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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DO TRABALHO DA __ VARA DO

TRABALHO DE PELOTAS

DIUMA VANIA IUCEFE, brasileira, solteira, cozinheira, portadora do RG n°


0001112222, CPF 333.444.555-66, CTPS 0001 Série 002 e PIS n° 0000077,
residente e domiciliada à Rua Coronel Freitas, 18, Bairro Praianos, nesta cidade
de Pelotas/RS, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, através
de seu advogado infra-assinado, com fulcro no art. 840 da CLT, propor
RECLAMATÓRIA TRABALHISTA PELO RITO ORDINÁRIO
Em face de RESTAURANTE E HOTELARIA FLANGO FLITO DO CHINA ME, Pessoa
Jurídica de Direito Privado, Inscrita sob CNPJ n° 01.001.0001/1000-01, situada à
Av. Shanghai, nº 33, Bairro Chingling, cidade de Pelotas/RS, por seu
representante legal SHU SHERA DA SILVA, pelos fatos e fundamentos jurídicos
a seguir expostos.

I. PRELIMINAR
I.I. DA GRATUIDADE DE JUSTIÇA
A reclamante requer os beneficios da justiça gratuita por não ter
condições de arcar com as despesas decorrentes do processo sem prejuízo
próprio e de sua família, nos termos do §3º do art. 790 da CLT e, do §3º do art.
99 do CPC, norma mais favorável ao empregado, se presumindo verdadeira a
declaração de hipossuficiência firmada pela reclamante, segundo a Súmula 463
do TST.

I.II. DO ÔNUS DA PROVA


Em relação ao Direito Processual do Trabalho, ressalta-se que o
empregador detém o poder diretivo na relação empregatícia, o qual pode ser
conceituado como a prerrogativa de dirigir, regular, fiscalizar e disciplinar a
prestação de serviços dos seus empregados. Encontra-se, portanto, em
melhores condições para a produção de provas.
Requer, portanto, diante da ascendência do empregador, a inversão do
ônus da prova em relação às afirmativas da parte reclamante, obrigando a
reclamada à produção probatória dos fatos contestados, conforme art. 818 da
CLT e art. 373, II, do CPC subsidiariamente.

II. DOS FATOS


A reclamante alega que em 11 de maio de 2009 fora contratada pela
reclamada para o cargo de serviços gerais, mas logo que ingressou, houve
acumulo de funções, ora de camareira, ora de cozinheira, mantinha contato
diário com agentes insalubres como produtos químicos corrosivos, frituras,
pouca iluminação, sem sequer ter recebido Material de EPI e adicional de
insalubridade. Em 2013 a reclamante esteve em período gestacional não
sendo transferida de função consoante os arts. 392, §4º, I e 394-A, da CLT.
Relata ainda que, trabalhava em regime de semi-escravidão, pois recebia
apenas vale transporte e metade do salário, que no contrato era de R$ 880,00,
diante de uma carga horária de 10 horas diárias de serviço sem o pagamento
dessas horas extras, contrariando o disposto no §4º do art. 462 da CLT.
A demandante diante do fato de não receber seus salários integrais,
apenas recebia vales e o vale transporte, de não ter sido deslocada de função
em decorrêcia de sua gravidez, tampouco ter sido depositados seu FGTS e
Previdência, embora descontados mensalmente pelo empregador e, ainda, ter
sido coagida em uma sala a assinar férias e 13º salários que nunca gozou ou
recebeu, assim, optou pela rescisão indireta do contrato de trabalho
alicerçada no art. 483, alínea d e §3º da CLT.

III. DOS FUNDAMENTOS


III.I. DO VÍNCULO EMPREGATÍCIO
A demandante conforme contrato de trabalho e anotação da CTPS,
laborou na demandada de 11 de maio de 2009 à 07 de fevereiro de 2014, sob a
função de Serviços Gerais e salário mensal de R$ 880,00. Ocorre que, logo após
o ingresso na empresa, houve acumulo de funções como camareira e
cozinheira, combatido pela CLT na alínea a, do art. 483.
A reclamante, devido aos fatos de não receber seu salário integralmente,
do acúmulo de funções, do grau de insalubridade submetida até mesmo no seu
período gestacional, da carga horária acima da contratada sem recebimento de
horas extras e, tendo sido coagida em uma sala a assinar férias e 13º salários
nunca pagos pelo empregador, optou, pela rescisão indireta, configurando justa
causa do empregador, segundo entendimento do art. 483, alíneas “a” e “d”, da
CLT.
Exposta a dispensa do empregado, requer as verbas rescisórias, nos
moldes da dispensa imotivada, observando a súmula 459 do STF, acrescidas de
juros, multa e correção monetária e, a baixa da CTPS.

III.II. DO RECOLHIMENTO DO FGTS E INSS


O reclamado descontava mensalmente o FGTS e o INSS da referida
empregada conforme contracheques em anexo, porém, não depositava o
recolhimento aos órgãos competentes, estando zerados os saldos da
demandante. Sabe-se que o recolhimento e o depósito do FGTS e do INSS são
deveres do empregador ante seus empregados.
Requer, portanto, o recolhimento do fundo de garantia e o depósito do
INSS para fins de previdência social, acrescidos de juros e correção monetária.

III.III. DA INSALUBRIDADE
A reclamante laborava em ambiente insalubre sem equipamento de EPI,
obrigatório, fazendo uso de produtos químicos, de óleo fervente usado em
frituras, pouca iluminação, inclusive no período de 2013 quando se encontrava
grávida, sem tampouco receber o adicional de insalubridade previsto no art.
192 da CLT.
Conforme o art. 189 da CLT: “Serão consideradas atividades ou operações
insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de trabalho,
exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de
tolerância fixados em razão da natureza e da intensidade do agente e do tempo
de exposição aos seus efeitos. ”

De acordo com o art. 195, no seu parágrafo 2º: Arguida em juízo


insalubridade ou periculosidade, seja por empregado, seja por sindicato em
favor de grupo de associados, o juiz designará perito habilitado na forma deste
artigo, e, onde não houver, requisitará perícia ao órgão competente do
Ministério do Trabalho.

Art. 394-A da CLT - A empregada gestante será afastada, enquanto durar


a gestação, de quaisquer atividades, operações ou locais insalubres e exercerá
suas atividades em local salubre, excluído, nesse caso, o pagamento de
adicional de insalubridade.

Art. 166 da CLT – A empresa é obrigada a fornecer aos empregados,


gratuitamente, equipamento de proteção individual adequado ao risco e em
perfeito estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de
ordem geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e
danos à saúde dos empregados.

Assim, protesta por prova testemunhal e pelo exame pericial no local da


empresa, para constatar a insalubridade no ambiente de trabalho alegada pela
reclamante, bem como, da anulação dos documentos assinados sob coação do
empregador, já citados acima.

III.IV. DAS VERBAS RESCISÓRIAS

Diante dos fatos narrados, pela rescisão indireta, faz jus a reclamante aos
haveres trabalhistas decorrentes deste vínculo empregatício – diferença de
salário de todo contrato e saldo de salário de fevereiro; aviso prévio indenizado
e aviso prévio proporcional ao tempo de serviço; 13º salário de todo o contrato
e 13º proporcional; férias vencidas e em dobro no período de 2009/2010 e
férias proporcionais acrescidas de 1/3; depósito do FGTS + multa de 40%; multa
do art. 467 e 477, §8º da CLT; liberação do termo de rescisão do contrato de
trabalho, bem como, das guias do seguro desemprego; repasse dos depósitos
das contribuições previdenciárias ao INSS.
IV. DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer a reclamante a procedência dos pedidos na


presente reclamação trabalhista, a notificação do reclamado, para que,
querendo, responda aos termos da presente ação, sob pena de não o fazendo,
lhe ser aplicada a pena de revelia, bem como os efeitos da confissão,
condenando nos termos do pedido a saber:

1. Que seja deferido o benefício da gratuidade de justiça;

2. Que seja julgado procedente as preliminares da presente ação;

3. Baixa da CTPS;

4. Liberação do termo de rescisão do contrato de trabalho e das guias do


seguro-desemprego, sob pena de incidência da indenização substitutiva
prevista na Súmula 389 do TST;

5. Depósito do FGTS + FGTS sobre verbas rescisórias + multa de 40%, acrescidas


de correção monetária no valor de R$...

6. Repasse das contribuições previdenciárias ao INSS;

7. Saldo de salário referente a 07 dias de trabalho do mês de fevereiro no valor


de R$...

8. Diferença de salário de todo o tempo de contrato do empregado;

9. Aviso Prévio indenizado de 45 dias no valor de R$...

10. Aviso Prévio proporcional ao tempo de serviço no valor de R$...

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