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Reflexões sobre o vídeo: Índios no Brasil - 1.

Quem
são eles?; e o texto: “Usando a palavra certa pra
doutor não reclamar.”.
Guto Domingues

Sobre o vídeo:

Assistindo ao vídeo não se demora notar um reducionismo em relação ao conceito do


que é, do que representa para nossa cultura e a real importância de sua função como
terça parte de nosso tripé sócio cultural. Culpo esse reducionismo pelo imperialismo
cultural que vivemos e a força que expressões artísticas exercem em nossa cultura
popular criando estereótipos rasos em nosso imaginário coletivo.

A começar pela palavra índio, historicamente errada, tendo em vista que aqui não é a
“índia”, a terra que Cabral procurava ou será que já sabia? Mas isso é outro assunto, a
ser retomado mais adiante. Seria mais justo e correto chamá-los de povos originários, ou
povos ancestrais. O vídeo é uma prova do desconhecimento, do saber raso, cheio de
inverdades, noções preconceituosas e preocupantes.

Impressiona-me a quantidade de denominações desses povos ancestrais. Fico


imaginando a riqueza cultural. Impressiona-me, também, pessoas no vídeo
questionando a natureza do “índio”, se é humano ou animal, Irrita-me ao chamá-lo de
preguiçoso, conceito enraizado, tosco, que precisa urgentemente ser mudado.

Achei bonito um depoimento de um rapaz chamado Bonifácio José (Baniwa - AM), aos
treze minutos e cinquenta segundos, que diz: “... pra onde a gente for a gente vai ser
índio, a gente pode ser doutor, aviador, o que for, mas sempre a gente vai ser índio,
falar nossa língua, saber nossa cultura e da nossa história.”. Bom isso resume tudo.
Não negar as nossas raízes.

A lição que há implícita nesse vídeo é a importância da educação, da quebra de


paradigmas. Transformar a cultura popular, usar todos os meios para resolver esse
problema que a meu ver é extremamente grave e muito presente na nossa sociedade.

Somos Todos Índios.

Sobre o texto de Daniel Munduruku.

Só posso dizer que é fantástico. A análise de termos: Índio, tribo e parente. Preciso falar
de uma sintonia que houve na concepção desse meu texto. Primeiro assisti ao vídeo e
escrevi. E terminei com a frase ”Somos todos índios”, pensando exatamente na acepção
da palavra “parente” conforme Daniel a coloca em seu texto a partir da visão dos povos
indígenas. Também fiquei feliz ao notar que em determinado momento ele usa o termo:
“Ancestrais”. Fiquei feliz pela sintonia e pela sincronicidade na maneira que pensamos.
Talvez seja uma interdiscursividade forjada a partir de ideias que li e ele também. Mas
prefiro pensar que a necessidade de dar voz ao que é certo seja tão óbvia que no
caminho das reflexões elas vão se encontrar, como agora. Daniel também escreve sobre
os preconceitos que são escancarados no vídeo. Parece-me que o lugar comum virou
regra. Um clichê estereotipado preconceituoso que dá força a argumentos falaciosos:
selvagem, atrasado, preguiçoso, canibal, estorvo, bugre são alguns deles. Conforme
escritos no texto.

Minha opinião tendo em vista esse paralelo entre o vídeo e o texto:

Devemos com urgência repensar o papel da escola, para ressignificar as palavras,


acabar com os preconceitos e dar o devido valor à diversidade da cultura desses povos
nativos, ancestrais.

Terminei com um clichezão, mas não vejo outra forma de mudar a realidade. Tudo se
resume às ideias erradas criadas, boa parte em culpa de expressões artísticas que
estereotiparam os povos, negaram-lhe sua verdadeira história e esconderam sua cultura.
E que são reforçadas nas escolas em infames “Dias do Índio”.

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