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46 rer ade soy mus prec tte “tliptico, em uma viedo lateral ela pareceria disforme ¢ demasi fel, perdendo toda sua betera, Fischer on Evlach optou por ‘esta forma — que inclusive The garantia toda sorte do vantagens © novidades — seguramente porque as visdes laterais estavam ‘obstrufdas, e apenas a visao frontal poderia ascegurar a propor tionalidade da cdpula, Subtrair da obra este fmdamento essen- _ tial de toda a sua concepezo seria privar o mestre de sta autor the artistica, submetendo-o a uma grande injustica. Pxleriamn ser citados vérios casos semelhiantes. De fato, es- Dhisessdo pelo isolamento de ecificios 6 um modismo nefasto que Reinhard Baumeister, em seu manual da constragdo urbana”, then elevar & categoria de norma com as seguintes palavras: Constracées antigas devem cor preservadas, mes desimpedidas ‘estauredas”. Daf se deduz que, através de reformas em sta ‘volta, tais obras devam ser isoladas e alinhadas. aco ixos tias. Esce fendmeno ocorre por toda parte, ¢ hoje floresce © refinamento de se isolarem antiges portdes de burges. Assim, " Itolouse o Holstentor em Liibeck, 0 Tangermitindetor em Sterne ‘lal, o Karlstor em Heidelberg, e, recentemente, foi cercata a Horta Pia en Regensbnr; De fal, una cis muito bona, eo do im portio que néo se atravessa, mas em torno do qual se passeia! Stadt Breit in eigen in ecanir, eupolztcker ind wither sil ry (is expanses urbanas em sus lager Henieas adoiurain ¢ worden etn icra ot td Ror, ara, tort) emer cone). 3 A coesao das pragas A construcao de izreias e palécios encostados em outros ed ficios nos condua de volta ac modelo do féram antigo, com seu fechameento rigoroso em relacdo ao espago externo. Quando se ‘estuda esta caracteristica peculiar nas pragas medievais e renas- Centistas, em especial na Italia, logo se percebe que cla é a respon sével pelo extraordinério efeitd harmonico do conjunto e que, tam- ém nesse Ambito, a tradigao se manteve por muite tempo. Pelo que vimos até agora, € evidente que um espago vazio no meio de uma cidade se transforme em praca sobretudo devido a este fator. Hoje, em contrapartida, € designado por praca qualquer cespaco vazio entre quatro ruas. Talver-esta circunstancia seia Sufi Cente em Wurmus Ue higiene ou de oulsas consideragées técniens, ‘mas, sob 0 ponto de vista artistico, um terreno vazio nao é uma praca. No rigor da palavra, sob esse aspecto ainda falta muito no tangente a ormamentacan, significado ¢ carter, pois, assim como existem aposentos mobiliados & aposentos vazias, também pode- riamos falar de pragas mobiliadas e pragas ainda nto-mobilindas — tanto em mm caso aitanto no outr, a condicao essencial € 0 fechamento do espaco. ‘A.construcio urbana modema também desconece este que 60 mais importante e imprescindivel pressupesto do efeito artis- tico. Entre 0s antigos, ao contrério, eram utilizados 08 mcios mais divergos para a obtencio de um espaco fechado, sob quaisquer cir- cunsiancias. E verdade que este empenho encontrava apoio na tra: digao, favorecido ainda pela habitual estreiteza das ruas e pelas pouicas necessidades éo trinsito, mas 0 esplendor de seu talento € de sun inluigso manifestava-se justamente sob as condigdes mais adversas, otc do clas tains ie pene ites femplos seguintes demonstram fgso em detalhes, © ples 6 aqucle em que, da massa de casas, € recor: mn ep dante de un ef monument ny Nello que corresponde, com grande adequact, Pbcessdade deum cercameno contnue se eg, =U ficios. Entre os inimercs exemplos desse tipo, ‘fomemos a pequena Praga de &. Govannt era Bese “cin (ig, 23). Em uma praca assim amide desem- “Dogatsinda uma searnda ria, mas procurendo se Tuan{er una visia restrta, 2o menos nas lighes ‘de visto meis importantes, sobre o edifieo princi: pil, Basa cocado de toda a imagem urbana to sa ue n2o ha como se olhar para fora da praca — é obtida aN de tartos meles, que nao pedomoo falar de un mero acase, Mullis vezes, pode ter sido acaso Fy 24 ‘8 condicoes fossem favordveis ‘mad ancy 9 dea praca chegar & sua forma j, mas a manutencao e o wsuiruto dosti sitteao j4 nao constituem Mild uni acno. Hoje, em uma: — g unstincia semelhante, tais casuali- ladies seriam radicalmente ignora- div nos muaros que cercam a praca nam abertas brechas muito lar- i cono de fato acontece em toro. nile antiges praces fechadas ‘largadas e modernizadas, “Thunbem nao © por acaso que GucAntramos um sistema de de: a ibocadura de ruas radicalmente unease 9 80 moderno em todas as 2 (edenen dala Skoda: ipa antigas. Hoje, é norma el eal aie eater % dois cuss. perpendiculares A tatters! | cud canto da praca, talves para AU (Pasta Grande) All abertura om seu muro se tome ainda maior e cada um ‘chaniales“blocos de casas” “blocos de edlficios"” porma- i wolddo, sem que o efeto conjnte soja eoeso, Entre os a 1A rogra era jusiamente o oposto, ou seja, em Cada engulo da Wacleve desembocar, a medida do posse! apenas nine dea {se houver uma perpendicular, esta desemboca na primeira, bem adiante, onde jd nao pode ser vista da praca. E mais: peckivamente, duserbock © Betelock, (N, oT.) Reet ds rsa 49 ‘oyna trés 04 quatro ruas desembocam em diferentes angulos da “Praja dle mancira que todo este procedimento deve ser encaraclo ‘como'um dos principios conscientes cx intaitivos predominantes Be nna construgdo urbana antiga, dada sua grande freaiiencia e a gama de variacoes I WRF ff dosenvoividas a partir dele. Em uma reflexdo mais atenta, ¢ facil compreender aque este fipo de orientapdo das rus em Spa] forma de pés de turbinas representa a ro escola mais opctna, pis em gualuer “] onto da praca ce tem tma nica visio oa vena Pata fora dela, portanto, ocorre ima tinica re: pase teow) interrupeto nd conjunto dos edifcos, de forma que a coesio de todo 0 contorno da praca parece continua ‘a partir de qualguer porto dentro dela, daco ue, vistos obliqna- mente, 08 edfeios juntos embocadurae das ras as ocaltam eoat- ia 38 pletamente, © através desta Cobertura reciproca, garantida eee eel | el pela perspectiva, nao ha lacu = aac has desagradaveis na coesao do todo. ‘Todo o segredo consiste ‘no fato de as ruas serem per- CEG eric bs ints devi 1 = ¢ nip ples um arta at Pas §, ite 2 foi empregado por cone- ce ra GLTERE 6 acy el megade por cone ceneiros desde a mais remota Idede Melia — amide da maneita mais refinada possivel — sempre que se tratava de ocultar, ou ao ‘menos de tornar dsoretos, encalxes de madeira ou peda, O cha mado “entalhe de marceneiro’ deve sua origem e seu uso fre- qiente a esta circunstancia. Entre og exemplos mostrados aqui, a praca da catedral de Rayena (fig. 25) ¢ a que melhor ilustra essa composigao tao enge- nhosa, tambgm encontrada na praca éa catedral de Pistéia e em muitas outras. A Piazza S. Pietro er Mantua (fig. 26) mostra esse mesmo tipo, realizado em sua forma mais pura, enquanto & Praga de S. Clemente em Brescia (fig. 27) coresponde ele ape- nas em parte. A regra acima descrita apresenta-se de manera um tanto disfargada na Piazza della Signoria em Florenca (fig. 28), Enquanto esta regra 6 observada nas lagas ras principal, as Tuas menores, com cerca de um metro de largura (perto da. Loggia dei Lanzi), na realidade sio bem pouco visiveis, muito HO ‘A conmtugre das cides guns su princi antics ‘menos que no plano. Um panorama do Mercado Nevo de Viena Wy 29) demonstra como € possivel obter-se uma visio fechada « Moypeito da desembecadura de rias, até mesmo 2s ‘nals largas. Ainda que nao inteiramente, esta praca. também ¢ composta segundo o mesmo principio, ° peal fuvsim como @ grande praca da prefeitura de St. i Dit: P92 Polten ¢ intmeras outras, Pode-se inferir que este item subjaa, a0 menos parcialmente, a uma quan- fidade espantosa de pragas em todas as plantas mos ftidas nos capitulos anteriores, bem como nos soxruintes, Porém, ainda nio esgotamos 08 métodos utili- rados pelos antigos para manter coeso 0 fechamento de uma praca, Um motivo muito empregado para se obter tal efeito é 0 porico com arcadas amplas enci- nado por edificagdes, que possibilia lama excelente coesid da vista, desi- hindo-se a variagio da quantidade e das dimensdes das aberturas segundo nsidade do tréfego local, Esse v0 espleadido hoje pode sex vonsiderado morto ou, melhor dizendo, erradicade. E novamente Florenca que nos fornece 9 melhor exempio, onde 0 Portico degli Uffizi, préximo 2 Signoria (fig. 30), permite uma hla vista sabre a Rin Aran. Na Talia, pouicas das cides mais importantes deixaram de fazer uso deese procedimento, que tam- bem é bastante familiar a0 norte dos Alpes. Enumerando'se ape: nas alguns dos exemplos mais magnificos, lembremos aqui 0 Langgasser Tor, em Dantzig, com trés areos de passagem ¢ enicimado por uma cons:rucao palacial da mais sutil articulacao © proporgdo; em Bruges, o pértico, também encimaca por uma construgdo, entre o Hotel de Ville © 0 Paliécio da Justica; a origi nal Kerkboog (ou Iireia-Arco), em Nijmegen, construféa em 1542 por W. Nimberger. Encontramos uma planta semelhante ‘esta em Drescen, na passagem (encimada por um edificio) entre a Birgerwiese e a Portikusstrasse, com duas passesens para ver culos e das para pedestres, de forma que do hd 0 menor impe dlimento do transito © nem uma ruptura na perfeita coesto da praca, A beleza quase incompardvel da Josephsplatz, em Viera, também foi aleangacla gragas & mediacio de dois portées em areo, que possiblitaram o fluxo necessirio do tinsiio, conservando esas as suas és fachaclas principals, soberhamente articuladas, 5.clonente Fa, 28 81 ‘Ars On ae ea Como nesta praca, podemos encontrar em todos of tipos | pullacete portées simples ou em forma de arcos de triunfo, ly, 90 — Rovenges Pontes deal Ula Uijiudos ao transit urbano de pedestres ou yeiculos, Se fase rluir sau os portais de palfcios e prefeituras mais impor- 99, (crfamos uma quantidade imprevistvel das variagSes deste 'vo {Ho frutifero que, no entanto, permanece ignotado pelo lorno construtor de cidades. ‘Dando segiiéncia as nossas comparagdes com a Antigii- I, now lembbremos aqui do portico de acesso ao Korum de pin (fi. 33). Nees is 53 ‘Tedavia, ainda n&o eagotamos os métodos antigos empre- ‘gailos para garantir o fechamento das pracas, pols ainda nao foram mencionadas as colunatas. A Praca de S. Pedro, a maior de Roma, € formada por apenas uma colunata, embora 0 us0 mais fregiiente deste motivo sempre se tenha relacionado, com ‘erande sucesso, ao preenchimento de lacanas. Algumas vezes, combinam-se colunatas e pOrticos encimados por edliffeios, como 1va praga da catedtal de Salzburg. Emm outios casos, as colunates tomam-se muros arquitetonicamente articulados, como na Piazza S. Maria Novella, em Florenga, ow transformam-se em murals cercando a praga, com entradas simples ou na forma de arcos Ge triunfo, como na antiga residencia episcopal de Bamberg (de 1501); na prefeftura do Altenburg, do arguiteto A. Grohmann (de 1562-1564), na antiga universidade de Freiburg im Breisgau; e em inimeros cutros lugares, Outrora muito mais do que hoje, encontrévamos logeias abertas, ao nivel do chao ou er pisos superiores mesmo em cons. trugdes monumentais isolades, como nas prefeituras de Halle (¢o arquiteto N. Hofmann, 1548) ¢ de Colénia (do arquiteto W. Ver: nicke, 1569). Entre os inimeros exemplos, lembremos apenas: ‘as arcades da prefeitura de Paderborn; a prefcitura de Ypres (construfda entre 1621 ¢ 1622 pelo arquiteto J. Sporemann); as arcadas da. antiga prefeitura de Amsterdam; 0s pérticos em arcadia da prefeitura de Litbeck: a arcada coberta da Gewandhaus em Brunswieks, a prefeitura de Brieg, com sua logyia superior aberta entre a3 duas torres de canto; as varias pracas do mer- cade de Minster ¢ de Bolonba, com ercadae cobertas; e 0 Por- tico dei Servi, também em Bolontia, Nao devemos esquecer tam- bbém o belo pSrtivo do Palazzo del Podesta oa maravilhosa arcada de Monte Vecchio, em Brescia; as belas loggias de Udine e de S. Annunziata, em Fiorenca. Por fim, encontramos 0 motivo ¢a arcada aberta empregado das mais diversas maneiras na arquite- tura de pitios, mosteiros, cemitérios ete. Em tempos antigos, todas as cisposigdes e formas arquitetd- nricas citadas egrupavam-se espontancamente como um sistema completo para 0 fechamento de pracas, em oposicao ao qual hoje ‘cbservamos © empenho em ee manterem as pracas abertas. Com base no que vimos até agora, fica claro 0 sentido deste processo —o aniquilamento das pragas antigas. Onde quer que tal projeto infortunado tenha sido realizado, perdeurse para sempre 0 efeito hharmonioso do espago como tm todo co2so. A eamtrann dani sind anni ose Fig. 31-0 Poeun do Fompue 4 Dimensao e forma das pragas Aeiess a relacdo entre as praras @ os seus edificios princi. pais sob o aspecto da forma, podemes identificar duas categorias de pracas: as de largura e as de profundidade. Esses tipos depen: dom apenas da posigdo do observador ¢ de direedo do seu olhar. Detinimos se uma praca 6 de um tipo ou de outro quando o obsorvador se encontra defronte 20. principal edificio de tode 0 conjunto, Segundo este parémetro, a Praca de S. Croce em Florenca (fig. 92) deve ser considerada uma praca de protunddade, ig 32 ‘ou uma praca longa, 4 que todos os seus com: ponentes estio dispostos em relagao a fachada principal da igreja. Esta é a melhor directo ‘pata se observar a praca ¢ as suas construces ‘mais importantes; suas dimensoes, sua forma a p £88 omamentagio figurativa estio orientadas TRF hessa diregio, de modo a provocar o melhor efeito possivel. Em uma reflexéo mais atenta, convencemo-nes de que as pragas de profundidade s6 causam uma impressao. vantajosa quando 0 ecificio principal est a0 fundo (portanto em um dos Jagos mais estreitcs) e apresenia uma dimensdo similar & da praga, ott seja, maior em altura que em largura, como costuma ser 0 caso das fachadas de igreja. Por outro lado, uma praga diante de um ecificio em cujas dimensdes predomina a largura — caracterss- tica tipica de prefeituras — deve manter uma forma correspon- Mloransa)§, Coe

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