5
ENSINO
MÉDIO
HISTÓRIA
Gislane Azevedo
Reinaldo Seriacopi
7 Civilizações americanas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 74
8 A conquista espanhola. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 85
2137789 (PR)
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CAPÍTULO
1 A formação do Estado
moderno
Objetivos: Existem atualmente cerca de duzentos Estados soberanos no mundo. Todos contam com
unidade territorial, sistemas jurídico e econômico unificados e mecanismos centralizados de ar-
c Perceber as disputas, recadação de impostos para custear as despesas com saúde, educação, forças armadas, funciona-
os mecanismos lismo público, etc.
e as estratégias Tal forma de organização é fenômeno relativamente recente na História. Durante a Idade Média
empreendidas pelos europeia, por exemplo, muitas das atividades hoje atribuídas ao Estado, como a cobrança de impos-
monarcas para a tos, a defesa territorial e a aplicação da justiça, estavam sob a responsabilidade dos senhores feudais,
centralização do poder.
que concentravam um enorme poder dentro dos limites de suas terras.
c Reconhecer o papel e as Essa situação começou a mudar a partir do século XI, quando teve início um lento processo de
reações dos diferentes centralização do poder nas mãos dos reis. A formação das primeiras monarquias nacionais europeias
grupos sociais – clero, é o tema deste capítulo.
nobreza, burguesia e
c Identificar os principais
acontecimentos e
interesses envolvidos
no processo de
formação das primeiras
monarquias nacionais
europeias.
A Rainha como chefe do Parlamento. Gravura inglesa do século XIX representando a rainha Elizabeth, que
governou a Inglaterra entre 1558 e 1603, diante dos parlamentares ingleses.
HISTÓRIA
Detalhe da Tapeçaria de Bayeux (século XI) representando um aspecto da Batalha de Hastings, travada em 1066 e na qual o duque normando
Guilherme, o Conquistador, derrotou as forças do rei saxão Haroldo II e conquistou a Inglaterra.
HISTÓRIA
PARA CONSTRUIR
1 A centralização do poder real na Europa foi resultado de uma tifique por que a Magna Carta é considerada uma precursora
m longa luta política alimentada por interesses de diversos gru- das futuras garantias gerais do povo inglês.
Ene-2
C 7
H- pos sociais. Defina quais eram esses interesses e que grupos A Magna Carta estabeleceu limites ao poder real e privilegiou importantes
sociais estavam envolvidos. grupos sociais, como a nobreza, ao impedir que o rei aumentasse os
Os interesses remetem ao renascimento comercial e urbano iniciado impostos ou criasse leis sem a aprovação do Grande Conselho. As
no século XI. Foi então que surgiu a burguesia, formada principalmente garantias do documento também beneficiaram a nascente burguesia,
por mercadores. Ela procurou aproximar-se dos reis, em busca de na medida em que lhe garantia o direito ao livre-comércio no reino.
ajuda para modificar aspectos da vida medieval que prejudicavam
a expansão de seus negócios. Por outro lado, alguns monarcas,
interessados no poder econômico da burguesia, adotaram medidas
favoráveis a esse grupo. Com o passar do tempo, esses interesses 3 Descreva, em linhas gerais, o processo de unificação da mo-
levaram ao nascimento das monarquias nacionais europeias. narquia francesa.
Na França, o processo de centralização do poder teve início durante
2 (UFPR – Adaptada) Leia os seguintes excertos da Magna Car- a dinastia dos capetíngios e contou com o apoio da burguesia. Ao
m
Ene-3
ta inglesa de 1215: centralizar o poder, as medidas tomadas favoreceram o comércio e
C 1
H1
- 12 – Nenhum imposto ou pedido será estabelecido contribuíram para ampliar o prestígio do rei para com a população. O rei
no nosso reino sem o consenso geral. [...] Que tudo se Filipe II (1180-1223) foi particularmente importante nesse processo
passe da mesma maneira no que respeita às contribuições de centralização. Ele integrou membros da burguesia no seu governo
da cidade de Londres [...].
e delegou a cobrança de impostos e a fiscalização do comércio para
61 – [...] Instituímos e concedemos aos nossos barões
a seguinte garantia: elegerão vinte e cinco barões do reino, agentes administrativos. Posteriormente, Luís IX (1226-1270) criou
os quais deverão com todo o seu poder observar, manter uma moeda de circulação nacional e ampliou o poder dos tribunais do
e fazer cumprir a paz e as liberdades que nós concedemos. [...] rei (em oposição aos tribunais controlados pelos senhores feudais).
DAVIS, C. R. C. Magna Carta: the trustees of the British Museum, Finalmente, Filipe IV (1285-1314) convocou uma assembleia
1963. p. 16-23. Apud ESPINOSA, Fernanda. Antologia de
textos medievais. Lisboa: Sá da Costa. p. 326-327. conhecida como Estados Gerais, com representantes da nobreza,
A partir dos trechos acima e de seus conhecimentos sobre a do clero e da burguesia. Essa assembleia aprovou a cobrança de
monarquia inglesa na Idade Média, discorra sobre a relação impostos sobre o clero, resolvendo uma disputa entre Filipe
dos nobres e dos burgueses ingleses com a sua realeza e jus- IV e o papa Bonifácio VIII e fortalecendo ainda mais o poder real.
1000 1085
Santiago de
Santiago de
NAVARRA Compostela
Compostela NAVARRA
ARAGÃO LEÃO
LEÃO CASTELA ARAGÃO
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Eb CONDADO CASTELA o
Ri
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PORTUCALENSE ro
FONTE: WORLD History Atlas: Mapping the Human Journey. London: Dorling Kindersley, 2005.
ATLÂNTICO ATLÂNTICO
1212
Santiago de REINO DE
Compostela NAVARRA
Rio
E bro REINO DE
ARAGÃO
REINO DE
REINO DE CASTELA
PORTUGAL Rio Tejo
A ESPANHA E A INQUISIÇÃO
Até as últimas décadas do século XV, o atual território da Espanha encontrava-se dividido em
diversos reinos, como Leão, Aragão e Castela. Havia ainda, ao sul, o reino de Granada, último reduto
muçulmano na península Ibérica.
Em 1469, Fernando, rei de Aragão, casou-se com Isabel, filha do rei de Castela. Com a morte
do pai, Isabel tornou-se rainha de Castela. Ela e Fernando decidiram então unir as duas coroas,
dando origem ao reino de Aragão e Castela. Era o primeiro passo para a formação da Espanha
moderna.
O passo seguinte seria dado logo depois, quando Fernando e Isabel – conhecidos como reis
católicos – firmaram com a Igreja uma aliança com o objetivo de expulsar da Espanha muçulmanos
e judeus. Dessa forma, em 1478 o papa Sixto IV assinou uma bula autorizando a criação do Tribunal
do Santo Ofício (ou Inquisição) na Espanha, subordinado aos reis católicos.
Teve início, então, um período de intolerância e perseguições a dissidentes e opositores por
razões políticas e, sobretudo, religiosas. Qualquer acusação anônima podia levar o acusado ao cár-
cere, onde as confissões eram arrancadas sob tortura. O réu considerado culpado era geralmente
condenado à morte na fogueira. As pessoas perseguidas tinham seus bens confiscados e divididos
entre o Estado e a Igreja.
Assim, o Tribunal do Santo Ofício era, para os reis da Espanha, um instrumento inquestionável
de poder: sob o terror da Inquisição, possíveis reações ou revoltas de setores da população contra
a centralização do Estado ou contra qualquer política do governo, nas mãos de Fernando e Isabel,
morriam no nascedouro.
HISTÓRIA
Sala de interrogatório da Inquisição em óleo sobre tela de cerca de 1710-1720, de Alessandro Magnasco (1667-1749).
Atividade
Experimental
PARA CONSTRUIR
4 Observe novamente os mapas “A Reconquista (séculos IX a a) o enfraquecimento do poder monárquico diante das
m XIII)”, da página 9, e responda: pressões localistas que ainda sobreviviam nas pequenas
Ene-2
C 6
H- a) Em que mapa aparece pela primeira vez o Condado Por- circunscrições territoriais do reino.
tucalense, origem do reino de Portugal? b) o surgimento de uma burguesia industrial cosmopolita
No segundo mapa, que mostra a península em 1085, quando
e afinada com a mentalidade capitalista que se instaura
na Europa.
o Condado Portucalense foi entregue pelo rei Afonso VI ao
c) o início das Grandes Navegações marítimas, que resulta-
nobre francês Henrique de Borgonha.
ram no descobrimento da América e no reconhecimento
da Oceania pelos lusitanos.
d) o início do processo de expansão ultramarina, que levaria
b) Em que mapa a extensão dos domínios muçulmanos é às conquistas no Oriente, além da ocupação e do desen-
claramente menor do que os territórios sob o controle volvimento econômico da América portuguesa.
das monarquias ibéricas cristãs? e) o surgimento de uma aristocracia completamente in-
Apenas no último mapa, que mostra a península em 1212,
dependente do Estado, que tinha como projeto político
quando os muçulmanos detinham apenas o reino de Granada.
mais relevante a expansão do ideal cruzadista.
uma comunidade cristã unificada e guiada pelo papa foi subdividido em duas Câmaras.
reforçado. c) assegurava antigas garantias a uma minoria privilegiada,
b) marca esse período a assinatura do Tratado de Verdun, mas veiculava princípios de liberdade política.
que acabou com o reino construído por Carlos Magno. d) limitou as ambições políticas dos papas, mesmo tratando-
c) a peste negra influenciou, positivamente, o fortalecimen- -se de um contrato feudal.
to do poder dos senhores feudais e marcou o declínio das e) proclamava os direitos e as liberdades do homem do
atividades comerciais. povo, através de 63 artigos.
ANOTAÇÕES
2 A revolução cultural do
Renascimento
Objetivo: Cem mil euros. Esse foi o preço que alguns colecionadores se dispuseram a pagar por uma
obra a respeito do artista renascentista Michelangelo, publicada recentemente na Itália. Por que
c Identificar origens,
esse livro custou tanto?
concepções e valores
A razão é que a obra, com tiragem de apenas 99 exemplares, foi feita de forma artesanal,
da corrente de
segundo a técnica de produção de livros de meados do século XV, quando Johannes Gutenberg
pensamento conhecida
(re)inventou a impressão por tipos móveis, que os chineses haviam criado quatro séculos
como Humanismo.
antes.
c Conhecer as principais O papel do livro também foi produzido artesanalmente, e o veludo de seda que cobre a capa
características do foi feito em teares antigos, capazes de produzir apenas 8 centímetros de tecido por dia. Todo o
movimento artístico, processo, desde a fabricação do papel até a impressão e a encadernação de um exemplar da obra,
científico e intelectual durou seis meses.
denominado Se hoje seis meses para imprimir um livro parece muito, no século XV, com os tipos móveis
Renascimento. de impressão, era uma verdadeira revolução.
Na imagem, Fabio Lazzarri (à direita), vice-presidente da Fundação FMR-Marilena Ferrari,
c Compreender aspectos
apresenta o livro Michelangelo: la dotta mano (Michelangelo: a mão sábia) com imagens de famo-
políticos e econômicos
sas esculturas de Michelangelo a Francis Yeoh Sock Ping, diretor da Corporação YTL, em Kuala
relacionados a essas
Lumpur (Malásia).
renovações culturais.
Neste capítulo veremos como a invenção dos tipos móveis de impressão contribuiu para
c Perceber o contexto a rápida difusão dos ideais do Humanismo e das principais conquistas filosóficas, científicas
histórico (Europa e artísticas que ocorreram na Europa ocidental entre os séculos XIV e XVI e definiram o Re-
ocidental) em que nascimento.
se desenvolveu o
HISTÓRIA
O livro, Michelangelo: la dotta mano, teve edição de 99 exemplares e foi produzido artesanalmente, resgatando
técnicas utilizadas na época do Renascimento. Foto de dezembro de 2008.
O Humanismo
A maior circulação de dinheiro e a expansão dos negócios exigiam profissionais especializados
na administração de empreendimentos bancários e mercantis. Em resposta a essa necessidade, teve
início um movimento de reforma educacional, pois o ensino, até então, encontrava-se basicamente
sob o controle da Igreja, que se preocupava em formar
LEONARDO DA VINCI/GALLERIA DELL’ACADEMIA, VENEZA
SUPERSTOCK/GLOW IMAGES
A expulsão de Heliodoro, afresco
O RENASCIMENTO pintado entre 1511 e 1512 por Rafael
(1483-1520), localizado no Palácio
O Humanismo surgiu no século XIV na península Itálica. De lá, difundiu-se pelo continen- Apostólico, no Vaticano. Foto de junho
HISTÓRIA
te europeu, dando origem a um movimento de renovação intelectual e artística conhecido como de 2012.
Renascimento. Esse nome foi dado pelo arquiteto toscano Giorgio Vasari (1511-1574) para mostrar
o desejo de se fazer “renascer” o pensamento e a arte dos antigos gregos e romanos.
Durante o Renascimento – ou Renascença, como também é chamado –, difundiu-se entre
os estudiosos a ênfase na procura de explicações racionais – e não baseadas na fé – para os fatos da
natureza. Esse tipo de pensamento, conhecido como racionalismo, negava a ideia de que a Igreja e
os livros sagrados eram suficientes para responder a todas as dúvidas humanas.
O nascimento de Vênus,
de Sandro Botticelli.
Têmpera sobre tela
(cerca de 1486).
PARA CONSTRUIR
1 (Cefet-CE) Considerando as relações existentes entre o Huma- fio consistia em ser absolutamente, radicalmente humano,
nismo e o Renascimento, pode-se afirmar corretamente que: b apenas humano.
SEVCENKO, Nicolau. O Renascimento, 1985.
a) o Humanismo constitui um movimento filosófico contrá-
rio ao Renascimento. Explique a caracterização que o texto faz do Renascimento e dê
b) o Humanismo constitui uma visão de mundo que permi- exemplo de uma obra artística em que tal intenção se manifeste.
tiu o resgate da herança greco-romana. O texto trata do Humanismo e do antropocentrismo, nos quais ocorre
c) o Humanismo e o Renascimento, embora sendo movi- a grande valorização dos elementos relacionados ao homem e
mentos contemporâneos, eram bem distintos e não apre- ao seu conhecimento. Poderiam ser apontadas como exemplo
sentavam semelhanças.
artístico a Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, O nascimento
d) o Humanismo fazia uma severa crítica à herança greco-
de Vênus, de Sandro Botticelli, entre muitas outras obras.
-romana.
e) o Humanismo constituía-se num movimento de exalta- 4 (UFPE) O Renascimento – um importante período na história
ção aos valores medievais. da vida europeia – trouxe:
2 (Fuvest-SP) Nos séculos XIV e XV, a Itália foi a região mais rica ( F ) a ruptura da nobreza com o poder da Igreja, reforçando
e influente da Europa. Isso ocorreu devido à: e o fim do domínio político do papa e o crescimento das
a) iniciativa pioneira na busca do caminho marítimo para as aspirações republicanas, relacionadas com as reflexões
Índias. de Maquiavel.
b) centralização precoce do poder monárquico nessa região. ( V ) as redefinições no mundo das artes, com mudanças na
c) ausência completa de relações feudais em todo o seu sensibilidade e na percepção do pensamento e dos va-
território. lores da época.
d) neutralidade da península Itálica frente à guerra generali- ( V ) o fortalecimento do saber científico, com mudanças nas
zada na Europa. concepções da astronomia e da matemática, que con-
e) combinação de desenvolvimento comercial com pujança tribuíram para a secularização da cultura.
artística. ( F ) a aceitação incondicional de crenças religiosas próprias
do cristianismo, anulando as tradições clássicas predo-
HISTÓRIA
HISTÓRIA
Em contraste com o painel acima, esta Anunciação, pintada por Leonardo da Vinci entre 1472 e 1475, utiliza os recursos da perspectiva, por meio dos
quais é possível representar a profundidade em uma tela plana. Esse efeito é obtido pela convergência das linhas perpendiculares à tela para um único
ponto de fuga situado no horizonte e pela diminuição dos objetos à medida que eles se afastam do observador.
Quixote.
Já na Inglaterra, o mo-
mento de maior esplendor
das letras coincidiu com o
reinado de Elizabeth I (1558-
-1603), quando o Estado
passou por forte centraliza-
ção política e a economia
experimentou importan-
te desenvolvimento. Esse
período foi também o de
William Shakespeare (1564-
-1618), considerado por
muitos o maior dramaturgo
de todos os tempos e autor
de peças como Hamlet, Ro-
meu e Julieta, A megera do-
mada, Macbeth e Rei Lear.
Representação da constelação
do Veado, ilustrativa da visão
indígena do Universo.
5 Defina em linhas gerais quais foram as bases da noção de “perspectiva” desenvolvida pelos artistas do Renascimento.
m
Ene-1 O desenvolvimento da perspectiva foi precedido no Renascimento pelas obras de Giotto di Bondone (1267-1337), artista que procurou retratar
C 5
H-
de forma realista pessoas, animais e objetos, introduzindo a noção de profundidade na pintura. Posteriormente, Brunelleschi (1377-1446) criou o
conceito de perspectiva exata, observando que, quanto mais distante um objeto estivesse em relação ao observador, tanto menor deveria ser
representado na tela. Com isso, ele acreditava que seria possível representar os objetos e seres da natureza com maior fidelidade.
6 (UFF-RJ) O mundo moderno está associado, na sua origem, à cultura renascentista. Invenções e descobertas só puderam ser
realizadas porque os intelectuais renascentistas reuniram tradições clássicas ocidentais e orientais, a fim de dar novo sentido
à ideia de “homem” e “natureza”. Assinale a afirmativa que pode ser corretamente associada ao Renascimento. a
a) O livro da natureza foi escrito em caracteres matemáticos. (Galileu)
b) O homem é imagem e semelhança de Deus. (Jean Bodin)
c) O mundo é perfeito porque é uma obra divina e, assim, só pode ser esférico. (Marsílio Ficino)
d) A perspectiva é o fundamento da relação entre espaço humano e natureza divina. (Alberti)
e) A proporção é a qualidade matemática inadequada à representação do mundo natural. (Leonardo da Vinci)
7 (Unifesp) O Renascimento Cultural se iniciou na Itália no século XIV, e se expandiu para outras partes da Europa nos séculos seguin-
tes. Uma de suas características é a: b
a) adoção de temas religiosos, com o objetivo de auxiliar o trabalho de catequese.
b) pesquisa técnica e tecnológica, na busca de novas formas de representação.
c) recusa dos valores da nobreza e a defesa da cultura popular urbana e rural.
d) manutenção de padrões culturais medievais, na busca da imitação da natureza.
e) rejeição da tradição clássica e de seu princípio antropocêntrico.
8 (UFPE) O Renascimento trouxe mudanças nas concepções de mundo dos tempos modernos, embora mantivesse um diálogo
m
Ene-3
histórico com a cultura clássica e seus valores. A sua forma de ver o mundo está presente em obras literárias, como as de Rabelais,
C 1
H-1 Cervantes, Camões e tantos outros. Com efeito, a literatura renascentista: b
a) consagrou princípios éticos do cristianismo medieval, criticando valores da sociedade burguesa que se formava.
b) foi importante para a formação das línguas nacionais na Europa, afirmando uma renovação na forma de se escrever e contar as
histórias.
c) baseou-se na literatura romana, ao afirmar a importância dos mitos para o imaginário social de cada época.
d) consolidou a admiração da sociedade moderna pela tragédia, desprezando outras formas literárias importantes.
e) manteve a estrutura narrativa dos tempos medievais, apesar de seu acentuado antropocentrismo.
3 A Reforma protestante
Objetivos: Ano após ano, o número de seguidores do protestantismo vem aumentando no Brasil. Em 1996,
eles representavam 15% da população brasileira. Em 2010, já totalizavam 22%, ou seja, aproximada-
c Entender os processos
mente 42 milhões de fiéis.
e os acontecimentos
Os seguidores do protestantismo no Brasil dividem-se em três grandes correntes: protestantes
relacionados à Reforma
históricos – formados de igrejas tradicionais, como a presbiteriana e a luterana; pentecostais – dis-
protestante.
tribuídos por diversas igrejas, entre as quais Assembleia de Deus e Deus é Amor; e neopentecostais
c Conhecer a reação – vertente surgida na década de 1970 e composta de igrejas como a Universal do Reino de Deus e
da Igreja católica em a Sara Nossa Terra.
relação à Reforma O aumento do protestantismo no Brasil deve-se, principalmente, ao crescimento das igrejas
protestante. pentecostais e neopentecostais observado nas últimas décadas.
Como veremos neste capítulo, o protestantismo surgiu na Europa no século XVI como resultado
c Reconhecer, valorizar e
de uma grande ruptura no interior da Igreja católica denominada Reforma protestante.
respeitar a diversidade
religiosa.
HISTÓRIA
No bairro da Luz, em São Paulo, fiéis participam da Marcha para Jesus, um dos maiores eventos evangélicos do
Brasil. Foto de 2014.
A venda de indulgências
Indulgência é o perdão que a Igreja oferece àque-
les que se arrependem de seus pecados. Nos primeiros
tempos, ela assumia a forma de penitência pública –
autoflagelação, por exemplo. Por volta do século XI, as
antigas penitências foram substituídas por prestações
de serviço – como amparo aos doentes, construção de
igrejas, etc. – ou pela cooperação com a instituição. Em
1095, o papa Urbano II ofereceu indulgência plena a
quem participasse da Primeira Cruzada.
Nos séculos seguintes, as indulgências se transfor-
maram em cartas vendidas aos fiéis. Aqueles que as com-
prassem recebiam o perdão dos pecados já cometidos e,
de acordo com o valor pago, tinham também o perdão
dos pecados futuros.
Em 1513, o papa Leão X oficializou a venda de in-
dulgências visando arrecadar dinheiro para finalizar as
obras da Basílica de São Pedro, em Roma. A partir de
então, o comércio de indulgências assumiu tamanhas
proporções que passou a ser intermediado pela casa
bancária dos Fuggers, família de banqueiros do Sacro
Império Romano-Germânico, transformando-se, de
fato, em um rendoso negócio.
HISTÓRIA
Detalhe do retábulo da Igreja de Torslunde, Dinamarca, de 1561. Nele, a pregação de Martinho Lutero é retratada em meio a símbolos do catolicismo, como a pia
batismal, a hóstia e a cruz.
Atividade Experimental
Convulsão social no Sacro Império
Mudança de Referencial Embora Lutero defendesse apenas mudanças de caráter religioso, suas ideias contribui-
riam para inaugurar um período de grandes convulsões sociais no Sacro Império.
Cavaleiros e nobres de poucos recursos aproveitaram a crise para tentar criar um Esta-
do independente. Esse movimento, iniciado em 1522, foi sufocado no ano seguinte e ficou
conhecido como Revolta dos Cavaleiros.
Em 1524, camponeses arma-
AKG-IMAGES/LATINSTOCK
dos de várias regiões do Império
se insurgiram sob a liderança de
um monge franciscano, Thomas
Münzer (1486-1525), que pro-
punha uma sociedade sem dife-
renças entre ricos e pobres e sem
propriedade privada. Münzer foi
TROCANDO IDEIAS preso, torturado e executado em
1525, mas o movimento conti-
Atualmente, verificam-se no
Brasil e no mundo protestos e nuou por mais dez anos. Nesse
manifestações sociais de todo período, cerca de cem mil cam-
tipo: lutas dos trabalhadores poneses foram mortos.
rurais sem-terra, greves de tra- Radicalmente contrário à re-
balhadores urbanos, passeatas volta camponesa, Lutero alegava
e comícios, etc. Quase sempre, que a existência de senhores e ser-
essas manifestações reivindi-
vos era fruto da vontade divina.
cam melhores condições de
vida, aumentos de salários, mais Ele chegou a escrever: “Contra as
segurança nas ruas ou o direito hordas de camponeses assassinos
ao trabalho. Você considera essas e ladrões, quem puder que bata,
manifestações legítimas? Em sua mate ou fira, secreta ou aberta-
opinião, como o Estado brasilei- mente, relembrando que não há
ro deve tratar os grupos sociais nada mais peçonhento, prejudi-
que se manifestam e expressam cial ou demoníaco do que um
seu descontentamento? Discuta
essas questões com um cole-
rebelde”.
ga. Depois, escrevam um texto
com a opinião de ambos. Para Thomas Münzer, teólogo protestante
finalizar, apresentem oralmente e revolucionário, antes da batalha de
o resultado numa roda de Frankenhausen, na qual acabou preso,
conversa, sob orientação do em 1525. Litografia colorida, 1832, de
R. Wibezahl.
professor.
1 A partir do século XIV, a Igreja católica tornou-se alvo de críti- proposta, alguma reforma, um tipo novo de organização).
m cas de intelectuais e religiosos. Indique que processos histó- Identifique, nesse manifesto, quais são as denúncias e o que
Ene-3
C 3
H-1 ricos motivaram essas críticas. ele propõe para transformar a ordem social.
O enriquecimento e a ampliação do poder material da Igreja haviam Os camponeses denunciam a sua condição de escravidão, a
transformado os valores defendidos e praticados por boa parte do proibição da caça e o pagamento de impostos para retirar
madeira ou lenha da floresta. Contra essa situação de injustiça,
clero católico. A fé e os valores espirituais tornaram-se secundários
o manifesto propõe o fim da servidão e a restituição das
diante dos prazeres físicos e do acúmulo de bens. Essa deturpação
florestas tomadas ilegalmente das comunidades camponesas.
dos valores cristãos colocou em xeque a credibilidade da instituição.
A partir do século XIV, a Igreja viveu uma grave crise provocada pelas
denúncias de corrupção e de perda de valores morais. Nessas b) Qual é a autoridade legítima invocada pelo manifesto
circunstâncias, alguns filósofos cristãos, influenciados pelo
para justificar o fim da servidão e garantir a liberdade aos
camponeses?
pensamento humanista, passaram a responsabilizar a Igreja e seus
O manifesto utiliza frequentemente a religião como fonte de
dogmas pela perpetuação da miséria e da ignorância na sociedade
autoridade, em especial as Sagradas Escrituras. Os autores
europeia.
do manifesto afirmam que a escravidão a que foram submetidos,
2 Publicado em 1525, o texto a seguir faz parte de um manifes- o pagamento de tributos injustos ou a proibição da caça,
m
Ene-1
to dos camponeses do Sacro Império Romano-Germânico que nada disso foi definido pela “palavra de Deus”, isto é, pela
C 1
H- no ano anterior haviam se rebelado contra os senhores de terra.
Bíblia. No fim do manifesto, os camponeses ainda propõem
Liderados por Thomas Münzer, eles exigiam reformas sociais.
um pacto: se as suas ideias não estivessem de acordo com
[...] Até agora éramos tratados como escravos, o que é
uma vergonha, pois, com o seu precioso sangue, Jesus Cris- as Sagradas Escrituras, eles estariam dispostos a abrir mão
to nos salvou a todos, tanto ao mais humilde pastor como de suas reivindicações, desde que fosse “provada” essa discre-
ao mais nobre senhor, sem distinção. Por esse motivo, de- pância. Professor, você pode ressaltar que esse é um argumento
duzimos das Sagradas Escrituras que somos livres, e livres inspirado nas teses de Lutero e se tornou, posteriormente,
queremos ser. Não que queiramos ser totalmente livres, que
uma característica das correntes protestantes. Enquanto os
não queiramos reconhecer autoridade alguma; não é isso o
que Deus nos ensina. católicos se baseiam na autoridade do papa como “intérprete”
[...] até agora, nenhum pobre podia perseguir a caça, da vontade divina, as igrejas protestantes recorrem com
pegar aves ou peixes na água corrente, o que nos parece frequência ao texto bíblico e às suas diversas interpretações.
uma lei totalmente injusta e pouco fraternal, mas interessei-
ra e em desacordo com a palavra de Deus. 3 Uma das 95 teses de Martinho Lutero afirmava que “Esperar
[...] somos prejudicados ainda pelos nossos senhores, ser salvo mediante cartas de indulgência é vaidade e mentira,
que se apoderaram de todas as florestas. Se o pobre precisa mesmo se o próprio papa oferecesse sua alma como garan-
de lenha ou madeira tem que pagar o dobro por ela. Nós tia”. Considerando essa tese, explique a oposição entre Lutero
somos de opinião que deve ser restituída à comunidade toda e as concepções da Igreja católica.
e qualquer floresta que se encontra em mãos de leigos ou
A indulgência era o perdão concedido pela Igreja católica aos fiéis
religiosos que não a adquiriram legalmente.
[...] nossa decisão e resolução final é a seguinte: se uma que se arrependessem dos pecados. Com o passar dos tempos,
ou diversas dessas exigências não estiverem em consonância as formas tradicionais de indulgência (o martírio público e a
com a palavra de Deus, delas abriremos mão imediatamen- prestação de serviços) foram substituídas pela compra de cartas
te, desde que se nos prove, à base das Sagradas Escrituras,
papais vendidas aos fiéis. Tratava-se de um negócio tão lucrativo
que elas estão em discordância com a vontade divina.
MARQUES, Ademar; BERUTTI, Flávio; FARIA, que era administrado pela casa bancária dos Fuggers, família de
Ricardo. História moderna através de textos. banqueiros do Sacro Império Romano-Germânico. Lutero combateu
São Paulo: Contexto, 2001. p. 128.
HISTÓRIA
diretamente essa prática da Igreja católica, condenando-a com
A partir da leitura do texto, responda:
rigor. Para ele, as indulgências não tinham fundamento na Bíblia
a) Os manifestos geralmente contêm dois aspectos importan-
e eram apenas mais uma forma de a Igreja enriquecer e tirar proveito
tes: o primeiro é a denúncia de uma situação (injusta, ilegal,
incômoda, etc.); o segundo, uma reivindicação (uma nova da fé das pessoas.
VEJA O FILME
A rainha Margot, de Patrice Ché-
reau. França, Alemanha e Itália,
1994. (159 min). Pintura de autor anônimo do
Um casamento de conveniência século XVII representando
João Calvino em seu gabinete
é realizado entre a católica rainha
de trabalho. A doutrina criada
Margot e o protestante Henri. A por Calvino, o calvinismo,
união não dá certo e intrigas ter- encontrou muitos adeptos na
minam na Noite de São Bartolo- Inglaterra e nos Países Baixos
meu, em que milhares de protes- (Holanda). Na Inglaterra, os
tantes foram mortos. seguidores de Calvino eram
chamados de puritanos.
aos fiéis e de ajudar os mais necessitados. Com esse propósito, surgiram tanto grupos laicos, como a
Companhia do Divino Amor, como religiosos, como a Ordem dos Capuchinhos, que defendia um
ideal de pobreza para os membros.
Empenhada em recuperar o terreno perdido para os protestantes e arrebanhar novos fiéis, a
Igreja criou ordens evangelizadoras, como a Companhia de Jesus, em 1540. Seus integrantes, os
jesuítas, desempenhariam importante papel na difusão do cristianismo em terras da Ásia, da África
e da América a partir do século XVI.
Sete sacramentos: Em 1545, iniciou-se na cidade de Trento, na península Itálica, uma reunião de bispos e de teó-
segundo a Igreja católica, sacramen- logos destinada a estabelecer regras para a Igreja católica e a reforçar os princípios da fé. Conhecida
tos são gestos e palavras instituídos
como Concílio de Trento, ela foi interrompida por diversas vezes e prolongou-se até 1563.
por Jesus Cristo que concedem a
graça santificadora a quem os recebe. Entre outras medidas, o concílio decidiu criar seminários para a formação de futuros sacerdotes,
Os sete sacramentos são: 1) batismo reforçou a atuação da Inquisição e criou o Index Librorum Prohibitorum, lista de livros proibidos aos
(confirmação da alma do indivíduo fiéis por conter ideias consideradas contrárias à fé católica.
em Cristo); 2) crisma (sacramento em Além de manter o celibato religioso, o concílio defendeu o culto às imagens e o recurso às indul-
que se ratifica a graça do batismo); 3)
confissão ou penitência (perdão dos gências, proibindo apenas a venda. Sustentou que o papel do clero era o de intermediar as relações
pecados cometidos); 4) confirmação entre Deus e as pessoas e de fazer a interpretação das Escrituras e reafirmou a importância dos sete
da ordem sacerdotal (o indivíduo re- sacramentos. Ao agir assim, o Concílio de Trento acabou de vez com a possibilidade de católicos e
cebe esse sacramento ao entrar para protestantes voltarem a se unir sob a mesma Igreja.
o sacerdócio); 5) matrimônio (união
santa e indissolúvel entre o homem
e a mulher); 6) extrema-unção (unção
ENQUANTO ISSO...
DANM12/SHUTTERSTOCK/GLOW IMAGES
Patrimônio da Humanidade, tombado pela Unesco em 1983, o Taj Mahal é um exemplo da arquitetura
mogol, em que se misturam os estilos arquitetônicos indiano, persa e islâmico. Sua construção, no
século XVII, foi resultado do trabalho de cerca de 22 mil homens trazidos de várias cidades do Oriente.
5 (Mack-SP) O rei Henrique VIII, aclamado defensor da fé pela Igreja católica, rompeu com o papa Clemente VII em 1534, por: d
a) opor-se ao Ato de Supremacia que submetia a Igreja anglicana à autoridade do papa.
b) rever todos os dogmas da Igreja católica, incluindo a indissolubilidade do sagrado matrimônio, através do Ato dos Seis Artigos.
c) aceitar as 95 teses de Martinho Lutero, que denunciavam as irregularidades da Igreja católica.
d) ambicionar assumir as terras e as riquezas da Igreja católica e enfraquecer sua influência na Inglaterra.
e) defender que o trabalho e a acumulação de capital são manifestações da predestinação à salvação eterna, como professava
Santo Agostinho.
6 (UFJF-MG) No início do século XVI, a Igreja católica passou por um amplo processo de reformulação doutrinal e administrativa,
chamado de Reforma católica (ou Contrarreforma). Paralelamente, as Coroas de Portugal e Espanha ajudavam no fortalecimento
da Igreja católica, mas também buscavam se transformar em instrumentos para a “salvação da humanidade” através da conquista
e da colonização de novas terras. Qual dos eventos abaixo NÃO faz parte deste contexto? c
a) O Concílio de Trento, que reuniu diversos religiosos com o objetivo de posicionar-se frente às críticas protestantes e reafirmar
os dogmas católicos.
b) A criação do Index Librorum Proibitorum, que se constituía numa lista de livros proibidos por atacar os dogmas católicos ou
atentar contra eles.
c) A difusão do “projeto colonizador”, segundo o qual o lucro era legítimo e o trabalho era uma vocação divina e que possibilitava HISTÓRIA
o acúmulo de riquezas, como sinal de predestinação.
d) O padroado real, através do qual os monarcas ibéricos eram autorizados a administrar os assuntos religiosos, tanto no reino
como nas terras de além-mar.
e) A fundação da Companhia de Jesus, uma vez que os jesuítas atuavam como educadores e catequizaram os povos nativos nas
colônias portuguesas e espanholas.
PARAPARA PRATICAR
PRATICAR 4 (UFC-CE) O calvinismo se destacou dentre as demais corren-
tes protestantes, uma vez que defendia:
1 (Ufla-MG) O processo de reformas religiosas teve início no sé- a) a valorização do próprio trabalho como um serviço de
culo XVI e suas causas podem ser, exceto: Deus, o que legitimava os anseios da burguesia.
b) a condenação ao individualismo, como uma reação aos
a) a venda de indulgências incentivada pelos protestantes, ideais burgueses, que ameaçavam a difusão das ideias
que aliavam a sua ética religiosa ao espírito do capitalismo reformistas.
que nascia. c) a concepção de combate à burguesia, que se manifes-
b) a mudança na visão de mundo como consequência do tava favorável à usura e ao controle dos gastos.
pensamento renascentista. d) o misticismo e a vida de reclusão em mosteiros, valori-
c) a presença de padres malpreparados intelectualmente, zando uma religiosidade apolítica.
que provocavam insatisfação nos fiéis. e) a desagregação dos ideais de fraternidade e respeito ao
d) a insatisfação da burguesia diante da condenação do ca- próximo, a fim de garantir a força da liberdade individual.
tolicismo para o lucro e os juros.
5 (FGV-SP) Foram elementos da Reforma católica no século XVI:
2 (Fuvest-SP) a) A tradução da Bíblia para as diversas línguas nacionais, a
m
Ene-3
C 1
“O senhor acredita, então”, insistiu o inquisidor, defesa do princípio da infalibilidade da Igreja e a proibição
H-1 “que não se saiba qual a melhor lei?” Menocchio respon-
do casamento dos clérigos.
deu: “Senhor, eu penso que cada um acha que sua fé b) A afirmação da doutrina da predestinação, a condenação
seja a melhor, mas não se sabe qual é a melhor; mas, das indulgências como instrumento para a salvação e a
porque meu avô, meu pai e os meus são cristãos, eu manutenção do celibato dos clérigos.
quero continuar cristão e acreditar que essa seja a me- c) A manutenção do latim como língua litúrgica, a reafirma-
lhor fé”. ção do livre-arbítrio e a eliminação do batismo como um
GINZBURG, Carlo. O queijo e os vermes. dos sacramentos.
São Paulo: Companhia das Letras, 1987. p. 113.
d) A tradução da Bíblia para as diversas línguas nacionais, a
O texto apresenta o diálogo de um inquisidor com um ho- abolição da confissão e a crítica ao culto das imagens.
mem (Menocchio) processado, em 1599, pelo Santo Ofício. A e) A manutenção do latim como língua litúrgica, o estabele-
posição de Menocchio indica: cimento do Tribunal do Santo Ofício e a criação da Com-
a) uma percepção da variedade de crenças, passíveis de se- panhia de Jesus.
rem consideradas, pela Igreja católica, como heréticas.
b) uma crítica à incapacidade da Igreja católica de combater 6 (PUC-MG) Leia estes trechos:
e eliminar suas dissidências internas. I. “Assim vemos que a fé basta a um cristão. Ele não precisa
c) um interesse de conhecer outras religiões e formas de cul- de nenhuma obra para se justificar.”
to, atitude estimulada, à época, pela Igreja católica. II. “O rei é o chefe supremo da Igreja [...] Nesta quali-
d) um apoio às iniciativas reformistas dos protestantes, que dade, o rei tem todo o poder de examinar, reprimir,
defendiam a completa liberdade de opção religiosa. corrigir [...] a fim de conservar a paz, a unidade e a
e) uma perspectiva ateísta, baseada na sua experiência tranquilidade do reino...”
familiar. III. “Por decreto de Deus, para manifestação de sua glória,
alguns homens são predestinados à vida eterna e ou-
3 (UFRGS-RS) A partir de 1517, Lutero e o papa Leão X en- tros são predestinados à morte eterna.”
volveram-se em vários conflitos entre si. O resultado dos A partir dessa leitura e considerando-se outros conhecimen-
confrontos foi: tos sobre o assunto, é correto afirmar que as concepções ex-
a) a abolição da servidão dos camponeses alemães. pressas nos trechos I, II e III fazem referência, respectivamen-
b) o aumento do comércio de indulgências na Alemanha. te, às doutrinas:
c) a constituição de uma Igreja protestante. a) católica, anglicana e ortodoxa.
d) o estabelecimento do celibato para os religiosos. b) luterana, anglicana e calvinista.
e) a permissão para que a Igreja católica interferisse nos c) ortodoxa, luterana e católica.
assuntos internos da Alemanha. d) ortodoxa, presbiteriana e escolástica.
4 As Grandes Navegações
Objetivos: O planeta Marte sempre exerceu sobre os habitantes da Terra um fascínio especial. Durante
certo tempo, imaginou-se que ele podia ser habitado. Conhecido também como planeta vermelho,
c Identificar os grupos
pensou-se depois que em suas terras áridas não houvesse vestígios de água.
sociais e os interesses
Esse enigma da Ciência chegou ao fim em 2008: o planeta Marte tem água, sim, embora na for-
que conduziram às
Grandes Navegações.
ma de gelo. O anúncio foi feito por técnicos da agência espacial norte-americana, Nasa, após análise
do material coletado na superfície do planeta pela sonda Phoenix.
c Conhecer os recursos Desvendar os mistérios do Universo tem sido um dos grandes desafios enfrentados pelos seres
técnicos, os esforços humanos há séculos, mas as pesquisas para a conquista do espaço interestelar tiveram início de fato
e as etapas que em meados do século XX. De lá para cá, governos de diversos países investiram milhões de dólares
envolveram a conquista em pesquisas e viagens ao espaço. Hoje, norte-americanos, russos e chineses, entre outros povos,
do Atlântico. continuam envolvidos nessas pesquisas e viagens.
De certa forma, a corrida espacial se assemelha às Grandes Navegações. Apesar de conservarem
c Reconhecer os principais
especificidades que os diferenciam historicamente, o desenvolvimento científico e tecnológico envol-
desdobramentos das
vido em ambas as empreitadas e a expansão dos territórios conhecidos são duas características co-
Grandes Navegações:
a chegada dos
muns a esses dois episódios da História. É dessas navegações audaciosas que falaremos neste capítulo.
europeus às Índias e ao
c Perceber o papel e
os interesses dos
nascentes Estados
Nacionais.
BETTMAN/CORBIS/LATINSTOCK
lendas sobre povos e lugares
desconhecidos. Uma delas, re-
produzida por monges e pere-
grinos, falava da existência do
chamado reino do Preste João,
rei cristão cujos domínios loca-
lizavam-se em algum ponto da
África Oriental ou da Ásia. Para
o governo português, esse reino
poderia ser importante aliado
de Portugal na luta contra os
muçulmanos.
O conhecimento a respeito
dos mares não era diferente. Mui-
tos europeus acreditavam que em
direção ao sul o mar seria habita-
do por monstros e estaria sempre
em chamas. Segundo essa crença,
aqueles que arriscassem cruzar o
Atlântico – conhecido como mar
Tenebroso – iriam se deparar
com o fim do mundo: em algum
ponto o oceano acabaria e daria
lugar a um enorme abismo.
Um oceano povoado de monstros
Em busca de rotas alternativas assustadores. Era assim o mar Tenebroso
O medo de se aventurar por essas regiões começou a mudar a partir de 1453, quando os turco- no imaginário dos europeus entre o fim
da Idade Média e o começo da Idade
-otomanos tomaram Constantinopla e dominaram o Mediterrâneo oriental, passando a cobrar altas Moderna. Nesta gravura de Sebastian
taxas das caravanas que cruzavam a região. Münster (século XVI), estão representados
Para escapar dessas cobranças, muitos mercadores europeus passaram a procurar rotas alterna- alguns desses monstros. Com as Grandes
HISTÓRIA
tivas em direção às Índias. Isso provocou uma grande busca por informações geográficas e marítimas. Navegações, o mar Tenebroso logo ficaria
conhecido como oceano Atlântico.
Nesse processo, quem saiu na frente foi Portugal.
Entre os fatores que explicam esse pioneirismo, podem ser destacados: a posição geográfica
do país, extremamente favorável às navegações, já que Portugal, banhado pelas águas do Atlânti-
co, era o reino mais ocidental da Europa; a existência de um poder centralizado e de um Estado
unificado, sem dissensões internas; e a longa experiência de pescadores e marinheiros lusitanos
na costa do Atlântico.
Política protecionista:
Essa relação entre a Coroa e a burguesia mercantil se consolidou de vez entre 1383 e 1385,
conjunto de medidas que se destina
quando ocorreu a Revolução de Avis, que expulsou de Portugal as forças de Castela e colocou no
ao incremento de economias nacio-
nais ou de seus setores. Alguns exem- trono dom João I, apoiado principalmente pela burguesia.
plos dessas medidas são: a taxação de Em 1415, o governo de dom João I resolveu ocupar Ceuta, importante entreposto comercial e
produtos estrangeiros; a isenção de militar situado no norte da África. A decisão tinha por objetivo tirar dos muçulmanos o controle do
impostos de exportação ou de outra comércio nessa região e colocá-lo em mãos portuguesas. Com a conquista de Ceuta, coordenada
natureza, de modo a permitir o exer-
cício de preços mais competitivos; a por um dos filhos do rei, o infante dom Henrique, teve início o processo de expansão ultramarina
determinação de um preço mínimo, de Portugal.
como garantia de compra, para os Após a conquista, dom Henrique foi agraciado com o título de grão-mestre da Ordem de Cristo,
produtos locais (especialmente na rica instituição religiosa cujo principal objetivo era “combater os infiéis” em qualquer lugar do mun-
agricultura); e o estímulo à importa-
ção de matéria-prima a baixo custo
do. Em Ceuta circulavam informações sobre a existência de ouro no reino do Mali, ao sul do Saara.
para o desenvolvimento de uma in- Atraído por essas informações – e pelo desejo de encontrar o reino do Preste João –, dom Henrique
dústria manufatureira, entre outros. planejou a conquista da costa oeste da África em direção ao sul, obtendo para isso financiamento
da Ordem de Cristo.
A tecnologia náutica
Entre os instrumentos utilizados pelos navegantes em suas viagens a partir do século XV, destacam-se a bússola, o quadrante e o
astrolábio. A primeira é uma agulha magnética que indica a direção do polo Norte e ajuda a identificar a posição percorrida pelo navio;
o quadrante é um arco graduado, de 45 graus, que fornece a latitude exata em que se encontra a embarcação. Já o astrolábio consiste
em um disco metálico ou de madeira, utilizado para determinar a posição do navio com base na das estrelas.
Juntamente com a invenção e o aperfeiçoamento desses instrumentos, os cartógrafos portugueses passaram a acompanhar os
navegadores em suas viagens com o objetivo de elaborar mapas mais precisos. Esses mapas acabaram se tornando objetos extrema-
mente cobiçados na Europa, pois continham informações geográficas que na época eram de conhecimento apenas dos portugueses.
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HISTÓRIA
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Lisboa
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1428 r Me
Ceuta diterrâneo ÁSIA
1415
Madeira
1420 Cabo Bojador
1434 Trópico de Câncer
Cabo
Verde
1456 ÁFRICA
GUINÉ
1434-1462
Equador
CONGO
1482-1485 Melinde
1498
FONTE: Grand atlas historique. Paris: Larousse, 2006.
Ba
rto
OCEANO
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ATLÂNTICO
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Moçambique
1498
as
Trópico de Capricórnio
Cabo da OCEANO
Boa Esperança ÍNDICO
1487
N
0 826
km
De pé sobre um escaler,
Cristóvão Colombo
despede-se dos reis
católicos (Isabel e
Fernando) no porto de
Palos, na Espanha atual.
Em sua viagem rumo ao
Oriente, Colombo
chegou a um continente
desconhecido dos
europeus e que logo
viria a se chamar
América. Gravura
Cristóvão Colombo
partindo para sua
primeira viagem, de
Victor A. Searles, 1892.
Navegando sempre em direção a oeste, no dia 12 de outubro do mesmo ano, Colombo avistou
terra firme. Acreditou ter chegado às Índias, mas suas embarcações haviam aportado em um con-
tinente desconhecido dos europeus e que posteriormente passou a ser conhecido como América.
Entre 1493 e 1502, Colombo realizou mais três viagens ao novo continente sob o patrocínio
da Espanha, mas as riquezas tão desejadas não foram encontradas. Em 1506, Colombo morreu em
Valladolid, na Espanha, abandonado, sem prestígio e certo de que encontrara o caminho para as Índias.
VEJA O FILME
O TRATADO DE TORDESILHAS 1492: a conquista do paraíso, de
O feito de Colombo levou os governos de Portugal e da Espanha a se envolverem em uma Ridley Scott. França, Espanha, Es-
disputa a respeito de qual dos dois reinos teria primazia sobre as “novas” terras. Como não chega- tados Unidos e Inglaterra, 1992. HISTÓRIA
(155 min).
vam a um acordo, os reis de Portugal e Espanha pediram ao papa Alexandre VI que servisse de juiz
na disputa. Em 7 de junho de 1494, com o testemunho do papa, representantes dos dois governos O filme narra a dedicação de Co-
lombo para empreender sua ex-
chegaram finalmente a um acordo e assinaram o Tratado de Tordesilhas.
pedição: da luta para conseguir
O acordo dividia o mundo em dois blocos, a partir de uma linha imaginária que ficava fundos da Coroa espanhola ao
370 léguas a oeste das ilhas de Cabo Verde (veja o mapa da próxima página). As terras já encon- encontro com os habitantes do
tradas, ou que viessem a sê-lo, a oeste desse marco pertenceriam à Espanha. As terras situadas a Novo Mundo.
leste seriam de Portugal.
PORTUGUESES NA AMÉRICA
ACESSE O SITE O sucesso da empreitada de Vasco da Gama estimulou novas viagens. Em 1500, após afastar-se
da costa africana, o navegador Pedro Álvares Cabral alcançou terras a oeste do Atlântico Sul, que
O mundo luso-brasileiro mais tarde passariam a ser chamadas de Brasil. No ano seguinte, o florentino Américo Vespúcio, a
Exposição virtual do Arquivo Na- serviço do rei de Portugal, mapeou essas terras, chegando à conclusão de que não faziam parte das
cional sobre a expansão maríti- Índias, mas sim de um novo continente que, em sua homenagem, passou a ser chamado América.
ma portuguesa. Disponível em:
Em 1519, o português Fernão de Magalhães, a serviço da Coroa espanhola, deu início à primeira
<http://tinyurl.com/8fwcrat>.
Acesso em: 15 dez. 2014. viagem ao redor da Terra. Morto em uma ilha do Pacífico, sua viagem de circum-navegação seria
completada por Sebastião Elcano, que estaria de volta à Espanha em 1522 (veja o mapa abaixo).
Á S I A
LINHA DO TRATADO DE TORDESILHAS
OCEANO
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Veneza
DO NORTE Açores
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1456 Calicute 1498 e Fer
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AMÉRICA ÁFRICA Cochim ães 1 de
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CENTRAL 1434-1462
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AMÉRICA Moçambique
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PACÍFICO
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1498
DO SUL Trópico de Capricórnio
FONTE: Grand atlas historique. Paris: Larousse, 2006.
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PARA CONSTRUIR
1 Os comerciantes europeus acreditavam que teriam lucros 2 (Vunesp) A propósito da expansão marítimo-comercial euro-
m
Ene-2
muito maiores se pudessem atingir postos comerciais nas peia dos séculos XV e XVI, pode-se afirmar que: c
C 8
H- Índias sem intermediários. Entretanto, eles permaneciam de- a) a Igreja católica foi contrária à expansão e não participou
pendentes dos entrepostos controlados pelos árabes. Com da colonização das novas terras.
base nessas informações, responda às questões:
b) os altos custos das navegações empobreceram a burgue-
a) Que obstáculos, reais ou imaginários, impediam os euro- sia mercantil dos países ibéricos.
peus de encontrar uma rota alternativa para chegar dire- c) a centralização política fortaleceu-se com o descobrimen-
tamente ao Oriente? to das novas terras.
Na Idade Média, os europeus não tinham conhecimentos d) os europeus pretendiam absorver os princípios religiosos
marítimos suficientes para se arriscar numa travessia pelo dos povos americanos.
oceano Atlântico, que eles chamavam de mar Tenebroso. e) os descobrimentos intensificaram o comércio de especia-
rias no mar Mediterrâneo.
Havia também poucas informações sobre o Oriente, a maioria
originária de fontes pouco confiáveis (em obras escritas por 3 (UFMG) Leia estas estrofes iniciais de Os lusíadas, poema data-
pessoas que não haviam estado na Ásia). O desconhecimento do de 1572.
provocava medo e insegurança, estimulando lendas de monstros As armas e os barões assinalados
marinhos e imensos abismos que destruiriam as embarcações.
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana,
E em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
b) Que acontecimento provocou a alteração desse quadro
E entre gente remota edificaram
e praticamente obrigou os comerciantes europeus a se
Novo Reino, que tanto sublimaram;
lançar à procura de outras rotas comerciais?
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
Em 1453, os turco-otomanos tomaram Constantinopla e dominaram
A Fé, o Império, e as terras viciosas
HISTÓRIA
o Mediterrâneo oriental. Essa mudança provocou um grande De África e de Ásia andaram devastando,
aumento nas taxas e nos impostos cobrados dos comerciantes E aqueles que por obras valerosas
europeus. Para contornar esse problema, muitos mercadores Se vão da lei da Morte libertando:
passaram a procurar ou financiar rotas alternativas em direção
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
às Índias.
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
5 Os impérios coloniais
Objetivos: O que a ilha de Santa Helena, Aruba e a Guiana Francesa têm em comum? O fato de pertence-
rem a potências europeias. Santa Helena, na África, é um território ultramarino da Inglaterra; a Guiana
c Conhecer a expansão
Francesa, na América do Sul, como o nome indica, é um domínio da França; e Aruba é uma ilha no
ultramarina
Caribe pertencente à Holanda.
empreendida pelos
Houve uma época em que as potências europeias detinham grandes impérios coloniais. Aruba,
europeus a partir do
Santa Helena e Guiana Francesa são uma reminiscência dessa época, durante a qual o interesse em
século XV.
dominar os mares, controlar fontes de ouro e prata e obter grandes lucros por meio do comércio
c Entender os conceitos marítimo despertou em países europeus o desejo de conquistar terras além-mar.
de pacto colonial e Passados cinco séculos, ainda hoje alguns desses países mantêm sob seu domínio territórios
mercantilismo. conquistados naquele período. A França, além da Guiana Francesa, controla as ilhas de Saint Pierre e
Miquelon (conquistadas em 1604), na América do Norte, Martinica e Guadalupe (ambas em 1635),
c Identificar as nações no mar do Caribe, e a ilha de Reunião (1642), na África.
europeias e as
No Caribe, a Inglaterra domina as ilhas Virgens Britânicas (conquistadas em 1672), Anguilla
regiões do mundo
(1650) e as ilhas Cayman (1670); já a Holanda possui, além de Aruba, as Antilhas Holandesas, ambas
envolvidas no processo
dominadas em 1636. Neste capítulo, estudaremos os fatores que levaram à expansão ultramarina de
expansionista.
potências europeias entre os séculos XV e XVII.
c Compreender os
desdobramentos do
processo expansionista,
considerando aspectos
culturais e econômicos.
WORLDFOTO/ALAMY/OTHER IMAGES
Atividade
Experimental
Acesse o Material Comple- O inglês é um idioma falado nas ilhas Cayman, território na região do Caribe, que desde o fim do século XVI
mentar disponível no Portal e encontra-se sob domínios da Inglaterra.
aprofunde-se no assunto. Na imagem, vemos uma placa de trânsito em inglês que alerta os motoristas a tomar cuidado com as iguanas,
que costumam atravessar a pista. Foto de 2008.
COLLECTION ROGER-VIOLLET/TOPFOTO
HISTÓRIA
Antigo planisfério português, precursor dos mapas modernos e no qual a superfície terrestre é representada num plano retangular.
Além de apresentar os continentes e os oceanos da forma como eram conhecidos, a parte inferior traz diversos tipos de embarcação.
O “PACTO COLONIAL”
Também contribuiu para que as ideias mercan-
tilistas vigorassem na Europa o fato de as potências
europeias terem conquistado, a partir das últimas
décadas do século XV, diversos territórios na África,
na Ásia e na América, transformando-os em colônias.
Esses territórios eram explorados nos termos
do chamado pacto colonial. Não se tratava propria-
mente de um pacto, já que não era resultado de ne-
gociações entre as partes, mas sim de uma imposi-
ção da potência conquistadora que regia as relações
entre as metrópoles europeias e suas possessões. Por
meio desse pacto não assinado, a metrópole trans-
formava as colônias em economias complementares
às suas, garantindo assim seu próprio enriquecimen-
to à custa dos territórios dominados.
Nos termos do pacto colonial, as colônias
ficavam proibidas de produzir artigos manufatu-
rados. A elas só eram permitidos a extração de
metais preciosos e o cultivo de plantas de interes- Vista do porto de Cádiz, na Espanha,
mostrando a comercialização de
se comercial em relação ao mercado europeu, como cana-de-açúcar, tabaco e algodão. A pro- mercadorias provenientes das
dução agrícola deveria ser vendida à metrópole, que garantia assim o monopólio do comércio “Índias Ocidentais”, ou seja, da América.
HISTÓRIA
desses produtos. Gravura francesa do século XVI.
Para impedir que as moedas saíssem de seu território, algumas metrópoles pagavam por esses
produtos com africanos escravizados. Na África, as pessoas capturadas eram quase sempre adqui-
ridas como escravos pelos traficantes europeus em troca de artigos manufaturados, como armas,
pólvora, ferro e rum. Essas relações mercantis integravam o chamado comércio triangular entre os
três continentes – África, Europa e América – e foi uma das principais bases do desenvolvimento
dos Estados europeus.
1 (Uerj – Adaptada) Nos mapas, estão indicadas as principais rotas comerciais europeias, respectivamente, na Baixa Idade Média e na
m
Ene-4
Idade Moderna. Comparando-os, percebem-se alterações significativas nesses caminhos a partir do século XVI, provocadas pela
C 8
H-1 chamada Revolução Comercial iniciada no século XV. Indique a mudança provocada pela Revolução Comercial e suas consequên-
cias econômicas para a Europa e para os demais continentes conhecidos à época.
A Revolução Comercial modificou o centro do comércio europeu dos mares interiores da Europa, como o Mediterrâneo, o Báltico e o Negro,
para os oceanos Atlântico, Índico e Pacífico. Com isso, houve um crescimento nos contatos interculturais que incentivou a troca de ideias. Além
disso, houve uma intensificação e um crescimento do comércio europeu.
2 (Cefet-SC) O historiador francês Fernand Braudel, referindo-se ao mercantilismo, afirma que este “reagrupa comodamente uma sé-
rie de atos, de atitudes, de projetos, de ideias, de experiências que marcam, entre o século XV e o século XVIII, a primeira afirmação
do Estado moderno em relação aos problemas concretos que ele tinha que enfrentar”.
Assinale a alternativa que expressa corretamente uma característica do mercantilismo. d
a) Pacto colonial, permitindo o pleno desenvolvimento interno e a liberdade político-administrativa da colônia.
b) Não intervencionismo estatal.
c) Incentivo à manutenção de uma balança comercial favorável, importando mais que exportando.
d) Intervenção do Estado, que se efetivou sob forma de protecionismo e de regulamentação da atividade econômica.
e) Monopólio concedido pelo Estado, que permitia a qualquer companhia de comércio, sem autorização da metrópole, vender
seus produtos na colônia.
3 As relações entre as metrópoles europeias e as colônias africanas e americanas foram regidas pelo chamado pacto colonial. Em
que consistia esse pacto?
O pacto colonial consistia num conjunto de princípios segundo os quais a metrópole tornava a economia das colônias complementar à sua,
garantindo assim seu próprio enriquecimento à custa dos territórios dominados. Nos termos do pacto colonial, de modo geral, as colônias
ficavam proibidas de produzir artigos manufaturados. A elas só eram permitidos a extração de metais preciosos e o cultivo de plantas de
interesse comercial para o mercado europeu, como cana-de-açúcar, tabaco e algodão. Toda a produção agrícola deveria ser vendida à metrópole,
que assim garantia o monopólio do comércio desses produtos. Para impedir que as moedas saíssem de seu território, as metrópoles, em geral,
pagavam por esses produtos com africanos escravizados. Na África, por sua vez, os escravos quase sempre eram adquiridos em troca de artigos
manufaturados, como armas, pólvora, ferro e rum.
ÁSIA
EUROPA
AMÉRICA
DO NORTE
PORTUGAL ESPANHA
Açores
Madeira
Ormuz (1515)
LINHA DO TRATADO DE TORDESILHAS
Os portugueses dominaram a maior parte do comércio ao longo do Índico por quase um sé-
culo, transportando para a Europa especiarias, chás, sedas, pedras preciosas e africanos escravizados.
Capturadas na África, essas pessoas eram enviadas como escravos também para as colônias portu-
guesas na América e nos Açores.
Aos poucos, porém, Portugal perdeu o controle do comércio com as Índias. Para esse declínio,
contribuíram o alto custo das viagens transoceânicas, a resistência muçulmana à presença portugue-
sa no Oriente e o processo de sucessão do trono português, que, em 1580, colocou Portugal sob o
domínio da Espanha no âmbito da União Ibérica.
Doenças em alto-mar
HISTÓRIA
Levamos quase três meses nesta travessia, enfrentando muitas calmarias e ventos contrários. Nesse tempo, todos adoe-
ceram das gengivas, que cresciam sobre os dentes de tal maneira que não podiam comer. As pernas inchavam e havia outros
grandes inchaços pelo corpo, que castigavam tanto a pessoa que ela acabava morrendo sem ter nenhuma doença. Nesses dois
meses e 27 dias, trinta homens morreram, sem contar os que já estavam mortos a essa altura. [...] Por isso, garanto que se a
viagem durasse mais uns 15 dias, logo não haveria quem conduzisse os navios.
VELHO, Álvaro. O descobrimento das Índias: diário da viagem de Vasco da Gama. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998. p. 108.
Piratas e corsários
Não demorou muito e os mares do Caribe e do Atlântico Sul passaram a ser navegados não
apenas por negociantes, mas também por piratas e corsários que assaltavam, sobretudo, embarca-
ções espanholas carregadas de metais preciosos.
Enquanto os piratas atuavam por conta própria e eram considerados fora da lei, a ação dos cor-
sários era autorizada pelo rei de seu país de origem, que para isso lhes entregava um documento co-
nhecido como carta de corso. Quando um ataque era bem-sucedido, o corsário entregava parte do
butim ao rei. No início do século XVII, a Holanda, por exemplo, contava com cerca de 130 corsários.
O governo da Inglaterra foi um dos que mais incentivaram o corso no Atlântico e no Caribe, prin-
cipalmente entre 1558 e 1603, época em que o país esteve governado pela rainha Elizabeth I. Alguns
piratas e corsários ingleses, como Thomas Cavendish, Francis Drake e Richard Hawkins, tornaram-se
famosos.
AS COMPANHIAS DE COMÉRCIO
GLOSSÁRIO
Aproveitando-se do declínio do poderio de Portugal e da Espanha, holandeses e ingleses deci- Sociedades anônimas:
diram, no início do século XVII, chegar às Índias contornando o sul da África. Para isso, criaram um
são empresas cuja principal caracterís-
tipo de organização pouco conhecido de lusos e castelhanos: as companhias de mercadores. tica é a atribuição de responsabilidade
Essas companhias eram empresas comerciais formadas por sociedades anônimas, algumas das aos sócios de acordo com o percen-
quais reuniam mais de trezentos associados, denominados acionistas. Os recursos recolhidos eram tual de capital que cada um deles pos-
sui. Esse capital se traduz no número
empregados no financiamento de expedições em direção ao Oriente, à América e à África e o lucro de ações de que cada um é proprie-
das viagens era dividido entre os acionistas. tário. A posse dessas ações pode ser
O governo inglês e o governo holandês delegavam a tais empresas poderes para comercializar, restrita (empresas de capital fechado,
conquistar, colonizar, administrar e defender territórios que estivessem sob seus domínios. Por causa normalmente familiares) ou de livre HISTÓRIA
acesso para compra por meio de ofer-
do grande aporte financeiro, essas companhias tinham capacidade de construir navios, contando ta em bolsas de valores (empresas de
muitas vezes com cais e armazéns próprios. capital aberto). As empresas que são
Algumas delas tiveram importante papel durante a expansão marítima da Europa. Foi o caso, sociedades anônimas têm, por força
por exemplo, da Companhia Inglesa das Índias Orientais, fundada em 1600. Nos Países Baixos de norma jurídica, de constituir um
estatuto social e, no caso das leis brasi-
(Holanda), se destacaram a Companhia Holandesa das Índias Orientais (1602) e a Companhia leiras de hoje, devem ser formadas por
Holandesa das Índias Ocidentais (1621). Graças a elas, no século XVII a Holanda assumiu a supre- pelo menos dois sócios.
macia no comércio transoceânico.
Durante o período em
que vigorou o mercantilismo,
as metrópoles enriqueceram e
desenvolveram suas economias,
à custa das colônias que se en-
contravam sob seus domínios.
Reúna-se com seu grupo de
colegas e, juntos, debatam as
seguintes questões: nos dias de
hoje, é possível dizer que existe
algum tipo de dominação de
um país sobre outro? Como
essa dominação se manifesta?
Países pobres podem exercer Puritanos ingleses conhecidos como pilgrims desembarcam do navio Mayflower na colônia de
Plymouth, Massachusetts, EUA, em novembro de 1620.
algum tipo de domínio sobre
países ricos? A efetiva colonização inglesa na América do Norte pode ser fixada em 1607, ano em
Escolham uma pessoa do que foi fundada a cidade de Jamestown, no atual estado da Virgínia. A colônia começou a
grupo, um relator, para regis- prosperar a partir de 1612, quando seus habitantes passaram a plantar tabaco, produto de
trar as respostas na forma de grande aceitação na Inglaterra. Em 1619, traficantes holandeses levaram para lá os primeiros
tópicos. Depois, com a ajuda africanos escravizados.
do professor, apresentem esses Em 1620, 102 ingleses desembarcaram do navio Mayflower (veja a imagem) e fundaram a
tópicos oralmente à classe. colônia de Plymouth, cerca de 750 quilômetros ao norte de Virgínia. Mais tarde, outros colonos
provenientes da Inglaterra fundariam novas colônias nas regiões adjacentes. O conjunto dessas
colônias ao norte da região de colonização inglesa ficaria conhecido como Nova Inglaterra. Uma
dessas colônias, Massachusetts, absorveria Plymouth algumas décadas depois.
VEJA O FILME Os colonos do Mayflower, assim como muitos outros que se instalaram na Nova Inglaterra,
eram calvinistas que, por não aceitarem a liderança religiosa do rei britânico – chefe da Igreja
Hábito negro, de Bruce Beres- anglicana –, sofriam perseguições na Inglaterra. Conhecidos como peregrinos, emigraram com
ford. Austrália e Canadá, 1991. o objetivo de exercer a liberdade de culto e fundar sua Igreja no Novo Mundo.
(101 min). Enquanto isso, os franceses, no começo do século XVII, fundaram um posto comercial
A história de um padre jesuíta e às margens do rio São Lourenço, origem da cidade de Quebec, no atual Canadá. Em 1626,
sua jornada pelo Canadá, em 1634, jesuítas franceses dirigiram-se para lá visando converter os nativos ao cristianismo. Esse núcleo
auxiliando indígenas amedronta-
colonial ficaria conhecido como Nova França.
dos por um homem misterioso.
PARA CONSTRUIR
4 Observe o mapa “Império Colonial Português (1500-1580)”, c) Com base no mapa e nas informações do capítulo, como
m na página 55. Com base nesse mapa, responda às seguintes é possível explicar a importância do comércio pelo oceano
Ene-2
C 6
H- questões: Índico?
Os portugueses tinham diversas colônias banhadas pelo oceano
a) Em quais continentes Portugal possuía colônias?
Índico, tanto na costa leste da África como no continente
Portugal mantinha colônias na África, na Ásia e na América.
asiático. As fortalezas e feitorias construídas nas áreas litorâneas
permitiram a Portugal controlar o comércio ao longo do Índico por
quase um século. A importância do comércio pelo oceano Índico
b) Cite pelo menos uma colônia em cada um desses conti- tinha por base as especiarias e outros produtos do Oriente, que
nentes.
eram levados para a Europa pelas caravelas portuguesas. De fato,
Resposta pessoal. Oriente os alunos a observar coletivamente o
pelas rotas comerciais portuguesas passavam especiarias, chás,
mapa, solicitando que falem em voz alta os nomes das colônias.
sedas, pedras preciosas e escravos africanos. A linha de feitorias
Trata-se de um exercício simples, mas que exige dos alunos uma e colônias portuguesas mostrada no mapa revela o domínio
observação mais prolongada do mapa. Outras informações português sobre essas rotas.
podem ser dadas ou solicitadas, como a localização dos oceanos, HISTÓRIA
as rotas comerciais descritas no texto, etc.
b) Por que alguns países da Europa, como a França, contes- A empreitada se realizou por intermédio dessas companhias de
tavam o Tratado? mercadores, constituídas como empresas comerciais e utilizando
Porque também estavam interessados na conquista de novas recursos privados dos seus acionistas. Os investimentos eram
terras e sentiam-se excluídos dessa partilha. transformados em financiamento para as expedições em direção ao
Oriente, à América e à África.
REPRODUÇÃO/FUVEST
5 Narre, em linhas gerais, como ocorreu o início da colonização
inglesa da América do Norte.
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR
6 O absolutismo monárquico
De quatro em quatro anos, os eleitores brasileiros vão às urnas escolher um novo presidente.
Objetivos:
Esse é o principal cargo do poder Executivo no país. Ele garante bastante poder a seu titular. Entretan-
c Compreender to, o presidente não governa a seu bel-prazer, segundo os ditames de sua vontade, nem é livre para
os processos de tomar decisões à revelia do povo. Não. Para governar, ele depende dos deputados e dos senadores
centralização que compõem o poder Legislativo e está sob constante fiscalização dos tribunais que integram o
política e formação poder Judiciário. Além disso, os três poderes se sujeitam às leis expressas na Constituição.
de monarquias Esse sistema de governo é característico de uma República presidencialista e é empregado tanto
absolutistas. no Brasil como em muitos outros países. Entretanto, no decurso da História, como já vimos, existiram
outras formas de governo.
c Conhecer as ideias,
Por volta do século XVI, por exemplo, surgiu em países da Europa um modo de governar bem
teorias e estratégias
diferente: o absolutismo monárquico. Nesse sistema, o poder concentrava-se nas mãos de um rei:
que serviram à
era ele quem governava o país, aplicava a justiça e modificava ou criava leis conforme seus próprios
legitimação da
concentração de
interesses. É esse sistema que estudaremos neste capítulo.
poderes do monarca.
ALAN MARQUES/FOLHAPRESS
c Identificar as
particularidades
históricas de alguns
dos principais Estados
absolutistas europeus.
O pagamento dos títulos (1615), tela do artista flamengo Pieter Brueghel, o Jovem (1564-1638). Nela estão representados funcionários do governo no ato de
cobrar títulos vencidos (à direita, procedendo à leitura de títulos, e à esquerda, no fundo, fazendo anotações por trás de um balcão). A obra remete à formação
da burocracia moderna, um dos instrumentos dos reis no processo de centralização do poder.
PARA CONSTRUIR
1 A formação dos Estados modernos está diretamente asso- por medo do castigo, ao cumprimento de seus pactos e ao
m ciada às crises econômica e política que marcaram a Europa respeito àquelas leis de natureza.
Ene-2
C 8 HOBBES, Thomas (1588-1679). Leviatã.
H- entre os séculos XV e XVIII. Explique como essas crises contri-
São Paulo: Abril Cultural, 1979. (Os Pensadores).
buíram para o fortalecimento do Estado moderno.
O príncipe não precisa ser piedoso, fiel, humano, ín-
A crise da produção agrícola e o aumento dos preços (inflação) tegro e religioso, bastando que aparente possuir tais qua-
provocaram fome e graves crises sociais na Europa a partir lidades [...]. O príncipe não deve se desviar do bem, mas
do século XVI. Ao mesmo tempo, as guerras religiosas entre deve estar sempre pronto a fazer o mal, se necessário.
MAQUIAVEL, Nicolau (1469-1527). O príncipe. Os Pensadores.
católicos e protestantes se somaram aos conflitos militares entre São Paulo: Abril Cultural, 1986.
os Estados que procuravam ampliar seus limites territoriais. Os dois fragmentos ilustram visões diferentes do Estado
Diante dessa situação, alguns pensadores políticos, como moderno. É possível afirmar que: a
Thomas Hobbes e Jacques Bossuet, argumentavam que somente a) ambos defendem o absolutismo, mas Hobbes vê o Estado
um Estado fortemente centralizado seria capaz de pôr fim à
como uma forma de proteger os homens de sua própria
periculosidade, e Maquiavel se preocupa em orientar o
desordem reinante. Essas ideias contribuíram para legitimar a
governante sobre a forma adequada de usar seu poder.
centralização do poder monárquico, já em curso desde a formação
b) Hobbes defende o absolutismo, por tomá-lo como a me-
das primeiras monarquias nacionais, a partir do século XI. lhor forma de assegurar a paz, e Maquiavel o recusa, por
não aceitar que um governante deva se comportar ape-
nas para realizar o bem da sociedade.
c) ambos rejeitam o absolutismo, por considerarem que ele
2 (Unifesp) impede o bem público e a democracia, valores que jamais
podem ser sacrificados e que fundamentam a vida em
O fim último, causa final e desígnio dos homens (que sociedade.
amam naturalmente a liberdade e o domínio sobre os ou- d) Maquiavel defende o absolutismo, por acreditar que os fins
tros), ao introduzir aquela restrição sobre si mesmos sob a positivos das ações dos governantes justificam seus meios
qual os vemos viver nos Estados, é o cuidado com sua violentos, e Hobbes o recusa, por acreditar que o Estado
própria conservação e com uma vida mais satisfeita. Quer impede os homens de viverem de maneira harmoniosa.
HISTÓRIA
dizer, o desejo de sair daquela mísera condição de guerra e) ambos defendem o absolutismo, mas Maquiavel acredi-
que é a consequência necessária (conforme se mostrou) ta que o poder deve se concentrar nas mãos de uma só
das paixões naturais dos homens, quando não há um po- pessoa, e Hobbes insiste na necessidade de a sociedade
der visível capaz de os manter em respeito, forçando-os, participar diretamente das decisões do soberano.
O absolutismo na França
A transformação da monarquia francesa em Estado absolutista teve início com Francisco I
(1515-1547) e acentuou-se com Henrique IV (1589-1610), primeiro rei da dinastia Bourbon. Além de
não convocar os Estados Gerais (assembleia de representantes da nobreza, do clero e da burguesia),
Henrique IV passou a vigiar os governadores das províncias e deixou de lado os grandes senhores
feudais, nomeando ministros saídos da burguesia. Ao mesmo tempo, estimulou o mercantilismo,
iniciou a colonização do Canadá e incentivou a agricultura e as manufaturas. Porém, foi com Luís XIV
(1643-1715) que o absolutismo francês assumiu sua forma máxima de expressão.
ARCANGELO PIAI/SOPA/CORBIS/LATINSTOCK
Política e propaganda
Dizia o pensador francês Montesquieu [1698-1755] que “o esplendor que envolve o rei é parte capital de sua própria pujança”.
As vestes, os objetos, a ostentação e os rituais próprios da monarquia são parte essencial desse regime, constituem sua representação
pública e, no limite, garantem sua eficácia.
Os monarcas foram os inventores do marketing político e fizeram escola. A propaganda surge como meio de assegurar a submissão
ou o assentimento a um poder. Com esse monarca, a glória, a vitória, o prestígio e a grandeza transformam-se em imagens suficiente-
mente fortes para garantir a estabilidade do reino e imaginar sua permanência futura.
Elaborada tal qual um grande teatro, um teatro do Estado, a atuação do rei se transforma em performance; seus trajes viram fantasia.
Na verdade, esculpida de maneira cuidadosa, a figura do rei corresponde aos quesitos estéticos necessários à construção da “coisa pú-
blica”. Sapatos de saltos altos para garantir um olhar acima dos demais, perucas logo ao levantar pela manhã, vestes magníficas mesmo
nos locais da intimidade; enfim, trata-se de projetar a imagem de um homem público, caracterizado pela ausência de espaços privados
de convivência. Tal qual um evento multimídia, o rei estará presente em todos os lugares, será cantado em verso e prosa, retratado nos
afrescos e alegorias, recriado como um deus nas estátuas e tapeçarias.
Exemplo radical do exercício e da manipulação simbólica do poder, a realeza evidencia, com sua etiqueta, a importância do
ritual na construção da imagem pública. A monarquia é, nesse sentido, um bom pretexto para a discussão dos vínculos entre política
e manipulação do imaginário simbólico, ou mesmo para a verificação de como a política se faz com a lógica da “razão prática”, mas
também, com a força de persuasão da “razão simbólica”. Prática de alguma forma datada, o ritual suntuoso da monarquia deixa ainda
mais evidente como a propaganda e a política mantiveram sempre relações de profunda e estreita afinidade.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. A fabricação do rei: a construção da imagem pública de Luís XIV. Revista de Antropologia. São Paulo: FFLCH/USP, v. 43, n.1, 2000.
Disponível em: <www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-77012000000100010&script=sci_arttext&tlng=pt>. Acesso em: 16 dez. 2014. Adaptado.
Os Stuart no poder
Elizabeth morreu em 1603 sem deixar herdeiros. Para ocupar o trono, foi chamado Jaime I
(1603-1625), da dinastia Stuart, rei da Escócia e primo de Elizabeth. Defensor da Teoria do Direito Di-
vino dos Reis, Jaime I governou de forma despótica, promovendo intensa perseguição aos puritanos
(calvinistas), muitos dos quais tiveram de se refugiar na América do Norte, onde fundaram novas
colônias. Quando o Parlamento recusou-se a conceder seu pedido de pensão vitalícia, o monarca o
dissolveu. Somente dez anos depois o Parlamento seria novamente convocado.
Após a morte de Jaime, assumiu o trono seu filho Carlos I (1625-1649), que acentuou o caráter
absolutista do Estado. À revelia do Parlamento, o novo rei criou taxas alfandegárias para garantir o
sustento da família real, impôs aos proprietários um empréstimo forçado à Coroa e perseguiu de
forma sistemática seus opositores.
HISTÓRIA
GEORGE GOWER/AKG-IMAGES/LATINSTOCK
Navios ingleses com explosivos foram
enviados contra a frota espanhola. Quando
estavam próximos, foram incendiados.
Temendo as explosões, os espanhóis
fugiram e acabaram derrotados.
Coroa, símbolo
da realeza.
As pérolas do colar
simbolizam a castidade.
Elizabeth não se casou,
sendo conhecida como
A mão da rainha repousa sobre Rainha Virgem.
a América, indicando o domínio
da Inglaterra sobre terras no
Novo Mundo.
AKG-IMAGES/LATINSTOCK
O primeiro czar da Rússia
Em 1547 ascendeu ao trono da Rússia Ivan IV, jovem de 17 anos que governaria até
1584. Primeiro príncipe moscovita a receber o título de czar (palavra oriunda de César,
dos antigos romanos), Ivan implantou um regime absolutista: subordinou a Igreja ao
Estado; fortaleceu o exército; estabeleceu relações comerciais com os reinos ocidentais;
e, por meio de forte repressão, submeteu a aristocracia ao seu poder.
Grande parte dos objetivos de Ivan IV foi conseguida graças aos métodos violen-
tos que empregava. Além dos inúmeros assassinatos praticados contra seus inimigos
e opositores, ele foi acusado de ter matado algumas de suas esposas e até mesmo seu
filho. Por causa desses métodos, ficou conhecido como Ivan, o Terrível.
PARA CONSTRUIR
3 Que circunstâncias políticas e que medidas adotadas fizeram a) a economia inglesa, diante da instabilidade política, teve
de Luís XIV o mais cristalino exemplo de monarca absolutista? um desenvolvimento irregular no século XIX, atrasando
sua industrialização frente a outros países.
Ao assumir plenamente o poder, em 1661, Luís XIV declarou que
b) a monarquia absolutista inglesa, reconhecendo suas li-
exerceria as funções de rei e primeiro-ministro da França, reduzindo mitações, tomou a iniciativa na criação do Bill of Rights,
drasticamente o poder do Conselho Real. Consolidou o exército evitando novas guerras civis no país.
permanente, proibiu as comunas de escolher seus representantes c) as medidas absolutistas insuflaram questionamentos na
sociedade inglesa, favorecendo mudanças e rupturas na
e implementou uma política econômica baseada no mercantilismo.
estrutura política do país.
Chamado de Rei Sol, cunhou a célebre expressão “O Estado sou eu”. d) as características absolutistas da monarquia inglesa a afas-
Essa concentração de poderes era acompanhada por diversas tavam do modelo constitucional que, desde o fim da Ida-
formas de culto à pessoa do rei, com um detalhado cerimonial de de Média, predominava na Europa.
saudações, uma estudada disposição dos nobres da Corte nas mesas 5 O absolutismo inglês chegou ao apogeu durante o governo
de cerimônias e rígidas regras de vestuário. Luís XIV mandou de Elizabeth I (1558-1603), que investiu no fortalecimento do
construir um suntuoso palácio em Versalhes para onde transferiu
poder e da imagem da monarquia e no incentivo às ativida-
des mercantilistas. Observe novamente o retrato da rainha
sua Corte, com cerca de 6 mil pessoas.
na página anterior e responda: que detalhes do quadro refor-
çam esses dois aspectos?
4 (UFU-MG) Entre os eventos que merecem destaque na con-
m solidação do absolutismo inglês estão o embate entre os York No retrato de Elizabeth, o poder da monarquia é revelado por meio
Ene-3
C 5
H-1 e os Lancaster, na Guerra das Duas Rosas, o controle dos no- do luxo e do esplendor das roupas e dos adereços (especialmente
bres por Henrique VII e, finalmente, as ações de Henrique VIII, as joias e a coroa, que representava o poder da realeza) exibidos
que rompeu com o papa e fundou a Igreja anglicana, mantida
pela rainha. Por outro lado, o apoio ao mercantilismo surge nas
sob sua tutela. Com a morte de Henrique VIII e a ascensão de
Elizabeth I, o absolutismo inglês conheceu seu período de ma- referências à destruição da armada espanhola pelos navios ingleses –
turidade. As ações de Elizabeth I e de seus sucessores, adotan- evento que se relaciona com a disputa pelos mares e pelas
HISTÓRIA
do medidas mercantilistas, criando companhias de comércio, riquezas da América. Além disso, a mão da rainha repousa sobre o
dissolvendo o Parlamento, exigindo pensão vitalícia e criando globo terrestre, indicando a forte presença inglesa no comércio
taxas, marcaram acontecimentos que culminaram, décadas
internacional e o poder da Inglaterra sobre suas colônias na América.
mais tarde, numa página da história da sociedade inglesa co-
nhecida como Revolução Gloriosa. Neste cenário: b
a) liberalismo.
PARAPARA PRATICAR
PRATICAR
b) socialismo.
c) Iluminismo.
1 Para consolidar o poder, os novos soberanos precisavam
d) Direito Divino.
m
Ene-3
enfraquecer o poder dos senhores feudais. Quais foram as
C 3
H-1 transformações jurídicas que deram sustentação à luta do rei e) calvinismo.
contra os senhores feudais? 5 (UFRGS-RS) Ao longo da Revolução Inglesa, ocorrida no sé-
culo XVII, emergiu um regime republicano, que durou cerca
2 (Unirio-RJ – Adaptada) O absolutismo monárquico mani-
de uma década, sob o comando de Oliver Cromwell, o “Lord
festou-se de formas variadas entre os séculos XV e XVII na
Protector” da Inglaterra.
Europa, através de um conjunto de práticas e doutrinas po-
lítico-econômicas que fundamentavam a atuação do Estado Sobre esse período republicano, é correto afirmar que:
nacional absoluto. Dentre essas práticas e doutrinas, identifi- a) a Inglaterra, enfraquecida pela transição de regime, ficou
camos corretamente a: à mercê das demais potências europeias, às quais foi obri-
a) condenação da doutrina política medieval que justificava gada a conceder uma série de vantagens comerciais.
a autoridade monárquica absoluta através do Direito Divi- b) Cromwell, no intuito de proteger a economia interna, ela-
no dos reis. borou diversas restrições comerciais que o colocaram em
b) concentração dos poderes de governo e da autoridade conflito direto com os holandeses.
política na pessoa do rei identificado com o Estado. c) a morosidade com que Cromwell implantou sua política
c) promoção política das burguesias nacionais, principais econômica contribuiu para a curta duração de seu governo.
empreendedores mercantis da expansão econômica e d) ele teve como particularidade o retrocesso do puritanis-
geográfica do Estado moderno absoluto. mo religioso, característica marcante nos tempos do mo-
d) adoção de práticas capitalistas e liberais como fundamen- narca Carlos I.
to da organização econômica dos impérios coloniais con- e) ele representou uma fase de distensão entre a Inglaterra e
trolados pelas monarquias europeias. as oposições irlandesas e escocesas.
e) rejeição dos princípios mercantilistas: dirigismo econômi-
PARA
PARA APRIMORAR
PRATICAR
co e protecionismo alfandegário.
7 Civilizações americanas
Objetivos: Você já imaginou como os astronautas se alimentam quando estão no espaço? As refeições
deles são muito parecidas com as nossas. Isso porque a Nasa, agência espacial norte-americana,
c Conhecer a variedade e
submete os alimentos a um processo de desidratação conhecido como liofilização, que permite
a complexidade social,
preservar qualquer tipo de alimento por muitos anos.
cultural e tecnológica
de algumas civilizações
Essa técnica é formada por duas etapas. Primeiramente, o alimento é congelado, para que a
pré-colombianas.
água que se encontra em suas células passe do estado líquido para o sólido. Em seguida, o alimento
congelado é aquecido e submetido a baixa pressão de ar. Com isso, a água, que estava em estado
c Ampliar a compreensão sólido, muda imediatamente para o estado gasoso.
sobre o conceito de Os produtos liofilizados não sofrem alterações de aroma, de sabor, nem do teor de vitaminas,
diversidade cultural, sais minerais e proteínas. Como são porosos, basta adicionar um pouco de água para que se reidratem
tanto no passado como e sejam consumidos.
no presente. A técnica utilizada pela Nasa é bastante antiga. Os povos incas, que viveram na América do
Sul há mais de 500 anos, praticavam a liofilização dos alimentos para garantir o sustento de sua
c Desenvolver uma
população.
visão crítica sobre
as sociedades
Neste capítulo, vamos conhecer mais sobre os incas e outros povos americanos (também cha-
pré-colombianas,
mados de pré-colombianos), que viviam na América antes da chegada dos primeiros europeus.
valorizando sua
NASA/REUTERS/LATINSTOCK
diversidade e sua
complexidade.
GLOSSÁRIO
Pré-colombianos:
expressão que designa os povos
(e suas culturas) que habitavam o
continente, que ficaria conhecido
como América, antes da chegada de
Cristóvão Colombo. Trata-se de uma
expressão eurocêntrica, pois estabe-
lece o antes e o depois de Colombo,
como se esse europeu fosse a grande
referência para abordar as civilizações
americanas, que já eram florescentes
muito antes de sua chegada ao conti-
nente que seria chamado de América. Astronauta Akihiko Hoshide prepara-se para comer uma refeição desidratada na cozinha do ônibus espacial
Discovery. Foto liberada pela Nasa em junho de 2008.
OS MAIAS
Na região hoje conhecida como América Central e na península de Yucatán, no sul do México ACESSE O SITE
atual, floresceu uma das culturas mais singulares: a civilização maia. Surgida por volta de 1800 a.C.,
essa civilização perduraria por mais de 3 mil anos, chegando a ocupar uma área de quase 500 mil Panoramas.dk
quilômetros quadrados (veja o mapa abaixo). Visitas virtuais a diferentes ci-
Entre 250 e 900 d.C., a civilização maia atingiu o apogeu, obtendo grandes avanços científi- dades do mundo. Oferece vi-
cos, tecnológicos, sociais e artísticos. As cidades cresceram, e algumas delas chegaram a abrigar são em 360º da antiga cidade
até 60 mil pessoas, como Tikal, na atual Guatemala. Outros importantes centros urbanos eram maia de Chichén Itzá, no atual
México. Disponível em: <www.
Uxmal, na península de Yucatán, onde foi construído um grande conjunto cerimonial, e Etzná
panoramas.dk/7-wonders/
(México atual), famosa por seu sistema de canais para a captação de água pluvial. Cada centro Chichen-Itza.html>. Acesso em:
urbano se constituía em cidade-Estado autônoma, com um governo próprio, sem que houvesse 17 dez. 2014.
um poder centralizado para toda a sociedade maia.
OCEANO
ATLÂNTICO
Chichén Itzá
Uxmal
Golfo do
México
PENÍNSULA
DE YUCATÁN
Etzná
FONTE: Grand atlas historique. Paris: Larousse, 2006.
Tikal
Mar do
Palenque Caribe
HISTÓRIA
OCEANO
PACÍFICO
AMÉRICA CENTRAL
Limites da 0 110
sociedade maia
km
Códice: outros. A observação dos astros tornou-se atividade significativa. Como resultado de seus estudos, os
palavra derivada do termo latino astrônomos maias mediram com precisão o ciclo do Sol, da Lua e de Vênus e desenvolveram dois calendá-
codex, que significa “tabuinha de es- rios: um ritual, de 260 dias, e outro civil, de 365 dias. Além disso, criaram seu próprio zodíaco, de 13 signos.
crever”, ou “manuscrito”, e é utilizada Nesse período, os maias instituíram um sistema numérico que incluía o número zero e inven-
para denominar documentos como
taram o mais avançado sistema de escrita da América pré-colombiana. Essa escrita, de caracteres
os dos astecas. Os códices são com-
postos de folhas articuladas umas às hieroglíficos, é encontrada em códices, monumentos e estelas. A arte também ganhou impulso,
outras, formando uma espécie de livro. destacando-se os objetos de cerâmica, as esculturas de barro e de jade e as pinturas murais que
retratam diversos aspectos da vida religiosa da população.
Sociedade e religião
A sociedade maia encontrava-se rigidamente hierarquizada. No topo da pirâmide social, fica-
vam o chefe de Estado e seus familiares. Conhecido como halach-uinic, ele acumulava as funções de
líder civil, militar e religioso. Cada cidade-Estado tinha seu próprio halach-uinic. Abaixo dele vinha a
nobreza, que ocupava os principais cargos administrativos, religiosos e militares. Dessa camada social
faziam parte também os grandes comerciantes. Em seguida, encontravam-se os guerreiros, artistas e
artesãos. Na camada inferior, situavam-se os camponeses e a população pobre. Na base da pirâmide,
estavam os escravos, em geral, prisioneiros de guerra.
A religião desempenhava papel preponderante entre os maias. Politeístas, eles costumavam fazer
oferendas e sacrifícios humanos a seus deuses, entre os quais sobressaíam Itzam Na, que simbolizava
o céu e a Terra, Ixchel, deusa da Lua, e Chaac, divindade da chuva. Em homenagem a esses e a outros
deuses, os maias ergueram inúmeros templos e santuários religiosos.
Por volta de 900, a península de Yucatán começou a sofrer invasões de outros povos, entre os
quais os toltecas. Quando os espanhóis chegaram, no fim do século XV, as cidades maias encontravam-
-se abandonadas e seu povo, disperso. Fatores como escassez de alimentos, desmatamento, alterações
climáticas e guerras são apontados como algumas das razões do colapso da sociedade maia.
Esse colapso, entretanto, não significou a extinção do povo maia. Seus descendentes vivem
atualmente nos territórios ocupados pela antiga sociedade maia. São cerca de 4 a 5 milhões de
pessoas, a maioria das quais formada por camponeses. Apesar da destruição de suas cidades, as
comunidades maias lutam ainda hoje para conservar suas antigas crenças e tradições.
OCEANO
ATLÂNTICO
Trópico de Câncer
AMÉRICA
DO
NORTE
Golfo do México
Tenochtitlán
Lago Texcoco
Lago
Chalco
FONTE: Grand atlas historique. Paris: Larousse, 2006.
GLOSSÁRIO
AMÉRICA Aristocracia:
CENTRAL
para o filósofo grego Platão (427 a.C.-
-347 a.C.), o termo designava uma
forma de governo em que o poder
estaria nas mãos dos melhores indi-
OCEANO víduos de uma sociedade (aristoi 5
PACÍFICO
melhores 1 kratos 5 comando ou
domínio). Para seu discípulo, Aristó-
N Império asteca teles (384 a.C.-322 a.C.), aristocracia
Afluência significava governo de poucas pes-
0 189
Influência soas. Ela seria uma das três formas
km
clássicas de governo – as outras eram
a monarquia (governo de uma só
pessoa) e a democracia (governo de
Estrutura social todos ou da maioria). Posteriormente, HISTÓRIA
aristocracia passou a designar uma
O governo asteca era exercido por um monarca eleito entre a nobreza hereditária. Comandante
camada social formada principalmen-
supremo do exército, ele governava com o apoio de um conselho constituído por chefes militares. te de grandes proprietários rurais. A
Estes últimos, juntamente com os altos funcionários públicos e os religiosos, compunham a nobreza. partir da Idade Média, na Europa, es-
Abaixo dessa aristocracia, estavam os grandes negociantes, conhecidos como pochtecas. Apenas sas pessoas tornaram-se portadoras
de títulos de nobreza, como conde,
eles podiam chegar até a região do golfo do México e à costa do Pacífico para vender seus produtos – marquês, barão, duque, etc. Nesse
ervas medicinais, joias, perfumes, etc. Ao retornarem, traziam consigo pedras preciosas, peles de jaguar caso, tornou-se sinônimo de nobreza.
e puma e plumas de quetzal, uma ave rara das florestas. Como moeda, utilizavam sementes de cacau.
A cidade de Tenochtitlán
A economia asteca tinha por base a agricultura, mas o comércio e o artesanato
eram igualmente importantes. Além dessas fontes de renda, o Estado dispunha dos
tributos periodicamente pagos pelos povos subjugados. Graças a essas riquezas, Te-
nochtitlán passou por profundas reformas urbanísticas, com ampliação do perímetro
urbano e a abertura de canais fluviais navegáveis.
Ao mesmo tempo, engenheiros e trabalhadores astecas construíram aquedutos de
pedra destinados ao transporte de água potável, além de pirâmides e templos religiosos,
uma vez que a religião desempenhava papel primordial no dia a dia da população. Para
os astecas, todos os acontecimentos em torno da vida e da morte eram decorrentes da
ação de um deus.
Até 1521, ano em que Tenochtitlán foi conquistada pelos espanhóis, a civilização as-
Representação do deus asteca da chuva, teca constituiu um verdadeiro império, que abarcava quase todo o centro do atual território
Tlaloc, em vaso de cerâmica policromado mexicano, estendendo-se do Pacífico até o golfo do México.
encontrado no México atual, com Cerca de 15 milhões de pessoas viviam no interior desse império, espalhadas pelos campos e
datação provável do século XV. O vaso faz
parte do acervo do Museu Templo Maior, por quinhentas cidades. Em 1500, somente Tenochtitlán tinha aproximadamente 200 mil habitantes,
na Cidade do México. Foto de 2009. quase cinco vezes mais do que possuía Londres, a maior cidade europeia da época.
G. DAGLI ORTI/DEA/ALBUM/LATINSTOCK
Recortes de uma página
do Pequeno livro das ervas
medicinais dos índios,
descrevendo as propriedades
medicinais de várias plantas
usadas pelos astecas. O
livro foi traduzido da língua
asteca para o latim por
Juan Badiano, por isso
também é conhecido como
Manuscrito badianus. O
manuscrito, de 1552, esteve
durante alguns séculos na
Europa e foi devolvido pelo
papa João Paulo II ao México
e está agora na biblioteca
do Instituto Nacional de
Antropologia e História, na
Cidade do México.
PARA CONSTRUIR
[...] Os mercadores que negociavam em ouro possuíam o e altos funcionários do Estado, nos quais se aprendia a escrever e a
metal em grão, tal como vinha das minas, em tubos trans- ler usando os caracteres pictográficos, recebiam-se aulas de poesia,
parentes, de forma que ele podia ser calculado, e o ouro retórica e astrologia e aprendia-se o ciclo dos calendários. As demais
valia tantas mantas, ou tantos xiquipils de cacau, de acor-
crianças tinham aulas nas telpochcalli, cujo objetivo principal era
do com o tamanho dos tubos. Toda a praça estava cercada
por piazzas sob as quais grandes quantidades de grãos formar jovens guerreiros. Por isso, embora esses alunos também tives-
eram estocadas e onde estavam, também, as lojas para as sem aulas de religião, cantos e danças, o foco estava no ensino do
diferentes espécies de bens. uso das armas, das técnicas militares e da disciplina para a guerra.
Este texto foi escrito pelo cronista espanhol Bernal Diaz Del Além disso, os estudantes das telpochcalli trabalhavam no cultivo
Castilho, em 1519, sobre a cidade asteca de Tenochtitlán. A das terras coletivas, nas obras públicas (reparos em valetas e canais,
partir dele, é correto afirmar que, na época, os astecas: e
por exemplo) e na construção de casas ou templos, além de
a) estavam organizados a partir de uma economia domésti- serem os responsáveis pela conservação e pela limpeza de suas
ca, coletora e caçadora.
HISTÓRIA
próprias escolas.
b) tinham uma economia comercial e de acumulação de
metais preciosos (ouro) pelo Estado.
c) tinham uma economia monetária que estimulava o de-
senvolvimento urbano e comercial.
Trópico de Capricórnio
ANDES político, religioso e cultural.
A origem do império
Tucumán O Império Inca chegou a reunir cerca de cem povos distintos. Todos
N eles encontravam-se subordinados a um soberano, o sapa inca (“único
0 414
inca”) ou intip cori (“filho do Sol”). Adorado como verdadeiro deus, o Inca
km exercia o poder com a ajuda de um conselho formado por pessoas de sua
família. Seus parentes ainda ocupavam os cargos mais elevados da admi-
Extensão do Império
Inca em 1525 nistração pública, como os de juiz, general e sacerdote.
Estradas A maioria da população era formada por lavradores, pois a produção
agrícola era a base da vida econômica. Ao casar-se, cada lavrador recebia
do curaca de sua aldeia um lote de terra no qual cultivava principalmente
milho, batata-doce, abacate, amendoim e batata. Além de garantir seu sustento, os camponeses eram
obrigados a trabalhar nas obras públicas e nas terras do Inca e a prestar serviço militar.
As aldeias, chamadas de ayllu, constituíam a comunidade básica. Nelas viviam os camponeses e
suas famílias. Além dos lotes individuais, havia terras de uso coletivo, nas quais os camponeses criavam
a alpaca – mamífero do qual obtinham lã para a fabricação de tecidos – e a lhama, utilizada princi-
palmente como meio de transporte de carga. Esses
PHOTOS.COM/JUPITER
Engenharia inca
O abastecimento das diversas regiões do império era feito por meio de um sistema de estradas
que ligava o território inca de norte a sul e de leste a oeste. Segundo pesquisas recentes, essas estradas
totalizavam de 30 a 50 mil quilômetros de extensão.
Ao longo delas, havia postos de correio separados uns dos outros por alguns quilômetros. Em
cada posto, havia um mensageiro, conhecido como chaski. Quando ele recebia uma mensagem, corria
ao posto mais próximo e a retransmitia ao chaski de plantão. Este, por sua vez, passava o comunicado
ao mensageiro do posto seguinte e assim sucessivamente até o destino final.
Além de estradas, os engenheiros e os trabalhadores incas ergueram cidades, templos e palácios.
Eles desenvolveram uma técnica que permitia a sobreposição de grandes blocos de pedras sem a
utilização de nenhum tipo de argamassa. As cidades mais desenvolvidas contavam com sistemas de
água encanada e esgoto.
Algumas dessas obras resistiram à ação do tempo, ao vandalismo e aos terremotos e ainda
estão de pé. Um dos exemplos mais significativos é Machu Picchu, cidade encravada no alto de
uma montanha no Peru e considerada o principal conjunto arquitetônico pré-colombiano do
continente americano.
Os quipos
Os incas não desenvolveram uma escrita formal. Para questões de contabilidade, no entanto,
eles criaram os quipos, sistema no qual as informações eram registradas por meio de feixes de cordas
de tamanhos e cores diferentes e com diversos nós. Os quipos permitiam aos funcionários do império
armazenar informações relativas às safras agrícolas, ao pagamento de impostos, entre outros.
No que se refere à criação artística, os incas se destacaram principalmente por seus trabalhos
de cerâmica, tecelagem e ourivesaria. Seus artífices tinham grande experiência na manipulação da
HISTÓRIA
prata, sabiam fazer ligas de cobre e trabalhavam com a platina, ainda desconhecida na Europa. Mas o
metal com o qual elaboraram suas peças de maior valor artístico foi o ouro. Com ele, confeccionavam Portal
adornos, estátuas e ídolos religiosos. O ouro também foi empregado na decoração de muitos palácios SESI
Educação www.sesieducacao.com.br
e templos, principalmente os de Cuzco.
Politeístas, os incas mumificavam seus mortos e acreditavam que todas as divindades haviam Acesse o portal e explore a imagem
sido criadas por um deus chamado Wiraqocha. No entanto, entre os muitos deuses de seu panteão, o A família inca.
Sol – Inti – era a divindade de maior importância. O imperador era considerado o “único filho do Sol”.
A conquista da América
do Norte pelos europeus
foi marcada pela violência
e pelo extermínio dos
seus antigos habitantes.
Na foto, representantes
do povo cheyenne
reúnem-se diante da
Assembleia Legislativa
do Colorado, nos Estados
Unidos, para homenagear
seus antepassados. Foto
de 2000.
PARA CONSTRUIR
1 (Ufscar-SP) A mandioca, a batata-doce, a araruta, o milho, o 4 (UEL-PR) Os astecas sacrificavam prisioneiros de guerra para
m
Ene-1
feijão, o amaranto e o amendoim são utilizados como ali- alimentar seus deuses. O capturado tinha seu coração arran-
C 3
H- mentos atualmente, porque foram: cado, era decapitado e tinha seu sangue bebido pelo captor
a) cultivados como fontes alimentares das primeiras civili- que, depois, levava o corpo para casa, esfolava-o, comia-o
zações agrícolas que se fixaram nos vales dos rios Nilo e com milho e vestia sua pele.
Eufrates há 5 mil anos. É correto afirmar que estes rituais no mundo dos astecas
b) cultivados inicialmente na África por volta de 3 mil anos eram de ordem simbólica, uma vez que:
atrás e difundidos nos séculos XV e XVI pelos europeus.
a) os vencidos deveriam pagar um tributo de sangue aos as-
c) alimentos básicos das primeiras comunidades agrícolas
tecas, que viam a si próprios como deuses.
que se tornaram sedentárias há 7 mil anos no Oriente
Próximo. b) os sacerdotes astecas exigiam oferendas de sangue para
que não faltasse alimento em seus templos.
d) domesticados por populações que desenvolveram a agri-
cultura na América há pelo menos 6 mil anos. c) um grande número de sacrifícios representava um reforço
e) modificados geneticamente por comunidades agrícolas do abastecimento alimentar, evitando a carestia.
da Europa mediterrânea nos últimos 2 mil anos. d) o captor do prisioneiro se vingava do inimigo, comendo
suas carnes e vestindo sua pele.
2 Organize um quadro comparativo entre a estrutura social dos e) os deuses exigiam oferendas do bem mais precioso
maias e a dos astecas. que os homens possuíam, a vida, para que o mundo
O quadro organizado deve apresentar, em linhas gerais, a hie- fosse preservado.
rarquia social de maias e astecas. Note que, entre os maias, 5 (Ufes)
o chefe de Estado estava acima da nobreza e dos grandes m
Ene-3 Quando as embarcações de Colombo aportaram na
comerciantes. Já entre os astecas, a nobreza tinha poder até C 1
H-1
América, de fato não a “descobriram”, pois muita gente já
de escolher o monarca e o conselho militar, estando acima
vivia em nosso continente. O que de fato ocorreu foi a
dos grandes comerciantes.
integração da América ao continente europeu, ou, mais
3 (Fatec-SP) Os astecas davam o nome de chinampas: exatamente, à sociedade mercantil.
Há quem pense que essa integração foi um favor que
HISTÓRIA
a) às habitações feitas de adobe, construídas com vários andares.
os europeus “civilizados” prestaram aos indígenas
b) aos canais de água utilizados para irrigar a terra nas re- “bárbaros”. Isto não é verdade. As sociedades nativas eram
giões desérticas do litoral.
socialmente muito complexas e desenvolvidas e sua incor-
c) aos terraços sustentados por paredes de pedra que visa- poração teve custos humanos imensos, graças a massacres
vam evitar a erosão. cruéis perpetrados pelos cristãos “civilizados” da Europa.
d) às ilhas artificiais formadas com lama amontoada e forra- PINSKY, J. et al. História da América através de textos.
da com relvas e arbustos. São Paulo: Contexto, 1991. p. 11.
8 A conquista espanhola
Objetivos: Todos os anos, nos meses de agosto e setembro, milhares de pessoas vão às ruas da cidade
de Carhuamayo, na província de Junín, no Peru, para assistir à tradicional Festa Patronal. Trata-
c Identificar a expansão
do cristianismo e a
-se de uma celebração realizada há mais de um século, marcada por apresentações de danças e
exploração de metais músicas tradicionais, corridas de touros, cerimônias religiosas e outros eventos.
preciosos como alguns Um dos pontos altos da festividade é a encenação de uma peça de teatro ambientada no início
dos principais fatores do século XVI. Essa história tem base, principalmente, nas narrativas orais. Descreve o encontro entre
que motivaram a o imperador inca Atahualpa e um grupo de conquistadores espanhóis. O ápice da peça ocorre com
colonização espanhola a representação da captura e da morte do imperador inca.
no continente A tensão observada no encontro entre Atahualpa e os espanhóis não é ficção. O contato entre
americano. a população indígena, que vivia no continente americano, e os espanhóis, que desembarcaram no
c Compreender as
continente a partir de 1492, foi extremamente violento e culminou em guerras e mortes.
principais causas do Neste capítulo, veremos como foi a chegada dos espanhóis à América e quais foram os impactos
extermínio de grande da conquista para os povos indígenas.
parte da população
CARHUAMAYO.COM/ARQUIVO DA EDITORA
indígena.
c Conhecer as
estratégias de
resistência dos povos
nativos ao domínio
espanhol.
c Ampliar a compreensão
em torno de conceitos
como etnocentrismo e
da diversidade cultural.
HISTÓRIA
OS ASTECAS SUBJUGADOS
Entre os espanhóis que chegaram a Hispaniola em 1504, estava um jovem de apenas 19 anos
chamado Hernán Cortez. Quinze anos depois, em fevereiro de 1519, Cortez atravessaria o golfo do
México para conquistar o território asteca. Levava consigo mais de 600 homens, 32 cavalos e dez
canhões e sua principal motivação era o ouro que se dizia existir nas cidades dos antigos mexicas.
Ao desembarcarem em território hoje pertencente ao México, em abril do mesmo ano, Cortez e
seus homens tiveram o primeiro contato com os astecas. Eram emissários do imperador Montezuma.
Segundo uma antiga profecia asteca, naquele ano deveria chegar à região o deus Quetzalcóatl – a
serpente emplumada. Por isso, no começo, os astecas pensaram que os espanhóis eram deuses e os
presentearam com ouro.
DIEGO DURÁN, 1579/BIBLIOTECA NACIONAL, MADRI/THE BRIDGEMAN ART LIBRARY
Representação do encontro de Hernán Cortez com o governante asteca Montezuma em miniatura do manuscrito Historia de los indios, de
Diego Durán, 1579. À direita, Cortez recebe presentes de Montezuma.
VICE-REINO
DA CAPITANIA-GERAL OCEANO
NOVA ESPANHA DA FLÓRIDA ATLÂNTICO
(1535)
CAPITANIA-GERAL
Trópico de Câncer DE CUBA
CAPITANIA-GERAL
DA VENEZUELA
CAPITANIA-GERAL
DA GUATEMALA
VICE-REINO
DE
NOVA GRANADA GUIANAS
Equador (1717)
FONTE: World history atlas: Mapping the Human Journey. London: Dorling Kindersley, 2005.
VICE-REINO
OCEANO DO PERU
PACÍFICO (1543)
Trópico de Capricórnio
VICE-REINO
DO
RIO DA PRATA
(1776)
CAPITANIA-GERAL
DO CHILE
HISTÓRIA
0 717
km
HISTÓRIA
A invasão do Império
Entre 1528 e 1529, Pizarro deu início à sua terceira expedição em busca do Império Inca. Ao
chegar a Tumbes, encontrou a cidade completamente deserta: grande parte da população havia
sido dizimada por uma doença “que deixava marcas na pele”: era varíola, transmitida aos nativos
pelos espanhóis da segunda expedição. Até mesmo o imperador Huayana Cápac falecera devido à
moléstia. Sua morte deixara o Império Inca em guerra, provocada pela disputa do poder entre seus
dois filhos, Atahualpa e Huascar.
Ao saber dessas notícias, Pizarro seguiu para Cajamarca, cidade a 2 750 metros acima do nível
do mar, onde estava Atahualpa. O encontro entre ambos ocorreu no dia 16 de novembro de 1532.
GLOSSÁRIO
Arcabuzes: O Inca se fazia acompanhar de um exército de cerca de 80 mil guerreiros. Pizarro contava apenas
armas de fogo, de cano curto e largo. com 168 homens.
Usada do final do século XV até o iní- Armados de espadas e arcabuzes e montados em cavalos, animais que os incas desconheciam,
cio do século XVII, foi a primeira arma os homens de Pizarro mataram milhares de guerreiros incas e tiveram apenas cinco baixas. Capturado,
de fogo portátil. Atahualpa foi preso e assassinado no ano seguinte. Quando Atahualpa morreu, em julho de 1533, seu
irmão, Huascar, também já estava morto. Assim, os incas escolheram um novo líder, Manco Cápac,
eleito com o aval dos espanhóis.
Cápac logo percebeu que
GIRAUDON/THE BRIDGEMAN ART LIBRARY/KEYSTONE
HISTÓRIA
Fac-símile de um códice colonial produzido na segunda metade do século XVI intitulado Lienzo de Tlaxcala. Os habitantes de
Tlaxcala eram aliados indígenas dos espanhóis durante a conquista. Na imagem, está reproduzida a Batalha de Michoacan,
entre espanhóis e seus aliados contra os astecas, que resistiam.
1 (UPE) Com relação às áreas Mesoamérica e Andina, no perío- quentes do golfo e o vale do México, que decidiu apoiar as
do colonial, é correto afirmar que os(a): d expedições de Cortéz, depois de tê-las combatido. Sobre a
a) maias se constituíram em um grande Império, chegando obra Lienzo de Tlaxcala, é correto afirmar que: a
a ser comparado ao Império Grego. a) pertence tanto à tradição autóctone – ausência de pers-
b) astecas, do ponto de vista político, viviam sob um Conselho pectiva, representação dos índios de perfil – como adota
Supremo, muito distante de um modelo de Monarquia. elementos do estilo ocidental – marcas de ferraduras que
c) maior parte das realizações artísticas das culturas andinas sinalizam os deslocamentos dos cavaleiros espanhóis, tí-
foi conservada pelos espanhóis. tulo que serve como legenda.
d) espanhóis, à medida que penetravam no interior do con- b) evidencia a autenticidade da arte tlaxcalteca frente à
tinente, surpreendiam-se com o alto nível de organização ofensiva espanhola, mantendo a percepção e a lingua-
econômica, política e religiosa dos povos ameríndios. gem autóctones intactas, uma vez que o Ocidente não
e) emancipação das colônias espanholas significou a liberta- está representado na imagem.
ção do povo de Tupac. c) evidencia o baixo grau de desenvolvimento da arte nas
sociedades pré-colombianas se comparada à arte euro-
2 Explique como as doenças trazidas pelos espanhóis concor-
peia, que conhecia a perspectiva em profundidade e téc-
m
Ene-6
reram para o extermínio da população indígena.
C 7 nicas bem mais avançadas de representação da vida nas
H2
-
Além da guerra e da escravidão, parte da população indígena morreu obras dos artistas do Renascimento.
ao entrar em contato com doenças levadas pelos europeus e contra as d) ilustra a imagem dos tlaxcaltecas como vencidos pelo
domínio espanhol, a adoção de uma posição de subor-
quais não tinham anticorpos (defesas). Afirma-se que muito mais
dinação humilhante, e a legitimação da sua traição à re-
ameríndios morreram abatidos pelos germes eurasianos (isto é,
sistência dos povos indígenas contra o domínio espanhol
surgidos na Europa e na Ásia em tempos remotos) do que pelas no Novo Mundo.
armas de fogo e espadas europeias nos campos de batalhas.
4 (FGV-SP) Uma antiga profecia maia, datada do século XIII, afir-
As doenças epidêmicas eurasianas desenvolveram-se a partir das mava: “a terra queimará e haverá grandes círculos brancos no
doenças de rebanhos domesticados, com os quais os eurasianos céu. A amargura surgirá e a abundância desaparecerá. A época
conviviam de longa data. Assim, os europeus não teriam conseguido mergulhará em graves trabalhos. De qualquer modo, isso será
visto. Será o tempo da dor, das lágrimas e da miséria. É o que
vencer tantos nativos das Américas sem o “auxílio” dos germes
está por vir”.
desenvolvidos no passado a partir de sua convivência com os
Frei Bartolomeu de Las Casas, teólogo e missionário domi-
animais domésticos.
nicano espanhol (século XVI), retomou essa curiosa profecia
3 (UFU-MG) Observe atentamente a imagem, os vários ele- para retratar um episódio marcante para a história da Améri-
m mentos que a compõem e a forma de composição. ca e do próprio Ocidente. Trata-se: a
Ene-1
C 5
H- a) da conquista da América pelos espanhóis, que resultou
ARCHIVES CHARMET/THE BRIDGEMAN ART LIBRARY/
KEYSTONE/COLEÇÃO PARTICULAR
1 A imagem abaixo é uma pintura do artista renascentista Rafael cadas na pintura, reforçando a ideia de que Rafael Sanzio era
Sanzio (1483-1520). O trabalho foi uma encomenda da Igreja e um pintor pouco expressivo no conjunto das produções do
representa o casamento da Virgem Maria com São José. Obser- Renascimento.
ve a imagem e escolha a alternativa correta sobre a imagem e 2 Thomas Hobbes (1588-1679) foi um dos mais importantes teó-
a arte renascentista. b ricos do absolutismo monárquico. Leia o trecho abaixo, de sua
obra Leviatã, e depois escolha a alternativa correta sobre o tema: d
95
QUADRO DE IDEIAS Direção editorial: Renata Mascarenhas
Coordenação editorial: Tatiany Renó
Edição: Camila De Pieri Fernandes (coord.), Tatiane
Godoy; Colaboração: Eliete Bevilacqua
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Carvalho
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Revisão: Hélia de Jesus Gonsaga (ger.), Letícia Pieroni
(coord.), Danielle Modesto, Marília Lima, Marina Saraiva,
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na França, em A Contrarreforma
Portugal e na católica Azevedo, Gislane
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Espanha a 12 : história ; professor / Gislane Azevedo, Reinaldo
Seriacopi. -- 3. ed. -- São Paulo : Ática, 2017.
GISLANE AZEVEDO
Mestre em História Social pela Pontifícia Universidade Católica de
São Paulo. Professora universitária, pesquisadora e ex-professora
de História do Ensino Fundamental e Médio nas redes pública e
privada. Jabuti 2013 na categoria didáticos.
REINALDO SERIACOPI
Bacharel em Língua Portuguesa pela Faculdade de Filosofia, Letras
e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo e em Jornalismo
pelo Instituto Metodista de Ensino Superior (IMS-SP). Editor especia-
lizado na área de História. Jabuti 2013 na categoria didáticos.
HISTÓRIA
MÓDULO
Idade Moderna I: da formação do Estado moderno à
conquista espanhola (14 aulas)
MÓDULO ou representações da
diversidade do patrimônio
Idade Moderna I: da formação do cultural e artístico em diferentes
Estado moderno à conquista sociedades
cc Avaliar criticamente conflitos
espanhola culturais, sociais, políticos,
econômicos ou ambientais ao
longo da História.
Plano de aulas sugerido
Carga semanal de aulas: 2
Número total de aulas do módulo: 14 As competências e habilidades do Enem estão indicadas em
questões diversas ao longo do módulo. Se necessário, explique
aos alunos que a utilidade deste “selo” é indicar o número da(s)
competência(s) e habilidade(s) abordada(s) na questão, cuja
Competências Habilidades área de conhecimento está diferenciada por cores (Linguagens:
cc Compreender as cc Analisar a ação dos
laranja; Ciências da Natureza: verde; Ciências Humanas: rosa; Ma-
transformações dos espaços Estados nacionais no que
geográficos como produto das se refere à dinâmica dos
temática: azul). A tabela para consulta da Matriz de Referência
relações socioeconômicas e fluxos populacionais e no do Enem está disponível no portal.
culturais de poder. enfrentamento de problemas
cc Compreender os elementos de ordem econômico-social.
culturais que constituem as cc Comparar o significado
identidades. histórico-geográfico das 1. A FORMAÇÃO DO ESTADO MODERNO
cc Compreender a produção
organizações políticas e
e o papel histórico das socioeconômicas em escala Objeto do conhecimento
instituições sociais, políticas e local, regional ou mundial. Formas de organização social, movimentos sociais, pensamento
econômicas, associando-as aos cc Interpretar historicamente político e ação do Estado.
diferentes grupos, conflitos e e/ou geograficamente fontes
movimentos sociais. documentais acerca de Objeto específico
cc Entender as transformações Revoluções sociais e políticas na Europa moderna.
aspectos da cultura.
técnicas e tecnológicas cc Identificar registros de práticas
e seu impacto nos
de grupos sociais no tempo e AULA 1 Páginas: 4 a 8
processos de produção,
no espaço.
no desenvolvimento do
conhecimento e na vida
cc Analisar o papel da justiça como
O fortalecimento do poder real e a Guerra
instituição na organização das
social.
sociedades.
dos Cem Anos
cc Analisar a atuação dos
Objetivos
movimentos sociais que
contribuíram para mudanças Reconhecer a formação das monarquias nacionais na Europa a par-
ou rupturas em processos de tir do século XI.
disputa pelo poder. Caracterizar o conflito entre a Inglaterra e a França, conhecido
cc Identificar os significados como a Guerra dos Cem Anos.
histórico-geográficos das
relações de poder entre as Estratégias
nações.
Ao tratar da formação das primeiras monarquias nacionais euro-
cc Analisar fatores que
2 GUIA DO PROFESSOR
delimitação de territórios é fruto de um processo histórico, aspecto AULA 2 Páginas: 9 a 12
estudado nesse capítulo.
O processo de formação das monarquias nacionais teve início com Os muçulmanos na península Ibérica, a
o fortalecimento do poder real, que permitiu aos monarcas: deter o formação de Portugal e o nascimento da
comando do exército, submeter à sua autoridade os poderes e as Espanha
populações locais, consolidar a justiça real, unificar a moeda. Vale
salientar que esse processo não ocorreu ao mesmo tempo nem do Objetivo
mesmo modo nas monarquias que se constituíram no período es- Descrever a formação dos dois Estados nacionais da península Ibérica:
tudado no capítulo. Portugal e Espanha.
Retome alguns conceitos relacionados com o renascimento comer-
Estratégias
cial e urbano. Leia com eles o tópico “O fortalecimento do poder real”
(página 5) e destaque as razões da dificuldade de unificação política A centralização política das monarquias de Portugal e Espanha
e de expansão comercial. sugere considerações como a participação da Igreja católica nesse
Fale sobre as estratégias dos burgueses para superar as dificul- processo e a relação entre centralização do poder e território. O
dades comerciais impostas no sistema feudal. Analise o fortale- estudo das monarquias ibéricas, em particular, pode ser útil para
cimento da figura do rei em contraponto ao período histórico a percepção da historicidade das fronteiras políticas dos atuais
anterior. Estados nacionais. Esse entendimento torna-se ainda maior ao
No caso da Inglaterra, as reações da nobreza tiveram consequên- se trabalhar com os mapas “A Reconquista (séculos IX a XIII)”, da
cias importantes nos rumos das disputas políticas, com a imposição página 9.
ao rei da Carta Magna. Leia o tópico “Cristãos versus mouros” (página 9) e problematize
Leia com a classe o tópico “A Inglaterra sob os normandos” e o o significado e o processo de consolidação da Reconquista ibérica.
subtópico “A Carta Magna e o Parlamento inglês” (página 6). Exami- Ilustre a discussão com os mapas “A Reconquista (séculos IX a XIII)”
ne a questão da diminuição do poder dos senhores feudais, durante e analise a influência árabe na península Ibérica.
a invasão dos normandos, e as reações desse segmento social para Leia o tópico “A formação de Portugal” (página 10) com os alunos. Ao
recuperar sua força política. explicar o processo político que deu origem ao reino de Portugal, ressalte
Problematize com os alunos os objetivos da Carta Magna. Ressalte a disputa com o reino de Castela. Esclareça que a Revolução de Avis
a estrutura e o processo de criação do Parlamento inglês. contribuiu para o fortalecimento da burguesia e do Estado portugueses.
Leia com os alunos o tópico “As origens da França” e o subtópico A leitura do boxe “Os muçulmanos na península Ibérica” (pági-
“Confronto com a Igreja” (página 7). Discuta com eles a unificação na 10) coloca os alunos em contato com a influência árabe nessa
dos feudos franceses. Fale sobre o prestígio político que o rei conquis- região, decisiva para o pioneirismo ibérico nas Grandes Navega-
tou, adotando novas medidas administrativas e conseguindo impor ções. O “Enquanto isso...” (página 12) também aborda uma im-
seu poder sobre o papado. portante herança árabe: os algarismos indo-arábicos, que estão
Na França, com a ampliação da autoridade real, verificou-se a nas origens de nosso sistema numérico. Proponha aos alunos a
restrição ao poder do clero e dos senhores feudais. Isso permitiu ao descrição de alguns elementos que demonstrem a influência dos
rei favorecer o comércio e trazer para sua administração represen- povos árabes no Brasil.
tantes da burguesia. No processo de consolidação da monarquia No caso da Espanha, destaca-se a aliança dos reis com a Igreja ca-
francesa, merece destaque a atuação de Joana d’Arc, que contribuiu tólica. É significativo desse fato que os reis de Aragão e Castela, cuja
para a formação de um sentimento de identidade nacional entre a união constituiu o primeiro passo para a formação da Espanha mo-
população. Sobre isso, as informações do boxe “A Guerra dos Cem derna, ficaram conhecidos como “reis católicos”. A possibilidade de
Anos” (página 8) ampliam os conteúdos. Problematize as causas do atuar em nome da Igreja e de sua autoridade, com a implantação do
conflito e suas consequências. Explique a construção do conceito Tribunal do Santo Ofício, e o empenho para expulsar os povos não
de “nação” e a difusão, na França, das ideias de identidade nacional cristãos do território (muçulmanos e judeus), trouxe grande força
nesse período. para a monarquia espanhola.
O boxe contribui também para o debate atual sobre a equação Leia com os alunos o tópico “A Espanha e a Inquisição” (página
“território, povo, Estado, nação”, no que este se refere, por exemplo, a 11). Enfatize o significado da divisão espanhola em diversos reinos e a
questões relacionadas a povos como os curdos e os palestinos, que aliança entre Aragão e Castela. Problematize a instituição do Tribunal HISTÓRIA
lutam para formar seus próprios Estados. do Santo Ofício na Espanha e suas consequências.
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as
atividades 1 a 3 do “Para construir” (página 8). atividades 4 a 7 do “Para construir” (páginas 12 e 13).
4 GUIA DO PROFESSOR
Leia também com os alunos o subtópico “Os mecenas” (página 20) e serão abordados. Quais eram as religiões monoteístas difundidas na
defina quem eram e que função desempenhavam em relação às artes. Europa até o século XIV? Até essa data, qual era a Igreja dos cristãos?
Além da valorização do ser humano e de sua individualidade, outras O significado da cisão pode ser compreendido a partir da percep-
mudanças artísticas podem ser observadas no boxe “As três dimensões ção de que, até o século XIV, a cristandade tinha uma única Igreja:
da pintura” (página 21), que comenta a inovação na perspectiva e propõe a católica (com duas vertentes – romana e ortodoxa). Foi o movi-
a comparação entre duas imagens. Pode-se ainda propor aos alunos que mento de reforma que deu origem a novas Igrejas cristãs, algumas das
folheiem o livro, observando as imagens dos capítulos anteriores. quais atuam no Brasil, como é mencionado na abertura do capítulo.
Leia com os alunos o subtópico “Renovação literária” e o boxe “Os tipos A Igreja católica tornara-se alvo de críticas devido a disputas polí-
móveis de impressão” (páginas 22 e 23). Relacione as condições econô- ticas, corrupção, acusações de ordem moral, venda de indulgências,
micas, sociais e culturais com o grande avanço literário renascentista. Fale etc. O boxe “A venda de indulgências” (página 28) contém informa-
sobre os grandes nomes da literatura e cite suas principais obras. ções sobre essa prática realizada pelo clero nessa época. É nesse con-
Peça aos alunos que comentem o progresso que a invenção dos texto que se organizam a Reforma luterana e a Reforma calvinista.
tipos móveis representou para a arte editorial. Estimule-os ainda a No caso da Reforma de Lutero, dois aspectos podem ser salienta-
falar sobre alguns elementos da produção literária nos dias atuais e dos: a rápida difusão de suas ideias com o uso da imprensa; e a moti-
sobre o papel da cultura escrita. vação dada às revoltas envolvendo camponeses, cavaleiros e nobres
Por fim, a leitura do “Enquanto isso...” (página 23) pode ajudar os de poucos recursos. A leitura do boxe “Convulsão social no Sacro
alunos a perceber que os indígenas tinham seu próprio modo de ler Império” (página 30) e do texto da atividade 2 do “Para construir”
e interpretar o céu. (página 31), acrescentará subsídios ao estudo desse tema.
Divida a sala em dois grandes grupos e proponha um debate sobre Faça a leitura, com os alunos, do tópico “As 95 teses de Lutero”
a influência dos meios de comunicação de massa na construção da (página 29) e peça a eles que elaborem um texto de opinião sobre a
cultura. Peça a um grupo que indique os aspectos positivos e a outro prática da venda de indulgências na ocasião da Reforma e a mercan-
que aponte os aspectos negativos. tilização da religião nos dias atuais.
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as Destaque a proporção que as denúncias de Lutero tiveram na so-
atividades 5 a 8 do “Para construir” (página 24). ciedade renascentista.
Problematize com a classe a tese luterana que sustenta a existência
Tarefa para casa de senhores e servos, classes antagônicas, como resultado dos desíg-
Solicite aos alunos que façam em casa as atividades 5 e 6 do “Para nios de Deus. Analise a imagem sobre a revolta de Thomas Münzer
praticar” (página 25) e 3 e 4 do “Para aprimorar” (página 26). (página 30), relacionando-a com as afirmações de Lutero.
Leia com os alunos o subtópico “Protestantes × católicos” (página 30)
e analise a expansão das ideias luteranas. Discuta com eles o signifi-
3. A REFORMA PROTESTANTE cado do termo “protestantismo”.
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as
Objeto do conhecimento atividades 1 a 3 do “Para construir” (página 31).
Formas de organização social, movimentos sociais, pensamento
político e ação do Estado. Tarefa para casa
Objeto específico Proponha que os alunos elaborem um texto sobre a liberdade religiosa.
Revoluções sociais e políticas na Europa moderna. Solicite aos alunos que façam em casa as atividades 1 a 3 do “Para
praticar” (página 38) e 1 e 2 do “Para aprimorar” (página 39).
AULA 5 Páginas: 27 a 30
AULA 6 Páginas: 32 a 36
Causas da Reforma protestante
O calvinismo, a Igreja anglicana e a
Objetivos Contrarreforma
Identificar as causas que levaram à Reforma protestante.
Analisar aspectos da consolidação protestante. Objetivos
Caracterizar o calvinismo.
Estratégias Descrever as consequências das guerras religiosas na França.
HISTÓRIA
Este capítulo trata do processo que levou à ruptura da unidade do Descrever o nascimento da Igreja anglicana.
cristianismo na Europa ocidental, com a formação de novas Igrejas. Analisar a Contrarreforma.
Com a Reforma, a Igreja católica, instituição mais poderosa da Europa
na Idade Média, passa a dividir seus seguidores com luteranos, calvi- Estratégias
nistas, anglicanos, entre outros. O calvinismo foi de grande valia para a burguesia, que encontrou
Antes de começar o estudo do capítulo, a discussão de algumas justificação moral e religiosa para sua riqueza, numa época em que a
questões pode contribuir para a compreensão dos conteúdos que usura era condenada pela Igreja católica.
6 GUIA DO PROFESSOR
“O consumo consciente de alimentos”, (página 52). O texto oferece
Sobre a tecnologia náutica e a invenção da caravela, leia o uma explicação sobre a importância das especiarias na conservação
Texto 2 da seção Textos Complementares deste Guia. dos alimentos, o que ajuda a compreender seu grande valor comer-
cial no começo da Idade Moderna. Com base nessa abordagem, é
Tarefa para casa possível discutir um tema premente no mundo contemporâneo: o
desperdício de alimentos. Embora pareça evidente a relevância do
Solicite aos alunos que façam em casa as atividades 1 a 5 do “Para
tema, situações formais de ensino-aprendizagem como a que se pro-
praticar” (páginas 48 e 49) e 1 e 2 do “Para aprimorar” (página 49).
põe são oportunidades privilegiadas para refletir sobre tais questões
e para amadurecer a consciência da necessidade de práticas em con-
sonância com essa reflexão.
5. OS IMPÉRIOS COLONIAIS
No tópico “O mercantilismo” (página 53), os alunos terão acesso
aos princípios gerais que o nortearam (metalismo, balança de co-
Objeto do conhecimento
Diversidade cultural, conflitos e vida em sociedade.
mércio favorável e protecionismo). O texto do capítulo ressalva que
esses princípios variaram de país para país. Pode-se propor aos alunos
Objeto específico que leiam o tópico “Espanha e o El Dorado” (página 56), para que
A conquista da América; conflitos entre europeus e indígenas na
tenham uma noção da importância que representava a posse de me-
América colonial; a escravidão e as formas de resistência indígena
tais preciosos (metalismo). Conhecer os princípios do mercantilismo
e africana na América.
auxiliará os alunos a compreender o conceito de pacto colonial no
contexto das relações estabelecidas entre colônia e metrópole.
AULA 8 Páginas: 50 a 53 Na relação metrópole × colônia, regida pelo pacto colonial, vale
observar que à colônia só era permitido negociar com a respectiva
Revolução Comercial, mercantilismo e metrópole, tanto na venda como na compra de produtos. Desse
Pacto Colonial modo, a metrópole garantia para si o abastecimento de produtos
Objetivo primários e, ao mesmo tempo, um mercado de consumo sem con-
corrência para seus produtos manufaturados.
Descrever a importância das navegações para o crescimento do
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as
intercâmbio comercial entre nações e continentes. atividades 1 a 3 do “Para construir” (página 54).
Estratégias Tarefa para casa
Este capítulo trata da expansão comercial e territorial promovida Solicite aos alunos que façam em casa as atividades 1 a 3 do “Para
por nações europeias, que formaram impérios coloniais nos séculos praticar” (páginas 60 e 61) e 1 e 2 do “Para aprimorar” (página 61).
XVI e XVII.
A realização de uma pesquisa sobre a atual situação econômi-
AULA 9 Páginas: 55 a 59
ca e social de Santa Helena, Guiana Francesa e Aruba, regiões às
quais a abertura do capítulo faz menção, pode ser utilizada para Impérios coloniais
motivar os alunos no estudo do capítulo. Atualmente, como é a
relação econômica entre essas possessões e os respectivos países Objetivos
a que pertencem? Essas possessões têm autonomia nas relações Explicar a importância e as consequências da conquista de novas
comerciais com outros países? Como são suas condições sociais? terras por Portugal e Espanha.
Ao final do estudo do capítulo, pode-se verificar mudanças e per- Descrever a formação de companhias de comércio.
manências nas relações estabelecidas entre certas potências e seus
domínios territoriais. Estratégias
No processo de expansão ultramarina, um dos principais aspectos No que diz respeito à extensão do domínio português, do qual o
a se considerar é o grande deslocamento de pessoas de continen- Brasil atual era apenas uma das colônias, recomenda-se a leitura do
tes diferentes através dos oceanos. Essa foi uma época de grandes mapa “Império colonial português (1500-1580)” (página 55) para que
transformações, em que se definiu um novo tipo de relação política os alunos tenham noção do que representava esse império.
(metrópole e colônia) marcada por intenso intercâmbio, desde co- O boxe “Primeiras colônias na América do Norte” (página 58) é
HISTÓRIA
nhecimentos técnicos e científicos até gêneros alimentícios. particularmente importante para que os alunos conheçam as origens
Comente o tópico “A Revolução Comercial” (página 51) e discuta dos Estados Unidos e do Canadá.
com a classe as transformações decorrentes das Grandes Navegações. Igualmente importante para a compreensão do expansionismo de
Mencione que o contato entre as diferentes culturas estimulou uma outras potências europeias, além de Portugal e Espanha, é o tópico
mudança no pensamento da época. “As companhias de comércio” (páginas 57 e 58), que trata das orga-
Para melhor compreensão do intenso intercâmbio entre os conti- nizações econômicas de particulares. Ricas e poderosas, essas com-
nentes por essa época, pode-se propor aos alunos que leiam o boxe panhias tiveram grande influência nos rumos das disputas territoriais.
8 GUIA DO PROFESSOR
Tarefa para casa estrutura: suas características urbanas, sociais e religiosas; sua intensa
Solicite aos alunos que façam em casa as atividades 3 a 5 do “Para atividade comercial; seu sistema de escrita e sua produção científico-
praticar” (página 72) e 3 do “Para aprimorar” (página 73). -artística. O mapa “Sociedade maia no século XV” (página 75) pode
ser usado para destacar os quase 500 mil quilômetros quadrados que
essa civilização ocupou.
7. CIVILIZAÇÕES AMERICANAS No estudo sobre a civilização asteca, se destaca a trajetória de domi-
nação desse povo sobre outros. Como será estudado no capítulo 8, esse
Objeto do conhecimento aspecto será importante para o processo de dominação imposto pelos
Diversidade cultural, conflitos e vida em sociedade. espanhóis sobre as sociedades que já habitavam o território americano.
Objeto específico Ainda no tópico sobre os astecas, duas informações permitem
A conquista da América; conflitos entre europeus e indígenas na perceber o grau de complexidade que alcançou essa sociedade: a
América colonial; a escravidão e as formas de resistência indígena capital asteca, Tenochtitlán, reunia milhares de pessoas e possuía uma
e africana na América. significativa estrutura administrativa; o calendário asteca, de 365 dias,
exemplifica o elevado conhecimento de Astronomia.
Proponha aos alunos que façam individualmente ou em grupos as
AULA 12 Páginas: 74 a 79
atividades 1 e 2 do “Para construir” (página 79).
As sociedades maia e asteca Tarefa para casa
Objetivos Solicite aos alunos que façam em casa as atividades 1 a 3 do “Para
Apresentar algumas culturas nativas da América. praticar” (página 83) e 1 e 2 do “Para aprimorar” (página 84).
Identificar as diferenças e as semelhanças entre maias e astecas.
AULA 13 Páginas: 80 a 82
Estratégias
Neste capítulo serão abordadas algumas das sociedades que se O Império Inca
desenvolveram no continente americano antes da chegada dos eu-
Objetivos
ropeus. A complexidade e a riqueza que algumas delas alcançaram
podem ser evidenciadas, entre outros aspectos, devido ao desen- Caracterizar o Império Inca.
volvimento científico e tecnológico e à organização social que algu- Identificar as diferenças e as semelhanças entre maias, astecas e incas.
Analisar a riqueza cultural e os diferentes costumes dos povos
mas dessas sociedades alcançaram. Essa percepção pode ser um dos
americanos.
fundamentos para introduzir e valorizar o conceito de diversidade
cultural. Nesse sentido, pode-se fazer um bom trabalho em relação Estratégias
ao termo “índio” – cunhado pelos europeus para designar qualquer O estudo sobre os incas, por sua vez, além de resgatar importantes
indivíduo pertencente aos povos que habitavam a América no mo- aspectos dessa sociedade, pode servir para introduzir algumas no-
mento da chegada de Colombo – que não reconhece nem valoriza ções que serão utilizadas também em outros contextos de estudo.
a diversidade desses povos. Os habitantes do continente americano Nesse momento, a acepção de império (Império Inca) remete à do-
não constituíam um só povo indígena, mas formavam realmente so- minação de diferentes povos e territórios sob controle de um povo
ciedades distintas, com identidades próprias, muitas das quais se re- e de um governo central. Tal tarefa pode se tornar mais evidente por
lacionavam entre si, às vezes na forma de disputas ou de dominação, meio do mapa “Império Inca no século XVI” (página 80), que eviden-
outras por meio de trocas comerciais e culturais. cia o poderio desse povo.
O texto central do capítulo se inicia colocando-nos em conta- Com a leitura do texto de abertura do capítulo, os alunos terão
to com alguns aspectos de sociedades do continente americano mais uma oportunidade de perceber como a cultura de uma antiga
que floresceram muito antes da chegada dos europeus. Nesse sociedade pode sobreviver ao tempo e ser incorporada por outros
sentido, pode-se retomar com os alunos a relação entre agricul- grupos humanos. Nesse caso, é destacada uma técnica para con-
tura e sedentarismo, que colaborou para o desenvolvimento de servação de alimentos desenvolvida pelos incas que se mantém em
estruturas sociais mais complexas, em virtude: 1) da fixação em uso até hoje e é reconhecida pela Nasa (instituição que desenvolve
um território, evitando deslocamentos frequentes; 2) da produ- e detém algumas das mais modernas tecnologias do planeta) como
HISTÓRIA
ção de alimentos que garantissem a subsistência do grupo e que uma forma muito eficaz de garantir a nutrição de seus astronautas.
pudessem ser trocados com outros povos; 3) da maior disponibi- Já por meio da leitura do subtópico “Engenharia inca” (página 81)
lidade de mão de obra e de tempo para outras atividades, como é possível evidenciar o alto grau de desenvolvimento tecnológico
artesanato, comércio, defesa do território, guerras de conquista, alcançado por essa sociedade.
religião, gestão política, ciência, etc. Explique que os incas não desenvolveram um sistema de escrita.
Sobre os maias, além do fato de essa sociedade ter perdurado por Chame também a atenção para os trabalhos de metal elaborados
mais de 3 mil anos, merece ser destacada a complexidade de sua pelo povo inca e ressalte o uso do ouro em suas criações.
10 GUIA DO PROFESSOR
pelos vícios que poderiam fazê-lo perder seus domínios, evitando os reconquista da península Ibérica, e parecem ter sido desenvolvi-
outros se for possível; se não for, poderá praticá-los com menores das e usadas com fins militares de combates aos mouros e mais
escrúpulos. Contudo não deverá preocupar-se com a prática escan- tarde aos espanhóis, nas guerras de independência. Em 1384, já
dalosa daqueles vícios sem os quais é difícil salvar o Estado; isso existem relatos de combates entre embarcações portuguesas e
porque, se refletir bem, será fácil perceber que certas qualidades que castelhanas.
parecem virtudes levam à ruína, e outras que parecem vícios trazem Segundo consta, tais embarcações, na verdade, não passavam
como resultado o aumento da segurança e do bem-estar. de barcas e barinéis, mas que no entanto dariam origem às famo-
MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Apud: ARANHA, Maria Lucia de Arruda.
Maquiavel: a lógica da força. São Paulo: Moderna, 1993. p. 110-111.
sas caravelas. Fato que talvez explique o desenvolvimento simul-
Texto 2 tâneo, tanto em Portugal como na Espanha, de uma tecnologia
No texto a seguir, o autor discorre sobre a tecnologia náutica e a de construção naval em muitos aspectos semelhante [...].
invenção da caravela. [...] tudo o que se sabe ao certo é que a caravela foi concebida e
Na Antiguidade, a tecnologia de construção naval foi dominada construída pelos portugueses por volta de 1430-1440. E tão logo
sobretudo por fenícios, romanos e cartaginenses, e antes destes pelos foi concebida foi largamente utilizada, ultrapassando sua aplicação
gregos e egípcios. No entanto, desde que os homens começaram a militar e pesqueira, para adquirir fins comerciais na expansão ma-
navegar, pouco evoluiu a aerodinâmica das embarcações. As primei- rítima. Na verdade, toda confusão a respeito da origem das cara-
ras embarcações de que se tem notícia são as balsas e pequenos velas deve-se ao fato de Portugal ter sido um ponto de passagem
barcos da Idade da Pedra, feitos de vime ou couro. Mais tarde os entre diversas culturas diferentes e portanto “um ponto de encon-
povos que viviam à margem dos grandes rios, como o Nilo e o Eu- tro de diversas técnicas de construção, que foram (se) aperfeiçoan-
frates, devido à necessidade de comercializar com outros povos, do”. De forma que o “processo de síntese de diversas práticas de
terminaram aperfeiçoando tais embarcações, construindo-as com construção naval deu-se por via eminentemente empírica, ou seja,
madeira e impulsionando-as através de remos. [...] pela observação e troca de experiências concretas”.
As primeiras embarcações portuguesas construídas nos moldes RAMOS, Fábio Pestana. Naufrágios e obstáculos enfrentados pelas armadas da
das caravelas de que se tem notícia datam ainda do período da Índia Portuguesa: 1497-1653. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 2000.
SUGESTÕES DE LEITURA
BONILLA, Heraclio (Org.). Os conquistados: 1492 e a população indígena das Américas. São Paulo: Hucitec, 2006.
BRITO, Bernardo Gomes. História trágico-marítima. Rio de Janeiro: Lacerda Editores/Contraponto, 1998.
BROTTON, Jerry. O bazar do Renascimento: da Rota da Seda a Michelângelo. São Paulo: Grua, 2009.
BURKE, Peter. O Renascimento italiano: cultura e educação na Itália. São Paulo: Nova Alexandria, 1999.
EISENSTEIN, Elizabeth L. A revolução da cultura impressa: os primórdios da Europa moderna. São Paulo: Ática, 1998.
FERRO, Marc. História das colonizações. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
HILL, Christopher. O eleito de Deus: Oliver Cromwell e a Revolução Inglesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1988.
HOBSBAWM , Eric J. Nações e nacionalismo desde 1780. São Paulo: Paz e Terra, 2004.
MANN, Charles C. 1491: novas revelações das Américas antes de Colombo. Rio de Janeiro: Objetiva, 2007.
PRODANOV, Cleber Cristiano. O mercantilismo e a América. São Paulo: Contexto, 1990.
RAMOS, Fábio Pestana. No Tempo das especiarias: o império da pimenta e do açúcar. São Paulo: Contexto, 2004.
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dez. 2014.
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Colecciones/ImpresosAntiguos/index.html>. Acesso em: 22 dez. 2014.
Colonial and Aztec Codex Facsimiles (em inglês) – Reproduções dos códices astecas. Disponível em: <http://speccoll.library.arizona.edu/
exhibits/mexcodex/aztec.htm#Azcatitlan>. Acesso em: 22 dez. 2014.
3. b.
CAPÍTULO 1 – A FORMAÇÃO DO ESTADO
MODERNO 4. Segundo a doutrina da Igreja, a Terra (gea, em grego) era o
centro do Universo, e o Sol e a Lua gravitavam a seu redor,
teoria conhecida como geocentrismo. Levado pelo espírito
PARA PRATICAR – página 13
investigativo, o astrônomo polonês Nicolau Copérnico con-
1. a. testou essa concepção e colocou em seu lugar o heliocen-
2. e. trismo, afirmando que a Terra girava ao redor do Sol (hêlios,
em grego), conforme Aristarco de Samos havia enunciado na
3. Nos primeiros séculos da era cristã, a península Ibérica foi ocupada
Grécia antiga. As formulações de Copérnico foram retomadas
pelos romanos, que transformaram a região na província de Hispânia.
por outros cientistas, como Giordano Bruno, Johannes Kepler
Com as invasões germânicas, a península foi ocupada pelos visigo-
e Galileu Galilei. Apoiado no trabalho desses cientistas, em
dos, povo de origem germânica. Em 711, quase toda a região caiu
1687 o inglês Isaac Newton publicou o livro Principia, que
sob domínio muçulmano. Tempos depois, os cristãos deram início a
revolucionou o conhecimento científico e lançou os funda-
ações de resistência à ocupação muçulmana, desencadeando lutas
mentos da Física moderna.
descontínuas, conhecidas como Reconquista, que pretendiam ex-
pulsar os muçulmanos da península. No século XI, essa ofensiva cristã 5. c.
se tornou sistemática. A partir de então, em quatro séculos de luta, as 6. 01, 04 e 16.
cidades sob controle muçulmano caíram uma após outra, até toda a
península ser novamente ocupada por reinos cristãos. PARA APRIMORAR – páginas 25 e 26
PARA APRIMORAR – páginas 13 e 14 1. d.
1. c. 2. F – V – F – V – F.
2. b. 3. e.
3. a. 4. Resposta pessoal. Evidentemente, as estratégias empregadas
hoje por personalidades públicas na criação de sua imagem são
4. O povo curdo é uma etnia que habita o norte do Iraque e o sul da diferentes das utilizadas por um banqueiro do século XV em Flo-
Turquia e reivindica a criação de uma nação própria, o Curdistão. rença. Entretanto, nascem do mesmo princípio: o papel essen-
Atualmente, depois da queda do ditador Saddam Hussein, os curdos cial da imagem na difusão de valores e na definição simbólica
estão representados no novo parlamento iraquiano. Já os nacionalis- do poder.
tas bascos consideram o território situado no norte da Espanha – hoje
administrativamente uma comunidade autônoma espanhola – e no
noroeste da França como parte da nação basca. A formação de um
CAPÍTULO 3 – A REFORMA PROTESTANTE
país independente é também o objetivo do movimento armado
clandestino chamado ETA, que muitas vezes usou de violência para PARA PRATICAR – página 38
alcançar seus objetivos e por isso foi qualificado de terrorista pelas au-
toridades espanholas. Em 2011, o ETA enviou comunicado renuncian- 1. a.
do à violência. Os palestinos, por sua vez, vivem em sua maioria num 2. a.
território dividido: a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, ambos na Palestina. 3. c.
Partes dispersas dessa área passaram há alguns anos a ser administra-
das por uma entidade autônoma, a Autoridade Palestina. Professor, 4. a.
você pode solicitar aos alunos que façam uma apresentação oral re- 5. e.
unindo os grupos que estudaram cada um dos casos propostos pela 6. b.
atividade. Depois, podem-se reelaborar os cartazes e montar uma
pequena exposição na escola. É oportuno definir um título para a ex- PARA APRIMORAR – página 39
posição, um texto curto de apresentação e cartazes informativos para
que outros alunos possam compreender o tema pesquisado. 1. 01, 02 e 08.
2. As ideias reformistas inspiraram diversos movimentos sociais e
políticos que, apoiados na crítica de Lutero à autoridade católica,
CAPÍTULO 2 – A REVOLUÇÃO CULTURAL DO passaram a criticar também as autoridades políticas e os senho-
RENASCIMENTO res feudais. Ainda que Lutero defendesse apenas reformas de
caráter religioso, suas ideias contribuíram para inaugurar um pe-
PARA PRATICAR – páginas 24 e 25 ríodo de grande convulsão social no Sacro Império. Assim, cam-
poneses de várias regiões insurgiram-se contra a ordem social e
1. b. propuseram uma sociedade sem diferenças entre ricos e pobres.
2. a. Por sua vez, cavaleiros e nobres com poucos recursos também
12 GUIA DO PROFESSOR
se uniram para criar um Estado independente, aproveitando-se PARA APRIMORAR – página 49
da crise do Império.
1. Resposta pessoal. Sugere-se que o texto aprofunde as noções
3. 01, 02 e 04. de privilégio e de grupos sociais. Por exemplo, se em sua opi-
4. a) Lutero, defendia que a salvação do homem não ocorria por nião esses grupos privilegiados forem as “elites” ou os “políticos”,
suas ações individuais, mas pela fé que ele tinha em Deus. Essa defina que setores das elites são esses, quais são os privilégios de
que eles desfrutam, de que forma os políticos se beneficiam do
é a base da ideia de predestinação, na qual alguns estariam
Estado, etc. Também é importante notar que a política e a socie-
predestinados à salvação, enquanto outros estavam predesti-
dade são dinâmicas e que determinados grupos sociais que se
nados à condenação eterna.
sentem desprivilegiados podem se organizar com o objetivo de
b) Alguns dos aspectos da Contrarreforma foram a criação da lutar por seus direitos.
Companhia de Jesus, e outras organizações religiosas, a re-
visão de dogmas e de princípios, o reforço da Inquisição 2. a) Alguns historiadores consideram as Grandes Navegações
e a criação de uma lista de livros proibidos, o Índex, entre como o primeiro fenômeno de globalização porque com
outros elementos. elas ocorre o intercâmbio econômico e cultural da Europa
com povos, até então desconhecidos aos europeus, da Áfri-
5. e.
ca, da Ásia e da América.
b) Entre outros, podem ser indicados os seguintes fatores
CAPÍTULO 4 – AS GRANDES NAVEGAÇÕES favoráveis ao pioneirismo de Portugal e Espanha nas
Grandes Navegações: a posição geográfica privilegiada da
Península Ibérica, o afluxo de capitais para essa região, o
PARA PRATICAR – páginas 48 e 49
processo de centralização da Coroa portuguesa e da Co-
1. a) Segundo a visão europeia vigente na época, os perigos do roa espanhola.
mar, o risco da morte dos marinheiros e a dor de seus fa-
miliares se legitimavam em nome das conquistas e das pos-
ses oriundas da expansão marítima e da conquista de novas CAPÍTULO 5 – OS IMPÉRIOS COLONIAIS
terras. No poema isso está expresso em versos como estes:
“Quantos filhos em vão rezaram/Quantas noivas ficaram por PARA PRATICAR – páginas 60 e 61
casar/Para que fosses nosso, ó mar! [...]/Tudo vale a pena/se a 1. c.
alma não é pequena”.
2. a.
b) Resposta pessoal. Explique aos alunos que pesquisadores
e cientistas desempenham, entre outras coisas, a tarefa de 3. c.
buscar o novo em suas áreas de conhecimento. Realizadas 4. As minas de Potosí transformaram a Espanha na nação mais
essas descobertas e invenções, o importante é avaliar o uso rica da Europa durante o século XVI. A produção de moedas
que se faz dessas conquistas científicas e tecnológicas. Na de prata na Espanha passou de 45 toneladas entre 1500 e
época das navegações, o avanço da tecnologia náutica pro- 1520 para 270 toneladas entre 1545 e 1560 e 340 toneladas
piciou trocas culturais e materiais entre pessoas que viviam entre 1580 e 1600.
em continentes diferentes e nunca haviam travado contato 5. A colonização inglesa na América do Norte começou no iní-
até então. Porém, esse mesmo contato nem sempre foi pací- cio do século XVII, quando foi fundada a cidade de Jamestown
fico e provocou, muitas vezes, a conquista de um povo pelo (1607), no atual estado da Virgínia, nos Estados Unidos. Com o
outro. Já no século XX, o domínio da energia atômica, por cultivo de tabaco a colônia alcançou certa prosperidade, e logo
exemplo, pode propiciar tanto a obtenção de energia elé- chegaram as primeiras levas de escravos traficados por holan-
trica como a construção de bombas atômicas capazes de deses. Em 1620, um grupo de puritanos ingleses desembarcou
matar dezenas de milhares de pessoas de uma só vez. Ob- do navio Mayflower e fundou a colônia de Plymouth, a 750 qui-
servadas as devidas diferenças, o mesmo pode-se dizer em lômetros ao norte da Virgínia. Esses colonos, calvinistas perse-
relação à internet. Se, por um lado, a rede permite o acesso às guidos na Inglaterra pelos anglicanos e pelo Estado, emigravam
mais variadas informações rapidamente ou o contato entre para o novo continente para exercer sua liberdade de culto e ali
pessoas que se encontram distantes, ela também pode ser fundar sua Igreja. Em 1626, os franceses também criaram alguns
utilizada para a prática dos mais variados tipos de crime. postos comerciais na região e procuraram catequizar os indíge-
2. Os portugueses conquistaram Ceuta em 1415; depois, entre 1420 nas para o catolicismo.
e 1428, avançaram para as ilhas da Madeira e dos Açores. Sempre
em direção ao sul, chegaram ao cabo do Bojador em 1434, e a PARA APRIMORAR – página 61
Cabo Verde em 1456. A conquista da Guiné se prolongou de 1434 1. A colonização grega dos séculos VIII e VII a.C. está ligada ao proces-
HISTÓRIA
a 1462, e a do Congo, de 1482 a 1485. Dois anos depois, em 1487, so conhecido como “Segunda Diáspora” e à consequente desinte-
a expedição de Bartolomeu Dias atravessava o Cabo da Boa Es- gração do sistema gentílico. Já a colonização da América resultou
perança, no extremo sul do continente africano. Posteriormente, da expansão marítimo-comercial europeia, inserida no contexto
Portugal estabeleceu domínios em Moçambique e Melinde, onde da transição feudo-capitalista. No caso da colonização grega, as
instituiu feitorias em 1502 e 1500, respectivamente. cidades-Estado mantinham relações comerciais com a metrópole,
3. c. 4. b. 5. d. mas não se subordinavam a ela. As colônias americanas da Idade
14 GUIA DO PROFESSOR
c) No texto de Cortez, a descrição das péssimas condições em
CAPÍTULO 8 – A CONQUISTA ESPANHOLA
que se encontrava o inimigo valoriza a força empregada pe-
PARA PRATICAR – página 93 los espanhóis na conquista (“os inimigos [...] não possuíam
nem mais flechas e lanças [...] e tinham que caminhar sobre
1. e. os corpos de seus mortos”; “foi tanta a mortandade que cau-
2. e. samos”; “não havia outra coisa para colocar os pés que não
fosse o corpo de um morto”). O texto também mostra ter ha-
PARA APRIMORAR – página 93 vido pouca resistência dos indígenas e reforça o poderio dos
1. a) No texto 1, Cortez destaca a quantidade surpreendente de espanhóis (“mandei disparar os tiros grossos, com o que logo
mortos pelas ruas da cidade, as quais ele mandou cercar para tomamos aquele lugar”). No segundo texto, está descrita a
tomar a parte onde se encontravam os líderes (“principais”). brutalidade da destruição e do massacre (“os cabelos estão
b) O texto 2 revela a completa destruição do lugar e a morte espalhados. Destelhadas estão as casas”; “as paredes estão
brutal de muitas pessoas, informando detalhes sobre armas manchadas de miolos arrebentados”) e nota-se desalento
espalhadas pelo chão, casas destelhadas, muros incandescen- (“Golpeávamos os muros de adobe em nossa ansiedade e
tes, paredes manchadas de sangue. Além disso, são descritas nos restava por herança uma rede de buracos”; “os escudos
as dificuldades de sobrevivência dos que tinham escapado ao não detêm a desolação”) e desesperança na descrição do
massacre, em razão da água contaminada pelo sangue e da que lhes restava de alimentos (“pães de colorím”, “grama sa-
ausência de alimentos, exceto adobe (espécie de tijolo feito de litrosa, pedaços de adobe, lagartixas, ratos, e terra em pós e
argila misturada a gramíneas), lagartixa, ratos, terra e vermes. mais os vermes”).
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16 GUIA DO PROFESSOR
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