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22/12/2016 Como 

a Neurociência pode ajudar a educação em sala de aula

Como a Neurociência pode
ajudar a educação em sala de
aula
Neurociência pode oferecer caminhos para uma
educação melhor na sala de aula. Pesquisa da
Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP mostra
interfaces entre as descobertas científicas sobre o
funcionamento do cérebro, o processo de
aprendizagem na escola e a promoção de saúde

Júlio
Bernardes, USP

Pesquisa da
Faculdade de
Saúde Pública
(FSP) da USP
mostra interfaces
entre as
descobertas
científicas sobre o
funcionamento do
cérebro, o processo
de aprendizagem
na escola e a

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22/12/2016 Como a Neurociência pode ajudar a educação em sala de aula

promoção de saúde. O estudo da educadora Neuza Mainardi aponta
que um estímulo adequado do professor pode fazer o aluno se
empenhar mais para aprender, de modo a aumentar sua autoestima.
Isso o torna mais ativo no dia­a­dia, o que melhora sua qualidade de
vida e, em consequência, a sua saúde.

Neuza aponta que as pesquisas na área neurológica se intensificaram
na última década do século 20, conhecida como “a década do
cérebro”. Uma das descobertas mais importantes da neurociência foi a
da plasticidade cerebral. “Durante todo o século 20, acreditava­se que
os seres humanos iam perdendo, ao longo da vida, os neurônios com
que nasciam”, conta. “Entretanto, ao aprofundarem os estudos sobre o
funcionamento do cérebro os cientistas descobriram que as células
nervosas se renovam e se adaptam. Elas são sensíveis às mudanças
ao redor e excitáveis, gerando sentimentos, pensamentos e
comportamentos”.

O estudo relaciona quinze pontos coincidentes ou complementares
entre neurociência, educação e promoção da saúde. “Por exemplo,
sabe­se que o cérebro humano tem capacidade de criar mapas e
imagens, de fora para dentro por reações físicas e químicas aos
estímulos que recebe do meio”, diz Neuza. Na educação, o incentivo
(externo) que os professores oferecem aos alunos visa criar neles a
motivação (interna) e a vontade de aprender, devido a atividade
neural. “A consequência, no que diz respeito à promoção de saúde, é
que o aluno motivado tem mais chance de ter melhor qualidade de
vida porque o sucesso aprimora a autoestima”.

A educadora lembra que a plasticidade cerebral contribui para a
adaptabilidade do comportamento. “O papel condutor da educação
interfere na atividade da criança e em sua atitude diante da realidade,
o que amplia aos poucos a sua consciência”, diz. “Nas experiências
psíquicas estão emoções e sentimentos que interferem na qualidade
de vida. Os estímulos do professor quando positivos, geram
pensamentos e comportamentos que favorecem o processo de
ensino­aprendizagem”.

Desenvolvimento do cérebro

De acordo com os neurocientistas, os estímulos ambientais ampliam
as conexões entre neurônios, havendo uma relação entre as
experiências de vida e o desenvolvimento do cérebro. “A
aprendizagem pode ser mais eficiente se o professor conhecer a vida
da criança em casa, tendo mais contato com as famílias, por meio das
reuniões de pais ou mesmo chamando os familiares, se for
necessário, demonstrando interesse pelo aluno”, observa Neuza.
“Quanto maior o contato, mais segurança o professor terá para
planejar o processo educacional, além de dar mais segurança ao

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aluno, pois ele se sente acolhido pela escola ao perceber que sua
família é bem­vinda”.

Os princípios da psicologia e da neurociência podem ser aplicados no
trabalho diário do professor se ele entender como o cérebro humano
reage aos estímulos e procurar despertar no aluno uma atitude
positiva. “Por exemplo, quando o aluno é elogiado por uma tarefa que
faz em sala de aula, acontecem reações elétricas e químicas no
sistema nervoso que fazem com que ele se sinta capaz de aprender.
O estímulo melhora sua autoestima, ele aprende com mais facilidade e
vive a experiência escolar com alegria. Além de ir a escola com prazer,
no seu dia­a­dia terá mais entusiasmo para tudo, inclusive para fazer
atividades físicas, o que traz qualidade de vida e melhora a saúde”, diz
a educadora. “O professor deve sempre buscar um ponto positivo para
enaltecer o aluno, mostrar que ele tem valor, não fazendo apenas
críticas que podem gerar desinteresse pela escola”.

Segundo Neuza, o conceito de promoção da saúde passou a ser
difundido em todo o mundo após a divulgação da Carta de Ottawa no
Canadá, em 1986, durante a 1a Conferência Internacional para a
Promoção da Saúde. “Anteriormente, saúde era vista como ausência
de doença. Com a Carta de Ottawa, saúde passou a ser sinônimo de
qualidade de vida, vivenciada no dia­a­dia”, relata. “No Brasil, após a
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 1996, os
Parâmetros Curriculares Nacionais estabelecem a saúde como tema a
ser trabalhado de forma transversal e contextualmente, em todos os
níveis, tornando a escola uma promotora de saúde, não só dos alunos,
mas de toda a sociedade”.

A educadora defende que o profissional de educação precisa se
conscientizar do papel que tem como formador, muito mais do que
apenas como transmissor de informações, e buscar compensar as
possíveis falhas do seu curso de formação profissional. “Sempre cabe
um repensar e se pode melhorar a atuação a cada dia”, afirma. “A
internet pode ajudar bastante os que têm vontade de se atualizar”.

Neuza destaca que a educação determina em grande parte o bem­
estar e a felicidade que a pessoa possa ter na vida. “Não se apaga o
que se faz em educação, sejam aspectos positivos ou negativos”,
conclui. A pesquisa, realizada durante pós­doutoramento na FSP, teve
a supervisão da professora Isabel Maria Teixeira Bicudo Pereira.

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