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Regência - FASC

Profª Ms. Sheila Previato


Carga Horária - 72 horas


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Introdução

O termo Regência provém do latim dirigo que significa dirigir, ordenar ou conduzir.

Em música utilizamos o termo para descrever a condução de um grupo, seja ele vocal ou

instrumental, ou ambos. Esta condução é realizada por meio da aplicação de gestos

convencionais e movimentos dos braços.

A figura do regente surge da necessidade de se manter uma uniformidade rítmica e

expressiva do conjunto que está sendo conduzido e garantir a coerência e unidade de

execução e interpretação por meio de gestos visíveis. Em muitos casos podemos observar

na técnica de gesticulação do regente um certo temperamento artístico e interpretativo, no

entanto de nada adianta se suas normas de conduta não forem claras e precisas.

É bom que aqueles que desejam se dedicar à regência tenham em mente fazer todos

os movimentos necessários, mas sem os exagerar. A arte de marcar e conduzir deve ser

encarada com toda a seriedade, pois uma condução e marcação deficientes podem

estragar e mesmo não preencher as condições elementares da parte puramente estético-

musical e expressiva. E um mau regente pode, sem dúvida alguma, estragar e viciar um

bom grupo, anular o que foi conquistado com muito trabalho, prejuízo que, para o grupo

seria enorme. Por isso, somente o regente que dominar completamente toda esta

complexidade de movimentos, dominar as dificuldades rítmicas, não só as da música

antiga (que por vezes são muito complicadas, levando os menos preparados a praticar

geralmente arbitrariedades), mas também toda a rítmica referente às obras modernas,

somente este regente estará apto a construir, sob o ponto de vista artístico, e tirar o

máximo em interpretação, sonoridade e toda a beleza de uma partitura.

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A Regência

Regência Coral Regência Orquestral

Podemos encarar a regência sob esses dois planos, sendo ambos contendo suas

próprias peculiaridades. Eles distinguem-se tanto na prática de trabalho e ensaio, quanto

na sua execução.

Na Regência Coral, observamos que na maioria dos casos os cantores que compõem

o grupo são leigos e amadores, exigindo do regente um maior trabalho conjunto e um

maior convívio, favorecendo um relacionamento mais estreito com o grupo onde o regente

acaba muitas vezes desenvolvendo uma gesticulação especial e particular.

Os movimentos de mãos e dedos têm papel importantíssimo nas nuances.

Já na Regência Orquestral, ou Instrumental, seus componentes são músicos

profissionais, reduzindo assim o número de ensaios implicando numa condução mais

universal e impessoal. No entanto, sempre há exceções e as orquestras acabam sendo

obrigadas a adaptar-se à maneira particular e peculiar do regente.

O uso da batuta é bastante comum, pois facilita a clareza de condução,

principalmente em se tratando de grupos grandes, como por exemplo a orquestra

sinfônica moderna. No entanto o seu uso não é obrigatório, pois há regentes que sentem

maior liberdade de expressão sem o uso da batuta.

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Formação de um Regente

Existem diversos aspectos que o aspirante a regência deve desenvolver em sua

formação para que consiga melhores resultados em sua carreira frente ao grupo que irá

conduzir, seja ele vocal ou instrumental. O regente deve ter tido um passado de

atividades, ou corais ou instrumentais, não como guia, mas como cantor ou

instrumentista, pois essa vivência reforça os mais diversos tipos de literatura.

Infelizmente, ainda muitos se aventuram no caminho da regência sem saber, muitas vezes,

das coisas mais elementares. Não é com uma semana de explicações que o regente já pode

se aventurar a dar concertos. Isso acaba resultando num charlatanismo que mais prejudica

do que estimula, pois deprecia e rebaixa a qualidade artística em vez de elevá-la. Contudo,

o pior erro é não querer ser orientado. O regente amador quanto menos souber, mais

importância se dá, e refuta qualquer conhecimento, preocupado em que sua autoridade

possa perder o prestígio perante os outros.

Para então que o regente possa melhor se preparar em sua formação, podemos

basicamente dividir os aspectos de sua formação em três grupos:

a) Formação musical - a primeira capacidade é ter um bom ouvido. Se o estudante

não tem ouvido absoluto, isso não é totalmente necessário, pois ele poderá

desenvolver um bom ouvido relativo e apresentar as mesmas vantagens de quem tem

um ouvido absoluto. Outros fatores também importantes são seus conhecimentos

musicais, tais como leitura musical, harmonia, ritmo, contraponto e morfologia. Essas são

disciplinas básicas de um curso de música e que o regente deve se aprofundar para

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que consiga conduzir os ensaios da melhor forma possível. Por exemplo, numa grade

orquestral, o regente irá se deparar com todas as claves musicais (Sol, Fá e Dó), ou seja,

ele deve ter leitura fluente de todas elas; e também irá trabalhar com instrumentos

transpositores, como os de sopro, ou seja, reforçando o seu conhecimento em harmonia

e teoria musical. Num conjunto vocal, ou seja, num coral, é exigido também do regente

o conhecimento da técnica vocal e também de idiomas. Por exemplo, o regente coral

deve cuidar da uniformidade vocal do conjunto para que nenhuma voz se sobressaia

mais do que a outra, e para isso ele terá que conhecer a técnica vocal para conseguir

alcançar esse objetivo. O conhecimento de outros idiomas, não precisa ser fluente mas

pelo menos ter uma boa noção de vários deles, principalmente o latim, o italiano, o

francês, o alemão e o inglês. O conhecimento pleno do texto é de fundamental

importância pois a música coral geralmente está um função direta do mesmo. Outro

elemento de igual importância para o regente é o conhecimento na história da música

sob o ponto de vista estético, para que ele possa trabalhar bem com todos os estilos,

tanto da prática coral quanto da prática instrumental. E o último aspecto musical, não

menos importante, é o da gesticulação o qual iremos realizar diversos exercícios de

marcação de tempos, exercícios de relaxamento e de independência. O importante é

como ele harmoniza os gestos no todo. O máximo de atividade exterior pode ser

necessário e justificado artisticamente, assim como muitas vezes o clímax de tensão

artística se realiza num clima de máxima calma.

b) Formação estético-musical - esta formação diz respeito à vivência musical do

estudante de regência, ou seja, cantar ou tocar em outros grupos. Essa experiência traz

ao candidato a regente a capacidade de encarar os problemas também sob o ponto de

vista dos executantes, entenderá melhor a psicologia do grupo e conhecerá

pessoalmente a perspectiva dentro da qual o conjunto encara as coisas. Ler livros

relacionados a história da música, estética musical, coral e instrumental, participar de

eventos musicais, tais como concertos, shows, recitais ou até mesmo ensaios, e assistir

DVD’s de corais ou orquestras de boa referência a fim de observar seus regentes e sua

maneira de conduzir o grupo.

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c) Fundamentos psicológicos - o futuro regente deve ser responsável para que ele

possa realmente conduzir o grupo e não ser conduzido pela personalidade do grupo, e

poder irradiar aos outros, de um modo espontâneo, a autoridade da condução e,

através de seus gestos, refletores de personalidade, fazer entender todas as intenções

da música, pois deve saber liderar. Também deve sentir-se desembaraçado de qualquer

inibição, tanto para o grupo, como para o público em geral. Como guia de um

conjunto, é igualmente preciso que tenha certas qualidades de organização, pois a

prática mostrará que grande parte do trabalho elementar na regência consiste

simplesmente em “organizar" o todo. Outro fator importante é a calma e paciência no

trabalho. Toda manifestação de irritação, impaciência ou má vontade cria no grupo

tensões prejudiciais à prática musical. O regente também deve ser capaz de uma

vivência musical interior, pois essa sempre procura um meio de se projetar para fora,

compartilhando a emoção com outras pessoas, no caso, o público. É uma necessidade

interior que está em íntima relação com a força criadora do homem. Esta força é

intuitiva e manifesta-se em todos os terrenos, seja na filosofia, nas ciências ou nas artes.

O regente tem a obrigação de ser autêntico e verdadeiro perante sua emoção e vivência

estética. Consequentemente, só deveria reger e conduzir tudo aquilo que se

transformou em vivência e emoção positiva para ele.

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Postura do Regente

A posição do corpo do regente à frente do conjunto influem

seriamente na execução. Antes de cada início o regente

precisa assumir uma atitude preparatória que comunique ao

coral ou orquestra um estado de prontidão e alerta. Esta

atitude tem por finalidade principal assegurar a concentração

dos cantores e instrumentistas, devendo resultar dela

também o contato com o grupo, e, consequentemente, um contato quase que pessoal com

cada um dos elementos. A mesma atitude deve refletir também o caráter da música a ser

cantada ou tocada. Além deste, precisa fazer sentir o andamento imanente a ser tomado e

toda a tensão expressiva da linha melódica.

Este conjunto de atitudes deve refletir-se em todo o corpo, isto é, na posição dos

braços, dos pés e pernas, pois estas podem indicar o clima como o fato musical se

desenrola. Igualmente, tão importante como os braços e as mãos é a expressão do rosto;

principalmente a dos olhos. Através destes, o grupo sentir-se-á atingido diretamente e é,

por assim dizer, o elo de comunicação mais importante e profundo que liga a atitude

exterior coma interior-psicológica.

Algumas observações importantes de serem observadas quanto à postura:

a) corpo ereto, sem as características da posição militar de sentido.

b) braços acima da cintura, arqueados e em sentido horizontal, movimentando-os

livremente para a direita e para a esquerda e ainda para cima até a altura da cabeça. O

tórax poderá acompanhar os movimentos dos braços para a direita ou para a esquerda,

porém, jamais deverá ser curvado para a frente, em atitude de quem quer tocas as

mãos no chão.

c) constante relaxamento muscular dos braços para fácil flexibilidade dos

movimentos. Os ombros sempre devem ficar soltos e frouxos, completamente

relaxados. Os cotovelos ficam levemente erguidos lateralmente para fora. Esta posição

norma constitui o centro em trono do qual giram todos os outros movimentos e nos

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proporciona a possibilidade de dirigir os gestos em qualquer sentidos, seja lateral, para

cima, para baixo ou mesmo em direção ao próprio corpo ou sem sentido contrário. O

cotovelo deverá formar mais ou menos um ângulo reto.

d) exercícios de dissociação de movimentos simultâneos dos braços.

Posturas fundamentais na regência

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Gestos de Independência

O regente deve disciplinar os movimentos dos braços, com exercícios específicos e

metódicos até atingir o automatismo. Começará por movimentá-los LENTAMENTE, em

várias direções, com o mínimo esforço e com permanente relaxamento muscular (pensar

sempre que fios invisíveis os movimentam). Os gestos dos braços devem ser descolados,

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conservando-se a mão direita para marcas os compassos, acentos e algumas entradas, e a

mão esquerda para a expressão, dinâmica, agógica, nuances e entradas. Para analisar e

corrigir sua própria gesticulação, recomendamos o estudo à frente de um espelho que

reflita totalmente sua imagem.

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Preparação e Antecipação

Um dos pontos essenciais no ensino da técnica gestual em regência é a importância

do gesto da preparação. Na batida de preparação devem estar contidas características

musicais como o andamento, o caráter da peça, a dinâmica, a articulação, a intensidade

sonora (dimensão sonora).

Demaree e Moses (1995) compartilham pensamentos inspirativos em relação à

preparação:
Unificar o conjunto, fazendo todos se concentrarem ao mesmo tempo - e
ritmicamente também - é de vital importância. Todos eles devem pensar e sentir juntos.
Faça-os respirar com você, pelo menos quando você for regente convidado ainda desconhecido, e
depois, ocasionalmente, até que esse processo seja rotina para os músicos também. Treine-os a fazer
essa respiração no ritmo, e, até que sua técnica se torne sólida, você respira com eles; esse
ato em uníssono faz do grupo um conjunto (p. 26)

Em um grupo coral, o primeiro ato de preparação, de acordo com Jordan (1996), leva

o nome “gesto de impulso respiratório”. Nele também haverá a preparação respiratória do

grupo. Em grupos instrumentais, obviamente, a preparação respiratória só é

imprescindível para os instrumentos de sopro, mas, qualquer que seja família de

instrumentos, é preciso haver os mesmos elementos do “gesto de impulso respiratório”,

nada impedindo que seja acompanhado de uma inspiração. Este elemento, crucial para a

técnica gestual, é cunhado em outras línguas traduzidos como: Levare (italiano);

preparation (inglês); auftakt (alemão).

O ponto de partida é a imobilidade. Esta atrai o gesto concentrado. O tempo

necessário para o regente permanecer nesta posição é o de conseguir a concentração de

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todo o grupo, incluindo-se o ouvinte, o público. Ao se atingir este ponto máximo de

atenção, deve-se iniciar imediatamente a música. Se ultrapassado este instante o grupo

começa mal. A demora na atitude preparatória causa cansaço, enfado e,

consequentemente, perda de interesse.

Um bom local para se praticar o gesto preparatório é sobre uma mesa que tenha

como altura a linha de base de sua área de regência. Seu pulso deve estar reto, ficando sua

mão como uma continuação de seu braço. Ao tocar a mesa, no ponto de marcação

preparatória do primeiro tempo, o gesto deve ser idêntico àquele que fazemos quando

queremos verificar se um ferro de passar roupas está quente, ou àquele que fazemos com

uma baqueta tocando a pele de um tambor. É um gesto elástico, que não empurra, mas

sim tira energia do contato. Pratique com os dois braços juntos e depois com cada um

individualmente.

O Levare também é conhecido como gesto preventivo. Observa-se na figura abaixo

que o tempo percorrido entre o gesto preventivo e o ponto exato de ataque, deve ter a

mesma duração compreendida entre um e outro tempo do compasso que se inicia. Assim,

o tempo de duração empregado entre o gesto preventivo e o ponto de ataque, depende,

logicamente, do andamento determinado pelo autor da peça musical a ser executada.

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Compasso

A marcação dos tempos é a maneira mais elementar de guardar a unidade em um

grupo musical.

Em todos os tipos de compasso, o PRIMEIRO TEMPO, sempre é marcada PARA

BAIXO (movimento descendente). Sendo ele o mais “pesado" por uma lei natural, deve

seguir nesta direção.

Da mesma forma, o ÚLTIMO TEMPO, sempre é marcado nitidamente PARA CIMA.

Os tempos intermediários realizam-se para “dentro"ou para “fora”. Assim, o

PENÚLTIMO TEMPO de cada compasso realiza-se para FORA.

A marcação “geométrica” (Forma gráfica) dá-nos os seguintes exemplos:

Esta só serve para indicar a trajetória do gesto. Esta marcação é demasiado angulosa,

rígida, fria, artificial.

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Os movimentos na regência devem ser sempre naturais, mesmo nas marcações mais

“pontuadas" e incisivas. Devem refletir organicamente o movimento, nunca

mecanicamente, mas de modo elástico, sem automatismo.

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Entradas

Há duas formas básicas de entrada:

a) de UM TEMPO quando a música começa na cabeça do tempo (tético);

b) de UMA FRAÇÃO DE TEMPO, quando a música começa em uma subdivisão de

tempo (anacrústico).

O Levare (gesto preventivo - preparo) pode ocorrer no início da execução de uma

obra ou no decorrer desta quando houver interrupção causada por pausa, cadência,

mudança de andamento.

Daremos os exemplos no compasso quaternário, mas fica entendido que o Levare

(gesto preventivo) é regra para ser observada em qualquer natureza de compasso.

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Exercícios para prática de entradas

Conclui-se, pelo exposto, que o Levare partiu sempre de um tempo anterior. Quando

houver necessidade da divisão ou subdivisão do tempo, em duas ou mais partes,

fragmentação esta provocada pelos andamentos lentos, aplica-se o mesmo raciocínio, mas,

agora, partindo o Levare de uma fração da unidade de tempo. Esta fração pode representar

a metade, um terço, um quarto ou parte ainda menor da unidade de tempo determinada.

Vejamos alguns exemplos:

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Conclui-se, pois, que os compassos simples marcados com seus tempos

desdobrados, são marcados da seguinte forma:

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Terminações

Os cortes são tão importantes quanto as entradas. Infelizmente, há uma grande

tendência entre regentes com pouco treinamento de ignorar os cortes. Com os cortes

devidamente realizados, os descansos e pausas se evidenciam com um papel mais

importante que realmente têm. Isso fica bem claro, por exemplo, em peça polifônica.

O corte exige sempre um gesto muito preciso, pois indica a repentina ausência de

som de todo o conjunto ou de uma parte deste. O segredo para um bom corte é que ele

seja preparado. A preparação de um corte deve ser concebida de forma sutilmente

diferente de uma entrada, pelo fato de a música já estar ocorrendo, enquanto que, para

uma entrada, ela ainda está por vir.

Num conjunto vocal (coral), as terminações apresentam-se sob três aspectos:

a) Com vogais - não existem maiores problemas. O segredo consiste em preparar o

corte, sem que seja necessário fechar os dedos.

b) Com consoantes brandas, flexíveis e com ressonância - consoantes líquidas: L, M, N -

procede-se da mesma forma que no caso a), porém quando a consoante é produzida

com fechamento dos lábios, deve-se fechar os dedos.

c) Com consoantes duras, dentais ou explosivas: TT, ST, EST - há a necessidade de um

gesto particular para que o TT, ST, não saia em “cascata" pelos cantores. É fundamental

um preparo preciso para estas consoantes.

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Fermatas

Significa para em italiano. Na música, pára a pulsação. Toda música se desenvolve

sobre pulsos. Neste caso, há parada de pulsos. Não se deve contar mais.

Para efeito de regência, toda a fermata tem que ter preparação, tanto para a sua

entrada quanto para a sua saída. Neste sentido, existem alguns tipos diferentes de fermata

quanto à sua regência.

a) O primeiro tipo, mais simples, é a fermata de final de frase ou de última nota.

Essa geralmente é precedida por um andamento retardado, só precisa de preparação

para a sua chegada com o corte ao final. Veja a figura a seguir:

b) O segundo tipo é a fermata que acontece no meio de um trecho musical e é

seguida de uma pausa, como na figura abaixo. Esta deve ser preparada para o seu

ataque e para o seu corte, que acontece durante a pausa concomitantemente como

preparação para a próxima entrada.

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c) O terceiro tipo de fermata é semelhante ao segundo, porém seguido de uma nota

musical, sendo assim de maior dificuldade de realização do que as outras. O segredo,

entretanto, está na preparação de sua saída, consistindo simplesmente em repetir a

batida de tempo quem que ela ocorre no compasso. Veja o exemplo abaixo. A fermata

ocorre no segundo tempo do compasso. Então, para sair dela e seguir a música, repete-

se o segundo tempo.

d) O quarto tipo de fermata é aquele que ocorre nos corais barrocos, mais

notadamente nos corais de J. S. Bach. A interpretação deste tipo de fermata deve ser

diferente da definição de fermata dada acima. Aqui, ela simplesmente denota o ponto

final de uma frase textual ou musical, devendo ser realizada como uma pausa

gramatical e não uma parada sonora. Veja o exemplo do trecho a seguir:

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Compasso Quinário

Os compassos de cinco tempos - os quinteiros - ou seja os: 5/1 - 5/2 - 5/4 - 5/8 etc.

têm a seguinte representação e marcação:

Compasso Setenário

Os compassos de sete tempos - os setenários - ou seja os: 7/1 - 7/2 - 7/4 - 7/8 etc.

têm a seguinte representação e marcação:

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Compassos Compostos

Nos compassos compostos deve-se levar em conta que cada tempo se desdobra em

três outras subunidades, fazendo-se sentir sempre bem nitidamente quando entrar a

unidade mais pesada.

Nos compassos compostos 6/2 - 6/4 - 6/8 etc. teremos a seguinte figura:

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Os ternários compostos 9/2 - 9/4 - 9/8 - etc., marcam-se:

Os quaternários compostos 12/2 -12/4 - 12/8 - etc., marcam-se:

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Mudanças Musicais: Dinâmica

A movimentação dos braços deverá indicar a variação de dinâmica. Geralmente, o

gesto em direção oposta ao corpo, com as “costas"da palma da mão, indica o crescendo.

Muitos professores pedem para fazer este movimento de forma horizontal para frente, ou

vertical de baixo para cima desde a cintura, outros pedem para os lados, e outros ainda

pedem que seja feito o movimento de baixo para cima e para fora do corpo ao mesmo

tempo.

O movimento de decrescendo se dá de forma inversa ao do crescendo, de acordo com a

escolha das várias opções descritas acima. Contudo, não se deve mostrar a palma da mão

de forma explícita, e sim, posicionar a mão levemente inclinada, para não deixar a

impressão de pedir uma parada, como um guarda de trânsito, o que poderia ser

confundido com uma espécie de para musical.

Os diferentes níveis de dinâmica devem ser exercitados com afinco, para que sejam

diferenciados uns dos outros através dos gestos do regente. Dentre os mais usados, são

seis diferentes níveis de dinâmica, a saber: pianíssimo (pp); piano (p); mezzo piano (mp); mezzo

forte (mf); forte (f); fortíssimo (ff). Não é somente o tamanho do gesto que irá descrevê-los,

mas também a que altura do corpo ele está sendo realizado. Além de variações de

intensidade, dinâmica envolve peso sonoro, ajustes timbrísticos e textura sonora, assim

como tipos de acentos como sforzato ou forte/piano. Ademais, o tipo de expressão a ser

aplicada nas mãos irá influenciar a sonoridade do grupo. Por exemplo: qualquer tipo de

abertura das mãos (ovalada ou com os dedos espaçados).

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Mudanças Musicais: Agógica

De acordo com Aurélio (2004), este termo, para a área de música, indica “doutrina

das modificações passageiras do andamento de um trecho musical, tais como aceleração,

precipitação, retardamento, etc., suas causas determinantes e seus efeitos”. Em outras

palavras, qualquer movimentação que altere o pulso e andamento (velocidade da peça),

ou implique sua variação é qualificada como agógica.

Estão contidas na área de agógica uma série de mudanças de andamento, que aqui

serão somente citadas. Porém, cada uma delas tem uma característica única em termos de

realização, precisando assim, de atenção específica. Dentre essas modificações estão:

a) Para diminuir andamento: ritardando, allargando, ritenuto, meno mosso, morrendo,

smorzando;

b) Para apressar o andamento: accelerando, poco a poco accelerando, stringendo, più

mosso, affretando, stretto, più vivo.

Algumas destas indicações tratam também da dinâmica concomitante com

andamento.

Aparentemente a agógica não apresenta dificuldade para o regente mas a sua análise

torna-se necessária para aplicarmos a sua mecânica nos exercícios de automatização de

movimentos. Se existe alguma dificuldade, esta reside na manutenção do equilíbrio dos

braços, os quais devem seguir, de um para outro lado, gradativa e proporcionalmente em

relação ao andamento original (tempo primo ou a tempo).

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História da Regência

A regência moderna com uma batuta leve, teve início no começo do séc. XIX, porém

a marcação do tempo para dar o ritmo remonta à Idade Média, até mesmo à Grécia antiga.

Séc. XVI - existem testemunhos sobre um diretor batendo com o pé no chão, ou

batendo em um livro de música com uma vareta, para marcar o ritmo.

Séc. XVI e XVII - mais tarde, bater no chão com um bastão era a prática normal

(pode se assumir que essa era a prática de Lully quando, em 1687, bateu com o bastão no

pé e morreu da gangrena provocada pelo ferimento). Também há indícios que neste

período o diretor de uma execução indicava o rimo com a mão ou empunhando a

partitura (ou qualquer outro papel) em forma de rolo.

Séc. XVIII - as execuções eram dirigidas a partir do cravo (maestro al cembalo), ou

outro instrumento de teclado, ou pelo primeiro-violino. Mozart dirigia suas óperas do

teclado; Haydn “presidia ao pianoforte”, quando suas sinfonias eram apresentadas em

Londres. O violinista que dirigia uma execução via-se na circunstância de contar

principalmente com seu arco, que era usado par marcar o tempo.

Séc. XIX - Muitos regentes do início deste século eram violinistas. Spohr usou um

rolo de papel quando regeu um coro e orquestra em 1809; em 1816 ele observou que a

orquestra da ópera de Milão era regida pelo primeiro-violino e, no ano seguinte, foi

convencido pelos cantores a usar seu violino, indicando o tempo com o arco - apesar de

que, uma vez iniciada a execução, ele punha o violino de lado e “dirigia ao estilo francês,

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com uma batuta”. Spohr sacou de sua batuta em Londres, em 1820, o que a princípio

assustou a orquestra, mas no final foi aprovado. Supõe-se em geral que ele tenha sido o

primeiro regente a usar uma batuta à maneira moderna.

Spohr era um conceituado violinista, e inventou a queixeira para violinos por volta

de 1820. Ele também era um regente significativo, além de ter sido um dos primeiros a

usar a batuta, também inventou letras de ensaio inventing que são postas periodicamente

do início ao fim de uma partitura de maneira que o regente possa economizar tempo

pedindo a orquestra ou cantores para começar a executar a partir de uma letra específica.

Além de obras musicais, Spohr escreveu uma interessante e informativa autobiografia,

publicada após sua morte em 1860. Há um museu dedicado à sua memória em Kassel.

Entre os regentes notáveis do séc. XIX incluem-se Mendelssohn, que usava uma vareta

branca para manter o ritmo uniforme. Berlioz explicou em um tratado a arte de se marcar

o tempo e mantinha a regularidade do ritmo com uma batuta. Wagner, que também

estabeleceu princípios de regência, preferia uma maior flexibilidade, e as tradições

modernas de interpretação devem muito à sua concepção da responsabilidade do regente

em realizar, à sua própria maneira, o caráter de uma obra.

Séc. XX - Furtwängler e Toscanini são universalmente considerados como os

regentes mais influentes da primeira metade deste século, aida que em pólos opostos no

que se refere a estilo. Mais recentemente, regentes como Stokowski e Bernstein se fizeram

notar por sua abordagem exuberante, enquanto von Karajan não teve rivais no requinte

de acabamento de suas interpretações.

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Matriz Junker

A Matriz Junker consiste numa metodologia de estudo onde se desenvolve

gradativa e simultaneamente elementos básicos e essenciais da técnica de regência.

Vantagens da utilização da Matriz:


- Desenvolve a coordenação motora, criando a independência das mãos.
- Automatiza o padrão. A mão direita está “pronta e precisa” para realizar a música

no tempo e no espaço (rítmicos). Uma vez automatizado o padrão, cria-se a leitura

antecipada.
- Desenvolve e aperfeiçoa a “Antecipação” ou “Preparação”, quando a mão

esquerda trabalha as entradas e cortes.


- E uma vez dominados os itens acima, pode-se ainda, através da matriz, trabalhar

os elementos da dinâmica e agógica, isto é, o desenvolvimento dos efeitos musicais.

A Matriz Junker pode ser trabalhada com entradas e cortes, utilizando a disposição

do coro para isso.

Existem diversas disposições para o coro dependendo de suas características

timbrísticas e de repertório. A mais tradicional teve sua origem nos coros de ópera do

século XVIII onde as vozes se posicionavam de forma “quadrada”, no entanto

visualmente não satisfaz pois transmite um coro estático e duro. Este problema pode ser

facilmente solucionado girando os extremos um pouco para a frente da seguinte forma:

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Referências Bibliográficas:

BAPTISTA, Raphael. Tratado de Regência: aplicada à orquestra, à banda de música

e ao coro. São Paulo: Irmãos Vitale, 1976.

DICIONÁRIO GROVE DE MÚSICA: Edição Concisa. Rio de Janeiro: Jorge Zahar

Ed., 1994.

JUNKER, David B. Técnica e Estética - Coleção Panoramas da Regência Coral.

Brasília: Escritório de Histórias, 2013.

MATHIAS, Nelson. Coral, um canto apaixonante. Brasília: Musimed, 1986.

ZANDER, Oscar. Regência Coral. Porto Alegre: Movimento, 1979.

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