Com a devida vénia, ouso discordar do Em. Relator.
No mérito, mantenho parcialmente os fundamentos externados pelo
Juízo a quo, rogando vénia para discordar do voto do Nobre Relator.
Ademais, observe-se que o julgamento em segunda instância constará
apenas da ata, com a indicação suficiente do processo, fundamentação sucinta e parte dispositiva. Se a sentença for confirmada pelos seus próprios fundamentos, a súmula do julgamento servirá de acórdão (art. 46, da Lei n° 9.099/95).
A prova dos autos foi corretamente analisada pelo Juízo sentencia
o qual apresentou as razões do seu convencimento. No nosso sistema proc o Juiz apreciará a prova livremente, atendendo aos fatos e circunstâncias constantes dos autos, ainda que não alegados pelas partes.
Em relação aos concursos públicos e a possibilidade de
interferência do Poder Judiciário nos atos do Poder Executivo, é necessário tecer importantes considerações. Cumpre salientar que o Poder Judiciário somente pode intervir na esfera da Administração Pública de forma residual, ou seja, apenas para controle de legalidade e constítucionalidade dos atos por ela praticados, em razão do Princípio da Separação dos Poderes, previsto no art. 2° da Constituição Federal de 1988.
Esta intervenção pode se dar relativamente a atos
vinculados ou discricionários (utilizados os critérios de oportunidade e conveniência), desde que não incorra em excessos. Diante de tais balizas, em se tratando de matéria de concursos públicos, apenas quando houver flagrante ilegalidade, inconstitucionalidade ou desatendimento das normas edilícias será permitida a intervenção do Poder Judiciário.
O Edital do concurso vincula a Administração Pública,
sendo certo de que as regras determinadas no edital deverão ser rigorosamente observadas, assim como os princípios da legalidade e da publicidade.
Conforme extraído dos autos, a parte recorrida participou de
concurso público para o cargo de professor, que a considerou inapta a prosseguir no certame. Inconformada com tal feito, provocou o Judiciário com o intuito de modificar a sua exclusão no concurso, por entender que o resultado apresentado não coaduna com o seu real estado físico.
Verifico, entretanto, que apesar da suposta inaptidão
constatada no exame médico pré-admissional, os laudos médicos particulares apresentados pela parte recorrida e a perícia técnica realizada atestaram sua aptidão para atividade de professor
Não obstante, observo que a candidata já desempenha as
funções do cargo de professor há 20 (vinte) anos, de forma precária e sem prejuízo, inclusive em período imediatamente anterior à sua aprovação.
O E. Tribunal de Justiça de Minas Gerais, nesse sentido:
EMENTA: REMESSA NECESSÁRIA - DIREITO
ADMINISTRATIVO - CONCURSO PÚBLICO - CANDIDATA APROVADA EM CONCURSO PÚBLICO PARA O CARGO DE PROFESSOR - EXAME ADMISSIONAL - INAPTIDÃO - PERÍCIA OFICIAL - APTIDÃO RECONHECIDA - ATO ADMINISTRATIVO - NULIDADE RECONHECIDA. -Comprovado que a candidata cumpriu todos os requisitos necessários à admissão no cargo pleiteado, inclusive por exercer a função há 15 (quinze) anos, a disfonia leve não é suficiente para considerá-la inapta, razão pela qual imperiosa a manutenção da sentença que rechaçou o at administrativo de inaptidão, determinando-se a posse dp, autora no cargo de Professora, observada a ordem classificação no concurso. (TJMG - Remessa Necessária-Cv l. 0000.16.0622 J3-0/002', Relator (a) : Dês. (a) Yeda Athias , 6a CÂMARA CÍVEL, julgamento em 28/01/2020, publicação da súmula em 05/02/2020)
Contudo, entendo que a condenação do Estado em danos morais deve
ser afastada.
No caso em apreço, ainda que se verifique que a conduta da
recorrente tenha gerado transtornos, como alega a recorrida, não é possível concluir-se pela existência do dever de indenizar, visto que não demonstrada a ocorrência de qualquer dano de natureza moral.
DECISÃO:
Com essas considerações, voto pelo PARCIAL PROVIMENTO do
recurso, para afastar a condenação do réu na indenização por danos morais, confirmando o restante da sentença integralmente, por seus próprios fundamentos.
Sem custas (isenção legal). Seranonoirários atK^ocatícios.