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Capítulo 18
Afinação igualmente temperada
18.1 Origens
Embora as suas premissas teóricas datem do século XV (*), o temperamento igual somente
se estabeleceu plenamente ao início do século XX. Tinha-se no século XIX a versão "quase
igual", que era implementada com a audição, mas já contava com o diapasão 440 Hz e o
cronômetro, (e também o metrônomo, que serve para marcar auditivamente os segundos, na
sua aferição de 60 bpm).
(*) Além do matemático alemão Henricus Grammateus, que obteve em 1518 uma aproximação
razoável do temperamento igual, a literatura registra Vincenzo Galilei (pai de Galileu) que,
também no século XVI, publicou um trabalho descrevendo o temperamento igual para o
alaúde. A abordagem de Galilei foi posteriormente corrigida por Zarlino por ele ter adotado o
intervalo 18:17 (isto é, 1,05882...) como semitom, o que é cerca de 1 centésimo menor do que
o semitom temperado (1,0594). Ex-aluno de Zarlino, Vincenzo Galilei insurgiu-se contra as
teorias de seu ex-mestre. Em 1588 Zarlino publica o texto Sopplimenti musicali em resposta às
críticas de Galilei e de outros. Nesta obra há a descrição de um método geométrico para o
temperamento igual no alaúde (Figura 18.0 logo abaixo). Outros textos dão conta ainda dos
trabalhos do autor chinês Zhu Zaiyu (1536-1611) sobre a divisão da oitava em 12 partes iguais [ref.
8, Helmholtz, p. 258].
Figura 18.0 - Demonstração geométrica (de Zarlino [10]) para a afinação igualmente temperada
no alaúde. (Fonte: Wikimedia Commons).
Quanto à aceitação do temperamento igual, seja na esfera artística, seja na científica, há algumas
controvérsias sobre a sua legitmidade, talvez por se tratar de um método que destroi a justeza de
todos os intervalos (à exceção da oitava) em nome de possibilitar a modulação tonal de uma maneira
relativamente fácil e tecnologicamente viável do ponto de vista de se tocarem e de se fabricarem os
instrumentos. Seja como for, o temperamento igual é o sistema de afinação que se usa nos dias de
hoje, ao menos no que se refere aos instrumentos acústicos usados nas orquestras atuais.
Matematicamente, o temperamento igual (ou uniforme) resolve o problema da divisão de 7 oitavas
em 12 quintas. Isto é, sendo q uma dessas quintas temperadas, tem-se
q12 = 27.
Cada quinta temperada valerá portanto q = 27/12, o que perfaz 700 centésimos. Neste caso, a coma
pitagórica (23,46 c) -- que é o excesso de 12 quintas justas relativamente a 7 oitavas -- ficará
distribuída igualmente entre as 12 quintas, de modo que uma quinta temperada é o encurtamento
de uma quinta justa (701,95 c) por 1/12 de uma coma pitagórica. Isto é, um desconto de 23,46/12 =
1,95 centésimos. E assim, como todas as quintas tornar-se-ão iguais em 700 centésimos, não
haverá uma quinta do lobo.
Desta maneira, a essência do temperamento igual é fazer com que a extensão de 7 oitavas seja um
múltiplo da quinta (temperada), mais precisamente 12 vezes uma quinta. Daí porque o círculo de
quintas funciona no sistema temperado.
O método divide a oitava em 12 partes iguais, isto é, uma distribuição de alturas na qual o
intervalo entre dois sons consecutivos será sempre o mesmo -- o semitom temperado, que
mede exatos 100 centésimos. Os graus desta escala constituem uma progressão geométrica cuja
razão é dada por
r = 21/12,
de modo que o intervalo de um semitom temperado corresponde ao número irracional (*) dado por
1,0594630943592952645618252949463 ...
(*) Número que não pode ser representado pela razão entre dois inteiros.
Propriedade 1. Média geométrica. Qualquer que seja o número de divisões, a altura de cada um
dos graus de uma escala igualmente temperada será a média geométrica entre a altura do seu
antecessor e a do seu sucessor.
Demonstração:
O valor fm, que divide a oitava em dois intervalos iguais (e que por isso ocupa o ponto central da
escala), está para f0 assim como a oitava de f0 está para fm, isto é,
fm / f0 = 2f0 / fm;
portanto,
(fm)2 = f0 × (2f0)
e então
fm = (f0 × (2f0))1/2.
Assim, o ponto central é a média geométrica dos extremos da oitava que, neste caso da divisão em
duas partes, reduz-se a
fm = f0 21/2.
Os valores f0, f1, f2 e f3 que dividem a oitava em três partes iguais são tais que
f1 / f0 = f2 / f1 = f3 / f2 = r
Os valores f0, f1, f2, f3 e f4 que dividem a oitava em quatro partes iguais são tais que
f1 / f0 = f2 / f1 = f3 / f2 = f4 / f3 = r
Têm-se as seguintes médias geométricas:
f1 = (f0 × f2)1/2
f2 = (f1 × f3)1/2
e
f3 = (f2 × f4)1/2.
Os valores f0, f1, f2, f3, f4, f5 e f6 que dividem a oitava em quatro partes iguais são tais que
f1 / f0 = f2 / f1 = f3 / f2 = f4 / f3 = f5 / f4 = r
Tem-se,
f1 = (f0 × f2)1/2,
f2 = (f1 × f3)1/2,
.
.
.
fn-1 = (fn-2 × 2f0)1/2,
4. Divisão da oitava em 12 partes iguais.
As alturas f0 f1 ... f11 que dividirão a oitava em 12 partes iguais, isto é, {f0, f1, ..., f11, 2f0 }.
f1 / f0 = f2 / f1 = ... = 2f0 / f11
Definindo-se uma PG cuja razão é dada por
r = 21/12 = 1,05946 = 100 centésimos.
Neste caso, tem-se,
f0 = f0,
f1 = (f0 × f2)1/2,
f2 = (f1 × f3)1/2,
...
f11= (f10× 2f0)1/2.
Propriedade 2. Largura do semitom. Uma vez que relativamente à escala de centésimos a oitava é
dividida em 1200 partes iguais -- ao passo que relativamente à escala de semitons ela é dividida em
12 partes iguais -- um semitom temperado tem exatamente a extensão de 100 centésimos.
Demonstração. Conforme a equação dos centésimos (Capítulo 15), tem-se para o semitom,
c = 1200 × log2(2)1/12
isto é,
c = 1200 × (1/12)log2(2);
levando-se em conta que
log2(2) = 1 ,
tem-se,
csemitom = 100 centésimos.
Propriedade 3 Termo geral da afinação temperada. A i-ésima altura fi da oitava que se inicia em f0
é dada por
fi = f0 × 2i/12; 0 <= i < 12.
Demonstração
Desta forma, por exemplo, as 12 alturas da oitava que se inicia em lá4 podem ser assim calculadas
[5]:
lá4 = 440 × 20/12 = 440 Hz
lá4# = 440 × 21/12 = 466,1637
si4 = 440 × 22/12 = 493,8833
dó4 = 440 × 23/12 = 523,2511
do4# = 440 × 24/12 = 554,3652
ré4 = 440 × 25/12 = 587,3295
ré4# = 440 × 26/12 = 622,2539
mi4 = 440 × 27/12 = 659,2551
fá4 = 440 × 28/12 = 698,4564
fá4# = 440 × 29/12 = 739,9888
sol4 = 440 × 210/12 = 783,9908
sol4# = 440 × 211/12 = 830,6093
lá5 = 440 × 212/12 = 880 Hz
Considerando-se apenas os sete graus da afinação temperada que são mais próximos dos graus
da escala diatônica, pode-se quantificar os afastamentos e as aproximações entre essas duas
escalas.
Diatônica justa
{ 1/1 9/8 5/4 4/3 3/2 5/3 15/8 2/1 }
Diatônica justa em centésimos
{0 203,91 386,31 498,04 701,95 884,36 1088,27 1200 }
Temperada em centésimos
{ 0 200 400 500 700 900 1100 1200 }
Diferença em centésimos
{0 -3,91 13,69 1,96 -1,95 15,64 11,73 0 }
Na comparação entre uma escala diatônica temperada e a diatônica justa, verifica-se que há
batimentos em todos os graus (com exceção, evidentemente, da oitava). Vê-se que os graus
quarto e quinto são os que apresentam a melhor aproximação (1,96 centésimos), ao passo
que o sexto grau apresenta a pior delas (15,64 centésimos).
O Autômato 18.4 demonstra as doze tonalidades maiores que se podem realizar com os graus
da escala temperada cromática.
No caso do piano, afinar determinada corda relativamente a uma outra -- que é tomada como
referência fixa -- significa alterar progressivamente a altura da corda sob afinação até que se
julgue ter encontrado o valor correto (*). Desta maneira, busca-se construir o intervalo
temperado que, teoricamente, há entre as duas notas. A indicação de que o intervalo atingiu
a extensão correta decorre da identificação auditiva precisa de um dado número de
batimentos por segundo, batimentos estes que serão produzidos -- e supostamente
percebidos e identificados quantitativamente -- se as duas cordas em jogo soarem
simultaneamente.
(*) Por meio de ferramenta que é própria para aumentar ou diminuir a tensão de cada uma das
cordas. Tal ferramenta é uma chave do tipo alavanca com cabeçote oitavado. (Figuras 18.1 e 18.3)
Veja-se o caso das oitavas: sejam os intervalos [f1=30 Hz, f2=60 Hz] e [f3=200 Hz, f4=400 Hz]. Em
ambos, a razão entre as frequências é a mesma, qual seja, 2:1, uma vez que (60/30) = (400/200).
Mas a diferença não é a mesma, uma vez que (60-30) < (400-200). Por isso, é necessário também
que se conheça em que posição se encontra o intervalo -- isto para que seja possível associar a
este intervalo um número característico que o individualiza, qual seja, a mencionada taxa de
batimento.
Note-se, por exemplo, que há um batimento de 6,93 Hz na terça maior Fá3-Lá3. Já na terça vizinha
superior Sol3-Si3, a taxa de batimentos aumenta para 7,774 Hz. Na terça vizinha inferior Mi3-Láb3,
a taxa diminui para 6,538 Hz. E assim por diante.
Desta maneira, nenhuma outra terça maior apresentará o mesmo número de batimentos por
segundo que se produz na terça Fá3-Lá3. Sendo assim, cada par de notas do sistema igualmente
temperado possui uma espécie de assinatura acústica, a qual torna possível o reconhecimento de
intervalos temperados, desde que se leve em conta a posição deles no espaço de notas.
Para se compreender a essência da afinação do piano, deve-se atentar para a propriedade que
indica quais são os harmônicos causadores dos batimentos que se ouvem. O importante é que,
salvo no caso do uníssono, os batimentos a que o método temperado se refere não são batimentos
entre as fundamentais das notas que constituem o intervalo sob afinação, mas sim o batimento entre
um certo harmônico da primeira nota e um certo harmônico da segunda nota -- harmônicos estes
dispostos em diferentes ordens de frequência.
Por exemplo, na afinação da nota Fá3 (174,614 Hz) a partir da nota Lá3 (220 Hz) -- as quais estão
separadas por uma terça maior temperada -- a diferença entre as fundamentais é de 220-174,614 =
45,386 Hz, isto é, um valor que não se percebe como batimento, haja vista encontrar-se acima de
20 Hz.
Entretanto, uma vez que se ouve no caso desta terça um batimento de 6,93 Hz, cabe perguntar: de
onde provém tal pulsação?
Para responder a tal pergunta é preciso "abrir" os espectros das duas notas que estão em jogo (as
quais correspondem a sons complexos). Neste sentido, depois de se calcularem as frequências dos
primeiros harmônicos, tem-se para a nota Fá3:
Verifica-se então que a interação entre o quinto harmônico de Fá3 e o quarto harmônico de Lá3
produz um batimento de 6,93 Hz, isto é, 880 - 873,07, o que representa um valor perceptível e
mensurável por contagem. Note-se que a ordem de frequência dos harmônicos que formam o par
produtor dos batimentos é determinada pelo intervalo justo correspondente. Explicando: no exemplo
dado acima, as notas constituem uma terça maior temperada (400 centésimos). Sendo a terça
maior justa dada por 5:4, isto é, n=5 e m=4, os componentes produtores de batimentos são o 5º
harmônico (n=5) da nota mais baixa, e o 4º harmônico (m=4) da nota mais alta.
Figura 18.2 - Curva de não linearidade das cordas. (Fonte: Wikimedia Commons).
Por esta razão, uma afinação baseada em medição eletroacústica será, via de regra, inferior a uma
afinação exclusivamente auricular feita por um afinador experiente. Com uma percepção auditiva
apurada e bem treinada, o afinador, além de poder reconhecer a taxa de batimentos correta, será
também capaz de perfazer com precisão o alargamento e o estreitamento que se fazem necessários
nas oitavas extremas.
Há uma gama de dispositivos de medição de frequência e de taxa de batimentos os quais foram
projetados para auxiliar a afinação de pianos. Muitos afinadores os utilizam como um meio de tornar
mais rápido e eficaz o longo processo de afinação. Entretanto, não importa o grau de sofisticação
desses dispositivos. A palavra final virá do afinador, que verificará os batimentos entre harmônicos
conforme os primeiros 18 passos que se descrevem abaixo na Seção 18.7.4, como também -- para
compensar a não harmonicidade das cordas extremas (Figura 18.2) -- verificará se os intervalos das
oitavas mais altas estão devidamente alongados e, ainda, se os intervalos das oitavas mais baixas
estão devidamente encurtados.
O manuseio correto da chave para tensionar a corda na busca pelo valor estabelecido (calculado
pela equação da afinação temperada) é um outro ponto bem crítico. As sensações que se têm ao
aplicar uma força de torque ao pino (que então alterará a tensão da corda) são descritos na literatura
como pequenos trancos sentidos no antebraço. Eles (os afinadores de nível "sênior") dizem que há
informações importantes em tal sensação.
Tudo indica que somente os anos de prática conferirão ao afinador a audição apurada, o manuseio
sutil e correto da ferramenta e, por fim, a leitura e a devida interpretação da sensação tátil de
aumentar ou diminuir a tensão da corda.
18.8 Breve nota sobre "O cravo bem temperado"
Muito se discute sobre o sistema de afinação a que se destinava "O cravo bem temperado".
Seria ao sistema igualmente temperado? Ou seria tal obra endereçada a um dos
temperamentos irregulares -- como os temperamentos refinados descritos adiante no Capítulo 21
-- que floresceram à época de J. S. Bach?
A este respeito, além do texto da referência [9], há o artigo de Rudolf Rasch [6] escrito em 1985
Does 'well-tempered' mean 'equal-tempered'?, cuja conclusão é como se segue, em tradução livre:
"
'Bom-temperamento é o mesmo que temperamento-igual ? '
...
Por todo o século XIX e até a primeira metade do século XX, ninguém jamais duvidou de que "O cravo bem
temperado" de Bach fora composto para ser tocado em um teclado igualmente temperado, e que
wohltemperierte ou "bem-temperado" significava "igualmente-temperado'. Mas tal fato era considerado trivial,
isto é, não era resultado de um estudo específico.
Algumas dúvidas começaram a ser levantadas nas últimas três décadas (*), depois que um grupo de
musicólogos propôs algoritmos para temperamentos irregulares, os quais, segundo eles, teriam sido
especialmente concebidos para servir ao "Cravo bem temperado". Embora houvesse argumentos válidos para
embasar tais algoritmos, as afinações propostas eram bem parecidas entre si, e não eram muito diferentes das
afinações refinadas Werckmeister III, Kirnberger III, Vallotti, etc.
Um outro grupo de autores contentou-se em afirmar que wohltemperiert significaria um temperamento irregular
capaz de responder pelas vinte e quatro tonalidades. Trata-se de uma visão compartilhada por muitos
estudiosos.
Apresentei neste artigo uma evidência de que a teoria da música alemã do fim do século XVII e início do século
XVIII considerava o temperamento igual como um sistema de afinação particularmente adequado a uma obra
como "O cravo bem temperado" de Bach, com sua ênfase na importância igual para todos os doze tons maiores
e menores. Mostrei também que os argumentos apresentados em favor de um temperamento desigual para "O
cravo" de Bach são, na melhor das hipóteses, uma visão moderna, mas sem comprovação documental. A
conclusão é a de que a visão tradicional -- qual seja, a de que "O cravo bem temperado" de Bach pressupõe
um teclado igualmente temperado -- está correta.
Gostaria de expressar aqui a minha esperança de que, assim como os temperamentos desiguais têm seus
lugares cativos na performance de música antiga, não se pode negar ao temperamento igual o direito de ser
um dos sistemas de afinação disponíveis para a performance de música antiga, sempre que for propício. "
Outras maneiras de abordar este problema são registradas na literatura [1, 2, 3]. Seja como for, algum estudo
ainda precisa ser feito até que uma conclusão mais convincente venha a ser elaborada.
Nem sempre a nota lá4 teve o valor de 440 Hz. Aliás, como não havia uma padrão
internacional, nem interestadual, nem intermunicipal, e nem mesmo para as diferentes
regiões de uma mesma cidade, havia uma variedade grande de valores para o lá4.
Desta maneira, o valor hoje padronizado de 440 Hz para a nota lá4 tem longa história [5]. A
indústria musical internacional primeiramente adotou tal padrão de maneira informal nos anos 1920.
Mas, a partir de 1936, ao menos no caso da indústria norte-americana, a recomendação da ASA
(American Standards Association) era a de que a nota lá acima da nota dó central fosse afinada em
440 Hz.
A Tabela 18.1 abaixo mostra a linha do tempo da nota lá4, contendo alguns valores, datas e locais:
Tabela 18.1 -- Parte da história do valor da nota Lá4. (De acordo com A. J. Ellis [5])
18.10 Reflexão
Convém notar, todavia, que os sistemas musicais do passado nunca são extintos ou
erradicados de verdade. O que se observa nos novos sistemas de construção musical é que
eles abrigam de alguma forma, e em diferentes níveis e hierarquias, todo o passado
conceitual da música.
Referências
[3] J. M. BARBOUR. Tuning and Temperament: a historical survey. Michigan State College
Press, East Lansing, 1951.
[6] R. RASCH. Does 'well-tempered' mean 'equal-tempered' ? In Peter Williams (Org.) Bach, Handel,
Scarlatti Tercentenary Essays, pp. 293-330. Cambridge: Cambridge University Press, 1985.
[8] H. HELMHOLTZ. On the sensations of tone, Capítulo 4, p. 186-197. Dover (Tradução para o
inglês A. J. Ellis, 1885, 1954), 1877.