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ANÁLISE MORFOMÉTRICA DA FOSSA

MANDIBULAR EM PACIENTES DENTADOS E


EDÊNTULOS TOTAIS: ESTUDO EM TOMOGRAFIA
COMPUTADORIZADA DE FEIXE CÔNICO.

Izabele Sales Barbosa

2018

Izabele Sales Barbosa


ANÁLISE MORFOMÉTRICA DA FOSSA MANDIBULAR EM
PACIENTES DENTADOS E EDÊNTULOS TOTAIS: ESTUDO EM
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE FEIXE CÔNICO.

Monografia apresentada ao
Departamento de Odontologia, da
Universidade Federal de Juiz de Fora,
Campus Governador Valadares, como
parte dos requisitos para obtenção do
título de Bacherel em Odontologia.

Orientadora: Profª. Drª. Francielle Silvestre Verner

Co-Orientadora: Profª. Drª. Ana Paula Varela Brown Martins

Governador Valadares
2018

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3
Izabele Sales Barbosa

ANÁLISE MORFOMÉTRICA DA FOSSA MANDIBULAR EM


PACIENTES DENTADOS E EDÊNTULOS TOTAIS: ESTUDO EM
TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE FEIXE CÔNICO

Aprovada em _____ de ___________________ de 20_____, por:

Banca Examinadora

_____________________________________________

Prof. Dr. Francielle Silvestre Verner


Orientadora – UFJF/GV

______________________________________________

Prof. Dr. Mauricio Augusto Aquino de Castro


Examinador – UFJF/GV

______________________________________________

Prof. Dr. Rodrigo Furtado de Carvalho


Examinador – UFJF/GV

4
RESUMO

O objetivo no presente estudo foi avaliar a inclinação lateral e a espessura do


teto da fossa mandibular (FM) em pacientes dentados e edêntulos totais, e a
correlação de tais mensurações com a presença de alterações ósseas no
côndilo. Utilizaram-se imagens de tomografia computadorizada de feixe cônico
(TCFC) de 100 pacientes, 50 dentados totais e 50 edêntulos totais, nas quais
foram realizadas mensurações da inclinação lateral e espessura do teto da FM,
e diagnóstico de osteófito, erosão, esclerose e aplainamento na cabeça da
mandíbula, por dois estudantes de Odontologia UFJF/GV. A partir de um corte
axial no qual se observava a maior extensão médio-lateral dos côndilos, foram
obtidos os cortes coronais e sagitais corridos de ambos os lados. Então, duas
linhas foram definidas: linha perpendicular ao plano de Frankfurt que
tangenciava o ponto mais alto da fossa mandibular; e linha que tangenciava a
maior superfície possível da parede lateral da fossa mandibular. O ângulo
formado por essas linhas determinou a inclinação lateral da FM. A espessura
do teto da FM foi mensurada a partir de seu ponto mais superior. Para análise
dos dados foi utilizado o teste T de Student, teste qui-quadrado (X2) para
associação entre as variáveis, e correlação de Pearson, com nível de
significância estabelecido em 5%. Não houve diferença estatisticamente
significante entre os gêneros em relação a espessura de teto e inclinação
lateral da FM. A inclinação lateral da fossa mandibular foi maior nos pacientes
edêntulos totais (150,09o ± 9,19) do que nos dentados (143,14o ± 12,47;
p=0,000). A espessura do teto da FM foi maior nos pacientes dentados (1,42
mm ± 0,46) do que nos edêntulos totais (1,22 mm ± 0,64; p=0,001). O teste X2
mostrou associação apenas entre a presença de esclerose (p=0,000) com a
presença/ausência dentária. A correlação de Pearson evidenciou que nos
edêntulos totais a inclinação lateral foi maior na presença de osteófitos
(149,98º ± 1,16; p= 0,000) e no grupo de dentados a espessura do teto da FM
foi maior na presença de aplainamento (1,47 mm ± 0,73; p=0,021) e erosão
(1,42 mm ± 0,45; p=0,004). Conclui-se que a presença/ausência de dentes está

5
correlacionada com as características morfométricas da fossa mandibular, bem
como com a presença de alterações ósseas no côndilo.

Palavras-chave: Tomografia Computadorizada do Cone-Beam, articulação


temporomandibular, morfologia, Distúrbios da articulação temporomandibular.

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ABSTRACT

The aim of this study was to evaluate the lateral inclination of the mandibular
fossa and the ceiling thickness in dentate and total edentulous patients, and the
correlation with the presence of osteophyte, erosion, sclerosis and planing in
the condyle. Computed tomography images of conical bundle of 100 patients,
50 total teeth and 50 total edentulous were used. Two calibrated examiners
performed measurements. In the axial section of each of the
temporomandibular joints, at the largest mid-lateral extension of the condyles,
the coronal and sagittal sections were obtained from both sides. Then, two lines
were defined: Line perpendicular to the Frankfurt plane that tangentiated the
highest point of the mandibular fossa; and Line that tangentiated the largest
possible surface of the lateral wall of the mandibular fossa. The angle formed by
the lines determined the lateral inclination of the mandibular fossa. The
thickness of the ceiling was measured from its highest point. For data analysis,
the Student's t-test was used, chi-square test for association between variables,
with a significance level set at 5%.There was no statistically significant
difference between the genders in relation to the ceiling thickness of the of the
mandibular fossa and lateral inclination. The lateral inclination of the mandibular
fossa was higher in edentulous patients (150.09 ± 9.19) than in the dentate
patients (143.14 ± 12.47; p = 0.000). The thickness of the mandibular fossa
ceiling was higher in the dentate patients (1.42 mm ± 0.46) than in the toothless
patients (1.22 mm ± 0.64; p= 0.001). Test X2 showed an association between
the presence of sclerosis (p= 0.000) and presence / absence of teeth.
Pearson's correlation showed that the lateral inclination was higher in the
presence of osteophyte (149.98 ± 1.16; p= 0.000) and in the dentate group the
thickness of the mandibular fossa ceiling was higher in the presence of planing
(1.47 mm ± 0.73; p = 0.021) and erosion (1.42 mm ± 0.45; p= 0.004). It is
concluded that the presence/absence of teeth is correlated with the
morphometric characteristics of mandibular fossa, as well as the presence of
bone changes in the head of the mandible.

7
Keywords: Cone-Beam Computed Tomography, temporomandibular joint,
morphology, Temporomandibular Joint Disorders.

8
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO……………………………………………………………….. 01
2 MATERIAIS E MÉTODOS ......................................................……........ 03
3 RESULTADOS………..……………………………………………………… 08
4 DISCUSSÃO……………………………………………………………….... 11
5 CONCLUSÃO………………………………………………………………... 19
REFERÊNCIAS………………………………………………………………… 20
ANEXOS………………………………………………………………………… 24

9
1 INTRODUÇÃO

A articulação temporomandibular (ATM) é constituída por estruturas


anatômicas com características e funções particulares, o que faz com que essa
articulação seja classificada como uma articulação complexa1. O côndilo
encontra-se posicionado dentro da fossa mandibular (FM) do osso temporal, e
articula-se com o teto da FM por meio do disco articular. Anteriormente à FM,
observa-se ainda a eminência articular que determina a trajetória do côndilo
durante os movimentos mandibulares2.
Alterações no contorno anatômico, inclinações do teto da fossa
mandibular e do côndilo podem ocorrer em virtude de padrões esqueléticos,
tipos faciais, gênero, idade, processos de remodelação como consequência de
doenças degenerativas3,4, pelo envelhecimento, estado de oclusão e
movimentos funcionais da mandíbula durante a função5,6. Além disso, as
superfícies ósseas da ATM podem ser acometidas por processos de
remodelação em consequência de doenças degenerativas que podem provocar
mudanças na sua anatomia 3,4.
Segundo a Associação Americana de Dor Orofacial,XXXX7, a
doença articular degenerativa (DAD), é definido como uma condição
degenerativa da articulação, caracterizada pela remodelação da deterioração
do osso subcondral subjacente devido à sobrecarga do mecanismo de
remodelação. Além disso, apresenta alterações ósseas concomitantes no
côndilo e na eminência articular como cisto subcondral, erosão, esclerose e
osteófitos. O aplainamento é considerado um achado indeterminado para DAD
por representar variação normal, envelhecimento, remodelação ou ser um
precursor da DAD. A DAD sem dor é classificada como osteaortrose, enquanto
a DAD com dor é classificada como osteartrite7. Ilgüy et al.,20144 mostraram
em seu estudo que as alterações osteoartríticas tem um efeito sobre a
espessura do teto da fossa mandibular por estimulação mecânica e distribuição
de tensões.

1
O teto da FM é bastante fino, indicando que esta estrutura não foi
designada para suportar forças excessivas2. Preocupações têm sido
levantadas sobre a espessura mínima do teto da fossa mandibular. Estudos
têm relatado que a diminuição de tal espessura pode estar relacionada com
possível perfuração do disco articular 3,5,8,9.
A avalição imaginológica é de extrema importância para realização
do correto diagnóstico de possíveis alterações na ATM. A radiografia
panorâmica, tomografia linear convencional e tomografias computadorizadas
são exemplos de exames que podem ser utilizados para avaliar os
componentes ósseos, enquanto que imagens de ressonância magnética são
utilizadas para avaliar os componentes dos tecidos moles da ATM 10.
Dentre as modalidades de tomografia computadorizada, na
odontologia, destaca-se a tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC)
por apresentar alta precisão dimensional, elevada acurácia, relativa baixa dose
de radiação, facilidade de aquisição de imagens e excelente resolução espacial
para avaliação de tecidos mineralizados maxilofaciais. Por esses motivos, é
considerado padrão ouro para avaliação morfométrica dos componentes
5,6 11,12
ósseos da ATM .
Apesar de estudos prévios na literatura já terem avaliado a
espessura do teto da FM3,6, a literatura é restrita em apresentar estudos que
associem a espessura do teto da FM com a presença de alterações ósseas em
pacientes dentados e edêntulos totais. Baseando-se nessa limitação, e
considerando a TCFC o método de escolha para avaliação dos componentes
ósseos da ATM, o objetivo do presente estudo foi correlacionar a presença de
alterações ósseas no côndilo com a espessura do teto e inclinação lateral da
FM, em pacientes dentados e edêntulos totais por meio de TCFC.

2
2 MATERIAIS E MÉTODOS

O presente estudo foi realizado após aprovação pelo comitê de Ética


em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Juiz de Fora –
UFJF, segundo parecer 2.405.453/2017.

2.1 Seleção da amostra

Foram selecionadas imagens de TCFC de 100 pacientes, com idade


entre 40 a 70 anos, de ambos os sexos, provenientes do acervo pertencente à
disciplina de Radiologia Odontológica, do Departamento de Odontologia da
Universidade Federal de Juiz de Fora, Campus Governador Valadares –
UFJF/GV, obtidas de abril de 2015 a dezembro de 2016, com indicação clínica
independente do presente estudo. Para serem incluídas no presente estudo, as
imagens deveriam ter sido obtidas com campo de visão - FOV (Field of View)
de 16 x 13 cm englobando as ATM e os arcos dentários maxilares e
mandibulares. Para compor o grupo de dentados, a imagem deveria pertencer
a pacientes que apresentassem dentição permanente completa excluindo os
terceiros molares, e no grupo edêntulos totais ausência de todos os dentes
permanentes. Pacientes que não cumprissem os critérios de inclusão ou
apresentassem anomalias crâniofaciais congênitas, fraturas ou tumores nas
superfícies ósseas articulares foram excluídos. Raça e nível socioeconômico
não foram considerados.

2.2 Aquisição das imagens:

Todas as imagens de TCFC do acervo de imagens digitais foram


obtidas com o aparelho I-Cat® (Imaging Sciences International, Pensilvânia,
EUA) com o paciente posicionado de acordo com as indicações luminosas do
tomógrafo (plano sagital mediano perpendicular ao solo e plano tragus-asa do
nariz paralelo ao solo), com o seguinte protocolo de aquisição: 37,07 mAs, 120

3
kVp, campo de visão - FOV (Field of View) de 16x13 cm, voxel de 0,25 mm e
tempo de escaneamento de 26 s com giro de 360º.

2.3 Avaliação das imagens:

Todas as análises foram realizadas individualmente por dois


avaliadores, previamente calibrados sobre a metodologia proposta, para
garantir a confiabilidade do estudo. As avaliações foram realizadas em monitor
LCD de 21,5’, com resolução de alta definição (1920 x 1080), Dell S2240L (Dell
Computadores do Brasil Ltda., Eldorado do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil),
localizado em sala com luz ambiente reduzida. As TCFC foram avaliadas de
forma dinâmica no programa CS 3D Imaging Software, versão 3.2.13
(Carestream Health Inc.), uma vez que o software do tomógrafo I-Cat®
(XoranCat® - Xoran Technologies, Ann Arbor, MI, USA) não permite a realização de
medidas angulares. Foram realizadas no máximo 10 análises por dia, para
evitar fadiga visual e, consequente, comprometimento das avaliações. As
ferramentas para aprimoramento da imagem: zoom, brilho e contraste, foram
usados, quando necessário. A analise foi realizada em dois momentos
distintos. O grupo avaliado inicialmente foi de dentados e após a conclusão de
toda amostra o grupo de desdentados foi analisado. Após um período de 30
dias, suficiente para que os avaliadores não se recordassem mais das
imagens, 20% da amostra foi reavaliada para cálculo de concordância
intra-avaliador.
Os avaliadores realizaram avaliações quantitativas (mensurações do
teto e da inclinação lateral da FM) e qualitativas (classificação das alterações
ósseas no côndilo) em ambas as ATM, do lado direito e esquerdo:

2.3.1 Mensurações da espessura do teto e inclinação lateral da


fossa mandibular

Para realização das mensurações da inclinação lateral e espessura


do teto da FM, selecionou-se o corte axial de cada uma das ATM em que era

4
visualizada a maior extensão médio lateral dos côndilos. Esse corte serviu de
referência para obtenção de cortes coronais e sagitais corridos das ATM dos
lados direito e esquerdo, com a utilização da ferramenta “modo de criação de
ATM” (CS 3D Imaging Software). Os cortes de referência para realização das
mensurações foram os cortes coronal e sagital corrigidos mais centrais da
região da FM.
Após a obtenção do corte coronal central corrigido, duas linhas
foram definidas para obtenção da inclinação lateral da fossa mandibular:
1 – Linha perpendicular ao plano de Frankfurt que tangenciava o
ponto mais alto da fossa mandibular (Figura 1A).
2 – Linha que tangenciava a maior superfície possível da parede
lateral da fossa mandibular (Figura 1A).
O ângulo formado pelo encontro das linhas 1 e 2 determinou a
inclinação lateral da fossa mandibular (Figura 1A).
A espessura do teto da fossa foi mensurada a partir de seu ponto
mais superior (Figura 1B).

Figura 2 – Mensurações realizadas: A) Corte coronal corrigido


com linhas utilizadas para mensuração da inclinação lateral
da FM. B) Corte sagital corrigido com mensuração da
espessura do teto da FM.

5
2.3.2 Classificação das alterações ósseas condilares

As alterações ósseas condilares, foram avaliadas de forma


dicotomizada (escore 0: ausência e escore 1: presença), seguindo a
classificação proposta por Ahmad et al., 2009 13 (Figura 2):
● Osteófitos: hipertrofia marginal com bordas escleróticas e
formação angular exofítica de tecido ósseo na porção anterior da
superfície condilar.
● Aplainamento: perda do contorno arredondado da superfície
condilar, em qualquer uma de suas superfícies.
● Esclerose: aumento da densidade óssea condilar.
● Erosão: diminuição da densidade óssea condilar, com perda de
continuidade do osso cortical.

6
Figura 2 – Cortes sagitais corrigidos de TCFC exemplificando as alterações
ósseas condilares (setas brancas) avaliadas no presente estudo: A) osteófito;
B) aplainamento; C) esclerose; D) erosão.

2.4 Análise Estatística:

Para verificar a concordância das análises realizadas pelos dois


pelos dois avaliadores foi aplicado o teste Kappa para as avaliações
qualitativas e o coeficiente de correlação intra-classes (ICC) para as avaliações
quantitativas, considerando-se: valores <0,00 ausência de concordância, 0,01 –
0,20 concordância fraca, 0,21 – 0,40 concordância razoável, 0,41 – 0,60
concordância moderada, 0,61 – 0,80 concordância substancial, 0,81 – 0,99,
concordância quase perfeita, 1 – concordância perfeita. Para comparação das
mensurações nos grupos de pacientes dentados e edêntulos totais foi utilizado
o teste T de Student. Para associação entre as variáveis foi utilizado o teste
qui-quadrado e o coeficiente de correlação de Pearson. Para a análise
estatística foi utilizado o software SPSS versão 23.0 (SPSS Inc, Chicago, USA)
com nível de significância estabelecido em 5%.

7
3 RESULTADOS

Para avaliação da confiabilidade inter-avaliador das avaliações


quantitativas o ICC foi de 0,960 para as mensurações da espessura do teto da
fossa mandibular e de 0,979 para inclinação lateral da fossa mandibular. Para
as avaliações qualitativas o índice Kappa obtido foi de 0,736 para
aplainamento, 0,803 para osteófito, 0,805 para esclerose e 0,948 para erosão.
A comparação dos valores médios entre os lados direito e esquerdo
não evidenciou diferença estatisticamente significante para as medidas de
inclinação lateral da FM (p=0,847) e espessura do teto da FM (p=0,280),
assumindo-se, portanto, n=100 ATM, independente do lado, para a realização
das demais análises.
A comparação dos valores médios das mensurações realizadas em
função de presenças e ausências dentárias, e em função do sexo encontra-se
nas tabelas 1 e 2. Não foram observadas diferenças nas mensurações entre
homens e mulheres (p>0,05). Ao avaliar os pacientes edêntulos e dentados,
verificou-se diferença significante tanto para inclinação lateral quanto para
espessura da FM.

Tabela 1. Média e desvio padrão dos valores de inclinação lateral (em graus) e
da espessura do teto da fossa mandibular (em mm), em função do sexo.
P
Homens Mulheres
valor
Inclinação lateral da FM 146,39 (10,53) 146,77 (12,11) 0,736

8
Espessura do teto da FM 1,28 (0,54) 1,38 (0,59) 0,071
P valor - Teste T de Student para amostras independentes.

Tabela 2. Média e desvio padrão dos valores de inclinação lateral (em graus) e
da espessura do teto da fossa mandibular (em mm), nos pacientes edêntulos e
dentados.
Edêntulos Dentados P valor
Inclinação lateral da FM 150,09 (9,19) 143,14 (12,47) 0,000
Espessura do teto da FM 1,22 (0,46) 1,42 (0,64) 0,001
P valor - Teste T de Student para amostras independentes.

A tabela 3 apresenta a associação entre as presenças e ausências


dentárias e as alterações ósseas da cabeça da mandíbula. O teste
qui-quadrado (X2) mostrou associação significante apenas com a esclerose (p
= 0,000).

Tabela 3. Frequência relativa da presença de alterações ósseas na cabeça da


mandíbula, em pacientes dentados e desdentados, e associação (X2) entre as
variáveis.
Osteófito Aplainamento Erosão Esclerose
Ausen Presen Ausen Presen Ausen Presen Ausen Presen
te te te te te te te te
Dentado 60,3% 39,7% 70,9%
s 29,1% 21,5% 78,5% 67,8% 32,2%
Edêntul 57,0% 43,0% 65,5% 20,0% 80,0% 46,5% 53,5%
os 35,5%
P Valor 0,285 0,149 0,403 0,000
2
P valor – Teste Qui-quadrado (X )

Os valores médios e desvio padrão da espessura do teto da fossa


mandibular e da inclinação lateral da fossa mandibular em função da
presença/ausência de dentes e alterações ósseas encontram-se na tabela 4.
Para espessura do teto da FM, os valores foram significantemente maiores nos
pacientes dentados que apresentavam aplainamento e erosão nos côndilos. Já
para inclinação lateral da FM, considerando-se apenas os pacientes dentados,
aqueles que apresentavam aplainamento demonstraram maiores valores de
inclinação em comparação com valores apresentados na presença de

9
osteófitos, erosão e esclerose. Ao comparar-se a inclinação entre os dentados
e edêntulos, pacientes edêntulos com osteófitos, erosão e esclerose
apresentaram maiores valores de forma significante.

Tabela 4. Valores médios e desvio padrão da espessura do teto da fossa mandibular (mm) e da inclinação
lateral da fossa mandibular (º) em função da presença/ausência de dentes e alterações ósseas.
Espessura do teto da FM Inclinação lateral da FM
Dentados Edêntulos P Valor Dentados Edêntulos P Valor
Osteófito 1,43 (0,63)Aa
1,27 (0,60)Aa
0,078 140,94 (1,21)Aa
149,98 (1,16) Ba
0,000
Aplainament
1,47 (0,73)Aa 1,24 (0,67)Ba 0,021 147,77 (1,42)Ab 149,24 (1,30)Aa 0,446
o
Erosão 1,42 (0,45)Aa 1,24 (0,44)Ba 0,004 143,08 (0,86)Aa 149,34 (0,85)Ba 0,000
Esclerose 1,30 (0,70)Aa 1,21 (0,54)Aa 0,328 138,78 (1,35)Aa 148,66 (1,04)Ba 0,000
P Valor, ANOVA two-way, teste pós Hoc de Tukey
Letras maiúsculas indicam diferença significante na mesma linha (p<0,05)
Letras minúsculas indicam diferença significante na mesma coluna (p<0,05)

A tabela 5 apresenta a análise de correlação de Pearson entre as


mensurações realizadas na fossa mandibular e a presença de alterações
ósseas nos pacientes edêntulos e dentados. No grupo de edêntulos a
inclinação lateral na presença de erosão e esclerose foi maior quando
comparados com o grupo de dentados. A espessura do teto do FM também se
mostrou menor na presença de osteófitos. O grupo de dentado na presença de
osteófitos, aplainamento e esclerose mostrou-se com inclinação menor e a
espessura do teto da FM mostrou-se maior na presença de aplainamento,
erosão e esclerose.

Tabela 5. Correlação de Pearson entre as mensurações realizadas na fossa mandibular


e as alterações ósseas nos pacientes edêntulos e desdentados.
Inclinação lateral da FM Espessura do teto da FM

10
R P valor r P valor
Osteófito -0,010 0,892 0,298 0,000
Aplainamento -0,067 0,348 0,115 0,105
Edêntulos
Erosão -0,163 0,021 -0,033 0,643
Esclerose -0,167 0,018 -0,042 0,559

Osteófito -0,146 0,039 0,018 0,805


Aplainamento 0,236 0,001 0,159 0,025
Dentados
Erosão -0,010 0,893 -0,376 0,000
Esclerose -0,239 0,001 -0,230 0,001
r – coeficiente de correlação de Pearson

4 DISCUSSÃO

As funções biomecânicas dos dentes resultam em tensões que são


transferidas a todos os componentes do sistema estomatognático (SE),
incluindo a ATM. Compreender a relação entre a presença, ausências dentárias
e as características morfológicas da ATM é essencial para uma melhor
compreensão das possíveis alterações que podem afetar o correto
funcionamento do SE.(Pileicikiene et al., 2007)14.
Apesar da importância de estudos que avaliem fatores possa estar
associada à remodelação das superfícies ósseas da ATM, como ausências
dentárias e doenças degenerativas (a osteoartrite), a literatura é restrita em
apresentar estudos avaliem esses dois fatores em associação, com as
características morfométricas da FM. Dessa forma, justifica-se a realização do
presente estudo.
A TCFC tem sido uma ferramenta padrão ouro na avaliação da ATM,
por oferecer excelente visualização das estruturas mineralizadas, permitindo o
diagnóstico acurado de alterações patológicas ósseas, como fraturas,
anquilose, anormalidades de crescimento, osteófitos, erosão, aplainamento,
esclerose, e por permitir a realização de mensurações lineares e anguladas
precisas, além de usar uma dose menor de radiação e ter um custo mais
baixo11,12. Sendo assim, a TCFC foi o método de imagem usado no atual estudo

11
para a avalição das alterações ósseas condilares, espessura do teto e
inclinação lateral da FM.
A ATM é a articulação responsável por interligar a mandíbula com o
crânio e, propínquo com os demais segmentos do sistema mastigatório é
responsável pela correta execução da função da mesma. A manutenção ou
restabelecimento das relações maxilomandibulares que foram modificadas ao
longo do tempo é centro de muitos estudos. No entanto, em relação à
dimensão vertical, os estudos ainda permanecem sem um consenso sobre esta
questão, principalmente no que diz respeito aos pacientes que tenham sofrido
alguma forma de mudança na área de suporte oclusal15.
Em alguns casos, as alterações oclusais podem ser consideradas
fatores iniciadores ou predisponentes de disfunção temporomandibular (DTM)
e, ainda que o papel da oclusão esteja em desacordo entre as correntes
científicas, não se podem desconsiderar as possíveis consequências sobre o
SE16.
A ausência dos elementos dentários pode desenvolver uma
instabilidade oclusal. Alterações oclusais, musculares e articulares podem
transcender o limiar de tolerância do SE, e modificações estruturais podem
ocorrer17. A ausência de elemento dentário comumente provoca mudanças
notáveis para os ossos, músculos e sistema mastigatório envolvidos nas
funções do SE18.
A ATM está susceptível a uma variedade de doenças sistêmicas
articulares, incluindo osteoartrose, psoriase, espondilite anquilosante, artrite
reumatóide, entre outras19,20. Alguns fatores atuam isoladamente ou em
combinação para predispor a ATM à osteoartrose e são: diferenças na
morfologia do côndilo, má oclusão, discrepâncias ocluais, hábitos de
mastigação, edentulismo parcial e a parafunção. Porém, não se pode declarar
que apenas os fatores biomecânicos sejam causais, a interação dos fatores
genéticos e mecânicos também são considerados como etiologia da doença
degenerativa20.
No processo de envelhecimento biológico, estruturas ósseas,
articulações, tendões, músculos e várias outras regiões do organismo estão

12
suscetíveis. Nas articulações, ocorrem processos degenerativos da cartilagem
articular, que progressivamente resulta na perda de suas propriedades de
elasticidade e capacidade de resistir a deformações, surgindo as artropatias
como: artrites degenerativas, osteoartrose, osteoartrite, hiperostose esquelética
idiopatica difusa, artrite reumatoide, artrites microcristalinas, poliartrites entre
outras20. Com a destruição gradual dos tecidos articulares e a degeneração
avançada sincrônica, a camada cortical subcondral é perdida e a erosão e
outros sinais radiográficos de osteoartrite aparecem19.
Os sinais osteoartriticos podem retratar diferentes estágios da
doença. Lesões erosivas podem designar o início das alterações agudas,
enquanto a formação de osteófitos podem indicar alterações tardias na ATM.
Esclerose e achatamento representam um estágio de reparação óssea19. O
aplainamento é uma alteração que pode ser tida como adaptativa ou a ser a
primeira alteração da doença progressiva19. Com a progressão da doença pode
ocorrer uma reabsorção condilar (erosão), e em fases mais avançadas a
superfície cortical pode ser reparada (esclerose)10,21. (conferir com a Ana. Artigo
10)
Os estudos de Kijima et al.3 e Dilhan et al.4 avaliaram as diferenças
na espessura do teto da FM em relação ao sexo, idade, morfologia do côndilo e
dentes remanescentes4. Os resultados3 evidenciaram que não houve diferença
significativa entre a espessura do teto da FM e o sexo, idade ou morfologia do
côndilo. Entretanto o outro estudo4 evidenciou que a média no grupo masculino
foi ligeiramente maior que o feminino; que as alterações osteoartríticas podem
ter um efeito sobre a espessura do teto da FM e a presença de dentes
remanescentes não tem influência sobre a espessura do teto da FM. O
presente estudo não evidenciou diferença significativa entre os sexos e
encontrou a espessura do teto da FM no grupo feminino maior (1,38 mm)
quando comparado ao grupo masculino (1,28mm). Pouco se sabe acerca das
alterações na espessura do teto da fossa mandibular sob condições normais e
patológicas8. Uma maior espessura da FM pode representar uma resposta
natural do organismo a fim de manter a função normal das articulações8.
Sugere-se22 que essa diferença possa ser explicada pelo dimorfismo sexual

13
existente entre os gêneros que pode estar relacionada com o aumento da força
mastigatória, que explicaria mudanças no padrão de remodelação óssea por
efeito do aumento da pressão intra-articular. Além disso, pode ser que um
aumento na espessura do teto da FM seja uma resposta natural do organismo
a fim de manter a função das articulações8. Resultados controversos relatam
que o efeito do gênero em diferentes estudos pode ser devido à distribuição
inadequada sexo22.
A inclinação lateral da fossa mandibular mostrou-se no presente
estudo com maior mensuração no grupo feminino (146,77 mm) quando
comparado ao grupo masculino (146,39 mm). Porém, não houve diferença
estatisticamente significativa (P > 0,05). Entretanto vale ressaltar que dentro da
amostra, o número total de mulheres (n = 59) foi superior ao grupo masculino
(n = 41).
A formação óssea compensatória no teto da fossa mandibular pode
ajudar a suportar o aumento do estresse na ATM que acompanha a mudança
óssea da cabeça da mandíbula, especialmente erosão4. O grupo de dentados
apresentou uma maior espessura (1,4mm ± 0,64; p>0,001) do teto da FM
quando comparado ao grupo de edêntulos totais. Sugere-se que esse aumento
da espessura do teto da fossa mandibular no grupo de dentados ocorra devido
à presença de cargas de baixa intensidade, porém constantes. Essas cargas
são dissipadas através dos dentes e periodonto, e diante de uma alteração
morfológica no côndilo ou da fossa mandibular poderia ocorrer à remodelação
óssea e o aumento da espessura do teto da fossa mandibular. O grupo de
edêntulos teve menores índices na espessura (1,2 mm ± 0,46) do teto da fossa
mandibular. Uma justificativa para esse fato pode ser devido à instabilidade
ortopédica, que pode tornar o indivíduo mais suscetível a eventos relativamente
insignificantes que podem romper o equilíbrio do sistema2. Dessa forma o
organismo teria dificuldades em restabelecer o equilíbrio e em sinergismo com
o aumento intra-articular devido à ausência dentária, a remodelação óssea
poderia ocorrer, promovendo a reabsorção e diminuindo a espessura do teto da
FM.

14
A literatura é restrita sobre avaliação de indivíduos dentados e
edêntulos totais como variante para a relação entre inclinação lateral da fossa
mandibular e espessura do teto da fossa mandibular. O presente estudo
mostrou que a inclinação lateral da fossa mandibular foi maior (p < 0,000) no
grupo de desdentados (150,09° ± 9,19) quando comparados ao grupo de
dentados (143,14mm ± 12,47). Sugere-se que a perda da guia condilar e guia
anterior ocasionada pela edentulismo justificaria tal informação. Deve-se levar
em consideração a diminuição gradual das funções biológicas em indivíduos
senis23. Esse cenário propiciaria que os indivíduos edêntulos totais tivessem
maior movimentação mandibular em sinergismo com a gradual perda das
funções biológicas, promovendo remodelação óssea dessa área. Além disso, a
altura do teto da fossa mandibular poderia influenciar na inclinação lateral da
FM, pois com o aumento da espessura do teto da FM, a mesma teria um teto
mais baixo, o que proporcionaria uma menor inclinação lateral. Em
contrapartida, com a diminuição da espessura do teto da FM, essa se
encontraria em uma posição mais alta e a inclinação lateral da FM seria maior.
A alteração óssea condilar do tipo erosão foi prevalente em ambos
os grupos, seguido de osteófitos, aplainamento e esclerose. Porém, apenas a
alteração óssea condilar do tipo esclerose teve correlação significante
(p<0,000) em ambos os grupos. Entretanto, vale ressaltar que a prevalência
da osteoartrose converge com a progressão da doença20. Como já citado, tal
patologia é um processo gradual, em que pode ocorrer a erosão e em fases
mais tardias a esclerose como forma de reparação do organismo19. Como esse
processo é lento, por vezes ocorrerá à transição entre o processo erosivo e
esclerótico. Tal afirmação converge com os dados do presente estudo. Os
pacientes edêntulos totais apresentaram maior índice de erosão (80%) e
esclerose (53,5%) quando comparados ao grupo de dentados. Sabe-se que o
cenário de indivíduos com ausências dentárias correlaciona-se com a idade
avançada24. Partindo desse fato, o grupo de pacientes edêntulos totais, além
de a idade ser um fator agravante para alterações ou doenças articulares20, a
ausência dentária pode ser responsável pelo aumento da pressão
intra-articular23 através da instabilidade ortopédica e isso resultaria em aumento

15
de sobrecarga que seria um fator predisponente para o surgimento da
osteoartrite/osteoartrose. Além disso, pode haver alteração do líquido sinovial
na redução da sua quantidade e síntese de proteoglicanas, ocorrendo, assim,
menor retenção de água e capacidade de resistência compressiva, o que
levaria à maior erosão da superfície articular23.
Estudos9, 21,25, 26, mostram a prevalência de osteoartrite/orteoartrose,
entretanto vale ressaltar que há variedades de classificação e métodos
diagnósticos, além de variantes como idade, sexo, etnia e número da amostra,
o que dificulta obtenção de dados padronizados. Esses mesmos estudos
tiveram como referência sinais e sintomas clínicos de tal patologia e o presente
estudo faz menção à ausência de sintomatologia. Todavia, mesmo com as
variantes em questão, alguns estudos9,21,26 mostram que a erosão é prevalente
dentre as alterações degenerativas, que converge com os dados obtidos no
presente estudo.
Tsuruta et al.9 evidenciaram que na presença de erosão no côndilo,
o teto da fossa mandibular mostrou-se mais espesso. Tal relato converge com
os dados no presente no grupo de dentados. Deve-se considerar que alguns
estudos9,10,27 avaliaram amostras em grupos diferentes e, por vezes, diferentes
métodos avaliativos e não há relato na literatura sobre análises com grupos
desdentados com enfoque proposto. Sugere-se que os pacientes dentados, por
terem maior estabilidade oclusal que os pacientes edêntulos totais, teriam as
cargas mastigatórias melhor distribuídas. Mesmo com a presença do
aplainamento, erosão e esclerose (correlação significante para a análise de
correlação de Pearson), pela dissipação das forças resultaria em cargas de
baixa intensidade que explicaria a remodelação óssea do teto da fossa
mandibular com o espessamento da área. A formação óssea compensatória no
teto da fossa mandibular pode ajudar a suportar o aumento do estresse na
mudança óssea da cabeça da mandíbula acompanhamento da ATM,
especialmente erosão4,9. Tal relato converge com os resultados encontrados no
estudo de Tsuruta et al. 9 onde os dados evidenciam que a espessura do teto
da FM é significativamente maior na preseça de erosão. Diante de tal sugestão,
os pacientes edêntulos totais por sofrerem com maior pressão intra-articular e

16
instabilidade oclusal pela carga mastigatória e atenuado pela presença do
osteófitos (correlação significante para a análise de correlação de Pearson), o
organismo não seria capaz de compensar a remodelação óssea com o
espessamento do teto da FM e num processo de reabsorção pelos fatores já
citados, ocorreria à diminuição da mesma. A idade deve ser considerada, além
dos fatores citados. Sabe-se que a osteoartrite/osteoartose agrava-se com o
idade20. Além disso, é esperado por razões fisiológicas que com o avançar da
idade o organismo não tenha uma resposta adaptativa tão efetiva23.
A correlação das lesões osteoartríticas com a inclinação lateral da
FM segue o mesmo raciocínio que as alterações ósseas do teto da FM. No
grupo de dentados, houve correlação com o aplainamento (p<0,021) e erosão
(p<0,004), o que sugere que a superfície condilar está mais plana, o que
resultaria na possibilidade de executar movimento mandibular mais amplo,
exigindo maior ação muscular e ligamentosa. Isso poderia gerar aumento da
sobrecarga na ATM e por resposta ao estímulo, como já citado anteriormente,
haveria um espessamento local, que confere menor inclinação lateral do TFM.
Além disso, achatamento, que é uma alteração que pode ser considerada
adaptativa ou a primeira alteração da doença progressiva19. A formação óssea
compensatória no teto da fossa mandibular pode ajudar a suportar o aumento
do estresse na ATM que acompanha a mudança óssea da cabeça da
mandíbula, especialmente erosão4.
O grupo de edêntulos totais apresentou correlação significante para
osteófitos (p<0,000), erosão (p<0,000) e esclerose (p<0,000), mostrando que
na presença dessas alterações há uma maior inclinação lateral. Uma
justificativa seria devido à instabilidade ortopédica, que exacerbaria essa
compensação fisiológica frente a patologias. As lesões erosivas podem indicar
início alterações agudas, enquanto a esclerose aparece como uma reparação
ósseas, porém, essa reparação ocorre de forma lenta e gradual19. Tal fato
explicaria à presença de ambas as alterações. A erosão pode indicar o início
das alterações agudas, enquanto a formação de osteófitos poderiam indicar
alterações tardias ou crônicas19. Segundo Hussain et al., 200828, os osteófitos

17
se formariam para estabilizar e alargar a superfície articular com o objetivo de
suportar melhor as cargas de força.
Este estudo apresentou algumas limitações, como a ausência de
uma avaliação clínica dos pacientes, inclusive para avaliação do tempo de
ausência dentária, assim como se os pacientes apresentavam alteração de
função. Sugerimos que novos estudos sejam desenvolvidos, associando as
condições clínicas com os achados de imagem.
Estes dados anatômicos podem ser úteis para melhor compreensão
sobre os aspectos fisiológicos e patológicos que podem ocorrer na FM.
Todavia, mais estudos são necessários devido às variações que podem estar
presentes entre as diferentes populações e que podem afetar a FM de forma
direta.
5 CONCLUSÃO

As alterações osteoartríticas tem um efeito sobre a espessura e


inclinação da FM, assim como a presença/ausência de dentes está
correlacionada com as alterações da mesma.

18
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ANEXOS

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