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Aceitação

Quando olhamos a nós mesmos em frente a um espelho nos deparamos com a superfície do
nosso ser e sua expressão de rotina. Em alguns momentos até nos atentamos para nossa face
e notamos as mudanças causadas pelo amadurecimento da pele, as linhas de expressões, as
rugas e todas elas estão cada vez mais evidentes. Ultimamente o uso de todos os tratamentos
disponíveis para amenizar a ação do tempo permite a dispensação de muito dinheiro para
melhorar nossa relação com a nossa imagem como cirurgias plásticas e uso contínuo de
substâncias dermatológicas de rejuvenescimento.

O tempo todo ouvimos sobre a importância de aceitar nossa aparência física e fazemos uma
busca incessante para estar dentro de um determinado padrão, do que é considerado o ideal
pela maioria. Alguns vivem a vida tentando aceitar e conseguem apenas quando maduros, e
outros morrem sem ter aceitado.

É importante e satisfatório quando nos sentimos bem com o nosso corpo, aceitamos as
mudanças do tempo e isso nos causa conforto. Mas não é apenas de conforto físico que
estamos falando: aqui nesse estudo quando falamos em aceitar estamos avaliando
profundamente a aceitação de quem somos, o que fazemos, de onde viemos e para onde
vamos.

Afinal, por que falamos tão pouco em aceitar?

Isso ocorre porque geralmente quem é adepto ao “aceitar” expressa maior vulnerabilidade em
meio a uma sociedade/comunidade que visa quebrar barreiras e ser resistente a tudo e todos.
Trata-se de uma tentativa frustrada de superar tudo e todos, não aceitando a imposição de
opiniões, culturas e etc. Pior ainda quando precisamos aceitar que somos falhos, que
assumimos riscos, que o tempo todo nossos defeitos serão expostos. Assim, quase sempre
nosso corpo se organiza de modo sobrenatural para resistir e reter as informações tornando a
aceitação cada vez mais inviável.

Não adianta fechar os olhos para tentar se esconder. Essa atitude é muito comum em crianças,
é um reflexo natural de defesa já que se o olho não vê o coração não sente. Um jeito simples
de tentar fugir do que traz medo e insegurança para essa criança.

Na vida adulta isso não se encaixa mais, porque as experiências emocionais e sentimentais são
tão profundas e conhecidas que quando fechamos os olhos em uma tentativa de fuga é quase
como se pudéssemos ver ainda mais a nossa falta de autoconhecimento e estamos mais
vulneráveis.

Dentre os mecanismos mais usados nessa tentativa de fuga, devido as consequências que a
falta de aceitação pode trazer, são principalmente a construção de máscaras. Se você não
aceitar seus limites, não aceitar interrogações a única maneira de lidar com isso vai ser através
da fuga da realidade. As máscaras são representativas, elas expressam aquilo que
momentaneamente eu preciso ser para ter, ou para simplesmente conseguir estar em algum
lugar com algumas pessoas.
Enquanto isso continuamos vivendo superficialmente, sempre deixando para depois o cuidado
do nosso eu sem máscaras, até porque acreditamos que ainda há tempo o suficiente, mesmo
sem saber quanto tempo.

Tudo muda quando temos conhecimento e entendemos que a autoaceitação é libertadora,


simplifica nossa vida e nos tira do marasmo da vida mediana que levamos.

Mas como fazer isso? Por onde começar?

É crucial ter entendimento de que não temos controle de tudo! E está tudo bem! A vida
continua, independente de nossas ações. Algo que parece tão simples e verdadeiro mas que
temos muita dificuldade em admitir. A partir daí, procurarmos olhar cada vez mais para a
nossa verdade em uma busca inteligente das nossas crenças.

Queremos entender e gerenciar nossos limites e, se necessário, até mesmo superá-los.


Queremos entender que somos capazes em procurar reconhecer tudo aquilo que carregamos
em nossa mente, que muitas vezes nos traz prejuízo e nos afeta, mas não são reais.
Reconhecer o que nos bloqueia, compreender a importância de alinhar nosso corpo, nossa
mente e nossa alma em função de um tempo em um ambiente comum e a grande
possibilidade da relação do meio material versus o meio espiritual.

Tudo isso com finalidade de viver em um equilíbrio onde, quando nos depararmos com as
inevitáveis situações árduas, conseguimos manejar essas situações adversas e respirar,
compreendendo que é possível ir muito além e que está tudo bem se não estivermos no
controle do todo.

Ao alcançar esse nível de aceitação entendemos que o simples fato de aceitar de verdade nos
faz ser mais verdadeiros e muito mais aptos à ampliação e reconhecimento dos limites.

Quando a aceitação física se alinha à aceitação pessoal e profunda os nossos ideais e


propósitos ficam mais claros e objetivos, ativando a busca pela profundidade do nosso ser
como uma constante e renovadora opção.

O tempo fica muito mais valioso e as nossas ações passam a ser mais inteligentes e evolutivas.

Encarar o próprio reflexo no espelho com autoridade e um orgulho único do nosso genuíno
ser, evidenciando o ‘’verdadeiro Eu’’ mais vivo do que nunca, nos trazendo a tal almejada e
verdadeira paz interior. O preenchimento do vazio existencial tem início nesse conceito de
aceitação.

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