Você está na página 1de 8

DISCIPLINA: Teorias e práticas de análise de produtos audiovisuais

CURSO 2017/1: Horror fílmico - Questões de análise e teoria do gênero

PROGRAMA
OBJETIVOS:
Discutir questões relativas à análise de filmes de horror a partir de diversas abordagens teóricas do
tema, buscando oferecer um panorama do gênero em diferentes períodos históricos, estilos e
nacionalidades.

JUSTIFICATIVA:
O horror foi ao longo do século XX um dos gêneros mais praticados pela indústria cultural, no entanto
sua história começou mais de cem anos antes. Esse gênero narrativo, que se desenvolveu desde o
final do século XVIII, vem sendo um dos mais discutidos pela teoria literária, e está também presente
no debate sobre o teatro e as artes visuais.

Desde que chegou às telas, por volta de 1910, o horror tem despertado discussões variadas, que
envolvem as relações do cinema com a filosofia, a psicanálise, os estudos culturais, a teoria crítica, a
crítica feminista etc. Nos últimos trinta anos, os teóricos também têm se interessado pelo caráter
espetacular do gênero e por sua capacidade de provocar fisicamente os espectadores, o que abriu um
novo leque de discussões.

O horror cinematográfico se consolidou em Hollywood ao longo da década de 1930, mas, entre os


gêneros clássicos foi um dos que se distanciou da matriz melodramática, o que lhe deu uma
configuração particular e chamou a atenção do cinema moderno e experimental a partir dos anos
1960.

Desde então, o horror tem sido um dos gêneros mais praticados no mundo todo, em parte por
influência da “tradição B” desenvolvida por Hollywood, voltada a filmes de produção barata e de
grande apelo popular. Por essa mesma razão, o gênero vem se mostrando bastante flexível às
tecnologias amadoras, sendo hoje um dos mais praticados nessa modalidade.

Pelo baixo status cultural, o horror também tem uma relação considerável tanto com a o mundo da
pornografia quanto com esferas da contracultura, sendo por isso um campo interessante para o
estudo de subculturas e de mercados alternativos de produção e consumo de filmes.

Por outro lado, a tendência do gênero a aliar-se à ficção-científica permite amplas reflexões sobre as
relações da sociedade com o progresso tecnológico e com fenômenos contemporâneos como a
cibercultura, a engenharia genética e a interação cada vez mais intensa entre homens e máquinas.

Finalmente, por voltar-se diretamente ao universo das pulsões, o horror deu origem a abordagens
hermenêuticas diversas, tanto da psicanálise quanto das ciências sociais, o que o torna objeto rico
para a reflexão sobre a cultura contemporânea.

CONTEÚDO (EMENTA):
O debate sobre as definições do horror como gênero narrativo

ALTMAN, Rick. Film genre. British Fim Institute, 1999.


GUNNING, Tom. “Uma visita ao mundo das sombras”. In: XAVIER, Ismail (Org). O Cinema no
Século. São Paulo: Imago, 1995.
LOVECRAFT, Howard Phillips. O horror sobrenatural na literatura. Rio de Janeiro: Francisco
Alves, 1987.
MORGAN, Jack. The Biology of Horror: gothic literature and film. Southern Illinoys Press, 2002.
280 p.

O horror como sintoma: Dilemas masculinos no entre-guerras

SPADONI, Robert. The Uncanny Bodies: The coming of sound film and the origins of the horror
genre. Los Angeles: University of California Press, 2007.
WOOD, Robin. The American Nightmare: Essays on the Horror Film. University of Michigan
Press, 1979.

O horror e suas origens literárias: A hesitação fantástica

TODOROV, Tzvetan. Introdução à Literatura Fantástica. São Paulo: Perspectiva, 2007.


JAMES, Henry. A Volta do Parafuso.

O horror e suas origens teatrais: A violência como atração

ARNAUD, Diane. ”L’attraction fantôme dans le cinema d’horreur japonais contempornain”. In:
Revue d´etudes cinematographiques. Vol 20, n. 2-3, Qébec, Université de Montreal, 2010, pp. 119 a
142.
DÉSILE, Patrick. “Spectacles douloureux, exhibitions malsaines. Présentations et
représentacions de la mort à Paris au XIX”. In: Revue d´etudes cinematographiques. Vol 20, n. 2-3,
Qébec, Université de Montreal, 2010, pp. 41 a 6.

O gênero horror e a autoria

CANEPA, Laura. “À meia-noite levarei sua alma”. In: ALMEIDA, Rogério; FERREIRA-SANTOS,
Marcos. O cinema como itinerário de formação. São Paulo: Képos, 2011.

O horror e o melodrama feminino

HANSON, Helen. Hollywood heroines: women in film noir and the female gothic. Londres;
Nova Iorque: I.B.Tauris, 2007.

O horror e a transgressão política


HAWKINS, Jean. Cutting Edge: Art-Horror and the Horrific Avant-garde. Minneapolis: University
of Minnesota Press, 2000.

Horror e ficção-científica: Os dilemas do progresso

SCONCE, Jeffrey. Haunted Media: Electronic presence from Telegraphy to Television. Duke
University Press: 2000.
WILLIS, Martin. Mesmerists, Monsters, and Machines: Science Fiction and the Cultures of
Science in the Nineteenth Century. Kent State University Press, 2006.

O horror e a comédia

MORGAN, Jack. “Mortal Coils: The Comic-Horror Double Helix”. In: _____. Biology of Horror:
gothic literature and film. Southern Illinoys Press, 2002.

O horror, o insólito e o realismo maravilhoso

CHIAMPI, Irlemar. O realismo maravilhoso. São Paulo: Perspectiva, 1980.

O horror e a noção de lixo cultural

SCONCE, Jeffrey. “Trashing' the academy: taste, excess, and an emerging politics of cinematic
style”. In: Screen. V. 36. 1995. p. 371-393.

Horror e exploitation

WILLIAMS, L. “Film bodies: gender, genre, and excess”. In: R. STAM; T. MILLER (Orgs.). Film and
theory: an anthology. Oxford: Blackwell, 2000, p. 207-221.

O horror e o documentário

GRANT, Barry Keith. “Digital ansiety and the new verité horror and sf film”. In: Science Fiction
Film and Television. Vol. 6, Issue 2, Summer 2013, pp. 153-175.

O horror como representação de crises sociais: O caso do Brasil

LOWENSTEIN, Adam. Shocking Representation: Historical Trauma, National Cinema and The
Modern Horror Film. New York: Columbia University Press, 2005.

ENTREGA DOS TRABALHOS: ATÉ 27/06


BIBLIOGRAFIA:
ALTMAN, Rick. Film genre. British Fim Institute, 1999.

ARNAUD, Diane. ”L’attraction fantôme dans le cinema d’horreur japonais contempornain”. In: Revue
d´etudes cinematographiques. Vol 20, n. 2-3, Qébec, Université de Montreal, 2010, pp. 119 a 142.

ARNOLD, Sarah. Maternal Horror Film: Melodrama and Mothehood. New York: Palgrave Macmillan,
2013.

AUMONT, Jacques. À quoi pensent les films. Paris: Seguier, 1996.

BERENSTEIN, R. “Spectatorship as Drag: The Act of Viewing and Classic Horror Cinema.” In: WILLIAMS,
Linda. Viewing Positions: Ways of Seeing Film. New Brunswick, Rutgers University Press, 1995.

BORDWELL, David. Making Meaning: Inference and Rhetoric in the Interpretation of Cinema.
Cambridge (USA): Harvard University Press, 1991.

BOUTAG, Adriénne. “Um novo gênero ruim – O torture-porn”. In: GARCIA, Demian. Cinemas de
Horror. Curitiba: Estronho, 2014, pp. 87-108.

BRENEZ, Nicole. Traitement Du Lumpenproletariat Par Le Cinéma D'avant Garde. Paris: Séguier, 2006.

CÁNEPA, Laura. “Visões terríveis do Brasil”. In: MIRANDA, Marcelo (org.) Medo e Delírio no Cinema
Brasileiro. Catálogo de Mostra. Belo Horizonte: 2014.

_______. “À meia-noite levarei sua alma”. In: ALMEIDA, Rogério; FERREIRA-SANTOS, Marcos. O cinema
como itinerário de formação. São Paulo: Képos, 2011.

CARROLL, Noël. A filosofia do horror ou Paradoxos do coração. Campinas: Papirus, 1999.

CAUSO, Roberto de Sousa. Ficção científica, fantasia e horror no Brasil (1875 a 1950).
Belo Horizonte: UFMG, 2003. 337 p..

CHIAMPI, Irlemar. O realismo maravilhoso. São Paulo: Perspectiva, 1980, 184 p.

CLOVER, Carol. Men, Women, and Chain Saws: gender in modern horror film. Princeton University
Press, 1993.

CREED, Barbara. The Monstrous-Feminine: Film, Feminism, Psychoanalysis. New York, Routledge,
1993.

DRAKAKIS, John; TOWSHEND, Dale. Gothic Shakespeares. New York: Routledge, 2008.

DELUMEAU, Jean. História do Medo no Ocidente. São Paulo: Cia das Letras, 2002.
DÉSILE, Patrick. “Spectacles douloureux, exhibitions malsaines. Présentations et représentacions de la
mort à Paris au XIX”. In: Revue d´etudes cinematographiques. Vol 20, n. 2-3, Qébec, Université de
Montreal, 2010, pp. 41 a 6.

DOHERTY, Thomas. Teenagers and Teenpics: the juvenilization of American Movies in the 1950´s.
Philadelphia: Temple University Press, 2002.

______. Pre-Code Hollywood: Sex, Immorality, and Insurrection in American Cinema, 1930–1934.
New York: Columbia University Press, 1999.

EISNER, Lotte. A Tela Demoníaca. As influências de Max Reinhardt e do expressionismo. 2. ed. São
Paulo: Paz e Terra, 2002.

FELINTO, Erick. A religião das máquinas: ensaios sobre o imaginário da cibercultura. Porto Alegre:
Sulina, 2005.

FELINTO, Erick. “O Estranho Caso do Doutor Mabuse e o Fantasma de Münsterberg: O Cinema Como
Experiência Psíquica Entre a Ortopedia e a Patologia”. VER AONDE

FERRARAZ, Rogério. “Para sempre, nos sonhos: Lynch, Hoffmann, Freud e o estranho”. In: FABRIS,
Mariarosaria; GARCIA, Wilton; CATANI, Afrânio Mendes (Org.). Estudos Socine de Cinema: Ano VI. São
Paulo: Nojosa, 2005. p. 169-176.

FERREIRA, Cid Vale. (Org). Voivode: Estudos sobre os vampiros. Jundiaí: Pandemonium, 2003.

FREUD, Sigmund. “O estranho”, 1919. In: Obras Psicológicas Completas. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
pp. 233-270.

GELDER, Ken. The Horror Reader. London: Routledge, 2000.

GRANT, Barry Keith. “Digital ansiety and the new verité horror and sf film”. In: Science Fiction Film and
Television. Vol. 6, Issue 2, Summer 2013, pp. 153-175.

GREVEN, David. Representations of Femininity in American Genre Cinema: The woman´s film, film
noir and modern horror. Nova Iorque: Palgrave Macmillan, 2011.

GUIDO, Laurent. “De l’opéra de l’oeil aux films à sensation: musique et théâtralité aux sources de
l’horreur cinématographique.” In: Revue d´etudes cinematographiques. Vol 20, n. 2-3, Qébec,
Université de Montreal, 2010, p. 13 a 40.

GUNNING, Tom. “Uma visita ao mundo das sombras”. In: XAVIER, Ismail (Org). O Cinema no Século. São Paulo:
Imago, 1995.

HALBERSTAN, Judith. Skin Shows: Gothic Horror and Technology of Monsters. Duke Univesity Press:
1995.

HAND, Richard J. “Aesthetics of Cruelty: Traditional Japanese Theatre and the Horror Film.” In: McROY,
Jay (org). Japanese Horror Cinema. Honolulu: University of Hawai Press, 2005, p. 18-29.
HANSON, Helen. Hollywood heroines: women in film noir and the female gothic. Londres; Nova
Iorque: I.B.Tauris, 2007.

HAWKINS, Jean. Cutting Edge: Art-Horror and the Horrific Avant-garde. Minneapolis: University of
Minnesota Press, 2000.

HELLER-NICHOLAS, Alexandra. Found footage horror films: fear and the appearence of reality.
London: McFarland, 2014.

HUMPHRIES, Reynold. The American Horror Film: An introduction. Edinburgh: Edinburgh UP, 2002.
224 p.

HUTCHINGS, Peter. The Horror Film. New York: Taylor & Francis, 2004.

JANKOVICH, Mark. “Introduction”. In: JANKOVICH, Mark (org). Horror, The Film Reader. Londres:
Routledge, 2002.

KAYSER, Wolfgang. O Grotesco. Tradução de J. Guinsburg. São Paulo: Perspectiva, 1986.

KING, Stephen. Dança macabra: O terror no cinema e na literatura dissecado pelo mestre do gênero.
Rio de Janeiro: Prisa Edições, 1981.

KRISTEVA, Julia. Powers of Horror: An Essay on Abjection. New York: Columbia University Press, 1982.

LENNE, Gérard. El cine fantástico y sus mitologías. Barcelona: Anagrama, 1974.

LOVECRAFT, Howard P. O Horror Sobrenatural em Literatura. Tradução de Celso M. Paciornik. São


Paulo: Iluminuras, 2007.

LOWENSTEIN, Adam. Shocking Representation: Historical Trauma, National Cinema and The Modern
Horror Film. New York: Columbia University Press, 2005.

MANNA, Nuno. A tessitura do fantástico: narrativa, saber moderno e as crises do homem sério. Belo
Horozionte: Intermeios, 2014.

MATHIJS, Ernest; MENDIK. Xavier. Alternative Europe: Eurotrash And Exploitation Cinema Since 1945.
London/New Yprk: Wallflower Press, 2004. VÁRIOS

MORGAN, Jack. The Biology of Horror: gothic literature and film. Southern Illinoys Press, 2002. 280 p.

NEALE, Steve. Genre and Hollywod. London: Routledge, 2000.

PEARY, Danny. Cult Movies: The Classics, the Sleepers, the Weird, and the Wonderful. New York:
Gramercy Books, 1995.

PHILLIPS, Kendall R. Projected Fears: Horror Films and American Culture. Westport: Praeger
Publishers, 2005.
PIEDADE, Lúcio dos Reis. “O Pasteleiro – Um exercício de sexo e horror no cinema brasileiro”. In:
SANTANA, Gelson; LYRA, Bernadette. Cinema de Bordas. Sao Paulo: A Lápis, 2006.

PINEDO, Isabel Cristina. Recreational Terror: Women and the Pleasures of Horror Film Viewing. New
York: State University of New York, 1997.

RODRÍGUEZ, Carina. El cine de terror en Argentina: Producción, distribución, exhibición y mercado


(2000-2010). Buenos Aires: Universidad Nacional de Quilmes, 2014.

RUSSELL, Phil. Beyond the Darkness: Cult, horror and extreme cinema. NY: Bad news press: 2012.

SCHNEIDER, Steven Jay. “Murder as Art/The Art of Murder: aestheticising violence in modern
cinematic horror,” in: BLACK, Andy (Ed.). Necronomicon: the journal of horror and erotic cinema, vol.
4. Hereford: Noir Publishing, 2001.

SCONCE, Jeffrey. “Trashing' the academy: taste, excess, and an emerging politics of cinematic style”. In:
Screen. V. 36. 1995. p. 371-393.

______. Haunted Media: Electronic presence from Telegraphy to Television. Duke University Press:
2000.

______. Sleaze Artists: Cinema at the margins of taste, style, and politics. Duke Universitry Press:
Durhan end London, 2007.

SINGER, Ben. Modernidade, hiperestímulo e o início do sensacionalismo popular. In: CHARNEY, Leo;
SCHWARTZ, Vanessa R. O cinema e a invenção da vida moderna. São Paulo: Cosac & Naify, 2004, p.
95-125.

SPADONI, Robert. The Uncanny Bodies: The coming of sound film and the origins of the horror genre. Los
Angeles: University of California Press, 2007.

TODOROV, Tzvetan. Introdução à Literatura Fantástica. São Paulo: Perspectiva, 2007.

WEAVER, James; TAMBORINI, Ron. Horror Films: Current Research on Audience Preferences and
Reactions. New York: Routledge, 2013.

WILLIAM, Paul. Laughing, Screaming. Modern Hollywood Horror and Comedy. New York: Columbia
University Press, 1994.

WILLIAMS, L. “Film bodies: gender, genre, and excess”. In: R. STAM; T. MILLER (Orgs.). Film and theory:
an anthology. Oxford: Blackwell, 2000, p. 207-221.

______. “When the Woman Looks.”. In: GRANT, Barry Keith (Ed). The Dread of Difference: Gender and
the Horror Film. Austin, University of Texas Press, 1996: 15-34.

WILLIS, Martin. Mesmerists, Monsters, and Machines: Science Fiction and the Cultures of Science in
the Nineteenth Century. Kent State University Press, 2006 -
WOOD, Robin; LIPP, Richard. The American Nightmare: Essays on the Horror Film. University of
Michigan Press, 1979.

ZAMBRANA, Rossana D.;TOMÉ, Patricia. Horrofilmico: Aproximaciones al cine de terror en


Latinoamerica y el Caribe. Porto Rico: Isla Negra Editorial, 2012.

ZIZEK, Slavoj. The Art of The Ridiculous Sublime: On David Lynch´s Lost Highway. University of
Washington: Walter Chapin Simpson Center for the Humanities, 2000.

CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO:
Frequência, participação nos debates e monografia de conclusão em forma de artigo científico.

OBSERVAÇÕES:

As discussões serão sempre amparadas pela leitura textos e exibição de filmes, buscando-se
selecioná-los de forma que seja possível montar um panorama do gênero em diferentes períodos
históricos, nacionalidades e projetos estéticos e políticos.

Você também pode gostar