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SUMÁRIO

LIPÍDEOS
1. O que são?..................................................................... 3
2. Ácidos graxos............................................................... 3
3. Triacilgliceróis............................................................... 8
4. Cerídeos.......................................................................12
5. Glicerofosfolipídeos..................................................12
6. Esfingolipídios............................................................14
7. Esteróides....................................................................20
8. Lipoproteínas..............................................................23

PROTEÍNAS
1. Aminoácidos...............................................................27
2. Peptídeos.....................................................................35
3. Estrutura das proteínas..........................................38
4. Desnaturação das proteínas................................55

Referências Bibliograficas..........................................58
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 3

LIPÍDEOS característica em comum que os de-


fine é a baixa ou ausente solubilida-
1. O QUE SÃO? de em água, ou seja, apolares. Des-
São moléculas relativamente peque- se modo, são altamente solúveis em
nas que apresentam uma forte ten- solventes orgânicos como o éter ou a
dência a se associarem através de acetona (substâncias lipofílicas).
forças não covalentes (ex.: interações Muitos lipídeos são compostos anfi-
hidrofóbicas). São um grupo de com- páticos (ou anfifílicos), ou seja, apre-
postos quimicamente diversos, cuja sentam na molécula uma porção

HORA DA REVISÃO!
Substâncias que se dissolvem facilmente em água são hidrofílicas, compostas de íons ou
moléculas polares que, por possuírem carga parcial elétrica disponível para interagir, atra-
em moléculas de água. Essas moléculas de água envolvem cada íon ou molécula polar e
carregam a substância para a solução. Já as moléculas que contêm predominantemente
ligações não polares são usualmente insolúveis em água e são chamadas hidrofóbicas.
Moléculas de água não são atraídas por essas moléculas, e, portanto, têm pouca ten-
dência a carregá-las para a solução. Devido à ausência de afinidade pela água, as subs-
tâncias hidrofóbicas apresentam propriedades semelhantes aos lipídeos, tendo afinidade
por eles e, por isso, são chamadas de lipofílicas.

polar, hidrofílica, e uma porção apolar, com outras moléculas, mas formando
hidrofóbica. uma unidade monomérica. A forma
As principais funções dos lipídeos mais simples de lipídeos, encontra-
são: da principalmente no plasma, é a dos
ácidos graxos.
• Armazenamento de energia
• Composição de membranas 2. ÁCIDOS GRAXOS
biológicas
São ácidos carboxílicos com cadeias
• Isolamento térmico, elétrico e hidrocarbonadas variando de 4 a 35
mecânico carbonos, sendo que o grupo carbo-
• Moléculas mensageiras (hormô- xila (- COOH) constitui a parte polar
nios e vitaminas) e a cadeia carbônica constitui a par-
Os lipídeos são formados por núme- te apolar, logo, são moléculas anfi-
ros variados de átomos de carbono páticas. Sua fórmula geral é RCOOH
e hidrogênio, por vezes conjugados (onde o R representa a cadeia de hi-
drocarboneto). Ácidos graxos livres
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 4

são poucos encontrados nos orga- carbonos; a dupla ligação provoca


nismos: mais frequentemente es- um arranjo diferente dos elétrons
tão ligados a um álcool (ex.: glicerol, dos carbonos, de forma que a or-
esfingosina.) ganização espacial da molécula é
Quanto à saturação, podem ser: alterada e apresenta uma “dobra”;
encontrados em óleos de oliva e
• Saturados – ausência de ligações de amendoim, nozes, amêndoas e
duplas entre dois carbonos na abacate.
cauda de hidrocarbonetos; são en-
◊ Estrutura: CnH2n-2O2
contrados principalmente em pro-
dutos de origem animal, como car- • Poli-insaturados – Presença de
ne bovina, de carneiro, de porco e mais de uma ligação dupla entre
de galinha, além da gema de ovo e carbonos; encontrados nos óleos
nas gorduras lácteas do creme, do de sementes vegetais como o óleo
leite, da manteiga e do queijo. de açafrão, de girassol, de soja e
◊ Estrutura: CnH2n02 de milho
◊ Estrutura: CnH2n-2O2
• Monoinsaturados - Presença de
apenas uma ligação dupla entre

Figura 1. Exemplo de ácido graxo saturado com 18 carbonos. Fonte: POIAN, Andrea da et al. Bioquímica 1: Módulo 1.
5. ed. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2009. 1 v.
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 5

SE LIGA! Os ácidos graxos saturados, que têm arranjos lineares, permitem que essas molé-
culas, ao se associarem, se mantenham mais próximas entre si. Já os ácidos graxos insatu-
rados apresentam um arranjo tridimensional que impede seu empacotamento, uma vez que
suas estruturas possuem uma conformação não-linear e, com isso, acabam mantendo-se
mais afastados uns dos outros.

Grupo Ácidos graxos Mistura de ácidos graxos


carboxil saturados saturados e insaturados

Cadeia
hidrocarbonada

Figura 2. O empacotamento de ácidos graxos em agregados estáveis. Fonte: NELSON, David L.; COX, Michael M..
Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 1 v

Propriedades Nomenclatura
As propriedades dos ácidos graxos O nome sistemático do ácido graxo é
são determinadas em grande parte derivado do nome do hidrocarboneto
pelo comprimento e pelo grau de in- correspondente, pela inclusão do su-
saturação da cadeia hidrocarbonada. fixo -óico no final do nome.
• Baixa solubilidade em água = Ex.: Ácido graxo com 18 carbonos:Á-
quanto mais longa a cadeia e quan- cido octadecanóico, pois deriva do
to menos insaturações, menor é a hidrocarboneto octadecano. Um áci-
solubilidade em água. do graxo de 18 carbonos com uma
dupla ligação é o ácido octadecenói-
• Ponto de fusão = Quanto mais in- co; com duas duplas ligações, ácido
saturações e quanto mais curta a cotadecadienóico; e com três duplas
cadeia, menor é o ponto de fusão. ligações, ácido octadetrienóico.
• Estado físico = Os ácidos graxos Quando o ácido graxo apresenta in-
com menores pontos de fusão saturação, sua abreviação é feita in-
tendem a estar líquidos e, aqueles dicando o número de carbonos e o
com pontos de fusão mais eleva- número de ligações duplas, sepa-
dos, tendem a estar sólidos. rados por dois pontos (:), seguidos
pelo carbono em que a insaturação
ocorre. Desse modo, o símbolo 18:0
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 6

denota um ácido graxo de 18 carbo- os carbonos 9 e 10; trans - ∆2 indica


nos saturado (sem ligações duplas), uma dupla ligação trans entre os car-
enquanto 18:2 significa que existem bonos 2 e 3.
duas ligações duplas na cadeia. A po- Portanto, o ácido palmitoleico, com-
sição da dupla ligação é representa- posto por 16 carbonos e uma ligação
da pelo símbolo ∆ (delta) seguido por dupla entre os carbonos 9 e 10, apre-
um ou mais número em sobrescrito. senta como nome sistemático cis – 9
Por exemplo, cis - ∆9 significa que – Hexadecenóico e como abreviação
existe uma dupla ligação CIS entre 16:1∆9

SE LIGA! Nós, seres humanos, não produzimos todos os ácidos graxos de que precisamos,
tornando necessária a obtenção dos mesmo por meio da alimentação. Nesse sentido, vários
ácidos graxos poli-insaturados, principalmente o ácido linoleico (ômega-6) e o ácido alfa-
-linolênico (ômega-3), são considerados ácidos graxos essenciais à dieta. Essas moléculas
são precursoras de outros ácidos graxos biologicamente ativos, importante para o bom fun-
cionamento do corpo. A deficiência de ácidos graxos considerados essenciais pode causar
a dermatite, o desenvolvimento precários de bebês e alterações neurológicas. No entanto, o
consumo excessivo dessas substâncias pode trazer efeitos colaterais bastante nocivos ao
nosso corpo como infecções e diabetes.
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MAPA MENTAL – ÁCIDOS GRAXOS

Abreviação

H Nº de
Nº de carbonos : insaturações Comprimento da cadeia
OH C Fórmula geral Nome do Determinadas por
hidrocarboneto - óico
correspondente Grau de insaturação

Cadeia carbônica Parte apolar


Nomenclatura ↑ comprimento =
↓ solubilidade
Grupo carboxila
Parte polar Solubilidade em água
( - COOH)
↓ nº de insaturações =
↓ solubilidade
Estrutura anfipática
ÁCIDOS Propriedades
GRAXOS
↓ comprimento =
↓ Ponto de fusão
Ausência de Ponto de fusão
ligações duplas ↑ nº de insaturações =
Saturados Saturação ↓ Ponto de fusão
Produtos de origem
animal, gema de ovo e ↓ Ponto de fusão
gorduras lácteas
Poli - insaturados
Líquidos
Apenas uma Estado físico
ligação duplas
Mais de uma ↑ Ponto de fusão
Monoinsaturados ligação duplas
Óleos de oliva e de
Sólidos
amendoim, nozes,
Óleos de sementes
amêndoas e abacate
vegetais
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 8

3. TRIACILGLICERÓIS ácidos graxos, cada um em ligação


éster com uma molécula de glicerol.
São os mais simples compostos de
ácidos graxos, também chamado de OBS.: Uma ligação éster é aquela que
triglicerídeos, gorduras ou gordu- liga o oxigênio de um ácido carboxíli-
ras neutras. São compostos por 3 co a um outro radical (R)

1 – estearoil, 2 – linoleoil, 3 – palmitoil glicerol,


um triacilglicerol misto
Figura 3. O glicerol e um triacilglicerol misto. Fonte: NELSON, David L.; COX, Michael M.. Princípios de bioquímica de
Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 1 v
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 9

SE LIGA! A reação de esterificação permite a formação de uma ligação éster entre um ácido
graxo e um glicerol, com a liberação de uma molécula de água. Para isso, a hidroxila de uma
molécula se une a um hidrogênio que se dissocia da hidroxila da outra molécula; os dois com-
postos ficam unidos por uma ligação éster e forma-se uma molécula de água. Nesse sentido,
para a formação do triacilglicerol, temos três reações de esterificação com a liberação de três
moléculas de água.

Figura 4. Esquema da formação de água na reação de esterificação. Fonte: POIAN, Andrea da et al. Bioquímica 1. Rio
de Janeiro: Fundação Cecierj, 2009.

Classificação microscópicas de óleo no citosol, ser-


vindo como depósito de combustível
• Simples: Ácidos graxos do mesmo metabólico. Em vertebrados, os adi-
tipo pócitos armazenam grandes quanti-
• Misto: Dois ou três tipos diferentes dades de triacilgliceróis em gotículas
de ácidos graxos de gordura que quase preenchem a
célula. Em resposta aos sinais hormo-
nais, essas gotículas são degradadas
São moléculas apolares de reserva por lipases, liberando glicerol e ácidos
energética pela capacidade de in- graxos no plasma para o metabolis-
teração hidrofóbica e estocagem. mo em outros tecidos, principalmen-
Na maioria das células eucarióticas, te no músculo e no fígado. Também
os triacilgliceróis formam gotículas são armazenados como óleos nas
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 10

sementes de vários tipos de plantas, As gorduras animais e os óleos ve-


fornecendo energia e precursores getais são misturas de triacilgliceróis,
biossintéticos durante a germinação. que diferem na sua composição em
As gorduras também auxiliam no ácidos graxos e, consequentemente,
transporte e absorção das vitaminas no seu ponto de fusão. Os triacilgli-
lipossolúveis. ceróis das gorduras animais são ricos
em ácidos graxos saturados, atribuin-
SE LIGA! Durante sua oxidação (que-
do uma consistência sólida a tempe-
bra), as gorduras liberam muito mais ratura ambiente. Enquanto isso, os de
energia que os carboidratos ou as pro- origem vegetal, ricos em ácidos gra-
teínas. Por isso elas foram selecionadas xos insaturados, são líquidos.
pela natureza para serem nossas reser-
vas energéticas.

SAIBA MAIS!
A fabricação de margarina ocorre por um processo de hidrogenação de óleos vegetais, redu-
zindo parte de suas duplas ligações e os torna sólidos à temperatura ambiente.

SAIBA MAIS!
Se a hidrólise dos triacilgliceróis for realizada em meio alcalino, formam-se sais de ácidos
graxos, os sabões, elucidando o processo de saponificação. Desse modo, os sabões são fa-
bricados a partir de gordura animal fervida em presença de hidróxido de sódio ou hidróxido
de potássio.
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 11

MAPA MENTAL – TRIACILGLICERÓIS

Óleos de sementes Adipócitos

Plantas Animais

Transporte e absorção
Reserva energética Isolante térmico
de vitaminas

Funções
trocar

TRIACILGLICERÓIS

Estrutura
trocar Classificação

Misto
Glicerol

Tipos diferentes de
ácidos graxos
Ligação éster

Simples
3 ácidos graxos

Ácidos graxos
do mesmo tipo
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 12

4. CERÍDEOS membrana nos quais 2 ácidos graxos


estão unidos por ligação éster ao 1º e
As ceras biológicas são ésteres de
ao 2º carbono do glicerol e um grupo
ácidos graxos saturados e insatura-
fortemente polar está unido por liga-
dos de cadeia longa com álcoois de
ção fosfodiéster ao 3º carbono.
cadeia longa. Seus pontos de fusão
são, geralmente, mais altos do que os São derivados do precursor, o ácido
dos triacilgliceróis. fosfatídico, de acordo com o álco-
ol polar na cabeça. Em todos esses
No plâncton, as ceras são a principal
compostos, o grupo cabeça está uni-
forma de armazenamento de com-
do ao glicerol por uma ligação fosfo-
bustível metabólico para microrganis-
diéster, na qual o grupo fosfato tem
mos de vida livre.
carga negativa em pH neutro. O álco-
Também servem para várias funções ol polar pode estar carregado nega-
relacionadas às suas propriedades tivamente, positivamente ou neutro.
impermeabilizantes e consistência A fosfatidilcolina e a fosfatidiletanola-
firme. Certas glândulas da pele de mina têm colina e etanolamina como
vertebrados secretam ceras para pro- grupos cabeças polares, por exem-
teger os pelos e a pele e mantê-los plo. O ácido fosfatídico, além de ser
flexíveis, lubrificados e impermeáveis. encontrado como um componente
menor de membranas celulares, atua
como intermediário da síntese de
5. GLICEROFOSFOLIPÍDEOS
triacilgliceróis.
Também chamados de fosfogli-
cerídeos, são lipídios polares de

Ácido graxo saturado Glicerol


(p. ex., ácido palmítico)

Ácido graxo insaturado Grupo cabeça


(p. ex., ácido oleico) substituinte

Ácidos graxos

FIgura 5. Glicerofosfolipídeos. Fonte: NELSON, David L.; COX, Michael M.. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 1 v
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 13

Quando dispersos em solução aquo- dependendo do pH em que se encon-


sa, os fosfolipídios formam esponta- trem, terão carga positiva ou negativa.
neamente estrutura lamelares e, sob
circunstâncias apropriadas, se or- SE LIGA! LIPÍDEOS ÉTER - Alguns te-
ganizam em bicamadas estendidas cidos animais e organismos unicelula-
que podem formar estruturas vesicu- res são ricos em lipídeos éter, nos quais
lares fechadas – micelas. A micela é uma das duas cadeias de ácidos graxos
está unida ao glicerol em ligação éter em
um modelo para a estrutura de uma vez de éster. A cadeia em ligação éter
membrana biológica, uma bicamada pode ser saturada ou conter uma liga-
de lipídeos com as porções polares ção dupla entre os carbonos 1 e 2. O fa-
tor ativador de plaquetas é um exemplo
expostas ao ambiente aquoso e as
de um importante lipídeo éter que atua
cadeias de ácido graxo mergulhadas como potente sinalizados molecular. É
no interior hidrofóbico da membrana. liberado de basófilos e estimula a agre-
gação de plaquetas e a liberação de se-
Um fosfolipídio pode apresentar dife- rotonina das plaquetas, além de exercer
rentes graus de ionização por causa diversos efeitos no fígado, em músculos
da presença em sua estrutura do fos- lisos, no coração, nos tecidos uterinos e
pulmonares.
fato e dos grupos substituintes, que
também podem se ionizar. Assim,
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 14

MAPA MENTAL - GLICEROFOSFOLIPÍDIOS

A carga pode ser negativa, Diferentes graus


Depende do pH
positiva ou neutra de ionização

Ligação
2 ácidos graxos Ligação éster Glicerol Grupo polar
fosfodiéster

Estrutura
trocar

GLICEROFOSFOLIPÍDEOS

Componentes das
Percursor
trocar
membranas biológicas

Ácido fosfatídico Formam bicamadas lipídicas

Micelas

6. ESFINGOLIPÍDIOS aminoalcool – Esfingosina – de ca-


deia longa ou um de seus derivados.
De forma semelhante aos glicero- Quando um ácido graxo é unido em
fosfolipídeos, também têm um gru- ligação amida ao – NH2 no 2º carbono,
po cabeça polar e duas caudas apo- o composto resultante é uma cerami-
lares; contudo não contêm glicerol. da, o precursor estrutural de todos os
São compostos por uma molécula de esfingolipídios.

SAIBA MAIS!
A porção glicídica de certos esfingolipídios define o grupo sanguíneo em humanos e, portan-
to, o tipo de sangue que um indivíduo pode receber com segurança em transfusões.
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 15

Esfingosina

Ácido graxo
Grupo cabeça
substituinte

Figura 6. Esfingolipídios. Fonte: NELSON, David L.; COX, Michael M.. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed.
Porto Alegre: Artmed, 2014. 1 v

Podem ser divididos em: nervosas, contêm fosfocolina ou


fosfoetanolamina como grupo ca-
• Esfingomielinas: Descobertas a
beça polar, sendo assim classifica-
partir da bainha de mielina que
dos como fosfolipídios.
envolve os axônios nas células

Ceramida
Esfingosina

Fosfocolina

Esfingomielina

Figura 7. Estrutura da esfingomielina.


Fonte: POIAN, Andrea da et al. Bioquímica 1. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2009. 1. ed, v. 3

• Glicoesfingolipídios: Ocorrem am- cerebrosídeos apresentam um úni-


plamente na face externa das co açúcar ligado à ceramida e os
membranas plasmáticas; possuem globosídeos contêm dois ou mais
grupos cabeças com um ou mais açúcares. Ambos são chamados
açúcares conectados diretamente de glicolipídios neutros, pois não
ao -OH no carbono 1 da porção têm carga em pH 7.
ceramida; não contêm fosfato. Os
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SE LIGA! Os cerebrosídeos que apresentam galactose são característicos de membranas


plasmáticas de células do tecido nervoso, enquanto aqueles com glicose são característicos
de membranas plasmáticas de células de outros tecidos.

Esfingosina

Glicocerebrosídeo

Ceramida
Esfingosina

Globosídeo

Figura 8. Estruturas do glicocerebrosídeo e de um globosídeo. Fonte: POIAN, Andrea da et al. Bioquímica 1. Rio de
Janeiro: Fundação Cecierj, 2009. 1. ed, v. 3

• Gangliosídeos: Mais complexos, pela carga negativa em pH 7, nas


têm oligossacarídeos como grupo terminações. Assim como os ce-
cabeça polar um ou mais resídu- rebrosídeos, são encontrados pre-
os do ácido N – acetilneuramíni- dominantemente no cérebro, ocor-
co, um ácido siálico, caracterizado rendo em quantidades menores
nos outros tecidos.
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 17

SAIBA MAIS!
O tipo e a quantidade de esfingolipídios mudam drasticamente durante o desenvolvimento
embrionário, e a formação de tumores induz a síntese de novos gangliosídeos. Diversas do-
enças hereditárias humanas, como a doença de Niemann-Pick e a de Tay-Sacks, são cau-
sadas por anomalias no metabolismo de esfingolipídios. O principal sintoma da doença de
Niemann-Pick é o retardo mental em crianças. Os sintomas da doença de Tay-Sacks são
retardo mental progressivo, paralisia e cegueira. Ambas levam a uma morte prematura entre
três e quatro anos de idade.

N - acetilgalactosamina

Ceramida

Glicose

Galactose
Dissacarídeo (duas moléculas de
açúcar – glicose e galactose)

Ácido N – acetilneuramínico
(ácido siálico)

Figura 9. Estrutura de um gangliosídeo.


Fonte: POIAN, Andrea da et al. Bioquímica 1. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2009. 1. ed, v. 3
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 18

MAPA MENTAL – ESFINGOLIPÍDIOS

Ceramida

Ácido graxo Ligação amida Esfingosina Grupo polar

Carga negativa
em pH 7
Estrutura
Fosfocolina
Resíduos de N -
Grupo polar Grupo polar
acetilneuramínico
Fosfoetanolamina

Esfingomielinas ESFINGOLIPÍDEO Gangliosídeos

Predominantes
Fosfolipídios
no cérebro

Glicoesfingolipídios

Abundantes na face
Açúcares conectados
Cerebrosídeos externa das membranas Globosídeos
à ceramida
plasmáticas

Um único açúcar Glicolipídeos neutros Mais de um açúcar


LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 19

Figura 10. Alguns tipos comuns de lipídeos de armazenamento e de membrana. Fonte: NELSON, David L.; COX, Michael M.. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 1 v
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 20

7. ESTERÓIDES como precursor à síntese de todos


os outros esteroides, que incluem
São lipídeos estruturais que apresen-
hormônios, sais biliares e vitamina
tam um núcleo esteroide caracterís-
D. É um lipídeo anfipático caracteri-
tico em sua estrutura. Esse núcleo é
zado por uma molécula hidrofóbica
tetracíclico, contendo quatro anéis
(núcleo esteroide + cadeia lateral hi-
fusionados, três com seis carbonos e
drocarbonada) rígida, plana, com um
um com cinco. É quase planar e rela-
grupo polar hidroxila no carbono 3. O
tivamente rígido (os anéis não permi-
colesterol é encontrado em todas as
tem a rotação em torno das ligações
membranas biológicas e age como
C – C).
um modulador da fluidez da mem-
São sintetizados a partir de subuni- brana. Em temperaturas mais baixas
dades de isopreno simples com cinco ele interfere com as associações en-
carbonos. tre as cadeias de ácidos graxos e au-
Atuam como constituintes de mem- menta a fluidez, e em temperaturas
brana e são precursores de hormô- mais altas tende a limitar a desordem
nios, além de outros produtos biológi- e diminuir a fluidez. Assim, as mis-
cos específicos turas colesterol-fosfolipídio têm as
propriedades intermediárias entre os
estados de gel e de líquido cristalino
Colesterol dos fosfolipídios puros; eles formam
Principal esteroide nos tecidos ani- estruturas de membrana estáveis po-
mais (exclusivamente) que serve rém flexíveis.

Região apolar

Grupo
polar

Figura 11. Estrutura do colesterol. Fonte: Chorilli, Marlus & Rimerio, Thereana & Oliveira, Anselmo & Scarpa, Maria.
(2007). Study of liposomes stability containing soy phosphatidyleholine and hydrogenated soy phosphatydylcholine
adding or not cholesterol by turbidity method. LATIN AMERICAN JOURNAL OF PHARMACY. 26. 31-37.
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 21

MAPA MENTAL – ESTEROIDES

3 anéis com + 1 anel com


6 carbonos 5 carbonos

Núcleo esteroide
Quase planar Relativamente rígida
tetracíclico
Modulador da fluidez

Estrutura Presente nas


membranas biológicas

Exclusivo dos
tecidos animais
Isopreno simples (5C) Precursor ESTEROIDES Colesterol
Precursor à síntese
de outros esteroides

Molécula hidrofóbica
Funções

Núcleo esteroide
Constituintes de Precursores de
membranas hormônios
Cadeia hidrocarbonada
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 22

MAPA MENTAL – RESUMO GERAL LIPÍDEOS

Armazenamento
Cadeia carbônica Parte apolar
de energia

Composição de
Grupo carboxila Parte polar
membranas plasmáticas

Isolamento térmico,
Ácidos graxos Forma mais simples Funções
elétrico e mecânico
Saturados

Baixa solubilidade Associam – se por


Poli - insaturados Saturação Moléculas mensageiras
em água forças não covalentes

Monoinsaturados
Características
Formam bicamadas Reserva energética
lipídicas

Glicerofosfolipídeos Triacigliceróis 3 Ácidos graxos


Derivados do ácido
fosfatídico
LIPÍDEOS +
Esfingolipídeos Cerídeos Glicerol
Ácido graxo

+ Combustível metabólico
Esfingomielinas
Glicerol de microrganismos
Esteroides
+ Propriedades
Glicoesfingolipídeos
impermeabilizantes
Grupo polar
Colesterol
Gangliosídeos Éster de ácido graxo + Álcool

Núcleo esteroide
Grupo polar + Ceramida tetracíclico
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 23

8. LIPOPROTEÍNAS circundado por uma monocamada


de lipídeos anfipáticos (fosfolipídios
Por serem insolúveis em água, para
e colesterol), que estão associadas a
serem transportados pelos sistema
moléculas de proteínas – apolipopro-
circulatórios, os lipídeos podem for-
teínas. As apolipoproteínas têm um
mar agregados moleculares hidros-
papel tanto estrutural quanto meta-
solúveis. Nessas estruturas, lipídeos
bólico. Introduzidas na superfície da
apolares e polares e proteínas for-
partícula, elas determinam seu des-
mam uma partícula hidrofílica, a lipo-
tino metabólico através da interação
proteína plasmática.
com receptores celulares, além de
São partículas esféricas com um nú- servirem como reguladoras da ativi-
cleo central de lipídeos apolares (como dade de enzimas envolvidas no trans-
ésteres de colesterol e triacilgliceróis), porte e na distribuição de lipídeos.

Proteína + Lipídeos apolares + Lipídeos polares = Lipoproteína


(apoproteína)

Fosfolipídeos e
colesterol
são encontrados na
Apolipoproteínas superfície da partícula
localizam-se na em virtude do seu
superfície, dando caráter anfipático
estabilidade à partícula
e permitindo sua
interação com o meio
aquoso. Além disso, as
apolipoproteínas
permitem a interação
entre a lipoproteína e
os tecidos específicos Triacilgliceróis e
ésteres de colesterol
formam um centro
hidrofóbico

Figura 12. Estrutura básica de uma lipoproteína.


Fonte: POIAN, Andrea da et al. Bioquímica 1. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2009. 1. ed, v. 3

As lipoproteínas podem ser classifi- Quilomícrons


cadas com base na sua densidade e
Bem pouco densos, são produzidos
tamanho, ou no conjunto de apolipo-
nas mucosa intestinal com os lipíde-
proteínas que as constituem. As prin-
os da dieta e são ricos em triacilgli-
cipais classes de lipoproteínas são:
ceróis, que serão transferidos ao teci-
do adiposo.
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 24

VLDL (Very Low Density HDL (High Density Lipoproteins


Lipoproteins)
Apresentam a função oposta à dos
De origem hepática, transportam tria- LDLs, atuando na remoção do coles-
cilgliceróis e colesterol para outros te- terol dos tecidos para encaminhá-los
cidos do corpo, principalmente mús- ao fígado. São as menores e mais
culo e tecido adiposo. A partir da ação hidrossolúveis lipoproteínas, inicial-
de uma lipoproteína lipase, os ácidos mente pobres em colesterol e ésteres
grados da VLDL são retirados e sua de colesterol. Enquanto circula pelo
densidade aumenta, convertendo- sangue, captura moléculas de coles-
-a em uma lipoproteína de densida- terol que estejam livre na circulação,
de intermediária (IDL – Intermediate o que ela pode fazer esterificando es-
Density Lipoproteins) ses colesteróis. Ao fazer isso, a HDL
diminui a concentração de colesterol
no sangue e, por isso, é chamada de
IDL (Intermediate Density “colesterol bom”.
Lipoproteins)
As funções de transporte dos tria-
Assim que formadas, são direciona- cilgliceróis e do colesterol realizadas
das da corrente sanguínea para o fí- pelas lipoproteínas envolvem três
gado, onde a ligação das apolipopro- vias metabólicas:
teínas ao receptor na superfície do
hepatócito faz com que esse comple-
xo seja endocitado pela célula. Essa Via do transporte de combustível
internalização do IDL permite que as Os triacilgliceróis da dieta que chegam
células do fígado utilizem o coleste- ao duodeno são degradados pelas
rol associado a essas lipoproteínas enzimas pancreáticas e absorvidos
na forma de ésteres de colesterol. Se pelos enterócitos – células do intesti-
mais triacilgliceróis são removidos no. No interior dessas células, os tria-
das IDLs, estas são convertidas em cilgliceróis são reconstituídos e, junto
LDLs. com os fosfolipídios e o colesterol ab-
sorvidos, formam os quilomícrons.
LDL (Low Density Lipoproteins) Por meio da circulação sanguínea, os
quilomícrons alcançam os tecidos pe-
Atua na distribuição do colesterol, na
riféricos e os triacilgliceróis são degra-
forma de ésteres de colesterol, pelas
dados pela lipoproteína lipase (LPL),
células do corpo.
possibilitando que os ácidos graxos
resultantes da quebra entrem nas cé-
lulas. O que sobrou dos quilomícrons,
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 25

os quilomícrons remanescentes, ad- de ésteres de colesterol oriundos das


quirem ésteres de colesterol das HDL HDL em troca de triacilgliceróis, bem
e retornam ao fígado. como também podem ser hidrolisa-
Enquanto isso, os triacilgliceróis sin- das pela HTGL, originando LDL.
tetizados no fígado, tanto em jejum,
quanto no período pós-prandial, são Via do fluxo excedente
transportados pelo sangue por meio
das VLDL. Essas lipoproteínas adqui- As LDL, pobres em triacilgliceróis
rem ésteres de colesterol e apolipopro- e relativamente ricas em colesterol,
teínas das HDL e alcançam os tecidos constituem os produtos do fluxo ex-
periféricos, onde distribuem os ácidos cedente da via do transporte de com-
graxos originados da quebra dos tria- bustível e representam o principal
cilgliceróis, via LPL. Tal processo gera transportador e reservatório de co-
as VLDL remanescentes, ou IDL. lesterol no plasma.
As IDL ou são captadas pelo fígado ou A maioria das células do nosso cor-
são posteriormente hidrolisadas pela po sintetiza colesterol de acordo com
HTGL (Triglicerídeo lipase hepática) suas necessidades. Contudo, quando
que remove seus triacilgliceróis, con- a concentração intracelular diminui,
vertendo-as em LDL. As VLDL rema- as células podem adquiri-lo do meio
nescentes podem ser enriquecidas externo pela LDL.
Intestino Células periféricas

Quilomícrons (pós – prandial)

Triacilgliceróis
e colesterol VLDL (jejum) Ácidos graxos
da dieta
Via de transporte de combustível

Componente
Fígado de troca com
HDL Células periféricas
Artéria

LDL
Triacilgliceróis
endógenos
Via de fluxo excedente

Figura 13. Metabolismo das lipoproteínas: a via do transporte de combustível e a via do fluxo excedente. Fonte:
BAYNES, John W.; DOMINICAZK, Marek H. Bioquímica Médica. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 26

Via do transporte reverso do pela LCAT (Lectitina colesterol acetil-


colesterol transferase) e introduzido no interior
da partícula, tornando-a HDL – 3. Em
As HDL são sintetizadas no fígado e
seguida, através da ação da CETP
no intestino e sua função é transportar
(proteína de transferência de éste-
colesterol da periferia para o fígado. É
res de colesterol), alguns ésteres de
importante notar que as HDL são ca-
colesterol são trocados por triacilgli-
pazes de trocar seus componentes
ceróis da lipoproteínas ricas nele, for-
(apolipoproteínas, fosfolipídios, triacil-
mando as HDL – 2. Esse processo de
gliceróis e ésteres de colesterol) com
troca é a principal via do transporte
as partículas ricas em triacilgliceróis,
reverso do colesterol.
isto é, VLDL e IDL. Desse modo, são
parcialmente construídas a partir do O colesterol restante nas HDL – 2 é
excesso de fosfolipídios liberado pelas transportado para o fígado e as par-
VLDL durante sua hidrólise pela LPL. tes que sobraram das lipoproteínas
tornam-se as HDL nascentes, rei-
O colesterol livre obtido pelas HDL,
niciando o ciclo. Ela pode ainda ser
pela ação de proteínas de membra-
digerida pela HTGL, originando uma
na (ABCA1 e ABCG1), é esterificado
subclasse de HDL – 3 pequenas.

Fígado
VLDL
LDL
Receptor
IDL
de LDL
Ésteres de
colesterol

HDL - 3
Triglicerídeos
LCAT esterifica o
colesterol e as
partículas HDL se Colesterol
tornam esféricas livre
HDL - 3
Células
periféricas
HDL - 2 HTGL

ApoAI
Transportador HDL nascente novamente
ABCA1
sintetizada Receptor Receptor
Células scavenger HDL putativo
periféricas B1
Colesterol livre ApoAI
novamente
sintetizada

Fígado
Figura 14. Transporte reverso do colesterol. Fonte: BAYNES, John W.; DOMINICAZK, Marek H. Bioquímica Médica. 4.
ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 27

PROTEÍNAS nos seres vivos, são as moléculas


mais diversificadas quanto à forma e
As proteínas, além de constituírem o função. As funções desempenhadas
componente celular mais abundante podem ser estruturais ou dinâmicas.

MAPA MENTAL – FUNÇÃO DAS PROTEÍNAS

Composição do esqueleto
celular e estruturas de
sustentação

Controle da
Ação enzimática
atividade dos genes
Funções das
Proteínas
Contração muscular
Transporte de moléculas
(actina e miosina)

Ação hormonal Mecanismos de defesa

As proteínas, apesar de apresenta-


rem estruturas e funções tão diver- SE LIGA! A única exceção é a prolina,
sas, são sintetizadas a partir de 20 que contém um grupo imino ( - NH -) no
lugar do amino.
monômeros diferentes, os aminoáci-
dos, que são combinados de diversas
maneiras e sequências. Os aminoácidos têm uma fórmula
básica comum, na qual os grupos
1. AMINOÁCIDOS amino e carboxila estão ligados ao
carbono α, ao qual também se liga
São compostos que apresentam, um átomo de hidrogênio e um grupo
na sua molécula, um grupo AMINO variável chamado de cadeia lateral
(-NH2) e um grupo CARBOXILA ( ou grupo R.
- COOH).
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 28

Figura 15. Estrutura geral de um aminoácido. Fonte: http://www2.fct.unesp.br/docentes/edfis/ismael/nutricao/Ami-


no%E1cidos%20e%20prote%EDnas%20pgs%209%20a%2013%20e%2017.pdf

As propriedades das cadeias laterais solubilidade em água e são impor-


dos aminoácidos (estrutura, tamanho tantes para a conformação e para a
e carga elétrica) influenciam na sua função das proteínas.
AMINOÁCIDOS APOLARES

Glicina Alanina Valina

Leucina Isoleucina Fenilalanina

Triptofano Metionina Prolina

Figura 16. Cadeias Laterais Apolares. Fonte: http://www2.fct.unesp.br/docentes/edfis/ismael/nutricao/Amino%E1c-


dos%20e%20prote%EDnas%20pgs%209%20a%2013%20e%2017.pdf
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 29

AMINOÁCIDOS POLARES DESPROVIDAS DE CARGA

Serina Treonina Tirosina

Asparagina Cisteína Glutamina


Figura 17. Cadeias Laterais Desprovidas de Carga. Fonte: http://www2.fct.unesp.br/docentes/edfis/ismael/nutricao/
Amino%E1cidos%20e%20prote%EDnas%20pgs%209%20a%2013%20e%2017.pdf

AMINOÁCIDOS POLARES ÁCIDOS

Aspartato Glutamato

AMINOÁCIDOS POLARES BÁSICOS

Histidina
Lisina Arginina

Figura 18. Cadeias Laterais Ácidas e Básicas. Fonte: http://www2.fct.unesp.br/docentes/edfis/ismael/nutricao/Ami-


no%E1cidos%20e%20prote%EDnas%20pgs%209%20a%2013%20e%2017.pdf
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 30

MAPA MENTAL - CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS E CLASSIFICAÇÃO DOS AMINOÁCIDOS

Grupo carboxila Grupo amino


está AMINOÁCIDOS está
( - COOH) (-NH2)

desprotonado (COO-) protonado (- NH3+)


em pH fisiológico em pH fisiológico
são compostos por

Cadeias laterais Cadeias laterais (- R) Cadeias laterais


apolares de 20 tipos diferentes polares

Caráter de Localização interna na Presentes na superfície Carga elétrica líquida


hidrocarboneto molécula de proteína da molécula proteica ou cargas residuais

Não interagem Alanina Capazes de interagir Subdivididas em


com a água Glicina com a água
Isoleucina
Leucina
Metionina
Fenilalanina Desprovidas de carga Ácidas Básicas
Prolina
Triptofano Asparagina Ácido aspártico Arginina
Grupo
Valina amida
Glutamina Histidina
Grupo Ácido glutâmico
Cisteína Lisina
sulfidrila
Serina caracterizadas por caracterizadas por
Grupo
Treonina
hidroxila
A cadeia lateral se dissocia A cadeia lateral é
Tirosina protonada e geralmente
em – COO- em pH
apresenta carga positiva
fisiológico (carga negativa) em pH fisiológico
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 31

O carbono α de todos os aminoácidos, quiral são opticamente ativas, ou seja,


com exceção da glicina (pois o grupo giram ao plano da luz polarizada.
R é um hidrogênio), é assimétrico, já Todas as proteínas encontradas nos
que está ligado a quatro grupos dife- seres vivos são formadas por L-ami-
rentes – Carbono quiral. Em decorrên- noácidos, pois as enzimas que sinte-
cia do arranjo tetraédrico dos orbitais tizam os aminoácidos possuem sítios
de ligação em volta do carbono quiral, ativos capazes de sintetizar apenas
os quatro grupos diferentes podem as formas L dos aminoácidos. Os
ocupar dois arranjos espaciais únicos D-aminoácidos aparecem apenas em
e, portanto, os aminoácidos têm dois certos antibióticos e em peptídeos
estereoisômeros possíveis – D e L. componentes da parede de algumas
Uma vez que elas são imagem espe- bactérias.
culares não sobreponíveis uma da ou-
tra, as duas formas representam uma
classe denominada enantiômeros. CONCEITO!
Todas as moléculas com um carbono Sítio ativo = Local onde ocorre a rea-
ção química catalisada pela enzima.

L - Alanina D - Alanina

Figura 19. Estereoisomerismo em α - aminoácidos. Fonte: NELSON, David L.; COX, Michael M.. Princípios de bioquí-
mica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 1 v
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 32

zwitterion. Essa dualidade de car-


SE LIGA! O sistema D, L de classifica- gas faz com que o aminoácido possa
ção dos estereoisômeros foi criado com atuar tanto como ácido quanto como
base na configuração absoluta do açú-
base. Qual dos dois comportamento
car de três carbonos gliceraldeído, uma
convenção proposta por Emil Fischer a molécula vai assumir dependerá de
em 1891. Para todos os compostos qui- uma mudança de pH do meio.
rais, os estereoisômeros com configu-
ração relacionada à do L-gliceraldeído Em soluções muito ácidas, os dois
são designados L, e os estereoisômeros grupos, amina e carboxila, apresen-
relacionados ao D-gliceraldeído foram tam-se protonados; em pH muito al-
designados D. Os grupos funcionais de
calino, ambos se apresentam despro-
L-alanina são combinados com aque-
les de L-gliceraldeído pelo alinhamento tonados; e em soluções próximas da
daqueles que podem ser interconver- neutralidade, o aminoácido apresen-
tidos por reações químicas simples, de ta-se como íon dipolar. A conversão
etapa única. Portanto, o grupo carboxila
de L-alanina ocupa a mesma posição ao entre essas formas em função do pH
redor do carbono quiral que o grupo al- do meio é refletida na curva de titula-
deído de L-gliceraldeído, porque um al- ção do aminoácido e permite a atua-
deído é prontamente convertido em um ção do aminoácido como um tampão.
grupo carboxila por meio de uma oxida-
ção de etapa única.]

Curva de titulação dos


Ionização dos aminoácidos – aminoácidos
Propriedades ácido-base Vamos utilizar a glicina como exemplo
Os aminoácidos têm pelo menos dois haja vista que apresenta um grupo R
grupos ionizáveis, que podem existir ( - H) não ionizável. Em uma solução
na forma protonada (- COOH, - NH3+) com pH ácido, há uma elevada con-
ou desprotonada (- COO- , - NH2), de- centração de íons H+ livres, fazendo
pendendo do pH do meio em que se com que a glicina se torne comple-
encontram. tamente protonada pela inserção de
Em pH 7, um aminoácido com grupo um íon H+ à carboxila ( - COOH). En-
R não ionizável, dissolvido em água, quanto a carboxila recebe os prótons
apresenta uma região carregada po- do meio, o pH da solução se mantém
sitivamente (amina) e outra carregada constante, ou seja, a glicina está atu-
negativamente (carboxila). Quando ando como tampão.
uma molécula apresenta duas cargas
distintas em duas regiões da sua es-
trutura, dizemos que essa molécula é
um íon dipolar, também chamado de
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 33

Em pH 7... Aumentando a acidez... Em pH 1...

Glicina
Glicina

Glicina

Figura 20. Comportamento da glicina em pH neutro e em pH ácido. Fonte: POIAN, Andrea da et al. Bioquímica 1:
Módulo 1. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2009. 2 v. 5 ed.

Se adicionarmos uma base forte, impediu que o pH da solução aumen-


como o hidróxido de potássio (KOH), tasse muito.
à solução de pH 1, ela irá se disso- Adicionando mais KOH à solução em
ciar, fazendo com que o pH se eleve. pH neutro, todas as moléculas de gli-
Isso ocorre, pois, a hidroxila (OH-) da cina perderão seu hidrogênio da car-
base atrairá os prótons livres da so- boxila (encontram-se na forma de
lução, formando moléculas de água. zwitterion) e o pH da solução voltará
Desse modo, a concentração de íons a subir muito rapidamente, até alcan-
H+ tende a diminuir no meio, aumen- çar um novo estágio em que o pH se
tando o pH. Adicionando mais base mantém. (MOMENTO 2) Isso se deve
a este meio, o pH continuará a subir ao fato de que, com a elevação do pH,
até alcançar um ponto em que, co- a concentração de prótons livres ficou
locando mais hidróxido de potássio, muito baixa e a de hidroxilas livres
o pH (ainda ácido) não irá se alterar significativamente alta. O grupamen-
muito. (MOMENTO 1) Nesse ponto, to amino da glicina passa a perder seu
o grupo – COOH da glicina começa a próton que se junta às hidroxilas pro-
perder seu próton para as hidroxilas venientes da base, formando água.
adicionadas da base. Assim, o ami-
noácido atua como um tampão, pois,
ao perder o hidrogênio da carboxila,
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 34

Em pH ácido Em pH neutro Em pH básico

Glicina Glicina parcialmente Glicina


protonada protonada desprotonada
Figura 21. Comportamento dos grupos ionizáveis da glicina em diferentes pHs. Fonte: POIAN, Andrea da et al. Bio-
química 1: Módulo 1. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2009. 2 v. 5 ed.

Figura 22. Curva de titulação da glicina. Nas regiões em destaque, a inclinação da curva fica menos acentuadas, o que
indica a atuação do aminoácido como tampão, evitando alterações significativas no pH mediante a adição da base. Fon-
te: NELSON, David L.; COX, Michael M.. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 1 v
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 35

grupo carboxila de um aminoácido


SE LIGA! Os pontos observados no com o grupo amino de outro. Esta li-
meio das regiões em destaque, indi- gação covalente é denominada liga-
cam o pK dos grupamentos carboxila
(pK1) e amino (pK2). O pK indica o valor ção peptídica, obtida pela liberação
de pH no qual metade desses grupos de uma molécula de água e resulta na
está protonada e a outra metade está formação de um peptídeo. Tal proces-
desprotonada.
so ilustra uma reação de condensa-
ção baseada na desidratação.
2. PEPTÍDEOS
Os aminoácidos podem formar po-
límeros através da ligação amida do

Figura 23. Ligação peptídica. Fonte: https://querobolsa.com.br/enem/biologia/proteinas

A ligação peptídica, apesar de ser re- torno dela. Assim, os quatro átomos
presentada por apenas um traço de dos grupamentos que participam da
ligação, apresenta caráter parcial de ligação peptídica ficam dispostos em
dupla ligação (características inter- um plano rígido, que recebe o nome
mediárias entre uma ligação simples de grupo peptídico ou unidade pep-
e uma dupla ligação), devido às inte- tídica. Tais grupos são unidos entre
rações entre duas formas de resso- si por uma articulação flexível, o car-
nância. A consequência disso é que bono α. Assim, forma-se uma cadeia
não há possibilidade de rotação em polipeptídica.
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 36

Figura 24. O grupo peptídico planar. Fonte: NELSON, David L.; COX, Michael M.. Princípios de bioquímica de Lehnin-
ger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 1 v

A cadeia polipeptídica por conter de intercambiáveis, as moléculas cha-


dois a milhares de aminoácidos (mais madas de polipeptídeos têm massas
especificamente, resíduos de amino- moleculares abaixo de 10.000, e as
ácidos após a perda da molécula de chamadas de proteínas têm massas
água). moleculares mais elevadas.
• 2 aminoácidos = dipeptídeo Em um peptídeo, o resíduo de amino-
ácido na extremidade com um grupo
• 3 aminoácidos = tripeptídeo α-amino livre é chamado de resíduo
• 4 aminoácidos = tetrapeptídeo aminoterminal (ou N – terminal); o re-
síduo na outra extremidade que tem
• 5 ...
um grupo carboxila livre é o resíduo
• Até 30 aminoácidos = oligopeptí- carboxiterminal (ou C – terminal).
deos (ou apenas peptídeos) O comportamento ácido-básico de
• > 30 aminoácidos = polipeptídeos um peptídeo pode ser previsto a par-
tir de seus grupos α-amino e α-car-
boxila livres combinado com a natu-
Embora os termos “proteína” e “po- reza e o número dos seus grupos R
lipeptídeo” sejam algumas vezes ionizáveis.
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 37

MAPA MENTAL - PEPTÍDEOS

Dipeptídeo 2 aminoácidos

Tripeptídeo 3 aminoácidos

Até 30
Aminoácido 1 Aminoácido 2 Oligopeptídeo
aminoácidos

Cadeia
- COOH Ligação amida NH2 - Polipeptídeo > 30 aminoácidos
polipeptídica

Liberação de uma
Plano rígido Grupo peptídico Grupos unidos formam
molécula de água
Ligação peptídica
Caráter parcial Reação de
de dupla ligação condensação
Polímeros de
aminoácidos

Extremidade com Comportamento


PEPTÍDEOS Extremidades livres
grupo carboxila livre ácido básico

Resíduo Grupos R ionizáveis


carboxiterminal
Extremidade com Resíduo
grupo amino livre aminoterminal
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 38

As proteínas podem ser formadas 3. ESTRUTURA DAS


por uma ou mais cadeias polipeptídi- PROTEÍNAS
cas; contêm, geralmente, mais de 50
A organização espacial das proteína
aminoácidos e apresentam todos os
é resultante dos tipos de aminoáci-
20 tipos de aminoácidos, com poucas
dos que a compõem e de como eles
exceções. Cada proteína apresen-
estão dispostos uns em relação aos
ta uma estrutura espacial definida e
outros. Sua composição tem um efei-
característica. O arranjo espacial dos
to profundo sobre suas propriedades
átomos em uma proteína é chamado
físico-químicas. A enorme diversida-
de conformação. A proteína tende
de de proteínas se deve às diferen-
a sempre assumir a conformação de
tes composições e tamanhos que
menor energia livre, ou seja, a confor-
elas podem apresentar, bem como às
mação energeticamente mais favorá-
modificações pós-traducionais (após
vel nas condições celulares, que ela
a tradução, processo de síntese de
possa assumir sem a quebra de suas
uma proteína a partir da sequência de
ligações covalentes. Esta conforma-
RNA) que elas podem sofrer no meio
ção, entretanto, não é permanente-
intracelular.
mente fixa e, muitas vezes, alterações
transitórias da estrutura estão rela- A sequência dos aminoácidos irá de-
cionadas com a função desempenha- terminar o tipo de interação possível
da pela proteína. Proteínas dobradas entre as cadeias laterais. A organiza-
em, qualquer uma de suas confor- ção tridimensional de uma proteína,
mações funcionais, são chamadas de desde a sequência de aminoácidos,
proteínas nativas. passando pelo enrolamento da ca-
deia polipeptídica até a associação de
As proteínas podem ser classificadas
várias cadeias, pode ser descrita em
quanto ao arranjo estrutural:
4 níveis estruturais de complexidade
• Proteína monomérica – Apresenta crescente.
apenas uma cadeia polipeptídica
• Proteína multimérica – Caracteri-
Estrutura primária
zada pela associação de cadeias
polipeptídicas (monômeros) É a sequência de aminoácidos ao
longo da cadeia polipeptídica, que é
◊ Homomultimérica – Possui um
determina geneticamente, sendo es-
tipo de cadeia
pecífica para cada proteína. Por con-
◊ Heteromultimérica – Possui venção, a estrutura primária é escrita
dois ou mais tipos de cadeias na direção aminoterminal:carboxiter-
diferentes minal. A função de uma proteína de-
pende de sua sequência primária.
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 39

Qualquer alteração nela, gera uma A formação da estrutura enovelada


proteína diferente que pode até per- de uma proteína se dá pelo aumento
der sua função biológica. da entropia a partir do encobrimen-
A sequência primária de uma proteí- to de suas superfícies hidrofóbicas.
na é determinada pela sequência de Além disso é importante que os gru-
bases nitrogenadas do DNA. Altera- pos polares presentes na proteína
ções de determinados aminoácidos possuam pares adequados para es-
em uma proteína (geradas por muta- tabelecer ligações de hidrogênio ou
ções no DNA) podem acarretar perda interações iônicas. A ausência das
da função desta, ao passo que altera- ligações de hidrogênio pode desesta-
ções em outros sítios da proteína po- bilizar a proteína.
dem não ser nocivas; ao contrário, são Há dois tipos de estrutura secundária:
boas medidas para estabelecer rela- a α-hélice e a folha β-pregueada
ções filogenéticas entre as espécies.
α – hélice
SE LIGA! O que são proteínas homó-
logas? São aquelas que se relacionam Cadeia polipeptídica retorcida em tor-
evolutivamente. Em geral, realizam a no de um eixo imaginário longitudinal
mesma função em espécies diferentes.
que passa pelo centro da hélice, com
Com isso, podemos concluir que sua se-
quência primária não pode variar muito. os grupos R voltados para a face ex-
Ou, pelo menos, não pode haver troca terna da hélice. Essa estrutura otimiza
dos aminoácidos que estejam mais di- o uso das ligações de hidrogênio que
retamente relacionados com a função
específica da proteína. Assim, a taxa de
se dispõem paralelamente ao longo
mutação de uma determina proteína de- do eixo da hélice.
pende da extensão em que a mudança
A α – hélice apresenta as cadeias la-
afeta a sua função.
terais dos resíduos de aminoácidos
projetadas para fora do eixo da espi-
Estrutura secundária ral, já que muitos deles são volumo-
sos e, por esta razão, dificilmente se
A estrutura secundária de uma pro-
ajustariam ao interior da hélice. Cada
teína refere-se a uma estrutura local
hidrogênio do grupamento amino de
da cadeia polipeptídica. Essa estru-
um resíduo de aminoácido está ligado
tura é determinada por ligações de
através de uma ligação de hidrogênio
hidrogênio entre o oxigênio do grupo
ao oxigênio do grupamento carboxi-
carboxila de uma ligação peptídica e
la de uma ligação peptídica distante
o hidrogênio amídico de outra ligação
quatro resíduos na mesma cadeia. A
peptídica vizinha.
manutenção da estrutura da hélice é
garantida, ainda, pelas interações de
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 40

Van der Walls que acontecem em seu média, 3,6 resíduos de aminoácidos
interior, fazendo com que esta região por volta da hélice, e a hélice enrola-
seja bastante empacotada. Há, em -se para a direita (sentido horário) em
quase todas as proteínas.

Figura 25. α – hélice. Fonte: NELSON, David L.; COX, Michael M.. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2014. 1 v
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 41

R carregados positivamente em pH 7,
SE LIGA! Interações de Van der Walls eles também se repelem.
são interações fracas estabelecidas en-
tre dois átomos que se aproximam muito
A prolina e a glicina são aminoáci-
um do outro. Cada átomo apresenta uma dos caracterizados por impedir a for-
nuvem de elétrons que influencia o áto- mação da α – hélice. A prolina é má
mo vizinho, atraindo-o ou repelindo-o. formadora dessa estrutura porque
possui seu átomo de nitrogênio como
Nem todos os polipeptídeos podem parte de um anel, o que impossibilita
formar uma α – hélice estável. Cada que a ligação N – Cα gire para formar
resíduo de aminoácido em um poli- uma espiral. Além disso, por conta
peptídeo tem uma propensão intrín- das características química da estru-
seca a formar essa hélice, conse- tura da prolina, o nitrogênio da prolina
quência das propriedades dos seus envolvido neste anel não dispõe de
grupos R e como elas interferem na hidrogênios para formar ligações de
capacidade de seus átomos de cone- hidrogênio necessárias à formação
xão da cadeia principal em aceitar os de uma hélice.
ângulos características da espiral. Por Enquanto isso, a glicina também não
exemplo, se uma cadeia polipeptídica funciona bem na formação de α – hé-
possui uma longa sequência de resí- lices devido à sua grande flexibilida-
duos de Glutamato (aminoácido polar de. Por ser um aminoácido pequeno
carregado negativamente em pH 7), (o menor deles), a glicina apresenta
esse segmento não irá formar uma grande mobilidade no espaço, o que
α – hélice em pH 7. Os grupos car- desestabiliza essa organização. So-
boxílicos carregados negativamente, mente as estruturas conhecidas como
dos resíduos de glutamato adjacen- voltas – β permitem que as glicinas se
tes repelem-se mutuamente de for- movimentem mais livremente e con-
ma tão forte que impedem a forma- centram grandes quantidades deste
ção da hélice. Da mesma forma, se aminoácido.
existem muitos resíduos com grupos
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 42

Figura 26. Esquema das α – hélices. Fonte: POIAN, Andrea da et al. Bioquímica 1: Módulo 1. Rio de Janeiro: Fundação
Cecierj, 2009. 2 v. 5 ed

Folha – β pregueada adjacentes da cadeia polipeptídica


de forma perpendicular ao eixo das
As cadeias polipeptídicas estendem-
cadeias e pelos grupos R projetados
-se em uma estrutura em zigue-za-
em direções opostas (90° em relação
gue e podem ser dispostas lado a
ao plano da folha). Essa organização
lado, formando uma estrutura que se
confere bastante estabilidade e um
assemelha a uma série de pregas. São
certo grau de rigidez ao polipeptídeo.
caracterizadas por ligações de hidro-
gênio formadas entre os segmentos

Cadeias laterais
Folha β (acima)
Visão lateral

Cadeias laterais
(abaixo)

Figura 27. Folha β. Fonte: NELSON, David L.; COX, Michael M.. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2014. 1 v
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 43

As cadeias adjacentes em uma folha teremos uma folha paralela. Quando


- β podem ser paralelas ou antipara- os grupos aminoterminal e carboxi-
lelas. Toda vez que uma proteína se terminal estiverem em sentidos opos-
dobrar de forma que a extremidade tos, estaremos diante de uma folha
carboxila esteja orientada no mes- antiparalela.
mo sentido da extremidade amino,

A) Folha β antiparalela
Visão superior

B) Folha β paralela
Visão superior

6,5 Å

Figura 28. Conformações da folha - β de diferentes orientações. Fonte: NELSON, David L.; COX, Michael M.. Princípios
de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 1 v
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 44

SE LIGA! A volta - β refere-se ao segmento do polipeptídeo onde ocorre uma inversão abrup-
ta de direção. Podem estar presente entre duas α – hélices, conectando uma α – hélice a uma
cadeia da folha - β ou, ainda, conectando duas cadeias polipeptídicas para formar a folha - β.
Resíduos de glicina e de prolina estão presentes frequentemente nas voltas - β na superfície
das proteínas globulares.

Figura 29. Exemplo de volta - β. Fonte: NELSON, David L.; COX, Michael M.. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 1 v

Estrutura terciária de aminoácidos. Desse modo, ami-


noácidos que estão distantes e que
Corresponde ao arranjo biologica-
residem em diferentes tipos de estru-
mente ativo tridimensional total de
turas secundárias podem interagir no
todos os átomos de uma proteína, in-
interior de uma estrutura totalmente
cluindo aspectos envolvendo distân-
enovelada.
cia mais longas dentro da sequência
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 45

Estrutura primária

Aminoácidos

Fita β α - hélice

Estrutura secundária

Estrutura terciária
Representação da fita β
Representação da α - hélice

Figura 30. Os três primeiros níveis organizacionais de uma proteína. Fonte: POIAN, Andrea da et al. Bioquímica 1:
Módulo 1. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2009. 2 v. 5 ed.

As ligações entre os resíduos mais • Interações hidrofóbicas: Formadas


distantes para a manutenção dos do- entre as cadeias laterais hidrofó-
bramentos da estrutura terciária ocor- bicas dos aminoácidos apolares.
rem pode meio de interações fracas Não interagem com a água, deter-
não - covalentes: minando uma retração das molé-
culas de água ao seu redor. Natu-
• Ligações de hidrogênio: estabele-
ralmente, os grupos hidrofóbicos
cidas entre grupos R de aminoá-
aproximam-se e concentram-se
cidos polares com ou sem carga.
no interior da molécula proteica,
Naturalmente, não apresentam um
reduzindo a área apolar expos-
padrão regular de disposição, ao
ta ao solvente. São as interações
contrário do que ocorre na estrutu-
mais importantes para a manuten-
ra secundária.
ção da conformação espacial das
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 46

proteínas, dado o grande número Porém, esta não é uma situação


de aminoácidos hidrofóbicos. muito frequente, pois a maioria dos
grupos carregados de uma proteí-
• Ligações eletrostáticas ou iônicas:
na localizam-se na sua superfície,
Incluem interações de grupos com
estabelecendo interações íon – di-
cargas opostas. Têm importância
polo com a água. Assim, forma-se
fundamental para o dobramento da
uma camada organizada em volta
cadeia polipeptídica quando ocor-
da molécula proteica, a camada de
rem no interior apolar da proteína.
solvatação.
Detalhe das forças que mantêm a estrutura
terciária
Interações hidrofóbicas
(entre dois aminoácidos
hidrofóbicos)

Cadeia polipeptídica

Ponte de
nitrogênio

Ponte dissulfeto

Interações iônicas

Figura 31. Forças que mantêm a estrutura terciária de uma proteína. Fonte: POIAN, Andrea da et al. Bioquímica 1:
Módulo 1. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2009. 2 v. 5 ed.

Além dessas interações, os dobra- em proteínas intracelulares, prova-


mentos de uma cadeia polipeptídica velmente devido à presença de altas
podem ser estabilizados por uma liga- concentrações citoplasmáticas de
ção covalente chama de ponte dissul- glutationa, que rompem estas liga-
feto ( - S – S - ), formada entre dois re- ções. A maioria das proteínas conten-
síduos de cisteína por uma reação de do pontes dissulfeto localizam-se na
oxidação. São raramente encontradas superfície celular ou são secretadas
para o meio extracelular.
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 47

Ponte de enxofre ou
Cisteína 1 Cisteína 2 ponte dissulfeto
Figura 32. Formação da ponte dissulfeto. Fonte: POIAN, Andrea da et al. Bioquímica 1: Módulo 1. Rio de Janeiro: Fun-
dação Cecierj, 2009. 2 v. 5 ed.

Muitas vezes, pode-se distinguir na Estrutura quaternária


estrutura terciária de uma proteí-
na monomérica ou das subunidades Arranjo de duas ou mais cadeias po-
componentes de uma polimérica, re- lipeptídicas (que podem ser idênticas
giões diferenciadas independente- ou diferentes) em complexos tridi-
mente estáveis ou que podem se mo- mensionais para compor uma prote-
vimentar como uma entidade isolada, ína funcional oligomérica. É mantida
chamadas domínios. Cada domínio por ligações não covalentes entre
tem uma organização espacial com- as subunidades, dos mesmos tipos
pacta, com o interior hidrofóbico e a que mantêm a estrutura terciária. Se
superfície externa polar. Geralmente, a proteína tiver duas subunidades, é
longas cadeias polipeptídicas (+ de chamada dímero; se três, trímero; se
200 resíduos de aminoácidos) são quatro, tetrâmero; cinco, pentâmero, e
as que se dobram em dois ou mais assim por diante.
domínios. O grau de interação entre OBS.: Proteína oligomérica = apre-
domínios pode variar desde domí- senta várias subunidades.
nios independentes, ligados por um
segmento flexível, ou domínios se-
SE LIGA! Nem todas as proteínas al-
parados por uma fenda estreita, até cançam o nível quaternário de organiza-
os que estabelecem contato íntimo. ção. Muitas proteínas se apresentam na
Em qualquer um dos casos, os domí- forma monomérica, isto é, com apenas
uma subunidade, como a mioglobina.
nios podem movimentar-se, uns em
relação aos outros. Esta flexibilidade
é fundamental para que a proteína
possa se ligar eficientemente a outros
compostos.
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 48

MAPA MENTAL – ESTRUTURA DAS PROTEÍNAS

α - hélice

Arranjos regulares Folha β - pregueada


de aminoácidos Aumento da entropia
Formada por ligações
localizados próximos por encobrimento da
de hidrogênio
uns dos outros na superfícies hidrofóbicas
estrutura primária Tipos

Secundária
Arranjo biologicamente
Sequência de ativo tridimensional da
aminoácidos proteína completa

Determinada pela ESTRUTURA


sequência de bases Primária DAS Terciária Ligações de hidrogênio
nitrogenadas do DNA PROTEÍNAS

Descrita na direção Formada por interações


aminoterminal → Interações hidrofóbicas
fracas não - covalentes
carboxiterminal
Quaternária
Podem apresentar
Ligações iônicas
pontes dissulfetos
Arranjo de múltiplas
subunidades polipeptídicas Parte
na proteína Domínios
independentemente
estável de uma cadeia
Formada pelas mesmas polipeptídica
interações não covalentes
da estrutura terciária
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 49

De acordo com estruturas mais com- Geralmente, apresenta apenas um


plexas, pode-se classificar as estrutu- tipo de estrutura secundária e são
ras quaternárias em: proteínas fibro- insolúveis em água devido à alta
sas e proteínas globulares. concentração de aminoácidos hidro-
fóbicos tanto no interior quanto no ex-
terior da molécula. Suas propriedades
Proteínas fibrosas as conferem resistência e/ou flexibili-
Composta por cadeias polipeptídi- dade e, por isso, dão suporte, forma e
cas arranjadas em longos feixes pela proteção externa aos vertebrados.
associação de filamentos idênticos.

Feixe

Filamento

Figura 33. Organização dos feixes que compõem as proteínas fibrosas. Fonte: POIAN, Andrea da et al. Bioquímica 1:
Módulo 1. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2009. 2 v. 5 ed.

A α – queratina é uma proteína fi- O colágeno é a proteína mais abun-


brosa encontrada nos cabelos e pe- dante nos vertebrados. Suas fibras
los, nas unhas, na lã, nos chifres, nas são fortes e insolúveis e ele está pre-
garras, nas penas e na maior parte sente nos ossos, nos dentes, nas car-
da camada superficial da pele dos tilagens, nos tendões, nas veias etc.
animais para impermeabilização. A Cada molécula é constituída por três
resistência dessa proteína é garanti- cadeias polipeptídicas na forma de
da por α – hélices que se enrolam de hélice, porém com características di-
forma compacta uma sobre as outras ferentes da queratina. Curiosamente,
formando uma “super-hélice”, além no colágeno, há uma concentração
da presença frequente de pontes dis- significativa de prolina que, nesse
sulfeto nessa organização. caso, auxiliam a formar as α – hélices
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 50

específicas dessa proteína – confor- que são mais volumosos, ficam para
mação helicoidal voltada para a es- fora da tripla hélice e, por serem infle-
querda com cerca de 3 resíduos por xíveis e rígidos, conferem resistência
volta, e não 3,6 como normalmente. à molécula do colágeno.
Os resíduos de prolina e hidroxiprolina,

Uma cadeia Tripla hélice

Figura 34. Tripla hélice do colágeno. Fonte: POIAN, Andrea da et al. Bioquímica 1: Módulo 1. Rio de Janeiro: Fundação
Cecierj, 2009. 2 v. 5 ed.

Além das citadas, temos a fibroína da Proteínas globulares


seda, uma proteína produzida por in-
Formadas por cadeias polipeptídicas
setos e aranhas e que constitui tam-
enoveladas em formas esféricas em
bém a seda de tecido na confecção
que diferentes segmentos se dobram
de roupas. É formada, predominante-
uns sobre os outros. Apresenta dife-
mente, por folhas β antiparalelas bem
rentes tipos de estruturas secundá-
empacotadas umas contra as outras
rias e são solúveis em água devido a
pela elevada concentração de ami-
sua superfície externa hidrofílica.
noácidos pequenos, alanina e glicina.
Sua estrutura terciária é estabilidade O enovelamento garante a diversi-
pelas ligações de hidrogênios e pelas dade estrutural necessária às prote-
interações hidrofóbicas. ínas para realizar uma grande quan-
tidade de funções biológicas como
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 51

transporte, motricidade, ação enzi- função é transportar oxigênio dos


mática, defesa e outras. pulmões aos capilares dos tecidos.
Dentre as proteínas globulares pre- Sua principal molécula, a hemoglobi-
sentes em nosso organismo, as prin- na A, é um heterotetrâmero compos-
cipais são a hemoglobina e a mio- to por 2 cadeias α e duas cadeias β,
globina, moléculas especializadas no associadas sobretudo por interações
transporte de gases para os tecidos. não - covalentes. Além disso, há qua-
tro grupos hemes, cada um ligado a
A hemoglobina está contida no inte- uma destas subunidades. Dessa for-
rior das células transportadoras de ga- ma, a hemoglobina transporta quatro
ses, as hemácias, onde sua principal moléculas de oxigênio de cada vez.

SAIBA MAIS!
O heme é uma molécula hidrofóbica formada por átomos de carbono, hidrogênio e nitrogênio
ligados de tal forma que constituem um anel. Localizados no centro desse anel, os nitrogênios
têm a capacidade de estabelecer quatro ligações com outros átomos. Quando o anel não tem
nenhum átomo associado em seu centro, ele é chamado de protoporfirina. Quando um áto-
mo de ferro (Fe2+)se associa ao centro desse anel, esse anel passa a ser chamado de heme.
O ferro é muito importante na hemoglobina, pois é esse átomo que se associa ao oxigênio
de forma reversível para permitir sua captação e posterior distribuição aos tecidos do corpo.
Além disso, o heme também é capaz de ligar-se ao gás carbônico e ao monóxido de carbono.
Quanto ao gás carbônico, é uma vantagem haja vista que permite que esse gás seja retirado
dos tecidos e entregue aos pulmões para que seja expelido. Já o monóxido de carbono é um
problema, pois apresenta maior afinidade que o oxigênio e é tóxico aos organismos aeróbicos.

A mioglobina é uma proteína com- molécula de mioglobina é constituído


posta por uma única cadeia, que con- quase que completamente por ami-
tém 153 aminoácidos, apenas uma noácidos apolares, estabilizados por
molécula de heme e oito α – hélices. interações hidrofóbicas. Em contras-
Presente no coração e no múscu- te, os aminoácidos com carga estão
lo esquelético, atua armazenando e localizados quase exclusivamente na
transportando oxigênio apenas entre superfície da molécula, onde podem
as células musculares. O interior da formar pontes de hidrogênio entre si
e com a água.
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 52

Mioglobina Hemoglobina
(formada por apenas (formada por apenas
uma subunidade) quatro subunidades)
Subunidade β Subunidade β

Subunidade α Subunidade α
Figura 35. Estruturas esquemáticas da mioglobina e da hemoglobina. Fonte: POIAN, Andrea da et al. Bioquímica
1:Módulo 1. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2009. 2 v. 5 ed.

SE LIGA! Quando as proteínas se apresentam associadas a moléculas orgânicas não-pro-


teicas ligadas à cadeia polipeptídica, esses componentes são designados grupos prostéticos,
como o heme, e as proteínas, nesse caso, são chamadas de proteínas conjugadas.
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 53

MAPA MENTAL – CARACTERÍSTICAS DAS PROTEÍNAS GLOBULARES E FIBROSAS

α - hélices

Pontes dissulfeto Longos feixes formados


pela associação de Diferentes tipos de
Cabelos, filamentos idênticos estruturas secundárias Interior das
Formada por hémácias
pelos, unha, lã,
chifres, garras, Cadeias polipeptídicas
penas e pele Encontrada em α - queratina
em formas esféricas
Encontrada em 2 cadeias β
Proteína + abundante em vertebrados
Colágeno Hemoglobina Heterotetrâmero 2 cadeias α
Tripla hélice
Formada por 4 grupos heme
Ossos, dentes, cartilagens, Encontrada em
tendões, veias, etc. PROTEÍNAS PROTEÍNAS
Principalmente interações não - covalentes
FIBROSAS GLOBULARES

Seda de tecido Ligações de hidrogênio


Geralmente apenas Desempenha diversas
na confecção de um tipo de estrutura
secundária funções biológicas
roupas Interações hidrofóbicas
Folhas β
antiparalelas Formada por Fibroína Mioglobina Formada por

Transporta oxigênio apenas


Produzida por
Insetos e aranhas Resistência e entre as células musculares
Solúveis em água
flexibilidade
Composta por uma única cadeia
Alta concentração de
Insolúveis em água Superfície externa
aminoácidos hidrofóbicos 8 α - hélices
hidrofílica
Um grupo heme
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 54

Estrutura supersecundária (ou secundário dobrados um sobre o ou-


motivo ou enovelamento) tro e representa apenas uma peque-
na parte de uma proteína. Um exem-
É um padrão de enovelamento iden-
plo é uma alça β – α – β. Um motivo
tificável, envolvendo dois ou mais
também pode ter uma estrutura bem
elementos da estrutura secundária e
elaborada, envolvendo muitos seg-
a conexão (ou conexões) entre eles.
mentos proteicos dobrados juntos,
Um motivo pode ser muito simples,
como o barril β.
tal como dois elementos de estrutura

(a) Alça β – α - β (b) Barril β

Figura 36. Motivos estruturais. Fonte: NELSON, David L.; COX, Michael M.. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. 1 v
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 55

4. DESNATURAÇÃO DAS repulsão eletrostática e rompimen-


PROTEÍNAS to de algumas ligações de hidro-
gênio. Alguns solutos, solventes
A desnaturação corresponde à perda
orgânicos e detergentes podem
de estrutura tridimensional, suficien-
causar alterações distintas porém
te para causar a perda da função, por
brandas haja vista que nenhuma
meio da quebra de ligações não-co-
ligação covalente é rompida.
valentes. Esse processo pode ser re-
sultante de diferenças nas condições A adição de solventes orgânicos po-
presentes no interior da células. Den- lares e de compostos com grande
tre os fatores envolvidos na desnatu- capacidade de formar ligações de hi-
ração estão: drogênio, como a ureia, determina a
desnaturação da proteína. Estes últi-
• Calor: Afeta as interações fracas mos agentes estabelecem ligações de
com efeitos complexos. Se a tem- hidrogênio com radicais da proteína,
peratura eleva lentamente, a con- substituindo ligações que mantinham
formação, geralmente, permanece a estrutura nativa, e os solventes or-
intacta até que haja, em uma es- gânicos por diminuírem a constante
treita faixa de temperatura, uma dielétrica do meio.
perda abrupta da estrutura – pro-
Após a volta para um ambiente “neu-
cesso cooperativo.
tro”/adequado, certas proteínas são
• pH: Alterações extremas alteram a capazes de reassumir suas estrutu-
carga líquida da proteína, causando ras nativas e atividades biológicas no
processo de renaturação.
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 56

MAPA MENTAL – DESNATURAÇÃO DAS PROTEÍNAS

Quebra de ligações
não - covalentes
Perda da estrutura
Renaturação Pode ser reversível tridimensional das Perda da
proteínas função biológica

Desnaturação

DESNATURAÇÃO
Afeta as DAS PROTEÍNAS pHs extremos
interações fracas

Repulsão eletrostática e rompimento


Desnaturação
de ligações de hidrogênio

Fora da faixa de Fatores envolvidos Fora da faixa de


temperatura ótima pH ótimo para ação

Compostos capazes
Adição de solventes
Temperatura de formar ligações de pH
orgânicos
hidrogênio

Ex.: ureia
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 57

MAPA MENTAL – RESUMO GERAL PROTEÍNAS

Propriedades ácido - base


Sequência de aminoácidos Primária Apenas L – aminoácidos Grupo amino
em seres vivos
Grupo R Influenciam sua
Estrutura local da solubilidade em água
cadeia polipeptídica Apresentam dois
Grupo carboxila
estereoisômeros
possíveis
α - hélices Secundária Reação de

condensação

Folhas β - preguadas Aminoácidos


Unem – se por meio de Ligação peptídica

Arranjo tridimensional
biologicamente ativo
Formadas por Origina Caráter parcial de
dupla ligação
Interação de diferentes tipos
Terciária
de estruturas secundárias
Peptideos
Grupos peptídicos
Interações fracas
não - covalentes Estrutura proteica PROTEÍNAS Conformação

Unem – se para formar


Pontes dissulfeto Arranjo espacial
dos átomos
Cadeia polipeptídica
Desnaturação
Proteínas globulares Quaternária

Quebra de ligações
Proteínas fibrosas Adição de compostos
não - covalentes
orgânicos e que formam
ligações de hidrogênios
Arranjo das cadeias polipeptí- pH e temperaturas
dicas de proteínas oligoméricas Perda de função extremas
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 58

REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFICAS
BAYNES, John W.; DOMINICAZK, Marek H. Bioquímica Médica. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010
POIAN, Andrea da et al. Bioquímica 1: Módulo 1. 5. ed. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2009. 1 v.
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POIAN, Andrea da et al. Bioquímica 1. Rio de Janeiro: Fundação Cecierj, 2009. 1. ed, v. 3
NELSON, David L.; COX, Michael M.. Princípios de bioquímica de Lehninger. 6. ed. Porto Alegre:
Artmed, 2014. 1 v
CHAMPE, Pamela C.; HARVEY, Richard A.; FERRIER, Denise R.. Bioquímica Ilustrada. 3. ed. Porto
Alegre: Artmed, 2006
MARZZOCO, Anita; TORRES, Bayardo Baptista. Bioquímica Básica. 2. ed. Rio de Janeiro: Guana-
bara Koogan, 1999.
LIPÍDEOS E PROTEÍNAS 59

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