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índice
1. 1. INTRODUÇÃO
1. 1.1 Objetivo Geral
2. 1.2 Objetivos Específicos
3. 1.3 Justificativa
4. 1.4 Método
2. 2. REVISÃO DA LITERATURA
1. 2.1 Primórdios da doutrina ética e responsabilidade social
corporativa
2. 2.2 Adequação ao cenário atual e ambiente de atuação das
organizações
3. 2.3 Práticas de responsabilidade social e a importância no valor
econômico das empresas
4. 2.4 O sucesso organizacional por meio dos colaboradores
5. 2.5 Responsabilidade social interna e externa
6. 2.6 A preocupação do meio ambiente na ética empresarial
3. 3. DISCUSSÕES
4. 4. CONCLUSÕES
5. 5. REFERÊNCIAS
Resumo
A presente monografia que se refere à ética e responsabilidade social nas organizações
tem por objetivo e foco evidenciar e informar que a aplicação ou não da doutrina ética e
responsabilidade social nas organizações é discutida desde os primórdios do capitalismo
e que por meio da mesma há relatos dos autores que muitas empresas ainda não
enxergam a importância de tais ações para o patrimônio da mesma e continuam ainda
visando apenas o lucro, e outras aplicam a doutrina ética por uma questão de
sobrevivência. Para compor o referido estudo, foi realizada uma pesquisa apurada entre
teses, dissertações e livros acerca do tema com fatos históricos, informações e opiniões
dos referidos autores relatando diferentes posturas, ações e omissões por parte das
empresas deste tema que atualmente vem sendo discutido e impacta a imagem e
reputação das organizações. Em suma, os dados levantados por meio desta pesquisa
mostram claramente que há uma preocupação em tais ações não somente por parte das
organizações (dirigentes), mas também por todos os envolvidos, no que diz respeito à
postura ética e responsabilidade social da mesma internamente em prol dos seus
colaboradores e externamente em prol do bem-estar social das pessoas, como por
exemplo, a preocupação em produzir produtos de qualidade, e que a extração de
recursos naturais não afete o meio ambiente e que sejam feitas também ações em prol
do meio ambiente.
Abstract
This monograph that refers to ethics and social responsibility in organizations aims and
focuses on inform that the application or not of the ethical doctrine and social
responsibility is discussed since beginnings of capitalism, and through this there are
reports from the authors that many companies still do not see the importance of such
actions to its patrimony and continues to aims only the profit, while others apply ethical
doctrine as a matter of survival. To compose this study a thorough investigation was
carried out between theses, dissertations and books about the subject with historical
facts, information and opinions of the authors reporting different positions, actions and
omissions by companies about this topic that is eventually being discussed and
influences directly the image and reputation of companies. In sum, the data collected
through this research clearly show that there is a concern in such actions not only on the
part of the organizations (leaders), but also by all those involved, regarding the ethical
posture and social responsibility internally in for the benefit of its employees and
externally for the social well-being of the people, for example the concern to produce
quality products and that the extraction of natural resources that does not affect the
environment and some actions are also taken in favor of the environment.
1. INTRODUÇÃO
O tema desta monografia – “Ética e responsabilidade social nas organizações” – tem
como foco elucidar que a saúde de uma empresa depende muito de sua conduta,
levando-se em consideração que o mundo hoje (de negócios) está em constante
transformação, ou seja, as pesquisas mostram que as empresas buscam constantemente
se adequar ao cenário atual de acordo com o ambiente em que atuam e estão cientes de
que boa parte do seu patrimônio depende de uma boa imagem reputacional aliada a boas
práticas de responsabilidade social e a preocupação com todos os envolvidos – os
stakeholders – e como a empresa projeta sua imagem para os mesmos.
Portanto, esta pesquisa traz à tona que para uma empresa se adaptar à aplicação de tal
conduta ética e consciência da responsabilidade social, é necessário que se adapte ao
ambiente de atuação e se reinvente constantemente. O intuito também é elucidar que o
papel da organização é o de incentivar seus membros para o comportamento ético,
servindo de exemplo para outras organizações.
No que tange à preocupação com o meio ambiente, este estudo evidencia que as
empresas éticas respeitam o mesmo sem causar impacto negativo e afetar a sociedade
no ambiente em que atuam.
Evidenciar por meio da pesquisa referencial que cada vez mais as empresas estão se
dando conta de que assumir uma postura ética e de responsabilidade social é uma
questão de sobrevivência, o que compete ao seu patrimônio, que é o de manter uma
imagem e reputação positiva para com todos os envolvidos.
1.3. Justificativa
Este estudo tem como interesse informar e trazer à tona o impacto positivo que a boa
prática da doutrina ética e responsabilidade social por parte das empresas traz para a
sociedade, os colaboradores e todos os envolvidos, bem como a preocupação com o
meio ambiente e o olhar positivo para a aceitação da diversidade nas empresas, que é
um assunto muito discutido atualmente e o que voga é a diferenciação individual das
aptidões físicas e cognitivas para desempenhar determinada função e não a
diferenciação por raça, cor e sexo. É um estudo que possui relevância social,
considerando o quanto as discussões éticas ganharam espaço e relevância científica na
sociedade brasileira nos últimos anos, tendo em vista a possibilidade de ampliar os
estudos nessa área.
1.4. Método
Para compor este estudo foram utilizadas dissertações e teses de autores que abordam o
tema da doutrina ética e responsabilidade social nas empresas, bem como a relação entre
empresa e sociedade, comportamento, tomada de decisão e gestão empresarial.
Foram consultados livros de autores como: Sertek (2006), que aborda o tema da
responsabilidade social e competência interpessoal; Chiavenato (2005), que aborda o
comportamento organizacional; Godin (2013), sobre os consumidores e a indústria no
contexto da ética empresarial; Hunter (2006), sobre a liderança de acordo com o caráter,
força moral e ética; Queiroz (2006), sobre a ética e responsabilidade social nos
negócios.
2. REVISÃO DA LITERATURA
Kreitlon (2004) relata, de acordo com fatos históricos, quando e como se começou a
falar de ética e responsabilidade social nas empresas:
Caráter é nossa força moral e ética, aquilo que guia nosso comportamento
de acordo com os valores e princípios adequados – o que explica por que
a liderança pode ser definida como “caráter em ação”. Os líderes
procuram fazer a coisa certa. (HUNTER, 2006, p. 82).
Responsabilidade social não é um tema atual, pois grandes pensadores, como Marx,
Lock, Kant e outros, já mostravam preocupação com a questão social, mas nas últimas
décadas, por consequência da falta de iniciativa dos governos, as empresas estão
assumindo as práticas de responsabilidade social, ressalta Prisco Neto (2004), tamanha é
a importância em relação ao tema.
A aplicação da doutrina ética como prática no meio empresarial é atual, mas em
contrapartida está presente nas organizações desde que estas iniciaram suas atividades,
pelo simples fato de que são compostas por pessoas e consequentemente quando se fala
em pessoas, ou seja, em indivíduos, há uma relação com o estudo do comportamento
que envolve toda a organização, que vai desde a alta cúpula (tomadas de decisões) até
os operários, ou seja, de cima para baixo e de baixo para cima. Porém, atualmente há
uma grande preocupação com a ética, no que tange à imagem da empresa. Desse modo:
Guimarães (2013) elucida que as décadas de 1960 e 70 foram sinalizadas por fortes
discussões sobre a ética empresarial no território alemão, com foco nas questões que são
de competência dos conselhos administrativos. “Nas décadas de 1960 e 70 o ensino da
ética começou a ser inserido nas faculdades de administração e negócios,
principalmente nos Estados Unidos.” Guimarães informa que após a inserção do ensino
da ética nas faculdades de administração e negócios, se originou a: "[...] reflexão
batizada no termo Ética Empresarial.” Guimarães (2013, p. 23).
Assim sendo, essas questões são observadas pelos autores Queiroz e Ferreira et al.
(2006), que afirmam que nos Estados Unidos e Europa a Ética e responsabilidade social
nas corporações eram uma doutrina até o século XIX. Portanto, há uma evolução
recente da concepção de responsabilidade social corporativa. Concepção esta que,
segundo eles, nos últimos 30 anos é atacada e apoiada por muitos autores:
Kreitlon (2004) afirma que o surgimento da ética empresarial como campo de estudos
está intimamente ligado à evolução do sistema econômico, assim como as mudanças por
que passaram as sociedades industriais no último século.
Sertek (2006, p. 245) afirma que um dos grandes problemas da atualidade é que há
uma dificuldade em perceber que a ética “[...] não é só qualidade ou excelência no
fazer, mas a busca de atingir a qualidade no agir [...]” e que tanto atitudes éticas como
antiéticas podem “[...] aperfeiçoar a pessoa ou corrompê-la dependendo da sua
positividade ou negatividade ética.” E em relação às ações antiéticas que geram lucro
em curto prazo o autor conclui:
Muitas empresas ainda têm dificuldade de enxergar o futuro porque não conseguem
enxergar o presente, entender o cenário atual e o que os consumidores desejam. As
empresas precisam constantemente se reinventar, otimizando recursos, buscando
melhores oportunidades de resultados, conforme observa Sertek (2006, p. 55): "Todos
os processos de mudança exigem uma forte coalização de pessoas em torno das metas e
dos objetivos [...]” e enfatiza:
Para Sertek (2006), a organização tem por finalidade e princípio ser um elo entre as
pessoas da sociedade para estas adquiram bens materiais e culturais, porém a
organização tem um importante papel em promover a harmonia por meio dos princípios
e valores éticos:
Morgan (1996) compara as organizações com sistemas vivos, ou seja, organismos, pois
no ambiente em que atuam dependem da satisfação de muitas necessidades e no mundo
são perceptíveis tipos diferentes de organizações e ambientes, pois os mesmos têm de se
adaptar de acordo com o que o referido cenário e necessidades pedem, e cita como
exemplo as organizações burocráticas que funcionam melhor em ambientes estáveis:
Morgan (1996) afirma que as organizações são reconhecidas e vistas como sistemas
abertos, e isto é de suma importância para todos os envolvidos, pois enfatiza as
necessidades de um ambiente favorável para todos a fim de garantir várias formas de
sobrevivência. É um ideal voltado para o “enfoque sistêmico” da organização, ou seja,
uma visão ampla do todo, com suas necessidades e obrigações para com os envolvidos.
A partir daí o autor faz uma alusão às organizações como organismos que estão
“abertos” ao ambiente em que se encontram, e as mesmas devem se relacionar
apropriadamente com esse ambiente como questão de sobrevivência. O autor ressalta
que: “[...] há uma ênfase sobre o ambiente dentro do qual a organização existe [...]” e
afirma que: “[...] os teóricos da administração clássica deram relativamente pouca
atenção ao ambiente [...]”. Conforme conclui o autor, os referidos “teóricos da
administração” se atentaram ao planejamento interno e não à visão dos sistemas abertos:
“A visão dos sistemas abertos modificou tudo isto, sugerindo que se deveria sempre
efetuar o processo de organização tendo-se em mente o ambiente.” (MORGAN, 1996,
p. 49). E a partir daí conclui-se que a visão dos sistemas abertos evidencia a
preocupação que o autor chama de “interações organizacionais diretas” com clientes,
concorrentes, fornecedores, sindicatos e agências governamentais. O autor chama
atenção para o fato de que o interesse comum da estratégia de uma organização tem que
coexistir com a “[...] percepção de que as organizações devem ser sensíveis ao que
ocorre no mundo que as rodeia.” (Ibidem, p. 49).
As autoras Azevedo e Cruz (2006, p. 3), cita a definição de outros autores sobre sistema
aberto:
Para Nakagawa (1999 apud l, BITENCOURT; BRITO 1999), a empresa
é um complexo sistema social, e, sob uma perspectiva sistêmica, propõe
que ela pode ser mais bem definida enunciando-se uma série de
proposições gerais, em vez de tentar uma única e global definição:
Hunter (2006, p. 112) comenta que, mesmo com relatos sobre a importância do
reconhecimento profissional, grande parte dos responsáveis pela organização ainda se
recusam a dar a devida importância para o mesmo e conclui: “Pelo visto, conceder uma
bonificação ou dar uma bronca é infinitamente mais fácil do que fazer um elogio
construtivo específico ou mesmo promover elogios públicos.” E numa percepção de
progresso em relação ao incentivo profissional, o autor relata:
Hoje em dia parece que ninguém mais está rindo. (HUNTER 2006, p.
112).
Com isso, porém, não se pretende eleger uma ou mais éticas capazes de
satisfazer um conjunto numeroso de tipos de sociedades, de empresas e
de empregados – nesse sentido, por exemplo, seria um tanto precipitado
preferir necessariamente o lucrativismo ao humanismo, ou outro preceito.
A discussão vai muito mais além e exige uma análise mais séria das
empresas ao averiguar em que tipo de sociedade está se posicionando,
com que tipo de funcionários está lidando, que expectativas está
alimentando e gerenciando; o alerta é redobrado para corporações globais
que almejam repetir suas práticas nos quatro cantos da Terra. Se deve
haver um movimento de renovação ética nas empresas, ele passa ao largo
da assepsia – na verdade, ele é mais afeito a um deixar-se contaminar
pelo que invariavelmente não poderá controlar. (GERMANO, 2003, p.
56).
Chiavenato (2005), identifica que shareholders (os acionistas) são aqueles que
compartilham a propriedade da sociedade, ou seja, osque visam a obtenção do lucro se a
empresa tem sucesso no mercado. Trata-se de uma visão antiga e restrita.
Em 1963 começou-se a falar de stakeholder, termo este que Chiavenato (2005) define
como vários parceiros que contribuem para a organização, e que para alcançar sucesso
as organizações precisam da contribuição desses parceiros; porém, nem todos têm
atuação direta e interna na organização, como por exemplo os acionistas, fornecedores e
clientes. Atualmente, a organização tem que produzir lucro para o trabalhador,
fornecedor e todos os envolvidos com a empresa numa relação de reciprocidade que é
uma troca de incentivos e contribuições. Assim sendo, a origem do termo stakeholder
surgiu:
Para tanto, Oliveira (2013) ressalta que práticas de responsabilidade social influenciam
no valor econômico das empresas: “[...] uma atitude mais responsável diante da RSC
pode fortalecer uma marca ao longo do tempo, proporcionando um crescimento
sustentável [...]” e complementa que: “[...] ações de responsabilidade social aliadas à
comunicação podem reduzir os riscos e adicionar valor à empresa.” (Ibidem, p. 3).
O autor afirma que: “O valor da marca e sua associação com uma empresa socialmente
responsável é importante.” (Ibidem, p. 3) e especifica aquelas que desempenham um
papel em setores de maior impacto, como mineração e tabaco, e conclui: “Para a
empresa, isso pode evitar desconfiança e descrédito nos novos locais onde atuará,
facilitando sua atuação com governos e comunidades”. (Ibidem, p. 3).
Em contrapartida, Sertek (2006, p. 246) chama a atenção para o termo “ética das
aparências”, que segundo o autor: “Atualmente, uma consequência de postura se plasma
na cultura de ‘maquiagem’ de bens e serviços, que procura uma qualidade aparente nas
atitudes e nos produtos, a fim de atingir resultados imediatos.”. Ou seja, as empresas
têm o hábito de maquiar os produtos para que o mesmo tenha apenas um aspecto
atrativo e não qualidade. O autor comenta que se o intuito é obter melhorias na empresa,
é vantajoso “[...] cultivar virtudes e ajudar os outros a praticá-las. Ninguém gosta de ser
avaliado como parcial, porque quer ser imparcial nas relações com as pessoas [...]”
(Ibidem, p. 246), e conclui que os executivos estão propensos ao oportunismo,
ressaltando que o primeiro passo é tomar consciência de suas imperfeições e se
proporem a prática da qualidade e respeitabilidade, ações estas que segundo o autor:
“fluirão no sentido da melhoria de qualidade no relacionamento.” (Ibidem, p. 247).
Sertek (2006) cita um artigo de jornal do escritor Peter Nadas no qual este comenta em
conversas com amigos a expressão "ética empresarial" e acende a discussão de que a
ética e a qualidade nas organizações são deixadas de lado pelo “mundo da empresa”,
pois é priorizado o lucro com a justificativa de acordos de preços secretos,
concorrências públicas fajutas, propaganda enganosa etc. com atitudes antiéticas. Eis o
referido artigo e conclusão:
Em relação ao artigo citado de Peter Nadas, o autor comenta que é cômodo adotar uma
postura antiética, já que a mesma visa resultados em curto prazo e, consequentemente, a
busca desenfreada pelo lucro, e conclui que tais práticas “[...] produzem um
acomodamento das pessoas e das instituições no estágio já atingido, da mesma forma
que estimulam a incompetência profissional e favorecem a falta de talento.” (Sertek,
2006, p. 244).
Godin (2013, p. 67) cita o exemplo do “Pink Slime”, uma espécie de aditivo misturado
à carne moída encontrado nos supermercados dos Estados Unidos que contém “aparas
de carne magra sem osso”, segundo o autor: “[...] a invenção parecia uma jogada óbvia
do sistema de produção de carne industrializada [...]” (Ibidem, p. 67), ou seja, com
pedaço de gordura e restos de sobras após o abate da vaca, com o intuito de reduzir o
custo para o consumidor. O autor comenta que este “[...] foi apenas um dos recentes
avanços na industrialização dos alimentos [...]” (Ibidem, p. 67), e informa que em
relação ao referido produto, os consumidores reportaram que não vale a pena
economizar em vista da má qualidade do produto e como o mesmo era produzido. A
partir daí se conclui que os consumidores prezam pela qualidade e procedência do
produto e não especificamente pelo preço. Em relação a tais manobras da indústria
somente para reduzir custo, o autor comenta:
A Indústria sempre foi aplaudida na corrida para alcançar mais eficiência,
mais escalabilidade e mais velocidade. Mas, na verdade, as questões
econômicas e éticas dessa inovação industrial não compensam. Não há
mais o que agilizar nem baratear na produção de alimentos
industrializados, e desumanizar tudo o que tocamos tem um custo.
(GODIN, 2013, p. 67).
Para Santos (2011) é importante que a organização busque um equilíbrio nas suas
propostas de inovação. O autor ressalta a necessidade de um modelo de liderança com
ações éticas e o constante acompanhamento de mudanças, analisando se realmente as
ações estratégicas irão afetar os trabalhadores, a cultura, a motivação, o clima e
consequentemente os stakeholders, pois a maioria das organizações tem dificuldade de
enxergar o futuro porque não conseguem enxergar o presente, o mercado, e entender os
diferentes cenários e o que os consumidores desejam.
A responsabilidade social faz com que as empresas tenham que mudar sua conduta e há
pressões para essas mudanças, de acordo com as grandes transformações econômicas,
políticas e sociais. As pessoas têm acesso à informação. E tem a questão da justiça, ou
seja, nenhuma empresa quer hoje estar exposta a problemas judiciais. Esses canais
acabam pressionando as empresas a terem condutas diferentes e a sociedade civil exerce
uma pressão grande para a mudança de comportamento, o faz com que as empresas
fiquem atentas para isso, conforme comenta Oliveira (2013):
Todavia, duas coisas devem acontecer para que o código de ética encoraje
decisões e comportamentos éticos das pessoas. Primeiro, as companhias
devem comunicar o seu código de ética a todos os parceiros, isto é, às
pessoas dentro e fora da organização. Segundo, as companhias devem
cobrar continuamente comportamentos éticos de seus parceiros seja por
meio do respeito aos seus valores básicos, seja por meio de práticas
específicas de negócios. (CHIAVENATO, 2005, p. 45).
Chiavenato (2005) afirma a existência de três fatores que influenciam as decisões éticas
em uma organização:
Esses três fatores são: “[...] indispensáveis para a compreensão da conduta ética nas
organizações [...]” (Ibidem, p. 45), conclui o autor e comenta que tais decisões éticas
não são uma prática comum de todos, ou seja, nem todos se utilizam da mesma.
Souza (2005) informa que, segundo pesquisas realizadas nos Estados Unidos, a ética é a
questão primordial para a maioria das grandes e pequenas organizações que têm como
foco principal sua estabilidade e crescimento. Porém, ao mesmo tempo na sociedade
aumenta a consciência da importância da ética para o mundo corporativo e que nem
tudo gira em torno somente da lucratividade. A autora chama atenção para o fato de que
mesmo assim alguns indivíduos continuam presos ao impasse e resistência ao fato e
ainda persistem em atitudes antiéticas dentro e fora das organizações, culpando a
empresa e os outros pela consequência dos seus atos, e afirma que há estudos que
demonstram que o empresariado quase que de um modo geral não possui formação ética
e que se preocupam com os prejuízos que as empresas e suas carreiras possam ter em
consequência de tais atitudes antiéticas.
A conduta ética é concebível se cada indivíduo não colocar os seus objetivos pessoais à
frente dos objetivos da organização, da sociedade e exercer um papel em conformidade
com a moral, ressalta Oliveira (2013). É sabido que a tendência é os gestores
priorizarem o lucro, desprezando os princípios éticos e sua aplicação, pois em longo
prazo tal ação, contrária à aplicação da doutrina ética, pode prejudicar todos os
envolvidos e consequentemente a imagem e reputação da organização:
Segundo o estudo, a reputação é responsável por 11% do valor total de uma empresa e
complementa que há uma valorização potencial, para as organizações que possuem
relacionamentos fortes com os seus stakeholders, afirma Oliveira (2013) e ressalta que
uma empresa com má reputação dificulta a contratação de talentos, já que os
trabalhadores preferem ganhar menos dinheiro e trabalhar numa empresa de boa
reputação. O autor chama a atenção para o fato de que, segundo estudos, uma má
reputação se mantém presente por alguns anos e alerta que a mesma é prejudicial para
os talentos que compõem a organização, que mantém a conduta de ignorar o fato e
voltar sua atenção para outros valores, e conclui que a consequência disso é que os
trabalhadores acabam migrando para outras organizações de boa reputação, aceitando
ganhar menor salário.
Para Chiavenato (2005, p. 52): “Os níveis de sensibilização social provocam certos
comportamentos nas organizações voltados para atividades e obras sociais [...]” e
conclui: “Em função desses níveis, cada organização define uma filosofia de
responsabilidade social que produz categorias de responsabilidades sociais que podem
ser de simples reação às carências e necessidades da comunidade.” (Ibidem, p. 52). E se
referindo a tais fatores, que consequentemente obrigam as empresas a abandonar
velhos conceitos em relação à prática da responsabilidade social, o autor conclui:
Germano (2003, p. 38) levanta a questão de que o indivíduo na organização deve seguir
as regras estabelecidas no contrato “explícito ou implícito” que é firmado ao adentrar na
mesma. Segundo o autor, isso significa: “obedecer à hierarquia e adaptar-se à cultura
local”, e conclui que a mesma imposição acontece na convivência em sociedade,
ressaltando que mesmo não havendo contratos há uma hierarquia. O mesmo levanta um
questionamento entre a ética das empresas e a ética individual e conclui:
Assim sendo, Hunter (2006, p. 115) ressalta que: “As empresas mais bem-sucedidas
compreendem e se esforçam para satisfazer as necessidades mais profundas que todos
os seres humanos partilham [...]”, que são:
Mesquiati (2001, p. 82) comenta que: “[...] a ação ética é aquela que se baseia no
consenso e na responsabilidade para com o bem-estar de todos”, ou seja, todos os
envolvidos (stakeholders). Portanto, tomar decisões éticas dentro de uma empresa
influencia na relação com a sociedade que se vive e consequentemente na imagem da
organização. Uma boa imagem e reputação geram créditos, credibilidade e blindagem
para a empresa:
O autor ressalta que a conduta ética é um requisito cada vez mais frequente e atuante
nas empresas, pois é uma premissa para a sua competitividade no mercado, posto que o
autor lista desafios: “Para SIMS (1992, p. 505), alguns desafios para as organizações
são a: "[...] competição internacional; novas tecnologias; aumento da qualidade;
compromisso e motivação do empregado; administrar uma força de trabalho diversa e,
por último, o desafio de alcançar um comportamento ético.” Mesquiati (2001, p. 140).
Pode-se observar que em relação às empresas com visão de longo prazo, é necessário
que se atente em algumas elucidações como:
Uma análise ética com olhar tanto individual como profissional geram respostas
negativas no que diz respeito à aplicação da mesma, porque normalmente há
escândalos que envolvem as organizações e relações de confiança nos negócios
pessoais, ou seja, os jornais e noticiários colecionam reportagens de escândalos a
respeito desse assunto, comenta Oliveira (2013), e conclui: “O senso comum aponta
grande desconfiança aos negócios e aos homens e mulheres que os conduzem de modo
superior à possível desconfiança de outros profissionais, está estampado nos
noticiários.” Oliveira (2013, p. 12).
Germano (2003, p. 138) elucida que: “Não há problema em questionar a ética de uma
empresa: ela pode e deve ser discutida entre empregados, executivos ou não, e
acionistas.” E conclui:
Germano (2003) alerta que ignorar a doutrina ética é prejudicial para as empresas e
comenta o quanto é positivo para aquelas que contam com um código de conduta
interno e reportam o mesmo a seus empregados:
Para as autoras Azevedo e Cruz (2006) o balanço social é uma ferramenta de suma
importância na gestão empresarial, pelo fato de tornar pública tais informações sobre
as ações da mesma em relação à sociedade e ao meio ambiente:
Para as autoras Azevedo e Cruz (2006, p. 14) a empresa que tem o olhar voltado à
preservação do meio ambiente e o bem-estar do indivíduo: “[...] estará contribuindo e
até inspirando outras entidades a unir forças para uma melhor qualidade de vida e uma
sociedade mais equilibrada e justa para todos.” (Ibidem, p. 14). E complementam que:
Em relação ao impacto ambiental causado pela presença de uma empresa em seu local
de atuação e a preocupação da mesma em relação a tais impactos, Azevedo e Cruz
(2006) comentam que:
Para Germano (2003) a empresa que se comporta mal e vai contra os princípios éticos
ocasiona a sua ineficiência, além de ir contra o intuito de fazer o bem à sociedade.
Segundo o autor, há casos mais graves de má conduta por parte de uma empresa com
tal comportamento quando envolve agressões ao meio ambiente que ocorre em alguns
países:
Esses, não seria nem preciso dizer, são os casos mais difíceis de serem
tratados; quando não envolvem o desrespeito a leis estabelecidas (caso
das agressões ao meio ambiente, em certos países), simplesmente não há
punição aparente aos que se comportam mal, embora elas, em se tratando
de procedimentos antiéticos, invariavelmente apareçam no longo prazo.
Não havendo punição aparente, numa abordagem behaviorista, os mal-
comportados sentem-se bem-sucedidos, e junto com seus pares tendem a
repetir suas ações. (GERMANO, 2003, p. 138).
Souza (2005, p. 78) chama a atenção para: “O interesse ético da empresa para com as
pessoas”, que segundo a autora: “[...] deve estender-se à comunidade, na forma de
serviços e parcerias e, também, no cumprimento de suas obrigações, como o
pagamento da quota de impostos” (Ibidem, p. 78), ou seja: “[...] elas são uma fonte de
recursos a serem solicitados em obras de cunho social; na fabricação de produtos que
não poluam o meio ambiente nem causem prejuízo à saúde.” (Ibidem, p. 78). E em
relação à importância do cuidado com o meio ambiente por parte das empresas no
cenário atual, a autora conclui:
Para Guimarães (2013) os benefícios que uma empresa que pratica a conduta ética traz
para a sociedade e ao meio ambiente são:
3. DISCUSSÕES
Os dados levantados no presente estudo evidenciaram a importância da aplicação da
doutrina ética e responsabilidade social por parte das organizações, sendo que fatos
históricos apontam tal existência e preocupação desde os primórdios do capitalismo. Em
contrapartida, o referido estudo mostra que desde então há uma resistência por parte das
organizações em prol da prática da doutrina ética e responsabilidade social em virtude
do lucro e enriquecimento a qualquer custo, passando por cima de todos os princípios da
ética e preocupação com o bem-estar de todos os envolvidos. Porém, o estudo mostrou
que a partir da década de 70 se começou a testar ferramentas teóricas para aplicação da
doutrina ética, porém ficou claro que ainda nessa época havia dúvidas sobre as
obrigações sociais por parte das empresas.
Este estudo evidenciou também outro importante fato, que é o olhar para as mudanças e
a principal delas, que influencia todo este cenário que força a mudança de conduta das
organizações para uma postura ética e ciência das suas responsabilidades sociais para
com a sociedade e que estamos na era da informação e as pessoas têm fácil acesso à
mesma e cobram seus direitos, qualidade nos produtos e melhores condições de
trabalho, fato este que é imprescindível para a carreira das pessoas e que agrega mais
valor do que altos salários. Afinal, as pesquisas aqui levantadas mostraram que grande
parte do patrimônio e valor econômico das organizações deve-se à sua imagem e
reputação e, apesar de muitas organizações estarem a par desse fato, ainda há um longo
caminho a percorrer para muitas outras tomarem consciência disso, até mesmo para sua
sobrevivência no mercado.
4. CONCLUSÕES
No desenvolvimento deste estudo foi analisada a preocupação e aplicação da doutrina
ética, ciência e responsabilidade social por parte das organizações e que, embora tal
obrigatoriedade e responsabilidade estar em pauta atualmente, tais preocupações e
práticas já existiam desde o nascimento do capitalismo. Porém tal valor e relevância ao
tema se deram a partir do final dos anos 60.
O referido tema bem como a composição deste estudo e levantamento dos dados é de
suma importância para a conscientização da influência do papel das empresas para com
a sociedade. Papel este que diz respeito a sua atuação e responsabilidades como
empregadores (interna) e para com a sociedade (externa), cuidado e conservação do
meio ambiente no cenário e local em que atuam e como produtores e prestadores de
serviços no quesito qualidade e responsabilidade na fabricação de seus produtos e
excelência na prestação de serviços.
Mediante esses fatos levantados, este estudo tem o cunho principal de elucidar para a
sociedade a importância do papel e responsabilidades que as organizações têm e que
todos como clientes e colaboradores, ou seja, todos os envolvidos têm que acompanhar
e cobrar melhores condições e qualidade de vida. Portanto, este levantamento serviu
como incentivo para o autor como profissional a valorizar a carreira, agregando em sua
trajetória profissional empresas com uma boa imagem e reputação, e como cidadão a
acompanhar e exigir produtos e serviços de qualidade.
5. REFERÊNCIAS
AZEVEDO, T. C. e CRUZ, C. F. Balanço Social como Instrumento para
Demonstrar a Responsabilidade Social das Entidades: Uma Discussão Quanto à
Elaboração, Padronização e Regulamentação. (Trabalho classificado em 3º lugar e
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