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Ano V / No 21 - 05 de setembro de 2003

EDITORIAL
Combatentes Anfíbios!
O Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais apresenta a 21ª edição de seu periódico Âncoras e Fuzis e ressalta a
importância de sua ampla veiculação em todos os círculos hierárquicos das OM de Fuzileiros Navais. Este instrumento de
divulgação de conhecimentos além de conter uma variada gama de informações de interesse de todo o profissional da Guerra
Anfíbia serve, também, para estimular o estudo de temas de interesse e fomentar o treinamento de habilidades táticas e a prática
de processos decisórios sumários. O foco deste esforço é fazer de cada FN um militar com capacidade de decisão dentro de seu
escalão e melhorar sua capacidade de expressar suas idéias.
Nesta edição a coluna “Palavras do Comandante-Geral” abordará a participação de Oficiais e Praças do CFN em programas
de intercâmbios e cursos no exterior. Fruto de contribuições vindas de diversas OM de FN publicamos artigos sobre o
posicionamento de um PelFuzNav do BtlOpRib em Tabatinga-AM, o emprego de sensores pelo BtlCmdoCt e notícias de curso
realizado por oficial FN aviador naval junto à FAB. São ainda apresentados artigos sobre os Fuzileiros Navais da Holanda,
sobre o navios anfíbios norte-americanos da Classe San Antonio e sobre a Companhia de Apoio ao Desembarque.
Relembra-se que as colaborações poderão ser feitas da seguinte forma: respondendo às situações descritas na coluna
DECIDA; enviando sua interpretação sobre o tema sugerido na coluna PENSE; ou enviando pequenos artigos sobre temas
técnicos ou táticos que sejam de interesse do combatente anfíbio. Envie sua contribuição diretamente ao Departamento de
Pesquisa e Doutrina do Comando-Geral do Corpo de Fuzileiros Navais pelo MBMail (30@comcfn), internet (30@cgcfn.mar.mil.br)
ou pelo Serviço Postal da Marinha. ADSUMUS

Palavras do Comandante-Geral
O CGCFN tem procurado incrementar a participação de Oficiais e Praças do CFN em programas de intercâmbios
e cursos no exterior com vistas a ampliar o nível de capacitação técnica e profissional dos militares, por meio do
contato com novos materiais e tecnologias, bem como, a troca de experiências com militares de outros países.
Assim sendo, concitamos os Oficiais e Praças do CFN a procurarem obter conhecimento de idiomas,
particularmente Inglês e Espanhol, que é um dos requisitos exigidos para a participação nos processos de seleção,
por meio da realização de TSI na DEnsM. Esse contato com outros idiomas poderá ser obtido através de laboratórios
de idiomas oferecidos por OM da MB ou por meio da realização de cursos particulares, que, em alguns casos,
oferecem bolsas de estudo para militares e seus dependentes.

PELOTÃO DE FUZILEIROS NAVAIS DE TABATINGA


Dando continuidade à ampliação da presença da Marinha na Amazônia Ocidental, instalou-se na cidade de TABATINGA,
em 31 de julho de 2003, ocupando novas acomodações, construídas especificamente para este fim, na área do aquartelamento
da Capitania Fluvial de Tabatinga, o Pelotão de Fuzileiros Navais do Batalhão de Operações Ribeirinhas, com o efetivo de 45
militares.
Fazendo parte da Força de Emprego Rápido – FER, sua tarefa é contribuir para a ampliação da capacidade de realização
de patrulha fluvial, inspeção naval e de operações ribeirinhas na área de fronteira em cooperação com os meios navais e
aeronavais estacionados na região, além de prover a guarda e proteção às instalações navais e outras de interesse da
Marinha na área.
Para o transporte terrestre o pelotão possui duas Vtr 2 ½ Ton TNE LAK e para os deslocamentos fluviais utiliza-se das
Lanchas de Assalto Rápido – LAR, orgânicas dos navios patrulha-fluvial estacionados na área. Para a execução de movimentos
aéreos o pelotão é apoiado por um helicóptero, do Esquadrão HU-3, que também permanece na região.
Como em Uruguaia-
na-RS, na década dos
anos 40, mais uma vez os
Fuzileiros Navais são
chamados à fronteira.
Com disciplina, lealdade,
perseverança e, princi-
palmente, espírito de
corpo, cumprirão com
êxito a missão de guardá-
la e defendê-la.

1
SEGURANÇA DE EMBAIXADAS
Em meados da década de noventa iniciou-se na Composição: um CT/Ten (FN), um SG-FN
Argélia um forte movimento para a desestabilização do e quatro CB-FN;
Governo instalado naquele país, com uma ostensiva Tipo C: onde houver Adido Naval e a situação
escalada de ações armadas, levadas a efeito por política do país encontrar-se conturbada.
fundamentalistas islâmicos. Estas ações abrangiam, Composição: um SO-FN e sete CB-FN;
também, atentados e ameaças terroristas contra a Tipo D: onde houver Adido Naval e a situação
comunidade estrangeira em geral, inclusive membros do política do país encontrar-se equilibrada.
corpo diplomático acreditado em Argel. Diante deste Composição: um SO-FN e quatro CB-FN;
quadro, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) A opção feita pelo Corpo Diplomático de enviar Fuzileiros
solicitou ao então Ministério da Marinha o envio a Argel Navais prende-se, sem sombra de dúvida, às características
de um grupamento de segurança composto por Fuzileiros únicas e permanentemente relacionadas à imagem do Corpo
Navais, procedimento cada vez mais freqüentemente de Fuzileiros Navais: sua capacidade operacional advinda
adotado por missões diplomáticas, particularmente do fato de ser esta uma tropa totalmente profissional, sua
naquela capital. disciplina férrea, o garbo e apuro no uso dos uniformes e
O então Ministro da Marinha decidiu atender à seu arraigado espírito de corpo, que, permeando todos os
solicitação do Ministério das Relações Exteriores, para outros atributos, faz de nossa Instituição a opção da hora e
mobiliar algumas missões da vez para os momentos de crise ou perigo. Foi
diplomáticas brasileiras com isso o que se viu ocorrer, por exemplo, em 1999,
Destacamentos de Segurança quando um DstSEB deslocou-se em caráter
em Embaixadas do Brasil emergencial para o Paraguai, com a tarefa de
(DstSEB). A partir de janeiro de reforçar a segurança de nossa Embaixada. Após
1997, o CFN passou a manter a sua chegada, os FN puderam tomar parte de
dois DstSEB, um em Argel e um episódio histórico, quando da solicitação de
outro junto à embaixada bra- asilo político na embaixada brasileira, pelo
sileira em Assunção, no Pa- Presidente em exercício, que, sob a proteção do
raguai. O objetivo destes desta- DstSEB, pôde ser extraditado para o Brasil. Os
camentos era o de prover a FN fizeram a segurança durante
segurança pessoal do Chefe da missão, dos todo o desenvolver deste incidente.
demais funcionários diplomáticos e Mais uma vez, nossos militares
administrativos, da residência oficial e da deram prova de sua capacidade
chancelaria da Embaixada do Brasil. profissional, em um evento de
Atualmente o CFN dispõe de uma estrutura repercussão internacional, quando os
já consolidada que lhe permite preparar olhos do mundo estavam voltados
adequadamente estes destacamentos, pro- para este acontecimento.
vendo-lhes o adestramento necessário, e Atualmente o CFN mantém dois
apoiar a família destes militares enquanto eles DstSEB: um do tipo A, em Argel e
cumprem sua missão no exterior. São quatro outro do tipo C, em Assunção. Para
os tipos de DstSEB: a designação de Fuzileiros Navais para compor estes
Tipo A: onde não houver Adido Naval e a destacamentos é necessário a conclusão, com apro-
situação política do país encontrar-se veitamento, do Curso Especial para Destacamento de
conturbada. Segurança em Embaixadas do Brasil. Trata-se de um
Composição: um CC (FN), um SG-FN excelente curso cujo currículo imediatamente incorpora as
e sete CB-FN; principais ameaças que recaem sobre nossos diplomatas e
Tipo B: onde não houver Adido Naval e a instalações. No momento está sendo desenvolvido o Estudo
situação política do país encontrar-se de Caso – O atentado terrorista no edifício sede da ONU
equilibrada. em Bagdá

Prêmio Âncoras e Fuzis


Publica-se abaixo a atual classificação do prêmio “Âncoras e Fuzis” nas categorias individual e por OM. Relembra-se
que esta é apenas uma apuração parcial de pontos. Participe! Contamos com você!
INDIVIDUAL OM
1º - 2ºSG-FN-IF S. Nascimento (2ºBtlInfFuzNav).............14 PONTOS 1º - 1ºBtlInfFuzNav................83 PONTOS
2º - 1ºTen(FN) Rodrigues Sousa (2ºBtlInfFuzNav)..........13 PONTOS 2º - 2ºBtlInfFuzNav................81 PONTOS
3º - CT(FN) Leonardo Azeredo (1ºBtlInfFuzNav)............07 PONTOS 3º - BtlCmdoCt...................... 13 PONTOS
4º - 2ºTen(FN) Ferreira Neto (2ºBtlInfFuzNav).................07 PONTOS 4º - BtlEngFuzNav.................10 PONTOS
5º - CF(FN) Aquino (BtlCmdoCt).......................................06 PONTOS 5º - ComFFE............................06 PONTOS

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VISITA DO C-FOF/2003
AO CGCFN
Nos dias 05 e06 de agosto o CGCFN recebeu
a visita de duzentos alunos do CIAW. Entre os
visitantes havia alunos dos cursos de formação de
oficiais do Corpo de Engenheiros da Marinha, do
Corpo de Saúde da Marinha, do Corpo Auxiliar da
Marinha e do Quadro Complementar. A visita
abrangeu as instalações do museu do CFN e uma
apresentação da Banda Marcial. Ao término, todos
foram recebidos pelo Comandante-Geral em seu
Gabinete, fato este que causou impressão bem
positiva junto aos instrutores e alunos e provocou a
mensagem ao lado transcrita:

CURSO BÁSICO DE RECONHECIMENTO


O CT(FN) Alexandre Vasconcelos Tonini realizou, em março do corrente ano, o Curso Básico de Reconhecimento
(CBR) ministrado pelo 1º Esquadrão do 10º Grupo de Aviação, na Base Aérea de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Esta é a primeira vez que um oficial da Marinha do Brasil é designado para realizar este curso. O CBR é reconhecido,
tanto na FAB como no EB, como sendo um curso de alto grau de excelência e com grande aplicabilidade em missões
militares, particularmente as de Apoio Aéreo Ofensivo. Seu objetivo é capacitar os alunos a efetuar o reconhecimento
aéreo de possíveis alvos e objetivos militares, operando plataformas e sensores e planejando missões aéreas de
reconhecimento.
O conhecimento adquirido pelo oficial ampliará a capacidade
operacional do Esquadrão VF-1, permitindo que seu EM planeje, em
melhores condições, suas missões de Ataque e de Reconhecimento.
Sendo o VF-1 um esquadrão capacitado a projetar poder sobre terra
é digno de destaque o esforço do Esquadrão em criar competência
para efetuar ataques ao solo. Dentro deste contexto, suas aeronaves
e seus pilotos tornar-se-iam um importante multiplicador das
capacidades do Componente de Combate Aéreo dos GptOpFuzNav.
O CT(FN) Tonini foi o primeiro colocado no curso, obtendo a
média de 9,75 e bem representando o nome da MB junto à FAB. O
Comando-Geral parabeniza o oficial pelo brilhante desempenho e
congratula-se com todo o Esquadrão VF-1 pelo esforço desprendido
com o intuito de ampliar sua capacidade operativa. BZ.

COMPANHIA DE APOIO AO DESEMBARQUE


A Companhia de Apoio ao Desembarque (CiaApDbq) foi ativada em 28 de março de 2003
com a finalidade de facilitar o movimento dos Grupamentos Operativos de Fuzileiros Navais
(GptOpFuzNav), com seus equipamentos e suprimentos, no momento mais crítico e característico
de uma operação anfíbia – o desembarque. Está estruturada como uma subunidade de apoio de
serviços ao combate composta de quatro pelotões: um Pelotão de Comando e Serviços e três
Pelotões de Apoio ao Desembarque.
Entre suas tarefas, destacam-se as de preparar as praias para o desembarque por superfície;
delimitar a Praia de Desembarque (PraDbq); estabelecer saídas de praia; orientar as aeronaves e
preparar as ZDbq; e controlar o pessoal e o material desembarcados.
O Pelotão de Comando e Serviços é responsável pela manutenção e operação de parte do
equipamentos de engenharia dotados pela Unidade, como, por exemplo, o trator D-7 e as pás
carregadeiras. Os Pelotões de Apoio ao Desembarque operam os painéis, esteiras e demais
equipamentos, pelos quais fluirá a quase totalidade do poder de combate da ForDbq, sendo responsável por tudo aquilo que
desembarca dentro da Cabeça-de-Praia.
O distintivo da Companhia está apresentado ao lado. O campo verde representa a terra, e o faixado ondado, o mar,
locais de atuação da Companhia de Apoio ao Desembarque, e a ponte representa o estabelecimento da sólida ligação entre
o componente naval e o Fuzileiro Naval nas operações de interesse do Poder Naval, característica básica da missão da
organização militar em apreço. No cortado de vermelho, esmalte evocativo da bravura, denodo e intrepidez, predicados dos
Fuzileiros Navais do Brasil, os fuzis e a âncora de ouro assim dispostos constituem seu próprio distintivo

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FUZILEIROS NAVAIS DA HOLANDA
O Real Corpo de Fuzileiros Navais da Holanda foi criado em 1665, sendo, portanto, uma das mais antigas Forças
Anfíbias do mundo. Sua atual missão é capacitar suas Forças a operar em qualquer parte do mundo a fim de proteger e
apoiar os interesses do Reino da Holanda e apoiar operações aliadas a fim de manter a paz e a segurança internacionais. Suas
unidades estão aptas a constituir forças combinadas nacionais ou forças-tarefas de organismos internacionais como a ONU
e a OTAN. Possuem um efetivo de 3.500 militares organizados num Grupo de Unidades Operacionais de Fuzileiros Navais,
de valor Brigada. Este Grupo é sediado na Holanda e inclui três Batalhões de Infantaria, assim como unidades de Apoio ao
Combate, Apoio de Serviços ao Combate, um Batalhão de Suporte Anfíbio e duas Companhias de Forças Especiais, sendo
uma delas especializada em antiterrorismo, conforme o apresentado no organograma abaixo.
A marinha holandesa dispõe de um LPD, o HNLMS Rotterdan, comissionado em 1998 e que veio ampliar
consideravelmente sua capacidade de transporte anfíbio podendo acomodar até um Batalhão com suprimentos para trinta
dias de combate. Existe a previsão de se comissionar um segundo LPD, o HNLMS Johan de Witt, em 2007. Este novo
navio terá suas dimensões majoradas de forma a acomodar o Componente de Comando de uma Força Anfíbia Combinada.
A marinha holandesa, obedecendo ao que seria uma grande aspiração nacional, tem conduzido todas as suas ações
militares dentro de contextos de coalizões internacionais. Para tanto, tem desenvolvido esforços no sentido de ampliar sua
capacidade de planejamento em operações com forças aliadas. Esta e outras iniciativas que buscam um estreitamento dos
laços operativos vem sendo adotada por diversos países da Europa, como a França, Itália, Espanha e o Reino Unido. Como
exemplo pode-se citar a STRIKFORSOUTH, que busca formar alianças para o emprego de Forças de Reação Rápida e a
“European Amphibious Initiative, que procura aumentar a cooperação entre diversas Forças Anfíbias do continente.

GUERRA DE MANOBRA Para manter um ritmo elevado, as rá concentrar poder de combate superior
Ritmo e Velocidade decisões devem ser tomadas e dis- em local e momento decisivos, agindo
Na Guerra moderna, um dos as- seminadas rapidamente. com surpresa e maior segurança.
pectos que provêem vantagem a uma Para atender às necessidades de Para uma tropa ter ritmo elevado,
tropa é a sua rapidez. Esta, inclusive, é Ritmo e de Velocidade foram criadas ela deve ser dotada de um eficiente
uma característica intrínseca dos Gru- duas novas Unidades no âmbito da FFE: sistema de Inteligência, capaz de obser-
pamentos Operativos de Fuzileiros Na- o BtlCmdoCt (Batalhão de Comando e var e avaliar rapidamente mudanças na
vais (GptOpFuzNav). Por serem tropas Controle) e o BtlBldFuzNav (Batalhão situação, e de um sistema de Comu-
leves e flexíveis, os Fuzileiros vêm de- de Blindados de Fuzileiros Navais). nicações ágil, capaz de transmitir ordens
sempenhando um papel fundamental Cabe ao BtlCmdoCt aumentar o ritmo rapidamente aos seus executores e
nos combates atuais, haja vista a recente dos GptOpFuzNav, provendo apoio de realimentar rapidamente o Comando
Guerra do Iraque. inteligência, comunicações e sensores, com o resultado de sua execução. Além
Contudo, o que seria a rapidez de melhorando sua capacidade de gerar disso, o seu Estado-Maior deve ser ca-
uma tropa? Seria a velocidade com que conhecimentos e de processamento da paz de planejar e decidir eficientemente
ela é capaz de se deslocar no terreno? informações, e ao BtlBldFuzNav cabe em um curto espaço de tempo.
Seria a sua mobilidade? É importante aumentar a velocidade, provendo mo- Conclui-se não bastar que as nossas
que se diferencie dois conceitos funda- bilidade e impulsão, permitindo explorar Unidades sejam dotadas de meios que
mentais: Ritmo e Velocidade. as brechas do oponente. implementem a sua velocidade. Ritmo
A velocidade é a rapidez em relação Uma tropa sem ritmo e com velo- e velocidade devem andar juntos. Os
ao espaço físico, ou seja, a habilidade cidade poderá ter que ficar estacionada GptOpFuzNav devem possuir uma
de percorrer uma grande distância num aguardando ordens do seu escalão su- eficiente estrutura de Comando e
curto espaço de tempo, a exemplo da perior. Isto levará à perda de vantagens Controle, para serem dotados de ritmo
marcha dos Fuzileiros norte-america- temporais e posicionais, deixando de e, assim, poderem explorar ao máximo
nos do sul do Iraque até a capital Bagdá. explorar as vulnerabilidades do Inimigo, as vantagens oferecidas por uma
Já o ritmo é a rapidez com que esta dando-lhe tempo para se reorganizar e velocidade maior.
tropa observa, orienta e decide. En- melhorar a sua defesa e, até mesmo,
quanto a velocidade está no campo contra-atacar. Por outro lado, uma Uni- Colaboração do CT (FN) Gustavo
físico, o ritmo está no campo mental. dade com alto ritmo e velocidade pode- Augusto Freitas de Lima do BtlCmdoCt

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NAVIO DE DESEMBARQUE DOCA PORTA-HELICÓPTEROS 17
(NDD(H) -17) CLASSE SAN ANTONIO
O NDD(H) classe San Antonio representa o futuro da guerra anfíbia para os Estados Unidos, constituindo um dos
pilares da estratégia “Avante ... pelo Mar” (Foward... From The Sea). Essa classe de navios é a primeira a ser
projetada, da quilha até seus últimos componentes, para a execução da concepção “Manobra Operacional no Mar”.
Sua missão é a guerra anfíbia, apoiando o embarque, transportando e desembarcando os Grupamentos Operativos de
Fuzileiros Navais no assalto helitransportado e por superfície, em ED ou VtrAnf, ou a combinação desses métodos em
um assalto anfíbio, contribuindo, dessa forma, com a capacidade de presença avançada necessária à implementação
da política externa dos Estados Unidos da América.
Essa classe irá substituir três classes de navios anfíbios prestes a darem baixa - os NDD(H) classe Austin, os
NDD-36 Anchorage, os NDCC classe 1179 - e os NTrCA classe 113, já desativados, aliviando o impacto causado por
essas perdas. Para tal, é fundamental o cumprimento do calendário de comissionamento e de conquista de operacionalidade
por esses navios. O programa
NDD(H)-17 é o melhor exemplo de
um bem sucedido programa de
aquisição, estimulando a concorrência
de estaleiros de formas a obter
redução de custos. A maior vantagem
do vencedor será o contrato per-
manente para todos os reparos cíclicos
da classe. Além disso, o calendário de
construção prevê uma rigorosa
coordenação entre o estaleiro e os
fabricantes dos sistemas que in-
tegrarão o navio.
Como principal inovação tecno-
lógica, o San Antonio será equipado
com o moderno radar de busca de
superfície SPS-73, que substituirá os
SPS-64 e 67. Mais confiável que os
dois, o SPS-73 representa economia
de recursos humanos e menor custo
de obtenção e com manutenção. O
primeiro navio da classe, o NDD(H)-
17 San Antonio, será comissionado em
2004. O custo das primeiras unidades será de US$ 802 milhões.
O navio será equipado com um Sistema Avançado de Mastros e Sensores Encapsulados AEM/S. Este sistema
consiste de uma estrutura octogonal destacável que permitirá as futuras atualizações modulares de sensores de combate
e de sistemas C4I. Sua finalidade é proteger as antenas de comunicações e de radares da exposição às condições
climáticas e facilitar o acesso para o reparo das mesmas, reduzindo, dessa forma, os custos com manutenção e os
riscos de panes. Sua metade superior é dividida em duas partes, sendo o compartimento superior destinado a abrigar a
antena do sistema de aquisição de alvos MK-23 e o inferior para abrigar a antena do radar de busca aérea AN/SPS-
40. Sua solidez atende aos requisitos navais contra a vibração, choque e fadiga. O mastro do sistema AEM/S, uma
estrutura hexagonal de 28 metros de altura por 10,7 de diâmetro, é construída em material composto que permite a
passagem das freqüências do próprio navio com perda muito pequena, enquanto reflete as freqüências recebidas. Foi
projetado de formas a reduzir a assinatura radar.

PRINCIPAIS ESPECIFICAÇÕES
Apoio a aeronaves:
- Hangar de manutenção para um CH-53E;
Comprimento: 208 m ou dois CH-46; ou três AH/UH-1S.
Deslocamento: 25.000 Ton. - Convôo para operar dois CH-53E;
Velocidade: 22 nós ou quatro AH/UH-1S; ou quatro CH-46S;
Tripulação: 44 Oficiais e 454 Praças. ou dois MV-22; ou um AV-8B Harrier.
Tropa: 66 Oficiais e 633 Praças.
Armamento:
Capacidade de carga: - 1 Lançador Vertical MK-41 de 16 células
- Três conveses de viaturas (2323m²); - 2 Lançadores MK-31 de MAM (Auto-Defesa)
- Depósito de combustível JP-5 (1190m³); - 2 Metralhadoras MK-46 Mod 1 30mm
- Duas EDCA; - 2 Metralhadoras MK-26 Mod 17 cal .50

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DECIDA
O Sr. é o Comandante do 3ºPelFuzNav da 3ªCiaFuzNav de uma UAnf que se encontra realizando um AssAnf em uma
ilha do Sudeste Asiático. Às 12:15hs do dia-D+1, após a conquista do Objetivo da Companhia, o aeroporto da Ilha, seu
comandante estava reorganizando o dispositivo quando recebeu instruções para empregar um de seus pelotões em
missão específica e muito importante para o desenrolar das ações futuras.
Apesar da população local ser simpatizante com nossas forças e apoiar nossa presença na ilha, têm ocorrido
alguns conflitos entre nossos militares e representantes do governo local, particularmente com a Força Policial. No Dia-
D houve um incidente entre uma patrulha da 2ªCiaFuzNav e policiais da Delegacia Policial (DP) da cidade de NAGARA,
situada no extremo oposto da ilha. Após o incidente, o Delegado havia se rebelado e com cerca de outros oito policiais
fazia ameaças à população local, instalando-se em sua DP e exigindo a presença do Comandante da UAnf para negociar
o desarmamento de seus policiais. A atitude do Delegado estava colocando em risco o sucesso da Operação, pois ele
estava logrando êxito em insuflar a população contra nossas forças. Apesar de não constar de sua missão a intervenção
no nível de condução política do governo, o Cmt da UAnf decidiu estabelecer uma negociação com o Delegado e marcou
uma reunião, na DP, às 16:00hs de D+1
O Sr recebeu, então, as tarefas de realizar um movimento helitransportado às 13:00hs de D+1 para próximo da cidade
de NAGARA, isolar a DP e prover segurança à aproximação do CmtUAnf. Para seu deslocamento até próximo à cidade
o Sr poderá contar com o apoio de três aeronaves UH-14 Superpuma, cada uma com capacidade de transporte de
dezoito militares armados e equipados. Seu Comandante de Companhia deu total liberdade de ação para o Sr. planejar seu
deslocamento aéreo desde o aeroporto até próximo à cidade, seu local de pouso, sua ação em terra e para organizar seu
pelotão da forma que melhor lhe aprouver. Para tanto, colocou a sua disposição os meios a seguir relacionados, lembrando
que cada aeronave só poderá fazer um único deslocamento entre o aeroporto e a Região da Cidade:
-Três GC a treze militares cada;
-1ºGpPol a dez militares;
-1ªSecMag a sete militares;
-Dois intérpretes fluentes no idioma local e confiáveis;
-1ªSeçMrt81mm a nove militares;
-Uma EqOA da 1ªSeçMrt81mm com dois militares;
-1ªSecMtrP a sete militares;
-Uma SecMrt60mm a sete militares;
-Três enfermeiros;
-3ºGpPion a dez militares; e
-Sua SecCmdo possui três militares, além do Sr..
Organize a composição do seu pelotão, defina suas heliequipes, decida por uma idéia de manobra e escreva sua
solução de forma clara, para o entendimento tanto de seus subordinados como de seus superiores. Se preciso, utilize
recursos gráficos como a confecção de um calco ou de um croqui. Antes de dar por findo o seu planejamento, consulte
uma vez mais as “Lições Aprendidas” divulgadas nesta edição do DECIDA e veja se não se esqueceu de considerar
alguma das observações. As contribuições devem ser encaminhadas a este Comando-Geral até o dia 03 de outubro,
devendo conter: o exame da situação, a decisão, as ordens aos elementos subordinados e as organizações do pelotão e
das heliequipes.

6
Resposta do “Decida” Anterior – “Âncoras e Fuzis nº 20”
O Comando-Geral parabeniza a todos os militares que participaram enviando decisões. É com grande satisfação
que constatou-se o envio de 41 soluções para o DECIDA da última edição. O número crescente de colaborações
permite denotar a participação cada vez maior dos oficiais e praças das diversas unidades. Com o intuito de dar algum
retorno aos colaboradores, sobre a análise feita das decisões táticas adotadas, esta coluna passará a apresentar um
quadro intitulado “Lições Aprendidas”, nele constarão algumas sugestões para serem adotadas por ocasião, não
apenas da confecção de soluções dos próximos DECIDA, como também para o emprego em situações práticas com
o qual todo FN pode se defrontar ao executar alguma ação militar. O objetivo deste quadro não é estabelecer leis
rígidas sobre o emprego tático de forças, mas sim concentrar conhecimentos baseados na observação das condutas
apresentadas a este periódico.
De uma maneira geral, as idéias apresentadas solucionariam o problema militar proposto. Para as próximas
contribuições, solicita-se que a apresentação seja feita em três tópicos: o exame da situação, a decisão e as ordens aos
elementos subordinados. Para melhor orientação, consultar o anexo A ao CGCFN-1203 Manual do Pelotão de Fuzileiros
Navais. Convém comentar que algumas soluções apresentaram as seguintes deficiências: o planejamento de apoio
aéreo e uso de cortina de fumaça com condições tempo adversas e a falta de uma definição clara de quando e como
se daria a neutralização da tropa inimiga localizada nos PCot 45 e 56.
A solução a seguir apresentada foi enviada pelo 2ºTen(FN) Cândido de Lima Ferreira Neto, do 2ºBtlInfFuzNav,
e teve os seguintes méritos: privilegiou a velocidade na conquista do Obj 1 - a missão da Cia (o farol); protegeu sua
força posicionando tropa para fazer frente a uma eventual investida inimiga vinda do norte; não destruiu a ponte,
apenas preparou-a para a destruição, apesar de não se ter nenhuma instrução sobre como proceder, é bom lembrar que
as pontes destruídas dificultam o movimento tanto do inimigo como de nossas próprias forças; decidiu conquistar o Obj
fazendo um ataque coordenado de dois pelotões, o que aumentou seu poder de combate no foco do seu esforço;
preocupou-se em dar ordens para depois da conquista do Obj, reposicionando suas forças e assumindo uma postura
defensiva.

DECISÃO
Após perceber uma mudança inesperada no curso dos acontecimentos, eu inicio um novo ciclo de Boyd e observo
os seguintes aspectos:
- O inimigo possui posições no PCot 45 e 56, que, segundo estimativas, são sumárias, mas com certeza necessitam
da Rv 421 até a Rv 010 para seu fluxo logístico. Com a fração do 1o Pel e a Seç CC posicionadas em PCot 49 eu corto
esse fluxo , o que incide no CG dessa tropa.
- A CiaInf localizada à norte estará brevemente pronta para se deslocar, mas para ela influir na minha manobra terá
que cruzar o Rio Preto, como ela está mecanizada, deve tentar utilizar a ponte na Rv 010 ou Rv 420.
- Como eu não disponho sequer de informes da presença inimiga no obj 1, agirei adotando uma postura
“Reconhecimento-atrai”, para dar liberdade às minhas peças de manobra.
Visando a rapidez na conquista do obj 1 eu decido pelo seguinte conceito de manobra:
1. Deslocar o 1o Pel, que se encontra no PCot 45, para o PCot 49, para se organizar e ficar ECD engajar qualquer
inimigo que incida na Rv 421 e reverter a Seç CC para a Cia.
2. Posicionar a Seç MtrP , Seç MAC e 1 GC do 2o Pel no PCot 55, para ter domínio sobre a ponte na Rv 010 e na
Rv 420.
3. Posicionar a BiaO105mm e a Seç Mrt60mm no Pcot 58, para ficarem ECD bater, respectivamente, o PCot
45 e 56.
4. Deslocar a coluna pela Rv 420, cruzando o rio, depois indo em direção ao PCot 54 à cavaleiro do rio, sendo este
deslocamento apoiado pelos fogos dos apoios posicionados no Pcot 58, bem como utilizando uma cortina de fumaça da
artilharia nos mesmos alvos.
5. Após a chegada do coluna em Pcot 54, enviar o dst PelPion para preparar a destruição da ponte sobre o Rio
Preto na Rv 010 e posicionar a eq CAA no Pcot 54, para que esta fique ECD utilizar seu apoio para manter nosso
domínio sobre a Rv 420.
6. Iniciar o ataque ao obj 1 com o 2o Pel- atacando o PCot 75 e o 3o Pel o PCot 78, ambos embarcados em CLAnf com
1 Seç MAG e 1 Seç CC em apoio direto, sendo o limite entre os pelotões a Rv 010 (esta na zona de ação do 2o Pel-).
Dando a ambos o limite para a conquista e consolidação do obj até 061400. O 1o Pel ficando na reserva.
7. Após a conquista do obj 1, o 3o Pel assumirá posição defensiva voltado para NW, em Pcot 78 e reverterá 1 GC
para a Cia e o 2o Pel se deslocará para o PCot 54, onde estabelecerá posição defensiva voltada para NE.
8. Neutralizar a tropa inimiga nos PCot 45 e 56 com o 1o Pel apoiado pela Seç de Mrt60mm, após a neutralização
da tropa, avançar os apoios de PCot 58 para a encosta SW de PCot 54
9. Posicionar a Seç MAC em PCot 54, mantendo suas tarefas. (continua)

7
(continuaÁ„odoDecida),p·g.7)
LIÇÕES APRENDIDAS

1- A missão é o farol. Uma boa solução não pode deixar de prever o ataque ao objetivo designado.
2- MITM-T: o estudo de um problema militar deve ter início com a análise dos fatores da decisão (Missão,
Inimigo, Terreno, Meios e Tempo disponível) que devem vir refletidos no exame da situação feita pelo Cmt
antes de sua decisão.
3- Ordem de Ataque: é recomendável a utilização do padrão estipulado nos manuais CGCFN-1203 PelFuzNav
e no CGCFN-1204 CiaFuzNav para as Ordem de Ataque ou Ordem de Defesa. Este formato, por ser
padronizado, facilita o entendimento de todos, superiores ou subordinados.
4- Designar todas as peças de manobra. Para facilitar o entendimento por parte dos elementos subordinados,
recomenda-se definir que pelotão ou que seção irá cumprir determinada tarefa. Ex: o 1ºPelFuzNav irá atacar
o Obj, ao invés de colocar um pelotão irá atacar o Obj.
5- Observar o Princípio da Simplicidade. Algumas soluções apresentadas exigem um excessivo movimento
de tropa pelo terreno, estabelecendo e desfazendo ligações e reforços. Lembrar que qualquer movimento em
uma situação real é, pela própria natureza da guerra, difícil, arriscado, envolto em dúvidas e receios. Boas
soluções são muitas vezes simples e objetivas.
6- Utilizar o conceito de “Reconhecimento atrai”. Sempre que possível, os deslocamentos para regiões longe
do alcance das vistas e com possível presença inimiga deve ser precedido de reconhecimento. Uma patrulha
lançada à frente, são os olhos do Cmt e o ajudam a decidir como agir. Ex: de posse de informações de sua
patrulhas um Cmt poderá decidir se avançará com rapidez ou se terá que privilegiar a segurança de sua força,
além de poder optar por uma direção de ataque mais favorável, se for o caso.
7- Prever o emprego da reserva. A reserva provê flexibilidade ao Cmt e permite que ele intervenha no
combate se algo der errado. Lembre-se sempre que mesmo o melhor dos planos não é infalível e que na
guerra muitas coisas costumam sair errado.
8- Descrever o emprego do Apoio de Fogo: assim como a reserva o ApF é outra forma de que o Cmt
dispõe para intervir na manobra, além de ser um multiplicador do Poder de Combate de qualquer elemento de
manobra.
9- Considerar as características do terreno e meteorológicas. Ao se planejar os itinerários de deslocamento
ou o estabelecimento de altos ou de ZReu de uma força deve-se sempre explorar as oportunidades do
terreno, sua vegetação, estradas, rios, etc... As condições meteorológicas podem, também, ser exploradas,
como para encobrir movimentos, ou apresentar restrições, como a impossibilidade de se empregar a aviação
ou fumígenos.
10- Estabelecer medidas de coordenação. Os objetivos, limites entre forças, pontos de controle, etc... servem,
dentre outras coisas, para facilitar o entendimento, por parte do subordinado, da idéia de manobra adotada,
para coordenar suas ações e facilitar o controle na execução das mesmas.

11- Não esquecer da Logística. Todo Cmt deve ter sempre em mente as preocupações logísticas:
designação de locais para refúgio de feridos, evacuação de suas baixas, a quantidade de munição e
combustível consumida e suas necessidades de ressuprimento, etc... Lembrando sempre que a logística
dispõe de excelentes ferramentas para manter o moral da tropa elevado.

PENSE

“A guerra é uma ciência que depende da arte


para a sua aplicação.”
(B. H. Liddel Hart)

8
Resposta do “Pense” Anterior – “Âncoras e Fuzis nº 20”
“Você pode voar sobre um território, você pode bombardeá-lo, pulverizá-lo, atomizá-lo, você pode até
eliminar toda e qualquer forma de vida sobre ele. Mas se o seu intuito é defender este território, protegê-
lo, preservando a civilização que nele habita, você tem que fazer isto do solo, da mesma forma que as
legiões romanas faziam séculos atrás: colocando os pés dos seus jovens na lama.”
(T.R, Fehrenbach)

O Comando-Geral congratula-se com todos os participantes que contribuíram enviando seu pensamento
sobre o tema proposto. A grande maioria deixou transparecer seu entendimento sobre a importância do emprego
de forças terrestres em combate, a despeito das possibilidades oferecidas pelo avanço tecnológico no campo
militar. Dentre as contribuições enviadas, destacaram-se as dos militares abaixo relacionados, por terem conseguido
abordar o tema com bastante propriedade.

- CPesFN: CT(A-FN) Robson;


- 1ºBtlInfFuzNav: CC(FN) George; CC(FN) Xavier; CT(FN) Rodrigo Bueno; CT(FN) Yusa; 1ºTen(QC-
FN) Werner; 1ºTen(FN) Leandro; 2ºTen(FN) Cardoso, 2ºTen(A-FN) França; 3ºSG-FN-IF Eduardo; CB-
FN-IF Mansur; CB-FN-IF Flávio Cordeiro; SD-FN José; SD-FN Borges;
- 2ºBtlInfFuzNav: 2ºSG-FN-IF Enério Duarte; 3ºSG-FN-IF Fábio Farias; 3ºSG-FN-IF V. Ferreira;
- BtlArtFuzNav: 2ºTen(FN) Moutinho;
- BtlEngFuzNav: CT(FN) Leonel; 1ºTen(FN) Calábria; e 2ºTen(FN) Luiz Lima.

Relembra-se a todos os participantes a importância de, ao tentar expressar suas idéias por escrito,
sempre procurar observar as três regras básicas da redação: precisão, concisão e clareza. Ao ser preciso, o
redator evita o afastamento do enfoque que ele pretende dar ao tema, se atendo exatamente sobre o cerne da
questão. A concisão evita o desperdício de idéias com assuntos secundários, o que em grande maneira contribui
para a precisão do texto. A clareza demanda um esforço no sentido de se colocar as idéias de forma simples,
ordenadas e com uma concatenação lógica que permita a qualquer leitor depreender um mesmo sentido do que
foi escrito.
Nesta edição destacamos como melhor contribuição o pensamento do CT(FN) Leonardo Augusto
Almeida de Azeredo, do 1ºBtlInfFuzNav. Abaixo publica-se sua interpretação do Pense:

“A idéia da destruição de territórios em prol da obtenção de vitórias em combates e batalhas, visando


vantagens políticas e econômicas, nos remota aos primórdios da civilização, quando as muralhas que circundavam
Cidades Estados se tornaram quase invencíveis até o advento do canhão, que passou a predominar nos campos
de batalha. Naquela época, ao cair uma muralha, caia também a Cidade e, conseqüentemente, o seu Império.
Por ocasião da 2ª Guerra Mundial, os alemães bombardearam Varsóvia por 27 dias e, mesmo assim,
perderam 57 de seus 120 carros de combate da 4ª Divisão Panzer, pelo simples fato de não usar a infantaria para
protegê-los. Em Kiev, foi empregada a velha técnica da “terra arrasada”, onde tudo foi dinamitado, não sendo
poupada nenhuma edificação ou via de acesso. Temos também o caso da Batalha de Monte Cassino, onde mais
de mil toneladas de bombas foram lançadas pela Força Aérea dos aliados, reduzindo a cidade a ruínas e, apesar
de todo esse exagero, foi necessário o investimento de tropa a pé para a queda definitiva de Cassino.
Segundo o Tenente-Coronel e historiador militar texano T. R. Fehrenbach, por ocasião da Guerra da
Coréia, onde comandou um Batalhão, os americanos preferiam destruir cidades e vilas com canhões e
bombardeiros, em vez de conquistá-las com homens e baionetas, “a unhas e dentes”. Isso se deve à auto-
valorização do material humano próprio, ou seja, para eles, o sangue e a vida de seus militares são mais
importantes que paus e pedras.
Porém com a crescente modernização das sociedades, seguida da concentração de maior poder político,
econômico e social nesses centros urbanos, além da preocupação aumentada com os direitos humanos, a
mentalidade de se destruir territórios, buscando êxito em campanhas militares, não está mais em voga, como
podemos observar no último embate entre americanos e iraquianos. Os EUA, apesar de terem expressiva
superioridade bélica sobre o Iraque, não puderam abrir mão da utilização de sua tropa terrestre, em virtude dos
interesses existentes.
Considerando todos os fatos históricos apresentados, podemos concluir que, não importa o quão grande
seja a tecnologia e o aparato militar envolvidos em uma contenda, as forças terrestres são indispensáveis na
conquista do território almejado, pois ainda não existe artefato bélico que substitua a plenitude do infante.”

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