FISIOLOGIA CELULAR
1. Introdução...................................................................... 3
2. Estrutura e componentes celulares..................... 4
3. Membrana plasmática............................................21
4. Sinalização celular....................................................45
Cromossomos e DNA
Centríolos
Grânulos de
secreção Complexo
golgiense
Microtúbulos
Membrana
nuclear Membrana
celular
Nucléolo
Glicogênio
Ribossomos
Lisossomo
Figura 1. Reconstrução de célula típica, mostrando as organelas internas no citoplasma e no núcleo. Fonte: HALL,
John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 4
Poros
Nucleoplasma
Retículo
endoplasmático
Nucléolo
Envelope nuclear –
membranas externa
e interna
Cromatina (DNA)
Citoplasma
Figura 2. Estrutura do núcleo. Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton
e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 5
Contínua com o RE
Poros nucleares
Sem membrana
Membrana externa
Produção de ribossomos
Centro de controle da célula
Dupla membrana
RNA e proteínas
NÚCLEO
Nucléolo Envelope nuclear
CELULAR
Componentes
Proteínas Histonas
DNA Cromossomos
23 pares
22 autossômicos
1 sexual
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 7
Membrana
Membrana externa
interna
Membrana interna
Cristas Matriz
Enzimas para a
fosforilação oxidativa
Câmara externa
Figura 3. Estrutura da mitocôndria. Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton
e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 9
Matriz mitocondrial
Oxidação dos
ácidos graxos
Presença de
Cristas mitocondriais
enzimas oxidativas
Espaço
Similar ao citosol
intermembranoso
Local da
Membrana interna
fosforilação oxidativa
Estrutura
Ex.: Cardiomiócitos
Produção de energia
em forma de ATP
SAIBA MAIS!
Acredita-se que as mitocôndrias tenham evoluído a partir de um procarioto aeróbio que vivia
no interior de células eucarióticas primitivas. Elas contêm DNA próprio para codificação das
suas enzimas, além do RNA necessário para a transcrição e tradução do DNA mitocondrial.
A presença do DNA, da dupla membrana e sua capacidade de autorreplicação são algumas
características que corroboram para essa hipótese de que as mitocôndrias eram procariotos
que vivam em simbiose com células eucarióticas.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 10
Vesículas golgienses
Complexo
golgiense
Vesículas RE
Retículo
endoplasmático
Figura 4. Complexo golgiense típico e sua relação com o retículo endoplasmático (RE) e com o núcleo. Fonte: HALL,
John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p
SAIBA MAIS!
O complexo golgiense corresponde a uma estrutura polarizada, cujas faces são diferentes –
sua superfície convexa ou face cis recebe as vesículas que saem do retículo endoplasmático
contendo as proteínas recém-formadas, enquanto a superfície côncava ou face trans origina
vesículas onde o material deixa o Golgi. Com isso, as cisternas do aparelho de Golgi apresen-
tam enzimas diferentes conforme sua posição, segundo o sentido cis-trans.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 12
Promove modificações
pós-traducionais
Recebe vesículas
Recebe as proteínas do RE
Face trans
Face cis
Formado por sacos
membranosos finos e achatados
Origina vesículas
Retículo
endoplasmático Retículo
granular endoplasmático
agranular
Figura 5. Estrutura do retículo endoplasmático. Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia
Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p
SAIBA MAIS!
Nas células musculares, o REl é altamente especializado no armazenamento de íons cálcio,
essenciais para a contração muscular, de modo que essa organela recebe o nome retículo
sarcoplasmático.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 14
Síntese e modificações
pós-traducionais de proteínas
Associado a ribossomos
Rugoso
RETÍCULO
ENDOPLASMÁTICO
Liso
Síntese de lipídios
Ausência de ribossomos
SAIBA MAIS!
Os cientistas descobriram que as proteínas indesejadas, capazes, por exemplo, de levar a erros
na multiplicação das células, recebem o que foi denominado de “beijo da morte” de uma mo-
lécula chamada ubiquitina, que se fixa a elas e as conduzem até os proteossomos. Um pouco
antes da destruição pelos proteossomos começar, a ubiquitina solta-se de sua vítima e começa
a procurar outra proteína a ser descartada. A descoberta desse mecanismo do “beijo da morte”
rendeu o prêmio Nobel de Química ao bioquímico norte-americano Irwin Rose em 2004.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 16
Macromoléculas
(nutrientes metabólicos)
Materiais indesejados
Estruturas celulares
danificadas
H+-ATPases
Presença de hidrolases
Lisossomos
ORGANELAS
VESICULARES
Peroxissomos Proteassomos
Não formam-se do
Ausência de membrana
Complexo de Golgi
Catabolismo de ácidos
Função degradativa
graxos de cadeia longa
Oxidação de
substâncias tóxicas
Ubiquitinadas
Formação de peróxido
de hidrogênio
“Beijo da morte”
Catalase
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 18
FILAMENTOS INTERMEDIÁRIOS
FILAMENTOS DE ACTINA
MICROTÚBULOS
Figura 6. Elementos do citoesqueleto. Fonte: Bruce Alberts, Dennis Bray, Karen Hopkin, Alexander Johnson, Julian Lewis, Mar-
tin Raff, Keith Roberts, Peter Walter. (2017). Fundamentos da Biologia Celular. 6ª Ed. Editora Artmed, Porto Alegre, 864p
Contração muscular
Junções celulares
Funções
Locomoção
Menor diâmetro
Microvilosidades
Centríolos Formados
por actina G
Fuso mitótico
Filamentos de actina
Resistência mecânica
Cílios e flagelos
Funções
Formados por Filamentos
Centrossomo Microtúbulos
tubulinas α e β intermediários
Formados por
proteínas fibrosas
Maior diâmetro
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 21
Cadeia glicídica do
Cadeia glicídica do
glicolipídio
glicolipídio
Bicamada
fosfolipídica
Proteína periférica
Proteína Lipídio
integral
Álcool
Açúcar
(p.ex., galactose)
Fosfato Grupo
OH
Região
“Caudas esteroide
Região hidrofóbica
de
ácidos
graxos”
Cauda
de
ácidos
graxos
Figura 8. Modelos das principais classes de lipídio da membrana plasmática. Fonte: KOEPPEN, Bruce M.; STANTON,
Bruce A.. Berne & Levy: Fisiologia. 6.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009
SE LIGA! Como os lipídios e as proteínas podem se difundir pelo plano da membrana e sua
aparência varia regionalmente, em virtude da presença de diferentes proteínas, a descrição
da estrutura da membrana plasmática é frequentemente chamada de modelo do mosaico
fluido. A fluidez da membrana é determina pela temperatura e por sua composição lipídica.
À medida que a temperatura aumenta, a membrana fica mais fluida. A presença de cadeias
insaturadas de ácidos graxos nos lipídios também aumenta a fluidez da membrana.]
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 24
Figura 9. Vias de transporte através da membrana celular e seus mecanismos básicos de transporte. Fonte: HALL,
John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p
SAIBA MAIS!
As aquaporinas se dividem em dois grupos. Um grupo só é permeável à água. O segundo
grupo é permeável à água e, também a substâncias de baixo peso molecular. Por permitirem a
passagem do glicerol, os integrantes do segundo grupo são chamados de aquagliceroporinas.
SAIBA MAIS!
No caso de ativação da comporta por voltagem, a conformação molecular do canal ou das
suas ligações químicas reage ao potencial elétrico através da membrana celular. Por exemplo,
se há uma forte carga negativa no lado interno da membrana celular, poderia presumivelmen-
te fazer com que as compostas externas do canal de sódio permanecessem fechadas; de
modo inverso, se o lado interno da membrana perdesse sua carga negativa, essas comportas
poderiam de modo abrupto se abrir, permitindo que o sódio entrasse na célula, passando
pelos poros de sódio. Esse é o mecanismo básico para a geração de potenciais de ação nas
fibras nervosas responsáveis pelos sinais nervosos.
Comporta Na+
Exterior fechada Na+
Comporta
aberta
Interior
Figura 10. Transporte de íons sódio através de proteínas canais. Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica:
Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p
Molécula transportada
Local de ligação
Proteína
carreadora e
alteração
conformacional
Liberação da
ligação
Figura 11. Mecanismo postulado para a difusão facilitado (tipo uniporte). Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia
Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p
SE LIGA! Uma das diferenças entre canais e carreadores é que os primeiros formam vias
permanentes de comunicação entre os dois lados da membrana, enquanto os segundos ex-
põem, alternadamente, locais de ligação para o substrato, de um lado ou outro lado da mem-
brana. Outra diferença é o fato de que os canais apresentarem taxas de transporte maiores
que os carreadores.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 31
3Na+
Exterior
2K+
ATPase
3Na+ ADP +
ATP Pi
Interior 2K+
Figura 12. Mecanismo postulado para a bomba de sódio – potássio. Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médi-
ca: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 32
Na+ Glicose
Na+ Glicose
Figura 13. Mecanismo postulado para o cotransporte de sódio-glicose. Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia
Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p
Na+ Na+
Exterior
Interior
Ca++ H+
Figura 14. Contratransporte dependente de sódio de íons de cálcio de hidrogênio. Fonte: HALL, John E.. Tratado de
Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 34
SAIBA MAIS!
No caso das bactérias, cada uma geralmente está ligada a uma anticorpo específico, que é o
anticorpo que se liga aos receptores do fagócito, arrastando a bactéria com ele. Essa interme-
diação de anticorpos é chamada de opsonização.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 35
Por outro lado, a exocitose pode ser enzima digestiva), depois de ser sin-
constitutiva ou regulada. A secreção tetizado e processado no REr e no
constitutiva é vista, por exemplo, nos aparelho de Golgi, é armazenado no
plasmócitos que secretam imunoglo- citoplasma, dentro de grânulos se-
bulinas ou nos fibroblastos que secre- cretores, até que seja recebido o si-
tam colágeno. Já a secreção regulada nal apropriado para a secreção. Esses
ocorre em células endócrinas, neurô- sinais podem ser hormonais ou neu-
nios e células glandulares exócrinas. rais. Quando a célula recebe o estí-
Nessas células, o produto secretado mulo apropriado, a vesícula secretora
(ex.: hormônio, neurotransmissor ou se funde com a membrana plasmáti-
ca, liberando seu conteúdo no líquido
extracelular.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 36
Figura 16. Exocitose. Fonte: Bruce Alberts, Dennis Bray, Karen Hopkin, Alexander Johnson, Julian Lewis, Martin Raff,
Keith Roberts, Peter Walter. (2017). Fundamentos da Biologia Celular. 6ª Ed. Editora Artmed, Porto Alegre, 864p
SE LIGA! A fusão da vesícula com a membrana é mediada por diversas proteínas acessórias,
com destaque para as proteínas SNAREs. Elas são proteínas de membrana que ajudam a
direcionar a vesícula secretora para a membrana plasmática.
SAIBA MAIS!
O processo de secreção regulada, geralmente, é desencadeado pelo aumento intracelular de
íons . No entanto, existem duas notáveis exceções a essa regra geral: a secreção de renina
pelas células justaglomerulares renais é desencadeada por diminuição do intracelular, assim
como a secreção de paratormônio (PTH) pelas células paratiroides.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 37
Influencia
na fluidez MEMBRANA Sem gasto
Composição Transporte Passivo
PLASMÁTICA de energia
A favor do
Colesterol Lipídios Contra o gradiente
Ativo gradiente
eletroquímico
eletroquímico
Funções
Esfingolipídios Tipos Vesicular Gasto de energia Difusão simples
Transporte seletivo
Fosfolipídios Bicamada de moléculas Endocitose Primário Através da
membrana
Reconhecimento
Periféricas Assimetria celular Fagocitose
ATP Difusão facilitada
Comunicação
Integrais Proteínas celular Pinocitose
Secundário Proteínas
Organização transportadoras
Endocitose
Ancoradas celular mediada por
receptor Antiporte
Aquaporinas
Forma da célula
Receptor Carboidratos Exocitose
Simporte Canais
Atividade iônicos
Carga negativa Glicocálice enzimática Regulada
Carreadoras
de soluto
Reações imunes Constitutiva
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 38
Osmose
Figura 17. Osmose na membrana celular, quando a solução de cloreto de sódio é colocada em um lado da membrana
e a água é colocada do outro lado. Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p
Mas afinal, qual a diferença entre os- SE LIGA! Vamos deixar tudo mais cla-
ro: a osmolaRidade é mais utilizada nos
molaridade e osmolalidade? estudos fisiológicos, pois é mais fácil de
Para expressar a concentração osmótica calcular, como apresentado na fórmula
acima. Porém, a osmolaLidade é a medi-
de uma solução, são utilizados os termos da mais adequada ao abordar sistemas
osmolaridade ou osmolalidade. A osmo- biológicos, pois não sofre influência da
laridade é definida como a concentração temperatura.
das partículas osmoticamente ativas,
expressas em osmoles/litro. Quando é
Tonicidade
dito partículas de soluto osmoticamen-
te ativas, faz-se referência às partículas A tonicidade é definida como a pres-
que estão efetivamente dissolvidas no são osmótica efetiva de uma solução,
solvente e, em consequência disso, po- em relação a uma determinada mem-
dem gerar pressão osmótica. brana, exercendo influência sobre o
A molaridade, que corresponde a con- volume da célula. Assim, as soluções
centração química de um soluto em podem ser classificadas como:
mol/L, e a osmolaridade são valores • Isotônicas: Quando uma célula é
que dependem da temperatura, pois suspensa em uma solução isos-
a água (o solvente) muda seu volume molar determinada e não ocorre
de acordo com a temperatura. Ape- nenhuma variação do volume in-
sar de, em Fisiologia, comumente, ser tracelular, esta solução é isotônica
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 40
Figura 18. Fluxo de água (Jágua) em eritrócitos humanos suspensos em soluções com diferentes tonicidades. Fonte:
AIRES, Margarida de Mello. Fisiologia. 4. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 41
FLUXOGRAMA – TONICIDADE
TONICIDADE
As soluções
NA PRÁTICA!
Kwashiorkor – Consiste em uma condição causada no indivíduo pela deficiência severa
de proteínas na dieta alimentar. A falta extrema de proteínas provoca um desequilíbrio
osmótico no sistema gastrointestinal causando edema e retenção de água. A retenção
de fluidos é resultado direto do mau funcionamento do sistema linfático e das trocas ca-
pilares. A pressão oncótica opõe-se à pressão hidrostática nos capilares e tende a retirar
água de volta para esses vasos, mas devido à falta de proteínas, não há pressão suficien-
te para extrair fluidos dos tecidos e isso causa inchaço e distensão do abdome. É a mais
grave e a mais comum das deficiências nutricionais nos países subdesenvolvidos e em
áreas ou situações de fome prolongadas, afetando principalmente crianças.
Proteína receptora
Proteínas efetoras
FORMA OU
METABOLISMO EXPRESSÃO
MOVIMENTO
ALTERADO CELULAR
GÊNICA Respostas celulares
ALTERADA
ALTERADOS
Figura 19. Visão geral da sinalização celular. Fonte: Bruce Alberts, Dennis Bray, Karen Hopkin, Alexander Johnson,
Julian Lewis, Martin Raff, Keith Roberts, Peter Walter. (2017). Fundamentos da Biologia Celular. 6ª Ed. Editora Artmed,
Porto Alegre, 864p
Além dos sinais químicos externos, da função celular por meio da sina-
como hormônios, neurotransmisso- lização. Estas vias sinalizadoras ga-
res, fatores de crescimento e produ- rantem que a resposta celular aos
tos do metabolismo celular, que ser- mensageiros externos seja específi-
vem como mensageiros químicos, os ca, amplificada, estritamente regula-
estímulos luminoso, mecânico e tér- da e coordenada.
mico são sinais físicos externos que
também participam da coordenação
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 47
Célula sinalizadora
Figura 20. Sinalização dependente de contato. Fonte: KOEPPEN, Bruce M.; STANTON,
Bruce A.. Berne & Levy: Fisiologia. 6.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009
Célula sinalizadora
Hormônio
local
Célula alvo
Figura 21. Sinalização parácrina. Fonte: KOEPPEN, Bruce M.; STANTON, Bruce A.. Berne & Levy:
Fisiologia. 6.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 49
Hormônio
Receptor local
Figura 22. Sinalização autócrina. Fonte: KOEPPEN, Bruce M.; STANTON, Bruce A..
Berne & Levy: Fisiologia. 6.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009
Neurônio
Axônio
Corpo celular
Sinapse
Neurotransmissor
Célula alvo
Figura 23. Sinalização sináptica. Fonte: KOEPPEN, Bruce M.; STANTON, Bruce A.. Berne &
Levy: Fisiologia. 6.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009
Célula endócrina
Célula alvo
Receptor
Hormônio
Corrente sanguínea
Célula alvo
Figura 24. Sinalização endócrina. Fonte: KOEPPEN, Bruce M.; STANTON, Bruce A.. Berne & Levy:
Fisiologia. 6.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009
Molécula – sinal
hidrofílica
Núcleo
Receptor
intracelular
Figura 25. Tipos de receptores. Fonte: Bruce Alberts, Dennis Bray, Karen Hopkin, Alexander Johnson, Julian Lewis,
Martin Raff, Keith Roberts, Peter Walter. (2017). Fundamentos da Biologia Celular. 6ª Ed. Editora Artmed, Porto Ale-
gre, 864p
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 54
SAIBA MAIS!
As proteínas G triméricas são assim denominadas por sua capacidade de ligar-se a nucleotí-
deos de guanosina, GDP e GTP.
Íons
Molécula - sinal
Membrana
plasmática
CITOSOL
Molécula - sinal
Enzima Enzima
Proteína G Proteína G
ativada ativada
Figura 26. Classes de receptores de superfície celular. Fonte: Bruce Alberts, Dennis Bray, Karen Hopkin, Alexander
Johnson, Julian Lewis, Martin Raff, Keith Roberts, Peter Walter. (2017). Fundamentos da Biologia Celular. 6ª Ed. Edito-
ra Artmed, Porto Alegre, 864p
SAIBA MAIS!
Sinalizadores intracelulares também atuam como interruptores moleculares: quando um
sinal é recebido, eles mudam de da forma inativa para ativa ou vice-versa, até que outra mo-
lécula sinalizadora os desligam.
Os GEFs facilitam a
dissociação de GDP e
a ligação de GTP
Proteína G Citosol
Figura 27. Circuito de ativação da proteína G. Fonte: KOEPPEN, Bruce M.; STANTON, Bruce A..
Berne & Levy: Fisiologia. 6.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009
Figura 28. Desativação da proteína G. Fonte: KOEPPEN, Bruce M.; STANTON, Bruce A..
Berne & Levy: Fisiologia. 6.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009
SAIBA MAIS!
As proteínas G são ativadas por fatores de troca de nucleotídeo de guanina (GEFs) que
facilitam a dissociação do GDP e a ligação do GTP e são inativados pelas proteínas acelera-
doras de GTPase (GAPS) que aumentam a atividade GTPase das proteínas. A hidrólise do
GTP pela subunidade α é facilitada pela família de proteínas conhecidas como proteínas RGS
(reguladoras de sinalização pela proteína G), as quais facilitam a inativação da sinalização.
Líquido Hormônio
extracelular
Citoplasma
Adenilil
GTP
ciclase
AMPc ATP
Proteinocinase Proteinocinase
dependente do dependente do
AMPc ativo AMPc inativo
Resposta celular
FIgura 29. Mecanismo do monofosfato adenosina cíclico (AMPc), pelo qual muitos hormônios exercem seu controle da fun-
ção celular. Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p
SAIBA MAIS!
O AMPc é degradado em AMP pelas fosfodiesterases do AMPc, que são inibidas por cafeína e
outras metilxantinas. Assim, a cafeína pode prolongar a resposta celular mediada por AMPc e PKA.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 62
Hormônio
peptídico
Líquido extracelular
Receptor
Proteína G
Membrana celular
Fosfolipase C
Citoplasma
Proteinocinase Proteinocinase
C ativa C inativa
Retículo endoplasmático
Resposta celular Resposta celular
Figura 30. O sistema de segundo mensageiro de fosfolipídeos da membrana celular pelo qual alguns hormônios
exercem seu controle da função celular. Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio
de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p
SE LIGA! O Ca++ também é um mensageiro intracelular que produz efeitos celulares via
proteínas ligantes de Ca++, mais notavelmente a calmodulina (CaM). Quando o Ca++ se liga
à CaM, sua conformação é alterada e a mudança estrutural na CaM permite que ela se ligue
e regule outras proteínas sinalizadoras, incluindo a fosfodiesterase do AMPc. Pela ligação a
cinases dependentes de CaM, a CaM também fosforila resíduos específicos de serina e treo-
nina em muitas proteínas, incluindo a cinase da cadeia leve da miosina facilitando a contração
do músculo liso.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 64
SAIBA MAIS!
Nitroglicerina, por aumentar a produção de NO que aumenta o GMPc e, por conseguinte,
relaxa a musculatura lisa das artérias coronárias, tem sido muito utilizada para tratar a angi-
na pectoris, isto é, dor torácica causada por fluxo sanguíneo inadequado para a musculatura
cardíaca.
SAIBA MAIS!
Essa via de sinalização inibe o ciclo celular; portanto, não é de estranhar que mutações nos
genes do receptor ou das proteínas Smad estejam associadas a câncer (p. ex., de pâncreas e
de cólon).
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 65
Espaço
N N Ligante N N Ligante extracelular N N
N N
N N
Domínios Domínios de
Esta é a Citosol
tirosinocinase
guanilil cinase que
Domínios de
ciclase fosforila os
tirosinocinase
efetores
Receptor Receptor adiante na Receptor de Receptor de
de ANP de TGF - β cadeia NGF insulina Receptor de IL - 6
Figura 31. Tipos de receptores catalíticos. Fonte: KOEPPEN, Bruce M.; STANTON, Bruce A..
Berne & Levy: Fisiologia. 6.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 66
Cortisol
Ativação citoplasmática
Receptor monomérico
ativo
Dimerização
Transcrição Resposta
Figura 32. Cascata de sinalização do receptor de glicocorticoides. Fonte: AIRES, Margarida de Mello.
Fisiologia. 4. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012
Presentes no Neurotransmissores
Hormônios esteroides citoplasma ou no
nucleoplasma
Conversão do sinal Atividade GTPase
Ácido retinóico,
hormônios da tireoide Ligados ao DNA químico em elétrico intrínseca
e vitamina D
Células eletricamente Heterotrimérica
Tipos excitáveis
Ligados a
Regulam a Proteína G
canais iônicos
transcrição gênica
Podem ser excitáveis
RECEPTORES ou inibitórios
Receptores E VIAS DE Receptores de Associados à
intracelulares TRANSDUÇÃO membrana proteína G
DO SINAL Via da adenilil ciclase
Associado à
Interleucinas
tirosina-cinase
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 69
Dependente de
Junções comunicantes
contato
Comunicação
entre células Sináptica Neurotransmissores
Redução da
responsividade Por meio da corrente
Down - regulation Formas Endócrina
ao hormônio sanguínea
SINALIZAÇÃO
CELULAR
Aumento da Vias de transdução Atividade Receptor
Up - regulation guanilil-ciclase
responsividade de sinais enzimática
ao hormônio
Conversão de Receptor treonina/
Ligados a canais Canais iônicos um sinal químico serina cinase
Receptores
iônicos em elétrico
Receptor
Acoplados à Membrana Via de adenilil - tirosina-cinase
proteína G plasmática ciclase
Proteínas G
Receptor associado
Via de à tirosina- cinase
Catalíticos Intracelulares fosfolipase C
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 70
Essas células são claramente diferen- nervosas que não possuem dendritos
ciadas por serem especializadas na são inervados por poucas, senão por
comunicação intercelular. Esse atribu- uma única célula nervosa, enquanto
to é evidente em sua morfologia ge- neurônios com ramos dendríticos mui-
ral, na organização específica de seus to elaborados podem ser inervados
componentes de membrana para a si- por um número muito maior de neurô-
nalização elétrica e nas complexidades nios. Os dendritos proximais (próximos
funcional e estrutural dos contatos si- do corpo celular) contêm corpúsculos
nápticos entre neurônios, as sinapses. de Nissl e partes do aparelho de Golgi.
O neurônio consiste em corpo celular, Entretanto, os microtúbulos e neurofi-
ou soma, o qual apresenta um núme- lamentos são as principais organelas
ro variável de estruturas semelhantes citoplasmáticas dos dendritos.
aos galhos de uma árvores, os den- O axônio é a extensão da célula que
dritos e o axônio. O corpo celular (pe- leva o estímulo de uma célula para
ricário, soma) do neurônio contém o o próximo neurônio ou, no caso do
núcleo, o nucléolo da célula e as or- neurônio motor, para um músculo. Ele
ganelas – agregados de retículo en- pode “viajar” desde poucas centenas
doplasmático rugoso, que recebem o de micrômetros até muito além, de-
nome de Corpúsculo de Nissl, e um pendendo do tipo de neurônio e do
aparelhos de Golgi proeminente – que tamanho da espécie. Por exemplo, os
permitem a produção dos constituin- axônios que vão da medula espinal
tes da membrana, enzimas sintéticas humana até os pés podem ter cerca
e outras substâncias químicas neces- de 1 m de comprimento. O axônio se
sárias para as funções especializadas origina do soma (ou, às vezes, de um
das células nervosas. O soma tam- dendrito proximal), na região especia-
bém contém inúmeras mitocôndrias e lizado chamada cone axônico (ou cone
elementos do citoesqueleto, incluindo de implantação). O cone axônico e o
neurofilamentos e microtúbulos. axônio não apresentam retículo endo-
Os dendritos são ramificações do plasmático, ribossomos livres e apare-
soma que representam a principal lho de Golgi. Em geral, cada neurônio
área de recepção do estímulo sinápti- tem apenas um axônio que, normal-
co de outros neurônios para transmi- mente, tem diâmetro uniforme, porém
ti-lo ao soma e conforme se dividem, esse diâmetro, bem como o compri-
diminuem de espessura. O conjunto mento, varia de acordo com tipo de
de dendritos de um neurônio constitui neurônio. Os axônios podem ter ramos
a árvore dendrítica, a qual estabele- ortogonais discretos, mas em geral,
ce o número de entradas de estímu- terminam por várias ramificações, cha-
los que um neurônio recebe – células madas de arborização terminal.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 72
Mitocôndria
Núcleo
Terminação
Corpo do Axônio
Bainha de
Celular Mielina
Nó de Sinapse
Dendritos Ranvier
Célula de
Schwann
Axônio
Figura 33. Estrutura do neurônio. Fonte: Potencial de ação do nervo e alterações associadas
na condutância do Na+ e do K+.
Axônio
Bainha de mielina
Citoplasma da
célula de Schwann
Núcleo da célula
de Schwann
Nó de Ranvier
Axônios amielinizados
Figura 34. Função da célula de Schwann no isolamento das fibras nervosas. A. Revestimento da membrana da célula
de Schwann, em torno de um axônio calibroso para formar a bainha de mielina da fibra nervosa mielinizada. B. Reves-
timento parcial da membrana e do citoplasma da célula de Schwann em torno de várias fibras nervosas amielinizadas.
Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p
NA PRÁTICA!
A importância da mielina para o funcionamento do sistema nervoso é ilustrada pelo resul-
tado dramático de uma doença desmielinizante chamada esclerose múltipla, uma pato-
logia autoimune com forte componente genético. Na esclerose múltipla, reações inflama-
tórias focais destroem a mielina em vários sítios no sistema nervoso central e periférico,
resultando em redução da velocidade de condução de impulsos nervosos, que pode ser
detectada por diversos testes eletrofisiológicos clínicos, como o registro de potenciais
evocados ou medidas de latência de respostas periféricas à estimulação elétrica percutâ-
nea. A patologia afeta indistintamente sistemas sensoriais, motores e cognitivos, produ-
zindo múltiplos sinais e sintomas neurológicos.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 74
Conduz o estímulo
Extensão única
para a próxima célula
SNC Oligodendrócitos
ESTRUTURA
Dendritos DO Bainha de mielina
NEURÔNIO
Nucléolo Citoesqueleto
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 75
SAIBA MAIS!
A maioria dos estudos para compreensão do funcionamento da membrana do axônio é re-
alizada em axônios gigantes de lula que apresentam, em média, 1 mm de diâmetro. Dessa
forma, é possível introduzir, com certa facilidade, microeletrodos para a estimulação e registro
da atividade elétrica da membrana, e ainda substituir o conteúdo axoplasmático para estudar
o papel dos componentes do fluido intracelular.
Potenciais de ação
Potenciais
Milivolts
subliminares
agudos
Limiar
Milissegundos
Figura 35. Efeito de voltagens crescentes do estímulo para produzir um potencial de ação. Fonte: HALL, John E.. Tra-
tado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 77
Aumento da diferença
Membrana polarizada Hiperpolarização
POTENCIAL DE de potencial
REPOUSO DE
Eletronegatividade MEMBRANA Diminuição da diferença
Neurônios = -70mV Despolarização
intracelular de potencial
Sinal propagado
Membrana
Absoluto
inexcitável
Sinais locais
POTENCIAL Corrente supraliminar
Recuperação da
DE AÇÃO
Relativo
excitabilidade
Acima do limiar de Corrente subliminar
Resistência à excitabilidade
Período refratário
estimulação elétrica
Abaixo do limiar
Inversão na polaridade de excitabilidade
Neurônios = +50mV
da membrana
Duração curta
Tudo-ou-nada
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 79
BASES IÔNICAS
↑ [K+] intracelular DO POTENCIAL ↑ [Na+] extracelular
DE REPOUSO
Maior permeabilidade
da célula ao K+
Pico
∼ +40
Potencial de membrana (mV)
Overshoot
0
Limiar
∼-55
Estímulos Potencial de repouso
subliminares
∼-70
Hiperpolarização
Estímulo
0 1 2 3 4 5
Tempo (ms)
SE LIGA! Nota-se que a abertura dos canais de sódio trata-se de uma alça de feedback
positivo que é responsável pela natureza explosiva do potencial de ação: a corrente de Na+
despolariza a membrana, fazendo com que mais canais de Na+ se abram, o que, por sua vez,
aumenta a corrente de Na+. Assim, a abertura dos canais de sódio dependentes de voltagem
e a ação despolarizante da corrente de Na+ são responsáveis pela fase de aumento rápido
do potencial de ação.
SAIBA MAIS!
A tetrodotoxina (TTX), um dos venenos mais poderosos que se conhece, e a lidocaína são
drogas que bloqueiam esses canais de sódio sensíveis à voltagem e suprimem os potenciais
de ação. A saxitoxina é outro bloqueador dos canais de Na+ produzido pelos dinoflagelados
avermelhados responsáveis pelas marés vermelhas. Os crustáceos comem os dinoflagelados
e concentram a saxitoxina em seus tecidos. A alguém que coma esses crustáceos poderá
desenvolver paralisia mortal 30 minutos após sua ingestão.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 83
Comporta de Filtro de
ativação Na+ Na+ seletividade Na+
Comporta de
inativação
Repouso - Ativado Inativado
Fechado (-90 a +35 mV) (+35 a – 90 mV,
(-90 mV) demorado)
Figura 37. Canal regulado pela voltagem de sódio. Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall.
13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p
K+ K+
Repouso Ativação lenta
(-90 mV) (+35 a -90 mV)
Figura 38. Canal regulado pela voltagem do potássio. Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e
Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p
SAIBA MAIS!
O tetraetilamônio (TEA+) é um veneno que atua bloqueando os canais de K+.
Figura 39. Esquema das alterações típicas da condutância dos canais de íons de sódio e potássio de acordo com as
alterações do potencial da membrana. Fonte: HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2017. 1176 p
Figura 40. Potencial de ação do nervo e alterações associadas na condutância do Na+ e do K+. Fonte: COSTANZO,
Linda S.. Fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.
SE LIGA! A partir do que vimos, é importante ressaltar que o potencial de membrana retorna
ao seu valor original de repouso à medida que os canais dependentes de voltagem se fe-
cham. Eles se fecham porque a voltagem fica novamente negativa.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 87
BASES
IÔNICAS DO
POTENCIAL
DE AÇÃO
Aumento da
Estímulo supraliminar Transitória
permeabilidade de K+
Elevada condutância
Overshoot Abertura de canais de K+
ao potássio prolongada
Inativação desses
Aumento da canais impede um
Transitório Saída de K+
condutância ao sódio segundo potencial
de ação
Alguns canais
Retorno ao potencial Relativo
Entrada de Na+ ainda nativos
de repouso
Todos os canais
Absoluto
estão inativos
Inversão da polaridade
Polarização da membrana
da membrana
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 88
NA PRÁTICA!
A paralisia hipercalêmica periódica é um distúrbio hereditário no qual os pacientes apre-
sentam episódios de contrações periódicas dolorosas e espontâneas, seguidas por pa-
ralisia dos músculos afetados. Esses sintomas são acompanhados pela concentração de
potássio elevada no plasma e no fluido extracelular. Essa elevação causa a despolariza-
ção das células musculares esqueléticas. Inicialmente, a despolarização leva as células
musculares para perto do limiar excitatório, e, assim, aumenta a probabilidade de ocorre-
rem potenciais de ação e contrações espontâneas. Conforme a despolarização da célula
fica mais acentuada, as células ficam refratárias devido à inativação dos canais de Na+
pela voltagem. Consequentemente, as células passam a ser incapazes de desencadear
potenciais de ação, não sendo capazes de se contrair em resposta aos potenciais de ação
em seus axônios motores.
Figura 41. Condução do potencial de ação ao longo de um axônio. Fonte: PURVES, Dale et al. Neurociências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 90
Figura 42. Propagação de potencial de ação em axônio amielínico. Fonte: AIRES, Margarida de Mello.
Fisiologia. 4. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012
Figura 43. Condução saltatória do potencial de ação ao longo de um axônio mielinizado. Fonte: PURVES, Dale et al. Neurociências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 93
Mielina
Nó de Ranvier
Figura 44. Propagação de potencial de ação em axônio mielinizado. Fonte: AIRES, Margarida de Mello.
Fisiologia. 4. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012
O potencial de ação
provoca a despolarização
das áreas adjacentes
Regeneração do
potencial de ação
↑ diâmetro do
axônio = ↑ velocidade
de propagação
PROPAGAÇÃO
Princípio do Mantém a mesma
DO POTENCIAL Velocidade Diâmetro do axônio
tudo ou nada amplitude e forma
DE AÇÃO
Economia de energia
Influência do
Unidirecional Mielinização
período refratário
Grande concentração
Maior densidade de
de canais de sódio
canais de Na+
Condução saltatória
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 95
SAIBA MAIS!
Apesar da definição clássica de sinapse restringir a relação entre neurônios, hoje, sabe-se
que a transmissão sináptica envolve um conceito bem mais amplo. Sabemos, agora, que a
glia forma elemento importante da sinapse, que ocorre sinalização entre os neurônios e a glia
e que, em muitos casos, o neurotransmissor, liberado nas sinapses, atua em amplo território
e não apenas na sinapse na qual é liberado. Portanto, devemos generalizar a definição de
transmissão sináptica ou considerar a sinapse, em sua definição clássica, como um dos vários
mecanismos pelos quais as células do sistema nervoso se comunicam.
SE LIGA! Cada canal da junção comunicante é formado por hemicanais (chamados coné-
xons), sendo cada um a contribuição de uma das células. Por sua vez, cada conéxon é hexâ-
metro de subunidades da proteína conexina. Junções comunicantes formadas por diferentes
conexinas têm propriedades biofísicas (de controle e condutância) e distribuição celular dis-
tintas. Apesar de, pelo menos, 10 tipos de conexinas se expressarem no SNC, a conexina
36 (as conexinas são nomeadas de acordo com seu peso molecular; portanto, o número re-
fere-se ao peso molecular aproximado da conexina em quilodaltons) é a principal conexina
neuronal no SNC adulto. Outros tipos de conexinas, encontrados no SNC, formam junções
comunicantes entre células da glia ou se expressam, primariamente, de modo transitório, du-
rante o desenvolvimento.
Figura 45. Estrutura das junções comunicantes nas sinapses elétricas. Fonte: PURVES, Dale et al.
Neurociências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
Essa transmissão pode ser bidirecio- O propósito mais geral das sinapses
nal, isto é, a corrente pode fluir em elétricas é sincronizar a atividade elé-
qualquer direção através da junção trica entre populações de neurônios.
comunicante, dependendo de qual Por exemplo, neurônios do tronco en-
membro do par acoplado é invadido cefálico que controlam o ritmo da ati-
por um potencial de ação (embora al- vidade elétrica envolvida na respira-
guns tipos de junções comunicantes ção estão sincronizados por sinapses
tenham propriedades especiais que elétricas. Além disso, parece que os
resultem em uma transmissão unidi- padrões de acoplamento elétrico das
recional). Além disso, a transmissão junções comunicantes são altamen-
elétrica é extremamente rápida, de te específicos. Por exemplo, neurô-
modo que o fluxo da corrente passiva nios neocorticais se ligam, quase que
através da junção comunicante é pra- exclusivamente, a interneurônios do
ticamente instantâneo, sem atrasos mesmo tipo. Esse padrão de ligação
na comunicação, como ocorre nas si- específico das junções comunicantes
napses químicas. sugere a coexistência de diversas re-
des de interneurônios interligados no
neocórtex.
SAIBA MAIS!
Apesar das sinapses elétricas serem consideradas relativamente simples e estáticas, quando
comparadas às sinapses químicas, elas podem, na realidade, ser entidades extremamente
dinâmicas. Por exemplo, as propriedades das sinapses elétricas podem ser moduladas por
diversos fatores, incluindo voltagem, pH intracelular e [] intracelular. Além do mais, elas estão
sujeitas à regulação por receptores ligados à proteína G e as conexinas contém sítios para
fosforilação. Esses fatores podem alterar a ligação entre as células, alterando a condutância
do canal pela formação de novas junções comunicantes ou remoção das que já existem.
A passagem da corrente
depende do tamanho das
células
Passagem direta de
corrente elétrica Inespecificidade dos canais
Bidirecional Limitações
SINAPSES
ELÉTRICAS
Sincronização da
Transmissão rápida
atividade elétrica
Canais pareados
Poro
SAIBA MAIS!
As sinapses químicas ocorrem entre diferentes partes dos neurônios. Tradicionalmente, tem-
-se focado nas sinapses entre um axônio e os dendritos ou soma de outra célula (sinapses
axodendríticas ou axossomáticas). Entretanto, existem outros tipos de sinapses químicas,
como axo-axônica (entre dois axônios), dendrodendrítica (entre dois dendritos) e dendrosso-
mática (entre dendrito e soma). Além do mais, a formação de conjuntos sinápticos complexos,
como sinapses mistas, em que as células formam sinapses químicas e elétricas, é possível;
sinapses em série, em que uma sinapse axo-axônica é feita com o axônio terminal, influen-
ciando a eficácia da sinapse desse terminal, com um terceiro elemento; e sinapses recíprocas,
nas quais as duas células podem liberar transmissores para influenciar a outra.
Mielina
O transmissor é
sintetizado e então
estocado em vesículas A despolarização do terminal pré-
sináptico causa a abertura de
canais dependentes de
voltagem
Influxo de
através de canais
O causa a fusão de
Vesícula vesículas com a
sináptica membrana pré-sináptica
Moléculas
transmissoras O transmissor é
Recuperação da
membrana vesicular a liberado na
partir da membrana fenda sináptica
plasmática via exocitose
Ao longo do
dendrito
Fluxo da
Receptor corrente pós-
Íons transmissor sinápticas
O transmissor liga-se a
moléculas receptoras na
A corrente pós-sináptica causa um Abertura ou
membrana pós-
potencial pós-sináptico excitatório fechamento de
sináptica
ou inibitório que muda a canais pós-
excitabilidade da célula pós- sinápticos
sináptica
Figura 46. Sequência de eventos envolvidos na transmissão de uma sinapse química típica.
Fonte: PURVES, Dale et al. Neurociências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
SAIBA MAIS!
A membrana do neurônio pós-sináptico contém grande número de proteínas receptoras. A ati-
vação dos receptores controla a abertura dos canais iônicos na célula pós-sinápticas segundo
uma de duas formas: (1) por controle direto dos canais iônicos para permitir a passagem de
tipos específicos de íons, através da membrana; ou (2) mediante a ativação de um “segundo
mensageiro” que não é canal iônico e, sim, molécula que, projetando-se para o citoplasma da
célula, ativa uma ou mais substâncias localizadas no interior do neurônio pós-sináptico. Esses
segundos mensageiros aumentam ou diminuem determinadas funções celulares específicas.
Os receptores de neurotransmissores que ativam diretamente os canais iônicos são designa-
dos, em geral, como receptores ionotrópicos, enquanto os que atuam através de sistema de
segundos mensageiros recebem o nome de receptores metabotrópicos.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 101
Células separadas
pela fenda sináptica Passíveis de modulação
SINAPSES
QUÍMICAS O Ca2+ estimula a
O potencial de ação
fusão das vesículas
Unidirecionais desencadeia a abertura de
com a membrana
canais de Ca2+
pré-sináptica
Armazenados em vesículas
Regiões de material no terminal pré-sináptico
eletrón-denso
SAIBA MAIS!
Durante a atividade sináptica repetitiva, esses vários tipos de plasticidade podem interagir de
forma complexa, alterando sua transmissão. Por exemplo, em uma sinapse periférica neuro-
muscular, a atividade repetitiva inicialmente causa facilitação e, então, aumento sináptico, de
modo a facilitar a transmissão sináptica. O esgotamento das vesículas sinápticas permite, en-
tão, depressão para dominar e enfraquecer a sinapse. Potenciais de ação pré-sinápticos que
ocorrem um ou dois minutos após o tétano terminar determinam um aumento na liberação
de transmissor (isto é, potenciação pós-tetânica). Embora suas contribuições relativas variem
de sinapse para sinapse, essas formas de plasticidade de curta duração modificam continua-
mente a eficácia de toda a transmissão sináptica química, que se modifica de forma dinâmica
em função da história recente dessa atividade.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 106
Dezenas de segundos
Cerca de 20ms Dias a semanas
a vários minutos
MODULAÇÃO
DA ATIVIDADE
SINÁPTICA
Dias a semanas
Núcleo Síntese de
enzimas no
corpo celular
RER
Microtúbulos
Transporte
axonal lento
de enzimas
Axônio
Transporte de
precursores
para dentro
do terminal
Terminal
Síntese e
Precursor Enzimas empacotamento de
neurotransmissor
Liberação e
difusão
de neuro -
transmissor
Figura 48. Metabolismo de neurotransmissores de moléculas pequenas. Fonte: Fonte: PURVES, Dale et al. Neurociên-
cias. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 109
Síntese de
precursores
neurotransmissores
e enzimas
Transporte de enzimas e
precursores peptídicos ao
longo das vias de
microtúbulos
As enzimas
Os neurotransmissores modificam os pré-
difundem – se e são peptídeos para
degradadas por enzimas produzir neuro
proteolíticas transmissores
peptidérgicos
São encontrados em vesículas gra- torno dos botões terminais. Isso re-
nulares, elétron-densas e de maio- sulta em menor focalização da ação
res dimensões, dispersas nos botões dos peptídeos quando comparados
terminais a certa distância das zonas aos outros neurotransmissores.
ativas. Enquanto os neurotransmis- Dentre os exemplos de neuropep-
sores de moléculas pequena são libe- tídios, encontramos os hormônios
rados nas zonas ativas, diretamente hipotalâmicos, neuropeptídio Y, co-
opostos ao receptores na membrana lecistocinina, insulina, peptídeo intes-
pós-sináptica, os neuropeptídios são tinal vasoativo (VIP), substância P e
liberados de forma mais difusa em neurotensina.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 112
Respostas mais
Ação rápida Término de ação Proteólise
agudas
Não-peptídicos
No citosol do
Liberação Difusa
terminal nervoso
Síntese
Vesículas
NEUROTRANSMISSORES
Próximas às zonas ativas Grandes e densas
Vesículas
Síntese
Peptídicos
Na fenda sináptica Liberação Corpo celular do neurônio
Captura pré-sináptica
Ribossomos/RER
Término de ação
Inversão de polaridade
da membrana Despolarização Potencial = -70mV
Ciclos recorrentes
Influxo de Na+ Eletronegatividade de regeneração do
intracelular potencial de ação
Efluxo de K+ Tudo-ou-nada
Potencial de repouso
Retorno ao Repolarização Unidirecional
potencial de repouso
Inativação de
canais de Na+ Propagação do
Potencial de ação
POTENCIAL potencial de ação
DE AÇÃO E
Período refratário TRANSMISSÃO Rápida
SINÁPTICA
Neurônios Transmissão sináptica
Junções comunicantes
Transmissão e propagação
de informações na forma de Sinapses elétricas Passagem de
impulsos nervosos Estrutura corrente elétrica
Modulação da
Recebe o Dendritos transmissão sináptica Mais lentas
impulso nervoso
Sinapses químicas
Soma Neurotransmissores
Potenciação a
Conduz o impulso Longo Prazo Entrada de Ca2+
Axônio estimula a liberação
nervoso
Aumento da Potenciação
Aumento da velocidade de eficácia sináptica Pós-Tetânica Não-peptídicos
propagação do impulso
Facilitação
Reduz o gasto Peptídicos
Bainha de mielina
energético
Redução da Depressão a longo
eficácia sináptica prazo
Condução saltatória
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 114
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRAFICAS
ABCMED, 2015. O que é Kwashiorkor?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-
-da-crianca/808624/o+que+e+kwashiorkor.htm>. Acesso em: 22 jun. 2020.
HALL, John E.. Tratado de Fisiologia Médica: Guyton e Hall. 13. ed. Rio de Janeiro: El-
sevier, 2017. 1176 p
AIRES, Margarida de Mello. Fisiologia. 4. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2012
KOEPPEN, Bruce M.; STANTON, Bruce A.. Berne & Levy: Fisiologia. 6.ed. Rio de Janeiro:
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COSTANZO, Linda S.. Fisiologia. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2015.
PURVES, Dale et al. Neurociências. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
FISIOLOGIA CELULAR E POTENCIAL DE AÇÃO E TRANSMISSÃO SINÁPTICA 115