motivos da realização do procedimento e agradecer a
colaboração;
Detenção e condução: momento crítico da ação poderá ocorrer ou não o
algemamento.

b. Tipos de busca pessoal


- Dentro das buscas podemos escalonar sua necessidade em 3 tipos:
1) Busca pessoal intima
Deve ser realizada dentro de locais fechados e destinados para tal, são
realizadas em elementos com suspeita de portar material ilícito em suas vestes intimas e
ou orifícios corporais.
Há necessidade de acompanhamento médico e de apoio de
equipamentos de imagem corporal.
Deve ser retirada toda a roupa do cidadão pedir que ele agache e fazer a
revista em suas roupas.
Deve ser realizada apenas em confirmada suspeitos de haver ilícitos
transportados internamente ao corpo. Apenas em casos extremos.
Ex. individuo que engole vários “papelotes” de droga para descaracterizar
a prisão em flagrante delito; Mulher que “esconde” material em orifícios íntimos.
2) Busca pessoal minuciosa
Deve-se buscar verificar todo o material de posse do abordado incluindo
bolsos, axilas, mangas, mochilas, bolsas, etc.
- Como fazer:
- O militar segurança deve estar sempre ATENTO;
- Antes da aproximação, o militar encarregado trava seu coldre antes de
iniciar a busca pessoal pelas costas do abordado, a fim de que tenha as mãos livres e
poder de reação em caso de resistência física;
- Caso o abordado esteja fora de uma parede, segurar firmemente,
durante toda a busca pessoal, as mãos com os dedos cruzados sobre a cabeça na nuca,
da pessoa a ser submetida à busca pessoal;
- Posicionar-se firmemente de forma que o lado da arma sempre seja o
mais distante da pessoa revistada, ou seja, se destro, pé esquerdo à frente, ou vice-versa;
- Escolher primeiro o lado a ser revistado e, através de uma seqüência
ascendente ou descendente, priorizar a região do tronco (peito e abdômen),
principalmente a região da cintura, para depois verificar os membros inferiores do
respectivo lado;
- Quando da verificação dos bolsos das vestes do abordado, jamais,
introduzir as mãos, pois podem conter objetos perfuro-cortantes, que venham a infectar
ou ferir o militar. Só após a constatação de que não existe nenhuma arma de posse do

39
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

abordado que se deve mandar que ele retire dos bolsos (com apenas uma das mãos) os
objetos que ali se encontram e jogue-os no solo;
- Caso seja detectado algum objeto ilícito durante a busca pessoal ou
constado flagrante delito, imediatamente: separar e colocar na posição de joelhos, as
pessoas, a fim de que seja algemada e reiniciar a busca pessoal de maneira mais
minuciosa, ou ainda se for o caso, conduzi-la ao interior da viatura;
- Relacionar os objetos ilícitos encontrados;
- Requisitar ao revistado sua identificação por meio dos seus documentos
e conferir sua autenticidade;
- Anotar seus dados pessoais;
- De posse dos dados pessoais do revistado, se ainda houver dúvidas, ir
até a viatura e através da rede rádio, solicitar ao Centro de Coordenação de Operações
que pesquise seus antecedentes criminais;
- Após a constatação do flagrante delito em relação à pessoa abordada
buscar, efetivamente, arrolar e qualificar testemunhas que possam ser devidamente
convocadas a depor a respeito dos fatos, devendo as exceções estarem plenamente
justificadas. é conveniente fazer perguntas ao revistado, tais como “você foi agredido
pelos militares?”; “Seus objetos pessoais estão todos aí?”, “Sumiu algum pertence?”;
- Após a busca pessoal, se verificado que o revistado é pessoa idônea e
que não possui antecedentes criminais, mandado de prisão expedido e tão pouco está em
posse de objetos ilícitos, explicar a finalidade da abordagem;
- Colocar-se à disposição e agradecer pela colaboração.

3) Busca pessoal básica


Pedir ao cidadão que levante a camiseta e retire tudo que possui nos
bolsos, mangas e outros que sejam julgados necessários.
Não há necessidade de colocar a pessoa em anteparos ou colocar-lhe em
posição de inferioridade.

REVISTA EM MULHERES.
- A busca em mulheres deve ser realizada preferencialmente pelo segmento
feminino da força, podendo ser realizada por qualquer mulher não necessariamente ligada
a força, devendo a revista feita por homens apenas quando não houver quaisquer das
acima e a mulher ofereça iminente risco a segurança da tropa.
- Quando por ocasião da revista pela militar do segmento feminino os militares
que não participam diretamente da segurança e revista devem ficar sem observação
direta na revista, podendo ser enquadrado como constrangimento ilegal.
- Deve ser feita a revista em locais reservados

Obs: - O segmento da população considerado como transexuais deve ser revistado como
se mulher fosse. Podendo as mesmas ser travestidas como homem ou como mulher.
- Artigos 180, 181 e 183 do Código de Processo Penal Militar (CPPM)

8. ABORDAGEM A VEÍCULOS
A abordagem a veículos é um tipo de intervenção, cujos procedimentos preveem a
aproximação dos meios de transporte de passageiros ou de carga, em via pública,
com objetivo de:
 orientar e prestar assistência;
 distribuir “folders” ou peças gráficas relacionadas operação;
 fiscalizar documentos de porte obrigatório do condutor e do veículo;
40
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

 vistoriar veículo na tentativa de localizar produtos ilícitos;


 realizar busca pessoal nos ocupantes do veículos.
A suspeição pode advir de algum critério subjetivo (conduta do cidadão, denúncia
anônima, dentre outros) ou objetivo (dados do geoprocessamento como local,
horário, veículo de tipo ou modelo geralmente utilizado para prática de crimes,
dentre outras informações da inteligência).

a. Conceitos aplicáveis à área de abordagem a veículos


Para proceder à abordagem a veículos, o militar poderá deve observar os princípios
de Análise de cenário, mapeando o local da ação em função da avaliação
de riscos. Nesse sentido, pode-se considerar:
 Área de contenção: é a área de abrangência da abordagem, em que a tropa
deverá manter constante monitoramento com objetivo de conter os abordados e
isolar o local contra a intervenção de terceiros;
 Área de risco: numa abordagem a veículos, compreende-se todo o espaço
livre em torno (360º) do veículo abordado. Nessa área, existem ameaças, reais ou
potenciais, que colocam em risco a segurança dos envolvidos, pelo fato da tropa não
deter, ainda, o domínio da situação;

 Área de aproximação: é o espaço que corresponde a uma faixa de


aproximadamente 75 cm de largura, que se inicia na altura do para-choques traseiro
(esquerdo/direito) do veículo abordado e termina antes do raio de abertura da porta
do motorista ou das portas traseiras quando houver passageiros nos bancos de trás.
É o local que oferece menor risco a tropa durante a aproximação;
 Área de alcance: é o espaço situado dentro da área de risco em que a
tropa estará vulnerável à agressão física por parte de ocupantes do veículo
(agressões com socos, com chaves de fenda, trancas de carro, dentre outros). Essa
área compreende um raio de extensão de aproximadamente um metro, partindo das
janelas do veículo;
 Setor de busca
 Setor de custódia

41
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Para avaliar ameaças, pode-se considerar as características de cada tipo de


veículo que será abordado (de transporte de passageiros ou cargas; de duas ou
quatro rodas; número de portas), o que influenciará, sobremaneira, no plano de
ação. Além disso, deve identificar quantas pessoas estão visíveis no interior do
veículo, para definir os pontos a serem monitorados. Dentre outras medidas
importantes para avaliar ameaças, pode-se analisar as características físicas dos
ocupantes e fazer a correlação com dados já conhecidos, consultar a placa para
averiguar se o veículo é furtado, identificar se existe algum veículo dando cobertura
ou acompanhando aquele que está sendo abordado, observar se foi dispensado
algum material do interior do veículo ou imediações e se há armas, com tipos e
quantidade utilizada pelos infratores.
ATENÇÃO! Deve-se evitar a abordagem em regiões com grande fluxo de pessoas
(locais próximos a grandes eventos, estádios, escolas, hospitais, bares ou bancos).
Aglomerados urbanos, em decorrência da topografia do terreno, também podem
oferecer risco a terceiros.

Ao iniciar uma abordagem veicular, a tropa deve:


 procurar fazer com que o veículo abordado pare em um local fora da pista de
rolamento (ou onde haja menos tráfego);
 estar atento quanto às possíveis rotas de fuga;
 evitar abordar próximo a locais onde pessoas hostis possam interferir na
abordagem;
 à noite, quando possível, escolher locais já conhecidos e com luminosidade
favorável;
 verificar a existência de outros veículos, que poderão dar cobertura ao
veículo abordado.
a. Modelos de abordagem:
 Abordagem a veiculo não suspeito(Assistência e orientação)

42
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Será empregada nas ações e operações de caráter educativo e assistencial (risco


nível I). Exemplos: distribuição de “folders” “Dicas EB ”, em PBCE/PBCVU, Check
Point dentre outros.
O Segurança, fica sempre atento a todas as reações do motorista do veiculo ou a
qualquer outro passageiro.
Militar que realizará a visualização do interior do veiculo e realizará a verbalização
com o motorista, solicitando a documentação. Realiza uma volta em torno de veículo
seguindo as setas pontilhadas, até a posição do motorista.

 Abordagem a veiculo suspeito(caráter preventivo)


Será empregada nas ações e operações de caráter preventivo (risco nível II), em
fatos que indiquem ameaça à segurança. É o caso das abordagens baseadas em
histórico de infrações (dados georeferenciados) ou situações em que a infração não
foi consumada, mas há indício de preparação para o seu cometimento.
Exemplos: abordagens de iniciativa decidida com base na avaliação de riscos;
denúncia de veículos em locais ermos ou parados em frente a estabelecimentos
comerciais, causando suspeição de comerciantes; operações com parada de
veículos para fiscalização de porte de armas, busca e apreensão de drogas, dentre
outros.
- Ordenar:
1) que o veículo seja desligado;
2) que cada passageiro, começando pelo motorista, saia do veiculo devagar,
com as mãos na cabeça, olhando para o verbalizador e se dirija sem movimentos
bruscos a retaguarda do veiculo, ou outro setor de busca;
Realizar busca pessoal nos ocupantes, solicitar documentos e iniciar vistoria
veicular.
 Abordagem a veiculo infrator (ações repressivas)
Será empregada nas ações e operações de caráter repressivo, caracterizado por
situações de fundada suspeita ou certeza do cometimento de delito (risco nível III).
Exemplos: veículo produto de furto ou roubo; veículo utilizado em sequestro; veículo
utilizado ou tomado de assalto; denúncia de ocupantes armados no interior do
veículo; veículo utilizado para fuga; veículo utilizado para transporte de drogas e
outros produtos ilícitos, dentre outros.
Exemplos: veículo produto de furto ou roubo; veículo utilizado em sequestro; veículo
utilizado ou tomado de assalto; denúncia de ocupantes armados no interior do
43
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

veículo; veículo utilizado para fuga; veículo utilizado para transporte de drogas e
outros produtos ilícitos, dentre outros.
- Ordenar:
1) que o veículo seja desligado;
2) que as mãos sejam colocadas para fora pela janela;
3) que as chaves sejam colocadas no teto do veículo;
4) que retire o cinto de segurança
5) abra a porta pelo lado externo do veículo;
6) que desembarque devagar, com as mãos para cima, olhando para o
comandante;
7) que caminhe em direção à viatura, de forma controlada, com as mãos
erguidas conduzindo-o para a parte de trás do veiculo;
8) que o suspeito vá para trás do veiculo, ou em um local considerado seguro,
iniciar a busca preliminar e a colocação de algemas SFC.
Após o desembarque do motorista, sugere-se a seguinte sequência:

 passageiro ocupante do banco dianteiro;


 passageiro ocupante da lateral esquerda do banco traseiro
 passageiro ocupante da lateral direita do banco traseiro.
 Procedimentos vistoria veicular:
A vistoria veicular poderá se iniciar pelo porta-malas, observando a existência de
objetos no assoalho, as laterais internas, pintura mal encoberta nos cantos e no
compartimento do guarda-estepe. Posteriormente, segue-se a vistoria da parte
externa, da parte interna, prosseguindo até a região do motor. O Vistoriador deve
considerar que o porta-malas é o local no veículo onde haverá a maior possibilidade
de ocultação de pessoas ou materiais ilícitos.
Antes do início da vistoria, perguntar se há objetos de valor, carteira, talões de
cheques, entregando-os prontamente ao condutor/proprietário, bem como, inquiri-lo
se há armas ou qualquer objeto ilícito no veículo;

a) Vistoria externa

O vistoriador iniciará a vistoria pela parte externa na seguinte ordem (sentido


horário): porta dianteira direita, lateral traseira direita; traseira; lateral traseira
esquerda, porta dianteira esquerda; capô, observando:

 se existem avarias, para identificar a ocorrência ou não de acidente de


trânsito recente;
 se a suspensão traseira encontra-se rebaixada, sugerindo a existência de
algum peso no porta-malas;
 outras peculiaridades externas como o lacre rompido e avarias na placa
(placa ilegível, letras irregulares, entre outras) e perfurações causadas por
disparos de arma de fogo.

b) Vistoria interna

44
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

O vistoriador poderá realizar a vistoria interna, começando pela porta dianteira


direita. O vistoriador realizará a vistoria interna como se segue:

 levantar o vidro (se estiver abaixado) e utilizar uma folha de papel atrás da
superfície do vidro para verificar a numeração gravada do chassi, e conferir se
o número existente corresponde ao número constante no documento do
veículo;
 localizar o número do chassi, no assoalho e no motor do veículo, e confrontá-
lo com a documentação, bem como verificar se existem indícios aparentes de
adulteração;
 abrir a porta ao máximo e verificar, principalmente nos cantos, a existência,
de pintura encoberta do veículo;
 balançar levemente a porta, a fim de verificar, pelo barulho, se existe algum
objeto solto em seu interior;
 verificar se existe algum objeto escondido no forro das portas, usando o
critério da batida na superfície, com recurso das mãos, para escutar se o som
é uniforme;
 verificar o porta-luvas, quebra-sol, tapetes, parte baixa do banco, entradas de
ar, cinzeiros, lixeiras e todos os compartimentos que possam esconder
objetos ilegais: chaves falsas, cartões magnéticos e documentos falsificados,
presença de armas, produtos de contrabando, dentre outros;
 prosseguir a vistoria pela porta e compartimento traseiro do lado direito;
seguir para a porta do lado esquerdo e, após, para o assento do condutor,
verificando: o(s) banco(s), assoalho, lateral do forro e o que se fizer
necessário.
Após a constatação de que as pessoas abordadas são idôneas e que não possui
antecedentes criminais, que não se trata de veículo roubado, não há mandado de
prisão expedido e tampouco estão com a posse de objetos ilícitos, dizer: “Senhor(es)
este procedimento é de rotina do Exército Brasileiro, agradeço pela colaboração e
conte com o nosso serviço. O(s) senhor(es) está(ão) liberado(s)!”.
NOTA: O militar segurança deve estar sempre atento.

9. ABORDAGEM A VEÍCULO MOTOCICLETA


Para abordar um veículo Motocicleta é necessária uma preparação semelhante à
abordagem comum.
a. Como fazer:
- Ordenar:
1) que o veículo seja desligado e retire a chave do contato;
2) que as mãos sejam colocadas acima e linha da cabeça;
3) com o condutor ainda na moto o revistador faz uma rápida revista na linha
da cintura, e tronco;
4) que coloque a moto no suporte lateral (pezinho)
5) peça que o condutor desembarque da moto;
6) peça que coloque as mãos sobre capacete e entrelaça os dedos ;
7) que caminhe em direção à viatura, de forma controlada,

45
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

8) que o suspeito vá para trás do veiculo, ou em um local considerado seguro,


iniciar a busca preliminar e a colocação de algemas SFC.

4. ALGEMAÇÃO
a. Algumas dúvidas mais comuns:
- Integridade Física: art. 5º da Constituição – ninguém será submetido a
tratamento degradante e também assegura o respeito à integridade física e moral;
- O Infrator: Código e Lei de Execução Penal dispõem que o detido conserva
todos os seus direitos não atingidos pela perda de liberdade;
- Abuso de Autoridade: algemar, sem critério, viola a incolumidade do corpo
do cidadão, podendo caracterizar agressão, tortura ou tratamento degradante, mesmo
quando do ato da detenção;
- Quando Algemar?
“só é licito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de
fuga ou perigo à integridade física própria ou alheia por parte de preso ou de terceiros...”
- Menores! A Procuradoria Geral da Justiça, através do aviso nº 022/92 PGJ,
ao tratar da apreensão de crianças e adolescentes, instituiu no art. 1º, §6º que o uso de
algemas não é vedado, devendo a sua utilização, justificar-se pelo desenvolvimento físico
do adolescente ou sua manifesta periculosidade.

Como fazer:

Após o posicionamento do capturado, infrator da lei, o militar aproxima-se da


pessoa a ser algemada, estando seu armamento no coldre;
2 Foto 02 – Algemamento

46
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

O militar de posse de suas algemas com a mão-forte, deverá segurar algema,


tendo a abertura dos elos voltada para frente. Segurar, com a mão-fraca, as mãos
do capturado, estando seus dedos entrelaçados ou sobrepostos, enquanto a mão-
forte inicia o ato de algemação.
Foto 03 – Empunhadura da algema

Pelo lado da abertura do elo inferior, colocar algema no capturado de forma que
não fique aberta em demasia, exercendo pressão do elo contra o pulso. Não se
deve bater algema no punho do capturado, pois este ato poderá acarretar em
lesão. O gancho de fechamento deverá estar voltado para o lado em que estiver o
militar.
Foto 04 – Algemação

Após o fechamento da algema, torcer o corpo da algema de forma a conduzir o


punho do capturado para sua região dorsal;
FOTO 5 – POSIÇÃO PARA ALGEMAÇÃO

47
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Posicionar o segundo elo com o gancho de fechamento voltado para cima,


diagonalmente, para que o outro punho do capturado seja conduzido pela mão
fraca do militar e apoiado facilmente no gancho de fechamento girando em torno
de si e prendendo a algema;
Verificar o grau de aperto dos ganchos de fechamento;
Verificar se as mãos do capturado estão voltadas para fora;
FOTO 06 – POSIÇÃO DA ALGEMA

NOTA:
Força Moderada considera-se a energia necessária para cessar uma injusta
agressão, sem abuso ou constrangimentos, objetivando a proteção do militar e o controle
do agressor.
O STF fez a Sumula Vinculante n°11, que faz a previsão dos casos em que
se pode algemar:
“só é licito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio
de fuga ou perigo à integridade física própria ou alheia por parte de preso ou de
terceiros...”

48
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO III

PATRULHAMENTO OSTENSIVO

O Patrulhamento Ostensivo consiste na disposição de tropas dentro da área de


operações, realizando patrulhas a Pé, Motorizadas (em Viatura ou em Motocicleta),
Blindada / Mecanizada ou a Cavalo.

a) Patrulhamento a Pé
Em uma equipe de Patrulhamento Ostensivo a pé, o efetivo mínimo a ser
empregado será de 09 (nove) militares, correspondente à unidade de manobra valor
Grupo de Combate (GC).
O Cmt GC tem a prerrogativa de utilizar suas peças de manobra, as esquadras,
separadamente em becos e vielas, mas sempre mantendo as duas próximas, com a
possibilidade de apoio mútuo.
Deverá ser realizado:
- nas áreas urbanas em zonas residenciais de elevada densidade
demográfica;
- zonas de concentração comercial, logradouros públicos;
- onde o trânsito de veículos é proibido ou impossibilitado, e predomina a
circulação de pedestres.
Neste tipo de patrulhamento cresce de importância a comunicação entre os
Cmt GC e o Cmt Pel, e com o Escalão Superior, pois as operações são muito
descentralizadas e deve ser possível, a qualquer momento, o pedido de reforço.

b) Patrulhamento Motorizado em Viatura


O efetivo embarcado é variável, de acordo com o tipo de viatura, sendo no
mínimo de 01 Grupo de Combate. O emprego ideal é de duas viaturas, uma para cada
esquadra. Entretanto, devido à disponibilidade e características das mesmas, o
patrulhamento pode ser feito com uma viatura apenas, porém não se deve diminuir o
mínimo: uma das esquadras do GC deve ser empregada a pé, na mesma área de
patrulhamento, para apoio mútuo.
Durante a realização, a viatura deverá estar em baixa velocidade, obedecendo
às regras de trânsito durante o tráfego e o estacionamento, empregando procedimentos
especiais quando da perseguição, se for o caso.
A sirene deverá ser utilizada somente em casos de emergência.

49
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

O patrulhamento motorizado deverá ser


realizado:

- Em áreas urbanas que sejam muito


extensas para o patrulhamento a pé;

- Ampliando o raio de atuação do


patrulhamento a pé;

- Como pronta-resposta ao atendimento de


ocorrências;

- Como reforço para o patrulhamento a pé.

FIGURA 01 – DISPOSITIVO DE PATRULHAMENTO MOTORIZADO

c) Patrulhamento Motorizado em Motocicleta


Este patrulhamento deve ser realizado por um Pelotão de Motociclistas, cujo
efetivo pode ser variável, dependendo da quantidade de militares aptos para realizar esta
tarefa (lembrando que muitas unidades não dispõe de um Pelotão de Reconhecimento).
Esta tropa terá os seguintes objetivos:
- Patrulhar áreas extensas, porém restritas ao movimento de viaturas;
- Ficar em condições de reforçar as tropas que estão patrulhando, colocando
rapidamente um grande efetivo na área.
Quanto à quantidade de homens por motocicleta, é valido observar que motos
com um homem só tem mais possibilidade de alcançar infratores em motos, durante
perseguições. Por isso, em algumas situações a fração pode estar mista: deve haver 03
motos com apenas um militar (para que, em caso de perseguição, possam realizar uma
abordagem enquanto o restante da tropa se aproxima) e o resto do pelotão com dois
homens por moto.
Vale ressaltar que os militares devem estar usando capacete para moto, e não
o capacete balístico, para evitar acidentes. Entretanto já existem disponíveis no mercado
capacetes com proteção balística e proteção jugular.

1. ARMAMENTO E EQUIPAMENTO

Devido às peculiaridades das Op GLO, a dotação de armamento do Pelotão


deve ser modificada, assumindo a seguinte configuração:

Cmt Pel Fz, Pst, 2x GL 307, GL 300T-H, GL 108

Adj Pel Fz, Pst, 2x GL 307, GL 300T-H, GL 108

ROp Fz, 2x GL 307, GL 300T, GL 108

50
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

At MAG Cal 12, Pst, 24X AM403/P, GL 307, GL 310

Aux MAG Fz, 2x GL 307, GL 300T-H, GL 108 MAX

Cmt GC Fz, Pst, 2x GL 307, GL 300T-H, GL 108

Cb Esq Fz, AM 600, 6x GL 203 L, 6x AM 404, GL 108 MAX, 2x GL 300T

E1 Fz, Cal 12, 24X AM403/P, 2x GL 307, GL 300T, GL 108 MAX

E2 Fz, 2x GL 307, GL 300T, GL 108

A1 Fz, Cal 12, 24X AM403/P, GL 307, GL 310

Cb Esq Fz, AM 600, 6x GL 203 L, 6x AM 404, GL 108 MAX, 2x GL 300T

E3 Fz, Cal 12, 24X AM403/P, 2x GL 307, GL 300T, GL 108 MAX

E4 Fz, 2x GL 307, GL 300T, GL 108

A2 Fz, Cal 12, 24X AM403/P, GL 307, GL 310

Com relação ao equipamento, torna-se importante que os militares possuam


os seguintes materiais, individualmente:
- Colete balístico modular: o militar deve conduzir um colete balístico cuja
proteção seja condizente com os armamentos portados pelos APOP da área a ser
patrulhada (ver capítulo sobre Balística). Além disso, este equipamento deve ser modular,
pois permite uma melhor adaptação à particularidade anatômica de cada indivíduo. Isso é
extremamente importante, haja vista a posição dos acessórios, sejam porta-carregadores
de fuzil, pistola, porta-munições de Cal 12 e porta-granadas ou porta-rádio e porta-
algema. O militar deve treinar com o mesmo equipamento que levará em sua missão, de
modo que possa adquirir a memória muscular do posicionamento de cada item em seu
fardo aberto.
- Bandoleira: a bandoleira usada em operações deve permitir que o militar
mantenha seu fuzil preso ao corpo tendo as mãos vazias (para carregar algo/alguém,
manipular objetos ou transpor obstáculos) e liberdade ampla de movimentos de modo que
seja possível transpor muros, subir em lajes ou telhados. Um tipo de bandoleira
recomendável é a chamada “3 pontas”, porém as bandoleiras mais simples (tipo correia)
podem ser ajustadas conforme será mostrado na parte de Técnica de Posicionamento.
- Luvas táticas: há diversos modelos de luvas táticas que podem ser
usadas para operações em ambiente urbano, mas algumas características não podem
faltar neste item, como palma da mão reforçada (para proteger as mãos durante a
transposição de muros e para executar rapel); proteção dos dedos inteiros; falange dos
dedos indicador, médio e polegar com tecido mais fino (que não anule a sensibilidade do
tato).
- Lanterna tática: as lanternas são muito úteis em operações noturnas, bem
como em operações diurnas, quando torna-se necessário entrar em cômodos mal-
iluminados. Ela cumpre a dupla finalidade de iluminar objetos e ambientes e de cegar,
temporariamente, os APOP, diminuindo sua capacidade de reagir contra a tropa. Algumas
características se tornam importantes quanto a essas lanternas: devem ter no mínimo 200

51
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

lumens, acionamento pela retaguarda (com sensibilidade o suficiente para acender com
um toque, apagando em seguida, sem precisar de um segundo acionamento) e ser
robusta (à prova de água e impacto).

Há outros dois equipamentos que a tropa em Pa Ost deve possuir, no mínimo,


por esquadra:
- Algemas e lacres: sobre as algemas, deve-se apenas atestar a qualidade
da ligação entre as duas, de modo que não sejam rompíveis por um indivíduo muito forte.
Com relação aos lacres, devem ser largos e compridos, em modelos feitos para imobilizar
pessoas ou preparados previamente em argolas entrelaçadas para facilitar a algemação.
- Câmera de capacete: recomenda-se que haja uma por esquadra porque
estas poderão realizar abordagens sem o resto do GC, caso tenha capacidade para tal.
Isso se deve ao fato de que as câmeras de capacete da tropa permitem o registro das
ocorrências sem que nenhum militar precise abrir mão da segurança para filmar. Devem
ser câmeras robustas (à prova de água e impacto), preferencialmente sem fio, e é
interessante que estejam com o Cb Esq, pois como comandante da fração, estará
preocupado em sempre olhar o principal incidente da ocorrência. Desta maneira as partes
mais críticas serão sempre registradas. Este registro é muito útil em dois aspectos: traz
mais detalhes de informação do que um relatório escrito e garante a versão da tropa, caso
a ocorrência provoque algum processo na Justiça.

2. PATRULHAS EM GLO
As ações de Garantia da Lei e da Ordem abrangem o emprego da F Ter em
variados tipos de operações e atividades em face das diversas formas com que as APOP
podem se apresentar. As patrulhas em GLO são classificadas da seguinte forma:

Patrulhas de Combate Patrulhas de Reconhecimento Patrulhamento Ostensivo


- Oportunidade; - Ponto; - a Pé;
- Captura; - Área; - Motorizado com Viatura;
- Interdição; - Itinerário; - Motorizado com
- Suprimento; - Vigilância; Motocicleta
- Segurança; - Força; - A Cavalo
- Resgate;

A organização das patrulhas em GLO deve seguir as previstas no Manual de


Patrulhas (C 21-75), adaptando-se algumas funções para a realidade destas, onde os
direitos civis dos cidadãos estariam mantidos.

Cmdo

Esc Pcp Esc Seg


FIGURA 02 – ORGANOGRAMA GENÉRICO DE PATRULHA

52
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Cmdo

GpGp
PaPa
Gp Pa
FIGURA 03 – ORGANOGRAMA DE UM PATRULHAMENTO OSTENSIVO

3. TÉCNICAS DE PATRULHAMENTO OSTENSIVO

As técnicas de progressão, observação e transposição necessárias para o


combate em ambiente urbano requerem uma preparação específica, a qual se diferencia
das técnicas utilizadas em outros tipos de terreno.
3.1. PROGRESSÃO
Para reduzir a exposição ao fogo inimigo, o militar deve evitar expor sua silhueta e
progredir o mínimo possível em áreas abertas, para isso, deve escolher a posição coberta
mais próxima antes de progredir e deve levar em consideração um encontro fortuito com o
APOP.
Áreas abertas como ruas e praças são zonas de matar naturais, pois são de fácil
visualização dos APOP. Por isso a progressão em ambientes urbanos deve ser,
preferencialmente, executada procurando sempre ficar próximo a algum anteparo (paredes
e muros de casas e edifícios), procurando abrigo atrás de postes, carros, escadas de
alvenarias, etc.
O militar deve dominar e executar com perfeição todas as técnicas de progressão
aprendidas na Instrução Individual Básica, sabendo avaliar qual delas melhor se aplica a
cada situação, fazendo um judicioso estudo do inimigo, terreno e condições de observação.

FOTO 01- 02 – PROGRESSÃO UTILIZANDO ARVORES, POSTES E MUROS


a) Empunhadura do Armamento
Diferente da empunhadura convencional, ela visa a prática do Tiro de Ação
Reflexa, predominando a velocidade, em detrimento da precisão do disparo.

53
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

EMPUNHADURA
- Mão forte empunha o Armt pelo punho;
3 - Dedo indicador fora do gatilho, apoiado na
armação;
- Mão fraca posicionada na junção do carregador
1 com a armação e as placas do guarda mão;
- Indicador da mão fraca pode ou não estar paralelo
4 ao cano;
- Polegar por trás da alavanca de manejo;
- Cotovelos devem estar sob a arma, colados ao
corpo, oferecendo um maior apoio ao atirador e
2 diminuindo sua silhueta.
Importante: manter sempre o dedo fora do
gatilho
FOTO 03 – EMPUNHADURA DO FUZIL
b) Posições de Pronto
Descrevem a maneira como o militar deve conduzir e utilizar o armamento no
momento do disparo, adequando-se às cobertas e abrigos disponíveis, de acordo com as
características do terreno. Existem três posições básicas:

PRONTO 1

- Tronco levemente inclinado para frente;


- Joelhos levemente flexionados;
- Arma voltada para frente e apontada para o solo;
- Pés afastados aproximadamente na largura dos
ombros e voltados para frente;
- Cabeça levantada, com dois olhos abertos e
observando o setor em 180º.

FOTO 04 – POSIÇÃO DE PRONTO 1

Variação

PRONTO 2

- Posição do corpo, pés e cabeça são as


mesmas da posição de PRONTO 3;
- Posição intermediária entre a posição de
PRONTO 3 e PRONTO 1;
- Arma levantada, voltada para frente sem estar
na altura dos olhos.

FOTO 05 – POSIÇÃO DE PRONTO 2

54
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

PRONTO 3

- Para rápido engajamento do alvo a curtas


distâncias, máximo 20 metros;
- Deve ser tomada somente no momento da
execução do tiro;
- O Armt é levado até a altura dos olhos;
- Cabeça permanece erguida sobre a coronha do
Armt com os dois olhos abertos;
- Foco na massa de mira;
- Massa de mira no centro do alvo.

FOTO 06 – POSIÇÃO DE PRONTO 3


c) Cobertas e Abrigos
Ao ocupar um abrigo, o militar deve, sempre que possível, tomar sua posição
de tiro observando pela lateral do mesmo, da posição mais baixa que ele puder.
Os militares, sejam destros ou canhotos, devem ser treinados para adaptar-se a
cada situação, sendo capazes de empregar seu Armt fazendo uma empunhadura trocada,
se necessário. Isso evitará sua exposição ao ocupar um abrigo.

FOTO 07 OCUPAÇÃO CORRETA DE ABRIGO FOTO 08 - OCUPAÇÃO INCORRETA DE ABRIGO

d) Lanço
Antes de progredir para outra posição, o combatente deve fazer um
reconhecimento visual e selecionar a posição com melhor abrigo ou coberta. Ao mesmo
tempo, deve escolher o itinerário que o levará a conseguir atingir aquela posição, fazendo o
Estudo do Lanço.
- PARA ONDE VOU?
- POR ONDE VOU?
- COMO VOU?
- QUANDO VOU?

O lanço deve ser rápido, curto, e sempre coordenado com uma base de fogos.

e) Posicionamento

55
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

POSIÇÃO DE
COMBATE

- Maior velocidade de
deslocamento e de
mudança de direção;
- Aumento da proteção
balística;
- Possibilita tiro em
movimento;
- Maior controle da
arma.

FOTO 09 – POSIÇÃO DE COMBATE

POSIÇÃO DE JOELHO
ALTO

- Maior estabilidade;
- Maior controle da arma;
- Maior velocidade nos
deslocamentos e
mudanças de direção;
- Possibilidade de apoio
de fogo.

FOTO 10 – POSIÇÃO DE JOELHO ALTO


TORRE / ALTO-BAIXO

56
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

FOTO 11-12 – POSIÇÃO TORRE COM 2 OU 3 HOMENS

Posição que permite ao grupo de combate maior poder de fogo na mesma direção
ou em direções distintas. Esta posição aumenta a segurança do grupo com relação às
ameaças frontais e permite ainda que sejam batidas ameaças imediatas, inclusive as
tridimensionais, que no caso das Operações de Garantia da Lei e da Ordem, consistem em
lajes, janelas, etc.

CRUZADA

FOTO 13-14 – TOMADA DE ÂNGULO CRUZADA, TEMPO 1 E 2

Tomada de ângulo conjunta em direções opostas, onde o militar da esquerda realiza


o fatiamento do lado direito e o militar da direita realiza o fatiamento do lado esquerdo, um
estando de pé e o outro abaixado. Terminado o fatiamento, os militares se cruzam para
tomar totalmente o ângulo. Ex: saída de vielas, vias em T, etc.

57
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Após o fatiamento os militares se


cruzam e assumem os ângulos
fatiados.
- O militar abaixado deverá tomar
cuidado para não cruzar na frente do
fuzil do companheiro que se encontra de
pé.
- É aconselhável que o fuzil esteja
apoiado no ombro do lado mais próximo
à tomada de ângulo, a fim de diminuir a
exposição do militar.

FOTO 15 – TOMADA DE ÂNGULO CRUZADA, TEMPO 3

SIAMESA

- Os militares realizam todo o fatiamento com


as costas coladas;
- Em seguida assumem os ângulos que cada
um fatiou;
- É aconselhável que o fuzil esteja apoiado
no ombro do lado mais próximo a tomada de
ângulo, a fim de diminuir a exposição do
militar.

FOTO 16 -17-18 – TOMADA DE ÂNGULO SIAMESA, TEMPOS 1, 2 E 3

58
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Tomada de ângulo conjunta em direções opostas, onde os militares realizam o


fatiamento simultaneamente juntando suas costas como se estivessem colados. Terminado
o fatiamento os militares tomam totalmente o ângulo, cada um do lado em que realizou o
fatiamento. Ex: saída de vielas, vias em T, etc.
Em caso de cruzamentos, pode ser realizada com 3 militares, o terceiro homem
atrás dos dois, fazendo segurança para frente e tomando o cuidado para não expor o cano
do armamento precocemente.

f) Áreas Críticas
1) Travessia de áreas abertas
Para atravessar uma área aberta, como ruas, praças, campo de futebol, etc, o
militar deve escolher um itinerário que contorne essas áreas e se deslocar próximo às
construções. Caso seja inevitável atravessar a área, devem ser executados lanços
rápidos, um militar por vez, reduzindo-se o tempo de exposição, e coberto pelos fogos do
restante da patrulha. Granadas de mão fumígenas podem ser usadas para ocultar a
progressão.

FIGURA 01 – TRAVESSIA DE ÁREAS ABERTAS COM CORTINA DE FUMAÇA

2) Passagem por portas e janelas


A progressão ao lado de portas e janelas acarreta perigo, em virtude de ser
comum o erro de exposição, ocasionando o risco de ser alvejado por um atirador inimigo
que esteja dentro de uma construção.
Para ultrapassar uma porta ou janela podemos utilizar as seguintes técnicas:
a. Varredura dinâmica:
Esta técnica permite que um cômodo seja observado por apenas um militar,
realizando um movimento circular, na direção que lhe permita vasculhar todo o
compartimento;

59
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

VARREDURA DINÂMICA
EM PORTA/JANELA

- O militar deve realizar uma tomada de


ângulo na porta/janela;
- Após a varredura, o militar mantém
sua posição observando a porta/janela
até que toda sua fração passe por esse
ponto crítico;
- Quando todos tiverem passado, o
militar prossegue em seu deslocamento.

FOTO 19 – VARREDURA DINÂMICA EM PORTA E PORTA

b. Passagem abaixo do nível da janela:


O militar deve manter-se em uma posição abaixo do nível da janela, que não
exponha sua silhueta, e deslocar-se o mais rente possível à parede da construção. Um
atirador inimigo de dentro da edificação terá dificuldade ao tentar alvejar o combatente,
além de se expor aos fogos que cobrem a sua progressão.

FOTO 20-21 - MILITAR SE MOVENDO ABAIXO DO NÍVEL DA JANELA

Quando passar por janelas de porão, o combatente não deve caminhar ou


andar. Nessa situação, o procedimento correto é ficar próximo à parede e executar um
salto além da janela, evitando a exposição de suas pernas.

60
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

FIGURA 02 - MILITAR REALIZANDO UM SALTO PARA ULTRAPASSAR UMA JANELA DE PORÃO

3) Saída por portas e janelas


Caso existam construções abertas e abandonadas no trajeto do deslocamento,
os militares poderão progredir utilizando a parte interna destas construções e, ao sair ou
entrar nelas, deve atentar para:
- escolher uma posição coberta fora da construção;
- mover-se rapidamente;
- diminuir sua silhueta; e
- estar coberto por fogos.

PRÓXIMA POSIÇÃO
COBERTA

COBERTURA POR
FOGOS

FIGURA 03 – SAÍDA DE PORTAS E JANELAS

3.2. OBSERVAÇÃO
a) Olhada baixa
É uma técnica que consiste em realizar observações de uma posição mais
baixa. Para isso, o observador deverá posicionar-se atrás de um anteparo e deitar-se no
61
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

chão. Com o auxílio das mãos e dos pés, ergue o seu corpo, o suficiente para deixá-lo
sem contato com o solo e o projeta em um movimento baixo e rápido.
Deve tomar cuidado ao abordar o canto do anteparo para não projetar sombra
ou partes do seu corpo ou equipamento, antes de executar a técnica.
A observação deverá ser rápida e eficiente, pois uma demora poderá denunciar
a posição de quem observa. O armamento deverá estar à tiracolo, e a silhueta do
combatente não deverá ser projetada além do anteparo, para não denunciar a sua
posição.

FOTO 22-23 – OLHADA BAIXA

b) Olhada alta
É outra técnica que visa minimizar a exposição durante ato de observar. Uma
vez posicionado atrás de um anteparo, o observador não deverá realizar duas
observações de uma mesma posição.
Para que isso não ocorra, uma vez realizada a primeira observação, o
combatente deverá escolher um local diferente do anterior, sem que seja necessário trocar
de anteparo, bastando para isso, modificar a altura de onde irá observar.

FOTO 24-25 – OLHADA ALTA


c) Fatiamento
É uma técnica de observação utilizada quando o inimigo está próximo do
atirador e o contato é iminente. Com o fuzil na posição de “PRONTO 1”, o militar deverá
apontar a sua arma para a quina do canto, através do qual deseja observar.
62
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Essa quina servirá de eixo sobre o qual o observador deverá realizar um


movimento lento e circular, de forma que possa observar à frente de maneira gradativa,
até visar o lado oposto do recinto.
O observador deverá inclinar seu tronco na direção em que realizará seu
deslocamento, evitando que seus pés fiquem expostos, para observar o inimigo sem que
este o observe. Em seguida, avançará e atirará sobre o mesmo.

CERTO ERRADO

FIGURA 04 – FATIAMENTO

FOTO 26-27-28 – FATIAMENTO

É importante frisar que o militar deve trocar o armamento de ombro, caso


precise realizar o fatiamento em outro sentido, para não expor seu cotovelo ou ombro
antes do cano do armamento.

d) Tomada de ângulo
Outra técnica de observação, mais ofensiva que o fatiamento, é a tomada de
ângulo. O militar deve aproximar seu pé, oposto ao lado do ângulo que irá ganhar, o
máximo possível da esquina sem denunciar sua posição. A seguir, deverá inclinar seu

63
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

corpo rapidamente, com o peso apoiado neste pé que está à frente, girando em torno da
quina, tomando todo o ângulo da sua frente e o da via que quer ganhar.

FOTO 29 – TOMADA DE ÂNGULO

Também nesta técnica o militar deve trocar o armamento de ombro, caso


precise realizar o fatiamento em outro sentido, para não expor seu cotovelo ou ombro
antes do cano do armamento.

e) Observação com espelho

- Possibilita a observação sem que


haja necessidade de exposição da
silhueta ao fogo inimigo;

- Deve tomar cuidado para não


revelar sua posição, projetando sua
sombra ou partes do seu corpo ou
equipamento.

FOTO 30 – OBSERVAÇÃO COM ESPELHO

3.3. TRANSPOSIÇÃO DE OBSTÁCULOS

a) Escadas

64
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

O uso de escadas é o método mais rápido para obter acesso aos níveis
superiores de uma construção. As unidades podem obter escadas com a população civil do
local, em lojas, ou obter material para construir uma escada através da cadeia de
suprimento. Uma escada pode ser improvisada com a utilização de madeira retirada de
escombros, mas deve ser considerado o tempo para a montagem de uma escada. Existem
também modelos de escadas táticas, que são portáteis.

Apesar das escadas não permitirem o


acesso ao topo de alguns edifícios,
oferecem segurança, proteção e
velocidade para alcançar os níveis
intermediários.

FOTO 31 – TRANSPOSIÇÃO DE MURO COM ESCADA

b) Fateixa
O gancho deve ser resistente, portátil, facilmente lançado e equipado com garras
que possam prender-se a uma janela ou ressalto. A corda deve ter de 1,5 a 2,5 cm de
diâmetro e comprimento suficiente para alcançar a janela ou objetivo. Cordas fradeadas
facilitam a escalada da parede ou muro. O militar deve seguir os seguintes procedimentos
para o lançamento:
- ao lançar o gancho, fique o mais próximo do edifício. Quanto mais perto você
ficar, menor será a exposição aos fogos inimigo e menor será a distância horizontal que o
gancho deverá percorrer.
- calculando-se que há corda suficiente para atingir o objetivo, segure o gancho
e algumas voltas de corda na mão que irá lançar. O restante da corda deve estar solto, na
outra mão, para permitir que a corda corra livremente. O lançamento do gancho deve ser
feito para cima, com a outra mão soltando a corda.
- uma vez que o gancho está dentro da janela (ou no teto), puxe a corda para
ter certeza que está bem presa, antes de começar a subir. Ao usar uma janela, puxe o
gancho para um canto, para garantir as chances de estar bem segura e para reduzir a
exposição às janelas inferiores durante a escalada.

65
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

A fateixa deve ser usada apenas como


um último recurso e longe de posições
inimigas em potencial. Este método
pode ser mais bem utilizado em
edifícios adjacentes, que ofereçam
locais cobertos, ou um telhado de
ligação às posições inimigas.

FOTO 32 – TRANSPOSIÇÃO DE MURO COM FATEIXA


c) Transposição de muros

- Fuzil à tiracolo;
- Deitar sobre o muro de maneira a
expor o mínimo possível sua
silhueta;
- Observar o outro lado;
- Rolar por cima do muro
rapidamente; e
- Caso o muro seja muito alto,
deverá se segurar como se estivesse
realizando uma barra e depois
soltar o corpo.

FOTO 33 – TRANSPOSIÇÃO DE MURO

MURO PEQUENO

- Ao abordar o muro, verificar a


presença de inimigo do outro
lado;

- Transpor o muro expondo o


mínimo possível sua silhueta.

FOTO 34 – TRANSPOSIÇÃO DE MURO PEQUENO

66
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Após transpor o muro, o militar


deverá estabelecer a segurança
para que os demais elementos
também ultrapassem o muro.

FOTO 35 – TRANSPOSIÇÃO DE MURO PEQUENO


MURO MÉDIO

- O primeiro militar a abordar o


muro deve pôr seu fuzil a
tiracolo e ficar de costas para o
muro com as pernas levemente
flexionadas;
- O segundo militar deve colocar
seu fuzil a tiracolo e apoiar-se
no primeiro para subir;
- Verificar a presença de inimigo
do outro lado;
- Transpor o muro expondo o
mínimo possível sua silhueta.
FOTO 36 – TRANSPOSIÇÃO DE MURO MÉDIO
- Após transpor o muro médio, o
militar deverá estabelecer a
segurança para que os demais
elementos também
ultrapassem;

- O penúltimo militar deve ficar


em cima do muro para auxiliar a
transposição do último do
grupo.
FOTO 37 – TRANSPOSIÇÃO DE MURO MÉDIO

67
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

MURO INDUSTRIAL
(PIRÂMIDE HUMANA)

FOTO 38-39 – TRANSPOSIÇÃO DE MURO INDUSTRIAL, COM A TÉCNICA DA PIRÂMIDE HUMANA

Esta técnica deve ser usada quando não for possível desbordar o muro, ou para
surpreender a Força Adversa, infiltrando em locais de difícil acesso. Para ser
corretamente executada requer adestramento e bom condicionamento físico. O efetivo
mínimo para realizá-la com segurança é de 01 GC.
Os militares da base devem ser os mais altos e mais pesados. A base pode estar
de frente ou de costas para o muro, apoiando as costas ou os antebraços,
respectivamente. O segundo andar da pirâmide deve ser composto por militares de porte
mediano, e irá ficar de costas para o muro, procurando o equilíbrio. A ponta da pirâmide
será composta pelo militar mais leve do grupamento.
Este militar mais leve deverá escalar a pirâmide (com ou sem o auxílio de outros)
e será levantado pelo “segundo andar” da pirâmide, até que alcance o muro. Quando já
estiver deitado em cima do muro, ele deve receber uma fateixa e encaixá-la no muro, para
que o resto da tropa possa transpor escalando a corda.

68
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO IV

TÁTICAS DE PATRULHAMENTO OSTENSIVO

As Táticas de Patrulhamento Ostensivo devem ser entendidas como a aplicação


das técnicas por uma fração, em um dado ambiente operacional. Portanto, cada uma
delas é adequada para um tipo de situação e os comandantes das frações devem
entender sua finalidade e seu emprego correto.

2. TIPOS DE PROGRESSÃO
a) Contínua
É normalmente utilizada em Áreas Verdes, dividindo-se o GC em duplas de
patrulhamento, que mantém uma pequena distância umas das outras.

FIGURA 02 – PROGRESSÃO CONTÍNUA

A principal preocupação do Cmt de fração nesse tipo de progressão é evitar


que os homens se distanciem demais uns dos outros, ou que se agrupem demais e
comecem a dispersar sua atenção.

b) Esteira
Deve ser usada em Áreas Vermelhas, quando a velocidade é prioritária à
segurança e quando há proteção dos muros, como em becos, ruas estreitas e ruas com
ameaça unilateral.

FOTO 01-02 – PROGRESSÃO EM ESTEIRA


69
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Trata-se de um tipo de progressão que é mais rápido e menos desgastante que


a Ponto a Ponto, mas que só deve ser usada nas situações citadas acima. O efetivo ideal
para esta progressão é de um GC (9 homens). Com uma Esquadra (4 homens) é inviável,
conforme será mostrado abaixo.

o
FIGURA 03 – PROGRESSÃO EM ESTEIRA

Nessa progressão a tropa se desloca em “coluna por 1”, encostada na parede


que oferecer abrigo contra a ameaça. Os militares que se encontram no meio do
grupamento devem procurar fazer segurança para as laterais e para ameaças em lajes e
janelas. O militar que estiver à frente da coluna – normalmente um dos Esclarecedores do
GC -, é quem dita a velocidade do deslocamento e o itinerário a ser seguido.
Toda vez que houver um beco, ou uma porta, oferecendo risco à progressão da
tropa, o Esclarecedor deve verificar se este local está em segurança e manter-se nesta
posição até a passagem de todos os militares por este ponto crítico. Enquanto o
Esclarecedor realiza esta atividade através das técnicas de fatiamento ou de olhada, o
outro militar que estiver atrás dele deve fazer a segurança para a frente (direção de
deslocamento) e, em seguida, assumir a frente do dispositivo.

FOTO 03 – PROGRESSÃO EM ESTEIRA

Durante toda a progressão, o último homem da coluna – normalmente um dos


Esclarecedores da esquadra que estiver atrás -, deve fazer a segurança no sentido
oposto ao deslocamento da tropa. Ele deve parar antes dos pontos críticos (becos, portas,
janelas) e aguardar sua substituição, fazendo a segurança para trás.
Após a passagem de um ponto crítico, o último militar que estiver na esteira
deve fazer a segurança para trás e chamar quem estiver fazendo a segurança para a
retaguarda, o qual realizará um lanço até ocupar uma posição no meio do grupo. Em

70
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

seguida, este mesmo militar chamará os militares que se encontram fazendo segurança
de becos e portas, do mais afastado para o mais próximo, de modo que ao passar por um
beco ou porta, estes estejam em segurança. O próprio militar que chamou os
companheiros deve ficar, a partir de então, fazendo a segurança para trás.
Quando o beco é tão estreito que impossibilita o último homem a executar um
lanço em segurança (fora da linha de visada do militar que o substituirá), ele deve ser
puxado de costas até um ponto onde este lanço seja possível.
Os Esclarecedores devem, prioritariamente, ocupar sua função à frente e à
retaguarda do dispositivo (de acordo com a disposição das esquadras). Os Atiradores,
preferencialmente, devem estar prontos para apoiar os esclarecedores na segurança à
frente e à retaguarda da esteira, e nos becos, sempre quando for necessário um maior
poder de fogo nestas posições.
Os Cabos comandantes das esquadras serão a ferramenta do 3º Sgt
comandante do GC, para ajudar o controle do grupo; ora incentivando o esclarecedor da
frente para que ande; ora voltando para a retaguarda para puxar os últimos
esclarecedores. O 3º Sgt Cmt GC deverá procurar ocupar uma posição central na esteira,
de modo que possa controlar seu pessoal e dar suas ordens, definindo itinerários e
condutas.
Eventualmente, pode ser necessário que qualquer dos componentes do GC
(inclusive seu Cmt) realize a tomada de becos ou segurança da retaguarda, ou mesmo
assuma a frente do grupo. Mas assim que possível, os Esclarecedores devem reocupar
suas posições e o Cmt GC deve ser rendido quando estiver na segurança, para poder
comandar seus homens. Os Cb, e os Atiradores, quando estiverem no meio da esteira,
devem estar fazendo segurança para cima e para as laterais, não atirando para a frente
ou retaguarda em hipótese alguma.

c) Ponto a Ponto
É uma progressão lenta e que desgasta muito a tropa. Deve ser adotada
quando a segurança tem prioridade em detrimento da velocidade e quando há poucos
abrigos, sendo necessária a execução de lanços.
Pode ser feita no nível GC ou esquadra. Os militares irão realizar lanços de um abrigo para o
outro, porém cada um só deve abandonar sua posição após a chegada de outro militar para substituí-lo no
local. Este substituto realizará o apoio de fogo para que o militar execute seu lanço com segurança até a
próxima posição abrigada.
A velocidade é ditada pelo elemento da retaguarda, uma vez que os dois últimos militares do
grupamento serão os primeiros a se movimentar. O último militar do grupo estará sempre fazendo a
segurança para a retaguarda, abandonando sua posição apenas quando o penúltimo militar fizer sua
segurança para trás e chamá-lo. O lanço do último homem pode ser contínuo ou alternado, dependendo da
distância entre os abrigos.
Os outros elementos da fração seguirão a regra de movimentação citada acima (cada um só
executa o lanço após a chegada do substituto), acrescido o fato de que cada militar só pede apoio para o
elemento atrás de si quando tiver certeza de que o elemento que o mesmo está apoiando já chegou ao seu
abrigo.

71
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

FOTO 04 - 05 – PROGRESSÃO PONTO A PONTO

ARTIGO V

ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIAS

1. GENERALIDADES
Durante as Operações de GLO, eventualmente haverá a necessidade de realizar
um atendimento de ocorrências. Esta missão é o ato de resposta do militar em serviço, na
viatura ou a pé no setor de patrulhamento ostensivo.

2. FASES DO ATENDIMENTO DE OCORRÊNCIA


a. Recebimento da ocorrência:
A primeira providência a ser tomada por um militar ao receber a ocorrência é
manter a segurança do GC/Pel/Vtr, durante os atos de contato com o solicitante ou do
Centro de Coordenação de Operações (CCOP), coletando os dados a cerca dos fatos,
local, características físicas, de vestuário do(s) envolvido(s), sentido tomado e outros
dados necessários, de maneira que possa saber sobre “O que”, “Quem”, “Onde”,
“Quando”, “Por que”, além dos pontos de referência e dados do local. Em caso de
solicitação ou atendimento ser em via pública, o militar deverá atendê-lo a pé em via
pública, desembarcado da viatura e em situação de segurança.
O militar deve obter todos os dados necessários ao conhecimento da
NATUREZA da ocorrência e seu GRAU DE RISCO, a fim de atendê-la com segurança,
eficiência e profissionalismo; havendo dúvidas quanto à veracidade dos dados, ir para a
ocorrência preparado para o grau máximo de risco possível, solicitando o apoio
necessário.

b. Deslocamento para o local da ocorrência:


O militar deve escolher e traçar o itinerário para o local da ocorrência, bem
como os caminhos alternativos (auxílio do guia se necessário), havendo dúvidas quanto
ao itinerário, buscar informações junto ao Cmt imediato.
Deslocar-se pela faixa da esquerda da via, com o cuidado de não cometer
infrações de trânsito.

72
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

c. Chegada ao local da ocorrência:


1) Ao chegar ao local da ocorrência o militar deve posicionar a viatura em local
visível e seguro, devendo confirmar a ocorrência irradiada através de indícios presentes
no local;
2) Observar pessoa(s) segundo as características e atitude(s) apontada(s) pelo
CCOP (patrulhar de vtr); constatar o número de pessoas envolvidas e espectadores e se
julgar necessário pedir reforço, não agindo até que o tenha disponível, se for o caso;
3) Se a ocorrência irradiada não corresponder à constatação, comunicar ao
CCOP, se constatar que o número de pessoas envolvidas é maior do que o esperado e
anunciado pelo solicitante(s), pedir reforço imediatamente, protegendo-se
suficientemente;
4) O militar não deve fixar-se rigidamente nas informações recebidas do CCOP
ou solicitante(s) devendo levar em consideração as possíveis variações que possam
existir;
5) O militar deve considerar o possível grau de periculosidade da ocorrência,
agindo com atenção e com técnica, atuando de forma segura, visualizando a(s) pessoa(s)
a serem abordadas, considerando as vulnerabilidades do local da ocorrência, impedindo
que pessoa(s) supostamente armada(s), envolvidas na ocorrência, permaneça(m) nesta
condição sem ser (em) verificada(s);

d. Condução:
São as ações a serem realizadas pela tropa durante a ocorrência.

e. Apresentação da ocorrência:
O militar deve organizar todos os dados da ocorrência, e narrá-la de forma
clara, precisa e concisa de forma que haja uma boa compreensão dos fatos pela
autoridade ou órgão competente, esclarecendo se o local foi preservado e da necessidade
ou não de perícias no local, apresentando as partes e os objetos apreendidos (se houver),
sem se envolver emocionalmente durante e na apresentação da ocorrência.
Da mesma forma que foi executado o questionamento no recebimento da
missão, agora o militar ira apresentar os fatos no cartório Militar/ DPJM , e ira fazer as
perguntas “ O que”, “Quem”, “Onde”, “Quando”, “Por que”, além dos pontos de referência
e dados do local confirmados, para auxilio da elaboração dos relatórios ou depoimentos.
Se algum objeto envolvido na ocorrência não foi apresentado, que sejam
esclarecidos os motivos e que, se for o caso, seja tentada sua localização, esclarecer
ainda, os motivos pelos quais testemunhas puderam ou não ser arroladas.

f. Encerramento da ocorrência:
O militar encerra a ocorrência junto ao Cmt imediato, transmitindo o nome da
autoridade judiciária a que foi apresentada a ocorrência e as providências adotadas,
entregando um relatório a respeito.

3. TIPOS DE OCORRÊNCIAS
a. Ocorrências envolvendo militares e policiais civis:
No atendimento de ocorrências em que, pelo fardamento ou pela identidade,
venha-se a conhecer os envolvidos como integrantes das Forças Armadas, PM e Polícia
Civil, de pronto adotar-se á o seguinte procedimento:

73
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

1) Se for superior hierárquico, prestar o sinal de respeito regulamentar e


comunicar ao Cmt imediato, dando ciência ao seu Cmt;
2) Se for subordinado, acionar o Cmt imediato, dando ciência ao seu Cmt;
3) Evitar o transporte em xadrez de viatura, o uso de algema ou emprego de
força física, entretanto, em sendo absolutamente necessário o uso desses meios, deve-se
precaver contra futuras medidas disciplinares ou penais, arrolando de pronto,
testemunhas que possam posteriormente justificar essa conduta.

b. Ocorrências em veículos de transporte coletivo:


O militar deve:
1) Transmitir os dados ao Cmt imediato;
2) Socorrer as vítimas;
3) Identificar os autores do delito, efetuar a detenção em flagrante, conduzindo-
os à delegacia, solicitando à vítima que o acompanhe;
4) Quando os autores dos delitos não forem identificados, porém havendo
suspeitos, conduzi-los ao Centro Cartorial;
5) Arrolar testemunhas;
6) Acompanhar a elaboração do BO.
c. Ocorrências em aeronaves:
1) Transmitir os dados ao Cmt imediato;
2) Socorrer as vítimas se houver;
3) Efetuar a guarda dos destroços até a chegada da equipe de investigação da
aeronáutica;
4) Solicitar ao Cmt imediato reforço, a fim de isolar e guardar a área para
preservar a situação física do local do acidente.

d. Providências a serem tomadas em crimes contra pessoas e o patrimônio


1) Homicídio
a) Transmitir os dados ao Cmt imediato;
b) Preservar o local e diligenciar a possível detenção do homicida (autoria
conhecida);
c) Arrolar testemunhas;
d) Transmitir os dados ao Cmt imediato, e solicitar a presença de elementos de
polícia judiciária especializados em homicídios.
e) A ocorrência só estará encerrada após a saída do carro de cadáver.
2) Tentativa de homicídio ou Agressão
a) Transmitir os dados ao Cmt imediato;
b) Prestar os 1º Socorros a vítima e acionar a equipe de resgate;
c) Arrolar testemunhas;
d) Transmitir os dados ao Cmt imediato,
e) Encaminhar, se houver suspeito ao Centro Cartorial;
f) Cabe a autoridade de polícia judiciária a realização da perícia;
g) A ocorrência só estará encerrada após a saída dos peritos.

3) Suicídio e tentativa de suicídio


a) Transmitir os dados ao Cmt imediato;
b) Prestar os 1º Socorros a vítima e acionar a equipe de resgate, se possível
(tentativa de suicídio)
c) Preservar o local;

74
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

d) Arrolar testemunhas e encaminhar ao Centro Cartorial os suspeitos de


indução, instigação ou auxílio à tentativa de suicídio;
e) As demais providências (peritos, carro de cadáver) são tomadas pela
autoridade de polícia judiciária que comparecer ao local;
f) A ocorrência só estará encerrada após a saída do carro de cadáver.

4) Ameaça (crime de ação privada)


a) Transmitir os dados ao Cmt imediato;
b) Conduzir dados, testemunhas e vítimas ao Centro Cartorial;
c) Encerrar a ocorrência.

5) Morte súbita
a) Transmitir os dados ao Cmt imediato;
b) Preservar o local;
c) Arrolar testemunhas;
d) Aguardar a chegada da autoridade de polícia judiciária ao local,
acompanhada de peritos e carro de cadáver;
e) A ocorrência só estará encerrada após a saída do carro de cadáver.

6) Roubo e furto
a) Transmitir os dados ao Cmt imediato;
b) Prestar os 1º Socorros a vítima e acionar a equipe de resgate (SFC);
c) Preservar o local e arrolar testemunhas do ilícito;
d) Transmitir os dados e conduzir, se houver o autor do crime à delegacia;
e) Demais providências (peritos e investigadores) ficarão a cargo do delegado;
f) A ocorrência será encerrada após a saída dos peritos.

7) Ocorrências envolvendo pessoas com imunidades (Diplomáticas e


Parlamentares)
a) Transmitir os dados ao Cmt imediato;
b) Respeitar as imunidades diplomáticas, que são absolutas, e as
parlamentares, que são relativas;
c) Reconsiderar imediatamente sua atitude, se por acaso ferir a inviolabilidade
pessoal do diplomata ou parlamentar por desconhecer sua identidade;
d) Em se tratando de flagrante delito:
(1) Identificar a autoridade, anotando-lhe o nome, função, endereço e país
que representa (ou mandato que exerce);
(2) Arrolar testemunhas;
(3) Confeccionar o relatório ao final da ocorrência.

8) Ocorrências em edificações
a) Transmitir os dados ao Cmt imediato;
b) Deve-se ter fiel observância das prescrições legais, relativas à inviolabilidade
de domicílio;
c) Edificações ocupadas:
(1) Se os ocupantes forem elementos da APOP e principalmente se estiverem
armados, procede-se, normalmente, como no cerco, com todas as cautelas próprias da
técnica do cerco;
(2) A dificuldade será muito grande se entre os ocupantes da edificação
estiverem pessoas enfermas, idosas ou crianças. Nestas hipóteses, os militares deverão
75
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

empregar os meios possíveis para que tais pessoas se retirem, para depois realizar a
abordagem, se for o caso;
(3) Se a edificação estiver ocupada por pessoa que não oferece perigo aos
militares, e que não sejam da APOP, o procedimento será cortês;
(4) As abordagens não podem e nunca deverão ocorrer com as guarnições
em inferioridade numérica ou poder de fogo;
(5) Se os militares forem fazer abordagem em razão de denúncia de detido,
será necessária muita atenção, pois poderão estar sendo atraídos para uma tocaia ou até
mesmo para a própria residência do detido;
(6) Em edificações desocupadas, em princípio, deve-se agir como se o local
estivesse ocupado, isto é, com cuidado para não ser surpreendido por alguém que esteja
escondido, adotando-se procedimentos análogos aos previstos para edificações
ocupadas.

9) Ocorrências com reféns


a) Transmitir os dados ao Cmt imediato
b) (Comprovada à existência de reféns) entrar em contato imediatamente com
o Cmt imediato solicitando reforço de equipe de negociadores (gabinete de crise),
atiradores e a Tropa de Intervenção;
c) Iniciar os seguintes passos:
- Cercar, Isolar a área e iniciar as negociações até a chegada da equipe de
gerenciamento de crise.

76
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO VI

OCORRÊNCIA COM EXPLOSIVO

1. CONCEITOS:
a. Explosivo: Substância que mediante reação química, se transforma
violentamente e expele pressão e calor em todas as direções.

b. Altos Explosivos: possuem velocidade de detonação acima de 2.000 m/s e


características de explosivos rompedores. Subdividem-se em primários ou iniciadores e
secundários. (TNT, ANFO. PETN, Emulsões, etc.).

Foto 01 - Espoletas Foto 02- Cordel Detonante


c. Baixos Explosivos: - possuem velocidade de detonação abaixo de 2.000 m/s e
características de explosivos propulsores. (Pólvoras)

Fogos de artifícios

Foto - 03 tipo rojão de vara Foto – 04 tipo rojão três tiros

d. Sistemas de Iniciação: são as formas ou possibilidades de causar o início da


transformação do explosivo.
Podem ser:
- Pirotécnicos (comuns);
- Elétricos;
- Não-elétricos

77
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

e. Explosão: Escape súbito e repentino de gases do interior de um espaço


limitado, gerando alta pressão e elevada temperatura.
Tipos de explosões:
- MECÂNICA: provocado pelo alívio descontrolado de pressão.
- QUÍMICA: provocada por reações e transformações químicas.
- NUCLEAR: provocadas pela fissão ou fusão do átomo.

f. Bombas: Bombas são todos os dispositivos ou artefatos confeccionados para


causar danos, lesões ou mortes, de forma voluntária ou não.

g. Classificação:
1) Bombas Convencionais: são os artefatos construídos e empregados
regularmente, como granadas, minas, petardos, materiais e acessórios bélicos, etc...

Foto 05 - Misseis Foto 06 - Granada de mão

2) Bombas Improvisadas: são os artefatos construídos sem nenhum padrão ou


controle, de forma improvisada, artesanal ou caseira.

Fotos 07 – Bomba improvisada

h. Incidentes com bombas e explosivos: são situações de intervenção militar onde


exista a possibilidade de existência ou a confirmação de bombas, produtos explosivos ou
explosões com características criminosas.
São incidentes com bombas e explosivos de responsabilidade do EB em Op GLO:

- Ameaças de bomba
- Localização de bomba ou explosivos
- Explosões de bomba
78
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

2. AMEAÇAS DE BOMBA
As ameaças de bomba são incidentes em que há uma informação sobre uma
bomba em um determinado lugar, mas não se tem certeza da sua existência ou onde se
encontra.
Entre os incidentes com bombas, estes são os que ocorrem com maior
frequência, chegando a mais de dois terços dos casos.
As ameaças podem ser feita através de diversos meios de comunicação, como
telefone, cartas, e-mails, fax, etc.
Os ameaçadores geralmente trabalham de duas maneiras:
Amigavelmente: o autor apresenta-se como uma pessoa que deseja ajudar,
alertando que tem o conhecimento da existência de uma bomba naquele local e que sua
comunicação é com o intuito de salvar vidas.
Diretamente: o ameaçador apresenta-se como o responsável pelo futuro
atentado, alertando que ele próprio colocou a bomba – ou irá colocar – e irá provocar as
mortes ou danos pretendidos. Este tipo de ameaça pode ou não vir condicionado com
algum tipo de extorsão ou exigência.
Uma ameaça pode ser motivada por:
- Trote
- Ato Criminoso
- Ato Terrorista

a. Trote:
1) Características
- Apresenta a ameaça como evento imediato, informando horários e
alertando para a necessidade de evacuação;
- Fala rápida e curta;
- Disfarce da voz ou sotaques forçados;
- O ameaçador não é receptivo à conversação;
- Não apresenta detalhes técnicos ou objetivos da ameaça;
- Não insiste no convencimento da ameaça.

2) Objetivos
- Criar clima de instabilidade, confusão, e insegurança;
- Provocar a paralisação das atividades e liberação dos funcionários.

3) Agentes
- Crianças, estudantes e funcionários.

b. Ato Criminoso:
1) Características
- Faz exigências ou condiciona a ameaça a pedidos;
- Conversação tensa ou inquieta;
- Direciona a ameaça para determinada pessoa ou local;
- Procura dar convencimentos ou provas da veracidade

2) Objetivos
- Vingança;
- Extorsão;
79
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Paralisação ou danos nas atividades.

3) Agentes
-Ex-funcionários, ex-namorados e outras pessoas de relacionamento
anterior.

c. Ato Terrorista:
1) Características:
- Apresenta a ameaça como possibilidade futura de ocorrer;
- Declaram suas intenções, motivações e grupo a que pertence;
- É receptivo à conversação;
- Demonstra conhecimentos técnicos sobre explosivo;
- Procura dar convencimentos ou provas da veracidade da ameaça.
2) Objetivos
- Criar clima de medo e insegurança;
- Chamar atenção para determinada causa.
3) Agentes
- Extremistas e grupos radicais motivados por política, religião ou questões
sociais.

3. CLASSIFICAÇÃO DAS AMEAÇAS DE BOMBAS


Para fins de atuação, as ameaças devem ser classificadas em ameaças falsas ou
reais. Essa classificação será decisiva para todas as tomadas de decisão das pessoas
responsáveis no gerenciamento da crise:

a. Ameaça Falsa: são aquelas em que não existe nenhuma prova ou confirmação
da existência da bomba no local ameaçado. Por mais convincente que possa ter sido o
ameaçador, nenhuma evidência física, nenhum objeto suspeito e nenhum outro elemento
confirma os dados da ameaça feita;

1 ) Fatores que caracterizam uma ameaça como falsa:


- Ameaças com característica de trote;
- Existem antecedentes de falsas ameaças;
- Existem circunstâncias fúteis relacionadas com a ameaça (dia de prova em
escolas, vésperas de feriado, incidentes amplamente divulgados na mídia);
- A ameaça é feita com um pequeno lapso de tempo para o acontecimento
da explosão;
- Nenhum objeto suspeito foi indicado pelo ameaçador;
- Nenhum objeto suspeito foi localizado pelos ameaçados;
- Não há nenhuma testemunha identificada da preparação do atentado;
- Não há indicação da localização exata da bomba;
- Não há resíduos materiais de explosivos ou de componentes da bomba;
- Não há antecedentes de atentado a bomba no local ameaçado;
- Não há nenhuma circunstância relevante relacionada com a ameaça;
- Não há nenhuma pessoa que é alvo em potencial de ameaça de morte.

b. Ameaça Real: são aquelas em que há a localização de um objeto suspeito ou


situações que o ameaçador forneça provas da bomba que diz ter colocado; ou ainda,
existem outros elementos de prova que materialize a ameaça feita;
80
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

1) Fatores que caracterizam uma ameaça como Real:


- Há um objeto suspeito indicado pelo ameaçador;
- Há um objeto suspeito localizado pelos ameaçados;
- Há testemunha identificada da preparação do atentado;
- Há uma indicação da localização exata da bomba;
- Há resíduos materiais de explosivos localizados;
- Há antecedentes de atentados a bomba no local ameaçado;
- Há circunstâncias relevantes relacionadas com a ameaça;
- Existe uma pessoa que é um alvo em potencial de ameaça de morte.

4. PROCEDIMENTOS NO ATENDIMENTO DE UMA AMEAÇA DE BOMBA


Os procedimentos no atendimento a esse tipo de acidente são escalonados em
três etapas primárias:
- Coleta e análise de dados
- Decisão de evacuação
- Busca
a. Coleta e análise de dados:
Os primeiros procedimentos para gerenciamento de um incidente com bombas
são a coleta e a análise de dados. Ainda que a situação seja emergencial, nenhuma
decisão deverá ser tomada sem que antes se saiba o que está acontecendo.
Adotar medidas sem analisar a situação é tão perigoso quanto se omitir frente
ao problema.
Cabe ao gerenciador da crise manter a calma entre as vítimas, caso haja
algum princípio de pânico, e coletar os dados para análise.
Duas pessoas são fontes de informação fundamentais:
Quem recebeu a ameaça: a pessoa que teve contato direto com o ameaçador
irá fornecer dados sobre as características da ameaça e sobre detalhes do
comportamento do ameaçador.
Responsável pelo local ameaçado: a pessoa que conhece profundamente os
detalhes, história e características do local irão fornecer dados para análise da real
probabilidade de alguém ter colocado uma bomba naquele local.

b. Decisão de evacuação:
A evacuação de um local sob ameaça de bomba é uma decisão problemática.
A decisão de evacuar ou não deve ser muito bem embasada e justificada. Não é prudente
agir radicalmente e impulsivamente, tomando uma decisão por “bom senso”, pois os
riscos para as pessoas poderão ser maiores.
Decidir não evacuar um local ameaçado pode representar um perigo para as
pessoas, pois pode haver realmente uma bomba e ela vir a explodir. Os danos e prejuízos
de uma paralisação não justificam o risco para as vidas humanas.
Entretanto, decidir pela evacuação de um local sem que haja necessidade
pode representar maior perigo ainda para as pessoas. Uma evacuação precipitada, sem
saber onde se encontra ou quais são as características desse objeto suspeito, pode ser
mais perigoso do que manter as pessoas no local até identificá-lo.
Os dois extremos devem ser evitados: não se deve adotar uma postura radical
de evacuar imediatamente ou não evacuar. A decisão deve ser racional e embasada em
motivos justificáveis. Essa é a melhor garantia de responsabilidade do militar responsável
na tomada de decisões.

81
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- DECISÃO DE EVACUAÇÃO E BUSCA


Se a ameaça foi caracterizada como FALSA, deve-se:
- Evitar a evacuação do local;
- Iniciar a busca para localizar o objeto.
Se a ameaça foi caracterizada como REAL, deve-se:
- Evacuar o local;
- Acionar uma equipe especializada.
c. Busca:
Busca é uma técnica operacional para identificar objetos suspeitos de serem
bombas, explosivos ou objetos suspeitos de estarem relacionados com esse tipo de
incidente.
1) Objetivos da busca:
A busca tem como objetivo localizar objetos suspeitos.
Não faz parte das técnicas de busca, qualquer outro procedimento em
relação à identificação, remoção ou desativação do objeto suspeito localizado.

2) Equipamentos para busca:


- Lanternas;
- Espelhos;
- Faixas; e
- Adesivos.
3) Equipe de busca:
Ideal de 02 Militares
O número de militares irá depender:
- Ambiente;
- Tempo de resposta e
- Disponibilidade de pessoal

4) Regras gerais para busca


- Os militares devem iniciar os trabalhos de busca com a mentalização de “o
que estou procurando?”.
- E essa mentalização deve ser associada com as características e
informações sobre o fato que provocou a busca.
- Deve-se ter a consciência de que TUDO PODE SER UMA BOMBA e que o
próprio ambiente pode ter sido armadilhado para atingir as pessoas quando realizarem
ações rotineiras.
- Deve-se atentar para as informações e as reais possibilidades de
existência de bomba naquele local e buscar identificar:
a) Objetos: malas, pacotes e outros volumes abandonados;
b) Adulterações: objetos manipulados incorretamente ou adulterados;
c) Quebra da rotina: outros objetos ou situações que fujam da rotina do
ambiente da busca.
- A base da busca é a observação. O primeiro procedimento em um local de
busca é concentrar-se no ambiente operacional: parar, visualizar o ambiente, sentir
odores e ruídos.

82
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Deve-se analisar como uma pessoa poderia ter entrado e colocado uma
bomba naquele ambiente, quanto tempo teve disponível para isso, como passou
despercebido pela segurança e como ele pretenderia atacar aquele local.
- As buscas devem ser feitas DE FORA PARA DENTRO e DE BAIXO PARA
CIMA.
- Se a busca for resultante de uma ameaça de bomba com tempo pré-
determinado, encerre a busca 30 minutos antes da hora prevista e reinicie somente 30
minutos após esse horário.

5) Roteiros de progressão

Quadrantes: indicado para áreas fechadas, cômodos e outros


ambientes com espaço físico delimitado;

Espiral: indicado para áreas abertas e ambientes sem espaço


físico delimitado;

Zonas longitudinais: indicado para corredores, áreas abertas e


outros espaços com grande profundidade.

a) Metodologia das alturas


1º NÍVEL – do solo à cintura: Compreendem o piso, tapetes, cestos de
lixo, embaixo dos móveis, armários, gavetas;
2º NÍVEL – da cintura à altura dos olhos: compreendem estantes e
armários, sobre os móveis, quadros, janelas;
3º NÍVEL – da altura dos olhos ao teto: Compreendem quadros,
luminárias, sobre estantes, aparelhos de ar condicionado;
4º NÍVEL – espaços adjacentes: Compreendem pisos removíveis, tetos
falsos, exterior de janelas, parapeitos.
b) Procedimentos ao localizar um objeto suspeito:
NÃO TOCAR!
NÃO MEXER!
NÃO REMOVER!
Após esse primeiro procedimento de segurança, há a necessidade de
confirmar a origem desse objeto suspeito, questionando sua origem para as pessoas que
conhecem, trabalham ou frequentam o local onde o objeto foi encontrado:
- Por que o objeto parece ser suspeito?
- Esse objeto pertence a alguém?
- Quando ele chegou até esse local?
83
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Como ele chegou até esse local?


- Qual o acesso que se tem a esse local?
- Quem o encontrou?
- Já foi manuseado por alguém?
Se confirmada a suspeição, os passos para gerenciamento da localização são:
- COLETAR INFORMAÇÕES;
- ISOLAR O OBJETO;
- EVACUAR O LOCAL; E
- REQUISITAR O APOIO DE EQUIPES ESPECIALIZADAS.

COM EXPLOSIVOS SÓ SE ERRA UMA VEZ!!!

84
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO VI

ESCOLTAS

1. GENERALIDADES
Durante as Operações de GLO, eventualmente haverá a necessidade de realizar
a proteção, escolta e transporte de autoridades, também de detidos por motivo de alguma
audiência judicial, transferência de estabelecimento, ou comboio de material.

2. LEGISLAÇÃO REFERENTE
Referente à transporte de presos: Constituição Federal 1988, Lei de Execuções
Penais, Súmula 11 do STF (algemas), Lei nº 8.653 (transporte de presos).
Atentar para não destratar o preso, não deixa-lo exposto para público e transportá-
lo em local adequado.
Referente à comboios: Código de Trânsito Brasileiro.
Veículos precedidos de batedores e comboios militares tem prioridade de
passagem.

3. TIPOS DE ESCOLTA
- Escolta de detidos
- Escolta de autoridades
- Escolta de comboio

a) Escolta de Detidos
A primeira providência a ser tomada por um militar ao receber a missão de uma
escolta de detidos é analisar o documento de transporte dos detidos que deverá ser um
“ofício requisitório” expedido por um Juiz, onde deverá cercar as informações suficientes
para a identificação do detido, tais como:

- identificação,
- motivo da detenção,
- nome da autoridade que a determinou,
- antecedentes penais e penitenciários,
- dia e hora do ingresso e da saída.

Quando o transporte for executado por motivo de transferência do detido para


outro estabelecimento, deverá ser cobrado o recibo pela entrega do detido ao novo
estabelecimento.

- Normas de segurança:
- Antes do embarque do detido, as viaturas envolvidas no transporte e na
escolta, deverão ser revistadas, a fim de retirar objetos com os quais o detido possa
cometer qualquer ato ilícito, como tentar a fuga ou causar lesões corporais, etc.
- Somente após a conclusão da ação anterior e da certeza das condições reais
do detido é que deve ser iniciado o embarque do mesmo na viatura.
- Em hipótese alguma algemar o detido em peças ou equipamentos da viatura.
- Em viaturas do tipo – caminhão, o número de detidos não deve exceder ao
prescrito para o veículo, dependendo de seu tamanho e modelo.
85
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Em viaturas de médio porte, não havendo prescrição contrária, não deve


exceder ao número de 04 (quatro) detidos.
- Em viaturas pequenas, não havendo prescrição contrária, não deve exceder
ao número de 02 (dois) detidos.
- O embarque deverá ser feito detido a detido, de forma que estejam separados
por uma distância de segurança mínima de 01 (um) metro.
- O detido, quando conduzido, não poderá trazer consigo dinheiro ou objetos
pessoais, permanecer livre da vigilância em qualquer ocasião, manter contato com
parentes, amigos, ser entregue sem o devido recibo e ser algemado em objetos fixos,
salvo em casos excepcionais.
- Os militares encarregados da escolta, em princípio 02 para cada detido,
devem tomar medidas de cautela, a fim de impedir fugas.
- Quanto maior for o número de detidos, maior a necessidade de adequação
do número de militares encarregados da escolta.
- Importante lembrar que nunca se deve informar ao preso o trajeto e
destino a serem tomados, hora de chegada, local de parada e meios de transporte.
- Antes da utilização de sanitários pelos detidos, estes devem ser previamente
revistados, constituindo medida de segurança alternar o seu uso, evitando-se aqueles que
possuam outras portas ou janelas. Nessas ocasiões, a porta do sanitário deverá
permanecer aberta, enquanto em uso.
- Quando durante a escolta for necessário realizar refeições, o detido deverá
alimentar-se dentro da viatura, sem utilizar garfo, faca, copo e prato de vidro.
- O abastecimento, durante transporte, deverá sempre ser realizado em locais
alternados, a fim de ser evitada alguma surpresa.

- Configuração de uma escolta de detidos:

Formada por 01 GC (somente viaturas militares)

FAL PST FAL DETIDO FAL PST

PST PST PST PST PST PST FAL

Cmt Escolta
Sentido do deslocamento

Formada por 01 GC e 01 Vtr prisão


Cmt Escolta

FAL FAL PST FAL PST FAL


DETIDO
PST PST PST PST PST PST FAL

Sentido do deslocamento

86
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Classificação das escoltas do preso:


- Escolta nível I: Baixa periculosidade – desertor, porte ilegal de arma, desacato e
outras:
- 01 preso de baixa periculosidade;
- 01 viatura para transporte de preso;
- Equipe de Escolta: 01 3ºSgt(preferencialmente perito), 03 Cb/Sd;
- Funções: Cmt Escolta, Carcereiro e Seguranças;
- Armt: Armamento de Dotação;
- Unif: 4ºA2 com boina, coletes, algemas, equipe comunicações, e quaisquer
outros materiais julgados necessários conforme a missão

- Escolta nível II: Média periculosidade – roubo, furto, foragido, homicídio culposo,
tentativa de homicídio e outras:
- 01 preso de média periculosidade ou dois presos de baixa periculosidade;
- 01 viatura para transporte de preso;
- 01 viatura de Esct e Apoio;
- Eqp de Esct:
- Vtr do Preso: 01 ten ou 2º Sgt + 03 Cb/Sd;
- Vtr de Esct e Apoio: 01 3ºSgt + 02 Cb/Sd;
- Arm e Uniforme: Idem ao nível anterior.
- Escolta nível III: Alta periculosidade – envolvimento com crime organizado,
tráfico de drogas e armas, sequestro, homicídio doloso e outras;
- 01 Preso de alta periculosidade, 02 de média periculosidade ou mais de 02
presos de baixa periculosidade;
- 01 Vtr para transporte de preso;
- 02 Vtrs de Esct e Apoio;
- Eqp de esct:
- Vtr do Preso: 01 Ten ou 2ºSgt + 03 Cb/Sd;
- 1ª Vtr ( À frente ): 01 3ºSgt + 02 Cb/Sd;
- 2ª Vtr ( À retaguarda): 01 3ºSgt + 02 Cb/Sd;
- Arm e Uniforme: Idem a o Anterior;

- Escolta nível especial: Conforme orientação específica do Cmdo do Btl, em caso


de enquadramento em níveis diferentes prevalecerá a de nível maior ou conforme
orientação do Cmdo:
- 01 Oficial preso, mais antigo que o Tenente ou presos que requerem cuidados
especiais conforme orientação do Cmdo do Btl.

b) Escolta de Comboio
As escoltas de comboios podem ser:
- Escolta de pessoal
- Escolta de material ( ex. urnas eletrônicas)
- Escolta de material militar (ex. blindados, munição)

87
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Manobra:
Vtr Escoltada

VANGUARDA RETAGUARDA

- Normas de segurança:

- Dependendo da sensibilidade do material, o comboio não deve parar até seu


destino final.
- Não permanecer na traseira de veículos que impeçam a visão frontal;
- Não permitir que outros veículos se infiltrem no comboio;
- Não estacionar rente ao meio fio, facilitando a execução de manobras rápidas se
for o caso;
- Engrenar as Viaturas nas paradas temporárias;
- Verificar se estão sendo seguidos. Caso isso ocorra, informar ao Comando,
alterar o itinerário e utilizar os pontos de apoio;
- Não permanecer na traseira de veículos que impeçam a visão frontal;
- Não permitir que outros veículos se infiltrem no comboio;
- Não estacionar rente ao meio fio, facilitando a execução de manobras rápidas se
for o caso;

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
- Ter um plano de emergência com hospitais e formas de evacuação.
- Utilizar a maior velocidade de segurança possível.
- Redobrar os cuidados nos pontos críticos
- Usar veículo adequado ao terreno.
- Usar policiamento ostensivo e força de choque se for o caso.
- Manter sempre que possível uma força reserva.
- Alternar itinerário e horário a fim de evitar rotina.
- Reconhecer os itinerários com os motoristas.
- Evitar túneis e passagens sob viadutos.
- Ocupar ou olhar com atenção as partes mais altas que permitem comandamento
sobre a escolta.
- Sempre planejar, no mínimo um itinerário alternativo.
- Criar TAI para as situações de emergências (caso de emboscada, pane de vtr,
passagem de pontos críticos inevitáveis, etc).
- Ter os contatos de pontos de apoio como BPM e Delegacias.
- Se possível, pedir apoio aos órgãos de trânsito (CET, DER, PFR).
- Realizar um planejamento para passagem rápida de pedágio SFC.

88
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO VII

POSTO DE BLOQUEIO E CONTROLE DE ESTRADAS E VIAS URBANAS


(PBCE/PBCVU)

1. GENERALIDADES
É a operação de GLO que permite a fração nível pelotão, realizar o controle e/ou
o bloqueio de vias. Estas vias podem ser classificadas em dois tipos:
a. Via rural
1) Estradas: não pavimentada.
2) Rodovia: pavimentada.
b. Via urbana: ruas e avenidas situadas em áreas urbanas, caracterizadas
principalmente por possuir imóveis e edificações ao longo de sua extensão.

2. FINALIDADE
A operação visa controlar o movimento de pessoas e\ou de materiais, realizando
abordagem de elementos suspeitos, prisão de marginais e principalmente intensificar a
operação presença das forças legais em áreas de risco, portanto pode-se dizer que as
principais finalidades são:
- Operação presença;
- Controlar movimento de veículos;
- Bloquear a passagem de material ilícito;
- Realizar a abordagem de pessoas não suspeitas;
- Realizar a abordagem a elementos suspeitos;
- Efetuar a prisão de criminosos.

3. PRICIPIOS BÁSICOS
Antes de se executar um PBCE/PBCVU, o responsável deve realizar as seguintes
medidas:
- Realizar o reconhecimento do local, a fim de verificar a existência de espaço
suficiente para estabelecimento do PBCE/PBCVU, de área estacionamento de viaturas e
veículos apreendidos.
- Estabelecer quais os objetivos principais a serem atingidos na operação;
- Programar o dia, o horário e a duração da operação (evitar congestionamento);
- Prever efetivo para compor os grupos na operação;
- Prever a necessidade de militares do sexo feminino;
- Prever meios de sinalização.
Em caso de mau tempo (garoa forte, chuva ou muita neblina) suspende-se
temporariamente ou encerra-se a operação, a fim de se evitar acidentes e danos.
- Caso a operação dure algumas horas, verificar a possibilidade de mudanças de
ponto, pois quanto maior a duração, menor a sua efetividade no local.

89
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

4. ORGANIZAÇÃO DO PBCE/PBCVU

PELOTÃO

Grupo de Comando
e Apoio

Grupo de Via Grupo de


Grupo de Reação Patrulha
Equipe de Controle
de Tráfego

Equipe de
Segurança Equipe de
Aproximada Reação Equipe de
Guarda de Presos

Equipe de
Revista

O Pel para o cumprimento de uma missão de PBCE/PBCVU é dividido nos


seguintes grupos e equipes com as seguintes funções:

a. Grupo de comando e Ap :
- Mantêm as comunicações e ligação com escalão superior;
- Controlar as atividades de Sup CL I e CL V;
- Providenciar o material necessário para montagem e funcionamento do
PBCE/PBCVU.
- Prever a necessidade de médicos e militares do segmento feminino.

b. Grupo de via :
Responsável pelo controle do trafego dentro da via, são os responsáveis pela
montagem dos obstáculos na via. Este é dividido em equipes:

1) Equipe de controle de tráfego :


- Controla o fluxo de veículos da via;
- Desempenha e desenvolve o critério de seleção.

2) Equipe de segurança aproximada:


- Realiza a segurança dos elementos da equipe de revista;
- Conduz preso para equipe de Guarda de Presos;

3) Equipe de revista:
- Realiza a abordagem e revista de presos e veículos suspeitos.

90
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

c. Grupo de Reação:
Este é dividido em equipes:

1) Equipe de Reação:
- É a força de reação ECD de intervir, face a alguma ameaça ao
PBCE/PBCVU.
2) Equipe de Guarda de Presos:
- Realizar a guarda de presos.
e. Grupo de Patrulha:
- Realiza o patrulhamento do perímetro do PBCE/PBCVU;
- Realiza a proteção da entrada e saída do PBCE/PBCVU;
OBS: O grupo de patrulha sempre cederá 02 (dois) homens para fechar a via,
antes do inicio da montagem do PBCE/PBCVU. Caso uma das missões do PBCE/PBCVU
seja anotar todos os veículos parados no PBCE/PBCVU, serão sacados dois elementos
do grupo de patrulha para executar esta missão.

5. TIPOS DE OCORRÊNCIAS NO PBCE/PBCVU


- Transporte clandestino de armas, munições e explosivos.
- Tráfico de entorpecentes.
- Tentativas de escape ao bloqueio.
- Resistência a prisão.
- Desacatos a autoridade.
- Abordagem a marginais que acabaram de cometer o delito.
- Sequestros relâmpagos.
- Veículos furtados.
- Veículos com problemas na documentação.
- Embriagues e falta de documentação.

6. PRINCIPIOS BÁSICOS
a. Segurança:
É estabelecida em locais onde, sob vigilância, haja espaço suficiente para a reunião
dos indivíduos, para o estacionamento de viaturas e para a revista e averiguação de
suspeitos.
b. Rapidez:
Deve haver uma agilidade tanto na montagem do dispositivo, como na verificação dos
veículos e pessoas abordadas. Muita demora nestes procedimentos acarretam
congestionamentos no transito e desconforto para as pessoas que passam pelo local,
resultando num ponto negativo a presença da tropa no local.
c. Eficiência:
Combater ao máximo a probabilidade de atos ilícitos, caso a operação dure algumas
horas, verificar a possibilidade de mudanças de ponto do bloqueio, pois quanto maior a
duração, menor a sua eficácia no local.
d. Mobilidade:
O pelotão deve dispor de material leve e de fácil remoção, viaturas próprias, para ter
mobilidade para mudança de posição e variações nos diferentes lugares, no menor
espaço de tempo. (Mobilidade X Eficiência).
91
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

7. MATERIAL UTILIZADO NO PBCE/PBCVU


O material apresentado foi testado e vem sendo empregado conforme doutrina
desenvolvida pelo CI Op GLO. Para o cumprimento das missões de PBCE/PBCVU, cada
OM deverá dispor de no mínimo dois Kits de material, assim compostos:

Material Foto Quantidade

Barreira plástica vertical (super-cone) 12

Viga para interligação de barreira plástica


04
vertical

Sinalizador eletrônico 12

Placas de redução de velocidade 02

Cone para sinalização viária 20

Bastão de sinalização 04

92
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Colete de sinalização 22

Seta eletrônica 04

Bloqueador anti-fuga para via perfurador


02
de pneu (fura-pneu)

Par de luvas refletivas 04

Lanterna portátil 06

Espelho de Inspeção 02

Detector de metal 04

Lombada Portátil 02

93
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

OBS:
- O armamento é o de dotação da tropa, sendo aconselhável que os militares que
irão fazer a revista estejam com armas curtas e os seguranças estejam com calibre 12
Pol.O Pel deverá ter munição não letal
- O uso da MAG é a critério do Cmt Pel, de acordo com a missão e área de
atuação
- Outros materiais a serem levados para o PBCE/PBCVU: material de anotação,
câmeras fotográficas, geradores de eletricidade, lanternas, holofotes, megafones, apitos e
etc.

8. AÇÕES A SEREM REALIZADAS


Antes de se executar um PBCE/PBCVU, o responsável deve realizar as seguintes
medidas:
- Realizar o reconhecimento do local, a fim de se verificar a existência de espaço
suficiente para estabelecimento do PBCE/PBCVU, de área estacionamento de viaturas e
veículos apreendidos.
- Estabelecer quais os objetivos principais a serem atingidos na operação;
- Programar o dia, o horário e a duração da operação (Evitar congestionamento);
- Prever efetivo para compor os grupos na operação;
- Prever meios de sinalização.
9. CONDUTAS ALTERNATIVAS NO PBCE/PBCVU
Em caso de mau tempo (garoa forte, chuva, muita neblina) suspende-se
temporariamente ou encerra-se a operação, a fim de evitar acidentes e danos.
Caso a duração da operação seja muito longa pode-se verificar a possibilidade de
mudança de local, pois quanto maior a duração, menor a sua efetividade.
10. MONTAGEM E DESMONTAGEM DO PBCE/PBCVU
A montagem é um momento critico do PBCE/PBCVU, pois deve ser executada da
forma mais rápida possível e sobre supervisão direta do comandante de Pelotão.
Para tal devem-se padronizar as condutas para se aperfeiçoar esta montagem:
a) A viatura deve ser estacionada na margem da via;
b) Todo material deve ser desembarcado e colocado na margem da via, próximo
a sua posição final;
c) Neste momento o Cmt de Pel deve deixar a montagem a cargo do Grupo de
Reação e do Grupo de Via.
d) Antes de iniciar a montagem, o Cmt Pel deverá destacar dois elementos do
Grupo de Patrulha para fechar a circulação do trânsito. O comando para que estes
elementos fechem o trânsito será através de 01(um) silvo de apito.
e) Depois de constatado que o trânsito está fechado e a via está em segurança, o
Cmt Pel dará o próximo silvo de apito que é a ordem de iniciar a montagem do dispositivo.
f) Depois de montado, deve permanecer na via apenas o Grupo de Via em sua
correta posição.
g) Ao verificar a correta montagem e mobilização do PBCE/PBCVU, Cmt de Pel
dará o terceiro silvo de apito, que corresponderá à liberação do trânsito, e o inicio das
operações do PBCE/PBCVU.
h) Para desmontagem ocorrerá o procedimento inverso, no qual se deve ressaltar
a importância de fechar o trânsito pelo próprio Grupo de Via, e depois de verificar a
segurança no local iniciar a desmontagem e por ultimo a liberação do trânsito.
i) É aconselhável que o Pelotão faça um ensaio prévio da montagem e
desmontagem na base, antes de se deslocar para o local da missão.

94
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

10. LEGISLAÇÁO PARA PBCE/PBCVU


a) O cidadão que é parado no PBCE/PBCVU está em uma destas três situações:
A- Normalidade----- Urbanidade
B- Suspeito------ Urbanidade+Busca pessoal
C- Criminoso------ Busca pessoal+ P. Flagrante
b) Para cada situação desta terá uma abordagem diferente pela tropa.
Transição de situação:
-Normalidade, pode passar para suspeito (atitudes)
-Normalidade/suspeito, pode passar para (criminoso)
c) Crimes que normalmente são cometidos:
1) Desacato ( art 299 CPM- Desacatar militar no exercício de sua função de
natureza militar ou em razão dela).
2) Desobediência (art 301 CPM –Desobedecer a ordem legal de autoridade
militar)
3) Resistência ( art 329 CP- Opor-se à execução de ato legal, mediante
violência ou ameaça a funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja
prestando auxilio.
4) Uso da força – ( art 284 CPP- Não será permitido o emprego da força, salvo
a indispensável no caso de resistência ou tentativa de fuga.)

14. VARIAÇÕES DAS CONFIGURAÇÕES DO PBCE/PBCVU


As variações das configurações na montagem dos obstáculos no PBCE/PBCVU
vão depender do Material disponível (tipo e quantidade) e Efetivo disponível; Tipo de via e
Missão.
Dispositivo do PBCE/PBCVU
Segurança aprox imada

Controlador de trafego(selecionador)

Revistador
Controlador de trafego(externo)
Área de estacionamento de
Veículos apreendidos

SA R

CT

CTS C CTS

CT
R SA

Área de revista ( 5 cones) Área de estacionamento de


Veículos apreend idos
Supercone c/ led de sinalização
Cmt de Grupo
Fura-pneus
Placa “reduza a velocidade”

95
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO VIII

SEGURANÇA DE PONTOS SENSÍVEIS E PONTO FORTE

SEGURANÇA DE PONTOS SENSÍVEIS

1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
As operações militares de segurança de Pontos Sensíveis constituem-se em um
sistema organizado de proteção, contra ações dos APOP, em todas as direções das
instalações ou áreas designadas dentro da área de operações.

Ponto Sensível (PS): É qualquer instalação, ponto ou estrutura que, se sabotada,


danificada, paralisada ou destruída, comprometerá as operações militares e, em alguns
casos, a rotina da população.
As Operações de segurança visam à ocupação, proteção e manutenção da(o)
integridade/funcionamento do Ponto Sensível.
As Operações de segurança de Ponto Sensível dependerão da missão, da
distância e do valor da instalação ou da área. Para fazer a ocupação e proteção de um
PS, requer um planejamento detalhado da missão e das características da instalação,
tendo em vista que a tropa geralmente estará atuando em uma área pouco conhecida e
em certas vezes com algumas restrições operativas.
Os levantamentos de locais e áreas para a ocupação de Pontos Sensíveis são de
responsabilidade do escalão superior, onde serão considerados os fatores da decisão
(missão, inimigo, terreno, meios, tempo disponível e considerações civis) para o
cumprimento da missão, o grau de influência da área e o nível de controle que se deseja
no local.
Os Pontos Sensíveis poderão estar situados em área urbana ou área rural, sendo
alguns exemplos de instalações que podem ser consideradas PS:
- Postos de captação de água e reservatórios;
- Refinarias, pólos petroquímicos e gasômetros;
- Sistemas de comunicações (correios, telégrafos, telefônicos);
- Sistemas de transmissão de energia elétrica;
- Hospitais (maternidades, casas de saúde, pronto-socorro);
- Estações (rodoviárias, ferroviárias), aeroportos, portos, pontes e viadutos;
- Indústrias de relevância nacional
- Ponto Forte.

Cabe ressaltar que uma base de operações passa a ser um PS, devido sua
grande importância, sendo um alvo em potencial para as ações dos APOP.
No planejamento das operações para a ocupação e manutenção de um Ponto
Sensível, o Comandante da Fração deverá ter muito cuidado com as limitações e
vulnerabilidades apresentadas pelo local. As condições precárias das instalações, as
condições reduzidas de conforto e segurança, a dependência do apoio logístico além da
excessiva proximidade com a população, irão exigir a adoção de medidas de controle e
segurança que evitem a identificação das atividades da tropa no local.

96
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Os APOP valendo-se de sua capacidade de dissimulação no meio da população


podem aproximar-se das instalações para realizar ações de sabotagem contra as
instalações ou tropa.

2. OPERAÇÕES DE SEGURANÇA DE PONTO SENSÍVEL

a. Posto de Segurança Estático (PSE):


É uma operação de ocupação e segurança que visa impedir a desativação de
um Ponto Sensível, assegurando seu perfeito funcionamento.
O valor a mobiliar um PSE vai depender da importância, da vulnerabilidade, do
tamanho do PS, e da proximidade com a população, devendo ser o efetivo mínimo de um
Pelotão de Fuzileiros, que garantirá sua segurança com relativa autonomia.
O planejamento para uma ocupação de PSE deverá ser detalhado
minuciosamente; analisando sumariamente a missão, as características do Ponto
Sensível, as possibilidades e limitações dos APOP. As ligações com o oficial de
inteligência, escalões superiores e com elementos responsáveis ou funcionários que
trabalham no Ponto Sensível, será de grande importância para o planejamento.

b. Interdição de Instalação e Área:


As operações de interdição visam impedir o acesso de pessoas e materiais não
autorizados a determinada instalação ou área, assemelhando-se a ocupação de um PSE,
com restrição ao acesso de pessoal.
A interdição vai depender da missão estabelecida pelo escalão superior. O
Comandante da ação deverá prestar bastante atenção no que está sendo determinado no
mandado expedido pela justiça e nos preceitos legais. Orientações e esclarecimentos a
população, são fatores importantes para o êxito da missão, não sendo necessário com
tais medidas, o emprego imediato da força.
As interdições sempre que possível devem ser realizadas durante os horários
de menor movimento e de surpresa para evitar atritos com pessoal que queira impedir a
interdição do estabelecimento. Deve-se prever o uso de meios blindados e acréscimo de
uso de material e armamento pesado, tendo em vista a exposição da tropa e visando inibir
a ação dos APOP.
O valor mínimo para fazer uma interdição é de um pelotão de fuzileiros.
A Interdição de Instalação e Área podem ser:

- Seletiva ou controlada: Somente as pessoas devidamente autorizadas e


cadastradas, podem passar os limites estabelecidos pela segurança na área interditada,
tendo-se a finalidade de restringir o acesso à área ou instalação.

- Total: Nenhuma pessoa, que não seja integrante da tropa, pode passar os
limites de segurança estabelecidos para interdição, tendo-se a finalidade de impedir o
acesso à área ou instalação.

c. Informações sobre Ponto Sensível:


- Finalidade do Ponto Sensível;
- Características do Ponto Sensível;
- Possibilidades e limitações dos APOP;
- Contatos com os elementos responsáveis ou funcionários que trabalham no
Ponto Sensível;
97
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Levantamento de vias de acesso ao local;


- Levantamento de cartas, croquis, fotografias e plantas das instalações;
- Identificar as vulnerabilidades do local.

3.ASPECTOS A SEREM LEVANTADOS NO PLANEJAMENTO DAS OPERAÇÕES


DE SEGURANÇA DE PONTO SENSÍVEL.
A elaboração do planejamento das operações de segurança de PS, deverá
sempre levar em consideração a missão estabelecida, a distância do objetivo, o tamanho,
a importância e as vulnerabilidades do PS.
No planejamento não podemos ser surpreendidos por esquecimentos nem por
imprevistos, citamos aqui alguns aspectos a serem levantados no planejamento da
missão de segurança de PS:
- Tipo, importância, finalidade e características gerais do Ponto Sensível (área,
localização e distância da Base de Operações);
- A possibilidade de reconhecer detalhadamente o Ponto Sensível;
- Levantamento do pessoal, equipamento e armamento necessários à operação.
(Elaboração do QOPM)
- Meio de transporte mais adequado e disponível para tropa e material;
- Itinerário de ida e volta, com a previsão de itinerário(s) alternativo(s);
- Verificar pontos críticos ao longo do itinerário e vias de acesso ao ponto;
- Locais adequados para colocação de obstáculos (internos e externos);
- Previsão de escalonamento e agravamento de obstáculos em profundidade;
- Local de estacionamento de Viaturas;
- Divisão dos grupos e dispositivo a ser adotado;
- Localização e emprego do Grupo de Reação;
- Identificar os pontos de comandamento sobre o Ponto Sensível;
- Previsão de uso de caçadores e observadores;
- Previsão do emprego das comunicações (emprego das IECOM);
- Ligações com o escalão superior e subordinado;
- Ligações com a Tropa de OCD que poderá ser acionada. (SFC);
- Estabelecimento dos sistemas de alarme;
- Estabelecimento de uma única entrada e saída do Ponto Sensível;
- Procedimentos no controle de entrada, saída e revista dos funcionários a pé e
motorizados;
- Uso do segmento feminino;
- Determinar locais para detidos e interrogatórios de elementos suspeitos;
- Necessidade de especialistas para manter o funcionamento do Ponto Sensível;
- Apoio de saúde para evacuação de feridos;
- Necessidade de suprimento classe I,III e V. (ração, combustível e munição);
- Necessidade de ressuprimento;
- Medidas a serem adotadas com a imprensa, no trato com o público civil, com
militares de outras forças, com funcionários e seguranças do local;
- Medidas a serem adotadas no caso de combate a incêndio (TAI);
- Medidas a serem adotas no caso de interceptação de comboio (TAI);
- Medida a serem adotadas em caso de sabotagem, tentativa de invasão, turba
predatória e turba pacifica(TAI);
- Adotar as medidas de segurança necessárias para o período da noite;
- Locais de descanso, higiene e alimentação da tropa;

98
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Estabelecer as TAIS (técnicas de ações imediatas) de acordo com regras de


engajamento;
- Medidas a serem adotadas na abordagem, na ocupação e desocupação da
instalação e
- Confeccionar o relatório detalhado e enviar ao escalão superior.
4. Organização e Atribuição da Tropa
A constituição da tropa para cumprir uma missão de segurança de um PS,
dependerá da relevância do PS, o efetivo mínimo será de um Pelotão de Fuzileiros,
exceção feita no caso do ponto Forte (PF) que poderá ser ocupado por um GC, que serão
divididos em grupos com missões previamente definidas e sempre com objetivos para
atender as seguranças da instalação e da tropa, com relativa autonomia.

a) Organização:

Cmdo
da Tropa

Grupo de Grupo de Grupo de Grupo de


Comando: Sentinela Patrulha Reação

b) Atribuições dos Grupos:

Grupo de Comando:
- Coordenar e controlar a ocupação do PS.

Grupo de Sentinela:
- Estabelecer a defesa circular aproximada e posto de controle de circulação e
- Estabelecer barreiras e outras medidas de proteção aproximada.

Grupo de Patrulha:
- Estabelece a defesa circular afastada, principalmente em pontos dominantes
que circundam o local;
- Lançar patrulhas a pé ou motorizadas que irão rondar, constantemente, as
áreas próximas ao ponto;
- Estabelecer postos de bloqueio e controle de Vtr e pessoal nas vias de
acesso ao Ponto Sensível;
- Deter elementos suspeitos nas proximidades do Ponto Sensível;
- Instalar obstáculos nas proximidades do Ponto Sensível e
- Limpar os campos de tiro e obstáculos, de acordo com as necessidades do
grupo de sentinelas.

Grupo de Reação:
- Vasculhar minuciosamente todas as instalações do Ponto Sensível, se
possível acompanhado por um técnico local;
- Reforçar o controle de pontos críticos ou vulneráveis no interior do Ponto
Sensível, mediante ordem;

99
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Reforçar a defesa do perímetro interno e externo do Ponto Sensível, mediante


ordem;
- Reforçar o grupo patrulha, mediante ordem e
- Constituir-se numa força de reação, em condições de deslocar-se
rapidamente para qualquer setor e em condições de intervir contra os APOP.

5. MEDIDAS A SEREM ADOTADAS NA ABORDAGEM:


- Determinar que a tropa faça um alto-guardado no local mais adequado, a
comando do Adjunto do Pelotão, se for o caso.
- Ligar-se com o responsável pela instalação, se for o caso.
- Realizar uma varredura (Gp Reação).
- Reconhecer o Ponto Sensível acompanhado dos Cmt de grupo.
Iniciar, ocupando as posições na seguinte ordem: Grupo de Reação, Grupo de
Sentinelas e Grupo de Patrulha.

6. MEDIDAS A SEREM ADOTADAS APÓS A OCUPAÇÃO:


- Adotar medidas de controle de pessoal. (SFC)
- Estabelecer sistemas de alarmes.
- Prever modificações dos itinerários e horários das patrulhas, postos de guardas.
- Empregar obstáculos em locais críticos e em vias de acesso ao ponto.
- Treinar medidas de defesa do ponto.
7. MEDIDAS A SEREM ADOTADAS NA DESOCUPAÇÃO :
- Fazer manutenção e limpeza das instalações usadas.
- Fazer inspeção do equipamento e material individual.
- Comunicar ao responsável da instalação sobre a desocupação.
- Informar ao escalão superior da desocupação da instalação.
- Solicitar ao Escalão Superior a manutenção necessária nas instalações
danificadas pela tropa.(SFC)
- Confeccionar o relatório detalhado e enviar ao escalão superior.
8. SUGESTÃO DE MATERIAL PARA OPERAÇÕES DE SEGURANÇA DE UM PS:
Apresentaremos algumas sugestões de material a ser conduzido numa ocupação
de PS, tanto em área rural ou urbana. Cabe ao comandante da fração buscar a melhor
configuração e o material necessário para o cumprimento da missão.
- Material de anotação (caneta, prancheta, papel) para identificação e controle de
pessoal e veículos;
- Caneta sinalizadora e apito;
- Equipamento de filmagens (filmadora com fita, máquina fotográfica com filme e
gravador com fita)
- Material para balizamento e sinalização de transito (cones, super cones, fita
zebrada, placas de sinalização e colete sinalizador);
- Mesa espelhada;
- Detector de metal portátil;
- Obstáculos portáteis (fura pneu, cavalos de frisa, ouriços e sacos de areia);
- Algemas, tonfas, coletes balísticos, máscara contra gases;
- Escudos balísticos;
- Conjunto gerador de eletricidade;
- Lanternas e material para iluminação noturna;
- Sistemas de alarme (improvisados ou padronizados);
100
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Equipamento de combate a incêndio;


- Armamento e munição não-letal (Cal 12 e Lç 37/38 mm ou 40mm, granada
Lacrimogêneo, fumígena e espargidores);
- Pipa d’água;
- Material de engenharia (serra elétrica, enxada, pá, picaretas) e
- Material individual (fardo de combate e fardo de bagagem).

PONTO FORTE (PF)

É um recurso operacional de ocupação e manutenção de pontos estratégicos de


grande importância para o andamento das operações. A ocupação dessas instalações
visa dominar e ocupar áreas de interesse e de influência para desencadeamento das
ações, dificultando a atuação dos APOP, além de oferecer segurança e suporte de
combate para o cumprimento de outras missões.
Os objetivos da ocupação de um Ponto Forte são: imprimir uma velocidade de
resposta às ações dos APOP, inibir as ações destes, servir de base de apoio para as
operações, servir como Postos de Observações e servir como operação presença e de
controle de uma área além de causar reflexo psicológico negativo para os APOP.
Áreas de Influência: são partes da área de operações onde a atuação da tropa
tem influência e predomínio no andamento das ações em curso.
Áreas de Interesse: são as áreas que se conquistadas vão gerar benefícios
para atuação da tropa nas ações em curso. São áreas adjacentes as áreas de influência.

As Áreas de Interesse são os próximos objetivos a serem conquistados no


transcorrer das operações.
Nos dois tipos de áreas existem a presença da APOP que tentam impor seus
objetivos e ideais, porém nas áreas de influência a presença dos APOP fica mais restrita
devido a atuação constante da tropa.

Legenda:
Vermelho – Área de interesse ( PF Temporários)
Amarelo – Área de influencia ( PF Fixo)

Figura 01 – Tipos de Áreas

O Ponto Forte pode ser, de acordo com sua ocupação, do tipo fixo ou temporário:

101
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Fixo: São instalações ocupadas diariamente por um Pelotão em uma mesma


posição. Possui características semelhantes ao de funcionamento de um PSE e tem como
finalidade estabelecer o controle da área.

Foto 01 – 02 – Exemplos de PF Fixo

-Temporários: Ocupados quando necessário, em locais e horários estabelecidos,


visando apoiar o desenrolar de uma operação e também sendo utilizado como ponto de
apoio para o patrulhamento em determinada região, tem como finalidade ampliar o
controle da área.

Foto 03 – 04 – Exemplos de PF temporário

O Valor para ocupar um Ponto Forte pode variar de acordo com a missão de um
Grupo de Combate até um Pelotão de Fuzileiros.

ESCOLHA DO PONTO FORTE


- São de responsabilidade do Cmt Su e ou Cmt Btl, onde são considerados os
fatores:
- Missão, inimigo, terreno, meios e tempo.
- Do grau de influencia da área.
- Da atitude da população.
- Do nível de controle que se deseja.
- Principalmente da missão estabelecida.
- O Ponto Forte poderá estar situado em área urbana ou rural.

102
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

LIMITAÇÕES E VULNERABILIDADES
- condições precárias das instalações.
- condições reduzidas de conforto.
- dependência do apoio logístico.
- excessiva proximidade com a população, o que exige a adoção de medidas que
evitem a identificação da rotina do ponto forte.
- susceptível à ação de elementos da APOP que, valendo-se de sua capacidade
de dissimulação na população, podem aproximar-se das instalações para realizar ações
de sabotagem.
- não poder entrar em instalações abandonadas sem a devida autorização do
proprietário ou mandado.
- os APOP se misturam com a população civil.
- utilização de civis como escudo pelo APOP.
- APOP utilizando crianças para passar informações sobre a tropa.

ORGANIZAÇÃO DA TROPA E MISSÃO


- Idem a do PSE. Efetivo mínimo para mobiliar um PF é um GC

Obs: Demais informações idem ao do PONTO SENSÍVEL (PS)

103
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO X

EMPREGO DE CAÇADORES

Histórico
Durante a Guerra de Secessão nos EUA, o Coronel de Exército da União
HIRAM BERDAM treinou especialmente um batalhão com fuzis Sharp, dotados de
primárias lunetas telescópicas, com o corpo em bronze.
Esse batalhão recebeu a informal alcunha de “Sharpshooters”, cuja tradução
literal seria “Atiradores afiados” ou “Atiradores precisos”, sendo que há o registro de um
dos seus integrantes, Califórnia Joe, que teria abatido um oficial confederado a uma
distância de 800 jardas (731,20 metros) de seu posto de tiro.

Origem da palavra Sniper


A origem do Sniper se deu por um fato curioso: no período entre as duas
grandes guerras mundiais, os americanos faziam seus treinamentos militares em grandes
campos abertos e ao realizarem o tiro, notavam o voo rápido e irregular de uma pequena
ave, chamada “snipe”, que fugia espantada. Este pequeno pássaro era um grande
frequentador de linhas de tiros, devido ao seu alimento preferido, uma planta gramínea,
ser frequente naqueles lugares. Assim, muitos atiradores preferiam acertar o tiro no
pássaro em movimento, daí surgindo o apelido “sniper”, ou seja, “aquele que se dedica
aos pássaros snipes”.

1. Definição
Tiro de Comprometimento é o disparo de arma de fogo contra um alvo
selecionado com o objetivo de incapacitá-lo instantânea e totalmente, neutralizando
ameaça que o mesmo esteja causando.

2. Peculiaridades
- É executado por militar especializado
- É a penúltima das alternativas táticas;
- É o tiro efetuado pelo Caçador, a partir do qual deve ser desencadeado o
assalto (é o sinal para o uso da força)
- Normalmente extingue a vida do causador da crise.

Aspectos Legais
Art.23, inciso III do CP. “Não há crime quando o agente pratica o fato”.
I – Estado de necessidade;
II – Legitima defesa (própria ou de outrem);
III – Estrito cumprimento do dever legal;
IV – Exercício regular do direito.

Análise
“As análises revelam, que os juristas entendem como legítima a atividade do
caçador, como um recurso eficaz para a preservação da vida de reféns, porém não

104
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

eximindo da responsabilidade penal quando este na necessidade do seu emprego de forma


letal vier a causar lesão ou óbito da vítima.”

3. Atiradores

a) Definições:

- Atirador de Elite ou Atirador de Escol – exímio atirador.

- Franco Atirador - atirador que dispara em alvos aleatórios de forma


independente.

- Caçador ou Sniper - atirador militar, conhecedor de técnicas individuais


de combate, que tem como missão passar informações em tempo real, apoiar grupos de
assalto com cobertura de fogos, e executar o tiro de comprometimento em alvos
específicos mediante ordem.

b) Diferenças entre emprego do caçador em combate convencional e em


operações em ambiente urbano e GLO

É necessário que o militar, após sua formação como caçador, tenha um


treinamento específico para operações militares em ambiente urbano e GLO, tendo em
vista as diferenças na possibilidade de emprego do caçador:

Combate Convencional Amb Urb e GLO


Observar, Monitorar e Observar Área, Reconhecer PO,
Objetivo Eliminar o inimigo Monitorar Área e Neutralizar
ameaça.
Treinamento Alvejar o alvo Alvejar ponto no alvo
Distância média Grandes (a partir de Curtas (por volta 150m)
de tiro 300m)
Campos abertos, Áreas urbanas, edifícios e
Terreno
elevações construções
Aspectos Em guerra Responde pelo ato (legítima
Legais defesa)

c) Constituição da Turma de Caçadores


Todo atirador tem o apoio de um observador. O observador tem por missão
observar o tiro e prover a segurança da equipe. A Turma de Caçadores é constituída por
duas duplas, sendo cada uma destas composta por um atirador e um observador.

4. Emprego do Caçador no Combate Convencional


O Caçador deve ser empregado sempre que possível dentro das operações
militares com a principal finalidade de prover aos comandantes de fração informações
sobre o terreno em tempo real; pode ser empregado ocupando PO fixo e monitorando o
terreno, ocupando posições sucessivas no terreno para apoiar o movimento da tropa ou
progredir com a tropa para realizar o tiro seletivo em alvos de oportunidade e levantar
possíveis posições de tiro.

105
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

5. Missões do Caçador no Combate em Ambiente Urbano e Op GLO


- Conseguir informações através da observação;
- Levantar e reconhecer posições de tiro dentro da Área de Operações;
- Identificar todos os participantes da crise e seus respectivos perfis e
posições no local;
- Identificar armamentos e explosivos;
- Analisar o local de operação e suas vias de acesso;
- Observar e relatar as atividades dentro do local;
- Proteger o movimento da tropa;
- Reportar onde não consegue observar;
- Fornecer fotografias, desenhos e croquis;
- De forma geral a equipe de caçadores são os olhos do gerente da crise e
dos comandantes de fração;
- Efetuar o tiro de comprometimento mediante ordem; e
- O Gerente da Crise dá ordem para a realização do tiro, porém é o atirador
quem decide o melhor momento (Efeito/Dano Colateral).

6. Materiais utilizados pela equipe


Alguns dos materiais utilizados pelo atirador e pelo observar:

- Fuzil de Precisão: .308 Imbel – AGLC


- Fuzil FAL/ParaFAL 7,62mm com luneta
- Munição Especial: Lapua e CBC .308 (controle de qualidade)
- Luneta de alta qualidade (Leupold e Bushnell)
- Binóculos e Luneta de Observação
- Telêmetro laser
- Equipamento de visão noturna
- Equipamento de visão termal
- Mochila
- Uniformes Diversos:
- Área Urbana: Camuflado nas tonalidades do terreno onde irá operar
- Área Rural: Roupa de Caçador (Ghilie)
- Cotoveleira e Joelheira
- Lanternas com Lentes Vermelhas
- Bússola e GPS
- Cantil e Alimentação Fria
- Colchonete e Saquitel
- Equipamento de Altura
- Colete Tático
- Kit de Primeiros Socorros
- Rádio com Fone de Ouvido

106
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

CAPÍTULO V

ARTIGO I

COMBATE EM RECINTO CONFINADO

1. INTRODUÇÃO

Quando falamos em combate em recinto confinado (CRC), podemos identificar


duas atividades distintas: uma situação de combate, onde se atua no interior das áreas
edificadas e uma situação de não combate, seja em operação de Garantia da Lei e da
Ordem, realizando a busca e a apreensão de materiais ou pessoas dentro de áreas
edificadas. Apesar de serem atividades diferentes, elas se assemelham em um aspecto:
ambas utilizam as mesmas técnicas, táticas e procedimentos para cumprirem suas
missões.
Dessa forma, dizemos que o CRC é um conjunto de TTP (técnicas, táticas e
procedimentos) executadas por uma tropa no terreno interior, seja uma construção,
ônibus, trem, navio ou avião, que tem o objetivo de vasculhar o ambiente em segurança e
neutralizar ameaças quando necessário.

Fundamentos Táticos:
Este tipo de combate é orientado pelos seguintes fundamentos táticos:
a) Simplicidade – Este fundamento deve ser buscado desde a fase de
planejamento, na qual a limitação do número de objetivos, um bom trabalho de
Inteligência e a criatividade são componentes básicas deste fundamento.
A limitação do número de objetivos facilitará a compreensão da missão por todos
os integrantes da fração, diminuindo as possibilidades de erro durante a execução.
Um bom trabalho de Inteligência possibilita o maior número possível de dados
precisos importantes para o planejamento, evitando-se o improviso e um grande número
de condutas alternativas durante a ação no objetivo.
A criatividade é obtida através de novas tecnologias, que visam a execução de
uma tarefa aparentemente difícil de um modo mais fácil e rápido, e ainda, através do
emprego de táticas não convencionais, que são aquelas desenvolvidas durante o
treinamento específico de uma missão ou ainda a solução encontrada diante de uma
situação problema na ação no objetivo.
b) Segurança – Este é o fundamento que trata da integridade física dos
integrantes da fração, iniciando na apanha e verificação do armamento e equipamento a
ser utilizado no cumprimento da missão, passando por condutas durante o deslocamento
e aproximação do objetivo, condutas na ação do objetivo, tais como a identificação de
elemento suspeito e sua detenção e finalmente até o retraimento para a base de
operações e posterior “debriefing”.
c) Surpresa – Este fundamento visa apanhar o APOP/inimigo desprevenido,
através da dissimulação, da disciplina de luzes e ruídos, da sincronização das ações e até
das suas vulnerabilidades.
d) Agressividade – Fundamento específico para situações onde haja o combate,
através do qual o integrante da fração imporá o medo ao APOP/oponente por meio de sua
postura, da forma clara e enérgica com que transmite suas ordens e se preciso for do
emprego de força física.
107
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

e) Rapidez – Este fundamento trata que o integrante da fração deverá alcançar


seu objetivo o mais rápido possível, o que traduz menor tempo de exposição dos
envolvidos na ação no objetivo e uma solução aceitável para determinada crise num curto
espaço de tempo.
f) Continuidade – Este fundamento implica diretamente no espírito de
cumprimento de missão, pois não importa o que sair de errado durante a execução,
principalmente na ação no objetivo, o integrante da fração deve manter seu foco e
prosseguir.

Emprego do armamento:
Existem alguns fatores para o emprego do armamento em CRC. Estes são
essenciais para que se evite a morte de inocentes:
a) Objeto – Algo que ofereça risco a integridade física ou à vida do elemento da
fração ou de outrem.
b) Intenção – A pessoa que porta o objeto tem a intenção de usá-lo contra o
integrante da fração para afetar sua integridade física ou tirar-lhe a vida, ou ainda, de
outrem.
c) Capacidade – A pessoa que porta o objeto e tem a intenção de usá-lo deverá
ter a capacidade para fazê-lo, ou seja, precisa ter força para empregar um machado, por
exemplo, ter o conhecimento necessário para manejar uma arma de fogo, quer dizer que
o agressor deve ter capacidade física e/ou mental para executar a ação com êxito.
d) Certeza – O integrante da fração deve estar certo que após verificar os três
fatores anteriores, aquela pessoa constitui uma ameaça real.
e) Ação imediata – O integrante da fração após ter verificado os fatores citados
anteriormente, sabe que se não agir (atirar), de imediato, aquela ameaça se concretizará.

Fundamentos Éticos:
Para cumprir esse tipo de missão, é importante a prática dos seguintes
fundamentos éticos:
a. disciplina – obediência e fiel cumprimento das ordens;
b. lealdade – fidelidade com os companheiros;
c. responsabilidade coletiva – responsabilidade solidária pelos atos praticados
durante uma ação no objetivo. Cada um é responsável não somente pelo seu ato, mas
também pelo do seu companheiro;
d. compromisso de matar – Fundamento específico para situações onde haja o
combate, no qual o elemento da fração deve ter consciência de que ele deverá neutralizar
aquele que ofereça uma ameaça ou perigo eminente contra a sua vida ou de outrem; e
e. necessidade de conhecer – Somente as pessoas necearias devem tomar
conhecimento da atividade da tropa. O elemento da fração deve saber que não pode
comentar o cumprimento de uma missão, atividades de instrução ou qualquer outro
assunto tratado no âmbito da fração.
O combate em recintos confinados é uma ferramenta comum a outros tipos de
operações, como por exemplo, o investimento a uma localidade, onde as pequenas
frações terão que progredir casa a casa a fim de eliminar possíveis resistências no interior
da localidade.

108
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

2. TÉCNICAS, TÁTICAS E PROCEDIMENTOS DE COMBATE EM RECINTO


CONFINADO

Para a entrada no primeiro cômodo o Grupo de Assalto se posicionará como


um todo na mesma parede, ao lado da entrada. A entrada na primeira porta pode exigir
um arrombamento, o qual pode ser realizado apenas com a abertura da fechadura com
ferramentas (como a mixa), com o arrombamento mecânico (usando aríete ou pé de
cabra), com arrombamento usando espingarda Cal 12 (com munição normal ou munição
de gesso, na fechadura ou nas dobradiças) ou com arrombamento explosivo. Também
podem ser usadas granadas de luz e som após o arrombamento para garantir a distração
de APOP armados no cômodo. Essas técnicas também podem ser usadas em outras
portas dentro da construção.
Os militares ao realizar uma entrada irão se posicionar dentro do cômodo
invadido em paredes opostas. A técnica a ser empregada dependerá da posição que
forem identificados os perigos imediatos dentro do cômodo, é importante observar a
seguinte regra geral: o primeiro homem está sempre certo. Se o primeiro entrar para a
esquerda, o segundo entrará para a direita, e vice-versa.
Ao adentrar em um cômodo o militar irá, preferencialmente, investir contra o
maior perigo imediato naquele cômodo. Seu objetivo, a partir de então, é neutralizar essa
ameaça, seja usando seu armamento letal, não-letal ou através da verbalização. O
segundo que adentrar irá para o lado contrário, cobrindo desta maneira a retaguarda do
seu companheiro.

- O primeiro militar a entrar no


cômodo (A) identifica a ameaça e
parte em sua direção para
neutralizá-la;

- Ele faz a entrada Cruzada;

A
- O segundo militar a entrar (B), vai
para o outro canto do cômodo
C limpando o ângulo morto;

B D - Ele faz a técnica Gancho;


D C B A - Os demais militares a entrar neste
T
cômodo se alternam um para cada
lado, cada um executando uma
técnica.

Pode ser classificada quanto à técnica, quanto a tática e quanto ao procedimento:

1) Quanto a técnica

109
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

1.1 Entrada em Gancho


Na aplicação desta técnica, o militar se posiciona junto à porta, tomando
cuidado para não apresentar o cano do seu armamento na abertura da porta e denunciar
sua posição.
No momento da entrada ele “contorna” o batente da porta que está a seu lado
percorrendo a mesma parede que ele se encontrava.

- Realizar a observação “rápida” do canto


3 1 (1);
Gancho - Realizar o vasculhamento do canto(2) e na
sequência do canto (3).
- A passagem pela porta deve ser feita com
o Armto em Pronto 3;
- Ao cruzar a porta o Armto irá para a
posição de Pronto 2;
2 - Até a realização do vasculhamento no
canto (3) o militar deverá realizar a técnica
do 3º olho.

1.2 Entrada Cruzada


Na aplicação desta técnica, o militar posiciona-se junto à porta, tomando
cuidado para não apresentar o cano do seu armamento na abertura da porta e denunciar
sua posição.
No momento da entrada ele “cruza” a porta de um batente a outro,
percorrendo a parede oposta a que ele se encontrava.

- Esta técnica busca a velocidade, uma vez


que o militar mantêm o mesmo sentido de
deslocamento;
- O militar que realiza a entrada cruzada fica
responsável pelos cantos (1) e (3);
- A limpeza dos cantos (2) será realizada
pelos demais integrantes do Grupo De
assalto;
- Uma vez dentro do aparelho, o militar
deverá utilizar a técnica do 3º olho.

1.3 Situação especial


(1) Portas centrais largas onde o grupo esteja posicionado dos dois lados da porta
e que possibilitam a passagem de dois militares ao mesmo tempo.

110
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Neste caso deve haver uma


coordenação entre os militares que
forem adentrar ao cômodo, e qual o
momento da entrada.

(2) Portas centrais estreitas onde o grupo esteja posicionado dos dois lados da
porta e que possibilitam a passagem de apenas um militar de cada vez.

- Neste caso deve ser buscada a


simplicidade, ou seja, entra um lado e
depois o outro.

(3) Ao realizar a entrada o militar engaja uma ameaça e não prossegue no


movimento.

- (A) ao adentrar no cômodo,


identifica uma ameaça;

- Ele neutraliza a ameaça porém, deve


deixar livre a passagem da porta e
não prossegue seu deslocamento,
deixando de verificar o canto;

- (B) adentra ao cômodo e vai para o


ângulo morto.

Ameaça Neutralizada

111
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

2) Quanto à tática as entradas podem ser:

2.1 Coberta:
A entrada coberta será utilizada em operações de busca e apreensão onde a
segurança é mais importante que a velocidade. Normalmente em casos quando não há
possibilidade do descarte/destruição de provas importantes para resgatar, ou quando o
incidente não envolve reféns e em caso de APOP barricado.
Neste tipo de entrada, será priorizada a segurança e proteção dos
integrantes do grupo de assalto, através do uso do escudo balístico no primeiro homem a
entrar nos cômodos ou da utilização de técnicas de observação (fatiamento, tomada de
ângulo ou olhada rápida) antes da entrada em cada cômodo.

2.2 Dinâmica:
A entrada dinâmica será utilizada em operações de busca e apreensão onde
se priorize a agressividade e a rapidez. Este tipo de entrada é mais indicado quando
existir a possibilidade do APOP descartar ou destruir provas ou nas situações de resgate
de reféns, após a decisão pela entrada tática.
O acesso ao interior do aparelho deve ser realizado de maneira que permita
o máximo de velocidade à entrada tática.

3) Quanto ao procedimento as entradas podem ser:

3.1) Sistemática (“Por Dois”)


É dado ênfase na segurança do grupo de assalto e na limpeza das
instalações. É normalmente empregada quando não se conhece a planta baixa da
instalação e nem o posicionamento da força adversa. É o tipo de entrada mais indicada às
operações de combate urbano, pois dificilmente se conhecerá com antecedência a planta
das construções.
Neste caso, a fração, aborda cômodo por cômodo, uma dupla por cômodo
de cada vez. Assim, a equipe se reorganiza para cada abordagem e fica assegurado que
a varredura foi feita em toda a instalação.
As medidas de coordenação e controle adotadas pelo grupo de assalto no
interior da instalação aumentam sobremaneira, pois as ações não puderam ser ensaiadas
em detalhe.

112
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

LIMPO
!

4 LIMPO 1
!

LIMPO
!
2 LIMPO
3 !

LIMPO
!
LIMPO
!

Comandante Permanece no cômodo

Todo o grupo se prepara para a abordagem do aparelho;


- A primeira dupla toma o cômodo 1;
- Após dominar todas as ameaças do cômodo 1 cada elemento informa,
“LIMPO!”;
- Ao receber o limpo do cômodo 1 o comandante do grupo de assalto
avança com o grupo como um todo;
- O grupo como um todo se posiciona junto à porta para a passagem
para o cômodo 2;
- Outra dupla domina o cômodo 2, repetindo o processo para tomada do
cômodo 1;
- Assim o aparelho, sistematicamente, vai sendo dominado até o último
cômodo.

3.2) Inundação
É dada ênfase a velocidade, pois todo o grupo de assalto aborda o primeiro
cômodo e a reorganização ocorre quase que simultaneamente com a passagem para o
próximo cômodo.

113
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Será utilizada, prioritariamente, se a planta da edificação, bem como a


localização de inocentes e APOP, for de conhecimento da tropa. Tem como principal
característica a grande velocidade em que se abordam os cômodos.
Requer elevado nível de adestramento e ensaio detalhado, tendo em vista
que requer a perfeita harmonia na execução da missão, de forma que cada um dos
integrantes do grupo de assalto tenha, preferencialmente, perfeito conhecimento da planta
do aparelho e saiba qual sua missão.
A B C D E F G H I

COMANDANTE

H F D
B

E
F C
B

Comandante Permanece no cômodo

Todo o grupo se prepara para a abordagem do aparelho;


- A abordagem do cômodo 1 será realizada por todos os integrantes do grupo de
assalto;
- Os militares vão entrando e se posicionando, alternadamente, no cômodo 1;
- A reorganização no cômodo ocupado e a passagem para o próximo cômodo
ocorrem quase ao mesmo tempo.
- O primeiro militar a se posicionar junto a próxima porta será o primeiro entrar no
cômodo 2 (B);
- O segundo militar (D) que se posicionar junto a porta, dará o pronto ao primeiro (B)
e os dois procederão a entrada no cômodo 2;
- Ao mesmo tempo, os militares da parede oposta vão transpondo e realizando a
entrada no cômodo 2;
- Da mesma maneira que foi feita no cômodo 1, os militares vão entrando e se
posicionando, alternadamente, no cômodo 2;
- Normalmente o último militar a abordar o cômodo já será um dos militares que
114
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

deverá permanecer no cômodo;


- O comandante do grupo de assalto deverá se posicionar de maneira que ele
passe por todos os cômodos e chegue ao último cômodo;
- Em cada cômodo deverá permanecer pelo menos uma dupla;
- A militar que neutralizar uma ameaça deverá permanecer no cômodo mantendo a
ameaça em sua área de responsabilidade.

As técnicas, táticas e procedimentos (TTP) é que tornam a entrada em uma


ferramenta comum, contudo é importante destacar que essas TTP deverão estar de
acordo com a legislação vigente e às regras de engajamento previstas.

3. OPERAÇÃO DE BUSCA E APREENSÃO

A Operação de Busca e Apreensão (OBA) é uma atividade planejada que tem por
objetivo cumprir com segurança um mandado de busca e apreensão expedido por um
juiz. Tem por finalidade encontrar e deter pessoas e/ou materiais que sirvam de subsídio
para a solução de crimes, como armas, dinheiro, drogas, computadores, documentos, etc.
Cabe ressaltar que, em uma OBA poderá haver o consentimento do morador para
que a tropa entre no local, e havendo essa atitude, o uso da força não necessariamente
será utilizado por parte da tropa para o cumprimento do mandado.

4. CONSIDERAÇÕES GERAIS

- Quando não houver morador no local, a porta poderá ser arrombada, porém
deve ser solicitado que um vizinho presencie o arrombamento e a diligência. Na ausência
deste, deve se verificar a possibilidade de utilizar os próprios militares da tropa como
testemunha.
- Para fins de comprovação, toda a diligência deve ser registrada com filmagens.
- Existem duas correntes que falam sobre o período de realização da operação. A
primeira, diz que ela deve acontecer entre as 06h e as 18h, e a segunda diz que pode
ocorrer entre o nascer e o pôr do sol.
- O limite temporal impõe-se apenas para o início da busca. Iniciada a diligência
durante o dia, poderá estender-se pelo tempo necessário para a sua conclusão.

5. DEFINIÇÕES
a. Leitura do Mandado de Busca e Apreensão
O mandado de busca e apreensão é o documento formal emitido pela
autoridade competente que ampara a execução de uma OBA.
A leitura do mandado deve ser realizada preferencialmente antes do assalto ao
aparelho. Em operações onde o sigilo seja fundamental para o cumprimento do mandado,
poderá ser lido depois, com os APOP já detidos.
Os mandados podem ser específicos, designando uma instalação, ou coletivos,
designando uma área claramente delimitada, autorizando a realização da busca em
diferentes locais dentro dos limites descritos, a critério das autoridades executantes.
b. Busca

115
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

É procura, revista ou pesquisa de pessoas, coisas ou mesmo rastros (vestígios)


e significa o movimento desencadeado pelos agentes do Estado para investigação,
descoberta e pesquisa de algo interessante para o processo penal, realizando-se em
pessoas e lugares.
O que concretiza a busca é a apreensão do material ilícito, de um APOP, prova
de crime ou outro objeto que tenha gerado o referido mandado.
A busca deve, preferencialmente, ser realizada pela Equipe de Busca após
todo o aparelho ser dominado pelo Grupo de Assalto.
c. Apreensão
Corresponde ao apossamento, à detenção de coisas ou de pessoas, etc,
sempre determinada pela autoridade competente e é medida assecuratória que toma algo
de alguém ou de algum lugar, com a finalidade de produzir prova ou de preservar direitos.

6. ORGANIZAÇÃO DA FRAÇÃO A SER EMPREGADA

Em uma OBA, que pode ser do escalão Pel ou maior, a tropa que cumprirá a
missão deverá estar organizado conforme o organograma a seguir:

Cmt

EM/Cmdo Tu Caçadores

Cerco/
Assalto1 Isolamento2 Acolhimento
Revista

Observações:

1 - deverão ser previstas quantas frações forem necessárias para executar essa
tarefa; e

2 - essas duas tarefas poderão ser executadas por uma única fração, ou poderá
haver uma fração para cada tarefa.

116
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

7. TAREFAS

a. Grupo de Assalto
É a fração que realiza o movimento para o interior de um aparelho, a partir da
posição de assalto (PA), utilizando os meios necessários caso não haja consentimento do
proprietário após a leitura do mandado.
Deverá ser organizada com o valor mínimo de um Grupo de Combate (GC),
que realizará o assalto do aparelho. Logo, dependendo do nível de comando da operação
ou da dimensão do local a ser realizada a busca, poderá haver a necessidade de um
pelotão (Escalão de Assalto) ter os seus GC organizados em Grupos de Assalto. Para a
realização do assalto, deve-se atentar para a premissa básica de sempre manter dois
homens por cômodo. A Força de Assalto poderá ser reforçada por elementos
especializados (chaveiro, atendentes, socorristas, etc).

b. Grupo de Revista
É a fração responsável pela busca dentro do aparelho, revistando os cômodos,
inclusive dentro dos móveis e compartimentos escondidos, além de apreender materiais.
Pode ser apoiada por elementos especializados, como: peritos, cães
farejadores e outros necessários ao cumprimento do mandado. Deve conduzir material
específico: luvas de procedimento, espelhos, sacos plásticos, chaves de fenda, pinças,
etc.
c. Grupo de Cerco e Isolamento
Força de Cerco – é responsável por impedir a fuga de elementos de dentro do
aparelho e também por prover a segurança da Força Assalto durante sua aproximação do
aparelho.
Força de Isolamento – é responsável por evitar a entrada de indivíduos na área
da operação, sejam APOP, imprensa ou mesmo curiosos.
d. Grupo de Acolhimento
Em situações que necessitarem a retirada de civis da construção será
constituída uma Força de Acolhimento, responsável por acolhe-los e afastá-los do local,
realizar uma revista sumária e encaminhá-los ao local determinado pelo Comandante da
Operação.
e. Turma de Caçadores
É a fração responsável pelo tiro de comprometimento e observação do
aparelho para orientar a progressão e aproximação da Força de Assalto, levantar e
transmitir com oportunidade as informações, identificar e eliminar as ameaças (a princípio
mediante ordem).
Obs: a Turma de Caçadores pode ser passada em reforço ao pelotão pelo
comandante da Unidade caso haja a necessidade de emprego.

8. FASES DA OPERAÇÃO
Durante o Exame de Situação e na realização do planejamento, o Cmt da
operação deverá levar em consideração as fases abaixo
a. Cerco e Isolamento

117
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Semelhantemente às ações de patrulha, devem preceder a aproximação da


fração que realizará a entrada/assalto, proporcionando segurança a essa fração.

b. Aproximação
Para esta fase serão consideradas duas etapas e uma situação especial.
- 1ª Etapa
Nesta etapa é considerado o deslocamento do local de desembarque até a
Posição de Formação (PF), que em algumas situações poderá coincidir com o local de
desembarque.
A posição de formação é a última posição coberta e abrigada antes da Posição
de Assalto (PA).
Na PF os integrantes da fração já deverão estar com as armas principais
carregadas e destravadas, deverão realizar o último teste rádio e, em último caso, poderá
realizar alguma medida administrativa ou de coordenação necessárias ao prosseguimento
na missão.
Os integrantes da fração deverão conduzir o armamento na posição de pronto
3 (três) ou pronto 2 (dois), de acordo com a hostilidade do ambiente, mantendo a
observação no setor distribuído pelo comandante do grupo.
A Turma de Caçadores deverá estar em condições de guiar e prover a
cobertura da Força de Assalto, a partir do pronto do comandante desta Força na PF para
deslocar-se até a posição de assalto.

- 2ª Etapa
Nesta etapa, é considerado o deslocamento da PF até a PA.
Durante este deslocamento os integrantes da fração deverão conduzir o
armamento na posição de pronto 2 (dois), mantendo-se os setores já distribuídos e
poderão adotar a posição de pronto 3 (três) caso a situação exija.
Nesta situação o observador deverá manter o comandante do Escalão
informado do que acontece no interior do aparelho e também nas proximidades.
Na PA, a Força de Assalto deverá permanecer em condições de realizar a
entrada/assalto mediante ordem do comandante da fração e manter a segurança em
todas as direções.
O comandante da fração poderá coordenar o rodízio dos Grupos de Assalto,
caso o tempo em posição na PA seja prolongado por muito tempo.
Este rodízio será feito através de substituição na posição.

c. Leitura do Mandado (específico para OBA)


A leitura do mandado deve ser realizada preferencialmente antes da
entrada/assalto no aparelho. Em operações onde o sigilo e/ou a segurança dos elementos
envolvidos seja fundamental para o cumprimento do mandado, poderá ser lido depois,
com os APOP já detidos.
Na situação em que o mandado for lido após a entrada, deverá ter sido feita a
limpeza de todos os cômodos, estabelecida a segurança internamente e identificado o
proprietário, para a realização da leitura.
A leitura poderá ser feita por elemento da tropa ou oficial de justiça, neste caso,
a tropa deve prover a sua segurança.

118
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

d. Assalto
O assalto é desencadeado com a utilização das TTPs já explicadas
anteriormente no item 2, caso seja necessário.

e. Neutralizar uma ameaça


A ameaça pode ser considerada neutralizada no momento em que não puder
mais oferecer risco a tropa ou a inocentes no interior do aparelho, seja por ter sido
rendida e se entregado ou por ter sido abatida por elemento da tropa.
d. Limpeza
Considera-se como limpo o cômodo onde os militares já neutralizaram todas as
ameaças visíveis, porém, ainda não foi revistado, portanto a atenção e a segurança
dentro do cômodo devem ser mantidas, pois pode haver APOP escondidos em armários,
alçapões, embaixo de camas, ou outros lugares que só serão verificados durante a busca.
Após todos os cômodos de um aparelho serem dominados, consideramos o
aparelho limpo, sendo este momento o mais indicado para início dos trabalhos da Equipe
de Busca.

e. Reorganização
Para esta fase serão estabelecidas medidas de coordenação e controle após a
limpeza de todos os cômodos.
Ela iniciará com o limpo do último cômodo, por isso é importante que o
comandante de grupo se posicione de tal forma que esteja acompanhando a entrada
nesse cômodo.
Iniciada esta fase, o comandante de grupo deverá percorrer todos os cômodos
e, se necessário, redistribuir seus homens de forma a melhorar a segurança no interior do
recinto.
Após verificado que o recinto está em segurança, o comandante de grupo
informa ao comandante imediato que o aparelho está em segurança e a situação atual
(feridos da tropa, feridos civis, materiais destruídos, danos ao patrimônio, etc).

REORGANIIZAÇÃO

f. Busca e Apreensão
Esta fase caracteriza-se pelo trabalho de duas equipes: Acolhimento e Revista.

119
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Inicialmente a equipe de acolhimento adentra o ambiente e recolhe APOP


detidos, civis feridos e militares feridos. Esta equipe realiza a revista pessoal nestas
pessoas e os conduz para fora do aparelho.
Logo em seguida, a equipe de revista inicia a busca detalhada nos cômodos. A
busca pode ser realizada por uma equipe específica (elementos em reforço) ou por
elementos da fração com essa tarefa específica, devendo ser tomadas todas as medidas
para a preservação das provas e do aparelho, visando uma posterior perícia. Danos
desnecessários ao aparelho e seu mobiliário devem ser evitados.
Após cumprida sua missão, a equipe de revista se retira do local.

g. Retirada
Esta fase se inicia com a saída e o pronto do comandante da equipe de revista.
O comandante do grupo de assalto dará o comando para a tropa preparar para
a retirada, quando se inicia a movimentação de todos os homens do grupo de assalto.

PREPARAÇÃO PARA A RETIRADA

3 2
P Reu Marginais P Reu Vítimas

1
4
P Reu Mortos
P Reu
Feridos

RETIRADA

2 3

1 4

120
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

h. Retraimento
É o movimento inverso da entrada, realizado pelo grupo de assalto em direção
à PF ou a uma nova posição de assalto.

RETRAIMENTO

PF

121
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO II

ARROMBAMENTO EXPLOSIVO

1. INTRODUÇÃO
Esta Nota de Aula tratará de assuntos relativos à confecção de cargas explosivas
não convencionais, assim denominadas por não constarem em publicações de uso oficial,
sendo criadas a partir da adaptação das características dos explosivos e cálculos contidos
no manual C 5-25 às necessidades dos grupos de assalto que realizam as tarefas de
arrombamento explosivo.
Os procedimentos utilizados para a confecção de cada tipo de carga são de
natureza empírica, tendo sido testados e aprovados em exercícios, adestramentos e
demonstrações com significativo sucesso. Nada impede que a criatividade dos
operadores produza cargas mais eficientes.

2. OBJETIVOS DO ARROMBAMENTO EXPLOSIVO


- Garantir a entrada do grupo de assalto;
- Produzir efeito de choque;
- Vencer obstáculos barricados;
- Garantir a segurança dos elementos operacionais e vítimas.

3. EXPLOSÃO
a. Conceito: Processo químico e físico caracterizado por uma grande velocidade
de transformação, pela formação de grande quantidade de gases em elevada temperatura
e por uma grande força expansiva que produz efeitos mecânicos e sonoros.

b. Efeitos primários:
1) Onda de choque:
- Onda mecânica, de imensa intensidade, com alta velocidade de detonação.
2) Sopro ou pressão:
- Divide-se em Pressão Positiva e Pressão Negativa
a) Pressão Positiva é a expansão multidirecional dos gases, formando círculos
concêntricos a partir do epicentro da explosão, gerando um vácuo atrás de si.
b) Pressão Negativa é o preenchimento abrupto do vácuo gerado pela onda
impelente.

3) Fragmentação:
- É a decomposição ou desintegração de objetos pela onda positiva, gerando
fragmentos.

4) Efeito térmico-incendiário:
- É a geração de altíssima temperatura pela explosão, a qual pode incendiar
objetos inflamáveis próximos ao local da explosão.
- Efeito do calor no corpo humano:
122
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

GRAU DA % DO CORPO RISCO DE


QUEIMADURA QUEIMADO VIDA
1º OU 2º 1 a 9% SEM RISCO
3º 1 a 9% BAIXO
2º OU 3º 10 a 19% BAIXO
2º OU 3º 20 a 29% MÉDIO
2º OU 3º 30 a 39% ALTO
2º OU 3º 40 a 89% CRÍTICO
2º OU 3º 90% ou + LETAL

c. Efeitos secundários:

1) Onda de reflexão - é a mudança de rumo de uma


onda positiva, quando ela encontra um objeto que não
consegue fragmentar. Deverá ser considerada, pois a onda de
reflexão poderá ferir o próprio explosivista.

2) Onda de convergência - ocorre quando a onda


positiva encontra um objeto que não consegue fragmentar;
porém, a superfície do objeto não possui área suficiente para
provocar uma reflexão. A onda se divide e após passar pelo
objeto, volta a unir-se, seguindo sua trajetória.

3) Área de proteção - é o espaço formado imediatamente


atrás do objeto que provocou a reflexão ou a divisão da onda
positiva e que não é diretamente afetado por ela.

d .Efeitos da Explosão no Corpo Humano:


Órgão “oco” ou preenchido por gases são mais suscetíveis ao efeito da sobre
pressão. Os órgãos mais suscetíveis a danos são: ouvidos, traquéia respiratória superior,
pulmões e traqueia gastrointestinal.

As partes do corpo mais vulnerável são os pulmões e ouvidos.


Efeitos:
- Hemotórax (sangue na cavidade torácica);
- Pneumotórax ( ar livre na cavidade torácica);
- Distensão dos pulmões;
- Ruptura de víceras (bexiga,fígado,rins,baço, alças intestinais);

123
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Ruptura de tímpano;
- Fratura de ossos;
- Queimaduras;
- Dilacerações;
- Perfurações; e
- Lesões múltiplas.

e. Normas de Segurança:
As mesmas prescritas no Cap 3 do Manual de Campanha C 5-25
EXPLOSIVOS E DESTRUIÇÕES do Exército Brasileiro.

f. Explosivos e Acessórios Utilizados na Confecção de Cargas:


Apesar de existirem diversos tipos de explosivos utilizados para fins militares,
serão abordados somente aqueles utilizados para a confecção de cargas não
convencionais, para arrombamento explosivo.

1) Cordel Detonante: É um explosivo composto por PETN (Penta Eritrato Tetra


Nitrita), disposto sob a forma de fios revestidos externamente por uma camada plástica
colorida e à prova d’água.
a) Tipos: Trabalharemos com 2 tipos de cordel detonante: NP-5 e NP-10.

CARACTERÍSTICAS NP- 5 NP-10


Flexibilidade dos fios Excelente
Resistência mecânica Satisfatória
Resistência a água Excelente
Resistência à armazenagem 5 anos
Ponto de fusão 138 graus
Velocidade de detonação 7000 m/s
Resistência à pressão 2 ATM
Revestimento externo PVC
Diâmetro 4,1 mm 4,8 mm
Resistência à tração 60 kg 80 kg
Peso mínimo de PETN 5 g/m 10 g/m
Peso do cordel 17 g/m 23 g/m

b) Emprego: O cordel detonante é o explosivo mais utilizado para a


confecção de cargas não convencionais. A flexibilidade dos fios permite variar a forma e a
dimensão das cargas de acordo com a necessidade com significativa rapidez e facilidade,
além de proporcionar o acionamento simultâneo de distintas cargas explosivas, ao serem
envolvidos pelo cordel.

124
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Figura 1 – Cordel detonante

2) Espoleta Comum: É um acessório composto por reduzida carga explosivo,


cujo acionamento se dá com o uso de estopim, utilizado para iniciar a detonação de um
explosivo.
a) Tipos: Trabalharemos com 2 tipos de ESPOLETA: A espoleta Nº 6 com
0,6g e espoleta Nº 8, com 0,8g equivalentes de explosivo.
CARACTERÍSTICAS Nº 6 Nº 8
Comprimento do estojo 45 mm
Diâmetro do estojo 6,5 mm
Resistência a água reduzida
Material do estojo alumínio
Carga de PETN 350 mg 500 mg
Carga de azida-tricinato 250 mg 300 mg
Peso da espoleta 1,3 g 1,5 g
b) Funcionamento: As espoletas comuns são detonadas pela ação de
fagulhas originadas na queima de um estopim. Sendo assim, é importante que a
extremidade do estopim esteja em contato com a carga de inflamação da espoleta (ver
figura 2), de forma a permitir o contato físico da fagulha com a carga.
A espoleta é um explosivo intermediário entre o acionador e a carga
explosiva propriamente dita, realizando a detonação desta por simpatia.

Figura 02 – Espoleta Pirotecnica


3) Espoleta Elétrica: É um acessório composto por reduzida carga explosivo,
cujo acionamento se dá através de passagem de corrente elétrica, utilizada para
125
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

iniciar a detonação de um explosivo.


a)Tipos:
Baixa Alta Alta
CARACTERÍSTICAS Amperagem Amperagem Amperagem
COBRE COBRE FERRO
Comprimento dos condutores 1a5m
Comprimento do estojo 45 mm
Diâmetro do estojo 6,5 mm
Carga de PETN 500 mg
Carga de Azida – Tricinato 300 mg
Resistência a pressão por 24 h 2 ATM
Material do estojo Alumínio
Corrente mínima necessária para o
0,5 A 1,5 A 1,5 A
acionamento de 1 espoleta
Corrente recomendada para acionamento
1,5 A 3A 3A
de espoletas em série
Cor dos fios Amarelo Laranja Branco
Resistência elétrica p/ 5m de fio 2,1 ohm 1,3 ohm 5,3 ohm

b) Funcionamento: A espoleta elétrica é detonada quando é aplicada uma


tensão às extremidades dos fios condutores da espoleta, gerando uma corrente elétrica
que provoca o aquecimento do fio em contato com o inflamador, acionando a carga
iniciadora (azida de chumbo), que detona a carga principal.
Não devem ser empregadas para escorvar cargas submersas por não
possuírem vedação perfeita. Em tais casos, se devem utilizar o cordel detonante para
escorvar as cargas subaquáticas.

Figura 3 – Espoleta elétrica

Figura 03 – Espoleta eletrica


4) Estopim: É um acessório usado para o acionamento de espoletas comuns. É
constituído por um núcleo de pólvora negra, envolvidos por material impermeabilizante.

126
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Além disso, a proteção plástica impede o acionamento de outras espoletas próximas ao


estopim, pois evita a propagação de faíscas durante a queima da pólvora.
O tempo de queima de diferentes rolos de estopim pode variar, em virtude da
influência das condições de umidade e pressão atmosférica e das condições de
armazenagem.

a) Tipos: Existem dois tipos de estopim: hidráulico e comum.

CARACTERÍSTICAS HIDRÁULICO COMUM


Diâmetro externo 5 mm 4,6 mm
Peso da pólvora 5,5 g/m 5,5 g/m
Peso do estopim 21 g/m 16 g/m
Tempo de queima 150 s/m 150 s/m
Comprimento mínimo da chispa 50 mm 50 mm
Resistência a pressão 1 atm/24 h -
Resistência à tração 28 kg 24 kg
Revestimento externo Termoplástico Resina plastificada
b) Emprego: É utilizado para o acionamento de espoletas comuns, que
necessitam da combustão da pólvora para impressionar a carga explosiva da espoleta.
Durante o manuseio do estopim recomenda-se não torcê-lo ou dobrá-lo, de
forma a evitar que sejam criadas interrupções no rastilho de pólvora.

Figura 4 – Estopim

g. Processos de Lançamento de Fogo:


Existem TRÊS processos de lançamento: o pirotécnico, o elétrico e o não-
elétrico (nonel).
1) Lançamento Pirotécnico: É aquele em que a carga explosiva é acionada por
meio de escorvamento pirotécnico, ou seja, são utilizados estopim e espoleta comum para
iniciar a detonação do explosivo.
Esse processo é químico, apresentando significativa confiabilidade, porém
demanda determinado tempo de queima do estopim, variável de acordo com seu
comprimento, não sendo assim interessante utilizá-lo para uma entrada através
arrombamento explosivo, pois é necessário ter total controle da detonação.
2) Lançamento Elétrico: É aquele em que a carga explosiva é acionada por
127
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

meio de escorvamento elétrico, ou seja, é utilizada uma espoleta elétrica para iniciar a
detonação do explosivo.
Esse processo é elétrico, proporcionando o controle exato do momento em que
se deseja detonar a carga, pode ser utilizado para o arrombamento explosivo.
Maiores detalhes no manual C 5-25 EXPLOSIVOS E DESTRUIÇÕES.
3) Lançamento Não-Elétrico (NonEl): É aquele em que a carga explosiva é
acionada por meio de uma espoleta comum acoplada a um tubo de choque, e este a um
acionador carregado com uma espoleta pequena de fogo central para cartucho de
espingarda.
Esse processo é não-elétrico, proporciona controle exato do momento em que
se deseja detonar a carga, e é mais seguro do que o elétrico, ideal para o arrombamento
explosivo.
4) Tubo de choque: É um acessório de detonação não elétrico baseado em um
tubo plástico de cerca de 3 mm de diâmetro externo, cuja superfície interna é impregnada
com uma substancia reativa que manchem a propagação da onda de choque a uma
velocidade de cerca de 2000 m/s. Esta onda tem energia suficiente para iniciar um
explosivo primário ou uma espoleta com tempo de retardo ou não. Uma vez que a reação
esta confinada no tubo, este não explode e atua como mero condutor de energia.

h. Tipos de Cargas Não Convencionais:


- As cargas podem ser utilizadas para cortar, “empurrar” ou quebrar portas,
paredes, lajes e ferros para a entrada do grupo de assalto.

1) Carga Linear “silhueta”: É uma variação da carga tipo “silhueta”, cujo molde
possui reduzida largura, adquirindo um formato linear. Normalmente é empregada para a
destruição das dobradiças de uma porta (ver figura 5).
De uma maneira geral segue a mesma sequência de procedimentos para
a confecção da carga tipo “silhueta”, porém suas dimensões favorecem o emprego de fita
tipo “dupla face”, que facilita a instalação da carga na porta por não utilizar um molde
rígido.

Molde

Cordel Detonante

Figura 5 - Carga Linear


2) Carga tipo “C” ou“ telefone”: É uma variação da carga tipo “silhueta”, cujo
molde possui o formato de um telefone ou C. Normalmente é empregada para a
destruição da maçaneta de uma porta (ver figura 6). De uma maneira geral segue a
mesma sequência de procedimentos para a confecção da carga tipo “silhueta”.
128
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Figura 6 - Carga "C"


Os efeitos produzidos pelas cargas são diretamente proporcionais à
quantidade de voltas de cordel detonante e ao posicionamento dos fios de cordel
sobre o molde, de forma a produzir um efeito direcional das ondas provocadas pela
detonação do cordel. As tabelas abaixo ilustram esses aspectos :
TIPO DE No DE VOLTAS
MATERIAL DA ANTEPARA
ANTEPARA DE CORDEL
Madeira oca 1
Madeira sólida 3
Portas de Madeira Madeira sólida de alta qualidade 4
Compensado 1 / 0,25 pol
Eucatex 2
Alvenaria comum 3
Alvenaria com azulejos internos 4
Paredes
Com azulejos e revestimento externo 5
Com tijolos de cimento 7
No DE VOLTAS DE
CORDEL SOBRE O MOLDE
CORDEL

2 VOLTAS
C

3 VOLTAS

4 VOLTAS

129
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

5 VOLTAS

6 VOLTAS

Os seguintes procedimentos devem ser seguidos para a confecção desse


tipo de carga:
- Cortar o molde (chapa plástica, “eucatex”, madeirite ou papelão) nas
dimensões desejadas;
- Circular o cordel detonante na periferia do molde, prendendo-o com fita
adesiva;
- Preparar a conexão com o sistema de disparo; e
- Preparar um apoio ao suporte da carga na antepara.

i. Distância de Segurança:

Cargas Externas:
Fórmula Básica
3

D = K W
D = Distância em Pés
K = Fator de Segurança, equivalente à Pressão de Detonação (PSI)
W = Peso do Explosivo TNT em LIBRAS

Cargas Internas:
Fórmula Básica

D = K Wx3
D = Distância em Pés
K = Fator de Segurança, equivalente à Pressão de Detonação (PSI)
W = Peso do Explosivo TNT em LIBRAS

130
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

CAPÍTULO VI

ARTIGO I

CONTROLE DE DISTÚRBIOS

1. CONCEITOS BÁSICOS
a. Aglomeração: grande número de pessoas temporariamente reunidas.
Geralmente, os membros de uma aglomeração pensam e agem como elementos isolados
e não organizados. A aglomeração pode, também, resultar da reunião acidental e
transitória de pessoas, tal como acontece na área comercial de uma cidade em seu
horário de trabalho ou nas estações ferroviárias em determinados instantes.
b. Multidão: aglomeração psicologicamente unificada por interesse comum. A
formação da multidão caracteriza-se pelo aparecimento do pronome “nós” entre os seus
membros, assim, quando um membro de uma aglomeração afirma – “nós estamos aqui
pela cultura”, “nós estamos aqui para prestar solidariedade”, ou “nós estamos aqui para
protestar” pode-se também afirmar que a multidão está constituída e não se trata mais de
uma aglomeração.
c. Turba: multidão em desordem. Reunião de pessoas que, sob estímulo de
intensa excitação ou agitação, perdem o senso da razão e o respeito à lei, e pensam em
obedecer a indivíduos que tomam a iniciativa de chefiar ações desatinadas. A turba pode
provocar tumultos, distúrbios, realizar saques ou estar em pânico e fuga.
d. Tumulto: desrespeito à ordem, levado a efeito por várias pessoas, em apoio a
um desígnio comum de realizar certo empreendimento, por meio de ação planejada
contra quem a elas possa se opor. O desrespeito à ordem é uma perturbação promovida
por meio de ações ilegais, traduzidas numa demonstração de natureza violenta ou
turbulenta.
e. Distúrbio: inquietação ou tensão que toma a forma de manifestação. Situação
que surge dentro do país, decorrente de atos de violência ou desordem prejudicial à
manutenção da lei e da ordem. Poderá provir de uma ação de uma turba ou se originar de
um tumulto.
f. Manifestação: demonstração, por pessoas reunidas, de sentimento hostil ou
simpático a determinada autoridade ou alguma condição ou movimento político,
econômico ou social.
g. Anonimato: a pessoa se anonimiza, perde sua identidade e,
consequentemente, seu senso de responsabilidade, o seu comportamento deixa de ser
social para se tornar coletivo.
h. Agentes de Perturbação da Ordem Pública: são pessoas ou grupos de
pessoas cuja atuação momentaneamente comprometa a preservação da ordem pública
ou ameace a incolumidade das pessoas e do patrimônio.
i. Ameaças: são atos ou tentativas potencialmente capazes de comprometer a
preservação da ordem pública ou ameaçar a incolumidade das pessoas e do patrimônio.
j. Massa: Grande quantidade de pessoas.

1) Tipos de massa

131
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

a) massas pacíficas:
Reúnem-se por motivos “justos” ou pacíficos, pela própria característica
do grupo não demonstra atitudes radicais. São exemplos: Pacificadores, Religiosos,
Grupos raciais e comportamentais.

b) massas organizadas:
São grupos que possuem uma liderança mais definida, possuem relativa
disposição para enfrentar o policiamento local, além de terem objetivos específicos de
interesse de seu grupo social.

c) massas violenta:
São grupos que, muito das vezes, não possuem lideranças definidas,
mas que, por suas características, têm demonstrado ser uma preocupação quanto à
ordem pública.

2. DOUTRINAS:
Há duas vertentes doutrinárias mundiais no que tange às técnicas, táticas e
procedimento da Força de Choque.

a. Doutrina Ocidental: empregada na América e países da Europa Ocidental.


Seu emprego é baseado em técnicas não-letais, evitando o contato físico e mantendo
distância de segurança no Controle de Distúrbios. Utiliza força proporcional e busca da
preservação dos direitos individuais. Busca a estabilização institucional com cooperação
em amplo espectro, ganhando tempo para atuação política das autoridades Administrativas
(Adm). E atua com coordenação das informações da Comunicação Social e Operações
Psicológicas. Isso resulta em um emprego eficaz das pequenas unidades.

b. Doutrina Oriental: utilizada em alguns países do continente africanos e


asiáticos. Seu emprego é baseado em utilização de armas de fogo, porretes, chicotes e
varas buscando o contato físico no controle de distúrbios. Diferentemente da Doutrina
Ocidental, utiliza violência e desrespeito aos direitos individuais consagrados no Ocidente.
Busca a estabilização institucional impondo a força militar, com a conivência das
autoridades Adm. Despreza as atividades de Comunicação Social e Operações
Psicológicas. Emprega grandes efetivos.

3. MISSÕES ATRIBUÍDAS A UMA FORÇA EMPREGADA EM OCD


As missões normalmente atribuídas a uma força, quando empregada no controle de
um distúrbio são:
- interditar uma área urbana ou rural, prevenindo a ação de grupos de
manifestantes;
- evacuar uma área urbana ou rural já ocupada por manifestantes;
- restabelecer a ordem pública em situações de vandalismo;
- evacuar prédios ou instalações ocupados por manifestantes;
- restabelecer a ordem no quadro de um conflito entre as forças policiais
e a força adversa;
- garantir a integridade do património público;e
- desobstruir vias de circulação.

4. CONDICIONANTES

132
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

O Cmt, em qualquer escalão, deverá cumprir a sua missão, atendendo às seguintes


condicionantes:
- Mínimo de danos à população e ao património;
- Mínimo de perdas em sua tropa;
- Rapidez no cumprimento da missão;
- Preservação da imagem do Exército junto à opinião pública;
- Respeito aos preceitos legais vigentes;e
- Ordens específicas emanadas do escalão superior.

5. ATIVIDADES A REALIZAR
A seguir são apresentadas as principais ações a realizar, referenciadas às fases
de uma OCD. No entanto, elas não se desenvolvem, necessariamente, na ordem citada.
Além disso, algumas ações desencadeadas inicialmente prosseguem ao longo de toda a
operação, aumentando ou diminuindo de intensidade.

Principais atividades a realizar:


- inteligência;
- operações psicológicas;
- isolamento da área de operações;
- cerco da área conturbada;
- demonstração de força;
- negociação;
- investimento;
- vasculhamento da área; e
- segurança da população e instalações

a. Inteligência
- As atividades de inteligência em uma OCD devem se orientar para:
(1) Identificação das causas do distúrbio;
(2) APOP, em especial quanto à liderança, intenções, efetivos
e armamento;
(3) População, em especial quanto ao seu possível grau de participação
(incluindo líderes políticos); e
(4) Região de operações, em especial quanto aos acessos, pontos
sensíveis, postos de observação, obstáculos, sistemas de comunicações e
outros aspectos; são realizadas por equipes de reconhecimento e de inteligên
cia (normalmente velada), que devem infiltrar agentes na manifestação.

b. Operações Psicológicas
(1) As Operações Psicológicas (Op Psico) devem ser realizadas durante todas
as fases da OCD.
(2)São conduzidas por uma Equipe de Op Psico, integrada por pessoal
especializado.
(3)Caracterizam-se por ações destinadas a neutralizar o trabalho de formação das
turbas ou pela tentativa de dissuadir a massa de suas intenções.
(4)São planejadas e coordenadas pelo mais alto escalão.
(5)Têm como alvos a população e a nossa tropa.
(6)Devem ser realizadas durante todas as fases da OCD, em auxílio às ações de
negociação.
(7)Ordens de dispersão devem ser dadas (mediante o emprego de alto-falantes ou
133
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

outros aparelhos) de modo a assegurar que todos os componentes da turba possam ouvi-las
claramente. Deve-se usar linguagem adequada ao público alvo, falar de modo claro, distinto e
em termos positivos. Os manifestantes não devem ser repreendidos, ou desafiados. Quanto
menos tempo levar a turba para se dispersar, menos tempo terão os agitadores para incitá-
la à violência. Ao primeiro ato de violência, os líderes e os agitadores devem ser detidos e
retirados imediatamente do local.
(8) Os manifestantes devem ainda ser alertados sobre as medidas legais que
garantem o emprego da tropa e das consequências jurídicas no caso de qualquer desrespeito
ou agressão a mesma.
(9) A população deve ser orientada quanto à maneira de se conduzir, buscando-se
o máximo de defecções.
(10) As Op Psico devem ser desenvolvidas em coordenação com as Atividades
de Comunicação Social.
(11) A participação da mídia nas operações deve ser bem avaliada e coordenada
pelo Escalão Superior.
(12) Ação Psicológica no Público Interno:
- concientizar a tropa da necessidade da ação da F Ter;
- manter o moral e o senso de cumprimento do dever elevados; e -preservar e
assistir às famílias de integrantes da tropa que residam na área envolvida na Operação ou
em suas proximidades.
(13) Ação Psicológica no Público Externo:
- esclarecer que será preservada a segurança física da população ordeira;
- estimular lideranças comunitárias simpáticas à Operação;
- convencer a população a não participar das manifestações;e
- alertar os manifestantes sobre as medidas legais que garantem o emprego da
tropa e das consequências jurídicas no caso de agressão ou desrespeito àquela.
(14) Guerra Psicológica:
- difundir os êxitos da força legal, como apreensão de armamento e prisão de
líderes; e
- incentivar, ao máximo, as defecções e rendições.

c. Isolamento da Área de Operações


(1) O isolamento da área de operações é realizado mediante o
estabelecimento de Ponto de Controle de Trânsito (PCTran) e Posições de Bloqueio nos
principais acessos, com a finalidade de controlar movimentos, evitando o aumento da
participação da população, desviando o tráfego de veículos e, com isso, evitando
prejuízos às operações.

d. Cerco da Área
(1) No caso da operação caracterizar-se por uma ação de natureza OFENSIVA,
com o objetivo de dissolver uma manifestação ou desocupar uma área:
- o cerco da área conturbada deve ser realizado mediante
ocupação de posições de bloqueio nos acessos imediatos ou mesmo ao redor
da turba;
- tem também a finalidade de demonstração de força, para
causar forte impacto psicológico nos manifestantes;
- em princípio, deve ser permitido que os manifestantes e/ou
curiosos que desejarem, abandonem a área; e

134
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- quando as negociações não surtirem o efeito desejado, o INVESTIMENTO,


quando necessário, será realizados por ultrapassagem, em um ou mais setores da linha de
cerco e, nesse caso, o Cmt da tropa manobrará com as posições de bloqueio com vistas a:
a) possibilitar que nos momentos iniciais do investimento, os
manifestantes que não desejarem o confronto se evadam por um ou mais
pontos da linha de cerco, devendo para isso ser(em) prevista(s) ROTA(S) DE
FUGA/ESCAPE; e
b) impedir que os manifestantes que permaneceram na área e
optaram pelo confronto se evadam (particularmente os líderes e os que
cometeram atos mais violentos).
(2) No caso da operação caracterizar-se por uma ação de natureza
DEFENSIVA, visando impedir o acesso de manifestantes a determinada área sensível, as
ações de cerco caracterizam-se por:
- uma posição de defesa ao redor da área sensível, para permitir
suficiente espaço para a manobra da tropa e impedir que as ações violentas dos
manifestantes atinjam os pontos sensíveis no interior da posição de defesa;
- as posições nessa linha de defesa devem ser mais fortes nas
vias de acesso mais favoráveis à ação da turba e valer-se de obstáculos;
- a defesa deve ser organizada em princípio, em 2 linhas; e
(a) A primeira, com a função de COBERTURA, a algumas
dezenas de metros à frente com a finalidade de caracterizar legalmente o limite aceitável
de avanço dos manifestantes; caso haja pressão, proceder conforme previsto nas regras
de engajamento. Em algumas situações, em função do espaço para manobra, poderá
não existir a linha de cobertura;
(b) A segunda posição é para ser defendida, não se cedendo
espaço; deve ser constituída pela Força de Choque, que atuará de forma vigorosa,
buscando, em última instância, repelir a turba. Caso prossiga pressão sobre esta
segunda linha, ficará legalmente caracterizada a resistência contra a ação militar no
cumprimento da missão de garantia da ordem pública.
(c) A Força de Choque deverá passar então a uma atitude ofensiva, realizando
o INVESTIMENTO sobre a turba.
- uma outra linha de cerco, semelhante à prevista para as ações de natureza
ofensiva, poderá ser estabelecida, buscando ocupar previamente posições ao redor de toda
a área onde estão sendo realizadas as manifestações. Esse cerco tem como finalidade
impedir, se necessário, a evasão de APOP durante o investimento.

e. Demonstração de Força
(1) A demonstração de força é caracterizada, em primeira instância, pela própria
tomada do dispositivo inicial;
(2) Deve-se buscar a dissuasão pelo efeito de massa;
(3) Meios de grande poder de destruição, tais como helicópteros,
veículos blindados e outros armamentos pesados devem ser utilizados como fator de
intimidação e
(4) Não deve ser usada a munição de festim.

f. Negociação
(1) A negociação deverá ocorrer durante todas as fases da operação, valendo-se
para isso dos recursos das operações psicológicas, da comunicação social e de reuniões
pessoais com as lideranças;

135
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

(2) O êxito da negociação depende, em grande parte, do efeito


dissuasório da demonstração de força;
(3) Deverá buscar-se, fundamentalmente, a solução pacífica do conflito, evitando-
se a ação ofensiva;e
(4) Poderá ser estabelecido um prazo para que seja cumprida a determinação
da autoridade legal.

g. Investimento
(1) O investimento é, normalmente, a ação decisiva, com o objetivo de controlar um
distúrbio, quando se esgotam todas as medidas preventivas.
(2) Com base na hipótese mais desfavorável, ou seja, a real necessidade de se ter
que desencadear a ação ofensiva - num cenário em que alguns militantes mais radicais
reajam com coquetéis "molotov" ou mesmo armas de fogo - devem ser previamente
posicionados os seguintes elementos:
(a) Equipe de Observação e Base de Fogos - Constituída de observadores,
caçadores, cinegrafistas, e rádio-operadores, ocupando posições em pontos dominantes -
em condições de identificar líderes e aqueles que reagem violentamente à ação da tropa
com pedras, coquetéis "molotov" e armas de fogo - para filmá-los e, mediante ordem,
atirar com munição de borracha ou real (de acordo com as regras de engajamento
estabelecidas).
(b) Força de Choque- constituída por tropas de choque, equipadas com escudos,
cassetetes, munição lacrimogênea, viaturas blindadas e de remoção de obstáculos, cães,
cavalos, etc.
- deve caracterizar-se por uma ação vigorosa, que tem como objetivo dispersar a
turba.
- em algumas situações de natureza defensiva, a Força de
Choque, numa 1a fase, permanece estática, não devendo ceder espaço e, caso
pressionada pela turba, reage com vigor, tomando atitude ofensiva, buscando
dissolvê-la no mais curto prazo.
(c) Força de Reação
- constituída de tropas do Exército, em especial de Unidades de Infantaria e
Cavalaria que permanecem em 2 escalão em condições de caso a Força de Choque seja
hostilizada com armamentos que superem sua capacidade de ação, serem empregadas
em substituição a ela, utilizando meios mais traumatizantes, tais como munição de
borracha e, em última instância, munição real.
- em princípio, a tropa não porta escudos nem capacetes especiais, tendo como
armamento básico o seu armamento de dotação.
- o dispositivo adotado não é emassado e assemelha-se a uma operação
ofensiva de combate urbano, com progressão por lanços, buscando proteção dos tiros
e de outros objetos lançados contra a tropa. A reação pelo fogo real só deve ocorrer
quando determinada pelo Cmt e de acordo com as regras de engajamento estabelecidas.
- as equipes de serviços gerais serão úteis para a recuperação
do património público, ou privado, que for danificado pela nossa tropa, durante
a operação.
- as equipes de serviços públicos e especiais serão utilizadas
para reparação das redes elétrica, telefónica, de água e outros serviços.
(d) Equipe ou Destacamento de Apoio
- constituída de pessoal de saúde, bombeiros, Op Psico, justiça, serviços gerais,
serviços públicos essenciais e outros.

136
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

(e) Reserva
- constituída de forças com características semelhantes à Força de Reação, em
condições de reforçar posições de cerco, reforçar a Força de Reação ou atuar como força de
cerco.
(3) Conduta da Tropa no Investimento
(a) O investimento sobre a turba deve se caracterizar por uma ação dinâmica,
evitando-se ações estáticas, passivas e que ofereçam liberdade de ação e iniciativa ao
oponente.
(b) Normalmente é realizado mediante avanço da Força de Choque sobre a
turba com dispositivo emassado, em linha, em passo acelerado, com os cães à frente,
seguida por equipes especiais com atiradores com munição de borracha, lançadores de
granadas fumígenas e lacrimogéneas, veículos blindados com jatos d'água e outros
meios.
(c) Equipamentos de som darão o suporte às operações psicológicas.
(d) Equipes da base de fogos, de acordo com as regras de engajamento,
alvejarão com munição de borracha ou real aqueles que se valerem de armas mais
contundentes.
(e) Caso a reação da turba seja com tal violência (tiros e coquetéis "molotov") que
a Força de Choque não possa progredir, ou as ações da base de fogos sejam inócuas, a
ação passará a ter as características de um combate urbano, devendo ser empregada a
Força de Reação.
(f) Veículos blindados poderão acompanhar a Força de Choque em sua ação.
(g) Não deve ser utilizada munição de festim.
(h) Provas materiais da violência deverão ser recolhidas para posterior
apresentação em tribunais. Aquelas que definam a identidade dos líderes e suas reais
intenções, bem como as que se referem a planos, são particularmente importantes. O
emprego de elementos em trajes civis facilitará a obtenção de tais provas. A utilização de
máquinas fotográficas e de filmagem, de gravadores e de outros aparelhos serão
particularmente úteis para esse fim, considerando a dificuldade de memorização que,
naturalmente, apresentam os observadores em tais situações.
(i) Provas que definam claramente a conduta da tropa devem ser também
providenciadas, a fim de resguardá-la contra acusações futuras.

h. Vasculhamento da Área
(1) É a operação que normalmente se segue ao investimento, em que
preponderam as ações de busca e apreensão, e tem por finalidade:
(a) capturar:
- líderes;
- elementos que cometeram atos violentos; e
- elementos procurados pela justiça, ou pela polícia.
(b) apreender:
-armas, munições, explosivos e outras provas materiais.
(2) É executado por equipes de busca, que recebem normalmente encargos por
área ou grupos de pessoas a serem revistadas.
(3) A tropa mais adequada à sua execução é a PE, podendo, em alguns casos, ser
realizada, no todo ou em parte, por outras Unidades do Exército.
(4) A Força de Reação e a Reserva podem receber a missão de realizar o
vasculhamento e, para isso, são reorganizadas em equipes de busca, cada uma com
responsabilidade sobre uma área específica.

137
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

(5) As buscas, quando no interior de residências, exigem mandado judicial e só


podem ser realizadas durante o dia. São, no entanto, as mais eficazes.
(6) Todos os comodos devem ser revistados na presença dos moradores e, quando
descoberto algum ilícito, lavrado o flagrante delito.
(7) A revista de pessoas nas ruas é feita também pelas equipes que participaram
do cerco, do isolamento e da segurança da população.

i. Segurança da População e Instalações


(1) Estas ações, apesar de preponderarem nas fases subsequentes ao
investimento, podem ocorrer durante toda a OCD.
(2) Caracterizam-se por um patrulhamento intensivo da área e o
estabelecimento de Postos de Segurança Estáticos (PSE).
(3) Durante as ações, deve ser mantido o isolamento da área de operações e,
dependendo da situação, também as posições de cerco.
(4) Caracteriza-se também pelo estabelecimento de um rigoroso controle da
população e, em grande parte, confunde-se com as próprias ações de vasculhamento da
área.
(5) Devem ser reprimidas quaisquer tentativas de aglomerações posteriores, no
local ou nas suas proximidades e, para tal, patrulhas motoriza das ou a cavalo devem
percorrer a área.

6. ORGANOGRAMA DE FORÇAS OPERAÇÃO DE CONTROLE DE DISTÚRBIOS

Força OCD

Força Força Força Força Reserva


Isolamento Cerco Choque Reação

Equipe Obs e Equipe de Equipe Busca


Base de Apoio
Fogos

FORÇA DE CHOQUE
- Constituída por tropa de choque, equipada com material e munições específicas de
controle de distúrbios com o objetivo de quebrar a resistência das forças adversas.

FORÇA DE REAÇÃO
- Constituída de tropas do exército (infantaria e cavalaria mecanizada), atuam caso a
força de choque seja hostilizada com armamentos que superem sua ação.
- agirá com reação pelo fogo real de acordo com as regras de engajamento
estabelecidas.
138
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

EQUIPE DE OBSERVAÇÃO E BASE DE FOGOS


- Constituída de observadores, caçadores, cinegrafistas e rádio operadores, ocupam
posições em pontos dominantes a fim de identificar líderes e armas de fogo.
EQUIPE DE BUSCA
- Responsável pelo vasculhamento da área após o investimento visando capturar
líderes, elementos que cometeram atos violentos, contraventores, armamento, munições
e explosivos.

EQUIPE DE APOIO
- Constituída pelo pessoal de saúde, bombeiros, justiça, comunicação social e outras
equipes que se fizerem necessárias.

RESERVA
- Constituída de forças com características semelhantes a força de reação em
condições de reforçar a força cerco, força de reação ou atuar como força de choque.

7. ORGANOGRAMA PROPOSTO PELO CI OP GLO PARA UMA OPERAÇÃO DE


CONTROLE DE DISTÚRBIOS

Gerente de Crise
(Smt U / GU)

Sub Gerente
(Cmt U / GU)

Assessor de Assessor de
Pessoal Inteligência

Assessor de Assessor Logístico


Operações (S3/E3) (S4 / E4)

Assessor de Assessor de
Imprenssa Juridico

Escalão de Escalão de
Equipe de
Apoio Reserva Intervenção Cerco e
Negociação
(Assalto) Isolamento
(Segurança)

Força de Choque Força de Equipe Busca


Equipe Obs e (Frações para Reação e Acolhimento
Base Fogos Controle de 139
( Tu Caçadores, OCD)
etc.)
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO II

FORÇAS DE CHOQUE

1. PELOTÃO COMO FORÇA DE CHOQUE


O pelotão de fuzileiros leve, composto por 32 militares, quando dotado para força
de CHOQUE, fica dividido em 3 Grupos de Choque (GChq) e Grupo de Comando
(GCmdo). E com isso, apresenta as seguintes funções:
a) Comandante de Pelotão: é responsável pela coordenação e controle do
Pelotão de Choque.
b) Sargento Adjunto: é o auxiliar do Comandante de Pelotão no controle do
efetivo.
c) Sargento Comandante de Grupo de Choque: tem a responsabilidade de
controlar as ações de seu GChq, evitando seu isolamento ou fracionamento durante a
ação.
d) Escudeiro: executa a proteção do pelotão contra o arremesso de objetos ou
disparos de armas de fogo (quando dotado de escudo balístico).
e) Granadeiro: realiza o lançamento de munição química e de impacto
controlado calibre 37/38 ou 40 mm por meio de Lançador de Granada ou de lançamento
manual.
f) Atirador: realiza o lançamento de munição química e de elastômero com
espingarda calibre 12.
g) Marcador: realiza o lançamento de munição não-letal com armamento
específico de paintball.
h) Homem Extintor: opera o extintor no caso da necessidade de debelar
incêndio em elementos do Pelotão.
i) Rádio-Operador: realiza a comunicação do Pel – Cia.
j) Segurança: realiza a segurança coletiva do pelotão utilizando munição Letal
com espingarda calibre 12.

COMANDANTE DE PELOTÃO
ADJUNTO DE PELOTÃO
COMANDANTE DE COMANDANTE DE COMANDANTE DE
GRUPO CHQ GRUPO CHQ GRUPO CHQ
ESCUDEIRO ESCUDEIRO ESCUDEIRO
ESCUDEIRO ESCUDEIRO ESCUDEIRO
ESCUDEIRO ESCUDEIRO ESCUDEIRO
ESCUDEIRO ESCUDEIRO ESCUDEIRO
GRANADEIRO GRANADEIRO GRANADEIRO

140
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ATIRADOR ATIRADOR ATIRADOR


MARCADOR MARCADOR MARCADOR
SEGURANÇA RÁDIO OPERADOR HOMEM EXTINTOR

a) EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO

Quanto aos equipamentos de proteção individual (EPI), cada militar da fração


deve utilizar caneleira, colete balístico, capacete com viseira, tonfa ou cassetete, traje anti
tumulto (exceto escudeiro) e máscara contra gases.

Capacete com viseira Capacete balístico nível II


Tonfa e cassetete
com viseira

Colete balístico nível III


Colete balístico nível III A
Traje anti-tumulto

141
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Escudo balístico nível II Escudo policarbonato Máscara contra gases

b) PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO PELOTÃO CHOQUE


Os princípios fundamentais do Pelotão de Choque são princípios irrefutáveis e
imprescindíveis para o pelotão no cumprimento de suas missões. Sendo eles:

(1) O Pelotão de Choque é indivisível.


(2) Todos os militares são responsáveis pela segurança do pelotão e pelo militar
do qual está mais próximo.
(3) Todo militar do pelotão zela e conhece, perfeitamente, seu equipamento
individual.
(4) O escudeiro sempre tem prioridade sobre os demais militares do pelotão.
(5) Todos militares do pelotão devem conhecer a missão e todos os objetivos a
serem alcançados.
(6) O pelotão só atua e desembarca mediante ordem de seu comandante.
(7) O pelotão só atua quando há visibilidade do terreno e do oponente.
(8) Procurar manter-se distante do oponente.
(9) Atua estritamente dentro da lei, demonstrando sempre autoridade, deixando
as questões sociais ou políticas a cargo das pessoas responsáveis.
(10) Age sempre observando os critérios de prioridade de emprego de meios.

c) FORMAÇÕES DO PELOTÃO DE CHOQUE


O Pelotão de Choque, mediante comando, adota formações específicas de
acordo com o objetivo desejado. Assim, utilizamos as seguintes formações:

1) Formações Básicas:
- Por Três: é a formação básica de controle de distúrbios normalmente
utilizada para deslocamentos, enumeração, conferência de efetivo ou formaturas do
Pelotão de Controle de Distúrbios.

142
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Por Dois: é também uma formação básica do pelotão, utilizada para


deslocamento em locais estreitos. Assim, o pelotão estando na formação por três, ao
comando, o 1º grupo se deslocará para frente do dispositivo sendo os números pares
para a direita e os ímpares para a esquerda, ficando o 2º e 3º grupos um do lado do outro
na retaguarda do primeiro, seguindo a ordem numérica do Pelotão.

2) Formações Ofensivas:

143
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Em Linha: é a mais comumente utilizada e servimo-nos dela para bloquear o


deslocamento de uma massa, ou mesmo para empurra-la. Partindo da formação em
coluna por dois, com o comando correspondente os militares do 2º grupo do pelotão se
deslocarão para a esquerda do dispositivo; o mesmo procedimento será adotado pelos
homens do 3º Grupo, à direita do dispositivo. Os militares integrantes do 1º Grupo infiltrar-
se-ão no lado esquerdo se forem número ímpar e no lado direito se forem número par (daí
a importância da numeração do pelotão).

- Em Cunha: esta formação é utilizada quando o terreno for estreito para a


formação em linha ou para avançar e quando, mais perto da turba, mudar para a
formação em linha, fazendo a frente do pelotão aumentar, realizando assim dissuasão. A
disposição dos homens será a mesma do pelotão em linha quanto à numeração,
diferenciando apenas quanto à formação geométrica que terá os militares, não um ao lado
do outro, mas um a retaguarda (diagonal) do outro de ambos os lados (à esquerda e à
144
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

direita do homem base) e voltados para a mesma frente, tendo como base o escudeiro nº
1. Os escudos permanecem voltados para a frente como na formação em linha.

- Escalão à Direita: tal formação visa direcionar a movimentação da massa


para a direita. A posição numérica dos militares permanece a mesma da formação em
linha ficando a retaguarda e a direita do militar a sua frente, todos voltados para a mesma
frente.

145
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Escalão à Esquerda: tal formação visa direcionar a movimentação da massa


para a esquerda. A posição numérica dos militares permanece a mesma da formação em
linha ficando a retaguarda e a esquerda do militar a sua frente, todos voltados para a
mesma frente.

146
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

3) Formações Defensivas:

Estas posições possuem seis variantes, divididas em dois grupos: defensivas


dinâmicas e defensivas estáticas.

a. Defensivas Dinâmicas:

- Guarda Alta: este comando os escudeiros permanecem ombro a ombro com os


escudos oferecendo proteção na parte superior do corpo. Todo o efetivo restante será recolhido à
retaguarda dos escudeiros para também serem protegidos contra eventuais arremessos de
147
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

objetos. O cassetete empunhado pelo escudeiro efetua apoio na parte inferior do escudo e os
militares da retaguarda, o apoiam em sua parte superior, para maior firmeza.

- Guarda Alta Emassada: mantendo-se as posições do corpo e do escudo, os


quatro escudeiros de cada extremidade irão retrair formando uma proteção nas
diagonais, ficando a formação semelhante a uma meia lua.

148
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Escudos Acima: esta formação será utilizada quando o pelotão tiver que
adentrar em alguma construção, presídio ou outros locais em que a via de acesso
seja estreita e há perigo de lançamentos de objetos sob a tropa. Todos os
integrantes do pelotão ficam protegidos pelos escudos.

149
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

b. Defensivas Estáticas:
- Guarda Baixa: quando os escudos são apoiados ao solo de forma unida, e
todos os integrantes do pelotão se abaixam para realizar a proteção do Pelotão.

150
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Guarda Baixa Emassada: quando os escudos são apoiados ao solo, sendo que
três escudeiros de uma extremidade e quatro escudeiros da outra extremidade se
posicionam acima dos outros oito escudeiros que, abaixo, formam a base da
formação. É a principal formação utilizada quando da ameaça de arma de fogo.

151
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

d) COMANDOS

Os comandos para mudança de formações e deslocamentos devem ser claro e


dados com ênfase, para que todos consigam ouvir e executar ao mesmo tempo. A
marcialidade na troca das formações servem tanto para segurança do pelotão como para
demonstração de força, pois uma tropa adestrada pode intimidar com seu sincronismo.
Pode ser utilizado um amplificador de som para transmitir os comandos.

(1) Comandos para mudança de formação sem deslocamento de tropa:

 Advertência:
Pelotão Atenção!
 Comandos propriamente ditos:
Direção: 12 horas!

152
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Formação: guarda baixa!


Execução: posição!

(2) Comandos para deslocamento de tropa:

 Advertência:
Pelotão Atenção!
 Comandos propriamente ditos:
Direção: 12 horas!
Posição: 10 metros à frente!
Formação: em linha!
 Execução:
Marche-marche! (acelerado)
Marche! (normal)

(3) Comandos para deslocamento de tropa marcando cadência

 Advertência:
Pelotão Atenção!
 Comandos propriamente ditos:
Direção: 12 horas!
Posição: 10 metros à frente!
Formação: em linha!
 Execução:
Marcando cadência, marche!

(4) Comandos para a execução da carga de cassetete

 Advertência:
Pelotão Atenção!
 Comandos propriamente ditos:
Direção: 12 horas!
Posição: 10 metros à frente!
 Execução:
Preparar para a carga! Carga!
2. COMPANHIA COMO FORÇA DE CHOQUE
a) FORMAÇÕES
O Comandante da Companhia de Choque pode adotar as seguintes formações:

- Apoio Lateral:
Nesta formação será mantida a frente de 1 (um) pelotão, nas seguintes
situações:
1) Companhia a 2 (dois) pelotões. Nesta formação o Escudeiro 01 (E1) de
cada Pel fica na extremidade.

153
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

2) Companhia a 3 (três) pelotões (todos em linha)

Esta formação será utilizada nas situações que:


a) ocorra a necessidade de uma atitude defensiva temporária.
b) durante o deslocamento da força de choque seja necessário transpor um
cruzamento de ruas.
c) exista a necessidade de deslocamento por vias com a frente compatível
de 1 (um) pelotão, até a adoção de uma nova formação.

- Em linha

Nesta formação todos os pelotões estarão em linha.

154
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Em cunha
Esta formação poderá ocorrer nas seguintes situações:

1) Companhia a 2 (dois) pelotões.

2) Companhia a 3 (três) pelotões.

- Apoio Central:
É a formação que deixa um pelotão na linha de frente e o(s) outro(s) a
retaguarda em formação coluna por três, pronto para ser empregado em qualquer outra
formação a critério do comandante de companhia.

155
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Em Escalão.
Nesta formação todos os pelotões estarão em escalão.

b) COMANDOS
Serão seguidos os mesmos tipos de comandos dados ao pelotão, contudo os
Cmt Pel deverão retransmiti-los. Exceto na formação Apoio Lateral com a Cia a 2 (dois)
pelotões, a base será sempre o Pel do centro do dispositivo. Os demais Pel adotarão as
formações adequadas ao comando emitido, agilizando a adoção da formação.

3. TÁTICAS DAS FORÇAS DE CHOQUE

a. GENERALIDADES

O emprego da tropa está relacionado com o terreno em que ela irá atuar e com a
quantidade de pessoas que compõe a turba. Para definir o numero aproximado da turba,
deve-se fazer a seguinte operação: definir a área ocupada pela turba em metros
quadrados. Depois multiplicar por cinco se a multidão estiver comprimida, por quatro se
as pessoas se movimentam ou por três se estiverem caminhando.

PRIORIDADE DE EMPREGO DOS MEIOS DA FORÇA DE CHOQUE


- Vias de Fuga;
- Demonstração de Força;
156
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Ordem de Dispersão;
- Recolhimento de Provas;
- Emprego de Agentes Químicos e munição de elastômero;
- Emprego de Água;
- Carga de Cassetete;
- Detenção de Líderes;
- Atiradores de Elite; e
- Emprego de Arma de Fogo.

Dentro das diversas Operações de Controle de Distúrbios, a Força de Choque


pode atuar basicamente de duas maneiras: entrar em posição para repelir uma turba já
formada, ou, iniciar a operação estaticamente, defendendo uma posição.

1) Tropa com iniciativa de movimento:


A Força de Choque deve entrar em posição em uma distância considerável da
turba, devendo ser dentro do alcance de lançamento de granada do armamento AM 637
dos Granadeiros do Pelotão.
É ideal que a tropa não se aproxime a uma distância inferior a 20 metros,
visando evitar o contato físico mantendo as distâncias de segurança para utilização das
munições de impacto controlado e ainda para minimizar que objetos arremessados pela
turba não venham atingir o pelotão.
Então, a tropa deve sempre progredir, mantendo a distância da turba até esta
ser repelida.

157
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

2) Em posição estática defensiva:


A Força de Choque em posição defensiva, deve se organizar em um espaço
suficiente para realizar suas manobras e não tão próxima ao ponto a ser defendido para
evitar que este seja alvo de arremesso de objetos.
Algumas dezenas de metros à frente, dependendo do terreno à disposição, deve-
se criar uma linha de limite do avanço da turba, a linha de cobertura, podendo ela ser uma
tropa de apoio ou uma barreira física, bem visível e que todos consigam entender que não
se pode passar dessa linha.
A tropa deve ficar em sua posição até que a turba rompa a linha de cobertura. A
partir daí deve-se realizar o investimento sobre a turba como explicado no item acima.

b. AÇÕES DESENCADEADAS CONTRA A TROPA


- Impropérios: tem o objetivo de ridicularizar ou desmoralizar o militar;
- Emprego de Fogo: rastros de gasolina pelo caminho, botijões de gás, fogos de
artifício, pequenos incêndios, coquetel molotov;
- Ataques a pequenos grupos e veículos;
- Ação de pequeno vulto, às vezes ao mesmo tempo com o objetivo de confundir
a tropa;

158
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Lançamento de pequenos objetos: garrafas e latas cheias de água ou urina,


bolas de gude ou miguelitos (tropa a cavalo), atentar para objetos lançados de edifícios ou
pontos altos, estacionamento de viaturas, pedras, frutas, madeira, rojões, etc;
- Impulsionar veículos ou objetos contra a tropa: emboscadas em pontos
estratégicos atingindo a tropa de surpresa, precursor a paisana ( Inteligência), Itinerários
secundários;
- Destruições: visa destruir pontos estratégicos ou de relevância como
monumentos, pontes, estradas, meios de transportes e estabelecimentos comerciais;
- Utilização de Armas de Fogo: cada vez mais comuns, difícil de identificar o
causador do disparo, utilização de equipamento adequado (EPI), treinamento de
formações de defesa, infiltração de agentes de inteligência.
- Outras Ações: linha de frente com crianças, idosos, mulheres gestantes,
deficientes, animais; lançamentos de sacos com urina ou fezes; ação de religiosos; ação
de políticos; carros de som bloqueando a via.

c. EXEMPLOS DE OPERAÇÃO DE CONTROLE DE DISTÚRBIOS

1) Resistência pacifica
- Atuação somente em extrema necessidade;
- Muitas vezes tem caráter pacífico;
- Em algumas situações os manifestantes permanecem deitados ou sentados ao
chão com a finalidade de prejudicar a ação militar; e
- Necessita o emprego de equipamento especial: cassetete elétrico, espargidor
de gás pimenta, jatos de água ou tinta, cães, etc.

2) Desobstrução de via
- Quase sempre há vias de fuga;
- A ação deverá ser a mais simples possível;
- Oportunista (não há muita disposição em resistir);
- Não requer equipamento especial da tropa de choque;
- Boa forma de utilização de agentes químicos (local aberto); e
- Em caso de necessidade utilizar viatura blindada para remoção de barricada.

a) Atividades críticas
-Posicionamento da tropa;
-Montagem do posto de comando;
-Confronto com manifestantes;
-Domínio da via pública e desobstrução;
-Detenção de infratores; e
-Impedir o retorno dos manifestantes.

b) Contatos necessários
-Corpo de Bombeiros ;
-PE no Ct de trânsito (urbano ou rodoviário);
-Prefeitura Municipal (Pronto Socorro, guinchos, manutenção, etc);
-Segurança Velada (S2);
-Patrulhamento (velado e ostensivo).

159
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

c) Procedimentos do Cmt da tropa de OCD


-Itinerário até o local com alternativas;
-Verificar local de desembarque seguro à tropa e vias de fuga;
-Manter a coesão do pelotão evitando que algum militar se desgarre;
-Coibir atitudes isoladas;
-Utilização da Prioridade no emprego de meios

d) Sequência das ações


-Local isolado pela Força de Isolamento e pelo patrulhamento ostensivo
-As autoridades iniciarão as negociações
-Acionamento da Tropa de OCD;
-Comandante da Tropa de OCD deve contatar (S2), informando-se sobre
condições do local, número de manifestantes, existência ou não de armas de fogo,
existência de crianças e mulheres e as vias de fuga para onde será dispersada a turba
(Estudo de Situação);
- Emissão da ordem;
- No local, o Comandante da Tropa de OCD, deve entrar em Ctt com as
autoridades militares locais
- Se não houver a solução pacífica da quebra da ordem, tomar as devidas
medidas conforme as Prioridades no emprego de meios;
- A tropa de OCD desembarca a comando e adota formações de choque as
vistas dos manifestantes (demonstração de força)
- Aproxima-se da barricada retirando os manifestantes que estiverem à frente
desta, e proporciona segurança aos Bombeiros (no combate ao fogo);
-Avançar com Vtr Bld (limpa-trilhos ou trator) permitindo a passagem da tropa;
-A tropa posiciona-se em formação de choque, considerando o relevo do local,
as condições climáticas e as vias de fuga. Atua conforme a situação;
-Havendo resistência dos manifestantes, utilizar a demonstração de força,
munição química ou disparos de munição de borracha;
-Dependendo das condições de distância da tropa até os manifestantes, o
comandante pode comandar a carga de cassetete;
-Se ocorrer a detenção de indivíduos, durante a ação da tropa de OCD, estes
deverão ser conduzidos ao Distrito Policial local;
-Após a desobstrução da via pública, a tropa de OCD manterá a posição no
local até a administração regional da prefeitura retirar os obstáculos;
-Liberação da via pública o mais rápido possível; e
-Comunicar ao Gerente da Crise e elaborar o Relatório.

e) Manifestação Predatória
- Ao se intervir, atuar com planejamento, determinando os objetivos;
- Atentar para os locais onde são deixadas as viaturas e apoios;
- Emprego de Agentes Químicos e munição de elastômero;
- Necessita de atuação de agentes da inteligência; e
- Preocupação com os equipamentos da proteção da tropa.

f) Manifestações
- Atuação somente em extrema necessidade;
- Muitas vezes tem caráter pacífico;
- Em caso de necessidade de se intervir atuar com planejamento, determinando
os objetivos;
160
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Atentar para os locais onde são deixadas as viaturas e apoios; e


- Necessita de atuação de agentes de inteligência.

3) Eventos Relevantes
- É extremamente complicada, caso haja necessidade de intervenção (vias de
fuga);
- A quantidade de pessoas é sempre a maior preocupação;
- Cobertura por meios de comunicação;
- A atuação da tropa de OCD pode ser um fator agravante nestes casos; e
- Facilidade de visualização do local da operação.

- Ações de controle de distúrbios em locais de evento


- É extremamente difícil a intervenção pelo fato de que, nesses locais,
normalmente não há vias de fuga;
- A quantidade de pessoas é sempre a maior preocupação;
- Cobertura por meios de comunicação;
- A atuação da tropa pode ser um fator agravante nestes casos e
- Facilidade de visualização do local da operação.

4) Reintegração de posse
- Necessita planejamento apurado;
- Necessita negociação e paciência;
- Atuação nas primeiras horas da manhã;
- Verificação de itinerários alternativos (possibilidade de barricadas); e
- Difícil atuação de agentes de Inteligência.

a) Fases da reintegração de posse


- planejamento;
- preparação do terreno;
- negociação;
- ocupação;
- retirada dos invasores;
- rescaldo; e
- entrega ao proprietário ou representante.

b) Planejamento
- Levantamento do local;
- Reunião preparatória;
- Definição de missões; e
- Providências finais.

c) Preparação do terreno
- Equipe precursora ( Oficial S2);
- Emissão de ordens,Inspeção Final e saída;
- Início do comboio;
- Deslocamento;
- Chegada no local;
- Montagem de estacionamento e PC; e
- Posicionamento da tropa.

161
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

d) Negociação
- Ciência aos invasores ( leitura do MR);
- Negociação propriamente dita (2ª Fase);
- Verificação de possibilidade de resistência; e
- Ordem de dispersão/desocupação (Caso haja Rst).

- Sinais de resistência
- Vigilância;
- Sinais sonoros e visuais;
- Barricadas;
- Reuniões; e
- Imprensa no local.

e) Ocupação
- Posicionamento do Caçador e Tropa de intervenção (SFC) em pontos sensíveis
(equipe precursora);
- Desembarque da Tropa de OCD;
- Posicionamento no local da ocupação;
- Aproximação;
- Ordem de dispersão; e
- Início da retirada.

f) Retirada dos invasores


- Prioridade no emprego de meios;
- Detenção de lideranças;
- Varredura nos barracos; e
– Fiscalização da retirada de pertences pelas autoridades locais.

g) Rescaldo
- Socorro a feridos;
- Filmagem e coleta de evidências da resistência;
- Encaminhamento ao Distrito Policial; e
- Triagem e encaminhamento de invasores.

h) Entrega ao proprietário
- Verificação da efetiva reintegração de posse, juntamente com Oficial de justiça;
- Lavratura do termo de reintegração de posse; e
- Liberação das vias bloqueadas pela tropa de patrulhamento ostensivo.

i) Observações gerais
- Em local edificado, a reintegração de posse é executada de cima para baixo;
- Sempre deslocar-se para o local com Vtr Bld;
- Reintegração é realizada nas primeiras horas da manhã; e
- Prever sempre apoio (braçais, logística, Bld, bombeiros, maquinário, Carro de
som, ônibus, saúde, etc).

162
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

CAPÍTULO VII

ARTIGO I

TÉCNICAS NÃO LETAIS

1. INTRODUÇÃO
Armas não-letais, como as suas respectivas munições não-letais, são aquelas
projetadas e empregadas, especificamente, para minimizar mortes e incapacidades
permanentes nos seres vivos e materiais, bem como danos indesejados à
propriedade e ao meio ambiente.
Contudo, o termo não-letal não está relacionado propriamente ao material em si,
mas ao conjunto técnica-material de como ele é empregado (não se pode descartar
a possibilidade de alguém ser morto por uma arma tida como não letal), por
incidentes relativos ao uso indevido, motivados pelo desconhecimento, descontrole
ou pela falta de treinamento.
Por esse motivo, alguns organismos e/ou estudiosos do assunto se posicionam
contrariamente à expressão “não-letal”, preferindo os termos “menos letal” ou
“menos que letal”. Estas expressões devem ser utilizadas diferenciadamente
dependendo do contexto em que são aplicados, para a população o termo “não letal”
torna-se mais adequado e para o especialista o termo “menos letal” deve ser melhor
trabalhado.
Há uma tendência mundial de aumento do emprego e do desenvolvimento
tecnológico das armas não-letais, fomentado, em parte, pelo rigor da legislação
atinente a preservação dos direitos humanos e das restrições no uso da força
durante ações de coerção.
Alinhada com esta tendência, verifica-se o grande desenvolvimento dos
equipamentos de proteção individual, que tem por finalidade não só proteger a vida
e a integridade física dos militares durante a missão, mas, também, de fornecer a
proteção necessária para suportar até uma agressão letal sem implicar,
necessariamente, em uma reação na mesma intensidade, dependendo da gravidade
da situação.
163
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

a. Conceito de Não Letal


“Armas e munições não letais são aquelas especificamente projetadas e
empregadas para incapacitar temporariamente pessoal ou material, ao mesmo
tempo em que minimizam mortes e ferimentos permanentes, danos indesejáveis à
propriedade e comprometimento do meio-ambiente”

1) OITAVO CONGRESSO DA ONU


“Princípios básicos sobre o uso da força e armas de fogo pelos funcionários
responsáveis pela aplicação da lei.”
Disposições gerais parágrafos §2 e §4
§ 2 “tais providências deverão incluir aperfeiçoamento de armas
incapacitantes não-letais, para uso nas situações adequadas com o propósito de
limitar cada vez mais a aplicação de meios capazes de causar morte ou ferimento
às pessoas”
§4 “no cumprimento das funções, os responsáveis pela aplicação da lei
devem, na medida do possível, aplicar meios não-violentos antes de recorrer a uso
da força e armas de fogo”.

2. OBJETIVOS DAS TECNOLOGIAS NÃO LETAIS


Armas e munições não letais devem ampliar a capacidade das forças cumprirem
suas missões militares alcançando seus objetivos tais como: missões e tarefas onde
o uso de força letal não é proibida mas pode não ser necessária ou desejada;
desencorajar, retardar, prevenir, ou responder ameaças; limitar ou escalonar o uso
da força; repelir ou incapacitar temporariamente pessoas; desabilitar material ou
fábricas; ajudar a minimizar os custos de reconstrução pós conflito e melhorar a
proteção das forças envolvidas.

3. CONCEITOS DIVERSOS
a. Legalidade
Remete à necessidade de que as ações devem ser praticadas de acordo com
os mandamentos da lei, não podendo se afastar da mesma, sob pena de praticar-se
ato inválido e expor-se à responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o
caso.

164
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

b. Necessidade
Somente serão desencadeadas ações e medidas estritamente necessárias
ao cumprimento da missão.
c. Proporcionalidade
Correspondência entre as ações do oponente e do militar, de modo a não
haver excesso por parte do integrante da tropa empregada na operação.

d. Progressividade
O uso da força deverá, sempre que possível, evoluir gradualmente, sempre a
fim de atingir o nível suficiente para neutralizar a ameaça, buscando preservar a
integridade física das pessoas, do material e das instalações afetadas.

e. Força mínima

165
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

É o menor grau de força necessária para, assegurando o cumprimento das


ações anteriormente especificadas, desestimular o Agente de Perturbação da Ordem
Pública (APOP) a prosseguir nos seus atos, causando-lhe o mínimo de danos
possível.
f. Razoabilidade
Consiste na compatibilidade entre meios e fins da medida. As ações devem ser
comedidas e moderadas. Os danos provocados pela tropa não podem ser maiores
que os do APOP.
g. Ferimentos Permanentes
Ferimentos Permanentes são todos os danos causados às pessoas as quais
sejam incuráveis e diminuam sua capacidade laboral de maneira irreversível.
h. Eficiência
A eficiência no emprego de técnicas não-letais só será atingida se obedecidas
os seguintes fatores, pois não há nada 100% não-letal:
- doutrina;
- treinamento;
- estratégias e táticas;
- medidas de segurança.
Neste sentido o emprego das tecnologias não letais de forma mal feita e em
discordância com os preceitos ligados à eficiência podem gerar duas situações
distintas que podem se tornar perigosas para a operação de GLO.
Para melhor entendermos essas situações temos a descrição do quadro abaixo:

166
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

A primeira situação é quando atuamos abaixo da curva da eficácia, onde temos


a ineficiência da tecnologia. Essa ineficaz pode causar a oportunidade do APOP
entrar na situação de Reação de Luta ou Fuga tornando-o irracional e mais forte que
o normal.
A segunda situação que pode ser gerada pelo emprego incorreto das
tecnologias não letais é do outro extremo onde acontece a morte ou ferimentos
permanentes. Estas situações são potencialmente perigosas para a imagem da
operação e da aceitabilidade pública do emprego da FPac. Em muitos casos será
gerada uma crise que deve ser tratada pela Seção de Comunicação Social da FPac.

4. FINALIDADE DO EMPREGO DA TECNOLOGIA NÃO LETAL


Técnicas não-letais constituem um conjunto de métodos empregados na solução
de litígios que privilegiam a preservação da vida das pessoas envolvidas. Essas
técnicas preconizam que as armas de fogo letais somente serão utilizadas quando
todos os demais recursos estiverem esgotados.
Qualquer força deve ser limitada em intensidade e duração à verdadeira
necessidade para se alcançar o objetivo.
As técnicas não-letais devem ser empregadas sempre que a finalidade for:
- Preservar a integridade física dos agentes da lei;
- Manter a ordem;
- Preservar o patrimônio público e privado;

167
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Sustentar a política interna;


- Graduar o uso da força;
- Obter reconhecimento da opinião pública e
- Agir em consonância com a lei e os direitos humanos – ONU.

5. PRINCÍPIOS DE UTILIZAÇÃO
Seu emprego será adequado quando:
a. A força letal não for apropriada.
Muito comum de acontecer quando a finalidade da operação de um modo geral
é de controle da população, onde não há legalidade, necessidade ou razoabilidade
para causar a morte a qualquer pessoa.
b. A força letal for justificada e está disponível para uso, entretanto uma força
moderada poderá subjugar o agressor.
Ocorre em situações onde há algum tipo de agressão com finalidade letal
contra a tropa e há a possibilidade de se estabelecer contato com o APOP de forma
a força-lo à render-se.
Ex.: emprego do Incapacitante Neuromuscular em pessoa com refém tomado.
c. A força letal for justificada, mas seu uso poderá causar efeitos colaterais.
Realizar disparos em locais que devido sua alta densidade demográfica e
padrão de edificações podem atingir muitas pessoas que não estão envolvidas nas
agressões.

6. FASES DE EMPREGO
O emprego da tecnologia não letal passa por várias fases onde se deve ter
a. Planejamento
1) Cenário operacional
O estudo do cenário operacional estimado pode nos fazer focar para gerar e
articular requerimentos operacionais básicos na área das tecnologias não letais.
Este estudo do cenário pode nos trazer uma ideia básica das possibilidades
de acontecimentos e do estado final desejado para cada uma destas operações e
permitir que se planeje o estado operacional necessário e aptidões que nossas
tropas devem possuir.

168
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Os cenários em GLO podem mudar em uma ampla gama do espectro do


combate onde podemos ir de uma situação de paz estável até uma crise onde ocorra
o emprego de armamento letal em combate com APOP.
Estes estudos nos trazem uma perfeita noção das necessidades de
desempenho dessas tecnologias que serão utilizadas.
2) Custos
Os custos das tecnologias não letais devem ser analisados de forma que se
possa ter a perfeita noção da viabilidade daquela tecnologia e sua real eficiência.
Além dos custos operacionais devemos ter em conta os custos de
manutenção, treinamento dos militares que estarão dotados de tais tecnologias e a
vida útil do material.

3) Aceitabilidade Pública
O emprego do meio não letal como uma iniciativa com a mais nobre das
intenções de preservar a vida e integridade física das pessoas envolvidas em
ameaças e crimes diversos muitas das vezes não é aceitável para todos.
Sendo a opinião pública um centro de gravidade das operações de amplo
espectro deve ser considerada de modo que o emprego do meio não letal não seja
encarado pela população como um meio de tortura e abuso dos militares sobre a
população.
Desta forma, em todas as oportunidades, deve ser feito um trabalho de
Comunicação Social para difusão adequada das informações à opinião pública da
ideia que a tecnologia não letal é uma forma de proteção que o Exército Brasileiro
possui para salvaguardar a vida e a saúde da população e de pessoas que cometem
crimes ameaçando o bem estar geral.
b. Aquisição
A aquisição de material para o cenário previsto deve ser realizada em alguns
passos que buscam aprimorar o processo para que sejam realizados os melhores
1) Necessidade
2) Mercado
3) Viabilidade
4) Distribuição

169
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

c. Emprego
1) Treinamento
O treinamento faz o militar ter a habilidade necessária para quando houver o
emprego da sua fração em GLO ele tenha condições de utilizar o material a ele
disponibilizado, tendo a perfeita noção do estado final desejado e das técnicas de
uso dos meios
2) Difusão à população
O conceito de difusão à população esta vinculado com a aceitabilidade
pública do emprego da força. O emprego do agente químico deve ser difundido nas
operações como forma de proteção às pessoas, estruturas e bens privados e
públicos.
Todo o emprego do agente químico deve ser precedido de avisos de seu
uso nas situações onde não se exija a surpresa. Isso cria a reação de autoproteção
às pessoas envolvidas deixando na situação de possibilidade de emprego apenas os
APOP que assumem o risco e o confronto com os militares operadores da tecnologia
não letal a ser empregada.
3) Uso
O uso da tecnologia não letal é sempre um meio de uso da força, estando
acima do combate corpo-a-corpo dentro da sequência de escalonamento da força.
Como todo o uso da força o militar usuário destas tecnologia deve estar consciente
das premissas de uso desta tecnologia.
Cada operação é regulada pelas suas regras de engajamento e de suas
particularidades, porém o militar jamais deve se utilizar deste meio como forma de
extravasar suas emoções ou se impor perante fatos que não necessitem do uso da
força.
4) Tratamento pós incidente
Após o uso da tecnologia não letal, a população afetada poderá buscar
auxilio ou estar sob custódia/ preso e necessite de tratamento para os danos
causados pela tecnologia não letal utilizada.
O tratamento pós incidente devem incluir medidas para descontaminação
pessoal e material, posicionamento de equipes médicas preparadas para
emergências médicas, troca de conhecimento com OCS (Organizações Civis de

170
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Saúde) e o correto encaminhamento para os locais mais aptos para os cuidados de


pessoas gravemente comprometidas.
Este tipo de ação deverá ser vinculada a ação de difusão à população
indicando a população para que procure o tratamento das equipes de tratamento
pós incidente posicionadas previamente.
d. Evolução
1) Lições aprendidas
As lições aprendidas das FPac devem contemplar uma vasta gama de
conhecimentos entre eles as observações e impressões tidas pela tropa que utilizou
a tecnologia não letal.
Estas lições devem ser estudadas e comprovadas para que seja redefinida a
utilidade da tecnologia e sejam propostas mudanças em suas características
técnicas para futuras aquisições.

2) Novos requerimentos operacionais básicos


De posse das informações retiradas e comprovadas das lições aprendidas
serão propostos novos requisitos operacionais básicos aos fabricantes para que
sejam realizados estudos e testes no intuito de aperfeiçoar o material distribuído.
Esses novos requerimentos operacionais básicos irão alimentar as
informações do planejamento permitindo o planejamento de novos estados finais
desejados.

171
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO II

AGENTES QUIMICOS

1. CONCEITO
São todas substâncias que, por sua atividade química produzam, quando
empregado para fins militares, um efeito tóxico, fumígeno ou incendiário. Este efeito
tóxico em situações de GLO restringe-se aos agentes inquietantes lacrimogêneos,
que tem por finalidade diminuir a capacidade combativa e operativa do oponente.
Os agentes químicos de guerra são regidos pelas convenções de armas químicas
sendo os únicos agentes químicos permitidos aqueles unicamente com efeitos
físicos lacrimejantes para conter revoltas e tumultos na medida considerada
pacificadora.

2. CASSIFICAÇÕES
a. Quanto a classificação básica:
 Tóxicos: compreende todos os agentes que, quando empregados contra
pessoal, para contaminar áreas e materiais produzam efeitos tóxicos.
 Fumígenos: são todos os agentes que por queima, hidrólise ou condensação,
produzam fumaça ou neblina.
 Incendiários: são todos os agentes que, após sua ignição, queimam a altas
temperaturas provocando incêndios e destruindo materiais.
b. Outras Classificações
 Classificação quanto ao objetivo de uso
 Quanto ao estado físico: sólidos, líquidos e gasosos.
 Quanto ao emprego tático: causadores de baixa, inquietantes, incapacitantes,
fumígenos e incendiários.
 Quanto à ação fisiológica: sufocantes, vesicantes, neurotóxico e hemotóxico.

172
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016


Geral Emprego Tático Ações Fisiológicas
Sufocantes
Vesicantes
Causadores de Baixas
Neurotóxicos
Hemotóxicos
Tóxicos
Vomitivos
Inquietantes
Lacrimogêneos
Físicos
Incapacitantes
Mentais
Não possuem
Fumígenos Fumígenos
classificação fisiológica

Não possuem
Incendiários Incendiários
classificação fisiológica

3. MÉTODOS DE DISPERSÃO
a. Por queima
Ocorre à ação de um dispositivo de acionamento do tipo queima (espoleta,
misto de ignição) e o agente é liberado lentamente, para o exterior, na forma gasosa
ou de aerossol. É o modo de dispersão de algumas granadas e dos tubos
Fumígenos.
É o meio mais utilizado em ações de Operação de controle de distúrbios.
Exemplos: projéteis de longo alcance Cal 38.1 mm, granada de mão lacrimogênea
de emissão, etc.
b. Por Explosão
É o caso dos agentes químicos que são lançados, acondicionados em
artefatos, que ao serem detonados, por ação da carga de arrebentamento, têm
destruído o invólucro que os acondiciona, sendo liberados instantaneamente.
Exemplo: granadas explosivas lacrimogêneas (Gl-305, GB-705).
c. Por Espargimento
O agente é lançado na forma líquida ou sólida, micropulverizado, de
espargidores instalados em aeronaves ou viaturas, espargidores portáteis ou ainda
por cassetete ou tonfa lançadora. Exemplo: munições jato direto (Gl 103, Gl 103/A).
173
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

d. Por volatilização
O recipiente de vidro que contém o agente é quebrado, permitindo sua
dispersão. Utilizados em ambiente onde não possam ser acionados outros materiais
convencionais, como granadas de emissão de agente lacrimogêneo, por
aquecimento ou explosivas de efeito moral. Exemplo: Ampolas de CS (Gl 109).

4. PRINCIPAIS AGENTES QUIMICOS


a. OrthoClorobenzilmalonotrilo (CS)
Conhecido mundialmente como CS devido ao seu descobrimento em 1928
pelos químicos Ben Corson e Roger Stoughton, este agente foi desenvolvido para
causar a sensação de queimadura a todas as áreas do corpo.
O ortoclorobenzilmalononitrilo é um agente químico com efeitos fisiológicos
bastante peculiares conhecidos como lacrimogêneos. Os agentes lacrimogêneos
causam às pessoas expostas a ele forte sensação de queimadura nos olhos, vias
aéreas superiores e pele exposta, causa forte descarga de muco, saliva e lágrimas
de suas glândulas além de tosse, vertigens e aturdimento.(HU, 1989)
- Quanto ao emprego tático: tóxico
- Quanto à ação fisiológica: lacrimogêneo
- Quanto à persistência: em sua forma sólida é altamente persistente, mas, sob
a forma gasosa, é considerada não persistente;
- Quanto ao estado físico: É um agente sólido de cor branca;
- Efeitos fisiológicos: Forte sensação de queimadura nos olhos, acompanhada
de lacrimejamento intenso, sufocação, dificuldade de respiração e contrição do peito,
fechamento involuntário dos olhos, sensação de ardência da pele úmida, corrimento
nasal e vertigens ou aturdimento. Concentrações pesadas podem causar náuseas e
vômitos.
Convém ressaltar que o CS é um agente químico extremamente tóxico (HU;
1989) que pode gerar como metabólito no corpo humano o cianeto 1 e agentes
carcinogênicos2 que devem ser evitados de serem frequentemente produzidos pelo
organismo. Desta forma o uso de mascara contra gases deve ser sempre utilizada
pela tropa que emprega o CS.

1
O cianeto segundo Biller (2007. p 939) é um poderoso veneno para os mamíferos.
2
O termo carcinógeno, cancerígeno, ou carcinogênico refere-se a qualquer substância, isótopo, radiação ou outro agente físico
ou biológico que provoque, agrave ou sensibilize o organismo para o surgimento de um câncer (HU. 1989)
174
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

1) Descontaminação
a) CN e CS:
(1) Dermal:
 Voltar-se contra o vento;
 Utilizar água corrente em abundância (mínimo 15 minutos);
 Aplicação de solução de água (1 litro) e bicarbonato de sódio (três
colheres de chá);
 Aplicação de pomadas anestésicas à base de lidocaína ou prilocaína;
 Procurar auxílio médico.
(2) Ocular:
 Voltar-se contra o vento;
 Utilizar água corrente em abundância (mínimo 15 minutos);
 Instilar nos olhos solução de ácido bórico (Bol G nº 198/89); e
 Procurar auxílio médico.
(3) Pulmonar:
 Locomover a pessoa contaminada para lugar arejado;
 Aplicação de oxigênio a 100 %; e
 Procurar auxílio médico.
(4) Gástrica:
 Não fornecer nenhum tipo de alimento ou bebida para a pessoa
contaminada e proceder à lavagem gástrica.

Fórmula molecular do “CS”


b. Oleoresina Capsaicina
A Oleoresina Capsaicina é o componente ativo das plantas do gênero
175
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Capsicum conhecidas popularmente como pimentas. É um irritante para mamíferos,


incluindo humanos, e produz a sensação de ardência nos tecidos expostos. A
capsaicina é um metabolito da família dos capsaicóides que são produtos derivados
do metabolismo das pimentas.(TEWKSBURY, J. 2008)
A sensação de queimadura da capsicina ocorre quando esta toca a pele e
interage com os neurônios do sistema sensorial. Como membro da família dos
Vanilloides, ativa um receptor chamado Receptor Vanilóide do subtipo 1(RVS-1) que
é estimulado com calor e abrasão física, a capsicina quando estimula o RVS-1 faz
que as células absorvam suas moléculas e, desta forma, potencializam a ação desta
causando a sensação de calor excessivo (queimadura) ou abrasão
excessiva.(CRUS-ORENGO, 2007).
- Quanto ao emprego: inquietantes.
- Quanto à ação fisiológica: lacrimogêneo.
- Quanto à persistência: em sua forma sólida é altamente persistente,
incapacitando a pessoa por até 40 minutos.
- Quanto ao estado físico: é um agente sólido de cor branca.
- Efeitos fisiológicos: tosse espasmódica intensa e incontrolável, contração
involuntária do diafragma, contrações involuntárias das pálpebras, mantendo os
olhos permanentemente fechados, forte irritação cutânea com sensação de
queimaduras, inchaço imediato e inflamação das membranas mucosas, reação
associada de falta de vigor muscular, coordenação e equilíbrio. Não apresenta
qualquer efeito tóxico ou colateral adverso utilizado na concentração indicada, e
trata-se de um produto de origem essencialmente natural.
1) Descontaminação
a) Dermal:
 Voltar-se contra o vento;
 Aplicar álcool, clorofórmio, éter ou benzeno sobre as partes afetadas;
 Aplicação de pomadas anestésicas à base de lidocaína ou prilocaína; e
 Procurar auxílio médico.
Obs: A água fria ou gelada causa sensação de alívio, porém não é
descontaminante.
b) Ocular:
 Voltar-se contra o vento;

176
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

 Instilar nos olhos solução de ácido bórico (Bol G nº 198/89); e


 Procurar auxílio médico.
Obs: A água fria ou gelada causa sensação de alívio, porém não é
descontaminante.
c) Pulmonar:
Aplicação de oxigênio a 100 % (auxílio médico).
d) Gástrica:
Não fornecer nenhum tipo de alimento ou bebida para a pessoa
contaminada e proceder à lavagem gástrica (auxílio médico).

formula molecular da Capsaicina


c. Óleos vegetais
São agentes químicos com a finalidade de causarem efeitos de menor
capacidade ofensiva, causando ao alvo uma desorientação temporária e sensação
de resfriamento dos olhos e da pele.
Esses agentes não causam o efeito de contaminação do ambiente como os
agentes químicos supracitados sendo eles uma alternativa para operações de
segurança de portos, aeroportos, locais onde ocorram eventos com grande
aglutinação de pessoas pois eles afetam apenas o alvo e não o local onde os alvos
estão.

5. CONSIDERAÇÕES DO USO DOS AGENTES QUÍMICOS


a. Gás lacrimogêneo
1) O Gás Lacrimogêneo, por ser um material com características
químicas agressivas, deve ser utilizado em concentrações adequadas por
profissionais treinados, em locais ABERTOS E AREJADOS, que permitam a
descontaminação após ação; exceto, em operações onde haja a necessidade de

177
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

desalojar agressores em ambientes FECHADOS (como por ex.: residências,


galerias, celas, penitenciárias, presídios, etc.).
2) Recomenda-se o uso de máscara contra gases pela tropa ao lançar
gás lacrimogêneo.
3) As munições lacrimogêneas com carga química a base de CS, de
acordo, com o que indicam Químicos e Toxicologistas, possuem um excelente fator
de segurança, tornando remota a probabilidade de efeitos extremos, quando em uso
apropriado.
4) O CS em forma gasosa é mais denso que o oxigênio, desta forma seu
lançamento em áreas fechadas e, principalmente, abaixo do solo tendem a retirar o
oxigênio destes locais. Nestes tipos de ambientes a utilização do CS deve ser
PROIBIDA.
b. AEROSOL
O aerossol deve ser utilizado em concentrações específicas por profissionais
treinados, em locais abertos e arejados.
- Operação:
a) Segurar o aerosol verticalmente na direção da face do agressor ou grupo
de agressores;
b) Pressionar o atuador uma a duas vezes em jatos de 0,5 a 1 segundo;
c) Respeitar uma distância mínima de utilização recomendada em cada
embalagem do produto;
d) Evitar o disparo contra o vento.
Obs: Não exponha as embalagens a temperaturas elevadas.
6. PROTEÇÃO
a. Máscara contra gases
1) Conceito:
A máscara contra gases é um equipamento de proteção individual, que
permite a permanência do homem em atmosfera gasada, sem que inspire ar
contaminado. É o principal meio de proteção individual, tanto em ambiente químico,
quanto biológico ou nuclear.
2) Generalidades:
Os outros meios de proteção complementam-na ou tem a mesma
importância, quando diante de determinados agentes. A primeira máscara contra gás
patenteada foi inventada pelo americano GARRET MORGAN, em 1914, e foi usada
178
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

pela primeira vez em 1916, no resgate de vítimas do desabamento de um túnel. Tão


grande importância é decorrente de que protege o aparelho respiratório, principal
porta de entrada dos agentes químicos para o organismo, e os olhos, também
altamente sensíveis aos agentes.
3) Tipos de máscaras contragases:
Existem vários tipos de máscaras contra gases, militares e civis. As
máscaras civis têm aplicação, principalmente, nas indústrias que possuem riscos de
vazamento de gases e no combate a incêndios, devido à grande emanação de CO e
CO². As máscaras militares variam de um exército para outro, de acordo com a
indústria que as fabrica, e dentro do mesmo exército, de acordo com os tipos que
são adotados ao longo dos anos. Apesar do avanço tecnológico e da criatividade do
homem, as máscaras contra gases possuem o mesmo princípio de funcionamento e
a mesma divisão básica das primeiras máscaras, criadas na 1º Guerra Mundial, ante
o lançamento dos agentes na moderna concepção de GUERRA QUÍMICA. De
maneira geral, toda máscara contra gases pode ser dividida, para fins de estudo, em
máscara propriamente dita e elemento filtrante. Podemos ainda considerar, como
terceiro membro desta divisão, a bolsa de transporte.
a) De acordo com o sistema de fornecimento de ar, temos:
- Máscaras com sistema autônomo de ar (cilindro de oxigênio):

- Máscaras com respirador motorizado:

179
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Máscaras de filtros:

b) De acordo com a estrutura facial:


- Máscaras Bi-Oculares:

- Máscaras panorâmicas:

180
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- Máscaras semifaciais:

- Máscaras de facial completo:

Obs: Para o nosso tipo de atividade, o modelo adequado é a máscara de facial


completo (figura abaixo), pois proporciona proteção aos olhos e vias aéreas.

b. O filtro
O filtro que melhor se adequa à nossa atividade é do tipo combinado (com
suporte metálico, carvão ativado e papel filtrante) com nível de proteção contra
agentes químicos. É extremamente eficiente (99,97%) quando empregado para
gases e aerodispersóides do tipo HC, OC, CS e CN, ou seja, para fumígenos e
lacrimogêneos.

181
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

A vida útil do filtro depende da profundidade e freqüência da respiração e,


também da saturação da área utilizada ou exposta ao agente químico, aliada a
manutenção e o tempo de uso do filtro. É conveniente que após oito horas de uso
contínuo ou intercalado, que ele seja substituído para segurança do usuário.
1) Cuidados com o filtro:
Após cada uso retire o filtro da máscara, recoloque o lacre do orifício de
entrada do filtro e o lacre da rosca que vai ao bocal;
- Evite a queda do filtro;
- Nunca molhe o filtro.
2) Processo de respiração com a máscara
O processo de filtragem e respiração funciona da seguinte maneira:
O ar contaminado passa pelo interior do filtro e atravessa suas estruturas
filtrantes, se o agente se apresenta na forma gasosa será retido pelo carvão ativado,
caso esteja na forma sólida ou líquida será retido pelo papel sanfonado.
Após filtrado, o ar irá para o interior da máscara pela válvula de inalação.
Neste momento o operador inspirará o ar filtrado. No momento em que o operador
realiza o processo de exalação, o ar será expulso pela válvula de exalação da
máscara. Portanto, o ar sempre entrará pelo filtro e sempre sairá pela válvula de
exalação, nunca ocorrendo ao contrário. Dependendo da origem do filtro, o operador
perderá de 40% a 70% do volume de ar disponível na atmosfera, em virtude do
processo de filtragem. Por essa razão, se faz necessária uma adaptação a este
equipamento, por meio de exercícios aeróbicos gradativos, como caminhadas e
corridas. Esta adaptação tem por escopo evitar futuros desconfortos para o operador
no momento de utilizar a máscara, como formigamento na face e desmaios.
3) Processo de colocação da máscara:
Existem dois processos:
• processo convencional (de baixo para cima); e
• processo prático (de cima para baixo).

4) Colocação da mascara contra gases.

182
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

E
Colocação da máscara contra gases:
A
p 1-levar os tirantes para a frente da
máscara;
2-empunhar a máscara com as duas
mãos à frente dela;
3-colocar a máscara no rosto, levando
Es as mãos para parte de trás da cabeça
trazendo os tirantes para trás;

G
4-puxar os tirantes na sequencia
E 1º-cima a direita
2º-baixo esquerda
3º-meio esquerda
4º-meio direita
5º-cima esquerda
6º-baixo direita
5-Realizar a descontaminação (SFC); e
6-Realizar o teste de estanqueidade.
5) Descontaminação da máscara

Descontaminação
Caso o usuário tenha colocado a
máscara após o ambiente ter sido
contaminado ele deverá:
1-Colocar a máscara;
2-Tampar com a mão a saída de ar da
máscara; O
3-Expirar profundamente, assoprando de
forma enérgica todo o ar contaminado
de dentro da máscara; e
O
U 4-Realizar o teste de estanqueidade logo
em seguida.

6) Teste de estanqueidade
183
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Teste de estanqueidade
1-Colocar a máscara;
2-Tampar com a(s) mão(s) a(s)
entrada(s) do(s) filtro(s) de ar; F
3-Inspirar forçadamente; e
4-Verificar se houve a entrada de ar
pelas laterais da máscara.
Obs: caso ocorra a entrada de ar pelas
borrachas laterais da máscara repetir o

F Nº 4 da colocação da máscara, se
o persistir o problema refazer a colocação
da máscara.

7) Processo convencional:
a) Coloque as mãos espalmadas por dentro dos tirantes, de modo que
fiquem voltadas para dentro da máscara;
b) Eleve levemente a cabeça e coloque o queixo na base do facial da
máscara;
c) Deslize as mãos para cima e para trás, levando a máscara à sua posição;
d) Após colocada, regule os tirantes inferiores e médios sempre em
diagonal;
e) Se for o caso ajuste os tirantes superiores.
8) Processo prático:
 Eleve a máscara acima da cabeça;
 Deslize as mãos para baixo levando a máscara à sua posição;
 Após colocada regule os tirantes inferiores e médios sempre em diagonal;
 Se for o caso ajuste os tirantes superiores.
c. Cuidados com a máscara:
Após a utilização é conveniente que:
 A máscara seja lavada com água morna (antes de lavá-la retire o filtro);
 Ela seja submergida em solução germicida (evite o álcool, pois resseca a
borracha).

184
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

 Obs: Se for o caso, poderá utilizar escova com cerdas macias para retirar
sujeiras do facial da máscara.
Depois de seca:
 Passar um pano nas partes de borracha;
 Limpar o visor.
7. MEDIDAS DE SEGURANÇA
 Não usar produtos com validade vencida;
 Seguir as prescrições da ficha técnica;
 Utilizar com prudência os agentes químicos, especialmente quando se tratar de
pequenas salas ou áreas confinadas;
 Deve ser utilizado somente por pessoal habilitado;
 Deve-se utilizar o espargidor de pimenta diretamente no rosto, apenas nos
casos de necessidade, respeitando a distância mínima de aplicação prevista no
manual técnico do equipamento e assegurando, dessa forma, a efetividade do
armamento pela criação de uma “nuvem” de gás envolvendo o rosto.
 Em instrução, evitar a utilização de agentes químicos em dias úmidos e após
treinamento físico;
 Evitar empregar armas e munições não-letais contra crianças, gestantes,
pessoas com necessidades especiais e idosos;
 Quando houver a utilização de granadas de efeito moral, a distância entre a
tropa e a turba deve ser avaliada criteriosamente para que pessoas não sofram
queimaduras ou lesões, em consequência da explosão, devendo evitar-se o
lançamento no meio da turba buscando suas extremidades.

7. CONSIDERAÇÕES TÁTICAS

a. A direção e velocidade do vento devem ser favoráveis à tropa;


b. A existência de escolas e hospitais nas proximidades deve ser considerada;
c. A existência de rotas de fuga deve ser observada;
d. A utilização de gás contra idosos, gestantes, crianças e portadores de
deficiência deve ser proibida quando esses estiverem isolados e, evitada, se
possível, quando se confundirem com uma turba de agressores.

185
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

e. A utilização do gás deve ser feita com prudência, especialmente quando se


tratar de recintos pequenos, de difícil circulação ou áreas confinadas;
f. Uma vez tomada a decisão do emprego de não-letais: concentração do agente
ou munição até a dispersão do agressor e rapidez no emprego.

186
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO III

ARMAMENTO, MUNIÇÕES E GRANADAS NÃO LETAIS.

1. ARMAMENTO NÃO LETAL


“Armas não-letais são armas especificamente projetadas e empregadas para
incapacitar temporariamente pessoal ou material, ao mesmo tempo em que
minimizam mortes e ferimentos permanentes, danos indesejáveis à propriedade e
comprometimento do meio-ambiente.”
a. Classificação
As armas não letais servem como plataforma de lançamento para as diversas
munições desenvolvidas para elas. Por serem muitas as armas e munições
existentes e com possível uso pelos militares em operações faremos a classificação
das mesmas para que possamos realizar os estudos melhor dirigidos.
1) Funcionamento
a) Armas brancas
Armas brancas são todos os materiais que podem causar ferimentos ou
mortes às pessoas e que não se enquadram inicialmente no conceito de arma,
porém com seu uso objetivando causar lesões ou danos, eles tornam-se armas
brancas.
Segundo o R105 a única arma branca controlada é a espada e espadins
das Forças Armadas.
As armas não letais mais empregadas nessa categoria são o bastão
tonfa, cassetete e o bastão retrátil.
b) Armas de fogo
São todas as armas movidas por queima de propelentes para atirar
projéteis. As armas mais utilizadas nesta categoria são a calibre gaugio 12 e os
lançadores 37/38mm e 40mm.
c) Armas especiais
São as armas que não são relacionadas nos itens anteriores. Nesta
categoria podemos citar os lançadores movidos a gás, os espargidores de pimenta e
as Armas de Incapacitação Neuromuscular Temporária.
2) Alvo
a) Pessoas
187
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

É a categoria de alvo de maior dificuldade de desenvolvimento, onde as


tecnologias devem ser amplamente pesquisadas para que não ocorram danos
permanentes e mortes que podem comprometer a missão.
b) Material
Categoria de alvos que visa inutilizar os artefatos alvos para que fiquem
indisponíveis para seus usuários, desta forma diminuir a capacidade dos usuários
dos artefatos alvo de realizarem suas intenções.
3) Tecnologia
a) Física
São as tecnologias que envolvem ações estudadas por qualquer
modalidade da física moderna. Essa tecnologia é subdividida em tecnologias de:
(1) Impacto
São aquelas tecnologias que fazem uso de projeteis que transmitem
energia cinética para o corpo do objetivo.
(2) Energia dirigida
São tecnologias que transmitem energia sem que ocorra o toque do
armamento ou projeteis com o corpo do objetivo.
(3) Energia conduzida
São tecnologias que transmitem energia de um armamento para o
corpo do objetivo por meio de fios, dardos ou pelo toque do armamento com a
pessoa. Sua aplicação principal não se dá através da transmissão de energia
cinética.
(4) Barreiras
São tecnologias que visam impedir o acesso ou controlar a passagem
por/para determinados locais.
b) Química
São tecnologias que fazem uso dos conceitos e fenômenos estudados
na química, respeitando-se o disposto nas convenções de armas químicas em todos
seus artigos, esta tecnologia dividia em:
(1) Malodorante
São agentes químicos que por suas propriedades são traduzidas pelo
organismo como substâncias a serem rejeitadas, sendo em sua maioria usada para
que ocorra a rejeição social das pessoas ou negação da área contaminada.

188
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

(2) Irritante
São substâncias que pelas suas características causam efeitos
irritantes no ser humano.
(3) Fumaças
São substancias que visam a modificação do ambiente visando a
criação de cobertura para progressão e obscurecer a visão do APOP.
(4) Marcadores
São tintas e pigmentos que podem ser lançados por marcadores
sprays ou outros meios. Tem como objetivo treinamento de pessoal ou marcar
pessoas para que posteriormente sejam identificadas e processadas.
(4) Calmantes
São substâncias que geram relaxamento e pacifismo em humanos,
conhecidos como sedativos seu uso tem sido extremamente questionado através do
mundo.
O caso mais conhecido de uso de calmantes no mundo foi o caso do
teatro de Dubrovka em Moscou –Russia.
c) Biológica
São armas e munições que atuam com a exposição de material e pessoal
a bactérias e vírus que causam danos à estrutura do material ou à saúde do
pessoal.
As armas biológicas anti-pessoal são proibidas mundialmente pelas CWC
e seus tratados.
d) Psicológica
As armas psicológicas são propagandas e produtos cujos especialistas
são os militares possuidores do curso de Operações Psicológicas, não sendo
tratados neste módulo de instrução.
4) Efeitos sobre o organismo
a) Incapacitantes
São armas que devido as suas características causam o descontrole
neuromuscular do objetivo onde ele não consegue resistir às ações destes aparatos.

b) Debilitantes

189
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

São munições, agentes químicos e armas que por suas ações fisiológicas
provocam dor intensa e/ou desconforto em seus objetivos. Estes materiais não
fazem necessariamente os objetivos cessarem suas ações, podendo haver reações,
agressões ou agravamento da crise caso seja incorretamente empregado. Podem
também ter seus efeitos diminuídos por ação de determinadas drogas.
c) Protetores
Protetores são tecnologias que servem para impedir que as ações
agressivas de qualquer natureza surtam seus efeitos podem ser utilizados em
treinamento ou em operações.
5) Lançamento
Quanto ao lançamento as munições podem ser classificadas como manual
ou por armamento/ lançador.

2. ARMAS DE FOGO
As armas de fogo não letais são aquelas que em seu uso fazem a combustão de
propelentes, sendo no caso da munição não letal a pólvora negra.
O fato do propelente da munição não letal ser a pólvora negra envolve uma maior
demanda de manutenção do armamento para que não ocorra o acumulo de pólvora
no cano do armamento ocasionando o entupimento do cano e inutilização do
mesmo.
Além disso as munições de elastômero, principalmente em canos de calibre
gaugio 12 com “choke", causa um rastro de borracha que somado ao resíduo da
pólvora negra faz que uma munição a cada 75 fique presa no interior do cano.
As cargas utilizadas nas armas de fogo não letais são pequenas e não permitem
que armas semiautomáticas realizem o ciclo de seus sistemas de alimentação, desta
forma as armas que possuem a possibilidade de emprego no modo semiautomático
devem ser sempre empregadas em repetição.
2.1. Lançadores de granadas ou de controle de distúrbios
Inicialmente criado para lançamento de granadas e explosivos os Calibres
37/38mm, bem como o calibre 40mm, foram adaptados para as operações de
controle de Distúrbios como plataforma de lançamento. Atualmente existe uma
variedade grande de munições que podem ser lançadas dessas plataformas. O

190
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

calibre 40mm foi adotado como calibre da OTAN para operações militares enquanto
o calibre 37/38mm vem sendo adotado por polícias do mundo inteiro.
2.2. Gaugio 12
As armas calibre gaugio 12 são armas de alma lisa que foram adaptadas para
o uso com munições não letais. Atualmente as armas de calibre 12 gaugio são
amplamente utilizadas como plataforma de lançamento, principalmente de munições
de elastômero. Pela sua simplicidade e facilidade de uso tem sido amplamente
utilizada em operações de patrulhamento e nas tropas de choque em controles de
distúrbios.
Atualmente existem no mercado os modelos de repetição e os de
funcionamento semiautomático. Este tipo de modelo de armamento não funciona
corretamente com munições não letais pois esta munição não tem carga de
propelente suficiente para realizar o ciclo correto do armamento e fazem ocorrer
constantes incidentes de funcionamento do armamento.
Além disso muitas armas possuem em seus canos um estreitamento
denominado choke.

2) Choke
As armas calibre gaugio 12 podem possuir na estrutura do cano o choke. O
choke é um estreitamento do cano do armamento em sua extremidade final. Esse
estreitamento tem por finalidade a menor dispersão dos balins de chumbo durante o
tiro. Ocorre que este estreitamento do cano gera muita pressão sobre os projeteis e
granadas lançados fazendo que os mesmos percam sua energia cinética inicial,
deixando resto de borracha e podendo, até mesmo, entupindo o cano do
armamento.

191
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

2.3. Armas a gás


Armas a gás são aquelas que têm seu sistema movimentado pela pressão de
gás comprimido ou CO2. Algumas armas possuem sistema de disparo através de
embolo e mola que realizam o tiro sempre com mesma energia cinética e outras
possuem a ação direta dos gases onde a energia cinética varia conforme a pressão
da carga dentro do cilindro de gás.

2.4. Armas de energia dirigida


Armas de energia dirigida são armas que possuem a capacidade de dirigir
energia para locais específicos sem que ocorra qualquer tipo de contato ou
contaminação do APOP a ser atingido.
As armas de energia dirigidas utilizam basicamente três tipos de tecnologia:
Som, Micro-ondas e Luz.
Luz

192
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Micro-ondas

Som

2.5. Armas de energia conduzidas


Esta família de armas funcionam com uma corrente elétrica extremamente
baixa em uma voltagem bastante alta. Elas possuem dois métodos de uso bastante
diferentes, o primeiro trabalha com a dor causada pelo choque elétrico de dois polos
distantes cerca de 6 centímetros estas armas são conhecidas como armas de
choque. O segundo efeito trabalha com pulsos elétricos com frequência de 16 a 19

193
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

pulsos por segundo que enganam a musculatura humana causando tetania


muscular extrema (contração muscular involuntária), essas armas foram
denominadas Armas de incapacitação neuromuscular temporária (AINT).
3) Arma de incapacitação neuromuscular temporária (AINT)
As armas de Incapacitação Neuromuscular Temporária (AINT) são armas utilizadas
para incapacitação dos APOP alvo da tecnologia. Diferentemente de todas as outras
tecnologias esta é incapacitante, ou seja, causam reação involuntária do organismo
da pessoa fazendo que ela perca a possibilidade de controle sobre seus atos.

3. MUNIÇÃO NÃO LETAL


Diversas são as munições não-letais existentes no Exército Brasileiro para o uso
em Operações de Garantia da Lei e da Ordem, diferenciando, na maioria das vezes,
conforme o armamento, o calibre e a finalidade a ser empregada. Diante dessa
diversidade, iremos dividi-las pela sua finalidade, calibre e armamento a qual se
destina seu emprego, tornando assim, mais fácil o entendimento de cada uma delas.
a. Classificação
1) Calibre
As munições não letais podem ser classificadas pelos seus calibres sendo
os principais calibres utilizados pelas tecnologias não letais os gáugio 12, 37/38mm
e 40mm para armas de fogo; o calibre 0.68pol são amplamente utilizados para
armas com propulsão à gás.
2) Impacto controlado
Munição de impacto controlado é aquele artefato bélico utilizado por um
militar onde este poderá controlar os efeitos a serem causado no oponente, através
da distância e do local em que alvejá-lo. Podem ser classificadas em dois grupos:
munições jato direto e munições com projetis, ambos os grupos encontrados nos
calibres 12, 37/38 mm, 38.1 mm e 40 mm e nos calibres 0.68 somente são utilizados
os projetis.

194
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

a) Jato direto
São munições que possuem no interior de seu corpo uma solução de
agente químico lacrimogêneo que deve ser lançada fora da direção do rosto das
pessoas, preferencialmente acima das pessoas que estejam sendo alvo desta
tecnologia.
b) Projetis rígidos
São todos os projetos que após o impacto sobre o corpo humano eles em
sua função normal não perdem o formato original ou retornam a ela sem sofrer
alterações. Nesta categoria citam-se os projetis de elastômero e madeira.

c) Projetis deformáveis
Os projetis deformáveis são todos aqueles que após seu impacto normal
contra o corpo humano eles perdem sua forma original e não retornam a ela
normalmente.
Esta classe de projeteis podem apenas sofrer a deformação ou romper
sua estrutura normal para liberar material que esteja em seu interior ou ter menor
resistência física que o corpo humano.
Estes projetis apresentam vantagens sobre os demais por serem mais
seguros porém muitas vezes apresentam distâncias máximas de emprego bastante
reduzidas.

195
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARMAMENTO E MUNIÇÕES
1. Cal Gáugio 12.
a. Armamentos
O armamento Cal Gáugio 12 será descrito na matéria armamento munição e
tiro.
b. Munições de impacto controlado:
1) Jato direto:

Nomenclatura: GL – 103
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Jato direto”.
Carga principal: CS ou OC (micro
pulverizado).
Diâmetro da partícula: < 0,5 mícron.
Carga de Projeção: Pólvora Negra.
Distância mínima de disparo: 3
metros.

196
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Disparo: espingardas de alma lisa,


de repetição ou não, cassetete
lançador (AM 402) ou tonfa
lançadora (AM 402/T).
Prazo de validade: 2 anos.

Nomenclatura: GL – 104
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Jato direto”.
Carga principal: OC (solução).
Diâmetro da partícula: < 0,5 mícron.
Carga de Projeção: Pólvora Negra.
Distância mínima de disparo: 3
metros.
Disparo: cassetete lançador (AM
402) ou tonfa lançadora (AM 402/T).
Prazo de validade: 2 anos.

Obs: Deve-se evitar utilizar essa munição com as espingardas cal 12, pois a mesma
contamina a arma com partículas de CS ou OC.

197
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

1) Elastômero Rígido
São munições contendo borracha butílica prensada por isso são rígidas e
não perdem seu formato, motivo pelo qual suas necessidades de segurança são
maiores.
O tiro com estas munições deve ser direto com trajetória tensa para que
estes possam surtir o efeito desejado devendo ter como objetivo as pernas, tronco e
braços evitando-se atingir a cabeça, genitais e coluna vertebral.

Nomenclatura: AM-403
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Tarugo único”.
Material do projétil: Elastômero
macio.
Massa do projétil: 12 gramas.
Velocidade do projétil: 110 m/s
(média aproximada).
Energia Cinética do projétil: 72
Joules.
Carga de Projeção: Pólvora Negra.
Distância de segurança: 20 metros.
Região a ser atingida: Pernas.
Armamento: Espingarda Cal 12.
Prazo de validade: 2 anos

198
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: AM-403/A.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Três esferas”.
Material do projétil: Elastômero
macio.
Massa de cada projétil: 4,5 gramas.
Velocidade de cada projétil: 247 m/s
(média aproximada).
Energia Cinética de cada projétil:
131 Joules.
Carga de Projeção: Pólvora Negra.
Distância de segurança: 20 metros.
Região a ser atingida: Pernas.
Armamento: Espingarda Cal 12.
Prazo de validade: 2 anos.

199
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: AM-403/C
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Três tarugos”.
Material do projétil: Elastômero
macio.
Massa de cada projétil: 4,0 gramas.
Velocidade de cada projétil: 247 m/s
(média aproximada).
Energia Cinética de cada projétil:
131 Joules.
Carga de Projeção: Pólvora Negra.
Distância de segurança: 20 metros.
Região a ser atingida: Pernas.
Armamento: Espingarda Cal 12.
Prazo de validade: 2 anos.

200
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: AM-403/P.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Precision”.
Material do projétil: Elastômero
macio com saia estabilizadora.
Massa de projétil: 08 gramas.
Velocidade do projétil: Não
mensurada.
Energia Cinética do projétil: Não
mensurada.
Carga de Projeção: Pólvora Negra.
Distância de segurança: 20 metros.
Região a ser atingida: Pernas.
Armamento: Espingarda Cal 12.
Prazo de validade: 2 anos.

2) Granadas Explosivas

Nomenclatura: GL - 101.(Figura 28)


Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Projétil Detonante
com Carga Lacrimogênea”.
Carga de arrebentamento: Pólvora
Branca.
Carga de projeção: Pólvora Negra.
Carga secundária: CS
(micropulverizado).
Diâmetro da partícula: < 0,5 mícron.
Alcance: 100 metros (ângulo de 45º).
Tempo de retardo: 8,0 s (+ - 2,0 s).
Composição da coluna de retardo:
Pólvora Negra.

201
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Armamento: Projetor AM -402 ou AM


402/T
Prazo de validade: 2 anos.

Obs: É proibida a utilização da espingarda Calibre 12 para a projeção desta


munição. Seu corpo, por não possibilitar a expansão dos gases e a dilatação do
cano, poderá obstruir o armamento e explodi-lo. Ademais, o projetor reúne as
características suficientes para a projeção desta munição, pois, como o disparo é
parabólico, não há necessidade de um mecanismo para aferir precisão (alça e
massa de mira).

Nomenclatura: GL – 102 .
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Projétil Detonante com
carga de talco”.
Calibre: 12
Carga de arrebentamento: Pólvora
Branca.
Carga de projeção: Pólvora Negra.
Carga secundária: Talco.

202
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Alcance: 100 metros (ângulo de 45º).


Tempo de retardo: 8,0 s (+ - 2,0 s).
Composição da coluna de retardo:
Pólvora Negra.
Armamento: Projetor AM -402 ou AM
402/T.
Prazo de validade: 2 anos.

Obs: É proibida a utilização da espingarda Calibre 12 para a projeção desta


munição. Seu corpo, por não possibilitar a expansão dos gases e a dilatação do
cano, poderá obstruir o armamento e explodi-lo. Ademais, o projetor reúne as
características suficientes para a projeção desta munição, pois, como o disparo é
parabólico, não há necessidade de um mecanismo para aferir precisão (alça e
massa de mira).

2. Calibre 37/38, 38,1 e 40 mm


a. Armamento
1) AM 600
O AM 600 é uma arma desenvolvida com o propósito de reduzir o dan
causado em seus objetivos sendo desta forma uma arma não letal. É um armamento
que possui sistemas de gatilho apenas e toda a troca de munição deve ser realizada
pelo operador.

203
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

a)Nomenclatura do armamento

b) Aparelho de pontaria
O aparelho de pontaria do AM 600 funciona de duas formas através de trilho
de pontaria (para alvos a 20m) e com duas alças de pontaria (para 30 e 40m)
Foto aparelho de pontaria
c) Avaliação de distâncias
O aparelho de pontaria do AM600 pode ser utilizado como auxiliar para
avaliação de distâncias permitindo ao atirador buscar maior precisão e segurança
em seus disparos. Através da alça de pontaria o militar identifica o alvo e realiza a
medição da silhueta que aparece em seu aparelho de pontaria.
Esta avaliação é individual e aproximada, portanto o atirador deve realizar a
medição com o aparelho de pontaria por diversas vezes em pessoas a 20m, 40m e
80m para habituar-se com as medidas que ele visualiza através da alça de pontaria.

204
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Exemplo: O militar realizando a pontaria com armamento conseguir


identificar aproximadamente a perna do alvo dentro do limite da alça de pontaria
aquela pessoa encontra-se a aproximadamente 20m.
d) Manejo
MUNICIAMENTO

1-ABRIR O CANO;

2-INSERIR
MUNIÇÃO;

205
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

3-LEVANDO A
CORONHA À
FRENTE FECHAR
O CANO;

4-ATIRAR; E
5-APÓS O TIRO
REPETIR O “1” E
GIRAR PARA
RETIRAR O
CARTUCHO
UTILIZADO.
OBS: NÃO
RETIRAR O
CARTUCHO
PERCUTIDO COM
A MÃO PARA NÃO
SE QUEIMAR NO
MANUSEIO DO
MATERIAL.

e) Tiro
TIRO DIRETO TIRO PARABÓLICO

206
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

b. Munições:
1) Jato direto

Nomenclatura: GL – 103/A
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Jato direto”.
Carga principal: CS
(micropulverizado).
Diâmetro da partícula: < 0,5
mícron.
Carga de Projeção: Pólvora Negra.
Distância mínima de disparo: 3
metros.
Armamento: lançadores no calibre
37/38 mm (AM-600/AM 507 C),
38.1 mm ou 40 mm.
Prazo de validade: 5 anos.

Obs: As munições de jato direto contendo CS ou OC devem ser utilizadas


apenas com lançadores próprios pois o uso destes com armamento AM600,
contamina o cano da arma e contamina o atirador.

207
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: GL – 104/A
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Jato direto”.
Carga principal: OC.
Carga de Projeção: Pólvora Negra.
Distância mínima de disparo: 3
metros.
Armamento: lançadores no calibre
37/38 mm (AM 507 C), 38.1 mm ou
40 mm.
Prazo de validade: 5 anos.

Obs: As munições de jato direto contendo CS ou OC devem ser utilizadas


apenas com lançadores próprios pois o uso destes com armamento AM600,
contamina o cano da arma e contamina o atirador.

208
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

2) Impacto
a) Projetil rígido

Nomenclatura: AM-404.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Três esferas”.
Quantidade de projéteis: 03.
Material do projétil: Elastômero
macio.
Massa de cada projétil: 28 gramas
Velocidade de cada projétil: Não
mensurada.
Energia Cinética de cada projétil:
Não mensurada.
Carga de Projeção: Pólvora Negra.
Distância de segurança: 20 metros.
Região a ser atingida: Pernas.
Armamento: Calibres 37/38
mm(AM 600/AM 507 C), 38.1 mm
ou 40 mm.
Prazo de validade: 5 anos.

209
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura:AM-404/12E
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Doze esferas”.
Quantidade de projéteis: 12
Material do projétil: Elastômero macio.
Massa de cada projétil: 4,5 gramas.
Velocidade de cada projétil: Não
mensurada. Energia Cinética de cada
projétil: Não mensurada.
Carga de Projeção: Pólvora Negra.
Distância de segurança: 20 metros.
Região a ser atingida: Pernas.
Armamento: calibres 37/38 mm (AM
600/AM 507 C), 38.1 mm ou 40 mm.
Prazo de validade: 5 anos.

210
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

b) Projetil deformável

Nomenclatura:AM-470.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Soft Punch”.
Quantidade de projéteis: 1
Material do projétil: projetil expansível
com borracha e talco.
Massa de cada projétil: 78 gramas.
Velocidade de cada projétil: Não
mensurada.
Energia Cinética de cada projétil: Não
mensurada.
Carga de Projeção: Pólvora Negra.
Distância de segurança: 5 metros.
Região a ser atingida: Pernas.
Armamento: calibres 37/40 mm (AM
600), 38.1 mm ou 40 mm.
Prazo de validade: 5 anos.

211
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

3) Granadas fumígenas
a) Lacrimogêneas

Nomenclatura: GL-201.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Médio Alcance”.
Calibre: 38,1 mm.
Alcance: 60 a 90 metros.
Carga de Projeção: Pólvora Negra.
Tempo de emissão: 20 segundos.
Composição do Misto lacrimogêneo:
CS, Pólvora de BS e Graxa.
Composição da coluna de retardo:
Pólvora Negra.
Lançamento: Por meio de armamento
próprio.
Armamento: lançadores no calibre
37/38 mm (AM-600/AM 507 C), 38.1
mm ou 40 mm.
Prazo de validade: 5 anos.

212
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: GL – 202.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Longo Alcance”.
Calibre: 38,1 mm.
Alcance: 90 a 120 metros.
Carga de Projeção: Pólvora Negra.
Tempo de emissão: 20 segundos.
Composição do Misto lacrimogêneo:
CS, Pólvora de BS e Graxa.
Composição da coluna de retardo:
Pólvora Negra.
Lançamento: Por meio de armamento próprio.
Armamento: lançadores no calibre 37/38 mm
(AM-600/AM 507 C), 38.1 mm ou 40 mm.
Prazo de validade: 5 anos.

Nomenclatura: GL-203/L.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Cartucho lacrimogêneo com
carga de múltipla emissão”.
Calibre: 37/38,1 mm.
Alcance: 70 a 90 metros.
Tempo de emissão: 25 segundos (cada
pastilha).
Composição do Misto lacrimogêneo:
CS, Clorato de Potássio e Açúcar.
Carga de Projeção: Pólvora Negra.
Quantidade Pastilhas: 05.
Armamento: lançadores no calibre 37/38 mm
(AM-600/AM 507 C), 38.1 mm ou 40 mm.
Prazo de validade: 5 anos.

213
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: GL-203/T.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Cartucho lacrimogêneo com
carga de tripla emissão”.
Calibre: 37/38,1 mm.
Alcance: 70 a 90 metros.
Tempo de emissão: 25 segundos (cada
pastilha).
Composição do Misto lacrimogêneo:
CS, Clorato de Potássio e Açúcar.
Carga de Projeção: Pólvora Negra.
Quantidade Pastilhas: 05.
Armamento: lançadores no calibre 37/38
mm (AM-600/AM 507 C), 38.1 mm ou 40
mm.
Prazo de validade: 5 anos.

b) Sinalização

Nomenclatura: GL – 204.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “fumigena
colorida”.
Calibre: 38,1 mm.
Alcance: 120 metros.
Carga de Projeção: Pólvora
Negra.
Tempo de emissão: 20
segundos.
Composição do Misto
lacrimogêneo:
CS, Pólvora de BS e Graxa.
Composição da coluna de
retardo:
Pólvora Negra.

214
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Lançamento: Por meio de


armamento próprio.
Armamento: lançadores no
calibre 37/38 mm (AM-
600/AM 507 C), 38.1 mm ou
40 mm.
Prazo de validade: 5 anos.

4. GRANADAS DE MÃO NÃO LETAIS


a. Generalidades
Granadas são artefatos bélicos de uso restrito, com peso inferior a 1 Kg, que visam
facilitar o seu transporte e o seu lançamento ou projeção pelo combatente individual.
Sua classificação varia de acordo com o local a ser empregada, seu método de
projeção, seu funcionamento, sua carga e o objetivo para o qual se destinam.
b. Tipo
As granadas não-letais podem ser classificadas em fumígenas, explosivas e mistas.
As granadas explosivas e mistas podem ser divididas em indoor e outdoor.
c. Nomenclatura
1) Granadas de Mão Explosivas

Argola e grampo de segurança


Capacete
Conjunto EOT
Coluna de retardo/ carga de
depotagem
Tecla do capacete
Coluna de retardo
Carga primária (explosivo)
Carga secundária (efeito)
Conjunto corpo da granada

215
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

2) Granadas de Mão Fumigenas

a. Granadas fumígenas:
Possuem como seu componente principal, agentes químicos que podem causar
tanto um efeito ambiental quanto um efeito fisiológico. Não possuem distância de
segurança, cabendo ao operador observar a direção do vento, tipo de terreno e se o
ambiente é aberto (possibilidade das pessoas se evadirem do local). Deve-se ter
cautela quando utilizadas em locais confinados, visto que as partículas podem
diminuir a taxa de oxigênio do local ocasionando uma asfixia.
1) Lacrimogêneas:
O objetivo do agente químico lacrimogêneo será o de causar desconforto ao
oponente, diminuindo sua capacidade combativa e operativa através da irritação
ocular, dermal, vias aéreas superiores, além de poder comprometer o sistema
gástrico e pulmonar quando em longas exposições. Os agentes lacrimogêneos mais
utilizados são o CS (ortoclorobenzilmalononitrilo) e o OC (Oleoresina de Capsaicina).

216
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: GL – 301.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Média-Condor”.
Princípio de funcionamento: Misto de
Ignição.
Tempo de emissão: 17 segundos.
Composição do Misto lacrimogêneo:
CS, Pólvora de BS e Graxa.
Composição da coluna de retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

Nomenclatura: GL – 302.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Maxi-Condor”.
Princípio de funcionamento: Misto de
Ignição.
Tempo de emissão: 25 segundos.
Composição do Misto lacrimogêneo:
CS, Pólvora de BS e Graxa.
Composição da coluna de retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

217
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: GL – 303.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Mini-Condor”.
Princípio de funcionamento: Misto de
Ignição.
Tempo de emissão: 10 segundos.
Composição do Misto lacrimogêneo:
CS, Pólvora de BS e Graxa.
Composição da coluna de retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

Nomenclatura: GL – 300/T.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Granada Lacrimogênea de
Tríplice Emissão”.
Princípio de funcionamento: espoleta ogival
de tempo.
Tempo de emissão: 15 segundos (cada
pastilha).
Tempo de retardo: 2,5 segundos
Composição da coluna de retardo:
Zarcão, Silício e Nitrocelulose.

218
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Composição do Misto Lacrimogêneo: CS,


Clorato de Potássio e Açúcar.
Carga de Projeção: Pólvora Negra.
Quantidade de Pastilhas: 03.
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

Nomenclatura: GL – 300/TH Hyper


Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Granada Lacrimogênea de
Tríplice Emissão”.
Princípio de funcionamento: espoleta ogival
de tempo.
Tempo de emissão: 25 segundos (cada
pastilha).
Tempo de retardo: 2,5 segundos
Composição da coluna de retardo:
Zarcão, Silício e Nitrocelulose.
Composição do Misto Lacrimogêneo:
CS, Clorato de Potássio e Açúcar.
Carga de Projeção: Pólvora Negra.
Quantidade de Pastilhas: 03.
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

219
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: GL – 309
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Rubber Ball”.
Princípio de funcionamento: espoleta ogival
de tempo.
Tempo de emissão: 25 segundos.
Tempo de retardo: 2,5 segundos
Composição da coluna de retardo:
Zarcão, Silício e Nitrocelulose.
Composição do Misto Lacrimogêneo:
CS, Clorato de Potássio e Açúcar.
Carga de Projeção: Pólvora Negra.
Quantidade de Pastilhas: 01.
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

220
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: GL – 310
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Bailarina”.
Princípio de funcionamento: espoleta
ogival de tempo.
Tempo de emissão: 25 segundos.
Tempo de retardo: 2,5 segundos
Composição da coluna de retardo:
Zarcão, Silício e Nitrocelulose.
Composição do Misto Lacrimogêneo:
CS, Clorato de Potássio e Açúcar.
Carga de Projeção: Pólvora Negra.
Quantidade de Pastilhas: 02.
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

221
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

2) Cobertura:
A fumaça apresenta uma alta densidade devido a queima de metais pesados
(zinco, níquel, ferro, etc), proporcionado a formação de uma parede, teto ou cortina
de fumaça, impedindo a visualização da tropa e possibilitando a sua movimentação
tática no terreno. A fumaça é composta por uma mistura hexacloretana que,
inspirada em grande quantidade, pode cristalizar no organismo culminando em
doenças num longo prazo.
Nomenclatura: MB – 502.
Fabricante: Condor S/A.
Princípio de funcionamento: Misto de
Ignição.
Tempo de emissão: 65 segundos.
Composição do misto fumígeno:
HC, Óxido de zinco e Alumínio.
Composição da coluna de retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Produtos da combustão:
CO, NO e Cloreto de Zinco.
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

3) Sinalização:
A fumaça produzida por esta granada possui uma composição inócua sólida
(clorato de potássio, lactose e corante), podendo ser inspirada sem consequências á
saúde. Tem como objetivo a identificação da Tropa no terreno para apoio aéreo e
eventual resgate de feridos. Os corantes são nas cores: azul, vermelha, laranja e
amarela, com o objetivo de contrastar com o terreno, facilitando a localização.

222
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: SS-601.
Fabricante: Condor S/A.
Princípio de funcionamento: Misto de
Ignição.
Tempo de emissão:
Verde: 40 segundos
Demais cores: 60 segundos
Composição do misto sinalizador:
Clorato de Potássio, Lactose e Corante.
Composição da coluna retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

Obs: Desde que as granadas fumígenas funcionem da maneira pela qual foram
projetadas, não haverá risco de explosão. Porém, a utilização inadequada, a
alteração artesanal do produto ou um eventual defeito do fabricante poderá criar a
característica explosiva, de natureza defensiva, já que seu corpo é constituído de
alumínio e a velocidade de transformação é desconhecida. Exemplo: A obstrução do
orifício de escape de gases poderá ocasionar o alívio descontrolado da pressão no
interior do corpo da granada fumígena, ocasionado uma explosão mecânica.
b. Granadas explosivas
Seu objetivo é o de diminuir a capacidade combativa e operativa do oponente
através da deflagração de sua ogiva. Causam impacto psicológico, direcionando a
multidão para um local seguro, fora da zona vermelha de ação, local este
denominado de via de fuga. Atualmente estas granadas possuem 02 colunas de
retardo (uma no capacete e outra no corpo da granada), proporcionado a ejeção do
capacete antes de sua deflagração, impedindo a sua projeção como estilhaço.
Ademais, o seu corpo é de borracha butílica prensada, produzindo estilhaços com
baixo potencial lesivo (desde que respeitada a distância de segurança preceituada
pelo fabricante). O artefato é equipado com acionador de percussão tipo E.O.T.

223
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

(Espoleta de Ogiva de Tempo) alça ou capacete, argola e grampo de segurança. As


granadas explosivas são divididas em outdoor e indoor.

1) Outdoor:
Granadas específicas para emprego em ambiente aberto. Possui, em sua
maioria, tempo de retardo para a explosão de 2,5 segundos e distância de
segurança de 10 metros do local da explosão. Podem ser projetadas por bocais
adaptadores e manualmente.

Nomenclatura: GL – 304.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Efeito Moral”.
Princípio de funcionamento: E.O.T.
Carga de arrebentamento: Pólvora Branca.
Carga secundária: Talco (inerte).
Composição do corpo da Granada:
PVC (rígido ou flexível).
Colunas de retardo: 02.
Composição da coluna de 1º retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Composição da coluna de 2º retardo:
Pólvora Negra.
Tempo de retardo: 2,5 s (+ - 0,25 s).
Raio de segurança: 10 metros.
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

224
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: GL – 306.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Identificadora”.
Princípio de funcionamento: E.O.T.
Carga de arrebentamento: Pólvora Branca.
Carga identificadora: Carboximetilcelulose.
Composição do corpo da Granada:
PVC (flexível).
Colunas de retardo: 02.
Composição da coluna de 1º retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Composição da coluna de 2º retardo:
Pólvora Negra.
Tempo de retardo: 2,5 s(+ - 0,25 s).
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

Nomenclatura: GL – 307.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Luz e Som”.
Princípio de funcionamento: E.O.T.
Carga de arrebentamento: Pólvora Branca.
Carga secundária: Misto ofuscante
(Al, Mg, Nitrato de bário e Nitrato de estrôncio).
Composição do Corpo da Granada:
PVC (rígido ou flexível).
Colunas de retardo: 02.
Composição da coluna de 1º retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Composição da coluna de 2º retardo:
Pólvora Negra.
Tempo de retardo: 2,5 s (+ - 0,25 s).
Raio de segurança: 10 metros.
Número de decibéis: 167
(Mensurado em 1987, pelo CFarm).
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.
2) Indoor:
Granadas específicas para emprego em ambiente fechado ou confinado.
Possui tempo de retardo para a explosão de 1,5 segundos e distância de segurança
de 5 metros do local da explosão.
225
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: GB - 704.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Efeito Moral -
Indoor”.
Princípio de funcionamento: E.O.T.
Carga de arrebentamento: Pólvora
Branca.
Carga secundária: Talco (inerte).
Composição do corpo da Granada:
PVC (flexível).
Colunas de retardo: 02.
Composição da coluna de 1º retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Composição da coluna de 2º retardo:
Pólvora Negra.
Tempo de retardo: 1,5 s
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

Nomenclatura: GB - 706.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Identificadora -
Indoor”.
Princípio de funcionamento: E.O.T.
Carga de arrebentamento: Pólvora
Branca.
Carga identificadora:
Carboximetilcelulose.
Composição do corpo da Granada:
PVC (flexível).
Colunas de retardo: 02.
Composição da coluna de 1º
retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Composição da coluna de 2º
retardo:
Pólvora Negra.
Tempo de retardo: 1,5 s
Lançamento: Manual.
Prazo de validade:5 anos.

226
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: GB - 707.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Luz e Som - Indoor”.
Princípio de funcionamento: E.O.T.
Carga de arrebentamento: Pólvora
Branca.
Carga secundária: Misto ofuscante
(Al, Mg, Nitrato de bário e Nitrato de
estrôncio).
Composição do corpo da Granada:
PVC (flexível).
Colunas de retardo: 02.
Composição da coluna de 1º retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Composição da coluna de 2º retardo:
Pólvora Negra.
Tempo de retardo: 1,5 s
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

227
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: GA – 100/A.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Adentramento”.
Princípio de funcionamento: E.O.T.
Carga de arrebentamento: Pólvora
Branca.
Carga secundária: Misto ofuscante
(Al, Mg, Nitrato de bário e Nitrato de
estrôncio).
Composição do corpo da Granada:
Aço.
Colunas de retardo: 01.
Composição da coluna de 1º retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Tempo de retardo: 1,5 s
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.
Não possui capacidade de troca de
refil.

228
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: GA – 100.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Adentramento”.
Princípio de funcionamento: E.O.T.
Carga de arrebentamento: Pólvora
Branca.
Carga secundária: Misto ofuscante
(Al, Mg, Nitrato de bário e Nitrato de
estrôncio).
Composição do corpo da Granada:
Aço.
Colunas de retardo: 01.
Composição da coluna de 1º retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Tempo de retardo: 1,5 s
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.
Possui capacidade de troca de refil,
sendo reutilizada por até 25 vezes.

229
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: GM – 100.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Multi-impacto”.
Princípio de funcionamento: E.O.T.
Carga de arrebentamento: Pólvora
Branca.
Carga secundária: Talco e 130 balins de
borracha.
Composição do corpo da Granada:
borracha.
Colunas de retardo: 02.
Composição da coluna de 1º retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Tempo de retardo: 3 s
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

230
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

c. Granadas mistas:
Quando uma granada após a sua deflagração vier a formar uma nuvem
lacrimogênea, esta granada será considerada mista. Cabe salientar que qualquer
outro tipo de nuvem que não seja lacrimogênea caracterizará a granada como
explosiva. Estas granadas também podem ser classificadas como outdoor e indoor e
seu método de lançamento pode ser por artefato adaptado ou manualmente.
1) Outdoor

Nomenclatura: GL - 305.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Mista”.
Princípio de funcionamento: E.O.T.
Carga de arrebentamento: Pólvora
Branca.
Carga secundária: CS
(micropulverizado) e talco.
Diâmetro da partícula: < 0,5 mícron.
Composição do corpo da Granada:
PVC (rígido ou flexível).
Colunas de retardo: 02.
Composição da coluna de 1º retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Composição da coluna de 2º retardo:
Pólvora Negra.
Tempo de retardo: 2,5 s (+ - 0,25 s).
Raio de segurança: 10 metros.
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

231
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: GL - 308.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Mista”.
Princípio de funcionamento: E.O.T.
Carga de arrebentamento: Pólvora
Branca.
Carga secundária: OC
(micropulverizado)
Composição do corpo da Granada:
PVC (rígido ou flexível).
Colunas de retardo: 02.
Composição da coluna de 1º
retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Composição da coluna de 2º
retardo:
Pólvora Negra.
Tempo de retardo: 2,5 s (+ - 0,25 s).
Raio de segurança: 10 metros.
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

2) Indoor:

Nomenclatura: GB - 705.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Mista - Indoor”.
Princípio de funcionamento: E.O.T.
Carga de arrebentamento: Pólvora
Branca.
Carga secundária: CS
(micropulverizado) e talco.
Composição do corpo da Granada:
PVC (flexível).
Colunas de retardo: 02.
Composição da coluna de 1º retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Composição da coluna de 2º retardo:
Pólvora Negra.
Tempo de retardo: 1,5 s
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

232
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: GB - 708.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Pimenta - Indoor”.
Princípio de funcionamento: E.O.T.
Carga de arrebentamento: Pólvora
Branca.
Carga secundária: OC
(micropulverizado).
Composição do corpo da Granada:
PVC (flexível).
Colunas de retardo: 02.
Composição da coluna de 1º retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Composição da coluna de 2º retardo:
Pólvora Negra.
Tempo de retardo: 1,5 s
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

Nomenclatura: GM - 101.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Multi-impacto CS”.
Princípio de funcionamento: E.O.T.
Carga de arrebentamento: Pólvora
Branca.
Carga secundária: CS
(micropulverizado) 130 balins de
borracha.
Composição do corpo da Granada:
PVC (flexível).
Colunas de retardo: 02.
Composição da coluna de 1º retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Composição da coluna de 2º retardo:
Pólvora Negra.
Tempo de retardo: 3 s
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

233
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Nomenclatura: GM - 102.
Fabricante: Condor S/A.
Nome comum: “Multi-impacto
Pimenta”.
Princípio de funcionamento: E.O.T.
Carga de arrebentamento: Pólvora
Branca.
Carga secundária: OC
(micropulverizado) 130 balins de
borracha.
Composição do corpo da Granada:
PVC (flexível).
Colunas de retardo: 02.
Composição da coluna de 1º retardo:
Zarcão, silício e nitrocelulose.
Composição da coluna de 2º retardo:
Pólvora Negra.
Tempo de retardo: 3 s
Lançamento: Manual.
Prazo de validade: 5 anos.

234
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

d. Lançamento

EXTRAÇÃO DO GRAMPO DE SEGURANÇA

1-SEGURAR A
GRANADA COM O
CAPACETE DA
GRANADA PRÓXIMO
AO DEDO INDICADOR;
2-COLOCAR A TECLA
DO CAPACETE NO
CENTRO DA PALMA
DA MÃO;

3-EMPUNHAR O
GRAMPO DA
GRANADA E GIRAR NO
SENTIDO HORÁRIO
PARA LIBERAR A
ALÇA DO GRAMPO;

4-APÓS O ESTALO DA
LIBERAÇÃO DA ALÇA
DO PINO, GIRAR O
GRAMPO NO SENTIDO
ANTIHORARIO ATÉ O
GRAMPO SAIR DE SUA
POSIÇÃO INICIAL

235
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

5-PUXAR O GRAMPO
DA GRANADA NA
DIREÇÃO DO CORPO,
PARA A LATERAL DA
GRANADA
OBS: NÃO PUXAR O
GRAMPO DA
GRANADA PARA CIMA
POIS PODERÁ SOLTAR
O EOT E INUTILIZAR A
GRANADA.

6-REALIZAR O
LANÇAMENTO DA
GRANADA.

LANÇAMENTO ALTO (POR CIMA DA CABEÇA)

236
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

LANÇAMENTO RASTEIRO

5. Mecanismo de Acionamento das Granadas Manuais:


Possuímos, no geral, 02 grupos de acionamento das Granadas, explicitadas
abaixo. Cabe salientar que algumas granadas possuem pequenas alterações,
exploradas no estudo individualizado.
a. Acionamento por Capacete:
Constitui, atualmente, o mecanismo de acionamento mais utilizado nas
granadas manuais. Conforme a sequência de funcionamento, observamos que após
a retirada do pino e do grampo de segurança, será liberado o percutor que atingirá a
referida espoleta8. A deflagração da espoleta provocará a queima de uma tampa de
borracha localizada na parte anterior do capacete, possibilitando a entrada de
oxigênio pelo orifício de respiro, completando o triângulo do fogo e permitindo a
ignição da coluna de 1º retardo (composto de queima lenta). Cabe salientar que a
velocidade de queima desta coluna corresponde á 805 do tempo total de retardo da
granada, garantindo a segurança do operador. Ao final da coluna retro citada, a
chama sairá pelo orifício de centelha e iniciará o funcionamento no interior do corpo
da granada, sofrendo variações conforme o modelo. São exemplos de granadas que
possuem este sistema de acionamento: GM 100 (multi impacto de efeito moral), GM
101 (multi impacto com CS), GM 102 (multi impacto com OC) GL 300 T (tríplice
emissão), GL 300 TH (tríplice hyper), GL 304 (efeito moral), GL 305 (mista), GL 307
(luz e som), GB 704 (efeito moral indoor), GB 705 (mista com CS indoor), GB 707
(efeito moral indoor) e GB 708 (mista com OC indoor).

237
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

b. Acionamento por Cordão de Tração:


Tal sistema está gradualmente sendo colocado em desuso por apresentar uma
grande quantidade e falhas, ocasionadas pelo mal tracionamento do cordão e a não
iniciação da espoleta. Observando o funcionamento, conclui-se que todos os
mecanismos para iniciar as granadas com o aparato em questão estão localizados
dentro de um sistema de acionamento, rosqueado no corpo da granada. Após puxar
o cordão de tração, um sistema de molas liberará o percutor, atingindo a espoleta. A
deflagração igneará uma coluna de retardo (composto de queima lenta) que
garantirá a maior parte do tempo de retardo destas granadas. Ao final, será
queimado um reforçador de centelha (composto de queima lenta), que reforçará a
potência da chama (com exceção da granada GL 303 – mini condor que, pelo
tamanho, não necessita do reforçado em questão), saindo pelo orifício de centelha.
O restante do funcionamento sofrerá variações conforme o funcionamento da
granada.
São exemplos de granadas que possuem este sistema de acionamento: GL
301 (medi condor), GL 302 (maxi condor), GL 303 (mini condor), MB 502 HC
(cobertura) e SS 601 (sinalização).
c. Procedimentos de Segurança no Transporte e Manuseio de Granadas
1) Segurança no Transporte
Todas as granadas, quando recebidas, devem permanecer envolvidas no
invólucro plástico do fabricante. Tal medida impede eventuais funcionamentos
inesperados durante o transporte deste material bélico. Em caso de retirada do
invólucro e não utilização do mesmo, deve-se manter as seguintes orientações:
Granadas manuais com funcionamento do tipo PSTM: Obrigatoriamente,
estas granadas deverão permanecer com a tampa de Proteção do Sistema de
Tração Manual. Só retirá-lo quando for ocorrer o acionamento/lançamento.
Granadas manuais com funcionamento do tipo EOT: O militar deverá colocar
um pino sobressalente no orifício de segurança, localizado no capacete, no sentido
contrário ao original, realizando o travamento por cima da haste de segurança. Em
caso de liberação involuntária do pino original, o operador terá condições de
recolocá-lo sem expor sua segurança. O pino sobressalente só deverá ser retirado,
momentos antes da utilização. Se houver possibilidade, as granadas deverão ser
armazenadas em caixas específicas com compartimentos individuais, evitando que

238
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

eventuais acidentes desloquem as mesmas no interior deste recipiente, causando


um funcionamento involuntário. Cabe salientar que, se existir disponibilidade, deverá
haver 03 caixas de granadas (uma para as de funcionamento do tipo EOT, outra
para as de PSTM e uma terceira para as granadas projetadas por artefato próprio)
2) Segurança no manuseio:
a) Granadas manuais de funcionamento do tipo PSTM: O tracionamento do
cordão deverá ser eficiente, pois aplicar excesso de força poderá romper o cordão
antes de acionar a espoleta. O tracionamento do cordão com pouca força pode não
ser suficiente para gerar o choque necessário ao acionamento da espoleta. O
lançamento deverá ser imediato, pois, se a granada possuir algum tipo de
adulteração ou defeito de fábrica (falta de orifício de escape de gases, por exemplo),
a granada poderá explodir e produzir um efeito de estilhaçamento semelhante ao de
uma granada defensiva. Caso a granada não funcione, deverá aguardar ao menos
03 minutos e realizar uma observação sem manuseio. Se a granada não apresentar
alteração visível em seu corpo, a mesma poderá ser manipulada livremente. Porém,
se o corpo apresentar um inchaço, juntamente com excesso de temperatura,
formação gasosa exterior e corpo em movimento, deverá ser aberto um perímetro de
segurança (aproximadamente 25 metros), pois esta granada poderá explodir ou ser
lançada em elevada velocidade.
b) Granadas manuais de funcionamento do tipo EOT: O grampo de
segurança somente poderão ser retirados quando for dada a ordem de lançamento
da granada em questão. Caso o grampo seja retirado e ocorra a contra-ordem,
impedindo o lançamento, o operador deverá procurar um local seguro para fazê-lo,
não colocando o grampo de segurança em seu local original em hipótese alguma,
pois o percutor poderá ser liberado involuntariamente, causando um incidente, o
grampo de segurança deverá ser recolocado no orifício de segurança acima da
espoleta pois desta forma a granada estará em segurança.
Em caso de operação em local fechado, onde não haja espaço pra o
lançamento, deverá ser realizado o procedimento de emergência, qual seja:
- Colocar um clipe de alumínio mais espesso no orifício de segurança,
procedimento este executado por outro militar, pois o lançador deverá continuar
segurando a granada;

239
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- O militar de apoio deverá enrolar uma fita crepe entorno da alça de


segurança, sendo esta liberada lentamente pelo lançador; e
- A granada será transportada em separado até um local seguro, onde o
lançador realizará o procedimento ao contrário e lançará a granada.
c) Granadas projetadas por artefato próprio: O lançador deverá manter o
cano do artefato próprio em plenas condições de uso, manutenido e desobstruído,
evitando que as granadas projetadas emperrem no cano do armamento. O lançador
deverá conferir o orifício de escape de gases das granadas fumígenas
lacrimogêneas lançadas por artefato próprio, evitando que as mesmas venham a
apresentar uma explosão mecânica. O lançador deverá observar o local que será
projetada a granada, evitado locais onde ocorra a penetração de seu corpo (terrenos
pantanosos, por exemplo), pois a mesma, nestas condições, também poderá
explodir.

6. DIAGRAMA DE UTILIZAÇÃO DE TÉCNICAS NÃO-LETAIS

240
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

CAPÍTULO VIII

ARMAMENTO MUNIÇÃO E TIRO

1. Generalidades

Os armamentos, de maneira geral, podem ser classificados em armas brancas,


de fogo e especiais. Especificamente, os armamentos não-letais se enquadram nas
armas especiais e podem ser classificadas pelo tipo de alvo (anti-pessoal e anti-
material) ou pela tecnologia empregada (física, química, biológica ou psicológica).
Vários são os armamentos que apresentam tecnologia não-letal, entretanto, iremos
tratar a seguir, os armamentos mais comuns existentes no Exército Brasileiro.

ARTIGO I

ESPINGARDAS CAL.12

São armamentos letais que podem ser utilizadas com munições não-letais. Os
modelos utilizados no EB são:

- Espingarda CBC modelo 586-2 (2ª geração);

- Espingarda BOITO modelo BSA-5T-84

- Espingarda BENELLI modelo M3 SUPER 90 (4ª geração).

241
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

a. Espingarda Calibre 12 Ga:

1) Características:

- Calibre: 12 ga
- Comprimento do cano:19” (482,6mm)
- Comprimento total: 1000mm
- Capacidade de munição: 7+1
- Peso (desmuniciada): 3250g
- Coronha: madeira com soleira de borracha

242
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

2) Desmontagem e montagem em 1º escalão:

a) Medidas preliminares:
- Retirar a bandoleira;
- Abrir a arma (telha para retaguarda);
- Inspecionar a câmara e o tubo de alimentação (tátil e visualmente);
- Fechar a arma (telha para frente);
- Travar a arma.

b) Desmontagem 1˚ escalão:
- Retirar o bujão do tubo de alimentação;
- Retirar o cano;
- Retirar o conjunto telha-ferrolho agindo no localizador direito;
- Separar o conjunto telha-ferrolho retirando o ferrolho de cima dos trilhos.

c). Sequência das peças:


- Bujão do tubo de alimentação;
- Cano;
- Ferrolho;
- Telha;
- Armação

d) Montagem 1˚ escalão:
- Posicionar a telha na armação;
- Encaixar o ferrolho sobre os trilhos;
- Introduzir o ferrolho para dentro da culatra trazendo a telha para a
retaguarda e agindo simultaneamente no localizador direito;
- Continuar o movimento para a retaguarda agindo o retém do tubo de
alimentação e na sequência agindo no retém do ferrolho;
- Colocar o cano;
- Atarraxar o bujão do tubo de alimentação.

e) Medidas complementares:

- Inspecionar a câmara e o tubo de alimentação (tátil e visualmente);


- Fechar a arma (telha para frente);
- Destravar a arma;
- Apontar a arma para uma direção segura efetuar um disparo em seco;
- Travar a arma;
- Colocar a bandoleira.

3) Manejo:

a) Carregar a câmara;

243
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

b) Alimentar o tubo depósito (cilindro porta-cartucho);

c) Disparar;
d) Disparar a arma novamente;
e) Descarregar a arma sem efetuar disparos; e

b. CAL .12 BENELLI (semi- automática)

244
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

1) Desmontagem e montagem em 1º escalão:

a) . Desmontagem:
Medidas preliminares:
- Retirar a bandoleira.
- Colocar a arma na ação “pump”.
- Abrir a arma (telha para retaguarda).
- Inspecionar a câmara e o tubo de alimentação tátil e visualmente.
- Fechar a arma (telha para frente) agindo no retém do ferrolho.
- Travar a arma.
b) Sequência Desmontagem 1˚ escalão:
- Retirar a braçadeira cano-tubo de alimentação.
- Retirar o anel roscado de fixação do cano.
- Retirar o zarelho.
- Retirar o cano.
- Retirar a telha agindo no registro de tiro.
- Retirar a alavanca de manejo.
- Retirar de dentro da caixa da culatra o conjunto corrediça – impulsor do
ferrolho – ferrolho.
- Separar o conjunto impulsor do ferrolho – ferrolho da corrediça.
- Retirar o pino do percussor.
- Retirar o percussor e a mola do percussor de dentro do ferrolho e
separa-los.
- Retirar o pino do ferrolho.
- Separar o ferrolho do impulsor do ferrolho.
- Retirar a mola do ferrolho.

c) Sequência das peças:


- Braçadeira cano-tubo de alimentação.
- Anel roscado de fixação do cano.
- Zarelho.
- Cano.
- Telha.
- Alavanca de manejo.
- Corrediça.
- Armação.
- Pino do percussor.
- Mola do percussor.
- Percussor.
- Pino do ferrolho.
- Ferrolho.
- Mola do ferrolho.
- Impulsor do ferrolho.
245
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

d) . Montagem 1˚ escalão:
1) Sequência da montagem
- Colocar a mola do ferrolho dentro do impulsor do ferrolho.
- Colocar o ferrolho dentro do impulsor do ferrolho.
- Colocar o pino do ferrolho com a ranhura perpendicular ao corpo, na
posição seis horas.
- Colocar a mola do percussor e percussor dentro do ferrolho.
- Colocar o pino do percussor.
- Posicionar a corrediça na armação e encaixar o impulsor do ferrolho –
ferrolho.
- Introduzir o impulsor do ferrolho – ferrolho para dentro da caixa da
culatra levando a corrediça para a retaguarda.
- Colocar a alavanca de manejo.
- Colocar a telha agindo no registro de tiro.
- Colocar o cano.
- Colocar o zarelho.
- Atarraxar o anel de fixação do cano.
- Colocar a braçadeira cano – tubo de alimentação.

2) Medidas complementares:
- Abrir a arma (telha para retaguarda).
- Inspecionar a câmara e o tubo de alimentação tátil e visualmente.
- Fechar a arma (telha para frente) agindo no retém do ferrolho.
- Destravar a arma.
- Apontar a arma para uma direção segura efetuar um disparo em seco.
- Travar a arma.
- Colocar a bandoleira.

CAL .12 BENELLI com a coronha rebatida

246
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

247
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO II

BALÍSTICA

O estudo da balística se divide em 3 grandes grupos, balística interna, externa


e terminal.
Balística interna: estuda os mecanismos do armamento que efetuam o
disparo de uma arma de fogo.
Balística externa: estuda a trajetória e os movimentos dos projéteis de armas
de fogo.
Balística terminal: estuda o trajeto de um projétil de arma de fogo, isto é, o
impacto e deslocamento até saída do referido projétil em um corpo.
1. Movimento dos Projéteis
Dentro de uma trajetória, um projétil de arma de fogo tem vários movimentos.
Dentre os principais podemos citar:
- Rotação
- Precessão
- Nutação

Rotação: gerada pelo raiamento da arma.


Precessão: movimento feito pelo projétil que gera um cone de revolução em seu
eixo.
Nutação: vibração do projétil.

2. Calibre
Calibre Real - É a medida exata do interior do cano de uma arma. Geralmente,
apesar de sua fidelidade métrica, não dá nome a armas e munições. O calibre real
costuma ser expresso em milímetros ou em frações de polegadas;
Calibre Nominal - É o calibre que serve para designar as munições e armas, e
geralmente não correspondem ao calibre real delas.
3. Tipos de Projéteis
Munição de arma raiada Munição de arma sem raia

248
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Tipos de projéteis de arma curta:

4. Efeito da Munições
Poder de parada ou “Stopping Power”, definição:
Termo criado por norte-americanos, "stopping power" possui uma tradução
que deve ser levada em consideração em sua literalidade, ou seja, "poder de
parada". Capacidade do projétil de parar o oponente com um disparo. Fatores que
influenciam o “Stopping Power”:
- Influência dos tipos projéteis.
- Influência do peso dos projéteis.
- Influência da velocidade dos projéteis (carga de pólvora).
- Influência do alvo atingido (ex: sob efeito de drogas).
4.1 Efeito das Munições no corpo humano
As munições causam lesões pérfuro-contundentes no corpo, isto é, perfuram
e rompem os tecidos, danificando-os.
Geralmente, quando entram no corpo, os projéteis criam um pequeno orifício.
O orifício de saída do projétil geralmente é maior e em formato irregular.

Cavidade temporária e cavidade permanente:


Durante o trajeto no corpo o projétil destrói o tecido por onde passa, deixando
a cavidade permanente.
A energia cinética que é transferida do projétil para o corpo, cria ondas de
choque que se alastram e movem temporariamente o tecido, criando a cavidade
temporária.
249
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Pode ocorrer a criação de esquírolas ósseas que causam abalo da


coordenação motora e ativação de projéteis secundários.

250
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Munições expansivas tem maior poder de parada e diminuem as chances do


projétil transfixar o alvo e criar efeitos colaterais.

Munição Encamisa Total Ogival (ETOG) – Munição Expansiva Ponta Oca


(EXPO)

5. Proteção balística individual

Capacete Balístico
Nível: II
Material: Aramida

Colete Balístico
Nível: IIIA
Material: Aramida

Colete Balístico e Placa de


Cerâmica
Nível: III
251
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Material: Aramida e Cerâmica

6. TABELA BALÍSTICA

252
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

CAPÍTULO IX

INSTRUÇÃO GERAL DE OPERAÇÕES DE GLO

EXTRATOS DE LEGISLAÇÕES

A tropa atuando em Operações de Garantia da Lei e da Ordem ampara-se nas


seguintes legislações:

ARTIGO I

EXTRATO DA LEI COMPLEMENTAR Nº 97, DE 9 DE JUNHO DE 1999

Dispõe sobre as normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das


Forças Armadas.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e


eu sanciono a seguinte Lei Complementar:

CAPÍTULO I

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Seção I

Da Destinação e Atribuições

Art. 1o As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela


Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com
base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da
República e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais
e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

Parágrafo único. Sem comprometimento de sua destinação constitucional, cabe


também às Forças Armadas o cumprimento das atribuições subsidiárias explicitadas
nesta Lei Complementar.

Seção II

Do Assessoramento ao Comandante Supremo

Art. 2o O Presidente da República, na condição de Comandante Supremo das


Forças Armadas, é assessorado:

253
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

I - no que concerne ao emprego de meios militares, pelo Conselho Militar de


Defesa; e

II - no que concerne aos demais assuntos pertinentes à área militar, pelo


Ministro de Estado da Defesa.

§ 1o O Conselho Militar de Defesa é composto pelos Comandantes da Marinha,


do Exército e da Aeronáutica e pelo Chefe do Estado-Maior de Defesa.

§ 2o Na situação prevista no inciso I deste artigo, o Ministro de Estado da


Defesa integrará o Conselho Militar de Defesa na condição de seu Presidente.

CAPÍTULOII

DA ORGANIZAÇÃO

Seção I

Das Forças Armadas

Art. 3o As Forças Armadas são subordinadas ao Ministro de Estado da Defesa,


dispondo de estruturas próprias.

Art. 4o A Marinha, o Exército e a Aeronáutica dispõem, singularmente, de um


Comandante, nomeado pelo Presidente da República, ouvido o Ministro de Estado
da Defesa, o qual, no âmbito de suas atribuições, exercerá a direção e a gestão da
respectiva Força.

Art. 5o Os cargos de Comandante da Marinha, do Exército e da Aeronáutica são


privativos de oficiais-generais do último posto da respectiva Força.

§ 1o É assegurada aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica


precedência hierárquica sobre os demais oficiais-generais das três Forças Armadas.

§ 2o Se o oficial-general indicado para o cargo de Comandante da sua


respectiva Força estiver na ativa, será transferido para a reserva remunerada,
quando empossado no cargo.

§ 3o São asseguradas aos Comandantes da Marinha, do Exército e da


Aeronáutica todas as prerrogativas, direitos e deveres do Serviço Ativo, inclusive
com a contagem de tempo de serviço, enquanto estiverem em exercício.

Art. 6o O Poder Executivo definirá a competência dos Comandantes da Marinha,


do Exército e da Aeronáutica para a criação, a denominação, a localização e a
definição das atribuições das organizações integrantes das estruturas das Forças
Armadas.

Art. 7o Compete aos Comandantes das Forças apresentar ao Ministro de Estado


da Defesa a Lista de Escolha, elaborada na forma da lei, para a promoção aos

254
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

postos de oficiais-generais e indicar os oficiais-generais para a nomeação aos


cargos que lhes são privativos.

Parágrafo único. O Ministro de Estado da Defesa, acompanhado do


Comandante de cada Força, apresentará os nomes ao Presidente da República, a
quem compete promover os oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes
são privativos.

Art. 8o A Marinha, o Exército e a Aeronáutica dispõem de efetivos de pessoal


militar e civil, fixados em lei, e dos meios orgânicos necessários ao cumprimento de
sua destinação constitucional e atribuições subsidiárias.

Parágrafo único. Constituem reserva das Forças Armadas o pessoal sujeito a


incorporação, mediante mobilização ou convocação, pelo Ministério da Defesa, por
intermédio da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, bem como as organizações
assim definidas em lei.

Seção II

Da Direção Superior das Forças Armadas

Art. 9o O Ministro de Estado da Defesa exerce a direção superior das Forças


Armadas, assessorado pelo Conselho Militar de Defesa, órgão permanente de
assessoramento, pelo Estado-Maior de Defesa, pelas Secretarias e demais órgãos,
conforme definido em lei.

Art. 10. O Estado-Maior de Defesa, órgão de assessoramento do Ministro de


Estado da Defesa, terá como Chefe um oficial-general do último posto, da ativa, em
sistema de rodízio entre as três Forças, nomeado pelo Presidente da República,
ouvido o Ministro de Estado da Defesa.

Art. 11. Compete ao Estado-Maior de Defesa elaborar o planejamento do


emprego combinado das Forças Armadas e assessorar o Ministro de Estado da
Defesa na condução dos exercícios combinados e quanto à atuação de forças
brasileiras em operações de paz, além de outras atribuições que lhe forem
estabelecidas pelo Ministro de Estado da Defesa.

CAPÍTULO III

DO ORÇAMENTO

Art. 12. O orçamento do Ministério da Defesa contemplará as prioridades da


política de defesa nacional, explicitadas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.

§ 1o O orçamento do Ministério da Defesa identificará as dotações próprias da


Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

§ 2o A consolidação das propostas orçamentárias das Forças será feita pelo


Ministério da Defesa, obedecendo-se as prioridades estabelecidas na política de
defesa nacional, explicitadas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
255
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

§ 3o A Marinha, o Exército e a Aeronáutica farão a gestão, de forma


individualizada, dos recursos orçamentários que lhes forem destinados no
orçamento do Ministério da Defesa.

CAPÍTULO IV

DO PREPARO

Art. 13. Para o cumprimento da destinação constitucional das Forças Armadas,


cabe aos Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica o preparo de seus
órgãos operativos e de apoio, obedecidas as políticas estabelecidas pelo Ministro da
Defesa.

§ 1o O preparo compreende, entre outras, as atividades permanentes de


planejamento, organização e articulação, instrução e adestramento,
desenvolvimento de doutrina e pesquisas específicas, inteligência e estruturação
das Forças Armadas, de sua logística e mobilização. (Incluído pela Lei
Complementar nº 117, de 2004)

§ 2o No preparo das Forças Armadas para o cumprimento de sua destinação


constitucional, poderão ser planejados e executados exercícios operacionais em
áreas públicas, adequadas à natureza das operações, ou em áreas privadas cedidas
para esse fim. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

§ 3o O planejamento e a execução dos exercícios operacionais poderão ser


realizados com a cooperação dos órgãos de segurança pública e de órgãos públicos
com interesses afins. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

Art. 14. O preparo das Forças Armadas é orientado pelos seguintes parâmetros
básicos:

I - permanente eficiência operacional singular e nas diferentes modalidades de


emprego interdependentes;

II - procura da autonomia nacional crescente, mediante contínua


nacionalização de seus meios, nela incluídas pesquisa e desenvolvimento e o
fortalecimento da indústria nacional;

III - correta utilização do potencial nacional, mediante mobilização


criteriosamente planejada.

CAPÍTULO V

DO EMPREGO

Art. 15. O emprego das Forças Armadas na defesa da Pátria e na garantia dos
poderes constitucionais, da lei e da ordem, e na participação em operações de paz,
é de responsabilidade do Presidente da República, que determinará ao Ministro de
Estado da Defesa a ativação de órgãos operacionais, observada a seguinte forma
de subordinação:
256
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

I - diretamente ao Comandante Supremo, no caso de Comandos Combinados,


compostos por meios adjudicados pelas Forças Armadas e, quando necessário, por
outros órgãos;

II - diretamente ao Ministro de Estado da Defesa, para fim de adestramento, em


operações combinadas, ou quando da participação brasileira em operações de paz;

III - diretamente ao respectivo Comandante da Força, respeitada a direção


superior do Ministro de Estado da Defesa, no caso de emprego isolado de meios de
uma única Força.

§ 1o Compete ao Presidente da República a decisão do emprego das Forças


Armadas, por iniciativa própria ou em atendimento a pedido manifestado por
quaisquer dos poderes constitucionais, por intermédio dos Presidentes do Supremo
Tribunal Federal, do Senado Federal ou da Câmara dos Deputados.

§ 2o A atuação das Forças Armadas, na garantia da lei e da ordem, por


iniciativa de quaisquer dos poderes constitucionais, ocorrerá de acordo com as
diretrizes baixadas em ato do Presidente da República, após esgotados os
instrumentos destinados à preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, relacionados no art. 144 da Constituição Federal.

§ 3o Consideram-se esgotados os instrumentos relacionados no art. 144 da


Constituição Federal quando, em determinado momento, forem eles formalmente
reconhecidos pelo respectivo Chefe do Poder Executivo Federal ou Estadual como
indisponíveis, inexistentes ou insuficientes ao desempenho regular de sua missão
constitucional. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

§ 4o Na hipótese de emprego nas condições previstas no § 3 o deste artigo,


após mensagem do Presidente da República, serão ativados os órgãos operacionais
das Forças Armadas, que desenvolverão, de forma episódica, em área previamente
estabelecida e por tempo limitado, as ações de caráter preventivo e repressivo
necessárias para assegurar o resultado das operações na garantia da lei e da
ordem. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

§ 5o Determinado o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da


ordem, caberá à autoridade competente, mediante ato formal, transferir o controle
operacional dos órgãos de segurança pública necessários ao desenvolvimento das
ações para a autoridade encarregada das operações, a qual deverá constituir um
centro de coordenação de operações, composto por representantes dos órgãos
públicos sob seu controle operacional ou com interesses afins.(Incluído pela Lei
Complementar nº 117, de 2004)

§ 6o Considera-se controle operacional, para fins de aplicação desta Lei


Complementar, o poder conferido à autoridade encarregada das operações, para
atribuir e coordenar missões ou tarefas específicas a serem desempenhadas por
efetivos dos órgãos de segurança pública, obedecidas as suas competências
constitucionais ou legais. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

257
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

§ 7o O emprego e o preparo das Forças Armadas na garantia da lei e da


ordem são considerados atividade militar para fins de aplicação do art. 9o, inciso II,
alínea c, do Decreto-Lei no 1.001, de 21 de outubro de 1969 - Código Penal Militar.
(Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

CAPÍTULO VI

DAS DISPOSIÇÕES COMPLEMENTARES

Art. 16. Cabe às Forças Armadas, como atribuição subsidiária geral, cooperar
com o desenvolvimento nacional e a defesa civil, na forma determinada pelo
Presidente da República.

Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, integra as referidas ações de


caráter geral a participação em campanhas institucionais de utilidade pública ou de
interesse social. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

Art. 17. Cabe à Marinha, como atribuições subsidiárias particulares:

I - orientar e controlar a Marinha Mercante e suas atividades correlatas, no que


interessa à defesa nacional;

II - prover a segurança da navegação aquaviária;

III - contribuir para a formulação e condução de políticas nacionais que digam


respeito ao mar;

IV - implementar e fiscalizar o cumprimento de leis e regulamentos, no mar e


nas águas interiores, em coordenação com outros órgãos do Poder Executivo,
federal ou estadual, quando se fizer necessária, em razão de competências
específicas.

Parágrafo único. Pela especificidade dessas atribuições, é da competência


do Comandante da Marinha o trato dos assuntos dispostos neste artigo, ficando
designado como "Autoridade Marítima", para esse fim.

V – cooperar com os órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão


aos delitos de repercussão nacional ou internacional, quanto ao uso do mar, águas
interiores e de áreas portuárias, na forma de apoio logístico, de inteligência, de
comunicações e de instrução. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

Art. 17A. Cabe ao Exército, além de outras ações pertinentes, como atribuições
subsidiárias particulares: (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

– contribuir para a formulação e condução de políticas nacionais que digam


respeito ao Poder Militar Terrestre; (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de
2004)

II – cooperar com órgãos públicos federais, estaduais e municipais e,


excepcionalmente, com empresas privadas, na execução de obras e serviços de
258
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

engenharia, sendo os recursos advindos do órgão solicitante; (Incluído pela Lei


Complementar nº 117, de 2004)

III – cooperar com órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão


aos delitos de repercussão nacional e internacional, no território nacional, na forma
de apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de instrução; (Incluído pela
Lei Complementar nº 117, de 2004)

IV – atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira


terrestre, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em
coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, executando, dentre outras, as
ações de: (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

a) patrulhamento; (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

b) revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e de


aeronaves; e (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

c) prisões em flagrante delito. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de


2004)

Art. 18. Cabe à Aeronáutica, como atribuições subsidiárias particulares:

I - orientar, coordenar e controlar as atividades de Aviação Civil;

II - prover a segurança da navegação aérea;

III - contribuir para a formulação e condução da Política Aeroespacial Nacional;

IV - estabelecer, equipar e operar, diretamente ou mediante concessão, a


infraestrutura aeroespacial, aeronáutica e aeroportuária;

V - operar o Correio Aéreo Nacional.

Parágrafo único. Pela especificidade dessas atribuições, é da competência


do Comandante da Aeronáutica o trato dos assuntos dispostos neste artigo, ficando
designado como "Autoridade Aeronáutica", para esse fim.

VI – cooperar com os órgãos federais, quando se fizer necessário, na


repressão aos delitos de repercussão nacional e internacional, quanto ao uso do
espaço aéreo e de áreas aeroportuárias, na forma de apoio logístico, de inteligência,
de comunicações e de instrução; (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

VII – atuar, de maneira contínua e permanente, por meio das ações de controle
do espaço aéreo brasileiro, contra todos os tipos de tráfego aéreo ilícito, com ênfase
nos envolvidos no tráfico de drogas, armas, munições e passageiros ilegais, agindo
em operação combinada com organismos de fiscalização competentes, aos quais
caberá a tarefa de agir após a aterragem das aeronaves envolvidas em tráfego
aéreo ilícito. (Incluído pela Lei Complementar nº 117, de 2004)

259
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

CAPÍTULO VII

DAS DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS E FINAIS

Art. 19. Até que se proceda à revisão dos atos normativos pertinentes, as
referências legais a Ministério ou a Ministro de Estado da Marinha, do Exército e da
Aeronáutica passam a ser entendidas como a Comando ou a Comandante dessas
Forças, respectivamente, desde que não colidam com atribuições do Ministério ou
Ministro de Estado da Defesa.

Art. 20. Os Ministérios da Marinha, do Exército e da Aeronáutica serão


transformados em Comandos, por ocasião da criação do Ministério da Defesa.

Art. 21. Lei criará a Agência Nacional de Aviação Civil, vinculada ao Ministério da
Defesa, órgão regulador e fiscalizador da Aviação Civil e da infraestrutura
aeronáutica e aeroportuária, estabelecendo, entre outras matérias institucionais,
quais, dentre as atividades e procedimentos referidos nos incisos I e IV do art. 18,
serão de sua responsabilidade.

Art. 22. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.

Art. 23. Revoga-se a Lei Complementar no 69, de 23 de julho de 1991.

260
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO II

EXTRATO DA LEI COMPLEMENTAR Nº 117, DE 2 DE SETEMBRO DE 2004.

Altera a Lei Complementar no 97, de 9 de


junho de 1999, que dispõe sobre as
normas gerais para a organização, o
preparo e o emprego das Forças
Armadas, para estabelecer novas
atribuições subsidiárias.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional


decreta e eu sanciono a seguinte Lei Complementar:

Art. 1o Os arts. 13, 15, 16, 17 e 18 da Lei Complementar n o 97, de 9 de junho


de 1999, passam a vigorar com a seguinte redação:

"Art. 13. ..................................................................................

§ 1o O preparo compreende, entre outras, as atividades permanentes de


planejamento, organização e articulação, instrução e adestramento,
desenvolvimento de doutrina e pesquisas específicas, inteligência e estruturação
das Forças Armadas, de sua logística e mobilização.

§ 2o No preparo das Forças Armadas para o cumprimento de sua destinação


constitucional, poderão ser planejados e executados exercícios operacionais em
áreas públicas, adequadas à natureza das operações, ou em áreas privadas cedidas
para esse fim.

§ 3o O planejamento e a execução dos exercícios operacionais poderão ser


realizados com a cooperação dos órgãos de segurança pública e de órgãos públicos
com interesses afins." (NR)

"Art. 15. ...............................................................................................................

§ 3o Consideram-se esgotados os instrumentos relacionados no art. 144 da


Constituição Federal quando, em determinado momento, forem eles formalmente
reconhecidos pelo respectivo Chefe do Poder Executivo Federal ou Estadual como
indisponíveis, inexistentes ou insuficientes ao desempenho regular de sua missão
constitucional.

§ 4o Na hipótese de emprego nas condições previstas no § 3o deste artigo, após


mensagem do Presidente da República, serão ativados os órgãos operacionais das
Forças Armadas, que desenvolverão, de forma episódica, em área previamente
estabelecida e por tempo limitado, as ações de caráter preventivo e repressivo

261
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

necessárias para assegurar o resultado das operações na garantia da lei e da


ordem.

§ 5o Determinado o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem,


caberá à autoridade competente, mediante ato formal, transferir o controle
operacional dos órgãos de segurança pública necessários ao desenvolvimento das
ações para a autoridade encarregada das operações, a qual deverá constituir um
centro de coordenação de operações, composto por representantes dos órgãos
públicos sob seu controle operacional ou com interesses afins.

§ 6o Considera-se controle operacional, para fins de aplicação desta Lei


Complementar, o poder conferido à autoridade encarregada das operações, para
atribuir e coordenar missões ou tarefas específicas a serem desempenhadas por
efetivos dos órgãos de segurança pública, obedecidas as suas competências
constitucionais ou legais.

§ 7o O emprego e o preparo das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem são


considerados atividade militar para fins de aplicação do art. 9o, inciso II, alínea c, do
Decreto-Lei no 1.001, de 21 de outubro de 1969 - Código Penal Militar." (NR)

"Art. 16. ..................................................................................

Parágrafo único. Para os efeitos deste artigo, integra as referidas ações de caráter
geral a participação em campanhas institucionais de utilidade pública ou de
interesse social." (NR)

"Art. 17 ..................................................................................

..............................................................................................

V – cooperar com os órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão aos


delitos de repercussão nacional ou internacional, quanto ao uso do mar, águas
interiores e de áreas portuárias, na forma de apoio logístico, de inteligência, de
comunicações e de instrução." (NR)

"Art. 18 ..................................................................................

VI – cooperar com os órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão aos


delitos de repercussão nacional e internacional, quanto ao uso do espaço aéreo e de
áreas aeroportuárias, na forma de apoio logístico, de inteligência, de comunicações
e de instrução;

VII – atuar, de maneira contínua e permanente, por meio das ações de controle do
espaço aéreo brasileiro, contra todos os tipos de tráfego aéreo ilícito, com ênfase
nos envolvidos no tráfico de drogas, armas, munições e passageiros ilegais, agindo
em operação combinada com organismos de fiscalização competentes, aos quais
caberá a tarefa de agir após a aterragem das aeronaves envolvidas em tráfego
aéreo ilícito.

262
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Art. 2o A Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999, passa a vigorar


acrescida dos seguintes arts. 17A e 18A:

"Art. 17. Cabe ao Exército, além de outras ações pertinentes, como atribuições
subsidiárias particulares:

I – contribuir para a formulação e condução de políticas nacionais que digam


respeito ao Poder Militar Terrestre;

II – cooperar com órgãos públicos federais, estaduais e municipais e,


excepcionalmente, com empresas privadas, na execução de obras e serviços de
engenharia, sendo os recursos advindos do órgão solicitante;

III – cooperar com órgãos federais, quando se fizer necessário, na repressão aos
delitos de repercussão nacional e internacional, no território nacional, na forma de
apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de instrução;

IV – atuar, por meio de ações preventivas e repressivas, na faixa de fronteira


terrestre, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou em
coordenação com outros órgãos do Poder Executivo, executando, dentre outras, as
ações de:

a) patrulhamento;
b) revista de pessoas, de veículos terrestres, de embarcações e de aeronaves; e
c) prisões em flagrante delito."

"Art. 18A. (VETADO)"

Art. 3o Esta Lei Complementar entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 2 de setembro de 2004; 183o da Independência e 116o da República.

263
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO III

EXTRATO DO DECRETO Nº 3.897, DE 24 DE AGOSTO 2001.

Fixa as diretrizes para o emprego das


Forças Armadas na garantia da lei e da
ordem, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art.


84, incisos II, IV e XIII, da Constituição, e tendo em vista o disposto nos arts. 15, §
2º, da Lei Complementar no 97, de 9 de junho de 1999, e 14 da Lei no 9.649, de 27
de maio de 1998, e

Considerando a missão conferida pelo art. 142 da Constituição às Forças


Armadas, de garantia da lei e da ordem, e sua disciplina na Lei Complementar n o 97,
de 9 de junho de 1999;

Considerando o disposto no art. 144 da Lei Maior, especialmente no que


estabelece, às Polícias Militares, a competência de polícia ostensiva e de
preservação da ordem pública, dizendo-as forças auxiliares e reserva do Exército;

Considerando o que dispõem o Decreto-Lei no 667, de 2 de julho de 1969, e o


Regulamento para as Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares (R-200),
aprovado pelo Decreto no 88.777, de 30 de setembro de 1983; e

Considerando o que se contém no PARECER AGU No GM-025, de 10 de


agosto de 2001, da Advocacia-Geral da União, aprovado pelo Excelentíssimo
Senhor Presidente da República, conforme despacho de 10 de agosto de 2001,
publicado no Diário Oficial da União do dia 13 seguinte;

DECRETA:

Art. 1º As diretrizes estabelecidas neste Decreto têm por finalidade orientar o


planejamento, a coordenação e a execução das ações das Forças Armadas, e de
órgãos governamentais federais, na garantia da lei e da ordem.

Art. 2º É de competência exclusiva do Presidente da República a decisão de


emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem.

§ 1º A decisão presidencial poderá ocorrer por sua própria iniciativa, ou dos


outros poderes constitucionais, representados pelo Presidente do Supremo Tribunal
Federal, pelo Presidente do Senado Federal ou pelo Presidente da Câmara dos
Deputados.

§ 2º O Presidente da República, à vista de solicitação de Governador de


Estado ou do Distrito Federal, poderá, por iniciativa própria, determinar o emprego
das Forças Armadas para a garantia da lei e da ordem.
264
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Art. 3º Na hipótese de emprego das Forças Armadas para a garantia da lei e


da ordem, objetivando a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, porque esgotados os instrumentos a isso previstos no art.
144 da Constituição, lhes incumbirá, sempre que se faça necessário, desenvolver as
ações de polícia ostensiva, como as demais, de natureza preventiva ou repressiva,
que se incluem na competência, constitucional e legal, das Polícias Militares,
observados os termos e limites impostos, a estas últimas, pelo ordenamento jurídico.

Parágrafo único. Consideram-se esgotados os meios previstos no art. 144 da


Constituição, inclusive no que concerne às Polícias Militares, quando, em
determinado momento, indisponíveis, inexistentes, ou insuficientes ao desempenho
regular de sua missão constitucional.

Art. 4º Na situação de emprego das Forças Armadas objeto do art. 3o, caso
estejam disponíveis meios, conquanto insuficientes, da respectiva Polícia Militar,
esta, com a anuência do Governador do Estado, atuará, parcial ou totalmente, sob o
controle operacional do comando militar responsável pelas operações, sempre que
assim o exijam, ou recomendem, as situações a serem enfrentadas.

§ 1º Tem-se como controle operacional a autoridade que é conferida, a um


comandante ou chefe militar, para atribuir e coordenar missões ou tarefas
específicas a serem desempenhadas por efetivos policiais que se encontrem sob
esse grau de controle, em tal autoridade não se incluindo, em princípio, assuntos
disciplinares e logísticos.

§ 2º Aplica-se às Forças Armadas, na atuação de que trata este artigo, o


disposto no caput do art. 3o anterior quanto ao exercício da competência,
constitucional e legal, das Polícias Militares.

Art. 5º O emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem, que


deverá ser episódico, em área previamente definida e ter a menor duração possível,
abrange, ademais da hipótese objeto dos arts. 3º e 4º, outras em que se presuma
ser possível a perturbação da ordem, tais como as relativas a eventos oficiais ou
públicos, particularmente os que contem com a participação de Chefe de Estado, ou
de Governo, estrangeiro, e à realização de pleitos eleitorais, nesse caso quando
solicitado.

Parágrafo único. Nas situações de que trata este artigo, as Forças Armadas
atuarão em articulação com as autoridades locais, adotando-se, inclusive, o
procedimento previsto no art. 4º.

Art. 6º A decisão presidencial de emprego das Forças Armadas será


comunicada ao Ministro de Estado da Defesa por meio de documento oficial que
indicará a missão, os demais órgãos envolvidos e outras informações necessárias.

Art. 7º Nas hipóteses de emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da


ordem, constitui incumbência:

I - do Ministério da Defesa, especialmente:

265
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

a) empregar as Forças Armadas em operações decorrentes de decisão do


Presidente da República;

b) planejar e coordenar as ações militares destinadas à garantia da lei e da


ordem, em qualquer parte do território nacional, conforme determinado pelo
Presidente da República, observadas as disposições deste Decreto, além de outras
que venham a ser estabelecidas, bem como a legislação pertinente em vigor;

c) constituir órgãos operacionais, quando a situação assim o exigir, e


assessorar o Presidente da República com relação ao momento da ativação,
desativação, início e fim de seu emprego;

d) solicitar, quando for o caso, os recursos orçamentários necessários ao


cumprimento da missão determinada, devendo diligenciar, junto aos Ministérios do
Planejamento, Orçamento e Gestão e da Fazenda, no sentido de que os créditos e
os respectivos recursos sejam tempestivamente liberados, em coordenação com os
demais órgãos envolvidos;

e) manter o Ministério das Relações Exteriores informado sobre as medidas


adotadas pela União, na área militar, quando houver possibilidade de repercussão
internacional;

f) prestar apoio logístico, de inteligência, de comunicações e de instrução, bem


como assessoramento aos órgãos governamentais envolvidos nas ações de garantia
da lei e da ordem, inclusive nas de combate aos delitos transfronteiriços e
ambientais, quando determinado;

II - do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República:

a) centralizar, por meio da Agência Brasileira de Inteligência, os conhecimentos


que interessem ao planejamento e à execução de medidas a serem adotadas pelo
Governo Federal, produzidos pelos órgãos de inteligência como subsídios às
decisões presidenciais;

b) prover informações ao Presidente da República nos assuntos referentes à


garantia da lei e da ordem, particularmente os discutidos na Câmara de Relações
Exteriores e Defesa Nacional;

c) prevenir a ocorrência e articular o gerenciamento de crises, inclusive, se


necessário, ativando e fazendo operar o Gabinete de Crise;

d) elaborar e expedir o documento oficial de que trata o art. 6º deste Decreto; e

e) contatar, em situação de atuação das Forças Armadas com as polícias


militares, o Governador do Estado, ou do Distrito Federal, conforme o caso, a fim de
articular a passagem de efetivos da respectiva polícia militar ao controle operacional
do comando militar responsável pelas operações terrestres.

§ 1º Os demais Ministérios e Órgãos integrantes da Presidência da República,


bem como as entidades da Administração Federal indireta, darão apoio às ações do
266
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Ministério da Defesa, quando por este solicitado, inclusive disponibilizando recursos


financeiros, humanos e materiais.

§ 2º A Advocacia-Geral da União prestará ao Ministério da Defesa, e aos


demais órgãos e entes envolvidos nas ações objeto deste Decreto, a assistência
necessária à execução destas.

§ 3º O militar e o servidor civil, caso venham a responder a inquérito policial ou


a processo judicial por sua atuação nas situações descritas no presente Decreto,
serão assistidos ou representados judicialmente pela Advocacia-Geral da União, nos
termos do art. 22 da Lei no 9.028, de 12 de abril de 1995.

Art. 8º Para o emprego das Forças Armadas nos termos dos arts. 34, 136 e
137 da Constituição, o Presidente da República editará diretrizes específicas.

Art. 9º Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.

Brasília, 24 de agosto de 2001; 180o da Independência e 113o da República.

267
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO IV

EXTRATO DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL - CF - 1988

Título V
Da Defesa do Estado e das Instituições Democráticas
Capítulo II
Das Forças Armadas
Art. 142 - As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela
Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com
base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da
República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais
e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.

Art. 144 - A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de


todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
obs.dji.grau.3: Competência da Polícia Rodoviária Federal - D-001.655-1995
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
obs.dji.grau.3: Conselho Nacional de Segurança Pública - CONASP - D-002.169-
1997
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

268
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO V

EXTRATO DO CODIGO PENAL MILITAR

Desacato a Militar
Art. 299. Desacatar militar no exercício de função de natureza militar ou em razão
dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui outro crime.

Desobediência
Art. 301. Desobedecer a ordem legal de autoridade militar:
Pena - detenção, até seis meses.

269
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO VI
EXTRATO DO CÓDIGO PENAL
RELAÇÃO DE CAUSALIDADE E OMISSÃO
Art. 13 - O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a
quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado
não teria ocorrido.
§ 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação
quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a
quem os praticou.
§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para
evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem:
a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância;
b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado;
c) com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado.
ERRO SOBRE A ILICITUDE DO FATO
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se
inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a
consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou
atingir essa consciência.
COAÇÃO IRRESISTÍVEL E OBEDIÊNCIA HIERÁRQUICA
Art. 22 - Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a
ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da
coação ou da ordem.
EXCLUSÃO DE ILICITUDE
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
EXCESSO PUNÍVEL
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá
pelo excesso doloso ou culposo.
ESTADO DE NECESSIDADE
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de
perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar,
direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-
se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar
o perigo.
270
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá


ser reduzida de um a dois terços.
LEGÍTIMA DEFESA
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios
necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.
PERIGO PARA A VIDA OU SAÚDE DE OUTREM
Art. 132. Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto ou iminente:
Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, se o fato não constitui crime mais
grave.
CONSTRANGIMENTO ILEGAL
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de
lhe haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, a não
fazer o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda:
Pena - detenção, de 03 (três) meses a 1 (um) ano, ou multa.
CRIMES RELACIONADOS A MANIFESTAÇÕES E PROTESTOS
Art. 262 - Expor a perigo outro meio de transporte público, impedir-lhe ou dificultar-
lhe o funcionamento:
Pena - detenção, de um a dois anos.
§ 1º - Se do fato resulta desastre, a pena é de reclusão, de dois a cinco anos.
§ 2º - No caso de culpa, se ocorre desastre:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Art. 263 - Se de qualquer dos crimes previstos nos arts. 260 a 262, no caso de
desastre ou sinistro, resulta lesão corporal ou morte, aplica-se o disposto no art. 258.
Art. 264. Arremessar projétil contra veículo, em movimento, destinado ao transporte
público por terra, por água ou pelo ar.
Pena – detenção, de 1 (um) a 6 (seis) meses.
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime:
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
Art. 288 - Associarem-se mais de três pessoas, em quadrilha ou bando, para o fim
de cometer crimes:
Pena - reclusão, de um a três anos. (Vide Lei 8.072, de 25.7.1990)
Parágrafo único - A pena aplica-se em dobro, se a quadrilha ou bando é armado.
RESISTÊNCIA
Art. 329 - Opor-se à execução de ato legal, mediante violência ou ameaça a
funcionário competente para executá-lo ou a quem lhe esteja prestando auxílio:
Pena - detenção, de 2 (dois) meses a 2 (dois) anos.
§ 1o - Se o ato, em razão da resistência, não se executa:

271
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.


§ 2o - As penas deste artigo são aplicáveis sem prejuízo das correspondentes à
violência.
DESOBEDIÊNCIA

Art. 330 - Desobedecer a ordem legal de funcionário público:


Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 6 (seis) meses, e multa.
DESACATO
Art. 331 - Desacatar funcionário público no exercício da função ou em razão dela:
Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.

ARTIGO VII
EXTRATO DO CODIGO DE PROCESSO PENAL
FLAGRANTE

Art. 301 - Qualquer do povo poderá e as autoridades policiais e seus agentes


deverão prender quem quer que seja encontrado em flagrante delito

Art. 302 - Considera-se em flagrante delito quem:


I - está cometendo a infração penal;
II - acaba de cometê-la;
III- é perseguido, logo após, pela autoridade, pelo ofendido ou por qualquer pessoa,
em situação que faça presumir ser autor da infração;
IV- é encontrado, logo depois, com instrumentos, armas, objetos ou papeis que
façam presumir ser ele autor da infração

ARTIGO VIII
EXTRATO DO CÓDIGO PENAL MILITAR

DESACATO

Art. 299 - Desacatar militar no exercício de função de natureza militar ou em razão


dela:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui outro crime.

DESOBEDIÊNCIA

Art. 301 - Desobedecer a ordem legal de autoridade militar:

Pena - detenção, até seis meses.

INVASÃO DE ÁREA MILITAR

272
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Art. 302 - Penetrar em fortaleza, quartel, estabelecimento militar, navio, aeronave,


hangar ou em outro lugar sujeito à administração militar, por onde seja defeso ou
haja passagem regular, ou iludindo a vigilância da sentinela ou de vigia:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não constitui crime mais
grave.

ARTIGO IX
EXTRATO DO CODIGO DE PROCESSO PENAL MILITAR

BUSCA

Art. 170. A busca poderá ser domiciliar ou pessoal.


Busca domiciliar

Art. 171. A busca domiciliar consistirá na procura material portas adentro da casa.

Art. 172. Proceder-se-á à busca domiciliar, quando fundadas razões a autorizarem,


para:
a) prender criminosos;
b) apreender coisas obtidas por meios criminosos ou guardadas ilìcitamente;
c) apreender instrumentos de falsificação ou contrafação;
d) apreender armas e munições e instrumentos utilizados na prática de crime ou
destinados a fim delituoso; e) descobrir objetos necessários à prova da infração ou à
defesa do acusado;
f) apreender correspondência destinada ao acusado ou em seu poder, quando haja
fundada suspeita de que o
conhecimento do seu conteúdo possa ser útil à elucidação do fato; g) apreender
pessoas vítimas de crime;
h) colhêr elemento de convicção.

DEFINIÇÃO DE CASA

Art. 173. O têrmo "casa" compreende:


a) qualquer compartimento habitado;
b) aposento ocupado de habitação coletiva;
c) compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade.
Não compreensão

Art. 174. Não se compreende no têrmo "casa":


a) hotel, hospedaria ou qualquer outra habitação coletiva, enquanto abertas, salvo a
restrição da alínea b do artigo anterior;
b) taverna, boate, casa de jôgo e outras do mesmo gênero;
c) a habitação usada como local para a prática de infrações penais.

BUSCA DOMICILIAR

273
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Art. 175. A busca domiciliar será executada de dia, salvo para acudir vítimas de
crime ou desastre. Parágrafo único. Se houver consentimento expresso do morador,
poderá ser realizada à noite.

Art 176. A busca domiciliar poderá ordenada pelo juiz, de ofício ou a requerimento
das partes, ou determinada pela autoridade policial militar.

Parágrafo único. O representante do Ministério Público, quando assessor no


inquérito, ou deste tomar conhecimento, poderá solicitar do seu encarregado, a
realização da busca.

Art. 177. Deverá ser precedida de mandado a busca domiciliar que não for realizada
pela própria autoridade judiciária ou pela autoridade que presidir o inquérito.

Art. 178. O mandado de busca deverá:


a) indicar, o mais precisamente possível, a casa em que será realizada a diligência e
o nome do seu morador ou proprietário; ou, no caso de busca pessoal, o nome da
pessoa que a sofrerá ou os sinais que a identifiquem;
b) mencionar o motivo e os fins da diligência;
c) ser subscrito pelo escrivão e assinado pela autoridade que o fizer expedir.
Parágrafo único. Se houver ordem de prisão, constará do próprio texto do mandado.

Art. 179. O executor da busca domiciliar procederá da seguinte maneira:

I — se o morador estiver presente:


a) ler-lhe-á, o mandado, ou, se fôr o próprio autor da ordem, identificar-se-á e dirá o
que pretende; b) convidá-lo-á a franquiar a entrada, sob pena de a forçar se não fôr
atendido;
c) uma vez dentro da casa, se estiver à procura de pessoa ou coisa, convidará o
morador a apresentá-la ou exibi-la;
d) se não fôr atendido ou se se tratar de pessoa ou coisa incerta, procederá à busca;
e) se o morador ou qualquer outra pessoa recalcitrar ou criar obstáculo usará da
fôrça necessária para vencer a resistência ou remover o empecilho e arrombará, se
necessário, quaisquer móveis ou compartimentos em que, presumìvelmente,
possam estar as coisas ou pessoas procuradas;

II — se o morador estiver ausente:


a) tentará localizá-lo para lhe dar ciência da diligência e aguardará a sua chegada,
se puder ser imediata;
b) no caso de não ser encontrado o morador ou não comparecer com a necessária
presteza, convidará pessoa capaz, que identificará para que conste do respectivo
auto, a fim de testemunhar a diligência;
c) entrará na casa, arrombando-a, se necessário;
d) fará a busca, rompendo, se preciso, todos os obstáculos em móveis ou
compartimentos onde, presumivelmente, possam estar as coisas ou pessoas
procuradas;

III - se a casa estiver desabitada, tentará localizar o proprietário, procedendo da


mesma forma como no caso de ausência do morador.

274
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

§1º O rompimento de obstáculos deve ser feito com o menor dano possível à coisa
ou compartimento passível da busca, providenciando-se, sempre que possível, a
intervenção de serralheiro ou outro profissional habilitado, quando se tratar de
remover ou desmontar fechadura, ferrolho, peça de segredo ou qualquer outro
aparelhamento que impeça a finalidade da diligência.
Reposição
§2º Os livros, documentos, papéis e objetos que não tenham sido apreendidos
devem ser repostos nos seus lugares.
§3º Em casa habitada, a busca será feita de modo que não moleste os moradores
mais do que o indispensável ao bom êxito da diligência.

BUSCA PESSOAL

Art. 180. A busca pessoal consistirá na procura material feita nas vestes, pastas,
malas e outros objetos que estejam com a pessoa revistada e, quando necessário,
no próprio corpo.

Art. 181. Proceder-se-á à revista, quando houver fundada suspeita de que alguém
oculte consigo:
a) instrumento ou produto do crime;
b) elementos de prova.

Art. 182. A revista independe de mandado:


a) quando feita no ato da captura de pessoa que deve ser presa;
b) quando determinada no curso da busca domiciliar;
c) quando ocorrer o caso previsto na alínea a do artigo anterior;
d) quando houver fundada suspeita de que o revistando traz consigo objetos ou
papéis que constituam corpo de delito;
e) quando feita na presença da autoridade judiciária ou do presidente do inquérito.

Art. 183. A busca em mulher será feita por outra mulher, se não importar
retardamento ou prejuízo da diligência.

Art. 184. A busca domiciliar ou pessoal por mandado será, no curso do processo,
executada por oficial de justiça; e, no curso do inquérito, por oficial, designado pelo
encarregado do inquérito, atendida a hierarquia do pôsto ou graduação de quem a
sofrer, se militar.

Parágrafo único. A autoridade militar poderá requisitar da autoridade policial civil a


realização da busca.

ARTIGO X
EXTRATO DO CODIGO DE TRÂNSITO BRASILEIRO

Art. 210. Transpor, sem autorização, bloqueio viário policial: Infração – gravíssima;
Penalidade - multa, apreensão do veículo e suspensão do direito de dirigir;

Medida administrativa - remoção do veículo e recolhimento do documento de


habilitação.
275
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO XI
SÚMULA VINCULANTE Nº 11 / STF

Só é lícito o uso de algemas em caso de resistência e de fundado receio de fuga ou


perigo à integridade física própria ou alheia por parte de preso ou de terceiros,
justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar,
civil e penal do agente ou da autoridade e a nulidade da prisão ou do ato processual
a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.

ARTIGO XII
LEI DE SEGURANÇA NACIONAL

Art 1º. Esta lei prevê crimes que lesam ou expõem a perigo de lesão:
I- A integridade territorial e a soberania nacional;
II- O regime democrático, a federação e o Estado de Direito;
III- A pessoa dos chefes dos poderes da União.

Art 15. Praticar sabotagem contra instalações militares, meios de comunicações,


meios e vias de transporte, estaleiros, portos, aeroportos, fábricas, usinas,
barragens, depósitos e outras instalações congêneres.

ARTIGO XIII
LEI DAS DROGAS

USUÁRIO

Art 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo,
para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação
legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas:

I- Advertência sobre os efeitos das drogas;


II- Prestação de serviço a comunidade;
III- Medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo.

§ 1º Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia,


cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de
substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica.

§ 2º Para determinar se a droga destinava-se a consumo pessoal, o juiz atenderá à


natureza e à quantidade da substância apreendida, ao local e às condições em que
se desenvolveu a ação, às circunstâncias sociais e pessoais, bem como à conduta e
aos antecedentes do agente.

TRAFICANTE

276
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Art. 33. Importar, exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender,
expor à venda, oferecer, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar,
prescrever, ministrar, entregar a consumo ou fornecer drogas, ainda que
gratuitamente, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou
regulamentar:

Pena - reclusão de 5 (cinco) a 15 (quinze) anos e pagamento de 500 (quinhentos) a


1.500 (mil e quinhentos) dias-multa.

ARTIGO XIV
ESTATUTO DO DESARMAMENTO

PORTE DE ARMA DE FOGO

Art. 6º. É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para
os casos previstos em legislação própria e para:
I – os integrantes das Forças Armadas;
II – os integrantes de órgãos referidos nos incisos do caput do art. 144 da
Constituição Federal;
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos
Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições
estabelecidas no regulamento desta Lei;
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000
(cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço;
V – os agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência e os agentes do
Departamento de Segurança do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência
da República;
VI – os integrantes dos órgãos policiais referidos no art. 51, IV, e no art. 52, XIII, da
Constituição Federal;
VII – os integrantes do quadro efetivo dos agentes e guardas prisionais, os
integrantes das escoltas de presos e as guardas portuárias;
VIII – as empresas de segurança privada e de transporte de valores constituídas,
nos termos desta Lei;
IX – para os integrantes das entidades de desporto legalmente constituídas, cujas
atividades esportivas demandem o uso de armas de fogo, na forma do regulamento
desta Lei, observando-se, no que couber, a legislação ambiental;
X - integrantes das Carreiras de Auditoria da Receita Federal do Brasil e de
Auditoria-Fiscal do Trabalho, cargos de Auditor-Fiscal e Analista Tributário;
XI - os tribunais do Poder Judiciário descritos no art. 92 da Constituição Federal e os
Ministérios Públicos da União e dos Estados, para uso exclusivo de servidores de
seus quadros pessoais que efetivamente estejam no exercício de funções de
segurança, na forma de regulamento a ser emitido pelo Conselho Nacional de
Justiça - CNJ e pelo Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP;

Art. 12. Possuir ou manter sob sua guarda arma de fogo, acessório ou munição, de
uso permitido, em desacordo com determinação legal ou regulamentar, no interior de
sua residência ou dependência desta, ou, ainda no seu local de trabalho, desde que
seja o titular ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa:

277
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Pena – detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa.

Art. 14. Portar, deter, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito, transportar, ceder,
ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter sob guarda ou
ocultar arma de fogo, acessório ou munição, de uso permitido, sem autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável, salvo quando a arma
de fogo estiver registrada em nome do agente.

DISPARO DE ARMA DE FOGO

Art. 15. Disparar arma de fogo ou acionar munição em lugar habitado ou em suas
adjacências, em via pública ou em direção a ela, desde que essa conduta não tenha
como finalidade a prática de outro crime:

Pena – reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa.

Parágrafo único. O crime previsto neste artigo é inafiançável.

POSSE OU PORTE ILEGAL DE ARMA DE FOGO DE USO RESTRITO

Art. 16. Possuir, deter, portar, adquirir, fornecer, receber, ter em depósito,
transportar, ceder, ainda que gratuitamente, emprestar, remeter, empregar, manter
sob sua guarda ou ocultar arma de fogo, acessório ou munição de uso proibido ou
restrito, sem autorização e em desacordo com determinação legal ou regulamentar:

Pena – reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa.

Parágrafo único. Nas mesmas penas incorre quem:


I – suprimir ou alterar marca, numeração ou qualquer sinal de identificação de arma
de fogo ou artefato;
II – modificar as características de arma de fogo, de forma a torná-la equivalente a
arma de fogo de uso proibido ou restrito ou para fins de dificultar ou de qualquer
modo induzir a erro autoridade policial, perito ou juiz;
III – possuir, detiver, fabricar ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem
autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar;

278
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

IV – portar, possuir, adquirir, transportar ou fornecer arma de fogo com numeração,


marca ou qualquer outro sinal de identificação raspado, suprimido ou adulterado;
V – vender, entregar ou fornecer, ainda que gratuitamente, arma de fogo, acessório,
munição ou explosivo a
criança ou adolescente; e
VI – produzir, recarregar ou reciclar, sem autorização legal, ou adulterar, de qualquer
forma, munição ou explosivo.

ARTIGO XV
LEI DE CONTRAVENÇÕES PENAIS

Art. 37. Arremessar ou derramar em via pública, ou em lugar de uso comum, ou do


uso alheio, coisa que possa ofender, sujar ou molestar alguém:

Pena – multa, de duzentos mil réis a dois contos de réis.

Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, sem as devidas cautelas,
coloca ou deixa suspensa coisa que, caindo em via pública ou em lugar de uso
comum ou de uso alheio, possa ofender, sujar ou molestar alguém.

279
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

ARTIGO VIII

EXTRATO C 85-01

EMPREGO DA FORÇA TERRESTRE NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E


DA ORDEM
ARTIGO I
1 PREMISSAS BÁSICAS
a. A decisão de emprego da Força Terrestre em ações de GLO é de
responsabilidade do Presidente da República, podendo ocorrer tanto em ambiente
urbano quanto rural.
b. Na hipótese de emprego da Força Terrestre para a garantia da lei e da ordem
impõe-se observar o seguinte:
1) a atuação da força terrestre ocorrerá de acordo com as diretrizes baixadas
em ato do Presidente da República, depois de esgotados os instrumentos
destinados à preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do
patrimônio, relacionados no Art 144 da Constituição Federal;
2) consideram-se esgotados os instrumentos relacionados no art. 144 da
Constituição Federal quando, em determinado momento, forem eles formalmente
reconhecidos pelo respectivo Chefe do Poder Executivo Federal ou Estadual como
indisponíveis, inexistentes ou insuficientes ao desempenho regular de sua missão
constitucional;
3) na hipótese de emprego nas condições previstas no tópico anterior, após
determinação do Presidente da República, serão ativados os órgãos operacionais
das Forças Armadas, que desenvolverão, de forma episódica, em área previamente
estabelecida e por tempo limitado, as ações de caráter preventivo e repressivo
necessárias para assegurar o resultado das operações na garantia da lei e da
ordem;
4) determinado o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem,
caberá à autoridade competente, mediante ato formal, transferir o controle
operacional dos órgãos de segurança pública necessários ao desenvolvimento das
ações para a autoridade encarregada das operações, a qual deverá constituir um
centro de coordenação de operações (CCOp), composto por representantes dos
órgãos públicos sob seu controle operacional ou com interesses afins;
5) considera-se controle operacional, para fins de aplicação da Lei
Complementar nº 97, de 09 de junho de 1999, o poder conferido à autoridade
encarregada das operações, para atribuir e coordenar missões ou tarefas
específicas a serem desempenhadas por efetivos dos órgãos de segurança pública,
obedecidas as suas competências constitucionais ou legais; e
6) o emprego e o preparo das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem
são considerados atividade militar para fins de aplicação do art. 9º, inciso II, alínea c,
do Decreto-Lei nº 1.001, de 21 de outubro de 1969 - Código Penal Militar.
c. Nas operações de GLO, o êxito não se restringe somente à neutralização ou
captura da Força Adversa (F Adv), mas inclui a conquista e manutenção do apoio da
população.
d. A Concepção Estratégica do Exército para a GLO fundamenta-se na realização
de ações permanentes de caráter preventivo, privilegiando as estratégias da
Presença e da Dissuasão. Para isso, o Exército deve:

280
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

1) manter a Força Terrestre adestrada para emprego na GLO, sem se


descuidar do permanente e prioritário adestramento voltado para Defesa da Pátria;
2) fazer-se presente em todo o território nacional, com a finalidade de conhecer
a área e acompanhar situações com potencial para gerar crises; e
3) manter-se integrado à sociedade como Instituição de elevada credibilidade.
e. Caso seja determinado o emprego da F Ter para a solução de uma crise, ou
mesmo de um confronto armado, deverá ser privilegiada, inicialmente, a
estratégia da Dissuasão, caracterizada pela significativa superioridade de meios
(Princípio da Massa), com vistas à solução do problema, se possível de forma
pacífica, evitando-se o confronto direto.
f. Tornando-se necessário o uso da força, a estratégia a ser adotada será a da
Ofensiva, buscando-se o resultado decisivo no mais curto prazo e preservando os
valores da Instituição.
g. Em qualquer situação, porém, as ações estarão condicionadas aos preceitos
legais vigentes, em estreita coordenação com as demais instituições envolvidas.
Deverão ser evitados, no grau possível, danos ao pessoal militar e civil e ao
patrimônio público e privado, para não causar efeitos negativos à imagem do
Exército e do País.
h. A capacidade dissuasória e as eficientes e oportunas atividades de inteligência,
associadas às ações de Comunicação Social e de operações psicológicas, são
fatores de êxito nessa hipótese de emprego.

2. PRINCÍPIOS DAS AÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM


GENERALIDADES
a. As ações de GLO abrangem o emprego da F Ter em variados tipos de
operações e atividades em face das diversas formas com que as F Adv podem se
apresentar, excetuadas as operações contra forças irregulares e operações contra o
terrorismo, que serão abordadas em manual específico.
b. A ampla variedade de situações que podem ocorrer exige, em cada caso, um
cuidadoso estudo das condicionantes do emprego da F Ter, para a adoção de
medidas e ações mais adequadas à situação que se apresenta, coerente com os
fundamentos e os conceitos que serão apresentados.
c. Os planejamentos deverão ser elaborados no contexto da Segurança
Integrada, podendo ser prevista a participação das outras Forças Armadas, de
órgãos do Poder Judiciário, do Ministério Público, dos órgãos de segurança pública
e, em alguns casos, de outros órgãos do Poder Executivo Federal, Estadual e
Municipal (guardas municipais, meio ambiente, reforma agrária e outros afins).
d. As ações de GLO só terão êxito duradouro se as condições políticas,
econômicas e sociais que permitiram o surgimento e catalisaram o crescimento das
F Adv forem alteradas pelas demais expressões do poder nacional. O poder militar é
capaz de neutralizar, temporariamente, os efeitos de uma determinada situação que
afete os poderes constitucionais, a lei e a ordem, mas só a atuação integrada de
todas as expressões do poder nacional é capaz de eliminar as causas dessa
situação.
e. A atuação das Forças Armadas, por meio de ações preventivas e repressivas,
na faixa de fronteira, contra delitos transfronteiriços e ambientais, isoladamente ou
em cooperação com órgãos do Poder Executivo, são especificadas pela Lei
Complementar no 97/117 como atribuição subsidiária particular. Em consequência, o
emprego dos meios militares dar-se-á sob amparo jurídico distinto ao das Op GLO,
embora implique também na execução de operações tipo polícia.
281
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

f. Cabe ressaltar também que existem outros empregos que, apesar de


assemelharem-se às ações de GLO, possuem arcabouço legal distinto. Nesses
empregos não há, necessariamente, a imposição da determinação presidencial:
1) Polícia Judiciária – Decreto-Lei nº 1.002 (CPPM);
2) Segurança de Chefes de Estado/Governo Estrangeiro – Art 142 da
Constituição Federal e Decreto nº 3.897 (Diretriz para emprego das FA na GLO);
3) Segurança do Presidente quando em viagem ao País – Decreto nº 4.332 (
Planejamento, Coordenação e Execução de Medidas de Segurança); e
4) Garantia da Votação e Apuração – Lei nº 4.737 (Código Eleitoral).

3. CONCEITOS BÁSICOS
a. Operações de Garantia da Lei e da Ordem (Op GLO) – Operações militares
conduzidas pelas Forças Armadas, por decisão do Presidente da República, de
forma episódica, em área previamente estabelecida e por tempo limitado, com o
propósito de assegurar o pleno funcionamento do estado democrático de direito, da
paz social e da ordem pública.
b. Segurança Integrada (Seg Intg) – Expressão usada nos planejamentos de GLO
da F Ter, com o objetivo de estimular e caracterizar uma maior participação e
integração de todos os setores envolvidos.
c. Forças Adversas (F Adv) – São pessoas, grupos de pessoas ou organizações
cuja atuação comprometa o pleno funcionamento do estado democrático de direito,
a paz social e a ordem pública.
d. Ordem Pública – Conjunto de regras formais que emanam do ordenamento
jurídico da nação, tendo por escopo regular as relações sociais de todos os níveis do
interesse público, estabelecendo um clima de convivência harmoniosa e pacífica,
fiscalizado pelo poder de polícia e constituindo uma situação ou condição que
conduza ao bem comum.
e. Segurança Pública – Garantia que o Estado proporciona à Nação a fim de
assegurar a ordem pública, ou seja, ausência de prejuízo aos direitos do cidadão,
pelo eficiente funcionamento dos órgãos do Estado.
f. Ordem Interna – Situação em que as instituições públicas exercem as
atividades que lhe são afetas e se inter-relacionam, conforme definido no
ordenamento legal do Estado.
g. Situação de Normalidade – Situação na qual os indivíduos, grupos sociais e a
Nação sentem-se seguros para concretizar suas aspirações, interesses e objetivos,
porque o Estado, em seu sentido mais amplo, mantém a ordem pública e a
incolumidade das pessoas e do patrimônio. As F Adv podem estar atuantes, sem
entretanto, ameaçar a estabilidade institucional do País. No plano legal, caracteriza-
se pela plena vigência das garantias individuais e pela não utilização das medidas
de defesa do Estado e das instituições democráticas. Nesta situação, o emprego da
F Ter pode ser determinado, caso fique caracterizado o comprometimento da ordem
pública.
h. Situação de Não-Normalidade – Situação na qual as F Adv, de forma potencial
ou efetiva, ameacem a integridade nacional, o livre exercício de qualquer dos
Poderes, o ordenamento jurídico em vigor e a paz social, acarretando grave
comprometimento da ordem pública e da ordem interna. Caracteriza-se pela
intervenção da União nos Estados ou no Distrito Federal, ou pela decretação do
estado de defesa ou do estado de sítio.
i. Comprometimento da Ordem Pública – Situação em que os órgãos de
segurança pública não se mostram capazes de se contraporem, com eficácia, às F
282
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Adv que ameaçam a integridade das pessoas e do patrimônio e o pleno exercício do


estado de direito, sem caracterizar ameaça à estabilidade institucional.
j. Grave comprometimento da Ordem Pública – Situação em que a ação das F
Adv, por sua natureza, origem, amplitude e vulto, representa ameaça potencial à
estabilidade institucional da Nação.
k. Comprometimento da Ordem Interna – Situação em que a ação das F Adv, por
sua natureza, origem, amplitude e vulto, representa ameaça de grave e iminente
instabilidade institucional.
l. Grave comprometimento da Ordem Interna – Situação em que a ação das F
Adv, por sua natureza, origem, amplitude e vulto, representa ameaça à integridade e
à soberania nacional.
m. Área de Operações (A Op) – Espaço geográfico necessário à condução de
operações militares que não justifiquem a criação de um Teatro de Operações.
n. Zona de Operações (Z Op) – Delimitação de área com a finalidade de atribuir
responsabilidades operacionais a determinada força ou unidade, em operações
militares de não-guerra, em um espaço de manobra adequado e compatível com
suas possibilidades. É o espaço operacional no qual se desenvolverão as operações
contra FAdv em situação de não-normalidade.
o. Área Problema (A Prbl) – Área onde as F Adv se apresentam organizadas e
atuantes, explorando os pontos de tensão existentes ou potenciais.
p. Área Sensível (A Sen) – Área física ou de atividade humana que pela sua
própria característica e/ou por problemas conjunturais, é passível de exploração por
forças adversas.
q. Força de Pacificação (F Pac) – Conjunto de forças alocadas a um comando
que recebe a missão de operar em uma A Op ou Z Op. A Força de Pacificação,
normalmente, será organizada com base em uma brigada.
r. Linha de Isolamento (L Iso) – Linha contínua que delimita uma A Op ou Z Op,
devendo, em princípio, ser apoiada em acidentes facilmente identificados no terreno,
abranger as A Prbl e garantir espaço suficiente para manobra.
s. Pacificar – Ação genérica que representa o ato, por parte das FA, de
desenvolver operações contra uma ou mais F Adv, com a finalidade de garantia da
lei e da ordem, seja em uma A Op, seja em uma Z Op.
t. Dissuasão – Atitude estratégica que, por intermédio de meios de qualquer
natureza, inclusive militares, tem por finalidade desaconselhar ou desviar
adversários, reais ou potenciais, de possíveis ou presumíveis propósitos bélicos.

4. AÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM


a. As ações de GLO podem ser PREVENTIVAS ou REPRESSIVAS, de acordo
com o grau e a natureza dos óbices representados pelas ações das F Adv.
b. Ações preventivas – As ações preventivas têm caráter permanente e,
normalmente, abrangem atividades de preparo da tropa, de inteligência, de
operações psicológicas e de comunicação social.
c. Ações repressivas
1) As ações repressivas deverão ter caráter episódico e poderão ocorrer:
a) numa situação de normalidade, num quadro de cooperação com os
governos estaduais ou com o Ministério da Justiça, apoiando ou coordenando as
ações dos órgãos de segurança pública e, até mesmo, atuando de forma isolada; ou
b) numa situação de não-normalidade, com aplicação de medidas de defesa
do Estado.

283
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

2) As ações e medidas repressivas conduzidas na situação de não-


normalidade poderão ocorrer tanto na A Op, quanto na Z Op nas áreas onde o apoio
externo deva ser interditado, que serão delimitadas, na A Prbl, com base no ato legal
da autoridade que determinou o emprego da F Ter.

5. FUNDAMENTOS DO EMPREGO EM AÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA


ORDEM
a. Atuação de forma integrada
O planejamento e a execução contemplam a possibilidade de participação das
outras Forças, órgãos de segurança pública e órgãos do Poder Executivo, do Poder
Judiciário, do Ministério Público e outros órgãos afins.
b. Emprego da atividade de inteligência
1) É imprescindível a disponibilidade dos conhecimentos necessários sobre as
F Adv, sobre o ambiente operacional (rural ou urbano) e sobre as características da
população presente no local da operação. O Sistema de Inteligência intensificará o
levantamento de dados, de modo a produzir os conhecimentos essenciais às
tomadas de decisão do escalão executante, em todas as fases das operações.
2) O emprego de ações em força sem o adequado apoio de inteligência
fatalmente conduzirá a F Ter à desmoralização, ao antagonismo com a opinião
pública e ao insucesso.
3) A inteligência não se limita à produção de conhecimentos para o emprego de
ações em força, mas também tem o importantíssimo papel de produzir
conhecimentos para as atividades de Comunicação Social e de Operações
Psicológicas.
4) Durante as ações de GLO deverão ser executadas operações de contra-
inteligência para salvaguardar as informações, o pessoal e as instalações civis e
militares.
c. Limitação do uso da força e das restrições à população
1) Nas ações de GLO, o uso da força deve ser restrito ao mínimo
absolutamente indispensável. O uso progressivo da força deve ser levado em
consideração, dentro dos princípios da proporcionalidade, razoabilidade e
legalidade.
2) A necessidade de evitar o desgaste da força legal impõe a limitação, ao
mínimo necessário, do emprego de ações em força ou que sejam restritivas à
população. Tal limitação refere-se à intensidade e à amplitude no tempo e no
espaço.
3) Por se tratar de um tipo de operação que visa a garantir ou restaurar a lei e a
ordem, é de capital importância que a população possa depositar sua confiança na
tropa que realiza a operação. Para tanto, o estabelecimento de orientações, bem
como sua correta compreensão e aplicação constituem-se em segurança para os
executantes da operação e demonstração de respeito para com a população.
4) As orientações específicas devem ser expedidas para cada operação, no
nível estratégico (normas de conduta política), no nível operacional (regras de
comportamento operativo) e no nível tático (regras de engajamento), levando-se em
consideração a necessidade das ações a serem realizadas, a proporcionalidade do
esforço e dos meios a serem empregados e as orientações do escalão superior.
5) Deve-se ter em mente, também:
a) a definição de procedimentos para a tropa buscando abranger o maior
número de situações possíveis;

284
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

b) a proteção a ser dada para a tropa, os cidadãos e os bens patrimoniais


incluídos na missão; e
c) a consolidação dessas regras em documento próprio, com difusão para
todos os militares e autoridades envolvidos na operação.
6) A redação dessas orientações deve ser a mais detalhada e clara possível.
Devem ser objeto de instrução e adestramento, visando a evitar interpretações
indesejadas.
d. Emprego da dissuasão
O poder de dissuasão deve ser explorado ao máximo, com o objetivo de
impedir a adoção de medidas repressivas.
e. Emprego do princípio da massa
A dissuasão é obtida por meio do emprego do Princípio da MASSA, que fica
caracterizado ao se atribuir uma ampla superioridade de meios às forças legais em
relação às F Adv.
f. A definição da responsabilidade da negociação e ligações institucionais
1) Sempre que houver o emprego da F Ter, será designado um oficial, em
princípio oficial-general, para estabelecer a ligação com as autoridades políticas da
respectiva Unidade Federada.
2) Nas ações de GLO, o uso da força deverá ser sempre precedido de
negociação, com a finalidade de preservar a integridade física de pessoas e/ou de
bens, bem como preservar a imagem da F Ter.
3) A negociação, em uma primeira fase, deve ser conduzida por pessoas
habilitadas e autorizadas para tal e não pertencentes à força empregada na
operação. Nessa fase, negociar não é atribuição do comandante da força
empregada nem de seus comandantes subordinados, ainda que eles possam
oferecer segurança ao(s) negociador (es) ou mesmo atuar como elemento de
dissuasão durante as negociações.
4) O emprego da força, já em outra fase, é uma consequência da falência da
negociação e admite a possibilidade de danos à integridade física de pessoas e/ou
bens. Tal fato deve ficar claro para o(s) negociador (es), a autoridade que determina
o emprego da força e para a opinião pública.
g. Emprego de Operações Psicológicas (Op Psc)
As Op Psc devem ser empregadas antes, durante e após o emprego da tropa.
O emprego antecipado tem como principal finalidade preparar a A Op para a
chegada da tropa e minimizar possíveis resistências. Após a saída da tropa é vital
que se mantenha o emprego de Op Psc para possibilitar o dimensionamento do
resultado obtido, minimizar os possíveis efeitos colaterais e desmobilizar a
população. Antes da decisão do emprego da Força Terrestre em Op GLO, deve-se
considerar o emprego de Op Psc, visando a evitar o acionamento do Exército. Para
que isso ocorra, é necessário que as Op Psc acompanhem e estudem as situações
internas, em coordenação com a Inteligência, realizando o estudo do Levantamento
Estratégico de Área (LEA) e a análise dos diversos públicos-alvo. Essas informações
devem constar do Plano de Segurança Integrada (PSI).
h. Emprego da Comunicação Social
O êxito das ações de GLO depende do apoio da população. O uso adequado e
intensivo da Comunicação Social, em seu sentido mais abrangente (Relações
Públicas, Informações Públicas e Divulgação Institucional), coordenadas com as
atividades de Operações Psicológicas, é básico para a conquista e manutenção do
apoio da população.
i. Cumprimento da missão e preservação da imagem do Exército
285
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Tornando-se necessário o uso da força, deve ser buscado o resultado decisivo


no mais curto prazo, permitindo, dessa forma, a preservação da boa imagem do
Exército junto à sociedade brasileira.

PLANEJAMENTO DAS AÇÕES DE GARANTIA DA LEI E DA ORDEM NO


CONTEXTO DA SEGURANÇA INTEGRADA

1. GENERALIDADES
a. As ações de GLO devem ter por base um cuidadoso planejamento, elaborado
durante a situação de normalidade.
b. Coerente com os conceitos apresentados no capítulo anterior, o planejamento
das ações de GLO deve ser consubstanciado em um Plano de Segurança Integrada
(PSI) ou em um Plano de Operações (P Op).
c. Os planejamentos de GLO são feitos até o escalão subunidade independente,
quando esta for responsável por um subsetor de segurança integrada.

2. PRINCÍPIOS BÁSICOS PARA PLANEJAMENTO DAS OPERAÇÕES DE


GARANTIA DA LEI E DA ORDEM
a. Direção centralizada, a fim de evitar a diluição das ações e de seus efeitos e
possibilitar a racionalização dos meios.
b. Execução descentralizada para possibilitar ações diretas e simultâneas nos
variados campos de atuação, pelo emprego dos elementos mais adequados e
segundo as exigências de cada situação.
c. Coordenação e integração de esforços, pela possibilidade de participação
ampla e conjugada das outras Forças, de órgãos do Poder Executivo, do Poder
Judiciário e do Ministério Público.
d. Emprego oportuno dos meios para possibilitar o cumprimento da missão com
rapidez e segurança, evitando o desgaste e a desmoralização das forças legais
envolvidas.
e. Permanência das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares, em
princípio, no cumprimento de suas missões normais de segurança pública, passando
ao controle operacional da F Ter quando determinado o emprego das Forças
Armadas na garantia da lei e da ordem.
f. Permanência da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia
Ferroviária Federal e das Polícias Civis no cumprimento de suas missões normais de
segurança pública, passando ao controle operacional da F Ter quando determinado
o emprego das Forças Armadas na garantia da lei e da ordem, com as Guardas
Municipais prosseguindo na execução de suas atribuições de segurança patrimonial.
g. Planos flexíveis que permitam o acréscimo de meios ou de reforços, tendo em
vista a necessidade de se estabelecer superioridade estratégica que permita a
solução rápida da crise, no caso de ações episódicas.
h. A participação das demais forças singulares é fundamental para o sucesso das
ações de GLO e deve ser sempre solicitada por meio dos canais de comando
correspondentes.
i. O planejamento em situação de normalidade deverá estar consubstanciado nos
seguintes documentos:
1) Plano de Segurança Integrada (PSI)
a) cenário – conjuntura nacional, ameaças e oportunidades;
b) ações de caráter preventivo;

286
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

c) privilegia a atividade de inteligência, de operações psicológicas e de


comunicação social;
d) abrange a área de responsabilidade do escalão considerado e os meios
disponíveis e suas capacidades;
e) emprega meios da F Ter, podendo contar com a colaboração das demais
forças singulares e órgãos de segurança pública; e
f) as atividades de Op Psc que deverão constar do PSI são: estudo do LEA,
levantamento do repertório de conhecimentos necessários para as
Op Psc, estudo de situação de Op Psc e análise do público-alvo.
2) Plano de Operações (P Op)
a) cenário – crises dentro da normalidade institucional, onde já foram
esgotadas todas as possibilidades de solução que antecedem o emprego da F Ter
(consoante com o que determina a lei, decorrente do parágrafo 1º Art 142 da CF/88);
b) ações de caráter repressivo;
c) abrangem a área de responsabilidade do escalão considerado ou parte
específica desta;
d) emprega meios da F Ter, podendo contar com outros meios federais,
estaduais e/ou municipais, determinados pelo Presidente da República e/ou
requisitados junto às autoridades competentes; e
e) conterá, em anexos, os planejamentos logísticos, de Op Psc, Com Soc e
outros.
j. O planejamento em situação de não-normalidade deverá estar
consubstanciado em um PSI ou P Op, contendo :
1) cenário – crises ou mesmo confronto armado, onde poderão ser
decretadas algumas das medidas de defesa do Estado (intervenção federal, estado
de defesa ou estado de sítio);
2) ações de caráter repressivo;
3) abrangem a área de responsabilidade do escalão considerado ou parte
desta colocada sob jurisdição militar, delimitada por uma Z Op, através do
documento legal que determinou a medida de defesa do Estado;
4) emprega meios da F Ter, podendo contar com outros meios federais,
estaduais e/ou municipais, determinados pelo Presidente da República; e
5) conterá, em anexos, os planejamentos logísticos, de Op Psc, Com Soc e
outros.
k. O planejamento deve prever desde ações de presença até o emprego
operacional da F Ter, considerando especialmente que, nas operações de controle
de distúrbios, a tropa federal só deve ser empregada após terem sido esgotados os
instrumentos destinados à preservação da ordem pública.
l. As medidas e ações de caráter permanente a serem planejadas incluem:
1) atividades nos ramos da Inteligência e da Contra-Inteligência:
2) instrução e adestramento específicos;
3) atividades de comunicação social; e
4) atividades de operações psicológicas.
m. Para o desencadeamento de ações repressivas, o C Mil A responsável pela
missão deverá designar um oficial-general diretamente subordinado para o comando
das OM empregadas, constituindo um comando de valor Grande Unidade.
n. Deverá ser estabelecido um sistema de comando e controle (C2) que assegure
a interoperabilidade entre meios dos sistemas operacionais e destes com os
recursos locais disponíveis.

287
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

o. O comando deverá valer-se da descentralização de recursos financeiros, de


modo a agilizar as atividades logísticas, notadamente as de transporte, de
suprimento e de manutenção.
p. No que diz respeito aos assuntos jurídicos e ao relacionamento com os órgãos
do Poder Judiciário e do Ministério Público:
1) prever, no mínimo, um assessor jurídico para cada centro de operações
valor brigada, de modo a permitir que o escalão executante disponha da assessoria
necessária ao cumprimento da missão, observando o ordenamento jurídico vigente.
Se a operação for muito descentralizada, devem-se envidar esforços no sentido de
mobiliar os batalhões com um assessor jurídico; e
2) considerar a possibilidade de contar com a colaboração, no escalão brigada,
de membros do Poder Judiciário, bem como, de Delegados de Polícia e membros do
Ministério Público para assessorar o desencadeamento das operações.
q. Em todas as operações, a tropa empregada deverá dispor de equipamento
destinado à produção de imagens (câmeras fotográficas e filmadoras), de forma a
registrar a atuação em conformidade com os preceitos legais para se contrapor a
possíveis acusações de abuso de autoridade ou de uso excessivo da força.

3. DIVISÃO TERRITORIAL PARA A EXECUÇÃO DAS OPERAÇÕES DE


GARANTIA DA LEI E DA ORDEM
a. Para efeito de planejamento e execução das ações de GLO, o território
nacional será dividido em Zonas de Segurança Integrada (ZSI) que, em princípio,
corresponderão às áreas sob a jurisdição dos Comandos Militares de Área (C Mil A).
b. As ZSI serão divididas em Áreas de Segurança Integrada (ASI) que, em
princípio, corresponderão às áreas a serem atribuídas à responsabilidade das
Divisões de Exército (DE) ou, se for o caso, das Regiões Militares (RM).
c. As ASI serão divididas em Subáreas de Segurança Integrada (SASI) que
corresponderão, em princípio, às áreas a serem atribuídas à responsabilidade de
comandos nível brigada (Bda). A SASI também pode ser atribuída a uma OM valor
unidade, que se encontre em uma unidade da federação em que não exista
comando no nível Bda.
d. As SASI serão divididas em Setores de Segurança Integrada (SESI) que
corresponderão, em princípio, às áreas a serem atribuídas à responsabilidade de
uma OM de valor unidade e em Subsetores de Segurança Integrada (SUSESI) que
corresponderão, em princípio, às áreas a serem atribuídas à responsabilidade de
uma subunidade independente.
e. O SESI poderá ter sob seu comando um SUSESI quando receber para
encargos uma subunidade independente.
f. Às subunidades incorporadas não se deve atribuir SUSESI. O planejamento de
todo o SESI é feito pelo estado-maior da unidade. As subunidades independentes,
que estejam enquadradas por um comando de SESI, mas que não lhes foram
atribuídos um SUSESI, e as subunidades incorporadas não elaboram PSI, apenas
executam as ações táticas que lhes forem atribuídas no plano do escalão superior.
g. Cada escalão, até o nível SASI, pode atribuir a si próprio o comando de uma
área de responsabilidade um escalão abaixo. Assim, uma zona de segurança
integrada (ZSI) pode acumular o comando de uma ASI, uma ASI pode acumular o
comando de uma SASI e uma SASI poderá acumular o comando de um SESI.
h. De acordo com suas necessidades específicas, cada comando pode manter
sob seu comando direto elemento de até dois escalões abaixo. Uma ZSI pode
manter uma SASI diretamente subordinada e assim sucessivamente.
288
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

EMPREGO DA FORÇA TERRESTRE NAS OPERAÇÕES DE GARANTIA DA LEI E


DA ORDEM

GENERALIDADES
Deve-se levar em consideração que as operações desenvolver-se-ão dentro de
um quadro de normalidade institucional, onde não será adotada nenhuma medida de
defesa do Estado, ou de não-normalidade institucional, quando serão adotadas as
referidas medidas.
É importante ressaltar, também, que o emprego da F Ter estará respaldado por
instrumento jurídico, definido quando da emissão da ordem do Presidente da
República e, ainda, que já terão sido esgotadas todas as possibilidades de solução
pacífica ou o emprego de meios de segurança pública.

FASES DO EMPREGO DA TROPA

1. DESLOCAMENTO PARA A ÁREA PROBLEMA


a. Poderá ser ostensivo ou sigiloso. Preferencialmente, será ostensivo visando
causar impacto e fazer com que as F Adv saibam que o Exército vai fazer cumprir as
determinações legais que estão sendo afrontadas e que talvez seja conveniente
repensar as posições por elas adotadas.
b. Deve-se prever a aproximação por mais de um itinerário.

2. ISOLAMENTO DA ÁREA E TOMADA DO DISPOSITIVO INICIAL


a. O deslocamento da tropa deve terminar em posições que assegurem o cerco
tático com o completo isolamento da área.
b. Com a fração da tropa que atuará como força de cerco já em posição, a fração
que executará a ação principal (investimento) ocupará sigilosamente o dispositivo
inicial.
c. A reserva, que poderá estar articulada, cerrará em seguida para posições
próximas às da força de investimento.
d. O comando da tropa deverá estabelecer uma Base de Operações (B Op) onde
permanecerão os apoios e para onde serão conduzidos os elementos das F Adv
aprisionados ou feridos e as baixas da tropa.
e. Já a partir dessa fase e prosseguindo durante todo o restante da operação,
uma medida de valor dissuasório será o sobrevoo constante da área pelos
helicópteros disponíveis. O voo deverá ser realizado a baixa altura, portas abertas,
se possível com metralhadoras instaladas na aeronave e levando um aparelho de
som que possa ser utilizado para fazer a exortação ao entendimento.
f. As operações de GLO, em princípio, serão desenvolvidas numa área
denominada ÁREA DE OPERAÇÕES (A Op), segundo as condicionantes político-
jurídicas vigentes. A figura 4-1 apresenta um exemplo de Área de Operações.

289
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Fig 4-1. Área de Operações

3. EXORTAÇÃO AO ENTENDIMENTO PACÍFICO


Com o dispositivo inicial montado, o comandante, usando o seu sistema de som
e/ou helicóptero, dará início às medidas visando a explicar à população a missão da
tropa, mostrando de maneira clara que:
- a missão vai ser cumprida;
- o Exército não pretende fazer uso de força; e
- as reivindicações feitas estão sendo conduzidas por métodos que afrontam as
leis brasileiras.

4. INVESTIMENTO
a. Caso o prazo para cumprimento da missão permita, a hora do investimento
deve ser protelada de modo que as condições de sobrevivência na área cercada
(corte dos serviços públicos essenciais – água, energia elétrica, telefone etc.)
comecem a funcionar como instrumento de pressão sobre a F Adv, com a
consequente desagregação das relações sociais internas e enfraquecimento das
lideranças.
b. Deve-se utilizar o recurso da finta, ensaiando-se a tomada do dispositivo em
horários diferentes, de modo a produzir insegurança e incerteza quanto ao momento
real da ação. Essas fintas visam a desgastar as F Adv no que concerne as suas
medidas de defesa.
c. Nesse período de espera, devem ser adotadas todas as medidas que levem ao
enfraquecimento das lideranças, buscando, com isso, isolá-las da massa.
d. No interior da formação que a tropa adotar para o investimento, deverão ser
posicionados os militares encarregados de fotografar e filmar. Eles devem dirigir
suas objetivas buscando focalizar particularmente as lideranças. A simples presença
das máquinas, “flashes” e luzes, funciona como fator de inibição para atuação dos

290
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

organizadores da resistência. Os elementos da imprensa poderão realizar seus


trabalhos, desde que não interfiram na manobra.
e. Elementos com missão especial devem ser escalados para:
1) aprisionar os líderes;
2) atender mulheres, crianças, deficientes físicos e idosos;
3) capturar armas, documentos e outros tipos de materiais que possam
caracterizar em juízo os ilícitos cometidos; e
4) outras missões específicas, conforme cada caso.
f. Na hora da ação no objetivo, serão fatores decisivos de sucesso:
1) o alto grau de adestramento da tropa;
2) a indiscutível liderança, particularmente nos menores escalões (GC; Pel;
Cia);
3) o perfeito conhecimento e cumprimento das REGRAS DE ENGAJAMENTO;
4) a sincronização de todos os movimentos;
5) a firmeza de atitudes, determinação e manutenção da iniciativa; e
6) a manutenção da serenidade diante de provocações.
g. A ação da tropa em terra deverá estar coordenada com a utilização dos
helicópteros.
h. O movimento da tropa deverá, sempre que possível, buscar separar os
segmentos radicais do restante da população, dispensando tratamento diferenciado
aos dois segmentos.
i. O término da operação estará caracterizado pelo restabelecimento da lei e da
ordem.

ATIVIDADES A SEREM REALIZADAS

1. COMUNICAÇÃO SOCIAL
a. Os três ramos da comunicação social – as relações públicas, as informações
públicas e a divulgação institucional – devem ser intensamente explorados no curso
das operações de GLO.
b. A Comunicação Social tem por objetivo principal preservar a imagem da
Instituição junto à opinião pública. Para isso, o escalão executante deverá:
1) manter a boa apresentação de seu pessoal;
2) exteriorizar postura firme e serena, demonstrando boa educação no trato
com a população;
3) valer-se de um oficial de comunicação social para o relacionamento com os
jornalistas, de modo a antecipar-se aos desdobramentos dos fatos, minimizando as
especulações e as controvérsias produzidas pela mídia; e
4) na ocorrência de crise, deverá haver sempre um encarregado de transmitir a
palavra oficial da Força Terrestre (porta-voz).
c. Fatores condicionantes
1) O conhecimento da área de operações e de sua população é imprescindível
ao planejamento e à execução da comunicação social.
2) Os comandantes envolvidos na operação, em todos os níveis, devem ter
sempre em mente que o sucesso de sua operação depende da conquista e/ou
manutenção do apoio da população.
d. Emprego dos meios de Comunicação Social
1) Considerações gerais

291
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

a) O emprego da Comunicação Social (Com Soc) permite à F Ter conquistar


e manter o apoio da população, além de zelar pela manutenção da imagem do
Exército perante a sociedade e o público interno da Instituição.
b) As três atividades de Com Soc – relações públicas, informações públicas
e divulgação institucional – deverão ser intensamente exploradas, de forma a
atender às necessidades e peculiaridades das ações de GLO no que tange aos
públicos-alvo definidos para a operação.
c) O sucesso das ações a serem desenvolvidas na área de Com Soc
dependem diretamente de um planejamento centralizado no mais alto nível do
comando das forças empregadas na operação, realizado sob a orientação,
coordenação e controle do Oficial de Comunicação Social (O Com Soc) do escalão
considerado.
d) Considerando a necessidade do estabelecimento de contatos diretos com
a população envolvida na área de operações é conveniente o estabelecimento de
uma Ouvidoria durante a operação.
e) Visando antecipar crises e regular o fluxo de informações na área de Com
Soc, deverão ser estabelecidos canais que permitam o contato facilitado com os
órgãos de mídia e com formadores de opinião que possam influir na formação da
opinião pública da área de operações.
f) É de fundamental importância o estabelecimento de planejamento
centralizado e medidas de coordenação com elementos de operações psicológicas,
de forma a obter a sinergia das atividades de Com Soc e Op Psc.
g) Visando atender ao princípio básico de “uma única voz” durante a
execução da operação, deverá ser estabelecido um porta-voz do comandante para a
divulgação de informações e contato com a mídia presente na operação.
h) A documentação operacional de Com Soc deverá seguir os modelos
constantes do manual de comunicação social.
i) Os elementos e organizações militares que comporão o sistema de Com
Soc da operação deverão, entre outras ações:
(1) minimizar os aspectos negativos das ações desencadeadas;
(2) maximizar os aspectos positivos decorrentes das operações militares,
em particular aquelas que atendam aos anseios da opinião pública;
(3) adotar relacionamento adequado com a mídia, baseado no
profissionalismo, na verdade e no respeito mútuo;
(4) coordenar e orientar o fluxo das informações de Com Soc a serem
disponibilizadas para a mídia, sob orientação específica do O Com Soc da operação;
(5) evitar a disseminação de especulações sobre as ações da tropa, bem
como evitar as ações de desinformação que possam surgir nos meios de divulgação;
(6) antecipar-se às situações de crise, por meio do acompanhamento
cerrado das atividades desenvolvidas;
(7) estabelecer ações voltadas para o fortalecimento do moral e
incremento do poder de combate da tropa empregada; e
(8) zelar pela boa imagem da Força, orientando as tropas empregadas
para a manutenção da boa apresentação individual e a exteriorização de postura
serena e firme, demonstrando boa educação no trato com a população.
j) Caberá ao O Com Soc da operação:
(1) planejar, coordenar, orientar e executar as atividades de Com Soc;
(2) organizar, orientar e estabelecer as normas gerais de ação para a
Ouvidoria;

292
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

(3) assessorar o comandante da operação no gerenciamento de crises na


área da Com Soc;
(4) servir como porta-voz do comandante da operação;
(5) coordenar, orientar e executar as ligações com as Forças de
Segurança Pública envolvidas na operação, bem como os elementos de outras
Forças Armadas que dela participem;
(6) estabelecer normas para o relacionamento com os órgãos de mídia;
(7) atuar de forma pró-ativa no trato da informação de Com Soc, de forma
a antecipar-se, no que for possível, às situações de crise;
(8) planejar de forma centralizada e de maneira coordenada as ações de
Com Soc e as ações de Op Psc a serem realizadas na operação de GLO, visando a
obter sinergia nas atividades executadas; e
(9) empregar, como base para seus planejamentos, o Plano de
Comunicação Social do Exército, os “vade-mécum” de Com Soc e o manual
correspondente.
k) Na execução das atividades de comunicação social, deverão ser
observados os seguintes aspectos:
(1) a defesa dos direitos humanos e dos direitos civis são temas que
merecem especial atenção por parte das ações de Com Soc;
(2) o tratamento para com a imprensa deverá ser pautado pela pró--
atividade, responsabilidade para com o trato das informações fornecidas e
profissionalismo no relacionamento pessoal;
(3) os militares que possam vir a ter contato com os órgãos de mídia
deverão estar preparados para a atividade, devendo seguir os preceitos contidos no
Plano de Comunicação Social do Exército e no manual de comunicação social;
(4) sempre que possível, as ações operacionais deverão ser filmadas e
fotografadas por pessoal devidamente autorizado pelo comando da operação, de
forma a apresentar aos órgãos de mídia as reais condições sob as quais a tropa
atuou, o que permitirá contrapor-se a possíveis inverdades e notícias tendenciosas
que visem a atingir a boa imagem da Força Terrestre;
(5) a presença de jornalistas deverá ser orientada e coordenada por
elementos do sistema de Com Soc da operação, não devendo haver restrições
inadequadas ou inoportunas que possam gerar reclamações ou ações negativas por
parte de profissionais da mídia;
(6) nas operações de GLO, depois de quebrado o sigilo, em princípio, não
devem ser impostas restrições ao livre exercício do jornalismo, a não ser que a
presença da imprensa possa vir a comprometer aspectos operacionais ou de
segurança, incluindo o risco à integridade física da tropa ou do próprio jornalista;
(7) no caso de operações sigilosas ou que envolvam riscos para os
profissionais de mídia, realizar, se for o caso, a cobertura jornalística e disponibilizar
para os órgãos de mídia;
(8) a opinião pública e os órgãos de mídia, quando mal atendidos ou mal
informados, podem se colocar contra a atuação da F Ter e serão fatores de forte
limitação à liberdade de ação estratégica e tática, influenciando de forma direta nos
resultados da operação desencadeada;
(9) a atividade de comunicação social nas operações de GLO deverá ser
vista por todos os comandos envolvidos como uma verdadeira arma a ser
empregada, fortalecendo a capacidade de atuação da tropa empregada; e
(10) as ações de comunicação social deverão ser desencadeadas
concomitantemente com as ações operacionais e, quando possível, antes mesmo do
293
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

emprego da tropa, de forma a alertar a população sobre os possíveis reflexos do


emprego da tropa na garantia da lei e da ordem.
2) Fatores Condicionantes
a) O conhecimento da área de operações, dos meios de mídia existentes,
dos diferentes públicos envolvidos pela operação, das lideranças locais, do
posicionamento da opinião pública e da postura das Forças de Segurança é
imprescindível ao planejamento e à execução das atividades de Com Soc durante a
operação.
b) A plena integração com as seções de inteligência, de operações e de Op
Psc é condição primordial para o desenvolvimento adequado do planejamento e da
execução das atividades de Com Soc.
c) O estabelecimento do sistema de comunicação social da operação, bem
como o adequado funcionamento do canal técnico de Com Soc são fatores
relevantes para a obtenção do sucesso nas referidas atividades.

2. OPERAÇÕES PSICOLÓGICAS
a. O emprego de Op Psc em apoio às Op GLO será realizado tendo como
premissas básicas maximizar a possibilidade de sucesso da tropa, minimizar a
possibilidade de enfrentamento e preservar vidas.
b. O planejamento de Op Psc é realizado no mais alto escalão. As etapas do
processo de planejamento e execução seguem as normas estabelecidas no manual
específico e em documentos doutrinários emitidos pelo Estado-Maior do Exército.
c. A responsabilidade de realizar o planejamento inicial de emprego de Op Psc é
da Seção de Operações do escalão considerado. O planejamento das campanhas
de Op Psc, bem como o detalhamento do emprego dos produtos e ações é
atribuição da OM de Op Psc, por intermédio de militares especializados.
d. Para um emprego adequado de Op Psc é necessário, além do conhecimento
da legislação de emprego das Forças Armadas em GLO, o desenvolvimento das
seguintes atividades: estudos do LEA da A Op, da manobra do escalão considerado,
da situação de Op Psc e dos públicos-alvo envolvidos.
e. O planejamento de Op Psc será materializado por meio do Anexo de Op Psc ao
P Op ou O Op do escalão considerado. Esse Anexo terá como Apêndice o
Planejamento das Campanhas de Op Psc que consubstanciará as campanhas, os
objetivos, os produtos e as ações que serão envolvidas durante o emprego de Op
Psc.
f. Para que seja possível a antecipação de emprego de Op Psc nas Op GLO é
necessário o acompanhamento da conjuntura nacional dos principais
acontecimentos, principalmente daqueles que possam evoluir para uma crise,
acarretando o emprego da F Ter ou das Forças Armadas.
g. A rápida evolução dos acontecimentos pode minimizar o tempo de emprego de
Op Psc antes da tropa, mas não suprime as etapas do processo de planejamento.
Para que se tenha o emprego adequado de Op Psc, maximizando os efeitos
desejados, deve-se disponibilizar o máximo de informações sobre a A Op e os
diversos públicos-alvo visualizados.
h. Fatores Condicionantes
1) Integração com a Inteligência
a) A integração das Op Psc com a Inteligência se dará desde antes dos Plj
das Op GLO, ainda na fase de levantamento e acompanhamento da conjuntura
nacional.

294
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

b) As informações de interesse para as Op Psc nem sempre estão


disponíveis nos bancos de dados existentes. Essas informações são condensadas
inicialmente no Repertório de Conhecimentos Necessários (RCN) para as Op Psc,
que é solicitado à Inteligência.
c) A integração não se restringe somente à tramitação de documentos, mas,
principalmente, na transmissão da visão de como determinado conhecimento pode
ser útil para as Op Psc.
2) Integração com a Comunicação Social
A integração com a Com Soc se dará por intermédio da coordenação dos
planejamentos, dos temas que serão vinculados e dos veículos de difusão
empregados.
i. Emprego das Op Psc
1) O emprego dos meios de Op Psc (humanos e materiais) dar-se-á por meio
da Equipe de Op Psc (Eq Op Psc), pertencente à OM de Op Psc, alocada para
participar na Op de GLO.
2) A Eq Op Psc atuará por meio da subordinação ao Cmt da Op GLO,
mantendo , desde o início das operações, um canal técnico com sua OM de Op Psc.
3) Em caso de composição de uma Seção de Op Psc no Estado-Maior da
Força empregada na Op GLO, as equipes ficarão sob o controle do Of Op Psc,
Chefe da Seção, o qual se encarregará de coordenar as ações das Eq e efetivar o
canal técnico de Op Psc por meio da ligação com o Cmt OM Op Psc.
4) Neste tipo de emprego das Op Psc, as Eq Op Psc deverão,
preferencialmente, ser compostas de turmas de alto-falantes (AF) e de panfletos,
devido às características do tipo de operação.
5) Pode-se considerar o emprego de tropa não especializada para realizar
algumas atividades de Op Psc. Essa situação será possível desde que a tropa
empregada seja instruída por militares especializados e que as atividades estejam
estabelecidas no Planejamento das Campanhas de Op Psc e coordenadas com a
manobra.
j. As Op Psc levantam objetivos psicológicos coesivos e/ou divisivos para serem
empregados nos públicos-alvo levantados. De maneira geral, os coesivos são
utilizados para as Forças Militares e a população e os divisivos para as FAdv e/ou
entre estes e a população. O estabelecimento dos objetivos psicológicos é atribuição
da OM de Op Psc e constará no Planejamento das Campanhas de Op Psc.
k. O levantamento dos públicos-alvo para as Op Psc será resultado de estudo do
LEA. Sempre será considerada como público-alvo prioritário para todas as Op GLO
a população local. O sucesso da operação depende da conquista e/ou manutenção
do apoio da população e da redução do ímpeto de atuação das F Adv.

3. ATIVIDADE DE INTELIGÊNCIA
a. Só um minucioso conhecimento das F Adv e da área de operações, com
particular atenção para a população que nela reside, pode proporcionar condições
para a neutralização ou supressão da capacidade de atuação da F Adv com o
mínimo de danos à população e o menor desgaste para a força legal. A atividade de
inteligência deve anteceder o início de uma operação de GLO propriamente dita,
sendo desenvolvida desde a fase preventiva, na situação de normalidade,
produzindo conhecimentos no nível estratégico-operacional (possibilidades,
vulnerabilidades e prováveis linhas de ação das forças adversas e ambiente
operacional) e no nível tático (forças adversas, terreno e condições climáticas e

295
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

meteorológicas). As particularidades das ações de GLO indicam que deve haver


uma preocupação na atividade de inteligência, tais como:
1) acompanhar, de forma permanente, todas as atividades dos grupos
considerados com potencial para constituirem-se em uma F Adv;
2) identificar as lideranças, particularmente suas vulnerabilidades;
3) levantar patrocínio de organismos estrangeiros e, inclusive, presença de não
nacionais;
4) conhecer o “modus operandi” em cada tipo de manifestação que promovam;
5) identificar suas ligações com elementos e órgãos da imprensa;
6) identificar as ligações com autoridades políticas, do judiciário e eclesiásticas;
e
7) conhecer a potencialidade e eficácia do assessoramento e cobertura jurídica
que dispõem.
b. A existência de diversos órgãos de inteligência, externos à F Ter, capazes de
produzir conhecimentos necessários às operações de GLO é uma característica
dessas operações e impõe a preparação de um Plano de Inteligência adequado à
situação, devendo ser buscada a efetiva integração com todos esses órgãos desde
antes da ocorrência dos fatos que deram origem ao emprego da tropa. Nas
operações de GLO, o ambiente operacional pode proporcionar facilidade para a
obtenção de informantes e colaboradores. Em contrapartida, a F Adv pode contar
com vantagens semelhantes. Portanto, a contra-inteligência deve estabelecer
medidas visando a prevenir, detectar, obstruir e neutralizar a inteligência adversa e
ações de qualquer natureza que constituam ameaça à salvaguarda de
conhecimentos, pessoal, material, áreas e instalações.

4. NEGOCIAÇÃO
a. Para esta atividade, o comandante da força empregada deve ser assessorado
por pessoas com conhecimento e, se possível, com experiência em gerenciamento
de crises.
A negociação deve ser aproveitada como oportunidade para levantamento de
inteligência, de modo a facilitar ações futuras.
b. Nas operações de garantia da lei e da ordem são consideradas duas fases de
negociação:
1) 1ª fase
a) Conduzida por pessoas não pertencentes à força empregada, podendo
ser políticos, autoridades dos três poderes ou elementos da sociedade civil. Entre
tais pessoas devem estar incluídos mediadores e autoridades com poderes para
oferecer concessões, compensações e estabelecer limites.
b) A força empregada pode participar dessa fase da negociação, a fim de
proporcionar segurança aos negociadores e/ou atuar como elemento de dissuasão.
c) O emprego efetivo da Força Armada é uma consequência do
esgotamento, sem sucesso, da 1ª fase da negociação.
2) 2ª fase
a) Conduzida sob responsabilidade do comandante da força empregada,
partindo do pressuposto que todas as concessões possíveis já foram feitas e que
não foram suficientes para solucionar o impasse de forma pacífica.
b) Nessa fase, os únicos fatores a negociar são, se houver fatos que o
justifiquem, o prazo e a forma como a força adversa vai cumprir o determinado pela
lei – por exemplo, concessão de um prazo maior para aguardar os meios de
transporte para a evacuação de pessoal de área ocupada.
296
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

c) A posição do comandante da força é a de intimar e não a de fazer


concessões.
d) Algumas concessões poderão ser feitas, como fornecimento de água ou
alimentação e retirada de mulheres e crianças.
c. Com a finalidade de preservar a imagem da F Ter e minimizar problemas legais
para os integrantes da força empregada, é fundamental que todos os escalões de
comando da força empregada deixem absolutamente claro para a autoridade que
determinou o emprego da força, para os negociadores, para a força adversa em
presença e para a opinião pública que:
1) a tentativa de solucionar o impasse por meios pacíficos, por quem estava
autorizado para tanto, fracassou; e
2) o emprego da Força Armada pressupõe a possibilidade de danos à
integridade de pessoas e/ou bens.

5. ATIVIDADES DE ASSUNTOS CIVIS


a. Generalidades
As atividades de assuntos civis são as referentes ao relacionamento do
comandante e dos demais componentes da força legal com as autoridades civis e a
população da área sob o controle da força. Como o ambiente operacional em que se
desenvolvem as operações de GLO é parte do território nacional, é normal que as
atividades de assuntos civis sejam desenvolvidas pelos órgãos civis responsáveis.
Entretanto, a F Ter pode receber encargos de apoiar ou coordenar essas atividades.
Em operações de GLO, as atividades de assuntos civis têm capital importância para
o êxito definitivo da operação. A componente puramente militar da operação pode
ser capaz de neutralizar a atuação da F Adv, porém é a adequada exploração das
atividades de assuntos civis que pode eliminar os fatores que propiciaram o
desenvolvimento da F Adv. Assim, o comandante responsável pela execução das
medidas repressivas deve assegurar-se que suas ações táticas são
complementadas por adequadas ações na área de assuntos civis.
b. Objetivos
Em um quadro de GLO, as atividades de assuntos civis têm por objetivo:
1) facilitar a execução das operações e a comunicação social;
2) dar cumprimento às leis vigentes; e
3) cooperar com o restabelecimento da autoridade constituída sobre a área de
operações.
c. Abrangência
De modo semelhante às operações convencionais, as atividades de assuntos
civis compreendem:
1) governo;
2) economia;
3) serviços públicos; e
4) atividades especiais.
d. Condicionantes de engajamento
Em operações de GLO, o grau de engajamento da F Ter nas atividades de
assuntos civis dependerá de três condicionantes:
1) o instrumento legal que determinou o emprego da F Ter na operação;
2) as estruturas de governo existentes na área de operações; e
3) o grau de controle que a F Adv exerce sobre a área.

297
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

e. Pessoal especializado
Na constituição da força a ser empregada na área, deve-se prever a inclusão de
especialistas nas áreas relacionadas com os assuntos civis. Esses especialistas são
grupados em equipes funcionais.
As equipes funcionais de assuntos civis são organizadas conforme a necessidade
de cada operação. Quando os órgãos civis estão estruturados e capazes de atuar,
as equipes funcionais da F Ter podem se limitar à presença de oficiais de ligação,
junto àqueles órgãos.

OPERAÇÕES TIPO POLÍCIA

1. GENERALIDADES
As operações tipo polícia podem ser realizadas em ambiente urbano ou rural e
são intensamente empregadas em todas as operações de GLO, qualquer que seja o
valor da F Adv e seu grau de organização. Em muitas ocasiões, essas operações
serão executadas sob condições de normalidade.

2. OBJETIVOS
As operações tipo polícia têm por objetivo:
a. controlar a população;
b. proporcionar segurança à tropa, às autoridades, às instalações, aos serviços
essenciais, à população e às vias de transporte;
c. isolar a F Adv de seus apoios;
d. impedir a saída de elementos da F Adv de uma área;
e. diminuir a capacidade de atuação da F Adv e restringir sua liberdade de
atuação;
f. apreender material e suprimentos da F Adv; e
g. restabelecer o controle de áreas, instalações ou vias de transporte ocupadas
indevidamente pelas F Adv.

3. MEIOS A EMPREGAR
a. Todas as unidades operacionais da F Ter, com prioridade para as de arma-
base, são aptas para a execução de operações tipo polícia, com destaque para as
unidades de Polícia do Exército, dada a sua natureza.
b. A unidade que executa operações tipo polícia pode executar, simultaneamente,
operações de combate, as quais serão objeto de manual específico.
c. As unidades de Polícia Militar são especialmente aptas à execução de
operações tipo polícia.
d. Outros elementos civis, como guardas municipais e elementos de controle de
trânsito, podem permanecer em suas atividades específicas e terem suas ações
coordenadas pela F Ter, no planejamento e execução das operações tipo polícia.

4. AÇÕES A REALIZAR
a. Estabelecimento de Postos de Bloqueio e Controle de Estradas (PBCE)
1) Os PBCE são estabelecidos para controlar o movimento da população da
área; capturar membros da F Adv; isolar a F Adv na área de operações e impedir a
entrada de seus apoios e reforços; e restringir a liberdade de movimento das F Adv.
2) Os PBCE podem ser permanentes ou inopinados e seus efetivos podem
variar de um grupo de combate a um pelotão.

298
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

3) Os PBCE devem ser estabelecidos em locais onde as estradas canalizam o


movimento, de maneira a dificultar seu desbordamento por parte dos usuários da
estrada e devem contar com uma pequena força de reação, capaz de perseguir e
capturar elementos que tentem se evadir do local, evitando a revista e/ou
identificação.
4) Um PBCE, quando em sua organização mais completa, conta com:
a) Grupo de Via:
(1) equipe de controle de tráfego;
(2) equipe de segurança aproximada; e
(3) equipe de revista e identificação.
b) Grupo de Reação:
(1) equipe de reação; e
(2) equipe de guarda de presos.
c) Grupo de Patrulha.
5) Os PBCE devem, sempre que possível, contar com a presença de
elementos policiais e/ou de fiscalização, com jurisdição sobre a área (Polícia
Federal, Receita Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Militar e outros). Tais
elementos atuarão junto com o grupo de revista e identificação e serão
encarregados das providências legais em face de irregularidades ou ilícitos
observados. Essa providência cresce de importância em situação de normalidade,
visando preservar os procedimentos legais.
6) Se for considerada a possibilidade de efetuar revista em pessoas, o grupo
de revista e identificação deve contar com militares do sexo feminino.
b. Estabelecimento de Postos de Bloqueio e Controle de Vias Urbanas (PBCVU)
1) Os PBCVU são estabelecidos para controlar o movimento da população da
área; capturar membros da F Adv; impedir o acesso de pessoas a determinadas
áreas; e restringir a liberdade de movimento das F Adv.
2) Os PBCVU são semelhantes aos PBCE, diferindo daqueles por serem
estabelecidos em áreas urbanas.
3) No ambiente operacional (área urbanizada), a F Adv e os objetivos
condicionam o efetivo e a organização dos PBCVU.
4) Idênticos cuidados legais tomados em relação aos PBCE (presença de
elementos policiais e do sexo feminino) devem ser tomados na constituição dos
PBCVU, sempre que a situação ou os objetivos indicarem a conveniência.
c. Estabelecimento de Postos de Bloqueio e Controle Fluvial (PBCFlu)
1) Os PBCFlu, da mesma forma que os PBCE, são estabelecidos para
controlar o movimento da população da área ribeirinha; capturar membros da F Adv;
isolar a F Adv na área de operações e impedir a entrada de seus apoios e reforços;
e restringir a liberdade de movimento das F Adv.
2) Os PBCFlu podem ser permanentes ou inopinados e seu efetivo pode variar
de um grupo de combate a um pelotão.
3) Os PBCFlu devem ser estabelecidos em locais onde o movimento na via
fluvial é canalizado, de maneira a dificultar seu desbordamento e devem contar com
uma pequena força de reação, capaz de perseguir e capturar elementos que tentem
se evadir do local, evitando a revista e/ou identificação.
4) Um PBCFlu deve ser organizado de maneira semelhante aos PBCE e,
sempre que possível, devem contar com a presença de elementos policiais e/ou de
fiscalização, com jurisdição sobre a área (Polícia Federal, Receita Federal, Polícia
Rodoviária Federal, Polícia Militar e outros). Tais elementos atuarão junto com o
grupo de revista e identificação e serão encarregados das providências legais em
299
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

face de irregularidades ou ilícitos observados. Essa providência cresce de


importância em situação de normalidade, visando preservar os procedimentos
legais.
5) Se for considerada a possibilidade de efetuar revista em pessoas, o grupo
de revista e identificação deve contar com militares do sexo feminino.
d. Busca e Apreensão de Pessoas, Armamento, Munição e Outros Materiais
1) As operações de busca e apreensão destinam-se a aprisionar membros da F
Adv e apreender seu material, armamento, munição e outros materiais de posse não
permitida à população e restringir a liberdade de ação da F Adv.
2) As operações de busca e apreensão devem ser realizadas em plena
conformidade com os dispositivos legais de garantia das pessoas – mandados
judiciais e outras providências definidas na lei – particularmente quando a operação
é executada nas condições de normalidade.
3) Quando da efetuação de prisão em flagrante, deve-se tomar as devidas
precauções para que um militar em comando não seja desviado da área de
operações a fim de cumprir as formalidades de condutor do preso.
4) Os comandantes devem tomar todos os cuidados para evitar situações em
que a correção de atitudes da força legal seja questionada, principalmente no que se
refere ao tratamento das pessoas e ao respeito à propriedade alheia.
5) A ação de busca e apreensão pode ser realizada em um local determinado e
com objetivos (pessoal e/ou material) bem definidos ou abranger grandes áreas
rurais ou urbanas.
6) Em qualquer caso, a força que realiza a operação de busca e apreensão
deve contar com dois elementos:
a) Escalão de Segurança, constituindo um comando único fora do ambiente;
b) Escalão de Busca e Apreensão, constituindo um comando único dentro do
ambiente.
7) Ao Escalão de Segurança, cabe isolar a área onde se realiza a busca e
apreensão, seja ela uma casa ou uma localidade. O Escalão de Segurança também
atua como reserva e deve estar pronto a enfrentar eventuais resistências e a
proteger o Escalão de Busca e Apreensão.
8) O Escalão de Busca e Apreensão tem a missão de penetrar na área isolada
e realizar efetivamente a busca e a apreensão do pessoal ou material. Os
componentes do Escalão de Busca e Apreensão devem ter sido intensivamente
adestrados para esse tipo de missão e estar muito bem esclarecidos sobre os alvos
da operação.
9) As operações de busca e apreensão encerram grande potencial de desgaste
para a força legal, principalmente quando conduzidas em área urbana, por isso
devem ser cuidadosamente planejadas, possuir objetivos bem definidos e ser
apoiada em adequadas operações de inteligência.
e. Identificação de pessoas e controle de movimentos
1) A identificação de pessoas e controle de movimentos visa identificar e
aprisionar membros da F Adv, impedir o acesso da população a determinadas áreas
e restringir a liberdade de movimento da F Adv.
2) A identificação de pessoas pode ser feita em PBCE, PBCVU e PBCFlu ou
em patrulhamentos.
3) Os elementos que executam a identificação devem ser instruídos sobre as
formas legais de identificação das pessoas e a validação dos documentos possíveis
de serem usados pela população local.

300
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

4) O controle de movimentos é feito, normalmente, em PBCE, PBCVU e


PBCFlu e pode ser apoiado em medidas restritivas, como proibição de acesso a
determinadas áreas, toque de recolher e outras providências.
5) As medidas de controle de movimento devem ser objeto de planejamento
detalhado e integrado com órgãos policiais e de administração civil, de modo a
reduzir ao mínimo os transtornos à população.
f. Interdição ou evacuação de áreas
1) As ações de interdição de áreas visam impedir o acesso de pessoas não
autorizadas a áreas ou instalações de vital importância na situação considerada,
garantindo a integridade das pessoas e o funcionamento das referidas instalações.
2) As evacuações visam retirar pessoas de áreas ou instalações onde suas
presenças não sejam permitidas.
3) As interdições são medidas preventivas enquanto as evacuações são
medidas corretivas. Assim, é evidente que as primeiras apresentam menor risco de
desgaste para a força legal e, consequentemente, devem ser priorizadas nos
planejamentos.
4) As interdições, sempre que possível, devem ser instaladas durante os
horários de menor movimento (madrugadas) e de surpresa, de modo a evitar atritos
da tropa que realiza a interdição com civis em trânsito no local ou que procurem
evitar o estabelecimento da interdição.
5) Nas ações de evacuação, é muito provável que ocorra confronto da força
legal com elementos neutros ou inocentes úteis. Dessa maneira, as ações de
evacuação são muito propícias à intenção da F Adv de criar “mártires” para o
movimento. Esse risco pode ser reduzido mediante demonstrações de força e o
emprego de operações psicológicas, visando retirar a vontade de resistir dos
ocupantes da área a ser evacuada e estimulando-os a colaborar.
6) Em determinadas circunstâncias, é conveniente que a força legal se
beneficie do fator surpresa ao desencadear uma evacuação. Entretanto, em
qualquer caso, é impositivo informar à população e aos próprios ocupantes do local
a ser evacuado que a atividade será realizada (podendo ser omitido o quando), seus
motivos e amparo legal para a ação.
7) As ações de evacuação devem ser feitas em conformidade com os preceitos
legais.
g. Controle de Distúrbios
1) Tais ações são frequentemente empregadas em operações de GLO e
podem ser executadas em situação de normalidade.
2) Os meios da F Ter só devem ser empregados em ações de controle de
distúrbios após esgotados os meios da Polícia Militar ou quando o distúrbio ocorrer
em área sujeita à administração militar.
3) As tropas que forem executar ações de controle de distúrbios devem
empregar equipamento apropriado e armamento com munição não letal. O
armamento convencional só deve ser utilizado em situações de risco para a tropa
empregada.
h. Demonstração de Força
1) As demonstrações de força visam dissuadir a F Adv e/ou as pessoas que ela
conduz de atitudes que possam ocasionar confronto com a força legal.
2) A ação de demonstração de força é realizada pela exposição à observação
dos elementos que se opõem à força legal de uma tropa de efetivo, atitude,
armamento e material capaz de convencê-los que será inútil opor-se à ação dessa
tropa.
301
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

3) O emprego de tropas blindadas ou mecanizadas e o sobrevoo de aeronaves


têm grande poder dissuasório e são muito eficientes neste tipo de ação.
i. Segurança de autoridades
1) As ações de segurança de autoridades visam impedir a ação da F Adv sobre
autoridades e outras figuras de destaque e podem se desenvolver tanto na área
urbana como rural.
2) Uma efetiva ação de segurança de autoridades é fundamental para frustrar o
desenvolvimento do processo de agitação e propaganda conduzido pela F Adv e
garantir a liberdade de ação das autoridades e outras pessoas de destaque.
3) A ação de segurança de autoridades pode incluir a guarda de residências
e/ou locais de trabalho e o acompanhamento permanente da autoridade.
j. Vasculhamento de áreas
1) O vasculhamento de áreas visa obter conhecimentos sobre a F Adv,
restringir sua liberdade de movimentos, isolá-la de seus apoios junto à população e
aprisionar pessoal e apreender material da F Adv.
2) O vasculhamento de áreas pode ser realizado em ambiente rural ou urbano
e distingue-se das ações de busca e apreensão pelos objetivos e pelo conhecimento
que se tem do alvo. A busca e apreensão tem objetivo bem definido e é mais
direcionada, enquanto o vasculhamento tem objetivos mais gerais e é mais
exploratório.
3) Em determinados casos, principalmente na área rural, o vasculhamento
pode adquirir as características de uma operação de combate.

O CENTRO DE COORDENAÇÃO DE OPERAÇÕES

1. FINALIDADE
a. A finalidade do Centro de Coordenação de Operações (CCOp) é permitir a
coordenação necessária do planejamento e execução nas operações de GLO,
facilitando a conjugação e integração de esforços e a ligação entre os órgãos da
esfera federal e os da esfera estadual e municipal que tenham responsabilidade na
segurança pública e/ou em outras áreas ligadas à atuação do Estado.
b. O CCOp não é um órgão de execução, mas de planejamento, de coordenação
do emprego de nossos meios e de integração com outros órgãos e de assessoria.

2. ATRIBUIÇÕES
De modo geral, cabe ao CCOp, de acordo com o nível em que for estabelecido:
a. realizar o planejamento coordenado e integrado das medidas de GLO;
b. acompanhar a execução das medidas de GLO;
c. facilitar a integração entre os diferentes órgãos, entidades e repartições com
responsabilidades na execução de medidas de GLO;
d. assessorar o comando de segurança integrada ao qual pertence sobre os
meios disponíveis, suas possibilidades e limitações; e
e. coordenar o emprego dos meios postos à disposição e/ou em apoio.

3. ORGANIZAÇÃO
a. O CCOp é organizado nos moldes de um estado-maior (EM), baseando-se no
EM do escalão terrestre considerado (ZSI, ASI ou SASI), devendo, a critério do Cmt
responsável, ser chefiado por seu Ch EM.

302
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

b. Normalmente, a SASI é o menor escalão a constituir CCOp. Quando existir


SESI a cargo de OM valor U, em capital de unidade da federação, sem que exista
um comando de SASI ou superior, esse SESI constituirá um CCOp.
c. O CCOp é composto por várias centrais, estabelecidas conforme as
peculiaridades da área e os meios existentes. Os chefes das centrais são, em
princípio, os chefes das seções correspondentes no EM do escalão da F Ter
considerado. As centrais podem ser mobiliadas com elementos das outras forças
singulares, de órgãos federais de segurança e de inteligência, de órgãos estaduais e
municipais ligados à segurança pública e à defesa civil e outros órgãos exigidos por
cada situação particular.
d. Normalmente, são constituídas as centrais de:
1) pessoal;
2) inteligência;
3) operações;
4) integração com os elementos dos órgãos governamentais de segurança
pública;
5) logística;
6) comunicação social;
7) operações psicológicas;
8) comando e controle;
9) jurídica, incluindo juizado de menores, mulheres e minorias que demandem
legislação específica;
10) assuntos civis; e
11) outras.
e. O acionamento do CCOp não implica, obrigatoriamente, a reunião de todos os
seus integrantes no mesmo ambiente físico, embora seja desejável. Caso seja mais
adequado, os integrantes de uma ou mais centrais podem manter-se em seus locais
de trabalho habituais ou em outros recomendados pela situação, em estreita ligação
por meio de meios de comunicações confiáveis.

303
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

CAPÍTULO X

ATENDIMENTO PRÉ-HOSPITALAR DE COMBATE (APH - COMBATE)

1. GENERALIDADES
O Atendimento Pré-Hospitalar é aquele que ocorre fora do ambiente hospitalar,
que poderá ser desenvolvido por pessoas ou instituições capacitadas para o
atendimento emergencial a vítimas de trauma (acidente automobilístico, incêndios,
afogamentos, desastres naturais e etc.) visando à estabilização clínica e a rápida
remoção para uma unidade hospitalar adequada.
Estudaremos aqui, particularmente, os protocolos a serem seguidos para
atendimento a feridos em combate, prestado por elemento não especializado na
área de saúde, em situação de alto risco e estando sob fogos. Tais protocolos visam
orientar os procedimentos serem tomados pelo militar no sentido de resgatar um
elemento ferido e preparar sua evacuação até um local onde possa receber
tratamento adequado. Sugere-se que sejam instruídos pelo menos um militar
por fração valor Grupo de Combate ou equivalente para ser o “Atendente do
GC”.

A ampla maioria dos ferimentos em combate são fatais, com o desenvolvimento


dos armamentos os ferimentos são, cada vez mais, letais, explosivos improvisados,
atiradores de elite, grande quantidade de armas anticarro empregadas contra tropa a
pé e outros ferimentos elevam, a quase, 90% o índice de letalidade dos ferimentos.

Dos 10% dos ferimentos tratáveis, mais de 90% dos feridos sobrevivem se
receberem tratamento adequado, nos primeiros 30 minutos após o ferimento,
ainda no campo de batalha.

As causas mais comuns de morte em conflito armado são hemorragias de


extremidades (60%), pneumotórax (33%) e lesões de vias aéreas (6%), assim temos
como prioridades no atendimento: 1) liberação de vias aéreas, 2) Contenção de
hemorragias e 3) prevenção do pneumotórax. Com base nestas informações muitas
tropas estão adotando essa técnica, aderindo ao protocolo criado para o
atendimento de emergência em casos de conflito armado

O Atendimento Pré-Hospitalar de Combate foi desenvolvido objetivando a


padronização de protocolos estabelecidos por diretrizes elaboradas inicialmente pelo
Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos com o objetivo de treinar,
adequadamente, os não médicos para lidar com as causas evitáveis de morte em
conflito armado (ferimentos tratáveis) As diretrizes do “Tactical Combat Casualty
Care” (TCCC / TC3), foram criadas em 1996 e têm estado em constante evolução.

304
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Essas diretrizes são revistas e atualizadas pela Comissão do TCCC que é


composta por médicos cirurgiões, socorristas, plantonistas de unidades de combate,
e médicos e enfermeiros combatentes, destaca-se assim a importância do
atendimento a vítima de trauma em combate por Enfermeiros e Médicos de
combate, socorristas combatentes e o auto socorro. Portanto o APH de Combate é o
que vai mantê-lo vivo por tempo suficiente até a sua chegada a um centro
especializado.

A partir de então os militares que estão se preparando para serem enviados para
o combate são submetidos a este treinamento. Após a implantação do TCCC nas
operações de combate alcançou-se o maior índice de sobrevivência da história.

2 CARACTERÍSTICAS DO APH DE COMBATE:


- necessidade de cessar a ameaça antes de realizar o socorro das vítimas,
- autoatendimento como primeira opção de socorro,
- atuação com recursos limitados
- socorro prestado por elemento que não é de saúde
- protocolo de atendimento diferente dos protocolos adotados por serviços de
resgate
- utilização de meios improvisados para o transporte, levando em consideração
que a preocupação no APH de Combate é em salvar a vida, mesmo que pra isso
sejam deixados de lado alguns procedimentos do APH civil como colocação de colar
cervical, prancha rígida, etc.
Dentre os materiais básicos a serem conduzidos pelos militares em operação
podemos destacar a luva de látex para proteção do militar que presta o socorro, o
curativo individual e o torniquete para realização o controle de hemorragias, o
abocate tamanho 14 ou 16 para a punção pulmonar e a cânula nasofaringea para
a liberação das vias aéreas.

Seu objetivo maior é identificar e tratar os feridos com lesões graves que
podem resultar em morte e mantê-los vivos por tempo suficiente para chegar
ao hospital, utilizando-se, somente, do equipamento médico disponível em seu
“Kit de primeiros socorros” individual (luva de procedimento, curativo
individual, torniquete e máscara).

Deve ser levado em consideração que nem sempre as equipes de socorro


(Corpos de Bombeiros ou SAMU), adentraram em quaisquer locais que ofereçam
risco morte a elas (segurança da cena, Bombeiros e SAMU não entram em zona
quente).

3. MISSÃO DO ATENDENTE DE GRUPO DE COMBATE

305
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

O atendente do GC – militar especializado em primeiros socorros do GC – tem como


missão secundária prestar a primeira intervenção de saúde aos integrantes do seu GC.
Este militar realiza o apoio em saúde aos integrantes de seu GC após realizar a sua
missão de combate, é importante ressaltar que este militar é um dos fuzileiros do GC e deve
atuar inicialmente dentro de sua função tática.
Após o cumprimento da missão principal de combate pode iniciar o atendimento aos
feridos e também, pode auxiliar na prestação de cuidados e preparação de feridos para a
evacuação.

4. PLANEJAMENTO DO APOIO DE SAÚDE

O apoio de saúde do Pelotão de Fuzileiros consiste prioritariamente em um sistema de


prevenção de doenças, tratamento e evacuação de feridos.
A prevenção deve ser enfatizada em todos os momentos, principalmente em campanha.
Compreender e aplicar os princípios de higiene, de saúde e de prevenção de lesões
relacionadas ao clima pode evitar muitas baixas.
Normalmente, o tratamento dos feridos começa após a ação de combate, durante a
reorganização do pelotão.
O Pelotão de Saúde deve planejar o atendimento de vítimas em massa - inerente ao
combate em áreas urbanas. Médicos, devem esperar uma maior incidência de lesões por
esmagamento, lesões nos olhos, queimaduras e fraturas, devido a escombros e riscos de
incêndio. Efeitos adicionais como choques e perda de audição, devido ao emprego de
explosivos, devem ser levados em consideração.
O tratamento de um ferido grave significa estabilizar o soldado até que ele possa ser
evacuado para o Posto de Socorro do batalhão.
A Turma de Evacuação, do Pelotão de Saúde do Batalhão deve assumir a
responsabilidade pelos feridos, o mais à frente possível. Ambulâncias (solo e ar) devem
apanhar as vítimas. As viaturas orgânicas do pelotão podem ser usadas para o
transporte de feridos.
Equipamentos como rádio, munição, alimentação, água, equipamentos especiais,
metralhadoras, lançadores de granadas, e outras armas especiais devem ser redistribuídos
dentro do pelotão. O ferido evacuado conduz o seu armamento.
O planejamento do apoio de saúde do pelotão deve:
a. Atribuir deveres e responsabilidades ao pessoal chave no planejamento e
execução da evacuação de vítimas.
b. Elencar as prioridades para a evacuação.
c. Providenciar a redistribuição e manutenção de armas, munições e equipamentos.
d. Identificar a localização dos pontos de coleta de feridos (batalhão, companhia,
pelotão).
e. Realizar o tratamento e a evacuação de civis e prisioneiros (feridos) SFC.
f. Operar as comunicações e para os pedidos de evacuação.

5. PROCESSO DE ATENDIMENTO AOS FERIDOS

Os feridos devem receber o primeiro atendimento no local onde foram atingidos ou em


um abrigo próximo. O militar ferido deve inicialmente procurar realizar seu próprio socorro,
caso esteja impossibilitado poderá ser socorrido por um companheiro de fração.
Em seguida, são evacuados por macas ou outro meio para um local mais seguro. Este ponto
é escolhido pelo comandante do pelotão ou pelo adjunto de pelotão.
Ao selecionar um ponto para atender os feridos, deve-se considerar:
306
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- cobertura e ocultação – cobertas e abrigos;


- espaço para segurança e para tratar dos feridos;
- vias de acesso e ZPH; e
- local para recolhimento dos mortos, estes não devem ficar juntos dos feridos.

6. O APH DE COMBATE É DIVIDIDO EM TRÊS FASES DISTINTAS:

a. 1ª Fase: CUIDADO SOB FOGO (CARE UNDER FIRE)

Nesta fase o próprio militar ferido tenta realizar o auto socorro caso ele tenha
condições de fazê-lo, enquanto os demais devem se concentrar em neutralizar a
ameaça. Caso o ferido não consiga executar o auto socorro, outro militar deverá
realizá-lo depois que a ameaça esteja neutralizada e a área esteja em segurança.

O risco de prejuízo para o combatente “socorrista” e do prejuízo adicional para


os feridos anteriormente será reduzido se a atenção imediata é direcionada para a
supressão do fogo hostil ou eliminação da ameaça. A fração precisa, portanto,
inicialmente ajudar no retorno de fogo em vez de parar para cuidar do ferido.

A situação e o ferido deverão ser avaliados antes de se iniciar o resgate ou a


remoção levando-se em conta o risco extraordinário ou baixa probabilidade de
sucesso.

Quando as vítimas são resgatadas elas devem ser triadas (classificadas) e separadas
para o atendimento. Os feridos devem receber o tratamento seguindo uma ordem de
prioridade, de acordo com a gravidade do ferimento, conforme ordem abaixo:

1. Tratamento imediato (ferimentos graves)


a) obstrução das vias respiratórias;
b) insuficiência respiratória (parada cardiorrespiratória não é considerada uma
condição de "imediato" no campo de batalha, é classificadas como recuperação pouco
provável). O índice de sucesso de ressucitações cardiorespiratória em combate é baixíssimo e
seu atendimento irá diminuir a chance de atendimentos a outros feridos.
c) sangramento externo volumoso (hemorragia);
d) choque;
e) ferimento perfurante no tórax, se a dificuldade respiratória é evidente
(pneumotórax); e
f) queimaduras de segundo ou terçeiro grau da face, pescoço ou períneo.
Após os ferimentos graves terem sido tratados, o ferido estável não deve receber
tratamento adicional até que outros feridos graves sejam atendidos.
2. Prioridade
a) ferimento no peito sem provocar dificuldade respiratória;
b) ferimento penetrante no abdômen;
c) lesões oculares graves;
d) amputação de membro sem grande perda de sangue;
e) feridas expostas;
f) fraturas; e
307
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

g) queimaduras de segundo e terceiro grau não envolvendo rosto, pescoço ou


períneo.
c. Rotina
Neste tópico, o paciente pode ser resolvido por auto-atendimento, ou de
companheiros. Os pacientes nesta categoria normalmente não serão evacuados para uma
instalação de tratamento médico.
a) lacerações menores;
b) contusões;
c) entorses;
d) pequenos problemas de stress de combate; e
e) queimaduras de pequena extensão (menos de 20 por cento).
d. Recuperação pouco provável
a) grande ferimento na cabeça, com sinais de morte iminente;
b) queimaduras em mais de 85 por cento da superfície corporal; e
c) ferimentos incompativeis com a vida (decaptação, esmagamento toráxico e
outros).
Os feridos serão enquadrados nesta categoria apenas se os recursos forem
limitados. Com isso, estes militares terão a última prioridade de atendimento.
Obs: Feridos com lesões menores podem ajudar no tratamento, evacuação e
defesa da área de refúgio de feridos.
Nesta fase (Zona Quente) o ferido deverá ser removido (técnicas de
remoção) para uma área coberta e abrigada (Zona Morna), onde deverá receber os
primeiros cuidados efetivos pelos socorristas.

b. 2ª Fase: CUIDADOS EM CAMPO (TACTICAL FIELD CARE)

A situação tática nesse momento mudará, o atendente e os feridos poderão


não estar mais sob fogo hostil eficaz. Isso permite mais tempo e um pouco mais de
segurança, para executar cuidados mais especializados. Nesse local a qualquer
momento o fogo hostil eficaz poderá retornar.

Nesta fase (Zona Morna) o ferido receberá os primeiros cuidados mais


efetivamente. Deve ser feita uma reavaliação e contensão das hemorragias de
extremidades (checar torniquetes), procurar lesões encobertas pelo uniforme e se
torna possível cuidar das lesões em vias aéreas.

c. 3ª Fase: TACTICAL EVACUATION CARE (CUIDADOS NA EVACUAÇÃO


TÁTICA)

A fase dos cuidados na evacuação é a fase em que os militares feridos são


removidos do ambiente hostil com técnicas de combate (TACEVAC), transportados
por viaturas ou outros meios que não configurados para resgate de feridos
(CASEVAC) e remoção por ambulâncias ou aeronaves de resgate (MEDEVAC) que
foram solicitadas durante o conflito para um local mais seguro ou especializado onde
será possível serem iniciados os tratamentos médicos mais avançados.

7. INSTRUÇÃO INDIVIDUAL

308
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Todo militar deve conhecer profundamente os procedimentos na aplicação das


medidas salva-vidas, do curativo individual, torniquete e a reanimação
cardiopulmonar (RCP), que de acordo com o BOLETIM DO EXÉRCITO de N º 15 de
10 de abril de 2015 não são procedimentos invasivos.
No Art. 10. O Suporte Básico de Vida nas situações clínicas (SBV) e no trauma
(SBVT) é o conjunto padronizado de medidas e procedimentos técnicos não
invasivos, que pode ser executado, inclusive, por militares não oriundos do Serviço
de Saúde, desde que habilitados pelo Estágio de Socorrista normatizado pelo EME.
O SBV e o SBVT estabelecem um padrão de atendimento através da suspeita
diagnóstica identificada por meio das técnicas de exame protocolar, tendo o objetivo
principal de não agravar as lesões já existentes ou de gerar novas lesões
(iatrogênicas), enquanto se aguarda a chegada da equipe de APH básica ou
avançada.
As manobras de SBV/SBVT relacionam-se com:
a) a manutenção das funções vitais, especialmente das relacionadas com a
ventilação pulmonar, com a oxigenação do sangue e com a circulação do mesmo;
b) a prevenção de traumatismos medulares relacionados com fraturas da
coluna vertebral, especialmente do segmento cervical;
c) o controle das hemorragias, proteção dos ferimentos e prevenção do
choque;
d) a imobilização temporária das fraturas.
O Suporte Avançado de Vida nas situações clínicas (SAV) ou no trauma (SAVT)
consiste no atendimento com uso de equipamento adicional ao usado no suporte
básico, podendo ser aplicadas técnicas invasivas de uso exclusivo do médico ou
pessoal habilitado e amparado por lei, com a finalidade da preservação da vida.
São Procedimentos Invasivos e somente podem ser realizados por pessoal
devidamente habilitado:
I - a obtenção das vias aéreas avançadas através de tubo ou cricotireoidostomia;
II - a ventilação mecânica;
III - a obtenção de via intravenosa profunda ou intra-óssea;
IV - a administração de medicamentos;
V - os cuidados pós-reanimação;
VI - o alinhamento ou a tração de fraturas;
VII - a redução de luxações;
VIII - a drenagem de tórax.

8. SUGESTÃO DE KIT INDIVIDUAL DE PRIMEIROS SOCORROS

A seguir, segue uma sugestão para a composição de um kit individual de primeiros


socorros:
- torniquete de combate – 01 unidade;
- bandagem de emergência – 01 unidade;
309
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

- gaze de combate – 01 unidade;


- cânula nasofaríngea – 01 unidade;
- rolo de esparadrapo de 5m – 01 unidade;
- luvas de procedimento – 02 pares
- conjunto de comprimidos (analgésicos anti-inflamatórios e antibióticos para controlar
a infecção em caso de ferimentos abertos) – 01 conjunto.

9. SUGESTÃO DE KIT PARA ATENDENTE DE GRUPO DE COMBATE

Neste tópico, observamos a sugestão para a composição de um kit de primeiros


socorros nível GC:
- esparadrapo cirúrgico poroso 7,5 cm x 10 m – 01 rolo;
- injeção de atropina aquosa 0.7ml seringa com agulha Nr 5 – 01 unidade;
- bandagem elástica não estéril 6 15cm x 5m – 01 unidade;
- bandagem algodão 10cm x 4m – 02 unidades;
- bandagem hemostática 15 cm por 5m – 02 unidades;
- bandagem elástica – 02 unidades;
- bandagem elástica para ferimento abdominal – 01 unidade;
- bandagem triangular compressa verde oliva 37X37X52 – 03 unidades;
- cobertor térmico descartável de 90 cm por 90 cm a prova de água – 01 unidade;
- cobertor de sobrevivência reflexivo / Verde Oliva – 01 unidade;
- injeção de diazepam 5mg/ml seringa 2ml Auto Injetora – 05 unidades;
- curativo adesivo para ferimento aberto no tórax – 02 unidades;
- luvas de procedimento e esterilizadas – 04 unidades;
- tesoura de ponta romba – 02 unidades;
- marcador permanente sem cheiro – 02 unidades;
- cânula nasofaríngea - 01 unidade;
- agulha de descompressão torácica – 02 unidades;
- compressa de algodão com álcool – 05 unidades;
- protetor ocular cirúrgico – 03 unidades;
- canivete de combate – 01 unidade;
- torniquete de combate – 02 unidades;
- cartão de triagem (Bloco) - 01 unidade; e
- curativo oclusivo para ferimentos abertos de 15 por 20 cm estéril – 02 unidades.

10. OS PROCEDIMENTOS NA APLICAÇÃO DO CURATIVO INDIVIDUAL,


TORNIQUETE E REANIMAÇÃO CARDIO -PULMONAR (RCP).
a. Curativo Individual:
Usado para cobrir quase todos os tipos de ferimentos que o militar possa vir a
sofrer, tais como cortes, ferimentos a tiro, ferimento por arma branca, etc. No
mercado nacional existem uma infinidade de tipos de curativos militares, onde
vamos nos ater ao modelo fornecido pela Cadeia de Suprimento (modelo
israelense).
Calçar luvas cirúrgicas;
Fazer a tração usando a alça de tração;
Abranger todo o ferimento com a bandagem;
310
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

Fazer o arremate do curativo corretamente usando a haste de arremate.


Só executada em área segura, nunca em zona quente.
b. Torniquete:
Para a aplicação do torniquete:
Calçar luvas cirúrgicas;
Soltar a fita do torniquete afrouxando o parafuso e apertando o mesmo para
facilitar a soltura da fita;
Colocar o torniquete acima da área hemorrágica (dois dedos);
Fazer a tração usando a fita de tração;
Após apertar o torniquete pela fita de tração apertar o parafuso;
Girar a haste do torniquete de modo a estancar o sangramento;
Travar a haste pela trava triangular;
Anotar o horário de aplicação do torniquete na faixa de cor branca na ponta da
fita de tração;
Pode-se fazer um torniquete usando o curativo individual finalizando com haste
de arremate.
Muito usado no APH de Combate por Forças Militares e Policiais e quase
nunca usado pelos órgãos de resgates civis (SAMU, AUTOBAN, etc.);
Nunca afrouxe o Torniquete de tempo em tempo;
Se o torniquete não estiver cumprindo seu propósito, fazer outro por cima sem
remover o primeiro.

Até 1h após a aplicação não haverá sequelas no membro;


Até 2h após a aplicação haverá sequelas no membro e somente poderá ser
retirado em um centro cirúrgico;
b. Reanimação cardiopulmonar (RCP):
Para a aplicação da RCP:
Ao se deparar com uma situação onde encontraremos na maioria das vezes
um corpo estirado, devemos seguir a sequência:
Verificar o que causou aquela situação (segurança do atendente);
Calçar luvas cirúrgicas
1) Vítima inconsciente (atenção especial):
311
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

a) Aproximar-se da vítima;
b) Executar a elevação do queixo para liberação das vias aéreas;

c) Executar a abertura da mandíbula para verificar possíveis obstruções


no interior da boca da vítima, em caso positivo pinçar o objeto com os dedos;

d) Ficar do lado da cabeça da vítima com um dos ouvidos próximo a boca


da mesma para ver (o movimento respiratório da caixa torácica), ouvir ( a respiração)
e sentir (a respiração). Com o dedo indicador de uma das mãos procurar a veia /
artéria jugular para verificar a pulsação;

312
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

e) Se a vítima estiver com hemorragia externa, logo após a liberação das


vias aéreas ou aplicação da cânula nasofaríngea o atendente deve se ater em
estancar o sangramento para depois verificar o “ver, ouvir e sentir”;
f) Ao estancar a hemorragia, após executar o “ver, ouvir e sentir” e
verificada a falta de pulso e respiração a vítima a prioridade do atendente é fazer a
reanimação cardiopulmonar (SFC), a vítima pode estar entrando em estado de
choque (geralmente hipovolêmico) onde começaremos a RCP;
g) Sequência para realizar a RCP:
- Retirar equipamentos do tipo colete balístico e gandola;
- Colocar a vítima em uma superfície plana e rígida;
- Procurar no final do osso externo o apêndice xifóide;
- Colocar o dedo indicador de uma das mãos sobre o mesmo e 2 dedos
acima, e ou colocar a base da mão no meio do peito da vítima entre os mamilos,
entrelaçar os dedos e iniciar as massagens torácicas;
- Para tal seguir a seguinte sequência:
- Será executada num ritmo de 100 massagens por minuto;
- Deve-se fazer com uma força tal que o tórax afunde cerca de 5
centímetros (evitar força excessiva para não quebrar costelas).
- Deve-se aliviar a pressão da massagem para que o tórax volte a posição
inicial antes de iniciar outra massagem.
Orientações:
- Nunca flexione os braços, pois os mesmos devem permanecer
esticados, pois a pressão é executada pelo abdome do socorrista;
- O socorrista deve manter os dois joelhos no chão;
- O socorrista deve afundar e aliviar o tórax em movimento cíclico;
- Não se executa respiração boca-a-boca, só a massagem cardíaca;
- O ideal é que a massagem seja feita por dois ou mais socorristas
(fadiga);
- Só pare de executar a massagem quando o paciente se recuperar, o
socorrista estiver sozinho e ficar exausto ou quando verificar a morte da vítima por
motivo de grandes hemorragias, pele gelada, etc.

313
Centro de Instrução de Operações de Garantia da Lei e da Ordem Nota de Aula 2016

NOTA

Solicita-se aos usuários desta nota de aula a apresentação de sugestões com o


objetivo de aperfeiçoá-la ou que se destinem à supressão de eventuais incorreções.

As observações apresentadas, mencionando a página, o parágrafo e a linha do


texto a que se referem, devem conter comentários apropriados para seu
entendimento ou sua justificativa.

As observações devem ser enviadas por e-mail para:

ciopglo@coter.eb.mil.br

314

Você também pode gostar