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HISTÓRIA

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ENSINO
MÉDIO
HISTÓRIA
Gislane Azevedo
Reinaldo Seriacopi

ANTIGUIDADE II: GRÉCIA E ROMA


1 A Grécia antiga: formação ...... ...............4
Os cretenses . . . . . . . . . . . . ...... . . . . . . . . . . . . . . .5
Os aqueus . . . . . . . . . . . . . ...... . . . . . . . . . . . . . . .6
A invasão dória . . . . . . . . . . ...... . . . . . . . . . . . . . . .9
2 A Grécia clássica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .13
A pólis grega . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .14
A sociedade espartana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .15
A democracia em Atenas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .17
As Guerras Greco-Pérsicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .19
A Guerra do Peloponeso . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20
A ascensão de Tebas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .20
3 O helenismo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
A expansão macedônia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .25
A formação de um império . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .26
4 Os primeiros séculos de Roma . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
A fundação de Roma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .32
A monarquia e suas instituições . . . . . . . . . . . . . . . . . .33
Tempos republicanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .35
As Guerras Púnicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .37
5 A República em crise . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
Um período conturbado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41
HISTÓRIA

Militares no poder . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .44


6 O Império Romano . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
Primeiros tempos do Império . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .48
O Império dividido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .51

2137737 (PR)

Antiguidade II: Grécia e Roma


MÓDULO
Antiguidade II:
Grécia e Roma

Ruínas do Fórum Romano, em Roma, na Itália. Con-


siderado o coração de Roma antiga, o Fórum foi durante
séculos o centro da vida pública romana. Nele ocorriam
eleições, discursos públicos, processos criminais e várias
atividades associadas ao comércio e à administração pú-
blica. Foto de 2013.
PEDRO RUFO/SHUTTERSTOCK
REFLETINDO SOBRE A IMAGEM

Você sabia que o conceito de democracia é


fruto de um longo processo, que começou
a amadurecer na Grécia antiga, onde nasceu
não só a palavra, mas também esse regime de-
mocrático? Sabia que o Direito, que até hoje
inspira o corpo jurídico das nações, surgiu no
século V a.C. em Roma?
Neste módulo vamos estudar a formação, o de-
senvolvimento, o legado e as relações estabe-
lecidas entre duas das principais sociedades da
Antiguidade: a grega e a romana.

www.sesieducacao.com.br
CAPÍTULO

1 A Grécia antiga: formação

Veja, no Guia do Professor, o quadro de competências e habilidades desenvolvidas neste módulo.

Objetivos: A Grécia é um país mediterrâneo localizado na península Balcânica. Seu território, um pouco
menor do que o estado do Ceará, é formado por duas regiões: a continental e a insular, composta
c Conhecer as origens da de mais de 2 mil ilhas espalhadas pelos mares Egeu, Mediterrâneo e Jônico.
Grécia antiga.
A civilização grega tem suas origens na miscigenação étnica e cultural entre diferentes povos
c Compreender os que habitaram esse território, como os indo-europeus (aqueus, eólios, jônios e dórios) e os arianos,
processos migratórios e na agregação de hábitos dos egípcios, fenícios e cretenses. Esse processo, ocorrido entre os séculos
e a formação étnica e XX e XII a.C., é o tema deste capítulo.
cultural da civilização
grega.

DEA/DAGLI ORTI/GRUPO KEYSTONE


c Entender o processo
de transformações no
interior da sociedade
grega que conduziram
a uma reorganização
política.

c Compreender as
origens das cidades-
-Estado gregas.

Ruínas do interior do palácio que teria


pertencido ao rei Minos, de Creta. Com mais
de 20 mil metros quadrados e com muitos
cômodos e corredores, a edificação lembra
um labirinto. Segundo pesquisadores, teria
servido de inspiração para a criação do mito
do Minotauro – ser metade touro, metade
homem que teria vivido aprisionado em um
labirinto na ilha de Creta e se alimentava de
carne humana. A civilização que construiu a
edificação na antiga cidade de Cnossos foi
chamada pelos historiadores de cretense
(ou minoica) e teve forte influência no
processo de formação da Grécia.
Foto de 2014.

4 Antiguidade II: Grécia e Roma


ERICH LESSING/ALBUM ART/LATINSTOCK
Detalhe de afresco minoico do século
XIII a.C., encontrado na ilha de Thera
(atual Santorini), representando
OS CRETENSES embarcações em um porto.
Pouco se sabe sobre as origens da civilização que se desenvolveu em torno da ilha de Creta
(denominada cretense ou minoica), mas o fato é que, por volta de 2500 a.C., já podiam ser encon-
tradas em Creta importantes cidades, com residências de pedra e tijolos e artesãos hábeis no fabrico
de joias e de outros artefatos de metal. Para navegar entre as ilhas da região, os primeiros cretenses
utilizavam canoas escavadas em troncos de árvores.
No início do segundo milênio a.C., as primitivas canoas deram lugar a embarcações mais sofis-
ticadas, que permitiram aos cretenses expandir o comércio pelo Mediterrâneo. A localização da ilha
facilitou essa atividade mercantil, pois ela está a pouco mais de 300 kilometros da Grécia continental
e a menos de 700 kilometros do Egito.
Em seu apogeu, a marinha cretense tornou-se a maior da época, e seus mercadores passaram
a dominar o comércio do Mediterrâneo. Como resultado dessas viagens, os cretenses entraram
em contato com outros povos e assimilaram traços de diversas culturas. Com os mesopotâmios,
aprenderam a trabalhar o bronze; com os egípcios, a fabricar vasos de pedra. A prosperidade advinda
com o comércio possibilitou um grande desenvolvimento urbanístico, com a construção de portos,
aquedutos e palácios ornamentados com afrescos.
Durante os primeiros séculos de sua consolidação, a sociedade cretense dividiu-se em vários
principados independentes. Por volta de 1450 a.C., os príncipes locais passaram a se submeter ao
controle do rei de Cnossos.
HISTÓRIA
A pirâmide social cretense tinha no topo uma aristocracia formada pelo rei, nobres, mercadores
e sacerdotes; seguia-se o grupo dos artesãos, artistas e funcionários públicos; abaixo dele, vinham os Atividade
agricultores e pastores; na base da pirâmide, encontravam-se os escravos. Experimental
No início do século XV a.C., Creta foi devastada por terremotos e guerras internas. Enfraquecida,
passou a ser alvo de ataques dos aqueus, que invadiram e dominaram diversas colônias cretenses no Acesse o Material Comple-
mentar disponível no Portal e
mar Egeu e, por volta de 1400 a.C., atacaram a própria cidade de Cnossos, cuja destruição marcou o aprofunde-se no assunto.
colapso da sociedade cretense.

Antiguidade II: Grécia e Roma 5


OS AQUEUS
Os aqueus eram um povo de origem indo-europeia que, a partir de 3000 a.C., estabeleceu-se
na península Balcânica. Com menos domínio tecnológico que os cretenses, fundaram cidadelas
fortificadas, como Pilo, Tirinto e Micenas (veja o mapa abaixo). Esta última, localizada na região
central do Peloponeso, se tornou a mais influente cidade aqueia e acabou emprestando seu nome
à civilização micênica.
Grande parte do desenvolvimento de Micenas se deveu ao intercâmbio comercial dos aqueus
com os mercadores cretenses. Graças a esse intercâmbio, os micênicos assimilaram valores culturais
GLOSSÁRIO

Ideograma:
minoicos e, aos poucos, os incorporaram a seu cotidiano. Aprenderam a fabricar armas de bronze e a
produzir objetos de ouro, prata e marfim, além de adotar práticas agrícolas e técnicas de navegação.
símbolo não fonético que representa
um objeto ou uma ideia. Em contato com a escrita cretense, desenvolveram um sistema de escrita próprio, que misturava
ideogramas com sinais representando sílabas.

A formação da Grécia antiga (8000 a.C.-3000 a.C.)


Mar Negro
PENÍNSULA BALCÂNICA PARA A
CRIMEIA

TRÁCIA

MACEDÔNIA Mar de
Mármara

CALCÍDICA

Ílion (Troia)

Córcira Mar Egeu


ÉPIRO
TESSÁLIA ÁSIA
MENOR

FONTE: World history atlas: mapping the human journey. London: Dorling Kindersley, 2005.
Mar Jônio Leucas ETÓLIA Eubeia
Delfos
Ítaca A Erétria Sardes
Cefalônia N TIGTebas
IA A Mégara ÁTICA Éfeso
GRÉC
O

Corinto Atenas
ES

Zanto Micenas JÔNIA


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Olímpia LO Tirinto Mileto
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Círculo Polar Ártico RE
E FEN
ÍCIA
Creta
Cnossos
OCEANO EUROPA
ATLÂNTICO

Mar Mediterrâneo Provável rota da migração dos aqueus


ÁSIA
Centro de difusão da sociedade aqueia
GIAN BERTO VANNI/CORBIS/LATINSTOCK

Trópico de Câncer Eólios


ÁFRICA
N Jônios
OCEANO Dórios
0 86
ÍNDICO
Civilização minoica
km

Ao dominarem Creta, os aqueus assumiram o controle das rotas comerciais do Medi-


terrâneo, o que lhes possibilitou grande crescimento econômico. A partir do século XIV a.C.,
porém, o comércio sofreu uma grande queda e a economia micênica declinou.
Máscara mortuária de ouro atribuída a Por volta de 1200 a.C., os aqueus teriam travado uma guerra com os habitantes de Troia,
Agamenon (2000 a.C.). Rei de Micenas, próspera cidade da Ásia Menor, na costa da Turquia atual. Considerados por alguns estudio-
Agamenon teria sido comandante dos sos como lenda, os acontecimentos desse conflito, conhecido como Guerra de Troia, foram
gregos na Guerra de Troia, segundo o
poema Ilíada, atribuído a Homero. eternizados nas obras Ilíada e Odisseia, como mostra o boxe a seguir.

6 Antiguidade II: Grécia e Roma


A Guerra de Troia
Atribuídos a Homero, os poemas épicos Ilíada e Odisseia são considerados as mais an-
tigas obras da literatura grega. O primeiro narra a Guerra de Troia, conflito entre gregos e
troianos que durou dez anos. De acordo com a obra, o confronto teria sido motivado pelo
fato de Páris, filho do rei de Troia, ter seduzido Helena, mulher de Menelau, rei de Esparta,
e fugido com ela para sua terra. Em represália, Menelau recrutou um exército chefiado por
guerreiros, como Aquiles, Agamenon e Ulisses, e atacou Troia.
Depois de cercar a cidade por vários anos, os gregos conseguiram derrotar seus inimigos
graças a um artifício: deixaram de presente nos portões de Troia um enorme cavalo de ma-
deira com soldados escondidos em seu interior. Quando os troianos levaram o cavalo para
dentro das muralhas, os gregos saíram do esconderijo, dominaram a cidade e levaram Helena
de volta para a Grécia.
Já a Odisseia narra os dez anos que Ulisses (Odisseu, em grego) levou para voltar à sua
terra natal, o reino de Ítaca, depois de ter combatido em Troia.
Vários estudiosos contestam a autoria dos dois poemas, afirmando que Homero sequer
existiu. Essas obras seriam, nesse caso, uma compilação de diversos poemas, o que justificaria
o fato de terem estilos e linguagens diferentes.
Em 2008, estudiosos anunciaram ter descoberto o dia exato em que Ulisses teria retor-
nado a Ítaca. Eles chegaram à data relacionando referências astronômicas da Odisseia com a
análise de fenômenos astronômicos daquele período. Baseados nesses dados, constataram
que a 16 de abril de 1178 a.C. ocorreu um eclipse solar, tal como Homero descreve ao se referir
ao dia em que Ulisses voltou a Ítaca.
Fonte: FERNANDES, Thaís. Um eclipse na Odisseia? Ciência Hoje, São Paulo: SBPC. 24 ago. 2008.

WARNER BROS./DIVULGAÇÃO

Professor, divida a classe em grupos.


Peça aos alunos que localizem nas obras
Ilíada e Odisseia passagens que descre-
vam o cotidiano da população da Grécia
antiga. Converse com o professor de
Língua Portuguesa e, juntos, promovam
com os alunos um trabalho de localiza-
ção dessas passagens.

VEJA OS FILMES
Troia, de Wolfgang Petersen.
Estados Unidos, 2004. (162 min).
Narra a Guerra de Troia, do rapto
de Helena à rendição dos troianos.
A odisseia, de Andrei Konchalovsky.
HISTÓRIA
Estados Unidos, Reino Unido,
Grécia, Itália e Alemanha, 1997.
(176 min).
Conta as aventuras e os desafios
Cena do filme Troia, produzido em 2004, na qual é representado o momento em que os troianos enfrentados por Ulisses em sua
levam o cavalo de madeira para o interior da cidade. O cavalo foi construído pelos gregos para
viagem de volta para casa, após
surpreender e, finalmente, vencer seus adversários após dez anos de batalhas.
a Guerra de Troia.

Antiguidade II: Grécia e Roma 7


PARA CONSTRUIR

1 (PUC-PR) Duas civilizações precederam a Grécia helênica: a verdade. Nem se deve contar essas fábulas na nossa cidade
minoica e a micênica. Os cretenses, ou minoicos, não eram se queremos que os futuros guardiões considerem uma
gregos, nem falavam o idioma grego, mas tiveram uma in- grande vileza o odiarem-se uns aos outros por pouca coisa.
fluência significativa e duradoura sobre esse continente. So- Platão. A República. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1993. p. 88-89. Adaptado.
bre a civilização minoica, marque a alternativa correta: b Considerando os textos anteriores, marque certo (C) ou erra-
a) A civilização minoica renasceu a partir da chamada Idade do (E) nas afirmações abaixo:
das Trevas, uma era entre a extinta civilização micênica e o ( C ) A partir da leitura dos textos I e II, conclui-se que, embora
apogeu dos cretenses. as narrativas épicas, históricas ou epopeicas garantissem
b) O centro das civilizações minoicas eram palácios maravi- a preservação da memória cultural dos gregos, para Pla-
lhosos, ricamente construídos, o que era um forte indício tão, as fábulas contadas por Hesíodo e Homero, por não
da riqueza e do poder de seus reis. serem exemplares, não possuíam conteúdo pedagógico.
c) A civilização minoica investiu no desenvolvimento do pensa-
( E ) Depreende-se do segundo texto que, para Platão, os mi-
mento ético-religioso a partir de uma religião monoteísta.
d) Felipe II da Macedônia contribuiu para a conquista da civi- tos não têm valor filosófico.
lização minoica pelos gregos. ( C ) A menção a hábito do poeta Homero, no primeiro pará-
e) A conquista da civilização micênica pelos minoicos ou grafo do texto I, endossa a tese de que a prática musical
cretenses é contemporânea à implantação da democra- na Grécia antiga teve origem no âmbito da dramaturgia.
cia por Clístenes.
3 (Vunesp) A Ilíada, de Homero, data do século VIII a.C. e narra
2 (UnB-DF – Adaptada) Leia os textos abaixo: o último ano da Guerra de Troia, que teria oposto gregos e
troianos alguns séculos antes. Não se sabe, no entanto, se esta
Texto I
guerra de fato ocorreu ou mesmo se Homero existiu. Diante
Vivendo provavelmente no século VIII a.C., costumava disso, o procedimento usual dos estudiosos tem sido: b
peregrinar pelas cortes e pelas ágoras, mercados públicos
a) desconsiderar os relatos atribuídos a Homero, pois não te-
das cidades daquela época, a repetir, em estrofes candentes,
mos certeza de sua procedência, nem se eles nos contam
entusiastas, cosendo os cantos uns nos outros, os memorá-
a verdade sobre o passado grego.
veis feitos dos aqueus, antepassados dos gregos. Segundo o
b) identificar na obra, apesar das dúvidas, características da
costume, apresentava-se em pé, apoiado em um bastão, nar-
sociedade grega antiga, como a valorização das guerras e
rando de memória e em voz alta, para que todos ouvissem,
a crença na interferência dos deuses na vida dos homens.
e, assim, preservava a memória dos combates e dos máscu-
c) desconfiar de Homero, pois ele era grego e assumiu a de-
los heróis do passado. Teria sido ele o principal responsável
fesa de seu povo, abrindo mão da completa neutralidade
por conferir unidade cultural a todo o povo de fala grega, o
que todo relato histórico deve ter.
do continente da Ática, o da península do Peloponeso e o
d) acreditar que a Guerra de Troia realmente aconteceu, pois
das ilhas do mar Egeu. Para Hesíodo, foi Homero quem
Homero não poderia ter imaginado tantos detalhes e perso-
constituiu a teologia nacional da Grécia. É consenso, hoje,
nagens tão complexos como os que aparecem no poema.
que nenhum poeta, nenhuma personalidade literária, ocu-
e) descartar o uso da obra como fonte histórica, pois, mes-
pou na vida do seu povo lugar semelhante. Homero narrou
mo que a guerra tenha ocorrido, a Ilíada é um relato lite-
a epopeia da guerra de Troia em duas obras distintas: Ilíada
rário e não foi escrita com rigor e precisão científica.
(dedicada ao último ano da guerra) e Odisseia (narrativa das
peripécias de Ulisses depois da guerra). Nelas, encontram-se 4 Os aqueus, povo de origem indo-europeia, estabeleceram-se
não só a relação estreita dos homens com inúmeros deuses, na península Balcânica por volta do terceiro milênio a.C. Quais
mas também a exposição da cosmogonia grega, o que soli- eram as principais características da civilização micênica?
dificou a posição dessas duas obras como expressão dos Os aqueus fundaram várias cidadelas (pequenas cidades fortificadas),
entre as quais Micenas, a mais desenvolvida e influente, graças ao
ideais de formação dos gregos (Paideia).
intercâmbio comercial com mercadores cretenses. Não possuíam o
Disponível em: <http://educaterra.terra.com.br>. Adaptado. mesmo domínio tecnológico dos minoicos, mas, em função das rela-
Texto II ções comerciais, incorporaram muitos de seus valores culturais. Com
eles, aprenderam a fabricar armas de bronze e objetos de ouro,
Efetivamente, são esses [Hesíodo e Homero] que fi- prata e marfim; além disso, assimilaram suas práticas agrícolas e téc-
zeram para os homens essas fábulas falsas – que contaram nicas de navegação. Desenvolveram também um sistema de escrita
próprio, resultante do contato com a escrita cretense. Ao dominarem
e continuam a contar –, nas quais os deuses lutam contra Creta, os aqueus assumiram o controle das rotas comerciais do Me-
os deuses, que conspiram e combatem, pois nada disso é diterrâneo e conheceram grande crescimento econômico. A partir do
século XIV a.C., porém, a economia micênica declinou.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 e 2 Para aprimorar: 1 e 2

8 Antiguidade II: Grécia e Roma


ANASTAS/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

Templo de Hefesto, em Atenas, Grécia. Com


influência arquitetônica dória e localizado
no centro de Atenas antiga, Hefesto é o
templo grego mais bem preservado.

A INVASÃO DÓRIA
Na segunda metade do século XII a.C., a civilização micênica entrou em crise. Seu território foi
então ocupado pelos dórios, povo indo-europeu que expulsou populações inteiras da região. Por
volta do ano 1000 a.C., eles já haviam conquistado grande parte da Grécia continental. Para fugir dos
dórios, muitos aqueus, eólios e jônios – povos indo-europeus que haviam chegado à Grécia antes –
estabeleceram-se na Ásia Menor, onde fundaram cidades como Mileto, Éfeso e Cnido.
Entre os séculos XII e VIII a.C., os dórios exerceram a supremacia no Peloponeso e em outras re-
giões da Grécia. Conhecido como Período Homérico, alguns historiadores preferem chamá-lo “Idade
das Trevas”, uma vez que as cidades micênicas foram destruídas, seus palácios saqueados, as técnicas
artesanais praticamente abandonadas e a própria escrita desapareceu. As populações que não fugiram
e reagiram à invasão foram escravizadas, outras fizeram alianças. Aqueles que se submeteram ao inva-
sor passaram a ocupar uma posição subalterna na nova sociedade. Um dos fatores que favoreceram
o domínio dórico foram suas armas de ferro, mais resistentes do que as de bronze
usadas pelos vencidos.
Algumas regiões, contudo, permaneceram sob o domínio de outros povos.
A Ática, povoada pelos jônios, foi uma delas.

A civilização grega
Nos séculos que se seguiram às invasões dórias, ganhou impulso o pro-

DEA PICTURE LIBRARY/THE GRANGER COLLECTION/GLOW IMAGES


cesso de formação da civilização grega, resultado do intercâmbio entre os
diferentes povos que ocupavam a península Balcânica ou com os quais esses
povos travaram contato.
De modo geral, os gregos desse período estavam organizados em tribos
que se subdividiam em clãs (grupos de pessoas ligadas por laços sanguíneos e
com um mesmo ancestral), os genos. Estes eram constituídos por um senhor
ou patriarca, seus familiares e escravos, parentes próximos e hóspedes. A posse
HISTÓRIA

da terra era coletiva. O chefe tribal que mais se destacava nas guerras tornava-
-se rei. Formaram-se assim diversos pequenos reinos.
Com o crescimento da população, a escassez de terras férteis e o uso de
técnicas rudimentares, a produção agrícola se tornou insuficiente. A falta de
alimentos acirrou a disputa pelo controle da terra. Esse fato contribuiu para a
extinção da posse coletiva das propriedades agrícolas e para o aparecimento Centauro Lefkandi, estatueta grega
de desigualdades sociais. em terracota do século VIII a.C.

Antiguidade II: Grécia e Roma 9


MATERIAL COMPLEMENTAR O domínio da aristocracia
Verifique no Portal SESI os ma- As maiores e melhores propriedades ficaram nas mãos de um pequeno grupo de pessoas, cha-
teriais complementares com madas em alguns lugares de eupátridas (bem-nascidos). Essas pessoas formavam uma espécie de
atividades relacionadas aos nobreza. O restante da população ou ficou sem terra ou obteve pequenos lotes, muitos dos quais
conteúdos deste Capítulo. pouco férteis.
Representação e Detentores das melhores terras, em muitas regiões da Grécia, os integrantes da nobreza acaba-
Linguagem ram afastando o rei e assumindo o poder. Com o tempo, a autoridade passou para as mãos de um
pequeno grupo de eupátridas. Esse grupo constituía uma aristocracia, palavra grega que pode ser
Pensamento Crítico traduzida como “governo dos melhores”.

As primeiras pólis
Todas essas mudanças contribuíram para o enfraquecimento dos genos, que perderam
sua força de coesão. Ao mesmo tempo, a necessidade de se defender da ação de inimigos
externos incentivou o agrupamento de vários genos em cidades com governo autônomo.
Começavam a surgir, assim, as pólis, ou cidades-Estado gregas. Esparta, por exemplo, surgiu
da união de quatro vilas vizinhas. Esse processo ocorreu quase ao mesmo tempo em toda a
Grécia.
De modo geral, as pólis eram cidades fortificadas; na parte mais alta, ficavam uma espécie de
fortaleza e um santuário. Essa parte da cidade era chamada acrópole. Na região central da parte bai-
xa, havia uma praça, a ágora, onde os cidadãos se reuniam para tomar decisões políticas. Na periferia,
viviam os trabalhadores agrícolas e os pequenos proprietários rurais. A pólis, portanto, englobava a
cidade e as terras próximas a ela. Atenas, por exemplo, dominava toda a Ática, a península na qual
estava situada (reveja o mapa da página 6).
Vista da acrópole de Atenas. Localizada a Assim, aos poucos, a sociedade grega deixava de ser primordialmente camponesa e guerreira
150 metros acima do nível do mar, abriga e se transformava em uma civilização centrada em torno das pólis. No início do século VIII a.C., o
um dos mais conhecidos monumentos
históricos, o Partenon, templo erguido mundo grego estava politicamente dividido em uma grande quantidade de cidades-Estado, cujos
em homenagem à deusa Palas Atena. habitantes encontravam-se unidos por laços de parentesco.
Foto de 2013.

HEMIS/ALAMY/GLOW IMAGES

10 Antiguidade II: Grécia e Roma


PARA CONSTRUIR

5 Os gregos passaram por transformações na sua organização política graças à sedentarização e ao aumento populacional. Os genos
e os reis guerreiros foram gradativamente substituídos por governos da aristocracia. Explique como funcionavam essas duas formas
de organização: os genos e o governo aristocrático.
Os genos eram agrupamentos tribais que se subdividiam em clãs. Estes eram constituídos por um senhor ou patriarca, seus
familiares e escravos, parentes próximos e hóspedes. A posse da terra dos genos era coletiva. O chefe tribal que mais se
destacava nas guerras tornava-se rei. O crescimento da população, a escassez de terras férteis e o uso de técnicas rudimentares
tornaram a produção agrícola insuficiente. A falta de alimentos acirrou a disputa pelo controle da terra, de maneira que as maiores
e melhores propriedades ficaram nas mãos de um pequeno grupo de pessoas, os eupátridas (uma espécie de nobreza da
época), que acabaram afastando os reis e assumindo o poder. Esse grupo constituiu, então, uma aristocracia, palavra grega que
pode ser traduzida como “governo dos melhores”.

6 (PUC-RS) No Período Homérico da história antiga da Grécia (séculos XII a VIII a.C.), já existiam formas precoces de cidades, comu-
nidades agrárias, coletivistas, como apontam as pesquisas arqueológicas. Mas foi no Período Arcaico (séculos VIII a.C.-VI a.C.) que
as cidades-Estado gregas, definidas como pólis ou urbes, desenvolveram-se. Essas cidades-Estado tinham como características
políticas: _________ entre si e governos _________, que representavam _________. c
a) dependência – centralizados – os cidadãos livres e os monarcas hereditários.
b) dependência – centralizados – os deuses e as figuras mitológicas.
c) independência – descentralizados – os cidadãos livres.
d) independência – centralizados – os monarcas hereditários e a corte.
e) dependência – descentralizados – os nobres, os sacerdotes e os estrangeiros.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 3 e 4 Para aprimorar: 3

Veja, no Guia do Professor, as


respostas da “Tarefa para casa”. TAREFA PARA CASA
As respostas encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

à exploração de madeira, ao transporte e ao comércio


PARAPARA PRATICAR
PRATICAR marítimo.
b) Os produtos básicos do comércio cretense foram os uten-
1 O comércio marítimo dos cretenses transformou significati- sílios de cerâmica e azeite de oliva.
vamente a vida desse povo. Além do desenvolvimento eco- c) Em Creta, os palácios eram simultaneamente oficinas de
nômico, quais foram as mudanças provocadas na sociedade artesãos e depósitos de mercadorias.
minoica pelas trocas mercantis? d) A tecnologia e a cultura cretense foram de grande impor-
tância para a sociedade micênica.
2 (UFPE) e) Com base nos poemas homéricos, pode-se afirmar que o
Muitos lavradores faziam girar as parelhas de bois, e as comércio minoico se realizava unicamente com os produ-
tos derivados da atividade da pecuária.
levavam para cá e para lá. Quando tudo feito seria volta, vol-
tavam ao limite do campo, tomavam uma taça de vinho doce 3 (UFSC) Assinale a única proposição correta. Entre os povos
HISTÓRIA
como mel, [...] e volviam ao sulco, ansiosos por chegar ao indo-europeus, que foram os principais fundadores das cida-
limite, ao profundo alqueive, que escurecia atrás deles [...]. des-Estado da Grécia clássica, encontram-se os:
HOMERO. Ilíada. Difusão Europeia do Livro. p. 333. a) sumérios, aqueus, eólios e godos.
Sobre a sociedade cretense nos III e II milênios a.C., assinale a b) aqueus, jônios, eólios e francos.
alternativa INCORRETA. c) jônios, persas, aqueus e dórios.
a) A população em Creta vivia em regime de servidão d) eólios, vândalos, jônios e aqueus.
coletiva, dedicava-se a uma agricultura especializada, e) aqueus, dórios, jônios e eólios.

Antiguidade II: Grécia e Roma 11


4 (Vunesp) II. O poder do Minotauro expresso no mito de Teseu, possi-
A consequência mais aparente das invasões foi a des- velmente, simboliza o domínio e a tirania de Creta sobre o
truição quase integral da civilização micênica. No espaço território grego.
de um século, as criações orgulhosas dos arquitetos aqueus, III. O confronto entre Teseu e o Minotauro enquadra a mito-
palácios e cidadelas, não são mais do que ruínas. Ao mes- logia grega no conjunto de crenças que manifestam uma
mo tempo vemos desaparecer a realeza burocrática, a es- concepção maniqueísta do Universo, tal como ocorre
crita, que não passava de uma técnica de administração, e com os antigos egípcios, mesopotâmicos e persas.
todas as criações artísticas [...]. IV. O mito de Teseu também se inspira na antiga religião dos
LÉVÊQUE, Pierre. A aventura grega.
hebreus, na medida em que reafirma ideias messiânicas,
salvacionistas e sugere práticas monoteístas.
O texto refere-se às invasões:
V. A vitória de Teseu, possivelmente, simboliza a vitória de
a) persas.
Atenas e a conquista da hegemonia marítima e comercial
b) germânicas.
mediterrânica.
c) macedônicas.
a) Apenas as afirmativas II e III são corretas.
d) dórias.
b) Apenas as afirmativas I, II e V são corretas.
e) cretenses.
c) Apenas as afirmativas I, IV e V são corretas.
d) Apenas as afirmativas II, III, IV e V são corretas.
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR e) Todas as afirmativas são corretas.

1 Como você pôde observar no mapa “A formação da Grécia 3 (Fuvest-SP)


antiga” (p. 6), diversos povos constituiram a civilização grega. Não é possível pôr em dúvida por mais tempo, ao
Faça uma descrição geográfica da península Balcânica a partir passar em revista o estado atual dos conhecimentos, ter
do terceiro milênio a.C., indicando a localização de cada um havido realmente uma guerra de Troia histórica, em que
desses povos. Utilize a rosa dos ventos do próprio mapa para uma coligação de Aqueus ou Micênios, sob um rei cuja
definir melhor a localização de cada povo. suserania era conhecida pelos restantes, combateu o povo
de Troia e os seus aliados. A magnitude e duração da luta
2 (UFBA) Julgue os itens numerados de I a V e assinale a alterna- podem ter sido exageradas pela tradição popular em tem-
tiva correta. pos recentes, e os números dos participantes avaliados
Quando chegaram a Creta, Ariadne viu Teseu e muito por cima nos poemas épicos. Muitos incidentes,
amou-o, atraiçoando seu pai Minos. Ela perguntou a tanto de importância primária como secundária, foram sem
Dédalo como poderia um homem sair do Labirinto, e ele dúvida inventados e introduzidos na narrativa durante a
deu-lhe um novelo de fio, a fim de salvar o seu compa- sua viagem através dos séculos. Mas as provas são suficien-
triota ateniense. Teseu tomou o novelo e foi até o centro tes para demonstrar não só que a tradição da expedição
do Labirinto, onde encontrou o Minotauro, matando-o contra Troia deve basear-se em fatos históricos, mas ainda
com as mãos, ou com a própria espada, que Ariadne lhe que boa parte dos heróis individuais mencionados nos
devolvera. poemas foi tirada de personagens reais.
Pinsent. p. 92. BLEGEN, Carl W. Troia e os troianos. Lisboa: Verbo, 1971. Adaptado.
Associando o texto anterior aos conhecimentos sobre o lega- A partir do texto acima:
do cultural da Antiguidade, é possível afirmar: a) Identifique ao menos um poema épico inspirado na guer-
I. Os mitos gregos refletem a organização e os valores da so- ra de Troia e explique seu título;
ciedade na qual se inserem, incorporando, possivelmente, b) Explique uma diferença e uma semelhança entre poesia
situações, episódios e até pessoas reais. épica e história para os gregos da Antiguidade.

ANOTAÇÕES

12 Antiguidade II: Grécia e Roma


CAPÍTULO

2 A Grécia clássica

Objetivos: Nos primeiros anos do século XXI, o governo da Grécia gastou muito mais do que arrecadou.
Resultado: o país viu-se endividado e precisou pedir elevados empréstimos junto à comunidade
c Aprofundar o estudo
internacional. O endividamento foi tão grande que o governo ficou sem condições de quitar seus
das pólis gregas,
compreendendo as
empréstimos, levando a Grécia a uma profunda crise que teve início em 2008.
transformações no Para tentar melhorar a condição financeira do país, o governo grego adotou uma série de
interior da sociedade medidas até então impensáveis no país, como autorizar, em 2012, a exploração publicitária de seus
grega. tesouros arqueológicos. Agora, por 1 600 euros, é possível fazer filmagens profissionais até mesmo no
Partenon, o monumento mais conhecido de toda a Grécia.
c Conhecer as Construído no século V a.C. em homenagem à deusa Palas Atena, o Partenon foi erguido em
características da
uma época em que Atenas vivia um período de grande esplendor e tinha Esparta como sua maior
sociedade espartana
rival em termos políticos e econômicos. Neste capítulo, conheceremos mais sobre essas duas impor-
e da sociedade
tantes cidades-Estado da Grécia antiga.
ateniense.

c Apresentar as origens

AYHAN ALTUN/CONTRIBUTOR/GETTY IMAGES


dos conceitos de
política, cidadania e
democracia.

c Compreender o
crescimento e o
declínio do poderio de
distintas cidades-
-Estado gregas.

HISTÓRIA

Turistas visitam o Partenon na acrópole de Atenas, na Grécia. Foto de 2014.

Antiguidade II: Grécia e Roma 13


A PÓLIS GREGA
A pólis, ou cidade-Estado, era a unidade política básica da Grécia antiga. Não havia um Estado cen-
tralizado que unificasse toda a sociedade grega. Cada cidade constituía um pequeno Estado autônomo
que, muitas vezes, guerreava contra outras pólis. Por falta de documentação, não se sabe o momento
em que surgiram as primeiras pólis. Historiadores acreditam que isso ocorreu entre os séculos VIII e VII
a.C. – ou seja, no chamado Período Arcaico (séculos VIII a VI a.C.) –, e que começou na Ásia Menor,
onde se refugiaram grupos populacionais que fugiam dos dórios.
Em algumas pólis, o poder político era exercido diretamente pelos cidadãos por meio de
assembleias realizadas na ágora, a praça central da cidade. Discutiam-se ali questões de interesse
público, tomavam-se decisões e elaboravam-se as leis. Nesse processo, alguns cidadãos começaram
a se destacar no interior da pólis, dando origem à figura do político.
Entretanto, poucos habitantes da pólis eram considerados cidadãos. Apenas os homens
livres – proprietários de terra, artesãos, comerciantes e pequenos agricultores – detinham os
direitos de cidadania. Estavam excluídos da vida política os escravos, os estrangeiros livres (me-
tecos) e as mulheres em geral. O boxe “As mulheres e a pólis” a seguir aborda algumas atividades
femininas na pólis.
Entre as diversas cidades-Estado gregas, duas se destacaram por sua capacidade de lideran-
ça: Esparta e Atenas (veja o mapa abaixo com estas e outras pólis gregas).

Cidades gregas e territórios colonizados (séculos VIII a.C. a VI a.C.)

FONTE: World history atlas: mapping the human journey. London: Dorling
OCEANO
ATLÂNTICO Tânais

Massília Dioscúridas
(Marselha) Nice Mar Negro
Sinope
M

rA
Odessa
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Empórias Alalia iá t
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NIA Bizâncio Heracleia
Epidamo
CE DÔ de a
Nápoles MA ar ar
M árm
Mar M
Hemeroscópion Tirreno Crotona Mar
Tebas Egeu
Messina Reggio Aspendo

Kindersley, 2005. Adaptado.


Málaga Corinto Atenas Mileto
Professsor, divida os alunos em grupos. Mar
Siracusa

FENÍCIA
Peça-lhes que façam uma comparação Jônico Esparta Rodes
entre o papel da mulher na Grécia an- Cnossos
Mar Mediterrâneo
tiga e na sociedade ocidental moderna,
levando em conta três esferas da vida: a N Cirene
política, a comunitário-religiosa e a pro- Cidades da Grécia antiga
0 329
fissional. Oriente-os a organizar as infor- Territórios colonizados Náucratis
km EGITO
mações em cartazes e a preparar uma
pequena apresentação para a classe.

As mulheres e a pólis
Embora desprovidas de direitos políticos, havia áreas na vida cívica e comunitária das antigas pólis em que as mulheres –
até mesmo escravas – desempenhavam papéis importantes.
Em algumas festas, como as Panateneias realizadas em Atenas, elas tinham grande participação. Também era comum
encontrar mulheres trabalhadoras e negociantes nas camadas mais baixas da sociedade. Muitas trabalhavam na ágora ou nos
arredores. Algumas se dedicavam ao pequeno comércio, vendendo gêneros alimentícios ou itens como perfumes e grinaldas;
outras dirigiam tabernas ou trabalhavam com lã.
CARTLEDGE, Paul (Org.). História ilustrada da Grécia antiga. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. p. 160-182. Adaptado.

14 Antiguidade II: Grécia e Roma


A SOCIEDADE ESPARTANA
Esparta foi fundada pelos dórios no sudeste do Peloponeso por volta do século IX a.C., como
resultado da união de quatro aldeias vizinhas. Depois de um período de expansão, no final do século ACESSE O SITE
VII a.C., Esparta dominava um terço de todo o Peloponeso. Grécia antiga – Portal com in-
Seus governantes mantiveram a cidade isolada das outras pólis e adotaram uma rígida discipli- formação variadas sobre a antiga
na militar. Para tanto, criaram um exército permanente, pronto para guerrear a qualquer momento Grécia. Disponível em: <http://
(sobre a infantaria grega, veja o “Olho vivo” na próxima página). Ao lado disso, estabeleceram-se na greciantiga.org/>. Acesso em: 17
cidade relações sociais e econômicas baseadas na total subordinação do indivíduo ao Estado (veja set. 2014.
no boxe abaixo).
A sociedade espartana dividia-se em três grupos bem diferenciados:
Espartanos (ou espartíatas) – descendentes dos conquistadores dórios, eram os únicos a ter
direitos de cidadania. Possuíam as melhores terras e deviam dedicar todo o seu tempo à política
e ao exército;
Periecos – antigos habitantes das regiões conquistadas pelos dórios que não resistiram à ocupação.
Embora livres, eram submissos aos espartanos. Sem direitos políticos, viviam na periferia da cidade;
Hilotas – grupo formado pelos antigos habitantes do Peloponeso que resistiram à invasão dos
dórios e acabaram transformados em escravos. Todos os anos, deviam dar metade do que colhiam
aos seus proprietários espartanos.
Esparta era governada por dois reis que concentravam os poderes militar, religioso e judi-
ciário. Eles presidiam a Gerúsia, assembleia formada por 28 homens com mais de 60 anos
(os gerontes), cuja função era decidir questões importantes, propor leis e julgar crimes.
Os gerontes eram eleitos pela Apela, assembleia composta de todos os esparta-
nos com mais de 30 anos e que tinha a função de votar as questões encaminhadas
pela Gerúsia.
A Apela também elegia os éforos, cinco magistrados que por um ano integra-
riam o Eforato. Eles eram os verdadeiros chefes do governo, com autoridade para
fiscalizar a cidade, os funcionários e até mesmo os reis, contra quem poderiam
mover ações. Os éforos supervisionavam também a educação da juventude.
Graças a esse exército poderoso, a cidade liderou, a partir do fim
do século VI a.C., uma confederação de cidades-Estado, a Liga do

COLEÇÃO PARTICULAR/BOLTIN PICTURE LIBRARY/THE BRIDGEMAN IMAGES/GRUPO KEYSTONE


Peloponeso.

Vida dedicada ao exército


Ao nascer, as crianças espartanas eram levadas para o conselho
dos anciãos. Se fossem consideradas doentes, deveriam ser jogadas
do alto de um despenhadeiro ou adotadas por um hilota. Caso fos-
sem saudáveis, as meninas ficavam com as mães. Já os meninos, a partir
dos 7 anos, eram entregues ao governo e transferidos para quartéis.
Até os 12 anos, eles se dedicavam aos esportes. A partir de en-
tão, tinham aulas de música e poesia. Aos 18 anos, iniciava-se para eles
um período de treinamento militar intenso e rigoroso: tinham de andar
descalços e nus para ficar com a pele mais grossa e eram chicoteados até
sangrar para aprender a dominar a dor.
Dos 20 aos 30 anos, permaneciam nos quartéis à espera de convocação
para alguma guerra. Aos 30 anos, ao fim do serviço militar, poderiam conquis-
HISTÓRIA

tar a cidadania, mas somente aos 60 estavam liberados de suas obrigações


para com o exército.

Estatueta em bronze do século VI a.C.


representando um guerreiro espartano.

Antiguidade II: Grécia e Roma 15


LH VIVO
O hoplita
Na Grécia antiga, hoplita era o soldado da infantaria pesada. Os hoplitas – palavra que deriva de hóplon, que quer dizer “es-
cudo” – constituíam a principal força do exército das cidades-Estado. Para se defender, além do escudo, eles usavam uma couraça
no peito, capacete e perneiras de metal. Suas armas ofensivas eram uma espada reta com dois gumes e uma lança com dois metros
de comprimento.
Essas armas eram, de modo geral, as mesmas em todas as pólis gregas. A armadura completa pesava cerca de
35 kilos. Por isso, o hoplita era acompanhado de um ajudante que carregava suas armas durante as marchas. A armadura só era
vestida no momento dos combates. No século IV a.C., ela tornou-se mais leve.
Fontes: JARDÉ, A. A Grécia antiga e a vida grega. São Paulo: Edusp, 1977. p. 181-183;
HENNINGER, Laurent. Às armas, cidadãos gregos!. História Viva, São Paulo, n. 3, jan. 2004. p. 60-65.

O elmo contava com um penacho preso


a um suporte de bronze. No século VI a.C.,
os gregos criaram um novo modelo de
elmo. Feito de bronze, cobria todo o rosto,
A mão direita era deixando aberturas apenas para os olhos e
utilizada para segurar a a boca. A peça pesava 2 kilos e dificultava
lança, que pesava cerca a visão. Por ser incômodo, deixou de ser
de 700 gramas. usado no século V a.C.

O escudo era feito de


madeira de carvalho
coberta por uma fina
camada de bronze.
Pesava 9 kilos e era usado
no braço esquerdo.

A couraça de bronze, forrada


MUSEU DE BERLIM/HULTON ARCHIVE/GETTY IMAGES

internamente com uma


camada de couro, chegava a
pesar 14 kilos, impedindo o
hoplita de se abaixar ou de
se levantar. Protegia-o contra
flechadas e golpes de lança
ou espada. As perneiras eram chapas
finas e flexíveis de bronze
usadas para a proteção as
pernas.

Escultura em bronze do século VI a.C. representando um hoplita grego. A lança


que levava na mão desapareceu com o tempo.

16 Antiguidade II: Grécia e Roma


A DEMOCRACIA EM ATENAS
Situada na Ática, Atenas foi fundada pelos jônios por volta do século IX a.C. No início, a cidade

MUSEU ARQUEOLÓGICO NACIONAL NÁPOLES ITÁLIA/DE AGOSTINI PICTURE


foi governada por um rei que também exercia a função de principal sacerdote. Com ele, governavam o
polemarca, comandante das forças militares, e o arconte, principal autoridade civil. Essas pessoas eram

LIBRARY/L. PEDICINI/THE BRIDGEMAN IMAGES/GRUPO KEYSTONE


escolhidas entre os integrantes da aristocracia ateniense, os eupátridas.
Com a extinção da realeza, polemarcas e arcontes passaram a exercer os poderes político, militar
e religioso, assessorados por um conselho de anciãos, o Areópago, formado por eupátridas. Ao lado
desse órgão, havia a Assembleia (Eclésia), composta de homens livres que integravam o exército. Ela
elegia governantes, aprovava leis e decidia questões relativas à paz e à guerra.
As alterações políticas, contudo, não foram acompanhadas de mudanças na esfera social. As desigual-
dades em Atenas eram grandes: enquanto os comerciantes enriqueciam, pequenos camponeses e artesãos
viviam na miséria. Muitos eram transformados em escravos por não poder pagar suas dívidas. Entre os
séculos VII e VI a.C., eclodiram conflitos sociais que obrigaram os legisladores a promover novas reformas.
Uma das mais importantes foi realizada pelo arconte Sólon a partir de 594 a.C.: ele perdoou aos
devedores, proibiu a escravidão por dívidas, devolveu aos antigos donos as pequenas propriedades
tomadas pelos grandes senhores de terras, conferiu maiores poderes à Eclésia e instituiu um tribunal
popular, a Bulé, cujos juízes eram escolhidos por sorteio entre os cidadãos. Sólon também estabele-
ceu o mesmo peso para o voto dos cidadãos, fossem eles ricos ou pobres. Busto em mármore do arconte Sólon.
Cópia romana de original grego do
século IV a.C.
BORISB17/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES

O Pórtico das Cariátides no templo de


Erecteion, na acrópole de Atenas, na Grécia.
Construído no século V a.C., o templo é
considerado o monumento mais belo em
estilo jônico.

Com essas mudanças, a aristocracia começava a enfraquecer. Esse declínio se acentuou entre
GLOSSÁRIO

561 e 528 a.C., período em que Atenas foi governada pelo tirano Pisístrato. Ele confiscou grandes pro-
Tirano:
priedades dos nobres, promoveu uma reforma agrária, realizou obras públicas que geraram trabalho
na Grécia antiga, denominava-se ti-
para muitos atenienses e incentivou as artes e o comércio, transformando Atenas em importante rano o líder político que tomava o
centro comercial, artístico e cultural da Grécia. poder com o apoio da população.
O declínio da aristocracia ateniense se consumou pouco depois, quando o arconte Clístenes Os tiranos, em geral, eram originários
(508-507 a.C.) promoveu nova e profunda mudança na organização do Estado. Clístenes dividiu a do grupo de novos proprietários de
terra, e foram importantes para a so-
Ática em cem unidades políticas e territoriais, os demos, cada qual reunindo indivíduos de diferentes ciedade grega porque introduziram
clãs e pessoas de várias camadas sociais. Cada uma dessas unidades tinha seu chefe, o demiarca, reformas na legislação agrária em
escolhido por meio do voto. Os demos foram agrupados em dez diferentes distritos eleitorais, de benefício das classes populares. Sob
modo que os cidadãos ou votavam ou iam para a guerra como representantes de seus distritos. sua liderança, o direito à cidadania
foi ampliado, as leis deixaram de ser
O principal órgão legislativo era a Assembleia, que se reunia a cada dez dias. Nessas ocasiões,
HISTÓRIA
privilégio da aristocracia e foram pu-
qualquer cidadão poderia pedir a palavra e expor sua opinião ou votar em alguma questão colocada blicadas. No mundo atual, o termo
em pauta. Tais reformas originaram a democracia em Atenas (em grego, democracia significa “governo “tirano” designa aquele que usurpa
da maioria”). o poder de um Estado, por meio da
Embora mulheres, escravos, ex-escravos e estrangeiros representassem a maior parte da popu- força. O governo de um tirano não
respeita as liberdades individuais, ig-
lação, não eram considerados cidadãos e, por isso, estavam impedidos de participar das assembleias. nora as leis e a justiça, sendo assim
Apesar de não beneficiar a todos, a democracia garantia aos cidadãos três direitos essenciais: autoritário e opressivo.
liberdade individual, igualdade perante a lei e direito de expressar suas opiniões nas assembleias.

Antiguidade II: Grécia e Roma 17


PARA CONSTRUIR

1 (Fuvest-SP) A cidade e o Estado não surgiram na Grécia anti- variantes e dialetos) que compartilhava santuários e crenças,
ga. Mas a pólis, entre os séculos VIII e III a.C., foi uma criação costumes e hábitos, formando uma civilização. Em termos
especificamente grega. geográficos, porém, era dividida em um grande número
a) Indique as instituições básicas da pólis. de cidades-Estado, de tamanho e importância variados, in-
dependentes umas das outras e frequentemente rivais. A
A pólis, cidade-Estado independente, tinha como base a
propósito das características dessas cidades, considere as se-
Assembleia de cidadãos (existente tanto nas pólis democráticas guintes afirmações:
como nas aristocráticas) e o exército, composto também de I. Cada cidade-Estado possuía um regime político que lhe
cidadãos. era próprio e instituições que variavam consideravelmen-
te de uma localidade para outra.
II. Atenas foi, sobretudo na época clássica, a mais desta-
cada das cidades-Estado. Seu modelo democrático ba-
seava-se no princípio de isonomia, isto é, de igualdade
b) Comente sua especificidade e sua importância histórica. de direitos extensiva àqueles que eram considerados
A estrutura da pólis permitia que os cidadãos participassem cidadãos.
ativamente das questões públicas (incluindo administração, III. Em nome da excelência militar e da ação bélica contínua,
o regime monárquico espartano concedia a todos os seus
elaboração de leis, tribunais e defesa). Nesse processo, alguns
habitantes o estatuto de cidadão, pelo qual os grupos so-
cidadãos começaram a se destacar, dando origem à figura do
ciais exerciam em igualdade de condições os direitos e
político. A pólis pode ser considerada o modelo clássico de deveres nos assuntos da cidade.
cidadania, que mais tarde foi difundido e adaptado em todo o Quais estão corretas? d
Ocidente. a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) I, II e III.

4 (Unifesp)
Ao povo dei tantos privilégios quanto lhe bastam, à
2 (UEPG-PR) O regime democrático grego foi instituído em sua honra nada tirei nem acrescentei; mas os que tinham
Atenas, na época do governo de Clístenes (final do século poder e eram admirados pelas riquezas, também neles
VI a.C.). A respeito da democracia ateniense, assinale a(s) pensei, que nada tivessem de infamante [...] entre uma e
alternativa(s) correta(s). a, c, d outra facção, a nenhuma permiti vencer injustamente.
Sólon, século VI a.C.
a) A democracia ateniense era uma democracia escravis-
ta. O trabalho escravo era a base da vida econômica da No governo de Atenas, o autor procurou: b
sociedade. a) restringir a participação política de ricos e pobres, para
b) Diferente das democracias atuais, o modelo ateniense impedir que suas demandas pusessem em perigo a
se estruturou a partir do sistema de castas sociais. realeza.
c) Na democracia ateniense, cidadãos eram apenas os b) impedir que o equilíbrio político existente, que beneficia-
homens livres, nascidos em Atenas e maiores de idade, va a aristocracia, fosse alterado no sentido da democracia.
os quais possuíam o direito de participar ativamente c) permitir a participação dos cidadãos pobres na política para
da vida política. derrubar o monopólio dos grandes proprietários de terras.
d) Mulheres, estrangeiros, escravos e crianças não partici- d) abolir a escravidão dos cidadãos que se endividavam, ao
pavam das decisões políticas na democracia ateniense. mesmo tempo em que mantinha sua exclusão da vida
política.
3 (UFRGS-RS – Adaptada) Na Antiguidade clássica, a Grécia e) disfarçar seu poder tirânico com concessões e encena-
não existia enquanto entidade política. Antes, configurava ções que davam aos cidadãos a ilusão de que participa-
uma comunidade linguística (onde se falava o grego, com vam da política.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 a 3 Para aprimorar: 1 e 2

18 Antiguidade II: Grécia e Roma


ANCIENT ART ARCHITECTURE COLLECTION LTD, LONDON/TOPFOTO/KEYSTONE
AS GUERRAS GRECO-PÉRSICAS
No final do século VI a.C., depois de expandir seu terri-
tório para o leste, em direção à Índia, o imperador persa Da-
rio decidiu invadir a Grécia. Começavam, assim, as chamadas
Guerras Médicas ou Greco-Pérsicas. Em 490 a.C., Dario en-
viou 50 mil homens para lutar contra os gregos, mas os invaso-
res foram derrotados pelos atenienses na batalha de Maratona,
que não contou com a participação dos espartanos.
Dario morreu em 486 a.C. e seu filho Xerxes assumiu
o comando do Império Persa. Seis anos depois, em 480 a.C.,
Xerxes enviou um exército de 250 mil homens para lutar con-
tra os gregos. Unidas, Esparta e Atenas expulsaram os invasores
persas. O conflito se deslocou então para a Ásia Menor, onde
os gregos obtiveram novas vitórias. Em 448 a.C., pelo acordo
conhecido como Paz de Susa, os persas reconheceram a sua
derrota e a supremacia grega no Mediterrâneo oriental.
O êxito nos campos de batalha consolidou a posição dos
atenienses no mundo grego e deu início ao chamado Perío-
do Clássico da história grega (séculos V e IV a.C.; veja abaixo
o boxe “O século de Péricles”). Em 478 a.C., Atenas liderou
a criação de uma aliança militar marítima de defesa, a Liga
de Delos (ou Confederação de Delos), que chegou a reunir
cerca de 200 cidades-Estado e gerou volumosos recursos para
Atenas, que acabou por se transformar em um império militar Detalhe de pintura em vaso grego do século V a.C. que representa uma cena de
e econômico. batalha na qual um soldado grego fere um guerreiro persa com uma lança.

O século de Péricles
O século V a.C. é considerado pelos estudiosos como o do
apogeu do mundo grego. Ele também ficou conhecido como Sécu-

MUSEU ARQUEOLÓGICO NACIONAL NÁPOLES ITÁLIA/ALINARI/THE BRIDGEMAN IMAGES/GRUPO KEYSTONE


lo de Péricles, em homenagem ao líder político que governou Ate-
nas entre 446 e 431 a.C. Péricles contratou os melhores arquitetos
e escultores da época, que ergueram tribunais, mercados, templos,
teatros e ginásios. Uma das obras mais destacadas desse período
é o Partenon, templo dedicado à deusa Palas Atena, protetora da
cidade.
Péricles também estimulou as artes e o teatro. Criado séculos antes
na Grécia, o teatro se dividia em dois gêneros: tragédia e comédia. Entre os
dramaturgos da época, destacaram-se Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, autores
de tragédias, e Aristófanes, que escreveu comédias.
Foi também no século V a.C. que surgiram os primeiros relatos históri-
cos, com as obras de Heródoto e Tucídides, que abordaram, respectiva-
mente, as Guerras Greco-Pérsicas e a Guerra do Peloponeso. A filosofia
ganhou destaque com Sócrates, Platão e Aristóteles, e a medicina se HISTÓRIA
desenvolveu com Hipócrates.

Busto bifronte do século V a.C.


representando Heródoto e Tucídides.

Antiguidade II: Grécia e Roma 19


MUSEU DE BERLIM ALEMANHA/TARKER/THE BRIDGEMAN IMAGES/GRUPO KEYSTONE

A GUERRA DO PELOPONESO
A expansão do império ateniense entrou em choque com os interesses de
Esparta e contribuiu para acirrar ainda mais a rivalidade política e econômica
entre as duas cidades-Estado. Para contrapor-se à Liga de Delos, Esparta reuniu
seus aliados e formou a Liga do Peloponeso. Em 435 a.C., Esparta entrou em
guerra contra Atenas.
A Guerra do Peloponeso, como ficou conhecido o conflito, arrastou-se por
27 anos. Apesar do equilíbrio de forças, em 404 a.C., os espartanos – com a ajuda
dos persas – derrotaram seus rivais. Vitoriosa, Esparta anexou quase todas as
possessões ultramarinas de Atenas e impôs à sua rival um governo pró-espartano.
Em 403 a.C., porém, uma rebelião restaurou a democracia em Atenas. Em 395 a.C.,
outras cidades, como Argos, Corinto e Tebas, se rebelaram contra Esparta, cujo
poderio entrou em declínio.
Aproveitando-se desse enfraquecimento, em 377 a.C., o general Epaminon-
das, de Tebas, declarou guerra a Esparta. O confronto durou seis anos e foi ven-
cido pelos tebanos.

A ASCENSÃO DE TEBAS
Por quase uma década, Tebas se transformou na pólis mais influente do mundo
grego. Entretanto, depois de tantos anos de guerra, as cidades-Estado entraram em
crise e a Grécia inteira mergulhou em um período conturbado. Convulsionadas por
conflitos sociais, as pólis se enfraqueceram politicamente, o que transformou a Grécia
em presa fácil para povos conquistadores. E eles vieram de onde os gregos menos
esperavam: da Macedônia.
Detalhe de relevo do século V a.C., encontrado em Atenas,
na Grécia. A cena mostra dois hoplitas se cumprimentando
por ocasião da Guerra do Peloponeso.
ENQUANTO ISSO...

Os celtas

MUSEU OKRESNI LITOMERICE REPÚBLICA TCHECA/THE BRIDGEMAN IMAGES/GRUPO KEYSTONE


Na época em que as cidades-Estado
floresciam na Grécia, outro povo con-
quistava a maior parte do continente
europeu: os celtas. Originários da Europa
central, tinham como principal caracte-
rística o domínio do ferro, metal até então
desconhecido em boa parte da Europa e
utilizado por eles para o fabrico de armas.
Os celtas atingiram o auge de sua
expansão territorial no decorrer do século
V a.C. Por essa época, dominavam uma área
que se estendia da atual República Tcheca até
a Irlanda, passando pela Alemanha, França e
Espanha. Nunca chegaram, entretanto, a cons-
tituir um império, pois não dispunham de um
Estado centralizado. No século I a.C., caíram sob
o domínio do Império Romano.

Ornamento celta em bronze do século V a.C. Além de


LEIA O LIVRO
dominar o uso dos metais para o fabrico de armas, a
Grécia e Roma, de Pedro Paulo civilização celta se destacou pela produção de uma arte
requintada, expressa, principalmente em vasos e joias.
Funari. São Paulo: Contexto, 2001.

20 Antiguidade II: Grécia e Roma


PARA CONSTRUIR

5 (UFPR) gras se originam do conjunto de práticas, de valores, de


Xerxes não enviou arautos a Atenas e a Esparta para crenças comuns. Ainda aqui, o quadro só é verdadeiro até
exigir a submissão dessas cidades. Dario os tinha enviado certo ponto. De início porque a guerra jamais ficou confina-
anteriormente com esse fim, mas os atenienses os haviam da unicamente nas fronteiras do mundo grego. Desde então,
lançado no Báratro, enquanto os lacedemônios atiraram-nos dividida em dois campos antagônicos, a Grécia engajou-se
num poço, dizendo-lhes que dali tirassem terra e água para numa luta cujo risco, escala e forma não eram mais os mes-
levarem ao rei. Espértias e Bulis, ambos espartanos de alta mos. Foi todo um sistema de regras antigas que se rompeu.
linhagem, ofereceram-se para sofrer o castigo que Xerxes, VERNANT, Jean-Pierre. Mito e sociedade na Grécia Antiga. Rio de Janeiro:
José Olympio, 1992. p.38-39. Adaptado.
filho de Dario, quisesse impor-lhes pela morte dos arautos
Neste fragmento, o historiador Jean-Pierre Vernant avalia a
enviados a Esparta. [...] Partindo para Susa, foram ter à casa
transformação no ordenamento das cidades-Estado, advinda
de Hidames, persa de nascimento e governador da costa
com as guerras contra os persas. Diante do exposto, explique:
marítima da Ásia. [...] Depois de convidá-los a participar da
sua mesa, assim lhes falou: “Lacedemônios, por que recu- a) A ordem política das cidades-Estado, anterior à guerra
sais de tal forma a amizade que o nosso soberano vos ofe- contra os persas.
rece? Podeis ver, pela situação privilegiada que desfruto, As cidades-Estado eram unidades políticas independentes
que ele sabe premiar o mérito; e como tem em alta conta e autônomas, apresentando uma unidade cultural entre si.
vossa coragem, estou certo que daria também, a cada um
de vós, um governo na Grécia, se quisésseis reconhecê-lo
como soberano”. “Senhor – responderam os jovens — sa- b) A mudança ocorrida na ordenação das cidades-Estado
beis ser escravo, mas nunca experimentastes da liberdade, em virtude da guerra contra os persas.
ignorando, por conseguinte, as suas doçuras. Se já a tivés- A partir das guerras, formou-se um sistema de maior unidade
seis algum dia conhecido, estimular-nos-íeis a lutar por ela, entre as cidades, com o surgimento da Liga de Delos, liderada
não somente com lanças, mas até com machados.”
por Atenas. A partir desse momento, Atenas iniciou um
HERÓDOTO. História. São Paulo: Tecnoprint, [s.d.]. p. 340-341.
movimento expansionista sobre as demais cidades, contraposto
Com base no texto de Heródoto e nos conhecimentos sobre
o conflito entre gregos e persas na Antiguidade, considere as pelo poder de Esparta. Isso abriu caminho para a Guerra do
afirmativas a seguir: Peloponeso e outros conflitos no interior do mundo grego.
1. A narrativa de Heródoto concebe o tempo como cíclico,
uma vez que, para ele, o conhecimento da história permi-
te a correção dos erros do passado.
2. Em seu texto, Heródoto atribui às Guerras Greco-Pérsicas o 7 O que foi a Guerra do Peloponeso e como terminou esse
significado de um conflito entre homens livres e escravos. conflito?
3. Heródoto demonstra, por meio da sua narrativa, que a invio-
A Guerra do Peloponeso envolveu diversas cidades gregas num
labilidade dos arautos, fundada no direito das gentes, era um
costume político compartilhado por gregos e persas. conflito liderado por Atenas, à frente da Liga de Delos, e Esparta,
4. As atitudes dos atenienses e espartanos, narradas no tex- no comando da Liga do Peloponeso. A guerra durou cerca de
to de Heródoto, revelam por que os persas chamavam os 27 anos e terminou com a derrota de Atenas e seus aliados, em
gregos de “os bárbaros da Antiguidade Clássica”.
404 a.C. A vitória e o domínio de Esparta, no entanto,
Assinale a alternativa correta. c
duraram pouco tempo. Em 377 a.C., o general Epaminondas,
a) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
b) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras. da cidade de Tebas, declarou guerra aos espartanos,
c) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. derrotando-os depois de seis anos de conflito. Solicite aos
d) Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras. alunos que observem a localização do Peloponeso no mapa
e) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
“A formação da Grécia antiga” (p. 6), do capítulo anterior.
HISTÓRIA
6 (UFG-GO) Leia o texto. Ressalte que se trata de uma região central da Grécia
A guerra não é nem pode ser anomia, ausência de re- antiga. O conflito acabou enfraquecendo as cidades gregas.
gras. Ao contrário ela se desenrola no quadro de normas
aceitas por todos os gregos, precisamente porque essas re-

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 4 a 6 Para aprimorar: 3 e 4

Antiguidade II: Grécia e Roma 21


Veja, no Guia do Professor, as respostas da
“Tarefa para casa.”
TAREFA PARA CASA
As respostas encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

mocracia. Nela [...] não é o fato de pertencer a uma classe,


PARAPARA PRATICAR
PRATICAR
mas o mérito, que dá acesso aos postos mais honrosos [...].
TUCÍDIDES. História da Guerra do Peloponeso. Tradução de Mário da Gama
1 Observe o mapa da página 14, com as principais cidades Kury. 3. ed. Brasília: Editora UnB, 1987. p. 98.
e territórios colonizados pelos gregos dos séculos VIII a
VI a.C. Depois, compare-o com um mapa político da mes- Com base no texto e nos conhecimentos relativos à de-
ma região nos dias de hoje e indique pelo menos três mocracia ateniense, identifique com V a(s) afirmativa(s)
países atuais em cujos territórios os gregos antigos fun- verdadeira(s) e com F, a(s) falsa(s):
daram colônias. ( ) A democracia ateniense não permitia a participação de
todos os habitantes da cidade, abrindo-a apenas aos ci-
2 Uma das mais importantes cidades-Estado foi Esparta, co- dadãos do sexo masculino.
nhecida pelo rigor de suas leis e pelo acentuado caráter ( ) Os escravos eram considerados estrangeiros, permane-
guerreiro dos seus cidadãos. Defina como a educação em cendo assim, mesmo após obtida a liberdade.
Esparta contribuía para a militarização da sociedade.
( ) As mulheres não tinham participação política, ficando
limitadas às atividades domésticas, sob rígida vigilância
3 (Mack-SP) Acerca da participação política na Grécia antiga, é
de seus pais e maridos.
correto afirmar que:
( ) As bases da democracia foram lançadas por Drácon,
a) em Esparta, espartíatas, mulheres e periecos escoIhiam
dividindo os cidadãos em classes, de acordo com suas
membros da Gerúsia.
b) em Atenas, os eupátridas, mulheres, demiurgos e metecos rendas.
escolhiam seus representantes na Assembleia Popular. ( ) O regime democrático ateniense disseminou-se por vá-
c) em Esparta, os espartíatas, hilotas e periecos escoIhiam os rias cidades gregas, a exemplo de Tebas e Corinto.
membros da Ápela. A sequência correta é:
d) em Atenas, apenas os cidadãos participavam da Assem- a) V – V – V – F – F.
bleia Popular. b) V – V – F – F – F.
e) em Atenas, todos os habitantes da cidade, exceto os es- c) V – F – V – F – V.
cravos, participavam da Assembleia Popular. d) F – V – V – V – F.
e) F – F – V – V – V.
4 (FGV-SP) A batalha de Maratona, ocorrida em 490 a.C., deve
ser compreendida como: 6 (UFPA) Sólon, legislador ateniense, iniciou uma reforma que
a) um dos episódios das Guerras Médicas, que marcou a vi- mediou as lutas sociais, entre os ricos e os pobres, que eclo-
tória dos gregos e transcorreu no período da democracia diram na Ática, na virada do século VI. Entre as medidas dessa
ateniense. reforma, está a abolição da servidão por dívidas no campo, o
b) um dos episódios da Guerra de Troia, que marcou o início que significou o fim do:
da expansão grega pela região do Peloponeso. a) privilégio da nobreza, que monopolizava os cargos polí-
c) uma das batalhas das Guerras Púnicas, que marcou a ane- ticos e controlava a produção do campo e a sua força de
xação da Grécia e de Cartago pelo Império Romano. trabalho, no caso, os escravos.
d) um dos confrontos entre gregos e persas, que marcou b) mecanismo pelo qual os pequenos camponeses caíam
o início da hegemonia espartana e o fim da democracia nas mãos dos grandes proprietários fundiários e se torna-
ateniense. vam seus cultivadores dependentes.
e) um dos episódios da conquista da Pérsia por Alexandre, c) conflito entre cidadãos e plebeus, que culminou com o
que marcou a expansão do modelo democrático grego aumento da produção de cereais, tornando o campo uma
para o Oriente. potência nas relações comerciais atenienses.
d) regime servil, fato que transformou a Ática no maior
5 (UFPB) Leia, abaixo, o trecho da “Oração fúnebre”, de Péricles. exemplo de democracia, na qual todos os habitantes da
Vivemos sob uma forma de governo que não se baseia região eram considerados cidadãos.
nas instituições de nossos vizinhos; ao contrário, servimos e) crescimento das propriedades dos nobres e o alargamen-
de modelo a alguns ao invés de imitar outros. Seu nome, to das conquistas sociais, o que resultou numa reforma
como tudo depende não de poucos mas da maioria, é de- agrária ampla, geral e irrestrita.

22 Antiguidade II: Grécia e Roma


PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR 3 (UFJF-MG) O teórico franco-suíço Benjamin Constant pronun-
ciou uma conferência em 1819 intitulada “A liberdade dos an-
tigos comparada à dos modernos”. Em linhas gerais, este era
1 (UFABC-SP) O gosto pelas competições esportivas era um
o seu argumento:
traço característico da sociedade grega; os deuses eram fes-
tejados nas realizações dos jogos pan-helênicos e nas famo- A liberdade que caracterizaria as cidades antigas
sas Olimpíadas, feitas em homenagem a Zeus e realizadas como Atenas na Antiguidade era a liberdade de partici-
de quatro em quatro anos, atraindo competidores de toda par coletivamente do governo, da soberania, era a liber-
a Grécia. Era também uma sociedade predominantemente dade de decidir na praça pública: era a liberdade do
masculina em que somente os homens eram cidadãos. Nessa homem público. Em contraste, a liberdade dos moder-
sociedade, as mulheres espartanas: nos, a que convinha aos novos tempos, era a liberdade
do homem privado, a liberdade dos direitos de ir e vir,
a) gozavam de maior liberdade na medida em que eram pre-
de propriedade, de opinião, de religião. A liberdade mo-
paradas fisicamente para uma maternidade sadia, pratican-
derna não exclui o direito de participação política, mas
do exercícios e participando de várias disputas esportivas. esta se faz agora pela representação e não pelo envolvi-
b) tinham uma participação ativa nas atividades de prepara- mento direto.
ção física e esportivas dos filhos homens, cuja finalidade CARVALHO, José Murilo de. A formação das almas.
era formar soldados corajosos e valentes para os exércitos São Paulo: Companhia das Letras, 1990. Adaptado.
espartanos. Quando tratou da liberdade dos antigos, o autor explicou,
c) eram orientadas a permanecer em casa e dedicarem-se à indiretamente, a diferença entre a democracia antiga e a
educação militar dos filhos homens, sendo proibidas de moderna.
praticar qualquer atividade física ou disputa esportiva. a) Segundo o trecho e seus conhecimentos, qual era o tipo
d) podiam participar de todas as modalidades esportivas de democracia existente em Atenas?
nos Jogos Olímpicos, com exceção daqueles jogos dedi- b) Cite e explique duas diferenças entre a democracia ate-
cados a Zeus, pois esses eram considerados uma sagra- niense e a democracia atual.
ção masculina.
e) possuíam uma posição de igualdade nas atividades es- 4 (Unicamp-SP – Adaptada)
portivas, na medida em que podiam praticar as mesmas A relutância dos aliados da Liga de Delos em pagar
atividades físicas masculinas na educação de seus filhos tributos aumentou quando Atenas decidiu dedicar o enorme
homens. excedente acumulado por quase 30 anos para reconstruir os
templos e monumentos da Acrópole ateniense, destruídos
2 Quais são as semelhanças e as diferenças entre a democracia pelos persas (em 480 e 479 a.C.).
de cidades gregas como Atenas e o atual regime democrá- FONES, Peter (Org.). O mundo de Atenas: uma introdução à cultura clássica
tico do Brasil? Pode-se dizer que houve progressos entre a ateniense. São Paulo: Martins Fontes, 1997. p. 241. Adaptado.
primeira e o segundo? Por quê? De que forma se manifestam a) O que foi a Liga de Delos e quais eram seus objetivos iniciais?
os possíveis progressos ou retrocessos? Escreva um pequeno b) Que mecanismos asseguravam a hegemonia ateniense
texto sobre o tema. sobre seus aliados nesse período?

ANOTAÇÕES

HISTÓRIA

Antiguidade II: Grécia e Roma 23


CAPÍTULO

3 O helenismo

Objetivos: Por mais de um século, diversos

ANCIENT ART & ARCHITECTURE COLLECTION LTD./ALAMY/OTHER IMAGES


cientistas se debruçaram sobre um ob-
c Conhecer as origens da jeto milenar retirado em 1901 do fundo
Grécia antiga.
do mar na costa grega do Mediterrâneo,
c Compreender os na tentativa de descobrir sua finalidade.
processos migratórios O mistério parece ter chegado ao fim:
e a formação étnica e pesquisadores da Inglaterra, dos Esta-
cultural da civilização dos Unidos e da Grécia anunciaram em
grega. 2008 que aquela engenhoca (chamada
por eles de mecanismo de Antiquitera)
c Entender o processo poderia ser considerada um “computa-
de transformações no dor portátil” dos antigos gregos.
interior da sociedade
O aparelho é formado por um sis-
grega que conduziram
tema de encaixes de engrenagens que se
a uma reorganização
movimentavam por meio de manivelas.
política.
Quando em funcionamento, indicava
c Compreender as os meses do ano, mostrava o calendário
origens das cidades- dos jogos olímpicos e ainda fazia previ-
-Estado gregas. são de eclipses.

LOSMI CHOBI/ASSOCIATED PRESS


Construído no século II a.C., esse
“computador portátil” evidencia o avan-
ço científico e tecnológico dos gregos
naquele período. Neste capítulo, estuda-
remos os últimos séculos da sociedade
grega, antes de ser subjugada pelo exér-
cito romano.

O mecanismo de Antiquitera (acima),


como é conhecido o “computador
portátil” dos gregos, recebeu esse nome
em razão do local onde foi descoberto,
nas proximidades da ilha grega
homônima. Ao lado, uma réplica recente
da calculadora astronômica, exposta
no Museu Arqueológico Nacional de
Atenas, em foto de 2008.

24 Antiguidade II: Grécia e Roma


A EXPANSÃO MACEDÔNIA

MUSEU NACIONAL DE ARQUEOLOGIA SOFIA BULGÁRIA/THE BRID-


De origem desconhecida, os macedônios viviam em uma
região ao norte da Grécia. Seus governantes integravam uma mo-
narquia hereditária que se dizia descendente de Héracles (Hércu-
les, para os romanos), lendário filho de Zeus e herói dos gregos

GEMAN ART LIBRARY/GRUPO KEYSTONE


(veja o boxe “A religião grega” abaixo).
Em 359 a.C., assumiu o trono o rei Filipe II, que organizou um
poderoso exército com o qual iniciou a expansão territorial da
Macedônia. Conhecendo a desunião das cidades-Estado gregas,
Filipe fez uso da diplomacia e das armas para conquistar poder e
influência sobre a Grécia. Em 338 a.C., foi aclamado governante
de todo o território grego.
Assassinado dois anos mais tarde, Filipe foi sucedido no trono
por seu filho, Alexandre, jovem de 20 anos que mudaria os rumos Representação helenística de um banquete, século III a.C. Tumba de Kazanlak,
da história de diversas regiões do Mediterrâneo oriental e da Ásia. atual Bulgária.

Portal
SESI
A religião grega Educação www.sesieducacao.com.br
A religião era algo extremamente importante para os gregos. Assim como a maioria
dos povos da Antiguidade, eles eram politeístas, isto é, acreditavam na existência de diversos Acesse o portal e explore a ima-
gem O sarcófago de Alexandre.
deuses e julgavam que essas divindades interferiam diretamente na vida dos seres hu-
manos. Inicialmente, as histórias que contavam a origem e a vida desses deuses eram
transmitidas oralmente de pais para filhos.
No século VIII a.C., o poeta Hesíodo reuniu essas histórias em seu
poema Teogonia. Graças a elas, conhecemos hoje um pouco mais do
pensamento e dos cultos religiosos da Grécia antiga. Essas histórias são
conhecidas como mitos e a reunião de todas elas forma a mitologia
grega.
Segundo essa mitologia, a maioria dos deuses habitava o
alto do monte Olimpo, maior montanha da Grécia. Cada um
deles tinha um atributo especial. Embora imortais, os deuses

DEA PICTURE LIBRARY/THE GRANGER COLLECTION/GLOW IMAGES


gregos costumavam ter reações tipicamente humanas: sentiam
raiva, ciúme, amor, inveja, ódio, etc.
Havia 12 divindades principais: Zeus, deus do trovão, o
mais importante de todos, casado com Hera, deusa-mãe, pro-
tetora da família; Poseidon, irmão de Zeus e senhor dos mares;
Apolo, deus da música; Hefesto, do fogo; Ares, da guerra; Her-
mes, deus mensageiro; Deméter, deusa da fertilidade; Atena,
da sabedoria; Afrodite, do amor; Ártemis, da caça; e Héstia,
deusa dos lares.
Havia ainda Eros, deus do amor, e outras entidades, como
faunos, ninfas e musas. Também se destacavam heróis huma-
nos, como Odisseu (ou Ulisses, herói da Ilíada e da Odisseia), e
semideuses, filhos de um deus, ou deusa, com um ser humano.
Um dos mais conhecidos era Héracles (ou Hércules), filho de
HISTÓRIA
Zeus com a tebana Alcmena.

Escultura grega em terracota


representando Zeus carregando
Ganimedes, de cerca de 470 a.C.

Antiguidade II: Grécia e Roma 25


VEJA O FILME A FORMAÇÃO DE UM IMPÉRIO
Alexandre, de Oliver Stone. Em seus primeiros anos de reinado, Alexandre enfrentou levantes na Grécia contra o domínio
Estados Unidos, 2004. (176 min). macedônio. Pacificado o território grego, o jovem rei decidiu atacar o Império Persa, governado por
O filme sobre a vida do imperador e Dario III. Para isso, reuniu um exército de 30 mil soldados e 5 mil cavaleiros. Contando com uma
conquistador Alexandre vai de seu poderosa arma de guerra, a sarissa, lança de madeira pontiaguda com seis metros de comprimento,
nascimento, passando pela expan- Alexandre partiu em direção ao Oriente
são de seus domínios como gover- na primavera de 334 a.C.

MUSEU ARQUEOLÓGICO NACIONAL NÁPOLES ITÁLIA/


MONDADORI ELECTA/THE BRIDGEMAN IMAGES/GRUPO KEYSTONE/
nante e o aumento do número de Ao desembarcarem na Ásia Menor,
admiradores e inimigos, à morte,
as tropas de Alexandre derrotaram o
com pouco mais de 30 anos.
exército persa junto ao rio Granico (na
atual Turquia). Posteriormente, conquis-
taram a Síria, a Fenícia e a Palestina, que
também estavam nas mãos de Dario III.
A última possessão persa no Me-
diterrâneo era o Egito. Recebido como
libertador, Alexandre foi adorado pe-
los egípcios como encarnação do deus
Amon e aclamado sucessor dos faraós.
No delta do rio Nilo, o jovem rei fun-
dou, em 332 a.C., a cidade de Alexan-
dria, que viria a ser a mais importante
Relevo do século III a.C. de todo o Mediterrâneo antes da as-
representando Alexandre na censão de Roma (veja o boxe “Alexan-
batalha de Isso, contra os persas. dria” abaixo).

Alexandria
A Grécia era chamada pelos antigos gregos de Hélade, que queria dizer “terra dos helenos”, referência a um lendário personagem,
Heleno, cujos filhos teriam povoado a região. O período compreendido entre a ascensão de Alexandre ao poder, em 336 a.C., e o domínio
da Grécia pelos romanos, em 146 a.C., é comumente denominado Período Helenístico (séculos IV a II a.C.).
Educado pelo filósofo grego Aristóteles (384-322 a.C.), Alexandre admirava a cultura grega e queria vê-la difundida pelo mundo.
Conforme expandia seu império, criava centros de irradiação cultural que promoviam a divulgação do saber científico e das formas
artísticas e literárias da Grécia.
Desse modo, a religião, a cultura e os costumes gregos se difundiram por outras regiões, e a língua grega se transformou no principal
idioma das pessoas instruídas. Nesse processo, ocorreu uma fusão entre o conhecimento grego e a cultura dos povos conquistados. O
resultado foi o helenismo.
Com a decadência de Atenas, o centro do saber transferiu-se para Alexandria, que no século III a.C. chegou a abrigar a maior biblioteca
da Antiguidade, reunindo mais de 700 mil manuscritos. Teve início então um período de grande esplendor cultural e científico.
Aristarco de Samos (310-230 a.C.), professor do Museu de Alexandria, foi um dos primeiros astrônomos a propor que
a Terra gira ao redor do Sol; Euclides (c. 330-260 a.C.), um dos criadores da Geometria, abriu na cidade uma escola de Ma-
temática; e Erastóstenes (276-196 a.C.) conseguiu medir com pequena margem de erro o perímetro da Terra. UE/
NHAG ES
Além deles, o físico Arquimedes (287-212 a.C.), responsável por estabelecer as leis fundamentais COPE G
L S B ERG, LOW IMA
AR /G
EW C ARCHIVE
RIA N
da Estática e da Hidrostática, quando jovem estudou com um discípulo de Euclides em GALE R FORMA
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Alexandria. Outro grande cientista desse período foi uma mulher: Hipácia (370-415
d.C.). Matemática, astrônoma, inventora do hidrômetro, ela foi também di-
retora da Academia de Alexandria aos 30 anos de idade.

Escultura encontrada em Meroé, antiga cidade na margem leste


do rio Nilo na Núbia, região atualmente partilhada pelo Egito e
pelo Sudão. As formas da figura, datada de 100 d.C., evidenciam a
influência grega sobre a cultura da antiga Núbia e do Egito. Foi desse
encontro multicultural que se formou a cultura helenística.

26 Antiguidade II: Grécia e Roma


A conquista da Pérsia

G. NIMATALLAH/DE AGOSTINI PICTURE LIBRARY/THE BRIDGEMAN ART LIBRARY/KEYSTONE


Alexandre, contudo, queria conquistar
todo o Império Persa. Para isso, seguiu em di-
reção à Mesopotâmia, onde venceu o exérci-
to de Dario III em 331 a.C. Com a vitória, foi
aclamado Rei dos Reis e rumou em direção
ao Oriente, alcançando o rio Indo, na Índia, em
326 a.C.
De volta à Mesopotâmia, morreu de
uma febre desconhecida em junho de 323
a.C., aos 32 anos de idade. Por seus feitos mi-
litares, passaria à posteridade como Alexan-
dre, o Grande, ou ainda Alexandre Magno.
Sem deixar herdeiros para o trono, sua
morte desestabilizou o império, levando seus
generais a uma sangrenta disputa pelo po-
der. Nas primeiras décadas do século III a.C.,
o império encontrava-se dividido em três
grandes reinos. Esses reinos sobreviveram
por mais de um século, graças a laços de lín-
gua, comércio e cultura. No entanto, as lutas Mosaico representando Alexandre
internas e o aumento da pobreza enfraqueceram pouco a pouco esses laços. Ao mesmo tempo, Magno, encontrado nas ruínas de
Pompeia, na Itália.
uma nova potência surgia no Mediterrâneo, ameaçando em sua expansão esses territórios. Era
Roma, que, em 148 a.C., dominou a Macedônia e, dois anos mais tarde, conquistou a Grécia,
anexando-a a seus domínios. Um novo império estava nascendo.

Império greco-macedônio (século IV a.C.)

ÉPIRO Mar Negro


TRÁCIA Alexandria
Escate
MACEDÔNIA

Pela Samarcanda

FONTE: World history atlas: mapping the human journey. London: Dorling Kindersley, 2005.
Górdio
LÍDIA Mar
GRÉCIA Granico AR Cáspio
Sardes MÊ
ANTIGA NIA SOGDIANA
Isso Rio
Queroneia Atenas Éfeso Tig
CILÍCIA Alexandria Bucéfala
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Alexandria Nicefórion
de Isso MÉDIA PÁRTIA Alexandria
Chipre Gaugamelos
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Mar Mediterrâneo o
Eu
Ecbátana
FENÍCIA f Arbelos Alexandria
ra
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CIRENAICA Tiro ÁRIA


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Alexandria Susa
Babilônia PÉRSIA Proftásia Alexandria
Santuário Pasárgada
de Amon CARMÂNIA
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Indo

Mênfis Persépolis
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Alexandria GEDRÓSIA
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Rio

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Alexandria
HISTÓRIA
i co
ilo

Orite

Trópico de Câncer
Territórios sob influência Cidades fundadas por
macedônica Alexandre Magno N

Império de Alexandre Magno Batalhas


0 250
Itinerário de Alexandre Magno
km

Antiguidade II: Grécia e Roma 27


ENQUANTO ISSO...
Os olmecas
Na mesma época em que a cultura helenística vivia seu momento
de esplendor, no continente hoje conhecido como América, a civilização
olmeca entrava em crise. Os olmecas se desenvolveram inicialmente na
região do atual golfo do México e expandiram seus domínios até o litoral
do Pacífico, onde atualmente se encontram El Salvador e Costa Rica. Sua
cultura floresceu por volta de 1400 a.C., com um notável desenvolvi-
mento das artes e da arquitetura.
Esse florescimento foi marcado pela construção de pirâmides em
centros cerimoniais, por pinturas refinadas e por enormes cabeças

WERNER FORMAN/CORBIS/LATINSTOCK
esculpidas em pedra, algumas com mais de vinte toneladas. Além
dessas obras, os olmecas sabiam calcular a duração do ano e do mês
lunar, tendo criado o primeiro calendário da América.
Ao mesmo tempo, eles desenvolveram um sistema de escrita
pictográfica. Em 2006, arqueólogos do México publicaram um arti-
go na revista científica Science afirmando que um bloco de pedra de
30 centimetros, repleto de pictogramas, encontrado no estado mexi-
cano de Veracruz, contém a escrita mais antiga do continente ame-
ricano. Feito pelos olmecas, o texto teria cerca de 3 mil anos.
Por razões desconhecidas, a partir de 600 a.C., os centros ceri-
Cabeça colossal esculpida em basalto, de cerca de 1200 a.C., obra
moniais olmecas começaram a ser abandonados. Entretanto, mui- de artesãos da cultura olmeca. A civilização olmeca ocupou a região
tos dos conhecimentos olmecas seriam incorporados por outros conhecida hoje como golfo do México. A obra se encontra no
povos do continente, como os astecas e os maias. Parque Museu La Venta, em Tabasco, no México.

PARA CONSTRUIR

1 (UEM-PR) Considerando o mito como um dos aspectos mais (02) Os mitos gregos também tinham uma função pedagógi-
importantes da cultura grega, leia o texto abaixo e escolha ca, pois traziam, em seus temas, os castigos e as recom-
as alternativas que forem corretas. 02, 04, 16 pensas para os atos cometidos pelos homens.
Os mitos, para nós, servem como importante fon- (04) A filosofia grega rompe com as explicações míticas, ao
te de conhecimento sobre o pensamento grego e as ca- expor que a existência humana deve ser explicada pela
racterísticas de sua religião. Além disso, embora muitas lógica e pela razão, e não pelo sentido mágico e divino.
das histórias dos heróis e suas aventuras sejam imagi- (08) Aristófanes, Eurípides e Sófocles estão entre os principais
nárias, revelam aos historiadores como os gregos se escritores dos mitos gregos.
relacionavam com a natureza, suas ocupações, seus (16) De acordo com o texto, em razão de abordarem os senti-
instrumentos, seus costumes e os lugares que visitaram mentos humanos, ainda em nossos dias a mitologia grega
e conheceram. Os mitos servem, também, para que mexe com a nossa sensibilidade.
possamos entender melhor a nós mesmos. Por quê? Por
2 (Vunesp) De cidade em cidade, de civilização em civili-
tratarem de sentimentos humanos, como o amor e o
zação, a ciência viaja com as caravanas de mercadores,
ódio, a inveja e admiração e, muitas vezes, traduzirem
os exércitos invasores e os viajantes solitários. A mate-
ou procurarem responder a indagações morais e exis-
tenciais que rondam a mente humana. Por isso, ainda mática dos gregos, entre eles Pitágoras, chegou até nós
hoje, essas histórias mitológicas gregas falam à nossa por meio de Alexandria, cidade egípcia às margens do
sensibilidade. A maneira de tratar as questões e os sen- Nilo. Ali um grego chamado Euclides, que chegou à
timentos humanos mais profundos continua atual, suas cidade no ano 300 a.C., escreveu um dos livros mais
narrativas ainda nos emocionam. copiados e traduzidos de toda a História: Elementos de
FUNARI, P. P. Grécia e Roma. São Paulo: Contexto, 2001. p. 59. Geometria. A história dessa cidade e da “viagem” do
(01) O mito não refletia a realidade concreta dos gregos, pois conhecimento grego se confunde com a trajetória dos
ele existia apenas na literatura filosófica e teológica e no macedônios.
imaginário dos grandes escritores da época. CAMPOS, Flavio; MIRANDA, Renan Garcia. A escrita da História.

28 Antiguidade II: Grécia e Roma


A respeito dos macedônios, pode-se afirmar que foram: c b) Indique algumas características do helenismo.
a) um povo guerreiro, que acabou dominado pelos exércitos ro- O helenismo é o resultado da mistura de religiões, costumes e a
manos de César e Marco Antônio, após décadas de resistência.
cultura dos gregos com a dos povos conquistados por Alexandre.
b) grandes matemáticos, que souberam aplicar seus conhe-
Essa mistura possibilitou o avanço dos conhecimentos teóricos
cimentos na construção de algumas das maravilhas da An-
tiguidade. dos gregos a partir da fusão com saberes empíricos de outros
c) conquistadores da Grécia, que expandiram seu império povos.
para o Oriente e promoveram o que passou a ser conheci-
do como helenismo. 5 (ESPM-SP)
d) precursores da cultura grega; atribui-se aos seus filósofos e
pensadores a criação do pensamento mítico.
e) grandes mercadores, responsáveis por disseminar junto
aos gregos os avanços técnicos da arquitetura egípcia.

3 (UFPB) O filme Alexandre representou a vida do famoso im-


perador da Macedônia que constituiu um grande império,
incluindo a Grécia, o Egito, a Síria, a Pérsia, indo até as frontei-
ras com a Índia. Alexandre foi educado pelo filósofo Aristóte-
les e o seu registro memorável na História deve-se, além de
seus feitos militares, à difusão da cultura grega nas regiões do
Oriente por ele conquistadas. Esse processo histórico-cultural,
conhecido como helenismo, caracterizou-se pelo(a): e

NIMATALLAH/AKG-IMAGES/LATINSTOCK
a) formação de uma nova cultura, sem elementos culturais
gregos nem orientais.
b) desaparecimento das culturas orientais diante da cultura
grega ou helênica.
c) conflito cultural irreconciliável entre a cultura grega e as
culturas orientais.
d) desaparecimento da cultura grega diante das culturas
orientais (persa e egípcia).
e) constituição de uma cultura diferenciada, com elementos
gregos e orientais. Algumas das obras da escultura clássica que desfruta-
ram de maior fama em épocas posteriores foram criadas
4 (Fuvest-SP) Cada um deve observar as religiões e os costumes, durante o período helenístico, como o Laocoonte e seus
as leis e as convenções, os dias festivos e as comemorações filhos. A obra representa a terrível cena em que o sacerdo-
que observavam nos dias de Dario. Cada um deve permane- te troiano Laocoonte e seus dois infelizes filhos são envol-
cer persa em seu modo de vida, e viver em sua cidade [...]. vidos por duas gigantescas serpentes, em seus anéis, que
Porque eu desejo tornar a terra bastante próspera e usar as es- os estrangulam.
tradas persas como pacíficos e tranquilos canais de comércio. E. H. Gombrich. A História da Arte.

Edito de Alexandre para os cidadãos das cidades


Sobre a cultura helenística mencionada no texto, é correto
persas conquistadas, 331 a. C. assinalar: c
A partir do texto, responda: a) foi uma cultura exclusivamente grega e, portanto, nacio-
a) Quem foi Alexandre e quais os objetivos de suas conquistas? nalista, exprimindo o orgulho do povo por sua cidade.
Alexandre foi filho do rei Filipe II dos macedônios. Assumiu o
b) foi uma cultura exclusivamente oriental, desprezando o
humanismo.
trono de seu reino ainda jovem, com 20 anos, após o assassinato
c) a cultura helenística fundiu aspectos da cultura grega
do pai. O objetivo de suas conquistas era estabilizar a região com a cultura oriental, tornando-se mais realista e expri-
conquistada, desenvolvendo o comércio e possibilitando a difusão mindo a violência e a dor.
HISTÓRIA

da cultura helenística. d) foi uma cultura influenciada pelo cristianismo e serviu


para expressar o poder e a influência da Igreja Católica.
e) foi uma cultura influenciada pelo islamismo e limitada pe-
las especificações religiosas.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 a 3 Para aprimorar: 1 e 2

Antiguidade II: Grécia e Roma 29


Veja, no Guia do Professor, as respostas da
“Tarefa para casa”. TAREFA PARA CASA
As respostas encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

PARAPARA PRATICAR
PRATICAR

1 Por que podemos afirmar que Alexandre difundiu a cultura helenística à medida que ampliava seu império?
2 (Fuvest-SP)
Alexandre desembarca lá onde foi fundada a atual cidade de Alexandria. Pareceu-lhe que o lugar era muito bonito
para fundar uma cidade e que ela iria prosperar. A vontade de colocar mãos à obra fez com que ele próprio traçasse o
plano da cidade, o local da Ágora, dos santuários da deusa egípcia Ísis, dos deuses gregos e do muro externo.
ARRIANO, Flávio. Anabasis Alexandri,séc. I d.C.
Desse trecho de Arriano, sobre a fundação de Alexandria, é possível depreender:
a) o significado do helenismo, caracterizado pela fusão da cultura grega com a egípcia e as do Oriente Médio.
b) a incorporação do processo de urbanização egípcio, para efetivar o domínio de Alexandre na região.
c) a implantação dos princípios fundamentais da democracia ateniense e do helenismo no Egito.
d) a permanência da racionalidade urbana egípcia na organização de cidades no Império Helênico.
e) o impacto da arquitetura e da religião dos egípcios, na Grécia, após as conquistas de Alexandre.
3 (Fuvest-SP – Adaptada) Quando Roma conquistou o Egito e áreas da Mesopotâmia, encontrou nesses territórios uma forte presen-
ça de elementos gregos. Isso foi devido:
a) ao recrutamento de soldados gregos pelos monarcas persas e egípcios.
b) à colonização grega, semelhante à realizada na Sicília e na Magna Grécia.
c) à expansão comercial egípcia no Mediterrâneo Oriental.
d) à dominação persa na Grécia durante o reinado de Dario.
e) ao helenismo, resultante das conquistas de Alexandre, o Grande.

PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR

1 (Ufal)
Na tradição científica e racionalista que é a nossa, consideramos que a razão surgiu na Grécia há 2 500 anos. Alguns
chegaram a pensar que o surgimento dessa razão marcou uma ruptura em todos os planos, uma ruptura total com o que
existia antes, ou seja, para eles, o irracional. [...] Essa interpretação implica o advento de uma atitude mental que teria, de
forma absolutamente decisiva, instaurado um caminho de pensamento totalmente novo. Um caminho característico do
Ocidente e ao qual a ciência e a filosofia estão ligadas.
Jean-Pierre Vernant
Neste texto, Vernant descreve a interpretação geralmente aceita de que a razão teria nascido na Grécia através de uma ruptura com
o mito, realizada pelos primeiros filósofos. Exponha as principais diferenças entre as explicações da ordenação mundo proposta por
esses filósofos e aquelas proporcionadas pelo mito.
2 (UEM-PR) Sobre a civilização grega antiga, assinale o que for correto.
a) O Período Arcaico é considerado o momento mais democrático da história grega, principalmente pela participação dos eupá-
tridas, que representavam o povo nos conselhos que escolhiam o rei.
b) Uma das características da sociedade ateniense era a forma que dispensava à vida militar. Nela, os jovens eram preparados
militarmente desde os 7 anos para se dedicarem aos ofícios do Estado. Após completarem 30 anos, podiam casar e participar
da Assembleia e, ao completarem 60 anos, retiravam-se das atividades militares e podiam tomar parte do Conselho de Anciãos
(gerontocracia).
c) Em Atenas, uma das práticas políticas adotadas pelos governos tirânicos para se manterem no poder eram as concessões de
benefícios às camadas populares.
d) O helenismo, um intenso processo de difusão da cultura grega no Oriente, caracteriza-se por uma oposição ao universalismo cul-
tural e uma restrição ao sincretismo religioso.
e) A democracia espartana caracterizava-se pela forma representativa nas decisões políticas. Exceto escravos, mulheres e estran-
geiros, todos os seguimentos sociais tinham seus representantes nas assembleias.

30 Antiguidade II: Grécia e Roma


CAPÍTULO

4 Os primeiros séculos
de Roma

Objetivos: A escultura de bronze da foto abaixo faz referência às origens míticas da cidade de
Roma, na Itália atual. Segundo esse mito, os fundadores da cidade seriam os gêmeos Rômulo
c Explicar a fundação
e Remo, que, depois de abandonados nas águas do rio Tibre, foram salvos por uma loba, que
da cidade de Roma
os amamentou.
sob os pontos de vista
Durante muito tempo, acreditou-se que essa escultura havia sido produzida por volta
histórico e mitológico.
de 500 a.C. Porém, pesquisas recentes feitas em laboratório revelaram que ela foi feita aproxima-
c Analisar as estruturas damente em 1300 d.C. Essa informação é um exemplo de quanto o conhecimento histórico pode
política, econômica mudar a cada nova pesquisa ou descoberta.
e social romanas Seja como for, o fato de ser mais recente do que se pensava não afetou o status da escultura: ela
na monarquia e na continua sendo o grande símbolo da chamada Cidade Eterna.
República. Neste capítulo, estudaremos os primeiros tempos de Roma, cidade que se tornou o centro de
um dos maiores impérios da Antiguidade.
c Conhecer as etapas
iniciais do processo de
expansão romana.

c Entender o processo de
luta da plebe romana
por direitos políticos e

DEA/G NIMATALLAH/GRUPO KEYSTONE


sociais.

c Considerar o conflito
entre Roma e Cartago
no contexto da
expansão romana.

c Compreender a forma
como a justiça pode
ser manipulada nas
sociedades.

HISTÓRIA

Estátua de bronze representando o mito segundo o qual os gêmeos Rômulo


e Remo teriam sido amamentados por uma loba quando ainda eram bebês.
Na versão mitológica, Roma teria sido fundada por Rômulo em 753 a.C.

Antiguidade II – Grécia e Roma 31


A FUNDAÇÃO DE ROMA
Antes de 2000 a.C., a península Itálica era ocupada por povos autóctones: lígures, ao norte, e
sículos, ao sul. Entre o segundo e o primeiro milênio antes de Cristo, povos indo-europeus vindos da
Ásia Central instalaram-se em diversos pontos da península. Conhecidos nessa região como italiotas,
eles se dividiam em sete tribos: sabinos, úmbrios, équos, oscos, volscos, samnitas e latinos. A partir
de 1000 a.C., os etruscos – povo de origem desconhecida – se fixaram na margem direita do rio Tibre.
Observe como estavam distribuídos esses povos no mapa a seguir.

A península Itálica em 1000 a.C.


CE
S LT
A A Italiotas
T S
L Etruscos
E

C
Gregos
Outros povos

FONTE: World history atlas: mapping the human journey. London: Dorling Kindersley, 2005.
LÍGURES

ÚM
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Rio Tibre
SA
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Roma ÉQUOS
LATINOS SAMNITAS
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SCO
VOL
Mar
OSCOS
Sardenha Tirreno

OS
EG
Mar

GR
Jônico
Mar Mediterrâneo
Sicília
SÍCULOS

ÁFRICA 0 126

km

Nessa época, os latinos fundaram uma aldeia no monte Palatino, uma das sete colinas da região
do Lácio. Por ser um lugar de entroncamento de rotas comerciais que cruzavam a península, a aldeia

MUSEU ARQUEOLÓGICO NACIONAL NÁPOLES ITÁLIA/


DE AGOSTINI PICTURE LIBRARY/G.NIMATALLAM/THE
BRIDGEMAN IMAGES/GRUPO KEYSTONE
passou a atrair pessoas de outras regiões. Por ali passavam, por exemplo, mercadores sabinos comer-
cializando o sal e etruscos negociando produtos manufaturados.
Por volta do século VII a.C., existiam várias vilas latinas independentes na
região do Lácio. Elas abrigavam cerca de 80 mil pessoas, entre agricultores,
escravos, comerciantes e artesãos. Provavelmente, nessa época, os etrus-
cos invadiram a região e, impondo seus costumes, unificaram todos os
vilarejos em torno de uma única e grande
cidade: Roma.

Sarcófago de Larthia Seianti, escultura


etrusca em terracota, século II a.C.

32 Antiguidade II – Grécia e Roma


A sociedade romana
Com a unificação das diversas vilas, Roma deixou de ser um povoado de pastores, agricultores
e comerciantes e se transformou em uma cidade fortificada, com sólidas relações comerciais com
outras regiões. Os etruscos ensinaram a população local a pavimentar estradas, a drenar pântanos e
a construir pontes e redes de esgoto.
Vários aspectos da religião etrusca também foram incorporados à sociedade romana em for-
mação, como as práticas de adivinhação. Houve ainda uma gradual adaptação dos alfabetos etrusco
e grego originando o alfabeto latino, que utilizamos até hoje.
Nessa época, a sociedade romana era composta majoritariamente por indivíduos livres –
divididos entre patrícios, plebeus e clientes – e uma parcela menor de escravos.
Os patrícios compunham o grupo detentor de maior poder, formado por grandes proprietários
de terras que acreditavam descender de Rômulo, fundador mitológico de Roma. Com essa explicação,
eles procuravam legitimar os privilégios de que desfrutavam, como o comando exclusivo da política.
Os plebeus eram um grupo composto de mercadores, artesãos e pequenos proprietários. Não
podiam se casar com patrícios, nem ocupar cargos públicos ou religiosos. Em contrapartida, tinham
deveres públicos, como o de integrar as fileiras do exército.
MOSTRA AUGUSTEA, ROMA/
ALINARI ARCHIVES/OTHER IMAGES

Os clientes, por sua vez, eram em geral ex-escravos ou filhos de escravos nascidos livres. Man-
tinham com os patrícios uma relação de completa dependência: recebiam deles proteção e terras
para cultivar; em troca, deviam-lhes respeito, devotamento pessoal – como cumprimentá-los toda
manhã – e eram obrigados a substituí-los nas guerras.
Já os escravos eram pessoas capturadas em guerras ou plebeus que não tinham como quitar suas
dívidas. Usados nos trabalhos mais pesados, seus donos tinham poder de vida e de morte sobre eles.

A MONARQUIA E SUAS INSTITUIÇÕES


Após sua unificação, Roma passou a ser governada por um rex (rei), pertencente ao grupo dos
patrícios. Alguns desses reis foram etruscos.
O rei tinha múltiplas funções: governava a cidade, comandava o exército, exercia funções de
Escultura de soldado romano produzida juiz e conduzia as cerimônias religiosas. Para auxiliá-lo, havia um Conselho de Anciãos, também
entre os séculos VIII a.C. e VII a.C., durante
o período monárquico de Roma.
chamado Senado (do latim senex, que significa “ancião”), composto apenas de patrícios.
Havia também a Comitia Curiata, assembleia formada por representantes de todas as famílias
livres de Roma. Como a monarquia romana não era hereditária, quando um rei morria cabia aos
Atividade senadores escolher um substituto. A Comitia Curiata aprovava ou rejeitava a indicação.
Experimental
Em 509 a.C., durante o governo do rei etrusco Tarquínio II, os patrícios se sublevaram e, com o
Acesse o Material Comple- apoio da plebe, expulsaram os etruscos do Lácio. Assim, a monarquia foi extinta e substituída por
mentar disponível no Portal e um sistema de governo conhecido como República – do latim res publica (“coisa pública”) –, carac-
aprofunde-se no assunto. terizado pela escolha dos governantes para mandatos de tempo limitado.

A lenda de Rômulo e Remo


As evidências históricas indicam que Roma surgiu da unificação de aldeias latinas pela ação dos etruscos no século VII a.C. Entre-
tanto, segundo a tradição mitológica, o fundador da cidade teria sido Rômulo, um dos descendentes do herói troiano Eneias, filho de
Anquises e da deusa Vênus (Afrodite, para os gregos).
Após a Guerra de Troia, Eneias teria se refugiado no Lácio. Um de seus descendentes, Numitor, rei da cidade de Alba Longa, no
Lácio, foi destronado pelo irmão Amúlio. Logo depois, a filha de Numitor, Rea, deu à luz os gêmeos Rômulo e Remo.
Temendo perder o poder quando as crianças se tornassem adultas, Amúlio ordenou que elas fossem lançadas ao rio Tibre. As
crianças, porém, não morreram: uma loba encontrou-as casualmente e amamentou-as por algum tempo em uma gruta.
Posteriormente, os meninos foram recolhidos por um casal de pastores. Na adolescência, os gêmeos assassinaram Amúlio e de-
HISTÓRIA

volveram o trono ao avô. Como recompensa, receberam o direito de fundar sua própria cidade, mas discordaram sobre o local onde
erguê-la. Então, recorreram aos deuses que, por meio de presságios, favoreceram Rômulo.
Com a ajuda de um arado, Rômulo abriu um sulco em torno do terreno que escolheu para erguer a nova cidade, simbolizando
uma muralha. Remo, para ridicularizar a decisão do irmão, ultrapassou a muralha simbólica. A luta entre ambos terminou com a morte
de Remo. Rômulo fundou, então, a cidade de Roma e se proclamou rei. Esses acontecimentos teriam ocorrido em 753 a.C., considerado
pelos romanos o ano de fundação de Roma.

Antiguidade II – Grécia e Roma 33


PARA CONSTRUIR

1 O texto a seguir, sobre a fundação de Roma, foi escrito pelo historiador latino Tito Lívio (59 a.C.-17 d.C.). Leia o trecho selecionado
e responda às questões.
Não é sem razão que os deuses e os homens escolheram este lugar para a fundação da cidade: a extrema salubridade
das suas colinas; a vantagem de um rio capaz de trazer as colheitas do seu interior, bem como de receber as provisões ma-
rítimas; as comodidades da vizinhança do mar, sem os perigos a que uma excessiva proximidade a exporia à ameaça de
frotas estrangeiras; uma posição central em relação às diferentes regiões da Itália, posição que parece ter sido prevista uni-
camente para favorecer a expansão da cidade. Acha-se no seu 356o ano, e durante esse tempo o círculo das nações que a
rodeiam nunca deixou, cidadãos, de estar em guerra convosco; e, todavia, não puderam vencer-nos.
FREITAS, Gustavo de. 900 textos e documentos de História. Lisboa: Plátano, 1977. p. 80. v. 1. Adaptado.
a) Destaque pelo menos dois motivos apresentados por Tito Lívio para a escolha do local de fundação de Roma.
Tito Lívio apresenta diversos argumentos para a escolha do local de fundação de Roma: condições ambientais favoráveis, rio navegável, distância
ideal em relação ao mar (próximo, mas sem o risco de um ataque inimigo), centralidade em relação a outras regiões da península Itálica.

b) Segundo Tito Lívio, a escolha do local para a fundação de Roma foi obra dos “deuses” e dos “homens”. Em que medida essa
interpretação difere das oferecidas pelos historiadores contemporâneos? Justifique sua resposta.
A concepção de História de Tito Lívio incluía as versões mitológica e historiográfica sem contradições. Para ele e para os homens do
seu tempo, a ação divina interferia diretamente nos acontecimentos e, embora os historiadores da época já realizassem trabalhos de
investigação com critérios objetivos, a separação entre mito e História ainda não obedecia ao rigor que mais tarde seria estabelecido.

2 Os etruscos exerceram grande influência sobre a sociedade romana, unificando os vilarejos latinos que originaram Roma. Em linhas
gerais, qual foi o papel dos etruscos na formação da cultura e da vida social romana?
Ao unificar as várias vilas latinas e fundar Roma, os etruscos transformaram a região: ela deixou de ser um povoado de pastores, agricultores e
comerciantes para tornar-se uma cidade fortificada, com sólidas relações comerciais com outras regiões. Ensinaram a população local a pavimentar
estradas, a drenar pântanos e a construir pontes e redes de esgoto. Além disso, vários aspectos da religião etrusca foram incorporados à sociedade
romana em formação. Houve também uma gradual adaptação dos alfabetos etrusco e grego, que deu origem ao alfabeto latino, o qual utilizamos
até hoje.

3 (UFVJM-MG) A sociedade romana assumiu um caráter aristocrático desde a sua origem. Sobre a divisão social romana, assinale a
afirmativa incorreta. b
a) Os patrícios eram os grandes proprietários de terras, que formavam a aristocracia e detinham plenos poderes sobre os demais
membros de suas famílias.
b) A plebe era constituída de homens livres, que gozavam de direitos políticos desde os primórdios da sociedade romana.
c) Os clientes eram os plebeus que se aliavam aos patrícios para conseguir proteção em troca de sua adesão pessoal e política.
d) Os escravos formavam a base da pirâmide social e, em sua maioria, era composta por prisioneiros de guerra.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 e 2

34 Antiguidade II – Grécia e Roma


TEMPOS REPUBLICANOS
A República criada pelos romanos apoiava-se em uma complexa estrutura político-administra-
tiva formada por três grandes áreas: a Magistratura, o Senado e as Assembleias.

A REPÚBLICA ROMANA
aconselhava e controlava

SENADO DITADOR
• Dirigia a política externa • Tinha plenos poderes civis e militares
e interna • Permanecia no cargo seis meses
• Controlava a ação dos
magistrados
• Propunha leis às assembleias nomeavam
• O cargo de senador era vitalício
CÔNSULES
• Administravam a cidade
• Comandavam o exército
• Permaneciam no cargo um ano
• Nomeavam o ditador

elegia PRETORES
ASSEMBLEIA
• Administravam a Justiça
CENTURIAL
• Permaneciam no cargo um ano

CENSORES
• Calculavam e registravam a riqueza dos romanos
• Permaneciam no cargo cinco anos

QUESTORES
• Geriam as receitas e as despesas do Estado
elegia • Permaneciam no cargo um ano
ASSEMBLEIA
TRIBAL
EDIS
• Supervisionavam as obras públicas
• Permaneciam no cargo um ano

Os magistrados exerciam o poder executivo. Os mais importantes entre eles eram os côn-
sules, eleitos anualmente em número de dois para cuidar das principais questões administrativas e
GLOSSÁRIO

do comando do exército. Em casos de emergência, podiam indicar um ditador, que governava por Censo:
seis meses com poderes irrestritos. Havia ainda outros magistrados, como o censor, encarregado de na Roma antiga, era uma lista ou rela-
realizar o censo, e os edis, que cuidavam da segurança. ção dos cidadãos e de suas fortunas,
O Senado concentrava a maior parte do poder do Estado. Seus integrantes, os senadores – ho- estabelecida com base nos levanta-
mens originários de famílias patrícias –, eram vitalícios, faziam as leis e tomavam as decisões políticas mentos realizados a cada cinco anos.
Essa relação servia de base para a to-
mais importantes.
mada de decisões políticas ou relati-
Havia também diversas assembleias. As mais importantes eram a Tribal, que elegia alguns ma- vas a impostos. Também era utilizada
HISTÓRIA
gistrados, e a Centurial, que elegia os cônsules e decidia sobre a guerra e a paz. para fins de recrutamento militar. O
Com essa nova estrutura política, Roma iniciou um lento e contínuo processo de expansão “censor” era a pessoa responsável por
amparado em uma poderosa força militar (veja o boxe “As legiões romanas”, na página 37). Nesse esse arrolamento. No Brasil, a palavra
avanço, a República romana se imporia pela força das armas e por meio de alianças com povos que “censo” designa os recenseamentos
aceitavam sua liderança. A expansão pela península Itálica foi concluída entre 272 e 265 a.C., quando demográficos (pesquisas sobre a po-
pulação do país), realizados em perío-
o território dos etruscos, ao norte, e a Magna Grécia (região ocupada por colônias gregas), ao sul,
dos determinados.
foram subjugados. Conquistada a península, Roma deu início à sua expansão externa.

Antiguidade II – Grécia e Roma 35


As revoltas da plebe
Para as pessoas de posse, a expansão territorial romana significou mais riqueza e privilégios –
com ela, cresceu muito o número de escravos à sua disposição –; para os mais pobres, contudo, não
houve vantagens. Pelo contrário, contribuiu para aumentar as desigualdades entre patrícios e plebeus,
o que desencadeou diversas revoltas plebeias.
Insatisfeitos, no início do século V a.C. os plebeus se recusaram a participar das campa-
GLOSSÁRIO

nhas militares e passaram a exigir em assembleias diversas alterações na política e na sociedade


Plebiscito:
romana, como a criação de cargos de magistrados encarregados de defender seus interesses.
na Roma antiga, nome dado a um
decreto aprovado por resolução Sob a pressão dos acontecimentos, os patrícios concordaram em criar o Tribunato da Plebe
popular. Teve origem em 287 a.C. (493 a.C.).
por meio da Lei Hortênsia, que Inicialmente, havia dois Tribunos da plebe, depois esse número subiu para dez. Escolhidos
dava força de lei às resoluções da anualmente pelos plebeus, eles não tinham o direito de criar leis, mas podiam vetar decisões de
Assembleia da Plebe (plebis conci-
lium). Hoje em dia, chamamos ple-
senadores e magistrados consideradas contrárias aos interesses da plebe.
biscito à manifestação da vontade Também conquistaram o fim da escravidão por dívidas, o direito ao casamento com patrícios
ou da opinião do povo acerca de e a elaboração de um código de leis (veja o boxe “A Lei das Doze Tábuas”). No século IV a.C., obtive-
algum assunto político ou social, ram acesso às magistraturas, o ingresso de representantes no Senado e nos colégios sacerdotais e a
emitida por meio de votação.
transformação em lei dos plebiscitos aprovados em suas assembleias.

MUSEU DO LOUVRE, PARIS/LES FRÈRES CHUZEVILLE/RMN –


REUNIÃO DE MUSEUS NACIONAIS/OTHER IMAGES
Atividade
Experimental
Acesse o Material Comple-
mentar disponível no Portal e
aprofunde-se no assunto.

Relevo do final do século II a.C.,


representando camponeses e soldados.

A Lei das Doze Tábuas


Durante a realeza e nos primeiros tempos republicanos, as leis eram transmitidas oralmente de uma geração para outra. A ausência
de uma legislação escrita permitia aos patrícios manipular a justiça conforme seus interesses. Em 451 a.C., porém, os plebeus consegui-
ram eleger uma comissão de dez pessoas – os decênviros – para escrever as leis. Dois deles viajaram a Atenas, na Grécia, para estudar a
legislação de Sólon.
O resultado foi a Lei das Doze Tábuas, compilação dos costumes romanos inspirada na experiência jurídica grega. Ela continha as
principais questões relativas ao direito penal, público, privado, etc. Com ela, a lei deixou de ser encarada como uma tradição sagrada,
uma vontade dos deuses, passando a representar a vontade dos que a fizeram.
Com a instituição da Lei das Doze Tábuas, surgiu em Roma uma nova figura: o advogado. Conhecedores das leis, os advogados
passaram a prestar consultoria a respeito da legislação, a acompanhar o andamento dos processos e a defender seus clientes no tribunal.
As penas variavam conforme o status social e jurídico do condenado. Para um senador, por exemplo, a penalidade costumava ser
o pagamento de uma multa ou o confisco dos bens. Entretanto, por questões de honra, os senadores condenados preferiam se matar
a ter de cumprir a sentença. Já as penas para um cidadão comum iam desde o pagamento de uma multa até a obrigação de atuar no
circo como gladiador, o que significava, praticamente, uma sentença de morte.
Fontes: COULANGES, Fustel de. A cidade antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 348-359; GIORDANI,
Mario Curtis. História de Roma. Petrópolis: Vozes, 1983. p. 257-265; História Viva – Grandes temas. Edição especial temática, n. 1, [s.d.]. p. 89.

36 Antiguidade II – Grécia e Roma


Influência grega
Com a expansão territorial, os romanos entraram em contato com a cultura dos povos domi-
nados, exercendo influência sobre ela, mas também sofrendo seu influxo. Desses povos, o que mais
profundamente imprimiu sua marca na cultura romana foi sem dúvida o povo grego.
Pouco a pouco, a partir do século III a.C., valores culturais, literários, filosóficos e científicos
da civilização grega passaram a fazer parte do cotidiano de Roma. Nas artes plásticas, escultores e
pintores se inspiravam diretamente na Grécia, enquanto os arquitetos aderiam ao uso do mármore
– produto-símbolo da sociedade grega – em suas construções.

OCK
Da mesma forma, a religião romana foi enriquecida com práticas e deuses oriundos da Grécia,

/LATINST
enquanto o latim incorporava palavras gregas. No âmbito da educação, tornou-se comum deixar
a instrução dos filhos a cargo de cidadãos ou escravos gregos. Esse processo de helenização foi tão

IMAGES
amplo que muitas famílias ricas de Roma decidiram adotar sobrenomes gregos.

LAH/AKG-
AS GUERRAS PÚNICAS

NIMATAL
A crescente expansão de Roma começou a preocupar a elite de Cartago, cidade-Estado de
origem fenícia localizada no norte da África. Na época, Cartago dominava a Córsega, a Sardenha e
parte da Sicília (veja o mapa abaixo), detendo a hegemonia comercial do Mediterrâneo. Em 264 a.C., a
rivalidade entre as duas potências eclodiu em um longo conflito conhecido como Guerras Púnicas.
Foram três confrontos (264-241 a.C., 218-202 a.C. e 149-146 a.C.) e Roma saiu vitoriosa em todos. Réplica romana do século I d.C. de
Em 146 a.C., Cartago foi completamente dominada e transformada em província romana. Dos quase escultura grega representando a deusa
Atena Promacos, originalmente datada
250 mil cartaginenses restaram apenas 50 mil sobreviventes, muitos deles enviados a Roma como escravos.
do século V a.C. Entre os romanos era
A vitória romana nas Guerras Púnicas e as conquistas territoriais na região do Mediterrâneo comum a profissão de “copista”, artesão
oriental e na península Ibérica foram decisivas para a consolidação do poderio romano, como vere- encarregado de produzir cópias de obras
mos no próximo capítulo. gregas.

A conquista da península Itálica (séculos IV e III a.C.)


Ri
oP
ó
As legiões romanas
IA Para os romanos, fazer parte do exército era
ÚR GÁLIA
LIG CISALPINA IL motivo de orgulho e sinal de status. Além de pres-
ÍR
IA
tar o serviço militar gratuitamente, os integrantes
da força armada equipavam-se por conta própria.
Rio

Os da cavalaria, por exemplo, costumavam vir das


T

M
ibre

ar
Ad
riá
tic
camadas mais ricas: somente eles tinham recursos
o
Córsega para possuir cavalos, armaduras de ferro e outros
equipamentos de primeira linha exigidos para essa
FONTE: World history atlas: mapping the human journey. London: Dorling Kindersley, 2005.

Roma
divisão.
Nápoles Entretanto, se a participação de todos os
Mar Tarento
Sardenha Tirreno homens livres tornava o exército forte, isso trazia
Eleia
problemas para a vida econômica da República,
pois essas pessoas eram obrigadas a abandonar
Crotona suas plantações e seus afazeres devido às atividades
militares. Por isso, ficou estabelecido que o exército
Messina teria uma atuação sazonal, de modo que as guerras
Mar Mediterrâneo Reggio só poderiam ocorrer durante o verão, por exemplo,
Sicília Mar
Jônio
para não prejudicar as atividades agrícolas.
Agrigento Siracusa
Mesmo com essas limitações, decorrentes
Cartago da falta de profissionalização, o exército contava
HISTÓRIA

com uma estrutura bastante rígida. Era dividido


Conquistas da primeira metade do século IV a.C.
Conquistas da segunda metade do século IV a.C.
em legiões, que se subdividiam em centúrias de
ÁFRICA Conquistas do século III a.C. infantaria pesada (companhias de cem soldados,
N Ocupação grega comandados pelo centurião), infantaria ligeira e
0 109
Territórios sob controle de Cartago grupos de cavalaria.
Sentido da expansão
km

Antiguidade II – Grécia e Roma 37


ENQUANTO ISSO...
OS INVENTORES DO DINHEIRO

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Na época em que os romanos passavam pelo processo

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de reorganização política que culminou com a instauração da

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República, os lídios se destacavam como a principal civilização

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da Anatólia, região onde hoje está a Turquia.

CTION, NEW YO
Durante o reinado de Creso (561-546 a.C.), os lídios de-
senvolveram inovadoras técnicas de separação de metais e, a
partir de uma liga natural de ouro e prata – o electro –, foram

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o primeiro povo do mundo a cunhar moedas, inventando,

ER
IM
assim, o dinheiro. Aos poucos, a moeda foi incorporada por

AG
ES

outros povos, mas seu uso somente se generalizou depois de


ter sido adotado pelos romanos, por volta de 280 a.C. A pri-
meira moeda cunhada por eles foi o denário, termo a partir
do qual surgiu a palavra dinheiro. Cunhada pelos lídios entre 650 e 600 a.C., a moeda da foto, feita
Fontes: BARBOSA, Bia. A fábrica de ouro. Veja, Abril, 30 ago. 2000; de uma liga de ouro e prata, foi uma das primeiras da história da
SANDRONI, Paulo. Novíssimo dicionário de economia. São Paulo: humanidade. Como outras moedas lídias, esta apresenta um desenho
BestSeller, 2002. p. 174-176, 405-406. em alto-relevo apenas em um dos lados.

PARA CONSTRUIR

4 Em 509 a.C., uma revolta dos patrícios, com o apoio dos ple- c) crescimento da economia agropastoril, intensificação das
beus, pôs fim à monarquia e expulsou os etruscos do Lácio, exportações, aumento do trabalho livre.
criando uma nova forma de organização política: a Repúbli- d) enriquecimento do Estado romano, aparecimento de
ca. Explique como funcionava a República romana. uma poderosa classe de comerciantes, aumento do nú-
mero de escravos.
Em latim, República significa “coisa pública” (res publica). Uma das e) diminuição da produção nos latifúndios, acentuado pro-
características dessa forma de governo é a escolha dos governantes cesso inflacionário, escassez de mão de obra escrava.
por um período determinado, em contraste com a monarquia, na 6 Como vimos no boxe “A Lei das Doze Tábuas”, na página 36, a
qual o rei governava até a morte, a menos que fosse deposto ou ausência de um código de leis permitia aos patrícios manipu-
lar a Justiça. Embora o Brasil disponha de uma Constituição
abdicasse do trono. A República romana se baseava em uma complexa
e de códigos de leis, pode-se dizer que a Justiça brasileira é
estrutura político-administrativa formada pela Magistratura, pelo imparcial? Justifique sua opinião.
Senado e pelas Assembleias. A Magistratura exercia o poder executivo,
De acordo com a Constituição brasileira, a Justiça deve ser imparcial.
sob a liderança de dois cônsules, eleitos anualmente para cuidar das
Na prática, porém, uma série de problemas tem impedido que o
questões administrativas e do comando do exército. O Senado
poder judiciário atue nos padrões que a sociedade consideraria ideal.
concentrava a maior parte do poder do Estado e era formado por Um deles é a lentidão com que as ações são julgadas, demandando
membros das famílias patrícias que exerciam o cargo vitalício de muitos anos de espera até que os interessados obtenham uma
senador. Estes faziam as leis e tomavam as decisões políticas mais decisão final sobre suas causas. Em grande parte isso acontece
importantes. Finalmente, as Assembleias completavam o poder porque a burocracia dos procedimentos legais dá chance aos mais
da República, elegendo os cônsules e tomando diversas decisões. ricos de ter à disposição mais recursos legais, viabilizando, dessa
forma, retardar ao máximo o andamento dos processos. Isso dá à
5 (Fuvest-SP) A expansão de Roma durante a República, com
o consequente domínio da bacia do Mediterrâneo, provo- sociedade a impressão de impunidade e de que a Justiça atribui pesos
cou sensíveis transformações sociais e econômicas, dentre as e medidas desiguais, que variam conforme a condição socioeconômica
quais: d dos réus. A esse problema soma-se o fato de a Justiça brasileira
a) marcante processo de industrialização, êxodo urbano, en- estar atualmente sobrecarregada e com um número de funcionários
dividamento do Estado. muito inferior ao que a quantidade de processos a ser julgados
b) fortalecimento da classe plebeia, expansão da pequena
demandaria.
propriedade, propagação do cristianismo.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 3 Para aprimorar: 1 a 3

38 Antiguidade II – Grécia e Roma


Veja, no Guia do Professor, as respostas da
“Tarefa para casa”.
TAREFA PARA CASA
As respostas encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

a) foi totalmente superado pelos ensinamentos trazidos pe-


PARAPARA PRATICAR
PRATICAR los mestres bizantinos da Idade Média.
b) mantém um lugar de destaque nos estudos das normas
1 (PUC-PR) sociais existentes na Antiguidade.
Sob os teus olhos, Eneas dirigirá rude guerra, aniquila- c) teve uma importância limitada ao mundo europeu medie-
rá tribos ferozes; dará aos seus guerreiros muralhas e leis. val, sendo esquecido pelos modernos.
Depois dele, seu filho Ascânio (que se chamará também d) conseguiu firmar-se no mundo europeu, mas manteve-se
Júlio) deixará Lavínio para estabelecer o seu trono no roche- desconhecido nas culturas orientais.
do de Alba, que ele cercará de sólidas muralhas. A sacerdo- e) está superado no mundo atual, não merecendo atenção
tisa, de família real, cara a Marte, terá dois filhos gêmeos. dos estudos jurídicos contemporâneos.
O texto de Virgílio trata da fundação mítica de:
2 (UFPA) Os costumes e leis romanas abriam possibilidades para
a) Roma. d) Constantinopla.
que, em certos casos, o liberto se tornasse cidadão, ao contrá-
b) Esparta. e) Cartago.
rio do que acontecia na Grécia pré-romana. Nesse sentido, é
c) Atenas.
correto afirmar que na sociedade romana:
2 (Udesc) Assinale a alternativa correta. As lutas que envolve- a) os escravos teriam o direito de adquirir a alforria de modo
ram patrícios e plebeus na Roma antiga foram motivadas incondicional, embora os seus descendentes libertos não
principalmente: gozassem desse privilégio por serem considerados cida-
a) pela exclusividade de participação política dos plebeus dãos de segunda ordem.
no Senado romano. b) o pecúlio era uma propriedade exclusiva do liberto e do
b) pelo interesse dos patrícios em implantar na cidade o escravo, de modo que este poderia concedê-lo a um filho,
voto livre e universal. à esposa ou então a um outro escravo que não tivesse di-
c) pela incapacidade dos plebeus em realizar uma boa ad- reito legal da propriedade.
ministração pública. c) as fontes históricas provam que a escravidão romana era a
d) pela insistência dos patrícios em promover a paz nas fron- mais humanitária do mundo antigo, tanto que os libertos,
teiras do Império. sem exceção, exerciam altas funções políticas, podendo
e) pelo desejo dos plebeus em assegurar maior igualdade ocupar uma função religiosa.
de direitos com os patrícios. d) a concentração de libertos era uma das mais altas, o que
evitou diversas formas de resistência servil e de revoltas
3 (UFJF-MG) Entre os séculos V e III a.C., muitas leis foram pro- escravas, como a de Spartacus, que abalou a democracia
mulgadas, beneficiando os plebeus com relação ao poder ateniense.
dos patrícios em Roma. Entre essas leis, não está a regula- e) o liberto, embora não pudesse, em princípio, aspirar a car-
mentação que: gos oficiais e ingressar em ordens privilegiadas, como a se-
a) possibilitou a realização dos chamados casamentos mis- natorial e a equestre, os seus descendentes poderiam ter
tos (entre patrícios e plebeus). essa prerrogativa.
b) tornou o Direito de conhecimento público, na medida em
3 (Fuvest-SP) Leia:
que se constituiu a primeira lei escrita dessa sociedade.
c) permitiu aos plebeus ocuparem as mais altas magistratu- Em verdade é maravilhoso refletir sobre a grandeza que
ras, como o consulado. Atenas alcançou no espaço de cem anos depois de se livrar da
d) terminou com a escravidão que atingia pessoas livres que tirania. Mas acima de tudo é ainda mais maravilhoso observar
não pagavam suas dívidas. a grandeza a que Roma chegou depois de se livrar de seus reis.
e) assegurou a posse, para plebeus e estrangeiros, de gran- Maquiavel. Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio.
des propriedades nas terras conquistadas. Nessa afirmação, o autor:
a) critica a liberdade política e a participação dos cidadãos no
HISTÓRIA

PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR governo.
b) celebra a democracia ateniense e a República romana.
1 (UFPE) O crescimento do Império Romano contribuiu para c) condena as aristocracias ateniense e romana.
aumentar suas dificuldades administrativas. O Direito teve d) expressa uma concepção populista sobre a Antiguidade
uma importância fundamental na superação dessas dificul- clássica.
dades. Na história do Ocidente, o Direito romano: e) defende a pólis grega e o Império Romano.

Antiguidade II – Grécia e Roma 39


CAPÍTULO

5 A República em crise

Objetivos: Localizada às margens do rio Ródano, a cidade de Arles, no sul da França, guarda em sua
arquitetura marcas do tempo em que esteve sob o domínio do governo de Roma, com um
c Identificar as
anfiteatro e um cemitério romanos.
transformações sociais
A presença romana em Arles ganhou destaque ainda maior em 2007, graças a uma des-
e econômicas ocorridas
coberta arqueológica inédita. Naquele ano, pesquisadores resgataram do fundo do Ródano
após as conquistas
um busto de mármore retratando a figura do líder militar e político Júlio César. Levado para
romanas.
análise, os estudiosos descobriram que ele foi feito em 46 a.C., o que caracteriza a peça como
c Entender a política de uma verdadeira raridade, uma vez que esse é o único busto conhecido de Júlio César criado na
“pão e circo”. época em que ele ainda era vivo.
Exatamente em 46 a.C., Júlio César assumiu sozinho o poder em Roma, com o título de
c Conhecer as propostas ditador vitalício. Assassinado dois anos depois, ele seria um dos últimos governantes da Re-
dos irmãos Graco
pública romana, que chegaria ao final em 34 a.C., ano em que uma nova mudança política
e entender como
transformaria Roma em um império.
ocorrem as conquistas
relativas ao direito e à

CYRIL BECQUART/ONLY FRANCE/AFP/GLOW IMAGES


democracia.

c Explicar a
desestruturação da
República romana
e a implantação do
Império.

Vista da cidade de Arles, no sul da França.


À direita, o anfiteatro romano e, ao fundo,
no centro da foto, o rio Ródano, de onde foi
resgatado o busto de Júlio César, em 2007.

40 Antiguidade II – Grécia e Roma


UM PERÍODO CONTURBADO
Em meados do século II a.C., as conquistas territoriais transformaram Roma em uma ci-
dade rica e cosmopolita, onde circulavam produtos vindos de diversas regiões. Elas também
contribuíram para modificar a realidade social e política vigente na República romana.
Com a expansão das atividades comerciais, algumas famílias plebeias enriqueceram
e constituíram um novo grupo social, a nobreza,, que passou a exercer grande influência
sobre a sociedade. Membros dessas famílias começaram a ocupar cargos da magistratura
antes reservados apenas aos patrícios. Essa ascensão de setores da plebe coincidiu com
a perda de poder dos patrícios, enfraquecidos numericamente por ser um grupo
muito fechado.
Para conquistar os votos das camadas mais baixas da população, os nobres

MUSEU ARQUEOLÓGICO NACIONAL NÁPOLES ITÁLIA/


GIRAUDON/THE BRIDGEMANIMAGES/GRUPO KEYSTONE
(integrantes da nobreza) distribuíam esmolas e organizavam festas e espetáculos
que atraíam grande número de pessoas, sobretudo as mais pobres. Surgiram, as-
sim, as lutas de gladiadores,, que alcançariam grande sucesso nos séculos seguin-
tes, durante o período imperial.
Essa política, conhecida mais tarde como pão e circo,, contribuiu para
que a nobreza acumulasse poder e passasse a controlar o Senado e os
principais cargos da magistratura.
Outro grupo que surgiu durante a República foi o dos cavaleiros
(ou classe equestre), composto de indivíduos ricos que se dedicavam
ao grande comércio e a atividades públicas rentáveis, como a cobrança
de impostos e a coordenação de grandes obras governamentais –
construção de estradas, exploração de minas, entre outras.
Capacete de bronze de gladiador romano,
Acentua-se a desigualdade social do século I d.C.
Enquanto nobres e cavaleiros concentravam a riqueza, o nível de renda do restante da
população caía constantemente. Além disso, muitos camponeses, ao voltarem da guerra para
suas propriedades, não se acostumavam mais com a vida rural e preferiam mudar-se para as
cidades. O mesmo faziam muitos pequenos proprietários que, por causa de dívidas com os
mais ricos, haviam perdido suas terras. Desse modo, as guerras contribuíram fortemente para a
desintegração das camadas médias rurais que, por séculos, haviam sido a base militar e social
do Estado romano.
Nas cidades, esses antigos lavradores se juntavam à massa dos trabalhadores urbanos que ha-
viam perdido seus empregos para uma mão de obra mais barata, composta por escravos e estran-
geiros livres.
Com o afluxo constante dessas pessoas, as cidades passaram a enfrentar problemas, como falta
de moradia, desemprego, saneamento básico, alimentação e limpeza pública. As estreitas ruas da
cidade ficavam praticamente intransitáveis devido ao intenso comércio. Barbeiros, ferreiros e outros
profissionais muitas vezes faziam das vias públicas seu local de trabalho. Vendedores ambulantes VEJA O FILME
montavam ali barracas para expor suas mercadorias, disputando espaço com carruagens e liteiras Gladiador, de Ridley Scott. Esta-
usadas pelos mais ricos. Saltimbancos e adestradores de animais se exibiam nas calçadas. dos Unidos, 2000. (155 min).
Enquanto uma pequena parcela da população morava nos domus (confortáveis residências deco- O imperador Marcus Aurelius ma-
radas com mosaicos e afrescos), a maior parte vivia em prédios de até seis andares com apartamentos nifesta o desejo de deixar o trono
pequenos e sem conforto – as insulas. Não dispunham nem mesmo de cozinha ou banheiro. Por para o comandante do exército
romano Maximus e, assim, des-
HISTÓRIA
isso, os moradores costumavam jogar todo tipo de dejeto pelas janelas, o que provocava brigas, mau
perta a ira de seu filho Commodus.
cheiro e graves problemas de saúde. Também eram frequentes os incêndios causados pelo uso de Enfurecido, Commodus assassina
fogões improvisados. o pai e assume o reino, ordenan-
Essa desigualdade entre ricos e pobres gerou enorme descontentamento entre as camadas do a morte de Maximus, que pas-
populares, provocando conflitos sociais que começaram a abalar a República. Algumas pessoas ar- sa a se esconder sob a identidade
de um escravo e gladiador do Im-
gumentavam que para sair da crise seria necessário promover mudanças na sociedade. Entre os
pério Romano.
defensores desse ponto de vista destacaram-se os irmãos Tibério e Caio Graco.

Antiguidade II – Grécia e Roma 41


A luta pela reforma agrária
Eleito tribuno da plebe em 133 a.C., Tibério Graco lutava por uma reforma agrária que pusesse
fim ao êxodo rural e estabelecesse limites à propriedade da terra. Inconformados com a ideia, os
senadores – donos dos maiores latifúndios de Roma – promoveram o assassinato de Tibério e de
MUSEU D’ORSAY PARIS FRANÇA/GIRAUDON/
THE BRIDGEMAN IMAGES/GRUPO KEYSTONE

trezentos de seus seguidores.


As propostas de Tibério foram retomadas anos depois por seu irmão Caio Graco, eleito tribuno
da plebe em 124 a.C. Baseando-se no modelo da democracia ateniense e buscando minar o poder
dos ricos, Caio Graco propôs que as principais decisões da República fossem transferidas do Senado
para uma assembleia popular. Ele também defendia a divisão das terras públicas e sua distribuição
entre os mais pobres.
Sentindo seus interesses ameaçados, a aristocracia senatorial mobilizou suas forças contra
Caio Graco. Em 121 a.C., o tribuno e seus partidários foram cercados fora de Roma. Sem ter como
escapar, Caio Graco pediu a um escravo que o matasse. A isso se seguiria a matança de 3 mil dos
que o apoiavam.
A morte de Caio Graco agravou as diferenças entre as facções popular e aristocrática, levando
Escultura em bronze representando os algum tempo depois a uma guerra civil que se estenderia por quase um século. Permeado por alguns
irmãos Tibério e Caio Graco. momentos de paz, o conflito corroeu o sistema republicano.
GLOSSÁRIO

Êxodo rural: Os escravos se revoltam


migração em massa do campo para Com as conquistas territoriais, os escravos se tornaram a principal mão de obra
a cidade. No Império Romano, esse
movimento ocorreu depois das guer- da República romana. Eles eram responsáveis pelas atividades agrícolas, pela produção
ras, quando muitos camponeses pre- artesanal nas cidades, pelo trabalho doméstico e até mesmo por atividades educacio-
feriram buscar trabalho nas cidades e nais. Ou seja, desempenhavam importante papel no processo que culminou na ascen-
deixar a vida agrícola. Em outros mo- são e riqueza da sociedade romana. Submetidos a precárias condições de vida e de
mentos da história da humanidade, o
êxodo rural ocorreu por razões como:
trabalho, não eram raras suas manifestações de revolta. Alguns desses movimentos
a industrialização, a mecanização da foram reprimidos rapidamente; outros, contudo, reuniram grande número de escravos
agricultura, o aumento dos postos de e duraram mais tempo.
trabalho nas cidades ou a falta de in- Uma das maiores revoltas ocorreu entre 73 a.C. e 71 a.C. Seu líder era um gla-
centivo para o trabalhador rural.
diador chamado Espártaco. Após ter fugido com outros 73 gladiadores de seu cativei-
ro em Cápua, Espártaco reuniu um exército de mais de 60 mil escravos.
À frente dessa tropa, percorreu quase toda a península Itálica, vencendo várias
vezes as legiões romanas. Ao se dirigirem a Roma, porém, foram derrotados por tropas
comandadas pelo general Crasso. Cerca de 6 mil escravos foram condenados à morte
na cruz.
MAESTRI FILHO, Mário José. O escravismo antigo. São Paulo/Campinas: Atual/Editora da Unicamp, 1985.
p. 52-55. Adaptado.

MUSEU ARQUEOLÓGICO NACIONAL NÁPOLES ITÁLIA/


THE BRIDGEMAN IMAGES/GRUPO KEYSTONE

VEJA O FILME
Spartacus, de Stanley Kubrick. Es-
tados Unidos, 1960. (198 min). Afresco do século I d.C.
O filme conta a história de Espár- encontrado na antiga cidade de
taco, homem que nasceu escra- Herculano, representando uma
vo e que liderou uma das maio- escrava penteando os cabelos de
uma jovem.
res revoltas da Roma antiga.

42 Antiguidade II – Grécia e Roma


PARA CONSTRUIR

1 O Estado romano oferecia a política do “pão e circo” para man- cultura das terras, para substituir os cidadãos que haviam
ter a população – principalmente a pobre urbana – distraída expulsado delas.
e minimamente alimentada. Isso reduzia os riscos de rebelião PLUTARCO. Vida de Tibério e de Caio Graco.
In: ARRUDA; PILETTI. Toda a História. São Paulo: Ática, 2008. v. 1. p. 76.
e de outras manifestações de descontentamento que pode-
riam abalar o poder das elites romanas. Atualmente, no Brasil, O texto aponta as modificações na estrutura fundiária da Itá-
é muito comum ouvir pessoas dizerem que o futebol e a te- lia, no século II a.C. Sobre essas transformações, é INCORRETO
levisão funcionam do mesmo modo, isto é, como forma de afirmar: b
diversão para que a população não se interesse por assuntos a) A substituição dos camponeses por escravos, nas terras
políticos. Você concorda com essa opinião? Apresente suas da península Itálica, está relacionada com a expansão mi-
ideias e escute as opiniões dos colegas. Faça, depois, uma lis- litar romana e com o aumento da oferta de escravos.
ta de argumentos. Com a ajuda do professor, aprofunde as b) O Senado romano, dominado pelo patriciado, barrou a for-
várias ideias apresentadas. mação de latifúndios com mão de obra escrava, pois enten-
deu que essa mudança alterava a base social da sociedade.
O objetivo desta atividade é refletir sobre o papel da democracia e
c) O Senado romano, controlado por grandes proprietários
dos direitos do cidadão no mundo contemporâneo com base na abor- de terra, viu de forma favorável a formação do latifúndio
dagem de dois assuntos polêmicos: futebol e programas de televisão. escravista e o desmantelamento das unidades de produ-
A resposta é pessoal, mas é possível solicitar aos alunos que ção camponesa.
aprofundem suas opiniões. O futebol e a televisão, como fenômenos d) A vitória militar sobre Cartago e a expansão territorial pelas
de massa, envolvem milhões de pessoas, exigem certa padronização
terras banhadas pelo Mediterrâneo favoreceram o aumen-
to da oferta de mão de obra escrava no mercado romano.
dos comportamentos e movimentam vultosos recursos financeiros.
e) A expansão político-militar da República romana pelo
Em geral, as pessoas que se envolvem profundamente com futebol Mediterrâneo teve implicações no sistema socioeconô-
ou se tornam dependentes de programas de televisão tendem a voltar mico e transformou as relações da sociedade com o meio
sua atenção exclusivamente para essas atividades, desinteressando- ambiente da península Itálica.
-se de outras manifestações da vida em sociedade. Deixam de lado,
3 (PUC-PR)
assim, outras manifestações culturais, como teatro, literatura, cinema,
Os animais da Itália possuem cada um sua toca, seu
exposições, e tendem a desprezar a atividade política. Contudo, tanto abrigo, seu refúgio. No entanto, os homens que combatem
o futebol como a televisão têm dimensões políticas e econômicas e morrem pela Itália, estão à mercê do ar e da luz e nada
impor- tantes. Não são poucas as reflexões sobre a condução política mais: sem lar, sem casa, erram com suas mulheres e crianças.
dos clubes, a relação entre os homens de negócios e os atletas, entre Essas são palavras de Tibério Graco, político romano do sé-
políticos e times de futebol, etc. No âmbito da televisão, os telejornais culo II a.C.
e documentários abordam temas políticos. Mesmo as telenovelas Nesse contexto da história de Roma, podemos afirmar que: b
tratam de política (quando não procuram ocultá-la) e levam muitos
a) Roma encontrava-se num período de paz e prosperidade,
resultado da política da “paz romana” promovida pelo re-
telespectadores a discutir assuntos polêmicos, como corrupção,
gime imperial.
propriedade da terra, relações internacionais, entre outros. b) Resultado das expansões territoriais, Roma tornou-se su-
perpopulosa; apesar de rica acentuaram-se as diferenças
2 (UFSM-RS)
sociais, de um lado uma aristocracia privilegiada que vivia
Os romanos costumavam vender uma parte das terras em meio a festas e mordomias e, de outro, a maior parte
conquistadas, anexar outras e arrendá-las aos cidadãos que da população vivia na mais absoluta miséria.
nada possuíssem, mediante um ligeiro censo (renda anual) c) Esse é um período que coincide com a tentativa de esta-
ao tesouro público. Os ricos, porém, tinham conseguido belecimento de um regime democrático em Roma, por
apoderar-se dessas terras; eis por que foi feita uma lei que modelo e influência da política ateniense de Péricles.
proibia a todos os cidadãos ter mais de 125 hectares. Mas d) Nessa época, Roma enfrentava as dificuldades das Guer-
os ricos conseguiram a obtenção de terras sob nomes de ras Médicas em que disputava o território cartaginês com
empréstimos; por fim, tomaram-nas abertamente em seu os persas.
HISTÓRIA

nome, então os pobres, espoliados da sua posse, trataram e) Nesse período, a sociedade romana vivia uma situação de
de evitar o serviço militar e a criação de filhos. Assim, a decadência da autoridade central e declínio das ativida-
Itália seria em breve despovoada de habitantes livres e des comerciais, resultado principalmente da dissemina-
cheia de escravos bárbaros que os ricos empregavam na
ção do cristianismo.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 e 2

Antiguidade II – Grécia e Roma 43


MILITARES NO PODER
Na tentativa de desviar a atenção da crise que se abatia sobre a República, a partir do final
do século II a.C., o Senado romano passou a estimular campanhas militares no exterior. Graças
às vitórias, o prestígio dos militares cresceu. Entre 107 e 100 a.C., por exemplo, o general Caio
Mário foi eleito cônsul por seis vezes consecutivas.
Mais tarde, em 60 a.C., Roma chegou a ser chefiada por três militares simultaneamen-
te: os generais Sila, Júlio César e Marco Licínio Crasso, que governavam sem depender do
Senado. Era o chamado Triunvirato (governo de três varões).
BORIS HORVAT/AGÊNCIA FRANCE-PRESSE

Em 46 a.C., o Triunvirato já havia chegado fim. Porém, o poder concentrou-se na mãos


do general Júlio César, a quem os senadores de Roma concederam o título de ditador vi-
talício.
talício
Senhor da situação, César deu início a uma nova fase na política romana: a da personificação
do poder. Sem comprometimento com plebeus, senadores, cavaleiros e até mesmo com a institui-
ção republicana, assumiu vários cargos e funções, como cônsul, Pontífice Máximo (sumo sacerdote)
e supremo comandante militar.
Durante seu governo, distribuiu terras a cerca de 80 mil pessoas em colônias além-mar;
visando diminuir o desemprego, exigiu que pecuaristas tivessem entre seus empregados
pelo menos um terço de homens livres; e estendeu a cidadania romana a praticamente
Busto de mármore de Júlio César, toda a população da península Itálica. O boxe “A cidadania romana”, abaixo, analisa a
encontrado no leito do rio Ródano, na importância da cidadania para as populações conquistadas por Roma.
cidade de Arles, sul da França, em 2007.
Datado de aproximadamente 46 a.C., Para seus inimigos, as atitudes de César apenas comprovavam a tese de que ele pretendia aca-
acredita-se que seja a representação bar com a República e se proclamar rei. Ora, desde a expulsão do trono de Tarquínio II, o Soberbo,
conhecida mais antiga do general romano, em 509 a.C., os romanos rejeitavam qualquer tentativa de retorno da monarquia. Assim, em 15 de
feita quando César ainda era vivo.
março de 44 a.C., durante uma sessão do Senado, um grupo de 60 senadores cercou Júlio César e o
assassinou a punhaladas.
Roteiro de Estudos Após a morte de César, Roma passou a ser governada por um novo Triunvirato, dessa vez
formado pelo cônsul Marco Antônio, o general Lépido e o sobrinho e filho adotivo de Júlio César,
Acesse o Material Comple- Caio Otávio. As divergências entre eles, contudo, transformaram o território romano em palco de
mentar disponível no Portal e
aprofunde-se no assunto. uma guerra que só terminou em 27 a.C., quando Caio Otávio, sozinho, se tornou senhor absoluto
de Roma, dando início ao maior império que o mundo já vira.

A cidadania romana
A palavra “cidadania” vem do latim civitas, que quer dizer cidade. O termo era usado na Roma antiga para indicar a situação política de
uma pessoa e os direitos que ela tinha ou podia exercer. Segundo o jurista Dalmo Dallari, “a cidadania expressa um conjunto de direitos que dá
à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida e do governo de seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído
da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade dentro do grupo social”.
Para que os direitos de cidadania não fiquem apenas no papel, é necessário que os cidadãos exerçam vigilância permanente sobre
seu cumprimento.
Em Roma, contudo, a cidadania era privilégio apenas de uma parte da população. Durante a monarquia, somente os patrícios goza-
vam de direitos políticos. Com a República, os plebeus conquistaram os direitos de cidadania que antes lhes eram negados. Entretanto, a
população da maior parte das regiões anexadas nunca teve acesso a esses direitos (concedidos apenas à população da península Itálica).
Nessas regiões, cerca de 80 milhões de pessoas viviam sob as ordens dos cavaleiros ou dos nobres romanos. Como não tinham
cidadania, essas pessoas eram consideradas estrangeiros em sua própria terra, sem direitos civis, religiosos ou políticos. Ter a cidadania
significava para elas ter uma lei e uma justiça igual para todos.
Também não existiam leis ou regras orientando a conduta dos administradores romanos que ali se encontravam. Assim, cada um
governava e aplicava a justiça conforme seus interesses.
Fontes: DALLARI, Dalmo. Direitos humanos e cidadania. São Paulo: Moderna, 1998. p. 14; COULANGES,
Fustel de. A cidade antiga. São Paulo: Martins Fontes, 2000. p. 428-432; O que é cidadania.
Disponível em: <www.dhnet.org.br/direitos/sos/textos/oque_e_cidadania.html>. Acesso em: 27 ago. 2014.

44 Antiguidade II – Grécia e Roma


PARA CONSTRUIR

4 (UEG-GO) O primeiro Triunvirato foi um sinal inequívoco da versidade. César, que havia sido ditador perpétuo, conseguiu
crise vivida pela República romana. Apenas três homens, popularidade e: a
Pompeu, César e Crasso, acumularam quase todos os títulos e a) deu importância à reestruturação das finanças romanas,
cargos importantes. O fim dessa aliança, marcado pela morte preocupando-se em construir obras públicas, para apro-
de Crasso em 53 a.C., representou imediatamente: a veitar os trabalhadores desempregados.
a) o aumento da rivalidade entre os dois sobreviventes, Cé- b) fez reformas eleitorais significativas, diminuindo o poder
sar e Pompeu, que resultou em uma violenta guerra civil. do Senado e seguindo exemplo dos governos democráti-
b) o enfraquecimento da influência de César, em virtude do cos gregos.
fracasso de sua campanha militar na Gália. c) inibiu as muitas rebeliões que havia no exército, concen-
c) o assassinato de César por membros da aristocracia roma- trou poderes no Senado mas não controlou o problema
na dentro do próprio Senado. do desemprego.
d) a formação de um novo triunvirato, constituído por Otá- d) efetivou reformas administrativas para evitar crises políti-
vio, Marco Antônio e Lépido. cas e proibiu a escravidão nas províncias romanas mais
populosas.
5 O assassinato de César abalou a sociedade romana e forçou e) ampliou a cidadania, transformando hábitos religiosos e
a organização do segundo triunvirato. Havia muitas intrigas respeitando as culturas dos povos dominados com suas
políticas e dificuldades de administrar culturas de grande di- crenças politeístas.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 3 e 4 Para aprimorar: 1 a 3

Veja, no Guia do Professor, as respostas da “Tarefa


para casa”.
TAREFA PARA CASA
As respostas encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

c) Aumento do poder pessoal dos generais romanos.


PARAPARA PRATICAR
PRATICAR d) Favorecimento econômico aos aliados em detrimento
dos senadores romanos.
1 As tensões sociais em Roma culminaram em reformas que vi- e) Aumento de impostos para a plebe romana.
savam garantir maior estabilidade política. Os irmãos Tibério
e Caio Graco, tribunos da plebe, propuseram algumas dessas 3 O poder na República romana dependia essencialmente das
mudanças. Indique, em linhas gerais, quais foram as propos- relações políticas entre o Senado e as assembleias, em uma
tas defendidas pelos dois irmãos. Aponte também qual foi o das quais a plebe era representada. No entanto, a forte pre-
desfecho desse episódio. sença dos militares no Estado alterou essas relações e colo-
cou fim à República. Explique como o Primeiro e o Segundo
2 (Unir-RO) O texto a seguir faz referência à tentativa do tribuno Triunvirato concorreram para essas mudanças.
da plebe Tibério Sempronio Graco de coibir um dos principais
desdobramentos da expansão romana dos séculos III e II a.C. 4 (Unifesp)
Foi, então, quando Tibério Sempronio Graco, cidadão [...] não era a falta de mecanização [na Grécia e em
nobre animado por uma grande ambição, [...] pronunciou Roma] que tornava indispensável o recurso à escravidão;
[...] um discurso de extrema gravidade para os povos da ocorrera exatamente o contrário: a presença maciça da escra-
Itália; falou de como povos particularmente aptos para a vidão determinou a “estagnação tecnológica” greco-romana.
SCHIAVONE, Aldo. Uma história rompida: Roma antiga e
guerra e vizinhos dos romanos pelo sangue, mas em via de ocidente moderno. São Paulo: Edusp, 2005.
deslizar pouco a pouco para a miséria [...]. Depois de pro-
HISTÓRIA
A escravidão na Grécia e na Roma antigas:
nunciar este discurso, pôs em vigor a lei que proibia a
a) baseava-se em características raciais dos trabalhadores.
posse de mais de 500 medidas de terras.
b) expandia-se nos períodos de conquistas e domínio de ou-
APIANO. Guerras civis, I, 9, 35-36.
tros povos.
Qual desdobramento intencionou-se coibir? c) dependia da tolerância e da passividade dos escravos.
a) Crescimento de latifúndios. d) foi abolida nas cidades democráticas.
b) Uso de escravos no exército romano. e) restringia-se às atividades domésticas e urbanas.

Antiguidade II – Grécia e Roma 45


a) Após o governo dos irmãos Graco, a República romana er-
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR radicou todo o prestígio militar, vivenciando tempo de paz
e prosperidade.
1 (Unicamp-SP – Adaptada) Leia: b) Os demagogos eram novos defensores da reforma social
Acerca do fascínio exercido pelos espetáculos de sangue na República romana, que encantavam e manipulavam a
na arena, muitos romanos afirmavam que eles inspiravam plebe marginalizada com a política do “pão e circo”.
um nobre desprezo pela morte. Mas é possível interpretar c) Os demagogos não queriam contestar o Senado, porque
esses espetáculos como um ritual que reafirmava o poder e não aspiravam ao cargo de Tribunos da plebe.
a autoridade do Estado romano. Os gladiadores, por exem- d) As conquistas enfraqueceram por demais o exército roma-
plo, eram indivíduos sem direitos, marginalizados ou con- no, e o Senado tornou-se a instituição mais forte durante
denados por subversão da ordem pública. Ao executá-los em toda a crise da República romana, tendo o exército como
público, o povo romano reunido celebrava a sua superiori- principal instrumento do governo.
dade e o seu direito de dominar. e) A unificação do partido aristocrático com o partido popu-
SHELTON, J. A. As the romans did. Oxford, 1998. p. 350. Adaptado. lar gerou o fim dos conflitos neste período, porque os in-
a) De que maneira esse texto interpreta a popularidade dos teresses tanto dos patrícios quanto dos plebeus e escravos
espetáculos de sangue em Roma? foram respeitados.
b) Por que, segundo o texto, o sacrifício de um gladiador
3 (UFMA) A afirmação segundo a qual o indivíduo tem cons-
perante o público reforçava as relações de dominação na
ciência de seus direitos, deveres e participa ativamente de
sociedade romana?
todas as questões da sociedade refere-se à(ao):
2 (UEPB) As relações políticas na República romana, a partir do a) tirania. d) bonapartismo.
século II a.C., foram marcadas por rivalidades e muita violên- b) plutocracia. e) monarquia.
cia. Quanto a este fenômeno, é correto afirmar: c) cidadania.

ANOTAÇÕES

46 Antiguidade II – Grécia e Roma


CAPÍTULO

6 O Império Romano

Objetivos: A reconstrução gráfica abaixo, feita por profissionais das universidades de Virgínia e da Califórnia,
nos Estados Unidos, faz parte de um projeto chamado Roma Renascida (Rome Reborn, em inglês),
c Conhecer a
que tem por objetivo reconstituir digitalmente a cidade de Roma em 320 d.C.
organização do Império
A imagem nos oferece uma visão panorâmica da cidade. Entre muitas construções, destacam-
Romano.
-se, no centro, o Coliseu (1), palco de lutas de gladiadores, o Circo Máximo (2), onde se realizavam
c Abordar aspectos da corridas de bigas (carros puxados por dois cavalos), e o aqueduto (3), que canalizava a água de uso
vida cotidiana dos diário da população romana.
romanos. No século IV, Roma contava com uma população de 1 milhão de habitantes. Neste capítulo,
estudaremos a formação, o apogeu e o colapso do Império Romano.
c Explicar o surgimento
e a difusão do
MUSEU DA CIVILIZAÇÃO ROMANA, ROMA/SCALA/GLOW IMAGES

cristianismo no Império
Romano.

c Compreender o
processo de invasões
germânicas e a
desagregação do
Império.

c Refletir sobre o papel


do direito no passado e
presente. 1

2
HISTÓRIA

Reconstituição gráfica de Roma antiga.


No centro da foto, aparece em destaque
o Coliseu, cujas ruínas podem ser vistas
ainda hoje na Cidade Eterna.

Antiguidade II – Grécia e Roma 47


CHRIS/ACERVO DO FOTÓGRAFO
Panorama das Termas de Caracalla,
inauguradas pelo imperador romano
homônimo em 217 d.C. Um dos maiores
prédios de Roma, era ricamente ornado
PRIMEIROS TEMPOS DO IMPÉRIO
com mosaicos e chegava a atender No começo da Era Cristã, os domínios do Império Romano abrangiam grande parte da Europa,
cerca de 1 500 usuários em seu interior. o norte da África e as terras asiáticas próximas ao Mediterrâneo. No comando desse imenso territó-
Foto de 2009.
rio encontrava-se Otávio, que havia assumido o poder em 27 a.C. Como vimos no capítulo anterior,
Otávio era sobrinho de Júlio César e havia composto, com Marco Antônio e Lépido, o Segundo
Triunvirato (43 a.C.). Em 37 a.C., afastou Lépido do poder e, em 30 a.C., derrotou Marco Antônio.
Consciente da força da República para os romanos, Otávio manteve o Senado e a figura dos
cônsules, dois fortes símbolos republicanos. Entretanto, em 27 a.C., o Senado lhe concedeu os títulos
de Augusto, antes reservado apenas para os deuses; Príncipe, ou seja, chefe do Senado; e Sumo
Pontífice. A partir de então, Otávio passou a ser chamado simplesmente de Augusto. Ao mesmo
tempo, o exército o aclamava Imperator (Imperador).
Durante as quatro décadas de seu governo, Augusto promoveu diversas reformas na sociedade
VPC TRAVEL PHOTO/ALAMY/GLOW IMAGES

romana. Destituiu do cargo senadores acusados de corrupção; perdoou as dívidas dos camponeses
com o governo; criou um tribunal de pequenas causas para dar maior agilidade à Justiça; distribuiu
alimentos e dinheiro ao povo em momentos de crise; e incentivou os espetáculos públicos (veja o
boxe “Os romanos se divertem”).

Conspirações e assassinatos
Com a morte de Augusto em 14 d.C., assumiu o poder seu genro, Tibério (14-37). Até 68 d.C.,
apenas pessoas das famílias Júlia (de Augusto) e Cláudia (de Tibério) governaram o Império. Todas
elas se envolveram em episódios de perseguições, assassinatos e conspirações.
Calígula (37-41), sucessor de Tibério, por exemplo, condenou à morte inúmeras pessoas; con-
fiscou bens e concedeu honrarias a seu cavalo Incitatus, que pretendeu nomear cônsul. Assassinado
em 41 d.C., foi sucedido por seu tio Cláudio (41-54), que morreu envenenado pela própria mulher
para que Nero, filho dela gerado em um casamento anterior, assumisse o poder.
Com Nero (54-68), a dinastia Cláudia, das famílias Júlia e Claudiana, chegou ao fim. Assassino
Escultura do século I a.C., representando
da própria mãe, Nero foi um perseguidor implacável dos cristãos. O boxe “A difusão do cristianismo”
o imperador Otávio Augusto. (página 51) aborda a relação entre o cristianismo e a religião romana.

Os romanos se divertem
Sob o governo de Augusto, viviam em Roma cerca de 1 milhão de pessoas. Como muitos não tinham trabalho, o imperador procurava
manter essa população ocupada por meio de festas e espetáculos.
As lutas de gladiadores, iniciadas durante a República, tornaram-se um evento extremamente popular. Diversos anfiteatros, como
o Coliseu, em Roma, foram construídos em todo o Império para a realização desses espetáculos. Destinadas a divertir a população, essas
lutas tinham também uma dinâmica religiosa que movia a organização de jogos. Ao entrar na arena, os gladiadores desfilavam e saudavam
o imperador com a frase Ave, Caesar, morituri te salutant (“Salve, César, os que vão morrer te saúdam”).
Outra grande diversão eram os circos, nos quais se realizavam corridas a pé, a cavalo e de carros. Um dos maiores, o Circo Máximo,
comportava cerca de 150 mil espectadores. Os romanos também podiam se divertir com o teatro, com jogos de azar e com os triunfos,
festas grandiosas oferecidas aos militares vencedores de batalhas importantes.

48 Antiguidade II – Grécia e Roma


A Pax Romana Portal
Com a morte de Nero, sobreveio um ano de guerras civis, após o qual assumiu Vespasiano, SESI
Educação www.sesieducacao.com.br
general da família dos Flávios. Teve início, então, o período de maior esplendor do Império Romano
(veja o mapa abaixo), que se estendeu pelas dinastias dos Flávios (69-96) e dos Antoninos (96-192). Acesse o portal e explore a ima-
Além disso, novas cidades surgiram e o modo de vida romano passou a ser adotado nas mais distan- gem Pompeia.
tes províncias, acentuando, assim, o processo de romanização dessas regiões. Nesse período, as condições
de vida nas províncias melhoraram sensivelmente e muitos romanos optaram por viver nelas. Tudo isso
fez com que o Império vivesse um período de calmaria, razão pela qual essa época ficou conhecida
como a da pax romana (paz romana). Para os povos dominados, essa era uma paz imposta pela força.
Na verdade, o Império em sua fase de esplendor enfrentaria, sobretudo, problemas de outras
naturezas, como epidemias, incêndios e até a destruição das cidades de Pompeia, Herculano e Estábia
pela erupção do vulcão Vesúvio, em 79 d.C.

O Império Romano (114 d.C.)

ESLAVOS
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PENÍNSULA DÔ Bizâncio
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FONTE: Grand atlas historique. Paris: Larousse, 2006.


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MAURITÂNIA Cartago Chipre o
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Império Romano em
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sua maior extensão
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As primeiras invasões
No final do século II, o Império começou a sofrer as primeiras invasões de povos vindos ini-
HISTÓRIA

cialmente do interior da Europa e, posteriormente, da Ásia. Os romanos os chamavam depreciativa-


mente de bárbaros, devido ao fato de não falarem o latim e de terem costumes diversos dos seus.
A pax romana, portanto, não era garantia de estabilidade duradoura. A partir da dinastia Severa
(193-235), os sinais de crise tornaram-se cada vez mais evidentes. Entre 235 e 284 d.C., por exemplo,
somente um entre 26 imperadores teve morte natural. Além disso, nessa época a população sofria
com os altos impostos e uma crise econômica e agrícola sem precedentes.

Antiguidade II – Grécia e Roma 49


PARA CONSTRUIR

1 (PUC-PR) A importância de Otávio Augusto em Roma Antiga 3 (UFPB) A cultura romana incorporou vários elementos de ou-
concentra-se principalmente no seu esforço para: c tras culturas, inclusive, na esfera religiosa. Sobre a religião na
a) solucionar a crise agrícola decorrente da falta de peque- Roma antiga, considere as afirmativas a seguir:
nas propriedades. I. Os romanos, apesar de monoteístas, aceitavam facilmente
b) vencer as Guerras Púnicas, trazendo paz para a sociedade o culto a deuses de outros povos. Essa interação cultural
romana. pode ser explicada pelo fato de o Estado romano, envol-
c) estruturar um império com governo centralizado, apoia- vido apenas com questões políticas, não ter se importado
do em instituições republicanas. com assuntos religiosos.
d) impedir que as reformas introduzidas pelos Gracos alte- II. A civilização romana praticava a tolerância e identificava-
rassem a estrutura agrária de Roma. -se com outros povos que cultuavam um único deus. Tais
e) favorecer a expansão do cristianismo, conciliando seus características foram fundamentais para a expansão do
princípios com a filosofia romana. cristianismo e sua adoção como religião oficial do Estado
romano, no século II d.C.
2 (PUC-SP) Observe o mapa da Antiguidade Clássica. III. A religião romana, politeísta, foi se diversificando à medi-
da que Roma ganhava importância política e econômica.
Assim como os exércitos incorporavam novos territórios, a
OCEANO
religião romana foi absorvendo deuses e cultos de outros
Rio Reno

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Cáspio povos.
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Está(ão) correta(s) apenas: c
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partos a) I.
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b) II.
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e) II e III.
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4 O cristianismo se difundiu rapidamente no Império Romano.
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sob Augusto
Quais são as características dessa religião e por que vários
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imperadores perseguiram seus adeptos?


O mapa identifica uma época da história da Antiguidade
Clássica em que: c O cristianismo baseia-se nos ensinamentos de Jesus, que viveu na
a) a expansão da economia escravista, a ruína dos pequenos Palestina no século I, época em que a região era dominada pelos
agricultores e o enfraquecimento do exército provocaram romanos. Os cristãos acreditam ser Jesus o filho de Deus, enviado
a decadência do Império Romano e a ruralização da Euro-
à Terra para pregar o amor ao próximo e redimir a humanidade de
pa e do Oriente Próximo.
seus pecados. As autoridades romanas passaram a perseguir os
b) a conquista do Mediterrâneo abriu novos mercados à
economia romana, criando condições para a criação de cristãos por não admitirem que se atribuísse um caráter divino
rotas comerciais que estenderam o Império Romano até a a outros que não os imperadores. Outro motivo é que, por pregar
Ásia e o norte da África. o amor universal, sem distinção entre ricos e pobres, o cristianismo
c) os domínios do Império Romano se estenderam a todas
ameaçava a manutenção do poder pelos grupos dominantes. Esses
as terras situadas em torno do mar Mediterrâneo e suas
teriam sido os principais motivos para a condenaçãode Jesus Cristo
fronteiras naturais eram os rios Reno e Danúbio, na Euro-
pa, e o Oriente Próximo. à morte na cruz.
d) a difusão do cristianismo, após sangrentas perseguições,
transformou-se em religião oficial em todas as regiões do
mar Mediterrâneo abrangidas pelo ocidente da Europa e
a península Balcânica.
e) os exércitos romanos conquistaram o sul da península
Ibérica, todo norte da África, o Oriente Médio e a penínsu-
la Balcânica, incorporando o deserto do Saara ao Império.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 1 e 2 Para aprimorar: 1

50 Antiguidade II – Grécia e Roma


IZZET KERIBAR/LONELY PLANET IMAGES/GETTY IMAGES

Vista de Istambul, Turquia. Foto de 2013.


IMPÉRIO DIVIDIDO
Preocupado em tornar o Império mais governável, o imperador Diocleciano (284-305) resolveu divi-
di-lo em duas partes: uma oriental, sob seus cuidados; a outra, ocidental, entregue ao general Maximiano.
Mais tarde, Diocleciano dividiu o poder do Império entre quatro governantes, a chamada te-
trarquia. Por esse sistema, o Império continuou dividido em dois territórios governados por dois
imperadores com o título de Augusto. Cada um deles nomeava um sucessor que o auxiliava na admi-
nistração de um dos territórios. Essa fragmentação administrativa enfraqueceu particularmente o Se-
nado, que vinha perdendo poder desde o governo de Otávio e mesmo desde a época de Júlio César.
Assim, o Senado continuou a funcionar em Roma, mas esta deixou de ser a sede do Império,
que passou a contar com quatro capitais: Treves (na atual Alemanha), Milão (na península Itálica),
Sirmio (na atual Bósnia-Herzegovina) e Nicomédia (na Ásia Menor).
Diocleciano abdicou do trono em 305 d.C., depois de 21 anos como imperador. Mais uma vez, o
Império viu-se envolvido em lutas internas pelo poder. Somente em 324 d.C. o imperador Constantino
(313-337 d.C.) conseguiu restaurar o poder central. Com ele, o Império voltou a ter apenas um governante.
Constantino concedeu liberdade de culto aos cristãos e pôs fim às perseguições religiosas. Ao
mesmo tempo, transferiu a capital do Império para a antiga cidade grega de Bizâncio, que, depois de
algumas reformas, passou a se chamar Constantinopla (atual Istambul, na Turquia).
Em 395 d.C., sob o governo de Teodósio, o Império foi dividido mais uma vez em duas partes.
A medida criava o Império Romano do Oriente, com sede em Constantinopla, e o Império Roma-
no do Ocidente, com capital em Milão. Este último, porém, continuou a ser assediado pelos povos
provenientes da Europa central e oriental. Dessa forma, o Império do Ocidente foi pouco a pouco
se esfacelando sob a ação dos invasores. A derrocada final ocorreu em 476 d.C., quando o último
imperador romano do Ocidente, Rômulo Augústulo, foi destronado por Odoacro, rei dos hérulos.

A difusão do cristianismo
Muitos dos deuses romanos eram de origem estrangeira, sobretudo grega: Júpiter, por exemplo, correspondia a Zeus; Vênus, deusa
do amor, era identificada com Afrodite. Com Otávio, o culto religioso concentrou-se também na figura do imperador, chamado de
Augusto e venerado como um deus.
Entretanto, já no final do período republicano, parte da população passou a seguir doutrinas que pregavam o aperfeiçoamento
interior e a crença na vida após a morte. Particularmente importante foi o cristianismo, religião monoteísta originária do judaísmo.
O cristianismo baseia-se nos ensinamentos de Jesus, que teria vivido na Palestina no século I de nossa era, época em que a região
era dominada pelos romanos. Seus seguidores – os cristãos – acreditam ser Jesus o filho de Deus, enviado à Terra para pregar o amor
ao próximo e redimir a humanidade de seus pecados.
Jesus entrou em conflito com os sacerdotes judeus – que não o reconheciam como o Messias enviado por Deus – e com as auto-
ridades romanas, para as quais apenas o imperador tinha caráter divino. Além disso, ele pregava o amor universal, sem distinções entre
HISTÓRIA

ricos e pobres. Considerado perigoso pelos grupos dominantes, Jesus foi condenado a morrer na cruz.
Após sua morte, seguidores de Jesus (chamado de Cristo, que em grego significa “ungido”) se espalharam por diversas regiões e
passaram a divulgar seus ensinamentos. A partir de então, o cristianismo alcançou uma rápida difusão. Durante certo tempo, os impe-
radores romanos viram na nova religião uma ameaça a seu poder e perseguiram as comunidades cristãs.
Fontes: BOWKER, John. Para entender as religiões. São Paulo: Ática, 1997. p. 15, 144-146;
HOORNAERT, Eduardo. Memória do povo cristão. Petrópolis: Vozes, 1986. p. 41-75.

Antiguidade II – Grécia e Roma 51


PARA CONSTRUIR

5 Sob o governo de Constantino, o Império Romano passou decadentes: dissolutos, preguiçosos, sendo a luxúria a ori-
por profundas mudanças. Quais foram essas alterações? gem de todos os seus pecados.
LE GOFF, Jacques. Decadência. In: História e memória. Campinas:
Depois de o Império Romano ter se dividido por lutas internas decor- Editora da Unicamp, 1990. p. 382-385. Adaptado.
rentes de disputas pelo poder, o imperador Constantino conseguiu a) Identifique no texto duas visões opostas sobre a queda de
restaurar, no ano de 324 d.C., o poder central. Entre as medidas que Roma.
marcaram seu governo, podem ser citadas a concessão de liber- O texto menciona duas visões opostas sobre a queda de Roma: para
dade de culto aos cristãos e o fim das perseguições religiosas. os pagãos, ela teria sido causada pelo abandono da religião romana,
Outra medida do imperador foi a transferência da capital do Império em virtude da disseminação dos maus princípios cristãos; para os
de Roma para a antiga cidade grega de Bizâncio, posteriormente cristãos, a causa se encontraria nos costumes dos romanos, que
nomeada Constantinopla. eram dissolutos, preguiçosos e luxuriosos.

6 (Unicamp-SP) b) Entre o surgimento do cristianismo e a queda de Roma,


Após a tomada e o saque de Roma pelos visigodos, em que mudanças ocorreram na relação do Império Romano
410, pagãos e cristãos interrogaram-se sobre as causas do com a religião cristã?
acontecimento. Para os pagãos, a resposta era clara: foram Poderiam ser apontados dois diferentes momentos na relação entre
os maus princípios cristãos, o abandono da religião de o Império Romano e a religião cristã: no início, temos um período
Roma, que provocaram o desastre e o declínio que se lhe
em que os cristãos eram perseguidos; com Constantino, há liberdade
seguiram. Do lado cristão, a queda de Roma era explicada
pela comparação entre os bárbaros virtuosos e os romanos de culto aos cristãos e o fim das perseguições religiosas.

TAREFA PARA CASA: Para praticar: 3 Para aprimorar: 2

Veja, no Guia do Professor, as respostas da


“Tarefa para casa”.
TAREFA PARA CASA
As respostas encontram-se no portal, em Resoluções e Gabaritos.

e) A partir do Édito de Milão, ficou estabelecido que somen-


PARAPARA PRATICAR
PRATICAR te autoridades religiosas poderiam determinar os rumos
da Igreja.
1 Durante seu governo, Augusto criou um tribunal de peque-
nas causas para dar maior agilidade à Justiça. Hoje, uma das 3 (UFPE) O poder político dos romanos não foi uma sucessão
principais críticas que se faz ao sistema judiciário brasileiro é de vitória e de crescimento de riquezas sem limites. A expan-
sua morosidade. Procure informações a esse respeito em jor- são do Império trouxe problemas e dificultou os governos,
nais e revistas. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e as trazendo um aumento constante de conflitos políticos. Na
pastorais religiosas (como as que defendem os direitos dos época de Rômulo Augusto houve:
detentos) também são uma boa fonte de informações. Reúna a) a redução do poder dos sacerdotes e da Igreja Católica.
o material organizado e componha com ele um jornal mural. b) a adoção oficial da religião cristã em todo o Império.
2 (UFPR) No ano 313 d.C., o imperador Constantino reconheceu c) a divisão administrativa do Império para fortalecer sua for-
o cristianismo como a religião oficial do Império Romano, por ça militar.
meio do Édito de Milão. Sobre o cristianismo na Antiguidade, d) a construção de uma aliança política com os muçulmanos.
e) a queda de Roma, em 476, com a invasão dos chamados
é incorreto afirmar:
bárbaros, fragmentando o Império.
a) Os primeiros cristãos sofreram grandes perseguições por
motivos políticos.
b) Por serem politeístas, os romanos inicialmente resistiram
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR
em aceitar o monoteísmo cristão.
c) Durante a Antiguidade, ocorreram conversões ao cristia- 1 Você vai ler a seguir parte de um relatório elaborado em 2004
nismo de muitos povos chamados “bárbaros”. pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
d) No início de sua formação, a Igreja cristã baseou sua es- (PNUD) e uma contundente charge do cartunista Angeli. Am-
trutura na organização do Império Romano, reproduzindo bos abordam questões pertinentes à democracia e aos direi-
também sua divisão de poder. tos de cidadania. Feita a leitura, responda ao que se pede.

52 Antiguidade II – Grécia e Roma


Documento 1
A democracia se converteu em um sinônimo de liberdade e justiça. É, ao mesmo tempo, um fim e um instrumento.
Contém, basicamente, uma série de procedimentos para o acesso e o exercício do poder, mas é também, para homens e
mulheres, o resultado desses procedimentos. Nessa perspectiva, a democracia não é só um método para eleger quem gover-
na, é também uma forma de construir, garantir e expandir a liberdade, a justiça e o progresso, organizando as tensões e os
conflitos gerados pelas lutas de poder. [...]
Na América Latina alcançou-se a democracia eleitoral e suas liberdades básicas. Agora se trata de avançar na democracia
de cidadania. A primeira nos deu as liberdades e o direito de decidir por nós mesmos. Traçou, em muitos de nossos países, a
fronteira entre a vida e a morte. A segunda, hoje plena de carências, é a que avança para que o conjunto de nossos direitos se
torne efetivo. É a que nos permite passar de eleitores a cidadãos. A que utiliza as liberdades políticas como alavanca para cons-
truir a cidadania civil e social. Para mulheres e homens, a democracia gera expectativas, esperanças e decepções porque con-
tribui para organizar suas vidas na sociedade, garante seus direitos e permite melhorar a qualidade de suas existências. A de-
mocracia é muito mais do que um regime de governo, ela se confunde com a própria vida. É mais do que um método para
eleger e ser eleito. Seu sujeito não é apenas aquele que vota, é o cidadão.
A democracia na América Latina – Rumo a uma democracia de cidadãs e cidadãos.
Disponível em: <www.pnud.org.br/pdf/TextoProddal.pdf>. Acesso em: 27 ago. 2014.
Documento 2

ANGELI/ACERVO DO ARTISTA

Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/humor/0808_album.jhtm>. Acesso em: 27 ago. 2014.


a) Releia o relatório do documento 1 e a charge do cartunista Angeli. Em seguida, escreva uma dissertação relacionando o concei-
to de democracia social com o problema da desigualdade social no mundo.
b) Qual é a crítica social expressa na charge de Angeli?
c) Em sua opinião, como você e seus colegas de classe podem contribuir para ampliar o processo democrático no Brasil?
2 (Enem)
Somos servos da lei para podermos ser livres.
Cícero.
O que apraz ao príncipe tem força de lei.
Ulpiano.
As frases acima são de dois cidadãos da Roma clássica que viveram praticamente no mesmo século, quando ocorreu a transição da
República (Cícero) para o Império (Ulpiano).
Tendo como base as sentenças acima, considere as afirmações:
HISTÓRIA

I. A diferença nos significados da lei é apenas aparente, uma vez que os romanos não levavam em consideração as normas jurídicas.
II. Tanto na República como no Império, a lei era o resultado de discussões entre os representantes escolhidos pelo povo romano.
III. A lei republicana definia que os direitos de um cidadão acabavam quando começavam os direitos de outro cidadão.
IV. Existia, na época imperial, um poder acima da legislação romana.
Estão corretas apenas:
a) l e ll. b) I e III. c) II e III. d) lI e IV. e) III e IV.

Antiguidade II – Grécia e Roma 53


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VAN ACKER, Teresa. Grécia: a vida cotidiana na cidade-Estado. São Paulo: Atual, 1994.

54 Antiguidade II – Grécia e Roma


MAIS ENEM
Ciências Humanas e suas Tecnologias
Ciências da Natureza e suas Tecnologias
Linguagens, Códigos e suas Tecnologias
Matemática e suas Tecnologias

1 A constituição que nos rege nada tem de invejar à dos outros d) Péricles defende a existência de uma diferença entre a vida
povos: não imita nenhuma outra: ao contrário, serve-lhe de privada, local da realização da política, e a vida pública, local
modelo. Seu nome é democracia, porque não funciona no onde as leis atuam para diferenciar os cidadãos.
interesse duma minoria, mas em benefício do maior número. e) Quando Péricles defende que todos devem ser iguais num
Tem por princípio fundamental a igualdade. Na vida privada, regime democrático, podemos entender que ele estava de-
a lei não faz diferença alguma entre os cidadãos. Na vida pú- fendendo o fim da escravidão e o direito de participação das
blica, a consideração não se ganha pelo nascimento ou pela mulheres na política.
fortuna, mas unicamente pelo mérito; não são as distinções
sociais, mas a competência e o talento que abrem o caminho 2 Na imagem de abertura deste capítulo que retrata a recons-
das honrarias. Em Atenas, todos entendem de política e se tituição gráfica de Roma antiga (na página 47), destacam-se,
preocupam com ela; e aquele que se mantém afastado dos entre muitas construções, o Coliseu, o Circo Máximo e os aque-
negócios públicos é considerado um ser inútil. dutos que canalizavam a água de uso diário da população ro-
BECKER, Idel. Pequena história da civilização ocidental.
mana. A partir da observação da imagem, escolha a alternativa
São Paulo: Nacional, 1980. p. 127. correta. c
O trecho acima faz parte de um discurso de Péricles, governan- a) A reconstrução do espaço urbano de Roma permite inferir
te de Atenas entre 446 e 431 a.C. A partir da leitura do fragmen- que a cidade não possuía grandes dimensões e comportava
to, escolha a alternativa correta. b uma população limitada, em decorrência da crise e decadên-
cia do Império Romano no período.
a) A concepção de democracia expressa no fragmento de Péri-
b) O espaço urbano, como representado na imagem, dá especial
cles é bastante diferente da forma como o regime democráti-
destaque às construções religiosas, como o Coliseu, demons-
co é concebido no presente, na medida em que atualmente
trando a força que os cristãos possuíam dentro do Império.
nem todos precisam participar da política para garantir a exis-
tência de um regime democrático. c) O destaque concedido ao Coliseu ou ao Circo Máximo per-
mite refletir sobre a importância que os jogos e as lutas pos-
b) Existia uma forte contradição no interior da democracia ate- suíam na vida social dentro do Império Romano.
niense. Ao mesmo tempo que Péricles defendia a participa- d) Apesar da grandiosidade de Roma, a vida urbana não tinha
ção de todos no governo da cidade, grande parte da popu- grande importância dentro do Império Romano. A maior
lação, como estrangeiros, mulheres e escravos, não possuía parte da população vivia em zonas rurais e as cidades eram
direitos políticos nem participava da democracia. meros locais de comércio.
c) A igualdade de direitos, pilar central da democracia ateniense, e) Apesar da centralidade do Coliseu, podemos dizer que as
não está presente em nenhuma das concepções modernas lutas e os jogos não possuíam nenhuma importância social
de democracia. nem política dentro da cidade.

55
QUADRO DE IDEIAS Direção editorial: Renata Mascarenhas
Coordenação editorial: Tatiany Renó
Edição: Camila De Pieri Fernandes (coord.), Tatiane
Godoy; Colaboração: Eliete Bevilacqua
Coordenação de produção: Fabiana Manna, Daniela
Carvalho
Os gregos Gerência de produção editorial: Ricardo de Gan Braga
Revisão: Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Letícia Pieroni
(coord.), Danielle Modesto, Marília Lima, Marina Saraiva,
Tayra Alfonso, Vanessa Lucena
Edição de Arte: Kleber de Messas
Iconografia: Sílvio Kligin (supervisão), Ellen Colombo
A Grécia antiga: A Grécia clássica O helenismo Finta; Colaboração: Fábio Matsuura, Fernanda Siwiec,
Fernando Vivaldini
formação • As pólis de Esparta e • Os macedônios
Licenças e autorizações: Patrícia Eiras
• Os cretenses de Atenas • O império de Alexandre Ilustrações: Ideario Lab, Ilustra Cartoon
• Os aqueus • A democracia ateniense • Expansão da cultura Projeto gráfico de miolo: Daniela Amaral, Talita
• Os dórios • As Guerras Greco-Pérsicas grega: o helenismo Guedes
Colaboraram para esta Edição do Material:
• O surgimento das pólis • A Guerra do Peloponeso Projeto Sistema SESI de Ensino
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Os primeiros A Repúplica em crise O Império Romano Azevedo, Gislane


Sistema de ensino ser : ensino médio, cadernos de 1
séculos de Roma • A reforma agrária e a • Os primeiros a 12 : história ; professor / Gislane Azevedo, Reinaldo
• A sociedade romana desigualdade social imperadores Seriacopi. -- 3. ed. -- São Paulo : Ática, 2017.

• A monarquia • O papel dos generais • O apogeu do Império


• A República e suas • A transição da República • As invasões bárbaras 1. História (Ensino médio) I. Seriacopi, Reinaldo.
II. Título.
instituições para o Império • A crise e a divisão do
• As Guerras Púnicas Império
16-08191 CDD-907

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1. História : Ensino médio 907
2016
ISBN 978 85 08 18232 9 (AL)
ISBN 978 85 08 18235 0 (PR)
3ª edição
1ª impressão

Impressão e acabamento

Uma publicação

56 Antiguidade II – Grécia e Roma


HISTÓRIA
GUIA DO PROFESSOR

GISLANE AZEVEDO
Mestre em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo. Professora universitária, pesquisadora e ex-professora
de História do Ensino Fundamental e Médio nas redes pública e
privada. Jabuti 2013 na categoria didáticos.

REINALDO SERIACOPI
Bacharel em Língua Portuguesa pela Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e em Jornalismo
pelo Instituto Metodista de Ensino Superior (IMS-SP). Editor especia-
lizado na área de História. Jabuti 2013 na categoria didáticos.
HISTÓRIA

MÓDULO
Antiguidade II: Grécia e Roma
(16 aulas)

Antiguidade II: Grécia e Roma


1. A GRÉCIA ANTIGA: FORMAÇÃO

MÓDULO Objeto do conhecimento


Formas de organização social, movimentos sociais, pensamento
Antiguidade II: Grécia e Roma político e ação do Estado.

Objeto específico
Cidadania e democracia na Antiguidade.
Plano de aulas sugerido
Carga semanal de aulas: 2 AULA 1 Páginas: 4 a 7
Número total de aulas do módulo: 16
Os cretenses e os aqueus
Objetivos
Competências Habilidades Situar e caracterizar historicamente a formação da civilização grega.
c Compreender os elementos c Interpretar historicamente Caracterizar as sociedades cretense e micênica.
culturais que constituem as e/ou geograficamente
identidades. fontes documentais acerca Estratégias
c Utilizar os conhecimentos de aspectos da cultura. Inicie a aula lendo com os alunos os tópicos “Os cretenses” e
históricos para compreender c Identificar os significados “Os aqueus” (páginas 5 e 6).
e valorizar os fundamentos da histórico-geográficos das Ressalte que, entre os séculos XX e XII a.C., várias tribos nômades
cidadania e da democracia, relações de poder entre de origem indo-europeia, como os aqueus, jônios, eólios e dórios,
favorecendo uma atuação as nações.
consciente do indivíduo na c Reconhecer a importância
além dos egípcios, fenícios e minoicos, migraram para a região dos
sociedade. dos valores éticos na
mares Jônico, Mediterrâneo e Egeu. Esses povos e suas culturas são a
c Entender as transformações estruturação política das origem da civilização grega.
dos espaços geográficos sociedades. Comente que a designação minoica vem de Minos, nome de um
como produto das relações c Relacionar cidadania e lendário rei cretense. Muitos historiadores acreditam que esse tenha
socioeconômicas e culturais democracia na organização sido também o título de rei em Creta. Conte a lenda do Minotauro
de poder. das sociedades. e explore a foto do interior do palácio de Cnossos (página 4), acres-
c Compreender a produção c Analisar a produção da
centando que a mitologia grega teve origem na ilha de Creta.
e o papel histórico das memória pelas sociedades Explore o mapa “A formação da Grécia antiga (8000 a.C. – 3000 a.C.)”,
instituições sociais, políticas humanas.
e econômicas, associando- c Reconhecer a dinâmica da
mostrando a localização da ilha de Creta e a presença dos povos que
-as aos diferentes grupos, organização dos movimentos formaram a civilização grega. Localizar a Grécia em um mapa-múndi
conflitos e movimentos sociais e a importância da também é importante para que os alunos tenham uma visão mais
sociais. participação da coletividade ampla.
na transformação da realidade Comente que o tipo de litoral recortado da região, a pequena dis-
histórico-geográfica. tância entre as ilhas e as águas calmas impulsionaram a navegação.
c Constatar o papel da Esses fatores estimularam o comércio marítimo e a comunicação na
Justiça como instituição na antiga Grécia. Tanto no plano cultural como no geográfico, Creta era
organização das sociedades. o centro do mundo Egeu.
c Identificar registros de práticas
Explique que o momento de grande desenvolvimento da ilha de
de grupos sociais no tempo e
no espaço. Creta foi o período minoico. O relacionamento comercial que os
c Reconhecer as lutas sociais e cretenses mantinham com outros povos do Mediterrâneo contri-
as conquistas obtidas no que buiu para a assimilação de culturas distintas, incentivando o grande
se refere às mudanças nas desenvolvimento urbanístico. Reproduza na lousa a pirâmide social
legislações ou nas políticas cretense.
públicas. Em relação à sociedade minoica, merece destaque a riqueza de sua
c Avaliar criticamente conflitos
produção artística, que pode ser verificada em obras como palácios e
culturais, sociais, políticos, afrescos. As fotos do afresco minoico (página 5) e da ruína do palácio
econômicos ou ambientais ao
de Cnossos (página 4) ilustram o refinamento artístico cretense. Mes-
longo da História.
mo tendo sido destruída, vários traços da civilização minoica serão
observados na cultura grega, assimilados por meio dos aqueus, povo
que dominou os cretenses.

2 GUIA DO PROFESSOR
Esclareça que o enfraquecimento do governo e da sociedade cre- significa “o poder dos melhores”. Esclareça que, com o passar do tem-
tense teve como causa a ocorrência de terremotos, além de guerras po, o sentido dessa palavra sofreu mudanças e passou a ser indicativo
internas, que facilitaram o ataque de outros povos. de condição ou posição social.
Ressalte que o adjetivo “micênica” é derivado da cidade de Mice- Após abordar a formação dos genos e o conceito de eupátrida,
nas. Utilizando o mapa “A formação da Grécia antiga” (página 6), pode-se introduzir a discussão referente à organização das pólis. Um
localize com os alunos a península Balcânica (Ática e Peloponeso) e bom caminho é iniciar pela ideia de continuidade histórica, propi-
as cidades fortificadas: Pilo, Tirinto e Micenas. Esclareça que Micenas ciando aos alunos a percepção de que esses processos se relacionam.
era a referência de civilização do período. Ou seja, os genos se uniram ao mesmo tempo em que os eupátridas
Destaque que o intercâmbio comercial entre Micenas e os merca- fizeram acordos entre si e formaram uma aristocracia. A união de
dores de Creta facilitou a incorporação dos valores culturais cretenses vários genos com um governo centralizado nas mãos dessa aristo-
no cotidiano micênico. cracia passou a ser uma pólis (cidade-Estado), estrutura dominante
Para trabalhar a temática da Guerra de Troia, faça um levantamento em todo o mundo grego a partir do século VIII a.C.
do conhecimento prévio dos alunos. Localize a cidade no mapa e ex- Um dado que não deve ser negligenciado é a estrutura da pólis,
plore o boxe “A Guerra de Troia” (página 7). Divida a turma em grupos que englobava a acrópole, a ágora e a periferia. Conhecer essa estrutu-
e peça para que localizem nas obras Ilíada e Odisseia passagens que ra pode ser um facilitador para a compreensão de outros conteúdos
descrevam o cotidiano da população da Grécia antiga. Em seguida, dos próximos capítulos. Nesse sentido, a leitura coletiva do subtópico
sugira que leiam alguns desses trechos para a classe. Além de contar as “As primeiras pólis” pode contribuir para isso.
façanhas dos heróis gregos, essas obras tinham função educativa, por
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as
transmitir as tradições da época às gerações seguintes. É fácil encontrar
atividade 5 e 6 do “Para construir” (página 11).
edições da Ilíada e da Odisseia em livrarias, sebos e bibliotecas.
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as Tarefa para casa
atividade 1 a 4 do “Para construir” (página 8). Solicite à turma que faça em casa os exercícios 3 e 4 do “Para prati-
Tarefa para casa car” (páginas 11 e 12) e 3 do “Para aprimorar” (página 12).
Solicite à turma que faça em casa os exercícios 1 e 2 do “Para prati-
car” (página 11) e 1 e 2 do “Para aprimorar” (página 12).
2. A GRÉCIA CLÁSSICA
AULA 2 Páginas: 9 e 10
Objeto do conhecimento
Formas de organização social, movimentos sociais, pensamento
A invasão dória político e ação do Estado.
Objetivos
Objeto específico
Caracterizar o povo dório e sua relação com a crise da civilização Cidadania e democracia na Antiguidade; Estado e direitos do
micênica. cidadão; democracia direta, indireta e representativa.
Descrever o processo de surgimento das cidades-Estado gregas.
Enfatizar as transformações da sociedade grega, ocorridas a partir
do crescimento econômico e populacional da região. AULA 3 Páginas: 13 a 16

Estratégias Esparta
Leia com os alunos o tópico “A invasão dória” (página 9). Ressalte
Objetivos
as características guerreira e nômade desse povo. Explique que, com
os aqueus, eólios e jônios, eles formaram o povo grego. Inicialmente, Caracterizar a sociedade grega antiga.
organizavam-se em tribos pequenas e independentes, denominadas Descrever a sociedade espartana, enfatizando o caráter de sua edu-
genos, que eram formadas por famílias descendentes de um mesmo cação militar.
antepassado.
Para reforçar a característica guerreira dos dórios, mencione que o Estratégias
rei era escolhido entre os chefes tribais que se destacavam nas bata- Este capítulo, que abrange o período de VIII a.C. a V a.C. da história
lhas. Comente que o crescimento populacional deu, gradativamente, da Grécia antiga, gira em torno de suas principais pólis – Esparta e
HISTÓRIA

espaço ao sedentarismo e, com o enfraquecimento dos reis-guerrei- Atenas.


ros, o poder se transferiu para os conselheiros administrativos. Ao tratar dessas cidades, deve ficar claro para os alunos como era
No mapa “A formação da Grécia antiga” (página 6), localize com constituída a Grécia antiga (não havia um Estado centralizado) e o
os alunos a região sul da Ásia Menor e da península Balcânica, que papel que a pólis nela desempenhava (unidade política básica). Nessa
era ocupada pelos dórios. abordagem, a leitura do boxe “As mulheres e a pólis” (página 14) e
Converse com os alunos sobre o fim da monarquia na Grécia e o a análise do “Olho vivo” (página 16) podem ser o ponto de partida
início de um novo tipo de governo, denominado aristocracia, que para o estudo do capítulo. Deve-se considerar que, embora Esparta

Antiguidade II: Grécia e Roma 3


e Atenas tivessem características bem distintas, dois aspectos eram Estratégias
comuns não só a elas, mas também a todas as pólis: o caráter exclu- Leia o tópico “A democracia em Atenas” (página 17) com os alu-
sivista do direito à cidadania, reservado apenas aos homens livres; e nos. Destaque alguns pontos relevantes sobre o tema:
o hoplita, principal força militar da cidade-Estado. A monarquia foi centralizadora em Atenas: o rei acumulava as fun-
Assim, inicie a aula lendo com os alunos o tópico “A pólis grega” ções de sacerdote, juiz e chefe militar.
(página 14). Explique que pólis e cidade-Estado têm o mesmo signi- Polemarca era o chefe dos exércitos, subtraindo do soberano a
ficado (retome o conceito de cidade-Estado). função militar.
Saliente que na Grécia clássica o poder político era exercido pelo O arconte era a principal autoridade civil: todos eles eram escolhi-
cidadão nas Assembleias. Explique que apenas os homens livres eram dos entre os eupátridas, que pertenciam à aristocracia ateniense.
considerados cidadãos. Escravos, estrangeiros e mulheres eram impe- Areópago era o tribunal de justiça que surgiu após a abolição da rea-
didos de participar das assembleias. leza. Era formado por polemarcas e arcontes, os quais, assessorados
Problematize a associação das palavras “democracia” e “liberda- por um conselho de anciãos, passaram a exercer o poder político,
de” e demonstre a contradição ocorrida no mundo grego. Discuta militar e religioso.
com os alunos que o conceito de democracia, surgido na Grécia, Eclésia era a assembleia ateniense composta de integrantes do
é a base do sistema político de muitos países. exército. Elegia governantes, aprovava leis e decidia questões de
Ao abordar Esparta, leia o tópico “A sociedade espartana” (página 15). paz e guerra.
Destaque que a criação do exército permanente de Esparta representava, Ressalte que a desigualdade social em Atenas era enorme e que as
entre outros aspectos, a austeridade e o espírito cívico e militar daque- mudanças políticas não favoreceram a vida social das classes oprimi-
la cidade. Descreva na lousa, sucintamente, a formação da sociedade das. Camponeses e artesãos viviam na miséria e, impossibilitados de
espartana. Explique que a mobilidade social era muito rara. arcar com suas dívidas, frequentemente tornavam-se escravos. Com
Fale sobre o conceito de Gerúsia: assembleia formada por 28 ho- o passar do tempo, surgiram conflitos sociais que obrigaram os legis-
mens com mais de 60 anos, os gerontes, eleitos pelos cidadãos es- ladores a promover novas reformas.
partanos – os espartíatas. Destaque que a reforma mais importante foi realizada pelo arconte
Ressalte que os éforos eram chefes de governo eleitos para inte- Sólon. Relacione, na lousa, as medidas dessa reforma. Apresente o ca-
grar o eforato por um ano. Eles também cuidavam da educação ráter político dessas medidas, que visavam, entre outras coisas, ame-
dos cidadãos, cujo objetivo era fazer de cada indivíduo um soldado. nizar o conflito entre as classes. Com essa reforma, foram lançadas as
Destaque que, com seu exército poderoso, Esparta liderou a Liga do bases da democracia ateniense, o que enfraqueceu a aristocracia da
Peloponeso, uma confederação de cidades-Estado. época. Comente que, apesar das reformas, as tensões persistiram e
O texto do boxe “Vida dedicada ao exército” (página 15) oferece isso favoreceu a ascensão dos tiranos.
elementos para a percepção do caráter guerreiro e militarista dessa Explique que a tirania é o controle do governo pela força. Na Grécia
sociedade. Comente que a educação em Esparta tinha como objetivo antiga, os tiranos costumavam fazer concessões às camadas inferiores
formar cidadãos bons e soldados leais, para atender, exclusivamente, e, desse modo, obtinham apoio para se manter no poder.
aos interesses do Estado, que coordenava a formação dos jovens, Fale sobre o primeiro tirano, Pisístrato, e sua habilidade política.
selecionando os melhores e mais fortes. Ao incentivar o comércio exterior, ele agradou aos comerciantes; ao
Sobre o “Olho vivo”, explique aos alunos que o hoplita é uma confiscar terras dos nobres, agradou aos populares.
inovação militar que surge ao mesmo tempo que as pólis. Antes Ressalte que a aristocracia ateniense chegou ao fim no governo de
disso, a defesa era estruturada na cavalaria, sendo cara e restrita Clístenes. Ele dividiu a Ática em demos (unidades políticas), onde
a um grupo privilegiado. Com o hoplita, o serviço militar torna- se reuniam representantes de clãs diferentes, o que contribuiu para
-se mais acessível, e o cidadão de recursos médios pode então despertar o sentimento de cidadania.
fazer parte do exército. Assim, a defesa do território deixa de ser Explique que as reformas de Clístenes abrem espaço para o nas-
exclusividade da aristocracia. A tática da infantaria grega só era cimento da democracia – governo do “povo” (demos) ou governo
possível em um grupo coeso, o que reforçou os laços de solidarie- da maioria. Discuta os limites da democracia ateniense com base na
dade entre os cidadãos da pólis, contribuindo para o sentimento definição de cidadão que, naquele contexto, excluía a maioria da
de comunidade. população.
Fale sobre os três direitos essenciais garantidos aos cidadãos pela
AULA 4 Página: 17 democracia: liberdade individual, igualdade perante a lei e direito de
expressar suas opiniões nas assembleias.
Atenas Para aprofundar o conhecimento dos alunos sobre o regime de-
mocrático no Brasil, comparando-o com a democracia das cidades
Objetivos gregas, promova uma plenária em que os grupos deverão utilizar
Caracterizar a sociedade ateniense e enfatizar sua importância his- formas variadas para apresentar o conteúdo de suas análises sobre
tórica. o tema.
Reconhecer a atualidade implícita no conceito de democracia, sur- Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as
gido em Atenas. atividade 1 a 4 do “Para construir” (página 18).

4 GUIA DO PROFESSOR
Tarefa para casa
Objeto específico
Solicite à turma que faça em casa os exercícios 1 a 3 do “Para prati- Cidadania e democracia na Antiguidade.
car” (página 22) e 1 e 2 do “Para aprimorar” (página 23).
AULA 6 Páginas: 24 e 25
AULA 5 Páginas: 19 e 20
Os macedônios e a mitologia grega
As Guerras Greco-Pérsicas
e a Guerra do Peloponeso Objetivos
Debater com os alunos a importância da mitologia para o estudo
Objetivo da Grécia antiga.
Relacionar a Liga de Delos à Liga do Peloponeso. Descrever a difusão do conhecimento na Antiguidade.
Identificar o surgimento da cultura helenística.
Estratégias
Leia o tópico “As Guerras Greco-Pérsicas” (página 19) com os alu- Estratégias
nos. Destaque o interesse de Dario I em expandir o território de seu Na Grécia antiga, as pólis desenvolviam-se de forma autônoma.
império e a decisão de invadir a Grécia. Explique que ele enfrentou Toda a produção artística e de conhecimentos dos gregos ficava res-
forte resistência em Atenas e foi derrotado na Batalha de Maratona. trita ao universo das cidades-Estado. Com a dominação macedônia
Ressalte que Xerxes, filho de Dario, reuniu um exército cinco vezes esse cenário se modifica. Esse é o tema central deste capítulo, ou seja,
maior que o do pai e enfrentou Atenas novamente. Mesmo assim, a difusão da cultura grega por meio da expansão dos macedônios,
assim como a assimilação de elementos orientais pela cultura grega,
os atenienses, que desta vez tiveram ao seu lado os espartanos, ven-
produzindo a cultura helenística.
ceram os persas. Inicie a aula lendo com os alunos o tópico “A expansão macedônia”
Destaque o apogeu político e cultural de Atenas no período poste- (página 25) e o boxe “A religião grega” (página 25). Localize, com
rior às Guerras Greco-Pérsicas. Explique que a Liga de Delos, que reu- auxílio de um mapa, a região norte da Grécia, onde viviam os ma-
niu várias cidades-Estado gregas, gerou muitos recursos para Atenas, cedônios.
que se transformou em um império militar e econômico. Destaque o uso da mitologia como forma de poder, uma vez que
Explore o boxe “O século de Péricles” (página 19) com os alunos os governantes da época se diziam herdeiros dos deuses.
para analisar o período de apogeu do mundo grego. Explique o papel da religião para o povo grego. Ressalte que eles
Leia o tópico “A Guerra do Peloponeso” (página 20) com a classe. eram politeístas.
Ressalte que entre as cidades que se revoltaram com o crescente po- Comente que os gregos criaram vários mitos para transmitir
mensagens às pessoas com o objetivo de preservar a memória de
der ateniense estava Esparta. Sob a liderança dos espartanos, nasceu
seu povo. Informe aos alunos que as características dos deuses
a Liga do Peloponeso, que levou à Guerra do Peloponeso. e semideuses, no campo das representações, refletem aspectos
Enfatize o longo e desgastante conflito do qual resultou a derrota humanos.
de Atenas, submetida à hegemonia espartana. Explique que as novas Proponha à classe uma atividade intitulada “A criação de um mito”.
revoltas entre as cidades gregas, agora contra Esparta, possibilitaram Nessa atividade, que pode ser desenvolvida em grupo ou individual-
a ascensão de uma nova pólis, Tebas. Com um poderoso exército mente (a seu critério), os alunos devem criar um mito justificando e
liderado pelo general Epaminondas, os tebanos dominaram o mundo qualificando suas características mais originais.
grego por quase uma década.
Leia com os alunos o tópico “A ascensão de Tebas” (página 20) e o AULA 7 Páginas: 26 a 28
“Enquanto isso...” “Os celtas” (página 20).
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as O império de Alexandre
atividade 5 a 7 do “Para construir” (página 21). Objetivos
Tarefa para casa Identificar aspectos da conquista da Grécia pela Macedônia.
Solicite à turma que faça em casa os exercícios 4 a 6 do “Para pra- Caracterizar o expansionismo macedônio.
ticar” (página 22) e 3 e 4 do “Para aprimorar” (página 23). Estratégias
HISTÓRIA

A leitura do mapa “Império greco-macedônio (século IV a.C.)” (pá-


gina 27) pode ser um bom ponto de partida para trabalhar a expan-
3. O HELENISMO
são macedônia, observando a trajetória das conquistas de Alexandre,
da Grécia à Índia. Com base nessa trajetória, é possível verificar a
Objeto do conhecimento difusão da cultura grega pelo Oriente.
Formas de organização social, movimentos sociais, pensamento
Leia com os alunos o tópico “A formação de um império” (pá-
político e ação do Estado.
gina 26). Fale sobre Filipe II, que deu início ao expansionismo

Antiguidade II: Grécia e Roma 5


macedônio. Aproveitando-se da desunião entre as cidades-Estado Tarefa para casa
e utilizando a diplomacia e a força das armas, ele conquistou in- Solicite à turma que faça em casa os exercícios 1 a 3 do “Para prati-
fluência e poder sobre a Grécia. Assassinado, foi substituído por car” (página 30) e 1 e 2 do “Para aprimorar” (página 30).
seu filho Alexandre.
Explique que Alexandre, grande comandante militar da Antiguida-
de, prosseguiu com o expansionismo macedônio. Depois de pacificar 4. OS PRIMEIROS SÉCULOS DE ROMA
o território grego, seu projeto era conquistar a Pérsia. Para tanto, re-
uniu um grande exército cuja principal arma de guerra era a sarissa,
conhecida por “falange macedônica”. Objeto do conhecimento
Com relação à helenização, destacar o fato de Alexandre ter sido Formas de organização social, movimentos sociais, pensamento
político e ação do Estado.
educado pelo filósofo grego Aristóteles, e nutrir respeito e admiração
pela cultura grega pode contribuir para que os alunos compreendam
esse processo. O boxe “Alexandria” (página 26) proporciona elemen- Objeto específico
tos para ampliar a discussão. Após sua leitura, enfatize que a cultura Cidadania e democracia na Antiguidade.
helenística é a fusão da cultura humanitária grega à cultura religiosa
do Oriente.
AULA 8 Páginas: 31 a 33
No mapa “Império greco-macedônio (século IV a. C.)”, localize com
os alunos as regiões conquistadas. Faça-os observar a magnitude do As origens de Roma e a monarquia romana
Império Alexandrino. Discuta com a classe o sentido da palavra “im-
perialismo”, considerando as diferenças entre as perspectivas dos Objetivos
opressores e a dos oprimidos. Caracterizar a formação de Roma do ponto de vista histórico e
Ressalte que a fundação da cidade egípcia de Alexandria, a mais mitológico.
importante de todo o Mediterrâneo antes da ascensão de Roma, Descrever a monarquia romana e avaliar o crescimento de Roma
revela um mecanismo comum da época, destinado à mitificação
nesse período.
dos governantes, tal como faziam os faraós com os seus grandes
templos. Estratégias
Explique que, depois de conquistar toda a Pérsia e de ser aclamado Neste capítulo serão estudados as origens da civilização romana e
rei dos reis, ainda jovem, Alexandre morreu sem deixar herdeiros. o início de seu processo de expansão.
Isso levou seus generais a iniciar uma sangrenta disputa pelo poder,
Diversos aspectos de nossa cultura têm origem na antiga civilização
o que provocou a desestabilização de todo o Império conquistado
romana, como nosso idioma português, originado do latim falado em
por Alexandre.
Roma, o conceito de República, o Direito, etc. Esse referencial pode
Apresente o contexto da divisão do Império entre três generais.
proporcionar um bom início ao estudo, verificando-se o que os alu-
Saliente que esses reinos sobreviveram por mais um século graças
nos conhecem que tem origem latina ou romana. Como os romanos
aos elos de língua, comércio e cultura, mas que, finalmente, as contra-
estenderam seus domínios da península Itálica para grande parte da
dições sociais e as diferenças étnicas emergiram rompendo os laços
Europa, norte da África e parte da Ásia? Por que tantos idiomas têm
de unidade.
origem no latim?
Comente que, paralelamente à era de Alexandre, no Mediterrâneo,
Após a leitura do tópico “A fundação de Roma” (página 32), peça
outra potência se erguia: Roma. Mais tarde, ela dominaria a Mace-
que os alunos localizem a Itália em um mapa-múndi.
dônia e conquistaria toda a Grécia, grande parte da Europa, da Ásia
Explique que a aldeia fundada no monte Palatino, por estar situada
Menor e do Norte da África.
em um entroncamento de rotas comerciais, passou a atrair pessoas de
Leia o “Enquanto isso...” “Os olmecas” (página 28) e relacione os
conceitos de apogeu e de decadência, comuns a muitas das civili- diversos lugares. Fale sobre os povos dessa região, como os mercadores
zações da Antiguidade. Entre elas estão incluídas as civilizações hi- sabinos, especializados no comércio do sal, e sobre os etruscos, dedica-
dráulicas (Mesopotâmia e Egito), além das que dominaram vastas dos aos produtos manufaturados. Caracterize as vilas independentes
áreas da Europa e da Ásia (China, Índia, Fenícia, Pérsia, Oriente Médio, da região do Lácio, cuja economia era baseada na agricultura e nas
Grécia e Roma). atividades pastoris. Esclareça que, nesse período, os etruscos invadiram
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as a região, impondo seus costumes. Isso possibilitou a unificação dos
atividades 1 a 5 do “Para construir” (páginas 28 e 29). vilarejos em torno de uma única cidade: Roma.
Do ponto de vista histórico, essa é a explicação mais aceita atual-
mente para a fundação de Roma. Para os antigos romanos, porém,
Para subsidiar o trabalho que possa desenvolver em classe
sobre o processo de helenização do Oriente promovido pelo havia uma explicação mitológica. A abertura do capítulo faz referên-
Império Macedônio, leia o Texto 1 da seção Textos Comple- cia a esse mito.
mentares deste Guia. Divida a classe em pequenos grupos para que discutam e escrevam
a respeito das origens de Roma e de seu processo de expansão.

6 GUIA DO PROFESSOR
Tarefa para casa
Leia com os alunos o subtópico “A sociedade romana” (página 33) Solicite à turma que faça em casa os exercícios 1 e 2 do “Para pra-
e o tópico “A monarquia e suas instituições” (página 33). ticar” (página 39).
Saliente que a chegada dos etruscos transformou o cotidiano ro-
mano da época, sobretudo no que diz respeito às primeiras expe-
AULA 9 Página: 35
riências de urbanização. Contextualize a ocupação dos etruscos na
região da atual Toscana (localize-a em um mapa político italiano ou
mapa-múndi).
As instituições republicanas
Comente a fusão das crenças etruscas com a religião romana. Expli- Objetivos
que que foram os etruscos que apresentaram aos romanos as práticas Caracterizar a República romana.
de adivinhação, que consistiam na leitura das entranhas de animais Debater o papel dessa nova estrutura política para a formação do
mortos e da chama de fogo. Império Romano.
Na lousa, organize a divisão hierárquica da sociedade romana:
patrícios, plebeus, clientes e escravos – capturados de guerra ou Estratégias
plebeus endividados. Ressalte que os clientes tinham uma relação de Na passagem da monarquia para a República, têm papel prepon-
dependência com os patrícios, o que se ampliou durante esse pe- derante os patrícios, que, com o apoio dos plebeus, insurgiram-se
ríodo, acirrando as diferenças sociais. contra a dominação etrusca.
Explique que, com a unificação, Roma passou a ser governada por É nessa nova fase que os romanos, contando com um poderoso
um rei que era chefe militar, religioso e juiz, assessorado pelo Sena- exército, iniciam sua expansão territorial.
do (conselho formado por cidadãos idosos) e pela Comitia Curiata Leia com os alunos o tópico “Tempos republicanos” (página 35).
(assembleia formada por representantes de todas as famílias livres Identifique as três grandes áreas em que se apoiava essa nova e
de Roma). complexa estrutura político-administrativa romana: Magistratura,
Como a monarquia romana não era hereditária, ficava a cargo do Senado e Assembleias.
Senado a responsabilidade da escolha do rei, que seria aclamado ou Explique que o magistrado concentrava o Poder Executivo, mas o
rejeitado pela Comitia Curiata. Explique aos alunos que durante o Senado era o órgão republicano máximo, já que controlava a admi-
período monárquico houve progressos em Roma, mas os patrícios nistração e as finanças. O Senado decidia sobre a guerra e a paz. Era
ficaram insatisfeitos com algumas medidas adotadas pelo rei etrusco comandado pelos patrícios, que ocupavam o cargo de maneira vitalí-
Tarquínio II. Com o apoio da plebe, expulsaram do Lácio o povo cia. Registre na lousa os cargos e as funções desses órgãos, listados no
etrusco. Exponha que a monarquia foi extinta e substituída por um esquema “A República romana” (página 35). Ressalte que os patrícios
controlavam quase a totalidade dos altos cargos republicanos.
sistema de governo denominado República – res publica (ou “coisa
Destaque a importância do exército na expansão territorial romana.
do povo”). Esclareça que, com a instalação da república, os patrícios
Fale sobre a iniciativa dos romanos de anexar seu território às terras
organizaram uma estrutura social e administrativa que lhes permitia
pertencentes aos etruscos e à Grécia e, a partir daí, lançarem-se em
exercer o domínio sobre Roma.
conquistas externas. Indique que essas conquistas decorreram da ne-
Proponha aos alunos que elaborem um texto de opinião sobre a
cessidade de conseguir mais terras produtivas para abastecimento, já
divisão social romana. Já vimos que a escravidão existe desde os pri-
que o período contou com grande crescimento populacional. Explique
mórdios da vida humana. O ser humano tem escravizado seus iguais
aos alunos que, com todas essas conquistas territoriais, a sociedade
para comercializá-los, para suprir a necessidade de mão de obra e
e a economia romanas acabaram se transformando, dando início ao
para demonstrar poder. As grandes civilizações, também a grega e a
surgimento de um dos maiores impérios da história da humanidade.
romana, como observamos ao longo dos nossos estudos, tiveram a
Os domínios conquistados nessa fase inicial da expansão romana
mão de obra escrava como principal meio de produção. Podemos
podem ser observados no mapa “A conquista da península Itálica
citar também o período de colonização do continente americano.
(séculos IV e III a.C.)” (página 37).
No Brasil, o sistema econômico fez do tráfico de escravos um meio de
atingir lucro de modo rápido e eficaz. Além da utilização compulsória
e irregular da mão de obra em fábricas, usinas, carvoarias, no campo, Se, por um lado, a estrutura política mais estável e um poderoso
etc., existem outras formas de escravidão? Você acha correto que um exército garantiram as conquistas, por outro, o exercício do poder
ser humano escravize o outro para obtenção de lucros ou vantagens? sobre os povos conquistados requereu uma política de alianças HISTÓRIA
Proponha à classe um debate sobre o tema e a elaboração de uma entre os romanos e os povos dominados. Sobre esse aspecto, leia
síntese sobre as conclusões dessa discussão. o Texto 2 da seção Textos Complementares deste Guia.
Leia o boxe “A lenda de Rômulo e Remo” (página 33) com os alu-
nos. Enfatize os fatos e ressalte a importância das mitologias grega e Tarefa para casa
romana na Antiguidade.
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as Elaboração de um texto opinativo sobre o poder do Senado no
atividades 1 a 3 do “Para construir” (página 34). período da monarquia romana.

Antiguidade II: Grécia e Roma 7


AULA 10 Páginas: 36 a 38 Leia com os alunos o “Enquanto isso...” “Os inventores do dinheiro”
(página 38). Comente que o reino da Lídia ficava onde hoje é a região da
As revoltas da plebe e as Guerras Púnicas Turquia (localize-a com auxílio de um mapa-múndi). Ressalte que a cria-
ção da moeda lídia só se generalizou após ser adotada pelos romanos.
Objetivos Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as
Descrever o processo de luta da plebe romana por direitos políticos. atividades 4 a 6 do “Para construir” (página 38).
Caracterizar o processo das conquistas romanas nas Guerras Púnicas.
Tarefa para casa
Estratégias Proponha aos alunos que definam as Guerras Púnicas e contex-
Faça uma análise coletiva do subtópico “As revoltas da plebe” (pá- tualizem sua importância para a expansão romana. Para isso, solicite
gina 36). Explique que o período republicano romano foi marcado uma pesquisa.
por intensos conflitos sociais entre patrícios e plebeus. Estes últimos Solicite à turma que faça em casa os exercícios 3 do “Para praticar”
eram indispensáveis à formação do exército romano, pois constituíam (página 39) e 1 a 3 do “Para aprimorar” (página 39).
a maior parte da população. Insatisfeitos com as desigualdades so-
ciais, os plebeus iniciaram uma luta política exigindo direitos, como
participação nas decisões políticas, representação na magistratura e o 5. A REPÚBLICA EM CRISE
direito de casar-se com patrícios. Como resultado, surgiu o Tribunato
da Plebe que, mesmo impedido de criar leis, tinha o direito de vetá- Objeto do conhecimento
-las, caso fossem contrárias aos seus interesses. Formas de organização social, movimentos sociais, pensamento
Mencione que uma grande conquista para os plebeus foi o fim da es- político e ação do Estado.
cravidão por dívidas e a elaboração de um código de leis, a Lei das Doze
Tábuas. Embora não atendessem a todas as necessidades da plebe, elas Objeto específico
foram as primeiras leis comuns a todo o povo romano. Cidadania e democracia na Antiguidade.
Leia o boxe “A Lei das Doze Tábuas” (página 36) com os alunos e
destaque que, até o fim da República, os direitos dos plebeus foram
AULA 11 Páginas: 40 a 42
cada vez mais ampliados por alguns representantes do Senado, da
magistratura e de colégios sacerdotais. Além disso, o plebiscito (de- Período de reivindicações sociais
cisão da plebe) ganhou status de lei. e a reforma agrária
Enfatize que nesse período existia uma nobreza plebeia e os privilégios
conquistados ficavam concentrados em suas mãos, aumentando ainda Objetivos
mais as diferenças sociais entre os romanos. Comente que, no plano cul- Identificar as transformações ocorridas após as conquistas romanas.
tural, as conquistas territoriais romanas provocaram fusões com a cultura Reconhecer as propostas dos irmãos Graco.
de outros povos, tendo o povo grego como sua maior influência.
Comente que o latim falado pelos romanos foi aos poucos incor- Estratégias
porando termos da língua grega e de outras regiões conquistadas. Na O capítulo aborda a transição da República para o Império na
educação romana era comum deixar a instrução a cargo dos cidadãos Roma antiga. Nesse processo, destacam-se as mudanças decorren-
ou escravos gregos, o que contribuiu para que a cultura helênica fosse tes das conquistas romanas: o surgimento de novos grupos sociais
resguardada e assimilada. (nobreza e cavaleiros); a acentuação da desigualdade social com o
Proponha aos alunos a leitura do tópico “As Guerras Púnicas” aumento da pobreza e do número de escravos; e o crescimento do
(página 37). No mapa “A conquista da península Itálica” (página 37), poder do exército em detrimento do poder do Senado.
mostre aos alunos a ilha de Córsega, local dominado pela cidade- Leia com os alunos o tópico “Um período conturbado” (página 41)
-Estado Cartago, que controlava o comércio no Mediterrâneo oci- e o subtópico “Acentua-se a desigualdade social” (página 41). Contex-
dental. Destaque a origem fenícia dessa cidade. tualize a nova realidade social romana mostrando, de um lado, a rei-
Ressalte que as Guerras Púnicas foram desencadeadas pelo poderio vindicação do povo e das lideranças populares por reformas sociais,
econômico e marítimo de Cartago que incomodava a expansão ro- e, de outro, a nobreza opressora formada por comerciantes abastados
mana no Mediterrâneo. Explique que, apesar da resistência da antiga e grandes proprietários rurais.
colônia fenícia, após três longas guerras, que duraram cerca de cem Demonstre, nesse contexto, o enfraquecimento do poder dos
anos, os romanos conseguiram acabar com a hegemonia cartaginesa. patrícios em virtude das lutas populares no quadro das profundas
Destaque que, após eliminar Cartago, transformando-a em sua desigualdades e dos inúmeros problemas sociais do Império.
província, os romanos abriram caminho para a dominação de toda Destaque a distribuição de esmolas e a organização de festas e espe-
a costa mediterrânea. Por isso, chamavam o mar de mare nostrum táculos por parte da nobreza para conquistar o voto dos mais pobres.
(nosso mar). Explique a política romana do “pão e circo”, comparando-a com os
O boxe “As legiões romanas” (página 37) contém informações in- costumes da atualidade. Explore a manipulação social por resultados
teressantes sobre a constituição do exército romano. políticos em diversas civilizações ao longo da história da humanidade,

8 GUIA DO PROFESSOR
ressaltando que essa prática nunca esteve restrita aos romanos. Escla- republicana. Mencione que, com o agravamento da crise, instituições
reça que, com essa política oportunista, a nobreza conseguiu acumu- tradicionais passaram a ser questionadas e um clima de insatisfação
lar poder e controlar o Senado e os principais cargos da magistratura. deu início à desordem e agitação nas cidades.
Comente que o novo grupo dos cavaleiros foi composto de nobres Destaque que, com as vitórias obtidas, o prestígio dos militares
e indivíduos ricos, e que as guerras contribuíram para a desintegração cresceu, e que, para ampliar seu poder, eles promoviam reformas e
das camadas médias rurais e base militar por séculos. medidas sociais. O general Caio Mário, elegendo-se cônsul por seis
Destaque que o afluxo constante de pobres, escravos e imigrantes vezes consecutivas, instituiu o pagamento do salário para os soldados
de guerra ampliou os problemas sociais na época. Explique que o e reformou o exército romano.
descontentamento das camadas populares se acentuava progressi- O general Cornélio Sila, representante da aristocracia, assumiu o
vamente, ameaçando a ordem da República romana por meio de governo e os senadores o nomearam ditador perpétuo. Com ele teve
reivindicações populares em relação aos problemas de infraestrutura início uma onda de terror e perseguições, que restringiu a autoridade
e às condições de desigualdade e opressão. dos tribunos e das assembleias plebeias. Após Sila renunciar ao car-
go, outros militares animaram-se a ocupar o poder em Roma, como
Leia o subtópico “A luta pela reforma agrária” (página 42) com os
os generais Pompeu, Júlio César e Crasso, que formaram o Primeiro
alunos, investigando o que eles sabem sobre o assunto.
Triunvirato (governo de três pessoas). Após a morte de Crasso, Pom-
Destaque que os irmãos Graco tentaram apresentar leis para me-
peu deu um golpe de Estado e conseguiu que o Senado o nomeasse
lhorar as condições de vida da população sem recursos. Tibério pro- cônsul único. Júlio César estava na Gália (localize no mapa-múndi
pôs a reforma agrária, mas foi assassinado pelos senadores, que eram essa região, que hoje é ocupada pela França). Voltou a Roma e iniciou
donos de muitas terras. Caio, prosseguindo a luta de seu irmão e a nova guerra civil contra Pompeu, derrotando-o. Pompeu fugiu para
baseando-se no modelo ateniense de democracia, propunha o au- o Egito, mas foi assassinado a mando do faraó Ptolomeu XIII. Logo
mento do poder da plebe na administração do Estado e defendia a depois, o faraó morreu e deixou o trono para sua irmã Cleópatra, que
divisão de terras entre os mais pobres. se tornaria mulher de César, nomeado ditador vitalício de Roma.
Ressalte que, ao sentir-se ameaçada, a aristocracia romana inves-
tiu toda sua força contra Caio Graco que, preso num cerco, sem ter AULA 13 Página: 44
como escapar, pediu a um escravo que o matasse. Depois disso, seus
seguidores foram mortos pelas forças romanas. César e a cidadania romana
Destaque que a morte de Caio agravou as diferenças entre as fac-
ções populares e aristocráticas, iniciando uma longa guerra civil que Objetivos
culminaria com o declínio da República. Explique que nesse período Descrever o governo de César.
houve uma polarização política refletida na luta de classes entre os Caracterizar a cidadania romana.
aristocratas, que queriam manter a ordem existente, e as classes po-
Estratégias
pulares, que ansiavam por reformas.
Se houver tempo, divida a classe em três grupos. Um representará Ao tratar da personificação do poder, que tem início com César,
os irmãos Graco; outro, os patrícios; e o terceiro, um grupo de juí- vale destacar as mudanças na política de cidadania, concedida aos
zes. Defensores das reformas e opositores deverão apresentar seus plebeus e a parte dos povos dominados. Essa questão pode ser abor-
argumentos e, no final do debate, os juízes devem decidir sobre a dada com base no boxe “A cidadania romana” (página 44), que per-
implantação das reformas e justificar o motivo da decisão. mite uma análise sobre cidadania na Roma Antiga, considerando os
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as povos conquistados. Ressalte a personificação do poder comentando
atividades 1 a 3 do “Para construir” (página 43). que César não se comprometeu com ninguém e assumiu várias fun-
ções, numa tentativa de reduzir o poder do Senado. Mencione que,
Tarefa para casa além de suas manobras políticas, César implementou outras reformas
Solicite à turma que faça em casa os exercícios 1 e 2 do “Para pra- sociais, ampliando a sua base popular: a desapropriação de latifúndios
ticar” (página 45). e a distribuição de terras; o controle rígido dos cobradores de impos-
tos; a reforma do calendário; a fundação de colônias e a concessão da
cidadania aos aliados de Roma.
AULA 12 Página: 44
Comente que essas atitudes e o exercício do poder ilimitado trou-
Os generais entram em cena xeram a César poderosos inimigos. Por isso, acabou sendo assassina-
do a punhaladas em uma sessão do Senado.
HISTÓRIA
Objetivo Explique que, mesmo com a morte de César, o Senado conseguiu
Reconhecer os interesses do expansionismo militar de Roma. restituir seu poder. Mencione que, com o Segundo Triunvirato,
surgiram novas disputas que transformaram o território romano em
Estratégias palco de guerras. Apresente aos alunos o quadro de disputas que
Inicie a aula lendo com os alunos o tópico “Militares no poder” culminou com a vitória de Otávio.
(página 44). Discuta com eles a utilização de campanhas militares no Após a leitura com a turma do boxe “A cidadania romana”, divida
exterior como instrumento para desviar a atenção da profunda crise a sala em pequenos grupos e proponha a elaboração de um texto

Antiguidade II: Grécia e Roma 9


sobre o assunto. Promova a socialização de ideias e um pequeno Leia com os alunos o boxe “Os romanos se divertem” (página 48),
debate entre os grupos. a fim de enriquecer a discussão a respeito da política do “pão e circo”.
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as Enfatize a grande prosperidade econômica de Roma, em razão de
atividades 4 e 5 do “Para construir” (página 45). suas conquistas imperialistas e da profissionalização de seu exército.
Comente que durante o governo de Otávio, nasceu, na Palestina,
Tarefa para casa Jesus de Nazaré, fundador do cristianismo.
Solicite à turma que faça em casa os exercícios 3 e 4 do “Para prati- Leia com os alunos o subtópico “Conspirações e assassinatos” (pá-
car” (página 45) e 1 a 3 do “Para aprimorar” (página 46). gina 48). Explique que, com a morte de Otávio, Tibério, seu genro,
assumiu o trono. Após o governo de Otávio, o Império Romano pas-
sou por instabilidades políticas e foi governado por reis e dinastias
6. O IMPÉRIO ROMANO
frequentemente envolvidos em episódios de perseguições, assassinatos
e conspirações.
Objeto do conhecimento
Formas de organização social, movimentos sociais, pensamento Tarefa para casa
político e ação do Estado.
Divida a sala em duplas e proponha aos alunos a elaboração de
Objeto específico uma carta crítica sobre a política do “pão e circo” promovida por um
Cidadania e democracia na Antiguidade. jornal de grande circulação ou uma emissora de TV (ambos fictícios).
Os alunos devem apresentar argumentos contrários a essa política
AULA 14 Páginas: 47 e 48 ou a favor dela. Os textos devem ser apresentados na aula seguinte
e discutidos com a classe.
Primeiros tempos do Império
e as primeiras dinastias AULA 15 Páginas: 49 e 51

Objetivo A difusão do cristianismo,


Caracterizar as relações de poder no Império Romano. prosperidade e crise do Império
Estratégias Objetivos
Este capítulo estuda o Império Romano, propondo dois grandes re- Diferenciar as estruturas imperiais e republicanas.
cortes temporais: do século I a.C. ao final do século II d.C. (período de Identificar o papel da religião na vida dos romanos.
desenvolvimento, expansão e urbanização); e do início do século III
Descrever o processo de difusão do cristianismo.
ao final do século V (período de retração, desagregação e ruralização).
Alguns recursos podem ser utilizados para orientar o estudo do ca- Estratégias
pítulo, começando por algumas perguntas: Em que ano da era cristã
estamos? Os alunos sabem o que significa a expressão “era cristã” e por Inicie a aula lendo com os alunos o boxe “A difusão do cristianismo”
que ela é empregada por muitos historiadores? Qual foi a amplitude (página 51). Explique que para os romanos os deuses eram protetores
do Império Romano comparada à do território do início da expansão? da família e da cidade. Além dos templos, as casas, com altares com-
Como um Império de tamanha dimensão pode se desagregar? postos de imagens dos protetores da família, eram também locais
Os recursos cartográficos também podem ser explorados para que consagrados aos cultos. Relacione a mitologia grega com a romana,
os alunos tenham noção da dimensão que o Império Romano ad- ressaltando que muitos deuses são correlatos entre si.
quiriu e do processo histórico envolvido em sua construção. Pode-se Mencione que logo após o fim do período republicano outras
propor, por exemplo, a comparação entre o mapa “O Império Roma- doutrinas já eram pregadas, entre as quais estava o cristianismo, reli-
no (114 d.C.)” (página 49) e o mapa “A conquista da península Itálica gião monoteísta originária do judaísmo. Explique que o nascimento
(séculos IV e III a.C.)”, do capítulo 4 (página 37). do cristianismo mistura-se com a história de Roma e do povo ju-
Leia com os alunos o tópico “Primeiros tempos do Império” (pági- deu. Originalmente considerado uma seita em que os seguidores
na 48). Comente que Otávio Augusto tornou-se rei, mas manteve o não reconheciam a divindade do imperador, houve perseguições e
Senado e o Consulado, fortes símbolos republicanos. Explique que ele mortes de muitos cristãos por romanos de forma pública e oficial.
detinha poder absoluto e, além de executar as leis, exercia o comando Relembre aos alunos que o primeiro e maior perseguidor dos cris-
do exército e legislava por meio de éditos, decretos e mandatos. tãos foi Nero, da primeira Dinastia, após Otávio. Faça uma exposição
Destaque as principais medidas de Otávio: de ideias sobre as guerras civis que se sucederam à morte de Nero
afastou do Senado os acusados de corrupção; por disputas políticas.
perdoou dívidas dos camponeses com o governo; Apesar de os anos de perseguição, após a morte de Jesus, o cris-
criou um tribunal de pequenas causas para agilizar a Justiça; tianismo firmou-se e conseguiu conquistar um número crescente
distribuiu alimentos e dinheiro ao povo em momentos de crise; de adeptos, além de difundir-se por diversas regiões. Com as crises
incentivou espetáculos públicos (adoção da política do “pão e circo”). sociais e econômicas de Roma, muitas pessoas das classes sociais

10 GUIA DO PROFESSOR
mais abastadas converteram-se ao cristianismo. É nesse contexto que danças climáticas, que, com o resfriamento, teriam reduzido as áreas
o Édito de Milão (publicado em 313) assumiu grande proporção. Por de cultivo e a criação dos povos germânicos ao norte. Porém, mais
meio dele, o imperador Constantino liberou o culto cristão e passou importante do que isso, foi a pressão exercida pelos hunos sobre
a ser considerado um protetor da Igreja. os povos germânicos que viviam mais a leste. Estes, para fugir dessa
Leia o subtópico “A Pax Romana” (página 49) com os alunos, enfati- situação, se deslocaram para o oeste, coagindo por sua vez outros
zando o surgimento de novas cidades e a expansão do estilo romano, povos que, em seu deslocamento, acabaram por franquear as fron-
que passou a ser adotado em diversas e distantes províncias. Esse é o teiras do Império Romano do Ocidente. (Ver: LE GOFF, Jacques.
processo de romanização de outras regiões. Civilização do Ocidente medieval. Bauru: Edusc, 2005. p. 22).
Leia também com a classe o subtópico “As primeiras invasões” (pá- Ressalte que outra divisão foi feita: a Tetrarquia, que dividiu o Im-
gina 49) e comente as primeiras invasões do Império Romano pelos pério Romano em quatro grandes províncias. Comente que, após
povos do interior da Europa e depois da Ásia – os bárbaros, assim essa fragmentação, o Senado, sediado em Roma, cidade que perdeu
chamados por não falarem o latim e terem costumes diferentes dos o status de capital absoluta, enfraqueceu-se ainda mais.
de Roma. Na lousa, faça um pequeno resumo dos contextos das Com os alunos, localize as novas capitais com auxílio de um
dinastias que se seguiram após Otávio: mapa-múndi.
Dinastia Júlio-Claudiana: período marcado por conflitos sangren- Comente que a perseguição aos cristãos se encerrou no reinado de
tos. Nero foi responsável pela implacável perseguição aos cristãos. Diocleciano. Após sua abdicação, o Império Romano tornou-se palco
Dinastia dos Flávios: os imperadores dessa dinastia contaram de lutas internas pelo poder.
com o apoio do exército, submeteram o Senado e governaram des- Contextualize o governo de Constantino, que restaurou o poder
poticamente. central, concedeu liberdade de culto aos cristãos e pôs fim às per-
Dinastia dos Antoninos: período em que o Império atingiu sua seguições religiosas. Constantino fundou Constantinopla, antiga Bi-
maior extensão territorial, acompanhada de prosperidade econômi- zâncio, na Turquia (atual cidade de Istambul). Localize a região com
ca. O comércio se desenvolveu e houve grande afluxo de capitais o auxílio de um mapa-múndi.
para Roma. Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as
Dinastia dos Severos: marcada por crises internas, falta de dinhei- atividades 5 e 6 do “Para construir” (página 52).
ro e pressão dos povos bárbaros nas fronteiras. O processo de insta-
bilidade levou ao declínio do Império. Tarefa para casa
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as Solicite à turma que faça em casa os exercícios 3 do “Para praticar”
atividades 1 a 4 do “Para construir” (página 50). (página 52) e 2 do “Para aprimorar” (página 53).

Tarefa para casa


Sugira a elaboração de uma dissertação que responda à seguinte TEXTOS COMPLEMENTARES
questão: Em que medida o cristianismo de hoje é diferente do pri-
mitivo? Texto 1
Solicite à turma que faça em casa os exercícios 1 e 2 do “Para pra- O reinado meteórico de Alexandre foi anunciado desde o início
ticar” (página 52) e 1 do “Para aprimorar” (páginas 52 e 53). do século XIX como sendo a era helenística (convencionalmente
de 323 a.C. a 330 a.C). A helenização do Oriente Médio (isto é,
a adoção por parte de povos não gregos, de formas culturais
AULA 16 Página: 51 gregas, como o teatro e os ginásios) não foi, provavelmente, o
principal objetivo de Alexandre. As cidades gregas que ele fun-
A divisão do Império dou em locais estratégicos eram um meio de facilitar o controle
e as invasões germânicas político do império e uma forma de acomodar grande número de
Objetivo combatentes veteranos cujo tempo expirava, especialmente mer-
cenários. No entanto, essa helenização constitui o seu legado
Caracterizar a fragmentação do poder e, consequentemente, o fim duradouro. As línguas nativas, como o egípcio, o siríaco, não
do Império Romano. desapareceram, mas o grego se transformou na língua franca da
cultura e da administração política em todo o mundo helenístico,
Estratégias
cuja maior parte se dividiu depois da morte de Alexandre em três
Leia com os alunos o tópico “Império dividido” (página 51). Ex- e depois em quatro monarquias territoriais e dinásticas: a antigô-
HISTÓRIA
plique que a divisão do Império (em Oriental e Ocidental) visava a nida na Macedônia, a ptolomaica no Egito, a selêucida na Ásia e
uma administração mais eficaz. Entretanto, essa divisão não conse- finalmente a atálida em Pérgamo.
guiu deter as invasões. Indiretamente, o outro importante legado de Alexandre foi a
São comuns as dúvidas a respeito dos motivos que levaram às in- sobrevivência da literatura grega – ou melhor, de um selecionado
vasões germânicas. Segundo o historiador Jacques Le Goff, não há cânone literário – pertencente ao século IV e anteriores. Isso foi
uma causa única, podendo ser citados o crescimento demográfico conseguido principalmente, através do estabelecimento, por Pto-
dos invasores, a atração por territórios mais ricos, ou até mesmo mu- lomeu I, do museu e da biblioteca de Alexandria – a mais famosa

Antiguidade II: Grécia e Roma 11


fundação epônima de Alexandre. Os estudiosos que ali trabalha- se aliavam aos romanos e seus governantes tornavam-se seus
ram [...] se incubiram de estabelecer os textos mais autênticos amigos, enquanto outros lutavam e, ao perderem, eram subme-
possíveis de todos os mais brilhantes e melhores poetas gregos e tidos ao jugo romano.
de outros littérateurs, de Homero e Hesíodo em diante. Na prática, a aliança com Roma significava o fornecimento de
CARTLEDGE, Paul (Org.). História ilustrada da Grécia antiga. Rio de Janeiro: forças militares, chamadas auxiliares, a aceitação da hegemonia
Ediouro, 2002. p. 116-117. política romana, mas também permitia um grau, bastante variá-
Texto 2 vel, de integração com o Estado romano. Os subjugados eram
O exército romano era muito poderoso. Porém, apenas seu massacrados ou escravizados e suas terras eram tomadas e divi-
poder não explicaria a expansão romana. Mais do que isso, foi a didas entre os romanos e seus aliados.
concessão da cidadania e a cooptação das elites de outros povos O método de tratar de maneiras diferentes os povos vencidos era
que contribuíram para que Roma dominasse vastas regiões na eficaz e favorecia o domínio romano, pois dificultava as uniões
Antiguidade. Sobre isso, leia a seguir o texto do professor e pes- entre os derrotados e suas revoltas contra Roma. Alguns povos
quisador da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), aliados recebiam todos os direitos dos cidadãos romanos incluindo
Pedro Paulo Funari. o de voto [...]. Outros povos recebiam somente alguns direitos que
não o de votar. Com outros ainda, mais numerosos, Roma selava
Roma, surgida de uma união de povos, sabia conviver com as
sua aliança permitindo-lhes manter seus próprios magistrados e
diferenças e adotava, por vezes, uma engenhosa tática para evitar
leis tradicionais, mas submetendo-os à tutela romana e exigindo
a oposição e cooptar possíveis inimigos: incluir membros das
que fornecessem a Roma todas as tropas que esta requisitasse.
elites de povos aliados na órbita romana, com a concessão de
FUNARI, Pedro Paulo. Grécia e Roma. 4. ed.
direitos totais ou parciais de cidadania. Assim, havia povos que São Paulo: Contexto, 2006. p. 86.

SUGESTÕES DE LEITURA
BULFINCH, Thomas. O livro de ouro da mitologia. Rio de Janeiro: Ediouro, 2012.
CARTLEDGE, Paul (Org.). História ilustrada da Grécia antiga. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002.
CORASSIN, Maria Luíza. A reforma agrária na Roma antiga. São Paulo: Brasiliense, 1988.
FINLEY, Moses I. Democracia antiga e moderna. Rio de Janeiro: Graal, 1988
PLUTARCO. Alexandre e César: as vidas comparadas dos maiores guerreiros da Antiguidade. São Paulo: Ediouro, 2002.

SUGESTÕES DE SITE

Civilização grega – Animação (em inglês) sobre a evolução da civilização grega. Disponível em: <www.the-map-as-history.com/demos/
tome09/1-ancient_greece_demo.php>. Acesso em: 3 set. 2014.
Museu da Acrópole – Passeio virtual pelo Museu da Acrópole, de Atenas (site em grego e inglês). Disponível em:
<www.theacropolismuseum.gr>. Acesso em: 3 set. 2014.
Antiga Roma – Site que reconstitui digitalmente a cidade de Roma em 320 d.C. (site em inglês). Veja no menu Gallery diferentes imagens
da cidade. Disponível em: <www.romereborn.virginia.edu/>. Acesso em: 3 set. 2014.
Roma – Animação em inglês sobre origens, auge e desagregação do Império Romano do Ocidente. Disponível em:
<www.the-map-as-history.com/demos/tome12/12_03_founding_of_rome_downfall_empire.php>. Acesso em: 3 set. 2014.

12 GUIA DO PROFESSOR
RESPOSTAS

2. A militarização extrema da sociedade espartana encontra suas


CAPÍTULO 1 – A GRÉCIA ANTIGA: FORMAÇÃO raízes no povo que lhe deu origem, os dórios, conhecidos pela
capacidade guerreira e dominadora. Assim, buscou-se transfor-
PARA PRATICAR – páginas 11 e 12
mar igualmente Esparta numa sociedade voltada para a guerra,
1. Com seu comércio pelo Mediterrâneo, os cretenses entraram em com um exército poderoso e pronto para lutar. Mas isso só seria
contato com diversos povos e culturas, incorporando vários hábi- possível por meio da subordinação total dos indivíduos ao Es-
tos e técnicas. Com os mesopotâmicos, aprenderam a trabalhar tado. Dessa forma, para atender aos objetivos militares, os cida-
o bronze; com os egípcios, a fabricar vasos de pedra; desenvol- dãos eram selecionados desde o nascimento, educados quando
veram suas cidades graças à construção de portos, aquedutos e jovens e tornados disponíveis para servir o Estado a qualquer
palácios ornamentados. tempo até os 60 anos de idade.
2. e. 3. d.
3. e. 4. a.
4. d. 5. a.
PARA APRIMORAR – página 12 6. b.
1. Os aqueus se estabeleceram no leste da península do Peloponeso, PARA APRIMORAR – página 23
onde ergueram as cidades de Micenas e Tirinto. Os eólios ocupa-
ram a maior parte da Grécia continental e aproximadamente me- 1. a.
tade da península do Peloponeso, além de territórios na costa da 2. Resposta pessoal. Exemplo: Assim como em Atenas, a democracia
Ásia Menor. Os dórios se estabeleceram ao sul, no leste do Pelopo- no Brasil atual constitui um avanço em relação a períodos anterio-
neso e em diversas ilhas no mar Egeu, bem como na costa oeste res de sua história. Nos dois casos, porém, a condição democrática
da península Balcânica. Os jônios ocuparam uma extensa ilha a por si só não garantiu a resolução de todos os problemas sociais.
leste da Grécia continental chamada Eubeia, a região da Calcídica, Ainda assim, pela comparação verifica-se que houve enormes
a maior parte das ilhas do mar Egeu e territórios na costa da Ásia progressos desde a democracia ateniense. O principal deles é a
Menor. Finalmente, a civilização minoica se estabeleceu na ilha de extensão do direito de participação a todos os indivíduos, sem
Creta, entre os mares Egeu e Mediterrâneo. distinção de etnia, gênero, renda, etc. – diferentemente do que
2. b. ocorria em Atenas. Com esse exemplo torna-se claro que o con-
ceito de democracia é uma construção humana, e como tal acom-
3. a) “Ilíada” e “Odisseia” são nomes de epopeias atribuídas a Home- panha a dinâmica de cada sociedade constituída em diferentes
ro, poeta lendário que teria vivido no século VIII a.C. tempos e lugares. Hoje, garantidos os direitos de participação a
O título “Ilíada” faz referência a “Ilion”, termo usado pelos gregos toda a população, a necessidade de corrigir as desigualdades so-
para se referir à cidade de Troia, que, de acordo com o poema, ciais coloca-se como o mais urgente e importante desafio para o
foi destruída pelos helenos (com a ajuda de alguns deuses) aperfeiçoamento da democracia brasileira. É importante lembrar
após um cerco de dez anos. Já “Odisseia” narra a saga de Odis- que a democracia ateniense ficou restrita a determinada parcela
seu (ou Ulisses), herói grego que após a batalha ousou desafiar da população, os “cidadãos homens” já que não dava direito de
o deus Poseidon e, por isso, teve de enfrentar vários obstá- participação a mulheres, escravos, ex-escravos e estrangeiros.
culos e desafios em sua jornada de volta a Ítaca, na Grécia. Mesmo assim, representou um grande avanço para a época. Po-
b) De um lado, a poesia épica grega foi elaborada com a utiliza- demos, então, considerá-la um dos principais legados de Atenas,
ção de mitos e de tradições orais, de maneira que a extrava- inspirando e dando início ao longo processo histórico que condu-
gante narrativa com elementos sobrenaturais e imaginários a ziria as democracias do passado até chegar às da atualidade.
torna diferente da História. De outro, assemelha-se pelas des- 3. a) Democracia direta.
crições de guerras, pela construção de personagens e feitos e
por revelar os fundamentos éticos da aristocracia característi- b) O caráter direto da democracia ateniense e representativo da
ca daquele período da história da Grécia Antiga. atual; a exclusão, em Atenas, de uma ampla parcela da po-
pulação, como as mulheres, diferente do sufrágio universal
CAPÍTULO 2 – A GRÉCIA CLÁSSICA atual, entre outras.
4. a) A Liga de Delos era uma aliança militar marítima de defesa fir-
PARA PRATICAR – página 22
HISTÓRIA
mada entre as cidades gregas nas Guerras Médicas, contra os
1. No litoral do continente europeu, os gregos fundaram colônias persas. As cidades participantes da Liga (cerca de duzentas)
em regiões hoje pertencentes à França, Espanha, Itália, Albânia, deveriam fornecer dinheiro, homens e navios para Atenas.
Macedônia, Bulgária, Romênia e Ucrânia. Na Ásia, havia colônias b) O comando da Liga de Delos garantiu a Atenas recursos que
gregas em territórios onde hoje estão a Turquia e a Rússia. No nor- fizeram dela um império militar e econômico. Assim, sua for-
te da África, os gregos mantiveram algumas colônias nos atuais ça comercial e seu poderio militar asseguravam hegemonia
Egito e Líbia. sobre seus aliados.

Antiguidade II: Grécia e Roma 13


e sem depender do Senado, compondo o Primeiro Triunvirato.
CAPÍTULO 3 – O HELENISMO Em 43 a.C., iniciou-se o Segundo Triunvirato, formado por Marco
Antônio, Caio Otávio e pelo general Lépido.
PARA PRATICAR – página 30
4. b.
1. Alexandre foi educado pelo filósofo grego Aristóteles. Admirador
da cultura grega, Alexandre queria vê-Ia difundida pelo mundo.
PARA APRIMORAR – página 46
Assim, à medida que expandia seu império, criava centros de ir-
radiação cultural que divulgavam a ciência e as artes da Grécia. A 1. a) Os espetáculos de arena eram considerados pelos romanos
religião, a cultura e os costumes gregos difundiram-se pelo mun- uma maneira de celebrar sua superioridade e seu direito de
do, e a língua grega tornou-se o principal idioma das pessoas ins- dominar.
truídas. b) Porque reafirmava o poder e a autoridade do Estado romano,
2. a. infligia sofrimento a indivíduos marginalizados, escravos ou
condenados por subversão.
3. e.
2. b.
PARA APRIMORAR – página 30 3. c.
1. Para os filósofos gregos, a natureza é regida por leis e princípios
que podem perfeitamente ser de domínio dos seres humanos, CAPÍTULO 6 – O IMPÉRIO ROMANO
desde que se exercite o espírito crítico e a razão.
O pensamento mítico, por sua vez, têm por fundamento que a PARA PRATICAR – página 52
ordenação do mundo ou os fenômenos naturais estão no cam- 1. Resposta pessoal. Uma das principais explicações para a moro-
po do mistério e sobre o qual o ser humano não exerce qualquer sidade da Justiça brasileira reside nas regras processuais. Para
ação, sendo este, portanto, domínio dos deuses. abreviar o longo e lento caminho percorrido pelos processos
2. c. nos tribunais, uma possível solução seria a “súmula vinculante”.
Ela nada mais é que uma súmula (resumo) editada pelo Superior
CAPÍTULO 4 – OS PRIMEIROS SÉCULOS Tribunal Federal (STF) – a mais alta instância da Justiça do país –
que teria efeito vinculante para as cortes inferiores: dispensaria
DE ROMA
o julgamento de ações semelhantes por parte desses tribunais,
baseando-se em decisões superiores anteriormente tomadas.
PARA PRATICAR – página 39
2. e.
1. a.
3. e.
2. e.
3. e. PARA APRIMORAR – páginas 52 e 53
1. a) A democracia social envolve os direitos trabalhistas (des-
PARA APRIMORAR – página 39
canso remunerado, limitação da jornada de trabalho, férias,
1. b. aposentadoria, proteção à mulher trabalhadora, etc.) e ou-
2. e. tras prerrogativas, como o direito à educação, à saúde, ao
bem-estar, a moradia digna, à justiça, ao trabalho, etc. Num
3. b. país com imensas desigualdades sociais e, portanto, muita
pobreza, esses direitos sociais não são assegurados a todos.
CAPÍTULO 5 – A REPÚBLICA EM CRISE Enquanto os mais ricos têm fácil acesso a eles – seja por meio
do mercado (escolas particulares, hospitais privados, univer-
PARA PRATICAR – página 45 sidades, planos de saúde, etc.), seja por meio do Estado –,
1. Os irmãos Graco propunham a realização de uma reforma agrária os mais pobres são marginalizados. Assim, a desigualda-
como medida para acabar com o êxodo rural. Propunham tam- de impede que a democracia seja vivenciada em todos os
bém o estabelecimento de limites para as possessões territoriais âmbitos da sociedade e por todos os seus integrantes. Nas
como uma medida contra os latifúndios. O desfecho foi a morte sociedades latino-americanas, embora existam democracias
de Caio Graco e seus seguidores, patrocinada por aristocratas do políticas (com eleições livres e diretas), as diferenças sociais
Senado, descontentes com as medidas tomadas pelo tribuno. impedem que os setores mais pobres exerçam os mesmos
direitos que as camadas médias e as elites.
2. a.
b) A crítica de Angeli refere-se à identificação preconceituo-
3. A formação dos triunviratos resultou da entrada dos generais ro- sa entre atos criminosos e condição social. Professor, você
manos na cena política da República. Isso foi consequência da pode ressaltar que a ironia da charge tem pelo menos dois
iniciativa do Senado de estimular campanhas militares no exte- significados: o primeiro, refere-se ao trabalho da Polícia Fe-
rior para desviar a atenção da crise que se abatera sobre Roma a deral que tem se debruçado sobre diversas formas de crime
partir do final do século II a.C. Graças às vitórias obtidas, cresceu o organizado (que, em geral, envolvem pessoas de classe mé-
prestígio dos militares. Assim, em 60 a.C., Crasso, Pompeu e Júlio dia ou de setores da elite). Por isso, o policial da charge faz
César assumiram o controle de Roma com o apoio do exército uma lista das técnicas de investigação utilizadas (escutas te-

14 GUIA DO PROFESSOR
lefônicas, quebra do sigilo bancário, etc.). Nessa perspectiva, mundo”. Por isso, seria interessante conduzir a reflexão para
a charge sugere que entre as classes “privilegiadas” há crimi- questões mais diretas, que envolvem a prática social dos
nosos a serem investigados pelos órgãos policiais. Por outro alunos no ambiente escolar ou na comunidade. Assim, po-
lado, à medida que a personagem “funk” revela sua condição dem surgir questões efetivas que contribuam para transfor-
de pobreza, não são mais precisos mecanismos que provem mar a prática em sala de aula ou na escola. Diante de ques-
sua condição individual de criminoso: basta sua palavra: “Eu tões mais próximas ou de novas posturas que dependam
sou pobre”. apenas da reflexão do grupo, o tema da democracia pode
c) Resposta pessoal. Pode-se, entretanto, estimular os alunos se tornar menos abstrato, reduzido às altas esferas do po-
a refletir sobre as próprias práticas sociais. A respeito dessas der ou à vida adulta. A transformação de práticas cotidianas
questões, é muito comum que, a princípio, todos apresen- pode ensinar muito mais o conceito de democracia do que
tem soluções ou práticas “abstratas”, relacionadas aos “polí- a formalização abstrata desse conceito.
ticos”, ao “governo” ou simplesmente aos “outros” ou a “todo 2. e.

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16 GUIA DO PROFESSOR
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