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FORÇAS DE SEGURANÇA –
ESTRATÉGIAS E TÁTICAS
EM SEGURANÇA PÚBLICA
O doutrinador Valter Foleto Santin (2013, p. 63), assim dispõe: “No conceito
clássico, atinente à concepção liberal existente no século XVIII, o poder de polícia
relacionava-se à atividade estatal que limitava o exercício dos direitos individuais
em benefício da segurança. Modernamente, passou a objetivar o benefício do
interesse público”.
Assim, o poder de polícia nada mais é que a supremacia do interesse
público em relação ao interesse privado. O seu principal objetivo é exercer a
atividade de limitação dos direitos do cidadão com o intuito de garantir e permitir
a vida em sociedade. Em outras palavras, o Poder de Polícia trata de um
mecanismo de frenagem, para evitar possíveis abusos do direito individual em prol
da comunidade como um todo.
A nossa legislação, inclusive, já conceituou o poder de polícia em seu art.
78 do Código Tributário Nacional (Lei n. 5.172/1996), vejamos:
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Em sentido amplo, o poder de polícia é a atividade estatal destinada a
condicionar o exercício da liberdade e da propriedade, por medidas do
Legislativo e do Executivo, em consonância com os interesses coletivos.
O Estado delineia a esfera juridicamente tutelada da liberdade e da
propriedade dos cidadãos, impondo limites, para a manutenção da
ordem da vida em sociedade.
• Discricionariedade;
• Autoexecutoriedade;
• Coercibilidade.
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Um exemplo de ato em que a polícia age de forma discricionária é quando,
na eminência de desordens em via pública, o policial interrompe o tráfego de
veículos e o trânsito de pedestres em toda a circunjacência, bem como em
hipóteses suspeitas revista e aborda pessoas na entrada de locais públicos.
A autoexecutoriedade, por sua vez, nada mais é que o poder que a
Administração Pública possui de tomar decisões, de acordo com a sua própria
convicção, independentemente de decisões judiciais. Isso significa que eles
podem ser executados imediatamente e diretamente pela própria Administração.
Já a coercibilidade é o poder que a polícia tem de limitar direitos dos
indivíduos em prol do interesse coletivo. É a possibilidade, inclusive, de aplicação
de força pública para garantir o cumprimento dos atos provenientes de Poder de
Polícia.
Em verdade, a coercibilidade está intimamente ligada à característica da
autoexecutoriedade, pois é a primeira que garante a segunda.
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A respeito das diferenciações, cabe ressaltar, ainda, que há quem diga que
a Polícia Administrativa também exerce atividade repressiva na medida em que
aplica multas, suspensões e advertências.
Isso significa, por exemplo, que a Polícia Administrativa age de forma
preventiva quando orienta os comerciantes sobre vender produtos de baixa
qualidade ou impróprios para o uso e age de forma repressiva quando apreende
produtos vencidos de estabelecimentos comerciais.
Em resumo, portanto, a Polícia Judiciária é responsável por preparar a
atuação da função jurisdicional penal, regulamentada pelo Código de Processo
Penal (Decreto-lei n. 3.689/1941), cujos destinatários são o Ministério Público e
o Juiz, auxiliando, assim, na condenação ou na absolvição do indivíduo que
comete uma atividade delituosa.
Por seu turno, a Polícia Administrativa tem por objetivo prevenir e evitar
tais condutas criminosas, assegurando a proteção da coletividade e mantendo a
ordem pública.
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Já os atos administrativos visam disciplinar o bom funcionamento da
Administração Pública, bem como a conduta dos seus agentes. Exemplos disso
são instruções, circulares, avisos, portarias, ofícios e despachos administrativos.
Segundo Maria Sylvia Zanella Di Pietro (2010), “ato administrativo é a
declaração do Estado ou de quem o represente, que produz efeitos jurídicos
imediatos, com observância da lei, sob o regime jurídico de direito público e sujeita
ao controle pelo Poder Público.”
Os atos administrativos são autoexecutáveis, o que significa que podem
ser executados pela própria Administração Pública, independentemente de
autorização ou de envolvimento de outros poderes.
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[...] o princípio da razoabilidade impõe o seguimento de critérios
racionais e razoáveis pelo agente público, com postura sensata e
equilibrada, para valoração e escolha de atos com aptidão a impor os
valores e finalidades legais. É considerado um fato limitador da
discricionariedade do administrador público.
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A ação popular é um instrumento típico da cidadania e somente pode ser
proposta pelo cidadão, aqui entendido como aquele que não apresente
pendências no que concerne às obrigações cívicas, militares e eleitorais
que, por lei, sejam elegíveis. A ação popular, regulada pela Lei n. 4.717,
de 29-6-1965, configura instrumento de defesa de interesse público. Não
tem em vista primacialmente a defesa de posições individuais. É
evidente, porém, que as decisões tomadas em sede de ação popular
podem ter reflexos sobre posições subjetivas.
Art. 53. A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados
de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos (Lei n. 9.784/1999).
Além disso, a ação civil pública também pode ser utilizada na discussão de
políticas públicas, bem como de outros serviços essenciais, posto que se
enquadra na noção ampla de direitos difusos e coletivos.
Valter Foleto Santin (2013, p.147), sobre o tema, conclui que “o campo da
ação civil pública é amplo, com o objetivo de proteção dos interesses difusos,
coletivos, sociais e individuais homogêneos (art. 127, caput e art. 129, III, CF; Lei
7.347/1985; Lei 8.078/1990)”.
Assim, denota-se que podemos utilizar de meios judiciais ou
administrativos para invalidar atos administrativos que, em vez de proteger o
interesse público, representam desvios de poder que prejudicam a coletividade
como um todo.
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REFERÊNCIAS
_____. Curso de Direito Administrativo. 27. ed. São Paulo: Malheiros, 2010.
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SANTIN, V. F. Controle judicial da Segurança Pública: eficiência do serviço na
prevenção e repressão ao crime. 2. ed. São Paulo: Editora Verbatim, 2013.
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