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SELVA
FERREIRA DE CASTRO
Guimarães Editores
Digitalização e Arranjo
Agostinho Costa
EM PORTUGAL:
A SELVA
ETERNidADE
TERRA FRIA
TERRA FRIA
A TEmpeSTADE
A Lã E A NEve
A CUrVA DA ESTRADA
A MISSãO
O INSTinto SUPrEMO
OS FRAGMENTOS
Os Emigrantes
A Selva
Ferreira de Castro
A Selva
Barcelos
Impresso em 1976
A DIANA DE LIZ
mesma.
sombra". - DE PINEDO.
FERREIRA DE CasTRO
mim.
noites tropicais.
-18-
descuidada.
ao despertar.
-19-
ninguém.
espírito, que desde então não passa uma única semana sem eu
Foi também por isso, talvez, que durante muitos anos tive
-20-
fiz, para eles colhi apenas alguns ramos marginais, nunca indo
-21-
alguns dias, mas por dois meses e sem desgosto algum, com um
-22-
isso mesmo, era mais barata; mas as duas janelas que ladeavam
Assim, a maior parte desta obra foi escrita à luz difusa dum
faria um avarento.
Tão fatigado me sentia por essa nova fusão com a vida dos
dois anos, longos e negros como quando o tempo não era medido,
por ela própria, pela nova dor que tombara no meu espírito,
futuramente.
-23-
partir.
maleta.
-24-
Calvário.
-25-
e imóvel.
sentia.
mais seguro ou, pelo menos, mais cómodo. Por que não seguir o
de há muito, comprovada?
provocaria.
-26-
«Flor da Amazónia».
- Nada!
-30-
- Lá, bem não me parece, não. . Mas o senhor não faz uma
vez.
servicinho.
-Era dizer a eles, como quem não quer a coisa, que não é
disso.
cabo de mim.
-31-
vida!
Macedo reagiu. Não, não podia ser! Muito já ele tinha feito!
- Ó Alberto! Estás aí ?
- Estou.
- Estavas a dormir?
-32-
- Desculpe.
que ia ver.
Vão arrebentar muitas casas por aí. Olá se vão. Por isso eu
- Mas o que é?
-33-
calça.
- No rio Madeira...
finalmente, Alberto.
Mesa onde come um, comem dois. Mas tudo aqui está mau. Tu bem
parar! Quem nos diz que não se vai de mal a pior e que daqui a
digo que aquilo lá seja uma delícia, mas todos os dias chegam
espírito de Macedo.
falei ao homem.
-34-
Balbino diz.
vida ia tomar.
-35-
protecção do álcool.
-36-
floresta.
cúmplice e silente.
-37-
-38-
suas
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vitória:
- Tudo?
- Do que fugiu?
- Mas eu...
-40
Macedo embaraçou-se:
como empregado. Mas ele respondeu-me que para já, não; que
recomendei-te bem!
- Vinte e seis.
- Vinte e seis? Foi isso mesmo que eu lhe disse. Mas como
não tinha bem a certeza. Vinte e seis anos! Quem mos dera!
no velho sofá.
alheadamente.
tratar?
- Não. Nada.
II
-42-
inesquecível por muito que se vivesse.
em corda bamba.
até os poros.
mortiças de sofredores.
-43-
uma diferença a meu favor, mas é pouca coisa. Nem vale a pena
quase sempre.
- Obrigado.
-44-
mandares dizer. Tu, mais ano, menos ano, estás aí caído com
bom dinheiro. Adeus ! Adeus !
tragando:
MACHADO pC
FRAGIL ABEL B L. M. V. G.
-45-
escotilhas.
- Prancha dentro!
pouco abaixo.
outro boi.
-46-
de rebanhos diferentes.
a todas as contingências.
uma afronta.
-47-
-48-
estivessem em casa!
esfregadores.
olho nu.
-49-
-50-
coragem.
-51-
a autonomia que ele desejava para si. Pois que o tio Lhe havia
prato cheio.
passos.
-52-
-53-
de misantropos.
-54-
fome;
-55-
negro.
a imperativa realidade.
automático.
III
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prodígio.
-59-
vaqueiros.
como os judeus, pediam vinte por aquilo que nem dez valia na
-60-
restituído.
Mas dali para cima não houve dia em que o «Justo Chermont»
-61-
- Que é?
- Alenquer.
-62-
pontaria.
-63-
intensificar-se, vitoriosamente.
-64-
sertões.
exclamou em voz alta, para que ele ouvisse, para que também
- Eu desembarcarei!
- Eu desembarco, sim!
vai a terra...
-65-
-65-
fascinação e tormento.
própria neurastenia.
deles.
-66-
- Quatro?
palavra alguma.
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como no tempo do seu tio, estariam livres, não teriam mais que
-68-
Em breve, a sua casa era a que mais navios mantinha nos braços
-69-
havia de comover-se.
Entrou.
o deferimento.
voltou a abrir-se.
- Que deseja?
Agora, a cabeça que inquiria era solene - as faces secas,
Alberto hesitou.
atarefado.
-70-
escritório.
- É aí.
- Entre.
do comendador.
-71-
silêncio:
me recomendam. Compreende?
causam vergonha!
República.
- Ora! Ora! Tanto faz uma coisa como outra. O que cada um
Mudou de tom:
- Espere aí.
-72-
- Pegue lá.
pedir-lhe trabalho.
formalizado.
agora que Aragão lhe demonstrara estar Manaus, para os que não
-73-
da primeira classe.
rebanho encarcerado.
- É bonita.
- E a respeito de muieres?
IV
-76-
-77-
mistério.
outra vem, a mais pequena é logo seguida por outra maior, como
-78-
às da África.
ostentavam.
Mas pressentia-se, por detrás do cortiname glauco, olhos que
livre.
curiosidade à nova
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outra excursão.
-80-
destino variável.
Mato Grosso, pelo rio onde Barros Guerra perdera a vida e Melo
violadores.
-81-
existência da nacionalidade.
navio, cada vez mais leve, apitou um dia para Humaitá, onde
em si de impaciência.
-82-
abundante pão.
telha. Um, resvés à terra, que devia ser pasto das águas em
-83-
despreocupadas.
Mas a voz forte do comandante Patativa, que na proa dava
a encostar ao barranco.
- Prancha fora!
«conhecimentos» na mão.
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antecipadamente.
-85-
primeira classe.
Pouco se demorou. Desceu entre Balbino e o comandante e
- Você!
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acirravam a mordacidade.
áspera do seringueiro.
- A quanto?
- Está a cinco mil réis. Tens que puxar pelo machadinho, mas
grande desalento.
-87-
virgens do Amazonas!
indecisos e perturbados.
coincidência de berço.
-88-
lá dentro existia.
Supôs que seria a mulher de Juca e pensou que também para
ela, com seu tipo citadino, a vida esgotada ali não teria
encanto algum.
desembarcadas.
-89-
que iam fumegando rio acima, mas que em breve e sem ele
- Com licença!
outro barracão.
ouvido.
-90-
Belém.
atalhou imediatamente:
de Alberto.
- Venha comigo.
Atravessada a porta, encontraram-se entre os que aguardavam
-91-
medidas luzidias.
me apanharam na rede. Bem puxo pela estrada, ela é que não dá.
-92-
pescasse Que caçasse, pois não lhe forneceria nada para além
dó do coração."
novo seringueiro.
-92-
-93-
- E a minha mala?
grande estensão.
-94-
coração.
Surgia com um aglomerado exuberante, arbitrário e louco, de
multidão de arbustos
-95-
êstase.
-96-
- uma mambu - disse Firmino, sorrindo daquele temor.
- São mansos?
- Mansos? Ui, minha gente! A estrada que você vai cortar era
freguês e vancê vai para ela. E aqui há uns quinze dias foi um
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assunto.
seringueiros.
-98-
ouvidos de Alberto.
Firmino preveniu:
ofereceu a Alberto.
- Muito obrigado.
- Só um porre..
- Não, não.
-99-
- Eles, quem?
-100 101-
da selva em murmuração.
instante.
vagamente, que alguém vinha à porta para o ver, mas não desceu
as pálpebras.
- An? Que é?
- São horas de ir para a estrada.
si.
no chão; por fora, uma rijeza luzidia que nem bala de revólver
-104-
presas por cipó ao esqueleto da casa, já que resistiam,
outro homem, que dormia numa das redes quando ele chegara,
- Muito prazer.
-105-
pedia agora:
uma folha de Majá e fica com um rasgão que nem que fosse de
-106-
lados.
-107-
-108-
haste.
levaram.
- Para quê?
num pau e dançar à volta dela. Fazem uma festa para provar que
-109-
grossura dela. Uma valente, como aquela piquiá que você está
vendo ali, pode levar sete. Uma assim como esta, leva cinco ou
é proibido.
- Que é isso?
morre.
seringueira.
Examinando a palma da mão, que sofrera ao colocar a última
-110-
levam-no com eles e nunca mais lhe dão liberdade. Se diz que
um fugiu ao fim de vinte anos, mas estava tão velho que quando
uma volta e vem ter ao mesmo sítio. Às dez horas, nós estamos
prosseguiu na andança.
andar sozinho. Um homem não pode andar aqui sem bala. Se mata
-111-
traiçoeiros.
não pôde fazer nada. Aquilo é bicho que só deixará de ser ruim
comigo!
e criptas,
-112-
Um tiro soou.
Alberto aproximou-se.
- Que foi?
- Uma anta. Deve ter apanhado bala, mas não deixou sangue.
- E come-se?
goste mais de paca e de cotia. Mas, para mim, não há nada como
nessa noite, não veio, e eu, de manhã, fui ver se ela estava
-113-
de partida.
- Eu.
não tem, tiramos agora o leite e logo vamos para casa, de vez.
está perto?
alta, com cuidado para o leite não nos cair em cima do nariz.
- Compreendi. Obrigado.
-114-
cascas.
- O Firmino quanto tempo levou a aprender?
ele dava cinco. Mesmo assim, houve negro que arranjou saldo.
brenhas do diabo. Mas eu, logo que pagar a minha conta, vou
para o Machado ou para o Jamari. Não é que eu tenha medo dos
podem fazer duas ou três peles por semana. Todos têm medo das
- Tive, tive. Minha mãe morreu o ano passado. oh, meu Deus,
-115-
verem.
vez no caminho:
que ela me disse quando saía para estes sítios: "Meu filho:
estavam más. Mas ele não acreditou e foi para o Acre, levado
mesmo. Não era bonita, mas quando um homem gosta não repara se
-116-
- Eu. Ora essa! Não. Nem mulher, nem noiva. Deixei apenas a
- Coisas da vida.
Falando de si, evocando o que fora bom e até o que lhe fora
preveniu:
- Agora vamos para o defumador.
-117-
de capa cada vez mais grossa, formava-se uma bolha, mas logo o
ar.
borracha da pá?
-118-
- Porquê?
- Eu vou também...
-119-
Alberto.
achegando-se cada vez mais, cada vez mais, à medida que o sol
se tornava horizontal.
VI
Esgotados os quinze dias da tradição, Alípio, Balbino e
Caetano
adaptação,
outros,
a aturada vigilância.
perguntara Alberto.
- Que têm eles? Ah, seu moço, bem se vê que você é mesmo
brabo!
Se
que
que
Juca.
-122-
ao barracão comprar que comer e que beber, seu Juca não vende
de
cima
homens
que nós estamos doentes mesmo e dizem que é preguiça. Não sei
como eles não vieram cá desde que você chegou. Aquilo é que
seu
Firmino
explicou-lhe:
dias
de
parceiros.
ouviram
Nunca
Firmino:
- E que tal?
Firmino.
- É caro?
-123-
que
mão
sua
logo
deixou
Não,
cabeça
- É horrível! E horrível!
-124-
daqueles homens, pelo nojo que lhe provocavam. Não poder fugir
trazendo
chamou-o
para almoçar. Não foi. Que não, que não tinha vontade. E, só
de
náuseas
através
do mosquiteiro.
Alberto olhou-o, um momento. Estaria a rir-se dele?
Respondeu-lhe secamente:
desorientou-se.
deixem sozinho.
- Eu...
- Não pode ser! Isto não é cortar seringa nem nada e ele já
tem
lá
-125-
veemente
través
prosseguiu:
vão.
Um homem tem pena desses bichos que dizem que sabem fazer tudo
Entendeu
chão
continuidade
que
suas
afinal,
são homens como nós. Eu queria ver se ele cortava bem seringa
se
herdara.
ir
-126-
humilhações,
limpava
sentado
- Aonde?
se
obsessão,
no
terçado.
Os dois partiram.
água
alguns
ubá.
nível,
cosendo
arvoredo
-127-
podridão.
também,
Dobrada
que
Caronte.
mútuo
vegetais.
ramo
para
as
as
suas tentações.
além,
-128-
as
- "se baixe, seu Alberto, olhe o ramo que lhe tira os olhos -
enfblhada
e pardacenta.
- É aqui?
- É perto. Num instante chegamos lá.
voltou-se,
- Olhe, olhe.
que
Algumas,
sob
berrantes
à cata do que quer que fosse. Mas havia ainda mais asas: asas
que
voo
- Come-se?
-129-
os
primeiros a pôr-se em fuga e logo todas as asas de novo se
concha
imundície.
em
vidas
topá-la
em
viviam
ardia
água
vendo-se
as
prosseguia
que
-130-
também,
temerosos
enguias.
- Porquê?
- Vai ver.
choque
eléctrico.
atoleiro.
pele,
chamar
boa!
- Vamos?
da
-131-
surpresa
cima
de
curiosidades esgotadas.
desenhava
por
selva.
diáfanas
haver
luar
se ia esbatendo, como se tudo ali findasse. Mas quando a proa
ilusão
uma
-132-
absolvição
- Ora essa!
paga
homem
caçar,
algum
Juca não quer isso. O que seu Juca quer é seringueiro sozinho,
- Ah, já compreendo.
saldo, que a mandou vir com licença de seu Juca. Mas são
mulheres
sozinha, todos nós nos matávamos uns aos outros por causa
dela:
vir
viúva puxava para mais de setenta anos e não quis viver com
outro
homem, nem fazer o seu favor aos que lhe iam bater à porta. Um
de
que por bem não iam lá, pegaram na velha e levaram ela para o
resistência.
-133-
Mas
têm
mulher e não precisam. Os outros, não vão porque seu Juca tem
medo que eles não voltem e não os deixa ir. Uma vez, dois
que
- E depois?
novo
pô-los fora da rede e eles tinham que trabalhar sem que seu
Juca
que
Igarapé-assu.
A moça não tem mais de nove anos e Agostinho quer casar com
ela.
tinha
força
oculta.
-134-
um
mares
na
balançar.
- É uma onça?
- Eh, seu moço, que nos mete no fundo! Não é onça, não. E
já
Dir-se-ia
fabricava
as
irem
dele
envolvia
-135-
de
alucinação flutuando na água morta ou suspensas dos ramos mais
redonda.
ele
apenas
iluminada.
- Já chegámos.
guelras
- Você leva essa ponta aos seus ombros, que eu ponho esta
nos
tirar
- Não é preciso. Você não sabe fazer isto. Vá-se deitar, que
eu cá me arranjo sozinho.
- Você está besta, seu moço! Com essas mãos de doutor! Vá-se
para
sozinho o leite dos seus paus, que não tem que saber. Assim,
seu
Balbino não pode dizer que eunão lhe mostro como as coisas se
-136-
cara
Lhe
Firmino desarmado.
de
do
que você.
- Não quero.
há-de
de
desumanidade.
VII
do
cansaço
arqueavam
cavalo.
sem
atraídas
felicidade
recordava
-138-
sequer,
volver
que
observasse.
as
existisse.
empunhou
fazendo
multiplicavam-se,
mais
em
acenando,
-139-
seringal.
cerca;
cozinheiro.
durante
a semana.
onde
perus,
taperebazeiros,
terra,
ora
em mútuo atropelo e sempre em fuga ao laço que Alexandrino
crias
patas.
firmeza,
ficava
dias
transformasse
-140-
carne
alimentavam,
nitrato
existências
engordando
servindo-se
Alexandrino.
Caetano,
seu
ao
por
fim:
Todos-os-Santos,
- E então?
paus não aguentam e daqui a três meses está tudo morto. É cada
-141-
- Quem é ele?
- já sei.
daquelas.
No
trazia.
Juca Tristão deteve-se, já com um pé no primeiro degrau da
escada:
semanas
corpos
loja
deles,
-142-
seu
fim, uma nota das compras que eles tinham feito e da borracha
que
regresso
à família.
entrever
seringueiros
- Quem é?
quando
que
lhe gritava, pausadamente:
de
sernambi.
- e três de sernambi.
de
-143-
logo
que
borracha fina!
conta!
uma
barriga de moleque que come terra. Não podde ser! Enquanto não
dinheiro!
mostrar
submissão.
dividiam
em
lado,
-144-
uma
açaimando
creio
uma
homem
- Sim, patrão.
- Se não aprende desta vez, você já sabe!
quer?
- Um quilo de pirarucu...
- Um quilo de pirarucu...
- Meio de açúcar...
- Açúcar...
comigo?
-145-
- É por causa dos índios. Em Todos-os-Santos, como o senhor
não
ignora.
uma
querer
um rifle!
ainda
nota
dando
dá.
mais e fica com o olho em cima de nós. Eu estava mesmo a ver
que
lhes
"Sobe!
rifle.
vista!
146
a conta.
- Ande! Ande!
do balcão.
outro ali, nas vasilhas daqueles com quem não cortara ainda
relações.
muito bom, porque tem poucas mulheres. Mas, mesmo assim, nós
nos divertimos - dissera, ao saírem do barracão, para logo
147
selva.
- Assim. Como?
- Às vezes.
Balbino quem o envenenou. Eu sei que ainda não corto bem, mas
em Todos-os-Santos.
- E então?
-148-
brilho à família.
margens distantes.
fácil.
-150-
proprietário.
Não havia inconveniente. Pelo contrário, existiam até
-151-
veredas da selva.
incitou o caboclo.
-152-
- Depois... Depois...
Alberto contou-as.
que está ao pé, é nhá Vitória, que lava a roupa de seu Juca,
de seu Guerreiro e de seu Binda e é mãe do Alexandrino, aquela
daqui, porque ficou outra vez a dever. Todas têm dono, seu
-153-
delírio.
quis dançar.
-154-
VIII
selva arrepiada. Era pela boca dos igarapés, pelas gretas das
-156-
pés.
chovia.
-157-
Bois e vacas, primeiro com as patas, com o ventre depois,
definitivas.
-158-
-159-
ainda chupava umas gotas de água. Depois, não pude mais e bebi
-160-
singrava.
-161-
há muito.
terra que matava por falta de água, :pela terra que matava por
-162-
aos engajadores.
-163-
princípio do Mundo.
se encontrava Agostinho.
-164-
para o amigo:
- Adeus, Firmino!
barraca.
- Coisa boa não foi... Mas se metendo por essas brenhas, ele
vai morrer com certeza. Como vai passar com a terra cheia de
água?
nervosamente:
-166-
- Quem?
- O Agostinho.
Toda aquela gente se aproximava, rodeando a Firmino e
Alberto.
- Não o viste?
instante:
- Por onde?
-166-
remo:
incómoda.
-167-
impenetrável.
Alberto reagiu: Que tinha ele a ver com isso? Agostinho era um
concordou alvoroçadamente.
inúteis.
-168-
-169-
-170-
os barrigudos e os pregos.
-171-
as garras rapando o solo, o ventre a subir e descer, em
- Não.
Mas quando não está, assim é ela que pega a correr, com medo
-172-
selva endemoninhada.
-173-
líquidos fechava a
perspectiva.
produziam medo.
chuva.
-174-
outro. Como Firmino, que estava ali há seis anos; como o Chico
IX
desvalorizada.
-176-
para o comércio.
Ficou tudo resolvido. E, no domingo seguinte, mal Alberto
- Habili...
contas-correntes?
-177-
- E de balcão?
- De balcão...
- Tem prática?
começo de redenção.
de Firmino.
-178-
- Ainda bem, seu Alberto. Aquilo não era trabalho para você.
de Alberto.
Espalhada a nova de que o marinheiro passaria a influir na
regresso.
flecha mortal.
-179-
- A quê?
- Eu lhe digo que é mesmo bom para você. Seu Juca fez muito
bem.
seringueiros...
- Qual! com a borracha a dois mil réis, onde vai seu Juca
buscar pessoal?
-180-
de estudante.
-181-
seu mal-estar.
chorar.
sem você.
-182 183-
- Já está pronto?
- Estou.
contas-correntes:
olhá-lo.
coisa.
-184-
albergado.
-185-
boca descomunal.
-186-
anéis num alto ramo, abriam curva larga e iam prender outros
sentira
-187-
brisa.
sua, não era ali admitida, que só a sua vontade podia imperar
após outras, como se fossem por seu pé, pois dum só lado se
188-
-189-
Ou paternalmente:
- A farinha, João.
- Não gosta?
dinheiro, porque dava mais do que podia, mais até do que davam
-190-
com boas amantes, seria muito diferente do que era para ele.
-191-
avizinhava.
-192-
- Ó Estica! Ó Estica!
em nome dos ouvidos da mulher, que nesse dia não se Lhe desse
pocilga.
-193-
borracha a dez mil réis por quilo. Mas nunca obtivera saldo. A
- Estica! Ó Estica!
não ouvir.
- Ó Estica!
- Traze a laranja.
-194-
Deteve-se e pousou a laranja sobre a carapinha branca, de
estrada ao meio, aberta por uma bala que lhe levara o couro
está morto.
trincava distraidamente.
sapotilheira.
assaltá-lo festivamente.
-196-
por historiar.
Estavam ali as facturas, vendendo a Juca Tristão por cinco,
melhor.
Escritos ali, manualmente, ou na cidade, Por mecânicas,
-197-
perto do coração.
- Sim, é assim.
Ou:
-198-
imaginários e lutuosos incidisse forte projector.
seu trabalho.
e progredia constantemente.
-199-
- Prima-dona!
-200-
lentamente.
sem justificação.
barracão.
-201-
-202-
tantas se deteve.
Juca Tristão interrompeu:
--203-
acrescentou.
Paraíso tinha crédito, não era como o Mirari, que estava com a
corda na garganta.
descontar em Belém.
-204-
rede onde dormia enquanto vivo, para uma cova aberta na orla
Humaitá.
-205-
Manilha.
- Foi Deus que assim o quis. Não Lhe acontece nada, verá!
-206-
de parte e sugeriu-Lhe:
o cadáver estiver aqui ele não descansa. Nem ele, nem o pobre
-207-
- Adeus, Estica!
-208-
correspondeu.
XI
-210-
dias.
para a mesa de jogo, fora por não ter, naqueles dias, outro
Guerreiro.
vir para ali, tinha casa à parte e até cozinheiro pago pelo
seu Juca, mas, quando ele regressasse, havia de Lhe falar para
-211-
planta.
sementes.
Findou o almoço, veio a tarde e o jantar, sem que Alberto
-212-
todas as esperanças".
-213-
Decorreu meia hora, outra meia por cima, sem qualquer ruido
desconfiança.
cairia.
estima.
-214-
Alexandrino.
-215-
expectante.
Um minuto, outro e outro - e cada vez mais veemente e mais
outra maneira!
-216-
agora ser aquilo um acto indigno. A sua voz era, porém, débil,
barracão, mais uma vez com ideia molestante de que era tão
-217-
servia.
demore a mandar-mas.
-218-
hipóteses.
-219-
cruzes de madeira.
quente.
-220-
adulteravam os desígnios.
ígnea imagem de Dona Yáyá. Mas ele cravava as unhas nas palmas
lhe acomtecera:
mesmo.
XII
-222-
-223-
serrilhados.
quelónio.
-224-
- Quantas?
- Virei três pitiús, cinco tracajás e esta.
guarda-livros.
-225-
seringal.
-226-
formavam.
em delirante contentamento.
-227-
subiam o rio?
Havia de regressar!
- E então?
- Então...
terra?
-228-
-228-
ruas de Lisboa.
forte e ainda era cedo para o jantar. Tiago também não. Ah, é
Dona Vitória.
-229-
bicharoco fantástico.
pronunciando solenemente:
-230-
diluía. A velha preta estava ali, a sós com ele; no seu peito
caminho.
coisa que se diga a uma mulher da minha idade! Deus lhe há-de
no corredor já penumbroso.
fosse a do mesmo homem que ele havia sido pouco antes, que já
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Afirmava a si mesmo que a responsabilidade não era dele, era
tudo quanto a gente lhe diz, mas está longe de possuir bons
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seu procedimento: cQue tinha ela com isso? Não era natural que
lhe negavam?
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sangrar.
Sim, talvez nhá Vitória nada dissesse, se não por ele, pelo
andava lendo - mas não fixava nada. Apagou, por fim, a luz e,
sob a volta lenta das horas, pôs-se a voltar na rede, para a
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alguma coisa que ainda possuísse, uma das suas velhas jóias,
XIII
iam derreados.
- Quem foi?
- Foi o Procópio...
- Ah! É só um?
Tiago.
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e contou:
- E depois?
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- E eram muitos?
melhor.
guarda-livros.
o tuxsua!
- Onde estão?
- Só para o Procópio...
- Para os dois.
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aproximou-se a inquirir:
- Eu não digo mais nada, branco; mas que ele era malandro,
mefistófeles de ébano.
Outras vezes, enoja-me o ódio que ele tem a quem brinca com o
Tiago o que quer, não se importa com o que ele faz aos outros.
seu Juca, é capaz de dar a vida; aos outros, por uma simples
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- Nada. Seu Juca está para chegar e ele que resolva. E pouco
Mas, um dia, voltam. Entendem que esta terra é deles, que nós
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numa queda que deu. Já estava perto das tabas, mas teve de
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asqueroso.
- Diga! Diga!
Alberto insistiu:
Que seria, que não seria, coisa boa não era, pela certa,
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tudo.
está bem.
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Juca voltasse.
- Porquê?
culpa, não lhe parece? Mas seu Juca sempre há-de pensar que,
ânsia de liberdade!
Juca chegar. Não quero que seu Guerreiro tenha incómodo por
mim.
Alberto repetiu:
- Bem sei, seu Alberto. Mas você tem razão. Eu vou depois de
reparado neles.
suceder.
murmurar-lhe:
- Vá, vá no domingo!...
XIV
bazar.
rosto assim.
Ante a novidade, Juca desmerecia na atenção dos que o
barranco.
- o jaPoneses.
amarelos.
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poucos galões.
destino.
jamais.
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de trabalho.
doiradas hipóteses.
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sempre refeito.
mestre ordenava:
- Prancha fora!
para o filho.
infância.
acrescentou:
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Já na varanda privativa.
disposição excelente:
- Eu tinha pensado manter aqui a minha cozinha. É mais
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- Como quiser. Mas por incómodo, não! Até nos dava muito
Marajó e aquilo é que parece que vai dar. Vamos a ver. Pelo
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parte.
levando o impertinente.
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outros.
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aposentos de Guerreiro.
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emprestara o dinheiro?
emoção. Mas logo reagiu. Estava livre! Livre! Era pena que a
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Sentindo-o hesitar, junto à porta, Juca ergueu a cabeça e
fixou-o:
- Diga.
- Já acabei. Que é?
arrogante.
- E então?
- Mas não, seu Juca! Muito obrigado, mas não. O dinheiro que
me mandaram chega.
boas.
- Mas não é por isso, seu Juca, que desejo ir-me embora. É
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por tudo.
um acolhimento brusco.
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- Fui, fui.
- Não. Hoje não me satisfaz nem uma coisa nem outra. Tenho
para aqui.
- Então?...
eu não dava por elas e agora dou. Penso que têm razão os que
- A minha mãe...
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gesto que
esbaforidamente:
- Me dá licença?
Juca interrogava:
ele serviam.
- Fugiu?
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- Fugiu. Já sabia?
- Foi só um?
em Todos-os-Santos.
à sua atitude.
Juca enfureceu-se:
Guerreiro?
favor.
E perguntava a Juca:
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os outros?
- Um conto e setecentos...
- Um conto e duzentos.
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apanho...
Caetano:
- Bom, vamos.
Ouvíu?
Diário.
-264- A SELVA
os outros?
- aventurou Balbino.
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do de Alípio.
- Entre. Quantos lhe fugiram?
tão fria.
- Foi o Dico.
- Só ele?
- Só.
baixa:
- É - respondeu Alípio.
- Ali, na varanda.
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do seu pai. Mas, então, ele deixou-o vir? Isto aqui rende
menos.
e comi na canoa.
- E café?
- Isso sim.
- Algum.
- E de escrituração?
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- Trouxe, trouxe.
- É aqui.
que ele
xv
a sua Canarana.
sob a luz vespertina. Quem vinha à popa segurava, com uma das
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abandonarem a canoa.
pequena escada.
- Por aqui. Tragam-nos por aqui. Depois vocês falam com seu
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para a sala.
- Entrem! Entrem!
voltado contra nós. Mas não foi preciso. Ficaram com cara de
para o barracão.
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deles?"
Encolheram os ombros.
então de Juca:
- Me dê licença...
- Quais outros?
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- O Alexandrino. Estão amarrados num tronco, como os negros
volto.
seu bem, Por mais duma vez, ao pisar a nódoa de luz que vinha
prejudicasse".
água.
seringueiros, que tão breve fim tivera. Mas ele cortou logo
aquelas ironias:
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sonho mau.
- Então, já sabe?
- O quê?
acontecimentos.
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- Bateu?
- Miserável!
tremerem.
- Você não vem para o escritório? - perguntou-lhe.
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alguém o saudou:
- Bom dia.
lhe parecera tão grotesco e tão hediondo. "Ah, não poder sair
- Que é?
- Vamos lá.
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sem uma palavra, muito aplicado ao que fazia, até Dona Yáyá
- As mulheres não são para estas coisas. Você viu como ela
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famintos e espancados!
bocejando:
deitar-me um bocado.
capaz disso, olá se era! Mas que fosse? Não iria. Não tinha
assim.
nas goiabeiras. Mas ela era tão repetida, tão persistente, que
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separavam.
- An? Que é?
demorem!
espavorido:
- Que é? Que é?
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fusca estreitura.
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frente:
beiral.
não tenho cabelo nem pestanas. Se seu Juca não saiu para o
quintal, a esta hora está perdido.
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- Corram! Corram!
começou a repetir:
guarda-livros.
vi. O fogo parece que queimava petrÓleo. Não sei como se pôde
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pediu-lhes:
novo.
sair.
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furor:
- Miserável!
confusão.
miserável!
Humilde na sua serenidade, o olhar baixo, como que alheio à
que eu não fugia. Era mesmo amigo dele. Mas seu Juca se
- Não estava bêbedo, não estava, branco. Seu Juca era meu
amigo; eu lhe queria muito e lhe choro a alma dele; mas não
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arranjos.
sorte. Ele devia morrer com o seu Juca. Foi ele que bateu, de
impulso, Romualdo:
- Seu Tiago.
- Me deixa, sua peste! Me deixe já! Não foi por ti nem pelos
Foi porque seu Juca te fez escravo e aos outros safados que te
panorama nocturno.
queimado e a molhado.
sapotilheira...
o dos réus, em pleno tribunal. Foi uma visão rápida, que logo
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pesadelo.
obscuramente.
FIM DO ROMANCE
Data da Digitalização