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DIREITO ADMINISTRATIVO

TESTE ESCRITO

28 - 01 – 2019

CRITÉRIOS DE CORREÇÃO

1. O texto do artigo 3.º/2 do CPA é claro no sentido de que os atos administrativos


praticados em estado de necessidade são válidos e não apenas imunes ao controlo
judicial.

O estado de necessidade é um princípio de direito administrativo válido para


todas as áreas de atividade, permitindo à Administração pública decidir ou agir
à margem da legalidade, quer tomando decisões que normalmente seriam ilegais
(quanto ao conteúdo ou por inobservância das regras procedimentais), quer
atuando sem decisão prévia (artigo 16.º do CE).

No entanto, as medidas adotadas pela Administração só serão legítimas se


respeitarem o princípio da proporcionalidade. Assim, só poderão ser adotadas
medidas, que, em geral, seriam ilícitas, se respeitarem três requisitos:

a. Se e enquanto forem exigíveis pela situação de necessidade (subprincípio


da necessidade);
b. Se e na medida em que forem adequadas para resolver as situações
(subprincípio da adequação);
c. Se e na medida em que forem proporcionais à gravidade da situação
(subprincípio da proporcionalidade em sentido estrito).

O estado de necessidade não pode legitimar atuações dispensáveis,


despropositadas ou excessivas.

Além do mais, as medidas que causarem danos aos particulares, apesar de legais,
por justificadas pelo estado de necessidade, dão lugar à reparação
correspondente, como decorre expressamente do artigo 3.º/2 do CPA, mas que
resultaria sempre das regras gerais da responsabilidade civil da Administração
(Lei n.º 67/2007, de 31 de dezembro, sucessivamente alterada).

2. Estamos perante normas autorizativas em que o elemento de ligação entre a


hipótese e a estatuição da norma administrativa é o conceito pode (ou então
normas com medidas ou soluções alternativas – na estatuição).

De modo que há discricionariedade quando a lei permite à Administração (uma


vez verificadas as condições por ela fixadas) a escolha, de entre as várias soluções
possíveis, daquela que melhor materializa a realização do interesse público sem
se divorciar da tutela das posições jurídicas substantivas dos particulares. Mas
o exemplo dado apela ainda – ao utilizar expressões como “sobrecarga
incomportável para as infraestruturas” – à problemática dos conceitos jurídicos
relativamente indeterminados, que nós não reconduzimos nem à atividade
vinculada (interpretação), nem à atividade discricionária (tese unitária e
integrada do poder discricionário).

Quando confrontados com conceitos imprecisos tipo, a posição sufragada foi, com
algumas adaptações, a da margem de livre apreciação, que tem por função
justamente restringir a margem de livre decisão administrativa e
simetricamente acentuar o controlo jurisdicional (Para mais desenvolvimentos,
cfr. A Ciência Jurídica Administrativa, op. cit., p. 283 e segs.).

Para responder diretamente à pergunta, cuja argumentação depende da tese


adotada, o legislador parece, à primeira vista, decantar-se pela conceção ampla
do poder discricionário, ao insinuar a relação da discricionariedade
administrativa com os conceitos jurídicos indeterminados.

Não é o nosso entendimento, pelo que o órgão autárquico competente só


recuperaria alguma margem de livre apreciação naquilo que se revele
absolutamente indeterminável no conceito jurídico relativamente
indeterminado.

No plano hermenêutico, acresce um outro argumento de caráter gramatical, a


utilização do advérbio “comprovadamente”, o que vincularia o órgão a decidir
negativamente a pretensão sempre que a operação urbanística constituísse,
comprovadamente, uma sobrecarga …

Assim sendo, a referida expressão seria qualificável como conceito


classificatório, por justamente não ser verdadeiramente indeterminado, uma vez
que a sua aparente imprecisão é resolvida em sede de interpretação jurídica ou
com apelo a conhecimentos objetivos de natureza técnico-científica, com
consequências ao nível do controlo jurisdicional e da tutela dos direitos do
particular.

3. A Universidade do Porto como uma fundação pública de direito privado, pessoa


coletiva pública de substrato fundacional que constitui uma forma de Administração
Autónoma (cfr. artigos 48.º, n.º 1, alínea a) da Lei-quadro dos Institutos Públicos e
76.º da CRP); excluída do âmbito de aplicação da Lei-Quadro das Fundações (cfr. n.º
8 do artigo 6.º da Lei n.º 24/2012, de 9 de julho; desempenho de atividade não
empresarial; a natureza pública da personalidade determina o Direito
administrativo como o regime-regra aplicável; a privatização quanto ao direito
aplicável em confrontação com as demais formas de privatização; a aplicação residual
do Direito privado e a reserva constitucional de Direito Administrativo; o caráter
determinante da natureza do vínculo; artigo 2.º do CPA.

4. O câmara municipal e o presidente da câmara municipal como órgãos do município


(cfr. artigos 250.º e 252.º da CRP, 56.º e seguintes da Lei n.º 169/99, de 18 de setembro,
e 33.º e seguintes da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro); natureza da delegação de
poderes; requisitos da delegação de poderes (cfr. artigos 36.º e 44.º e seguintes do
CPA e artigo 34.º da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro); em especial, a ineficácia do
ato de delegação (cfr. artigos 44.º, 47.º, n.º 2, 159.º e 158.º, n.º 2 do CPA); a
anulabilidade dos atos praticados ao abrigo da delegação de poderes ineficaz por vício
orgânico de incompetência relativa (cfr. artigo 163.º, n.º 1 do CPA); a possibilidade
de ratificação (cfr. artigo 164.º do CPA); o princípio da imparcialidade (cfr. artigos
266.º, n.º 2 da CRP e 9.º do CPA); as garantias de imparcialidade: a cláusula aberta
do artigo 73.º do CPA e o caráter exemplificativo do nº 1; o procedimento de escusa e
de suspeição (cfr. artigos 74.º, 75.º e 70.º, n.ºs 4 a 6 do CPA); a anulabilidade da
autorização por vício material por violação do princípio da imparcialidade (cfr. artigo
163.º, n.º 1 do CPA); as causas de perda de mandato, em especial, o disposto na alínea
d) do n.º 1 e no n.º 2 do artigo 8.º da Lei n.º 27/96, de 1 de agosto; artigo 11.º da Lei
n.º 27/96, de 1 de agosto.

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