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Prêmio Empresa Cidadã ADVB/SC 2019

Categoria: Preservação Ambiental


Nada se perde, tudo se transforma: A Gestão
de Resíduos Alimentares na ArcelorMittal Vega

Horta da ArceloMittal Vega recebe composto orgânico resultado do processo de reaproveitamento de alimentos

Etapas do processamento realizado com os resíduos provenientes do pré e pós-preparo de refeições na empresa
Sinopse do Projeto
Em A ArcelorMittal Vega, em São Francisco do Sul/SC, preocupada em dar destino específico para resíduos
industriais e não-industriais produzidos na unidade e diminuir o impacto ao meio ambiente, buscou uma solução
eficaz para minimizar o volume enviado ao aterro sanitário de resíduo proveniente da preparação e pós-consumo
de alimentos da cozinha dos dois restaurantes da unidade.
Entre as alternativas estudadas para reaproveitamento do material orgânico, a escolha foi o uso de um equipamento
que desidrata o composto orgânico e reduz significativamente o seu volume. Com a iniciativa, três toneladas de
resíduos orgânicos deixam de ser enviadas mensalmente para o aterro sanitário, aumentando a vida útil destes
espaços e possibilitando seu uso como adubo em hortas e no cultivo de espécies na Reserva do Patrimônio Privado
Natural (RPPN) da empresa.

Três toneladas de resíduos alimentares são produzidos mensalmente

Após processamento, o volume do resíduo é reduzido em 90%


Objetivo e problemas do projeto
ArcelorMittal Vega
Instalada em São Francisco do Sul há 15 anos, a ArcelorMittal Vega opera na transformação de aços planos
com avançados processos de decapagem, laminação a frio e galvanização. A unidade integra o grupo ArcelorMittal,
líder de aço e de mineração do mundo, com presença em 60 países e unidades industriais em 19 países. Guiado
pela filosofia de produzir aço de forma segura e sustentável, o grupo ArcelorMittal é o principal fornecedor de aço
de qualidade nos mercados globais automotivo, de construção, eletrodomésticos e embalagens, com pesquisa e
desenvolvimento de ponta e amplas redes de distribuição.
A preocupação da empresa em manter a sustentabilidade tem embasamento em seu Sistema de Gestão
Ambiental (SGA), certificado pela ISO 14001, que norteia suas ações relativas ao meio ambiente. O SGA segue
as 10 Diretrizes para o Desenvolvimento Sustentável do Grupo ArcelorMittal. Elas asseguram que a atuação da
empresa agregue valor e ajude a minimizar de forma proativa os potenciais riscos do negócio e orientam o foco
para uma gestão assertiva das expectativas dos stakeholders, regida por uma governança ética e transparente,
pelo respeito às pessoas e pelo cuidado com o meio ambiente. Entre outras coisas, o SGA prevê a realização dos
controles conscientes de água, efluentes líquidos, de resíduos sólidos, de emissões atmosféricas, qualidade do ar e
da biodiversidade.
A ArcelorMittal Vega gerencia todos os resíduos gerados, decorrentes do seu processo produtivo ou não. Essa
prática procura garantir que o resíduo tenha um destino nobre, direcionando as ações da empresa à minimização,
reciclagem, recuperação e/ou coprocessamento. Por meio desta política de valorização de resíduos, que conta com
trabalhos de mapeamento e avaliações constantes de seus processos, a unidade consegue reaproveitar 99,4% de
seus resíduos, enviando apenas 0,6% a aterros sanitários ou industriais.
O monitoramento das emissões das chaminés é uma forma de avaliar tanto a eficiência dos equipamentos e
processos, quanto o desempenho ambiental. Também são acompanhadas as emissões de todos os veículos a diesel
que circulam no parque fabril. A empresa possui duas unidades de monitoramento, estrategicamente distribuídas
no condomínio industrial, onde são monitorados os parâmetros: material particulado, SO2 e NO2.
Em uma Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) equivalente a 1/3 do terreno da unidade, há o constante
monitoramento da fauna e da flora. A salvaguarda da área contribui para preservar e enriquecer a biodiversidade
da Mata Atlântica local, importante corredor ecológico entre o Parque do Acaraí e a Reserva do Morro Grande, em
São Francisco do Sul.

Trilha ecológica da Reserva Particular de Patrimônio Natural possui 860 metros

A empresa mantém um programa


de educação ambiental que já levou
mais de 16.000 visitantes para uma
experiência próxima à natureza.
Conta, também, com viveiro onde já
foram produzidas mais de 1 milhão
de mudas, muitas delas doadas para
recuperação de áreas degradadas,
ajardinamento de escolas e espaços Mudas para recuperação de áreas degradadas e projeto de educação ambiental
públicos nos municípios do entorno
e hortas caseiras para funcionários do condomínio. Junto às escolas de São Francisco do Sul, a ArcelorMittal Vega
desenvolve há 19 anos o Concurso Escolar, que promove a consciência ambiental dos jovens e estimula as instituições
de ensino a produzir e implantar projetos que focados em desenvolvimento sustentável.

Mais de 400 espécies de animais já foram identificadas na RPPN


Tratamento de resíduos industriais
Desde o início de sua operação, em 2003, a ArcelorMittal Vega tem trabalhado para reduzir ao máximo a geração de
resíduos industriais e não-industriais. A empresa gerencia todos os resíduos, sejam estes decorrentes do seu processo
produtivo ou não. Essa prática visa garantir que o resíduo tenha um destino mais nobre, em sintonia com a Política
Nacional de Resíduos Sólidos (Lei nº 12.305/10), que trata da prevenção e da redução na geração de resíduos, tendo
como proposta a prática de hábitos de consumo sustentável e um conjunto de instrumentos para propiciar o aumento
da reciclagem e da reutilização dos resíduos sólidos (aquilo que pode ser reciclado ou reaproveitado e/ou tem valor
econômico) e a destinação ambientalmente adequada dos rejeitos (aquilo que não pode ser reciclado ou reutilizado).
Para minimizar seu impacto no solo, os primeiros esforços da unidade estiveram voltados para a valorização dos
insumos que sobram da produção, transformando-os em coprodutos com valor agregado para utilização no processo
produtivo ou para a venda a outras empresas: os resíduos industriais. Foi o que aconteceu com o Óxido de Ferro da
decapagem, que totaliza mais de 500 toneladas/mês. Enquanto nos primeiros tempos da operação este material era
enviado para aterro sanitário, nos últimos sete anos, passou a ser reaproveitado integralmente, seja para venda no
mercado interno ou para exportação.

Seguindo as orientações do Plano Diretor de Resíduos Industriais, outros resíduos foram estudados e receberam
a destinação com a melhor relação custo/benefício para o ambiente. Desta forma, a ArcelorMittal Vega encerrou
o ano de 2018 contabilizando o reaproveitamento de mais de 99% dos resíduos industriais, dentro ou fora de sua
unidade fabril. Atualmente, apenas 0,6% dos resíduos industriais da unidade instalada em São Francisco do Sul são
encaminhados para o aterro sanitário.
Resíduo pré e pós-consumo alimentar
Cumprida a etapa de redução dos resíduos industriais, a empresa voltou sua atenção para minimizar os maiores
volumes dos resíduos não-industriais. Foi quando o lodo da estação de tratamento, madeira de embalagem, papel,
papelão, plástico e resíduos de obra passaram a ser prioridade para uma reciclagem mais eficiente. Para completar o
ciclo de destinação correta dos resíduos não-industriais, faltava encontrar uma alternativa para o resíduo orgânico,
proveniente da preparação de alimentos de cozinha e de seu pós-consumo.
Resultado da produção de 1.000 refeições diárias, 3 toneladas/mês de resíduo orgânico eram descartadas em aterro
sanitário até o primeiro semestre de 2017. Além do envio, ainda havia necessidade de refrigeração dos resíduos
antes que chegassem ao aterro, devido à incidência de vetores, gerando um custo mensal para o envio e tratamento
dos resíduos em aterro sanitário entre R$ 10.000 e R$ 16.000 ao mês.

Resíduos de alimentos eram descartados em aterro sanitário

Estratégias, programas e soluções adotadas para atingir o objetivo,


com descrição das fases de implementação do projeto.
Ações de conscientização
Até 2017, a ArcelorMittal Vega havia investido
em campanhas de conscientização para reduzir
a geração de resíduos orgânicos provenientes de
alimentos, chegando a um desperdício Per Capita
da ordem de 10g/pessoa/dia, índice que vem
sendo mantido bem abaixo, graças às ações de
conscientização dos funcionários do condomínio
e do monitoramento realizado semanalmente.
Para também evitar o desperdício na preparação
das refeições, a empresa repassa aos restaurantes
o número diário de pessoas que deram entrada no
condomínio.
Além disso, para minimizar o impacto do resíduo orgânico nos aterros, era necessário encontrar uma solução
diferente da compostagem para o reaproveitamento do material proveniente dos restaurantes. A compostagem
requer grande investimento em infraestrutura e tem contraindicações na região de São Francisco do Sul/SC devido
às fortes precipitações e à alta umidade do ar. Além disso, em função do grande volume de material orgânico gerado
na unidade, seria necessário fazer um pátio coberto e pavimentado e providenciar para que os resíduos fossem
revolvidos constantemente para oxigenar os compostos. Outra providência seria prover um tratamento adequado
para o chorume gerado durante o processo de decomposição. Este composto extremamente tóxico para o meio
ambiente requer a instalação de uma unidade de tratamento biológico para evitar a contaminação do solo e dos
cursos d’água.

Compostagem

Busca pelo zero descarte


A partir de visitas a empresas e pesquisas sobre destinação de resíduos, foi levantada uma solução alternativa à
compostagem (já adotada por empresas automotivas): a aquisição de um equipamento que desidrata o composto
orgânico, reduzindo o seu volume entre 85% e 90% e possibilitando o uso do produto final como adubo.
Neste equipamento adquirido pela ArcelorMittal Vega, o resíduo orgânico produzido nos dois restaurantes do
condomínio é desidratado por um sistema de aquecimento a 360ºC. Em 8 horas, o resíduo está pronto para ser
utilizado como composto orgânico nos jardins ou viveiro de mudas. No processo natural, a matéria orgânica levaria de
seis a 12 meses para se decompor.

Máquina recebe o
alimento proveniente da
cozinha do condomínio
e aquece o material
orgânico a 360º até
desidratá-lo
Por vez, são desidratados 100 quilos de resíduos orgânicos
a cada 8/10 horas, tempo médio que o equipamento leva
para completar o ciclo. São realizadas diariamente até duas
operações, transformando 200 quilos de resíduos do preparo
de alimentos (composto orgânico) que passam, após a
desidratação, a ter volume 85% a 90% menor.
Para adquirir e instalar a máquina que transforma o resíduo
orgânico em composto orgânico foram gastos R$ 69 mil. O
retorno do investimento foi concluído em cinco meses e meio.
A partir daí, o projeto, além de evitar o envio desnecessário de
resíduo para aterros, gerará uma economia mensal entre R$ 10
mil e R$ 16 mil, considerando valores pagos para transporte,
aterro e adubo.
O equipamento está instalado em um dos restaurantes do condomínio e um outro já foi adquirido e está sendo
instalado para melhor atender o segundo restaurante, evitando a necessidade de transportar os resíduos. A previsão
para início das operações deste segundo equipamento é junho/2019.
Com a transformação do resíduo orgânico pré e pós-alimentar em composto orgânico, utilizado em hortas, canteiros
e floresta, a Arcelormittal Vega completa o ciclo de reaproveitamento de 100% dos resíduos sólidos de cozinha,
evitando sua destinação em aterros sanitários. A água que evapora do resíduo é condensada e também reutilizada
para lavar pisos e regar plantas da empresa.
Se a solução implantada na ArcelorMittal Vega fosse disseminada para o uso em grande geradores de resíduos
orgânicos – como restaurantes, condomínios empresariais, shopping centers e cozinhas industriais – reduziríamos
significativamente a quantidade de resíduos orgânicos em aterros.

Em Santa Catarina, de acordo com dados mais recente da Abrelpe (2017), são geradas 5.659 toneladas/ano de
resíduos encaminhados para disposição. Deste total, pelo menos 50% são resíduos orgânicos, que poderiam ter
um destino diferente dos aterros e duplicar a vida útil dos aterros. Esta medida também minimizaria a geração de
chorume, evitando a contaminação dos solos e de curso de águas e reduzindo a necessidade de tratamento deste
efluente gerado nos aterros e lixões.
Resultados quantitativos e qualitativos
A ArcelorMittal Vega possui uma Reserva Particular de Patrimônio Natural com 760 mil m² de Mata Atlântica
preservada, além de extensas áreas de canteiros rodeando os prédios operacionais e administrativos e uma horta,
onde são cultivados legumes e verduras que abastecem parte da demanda dos refeitórios da empresa e rendem
mudas distribuídas aos empregados no programa Verde com Vida. São estes espaços que estão recebendo o adubo
orgânico desidratado e com correção de PH, resultante dos resíduos alimentares.
Paralelamente, análises laboratoriais são realizadas para avaliar a possibilidade de uso deste material orgânico como
componente para ração animal. 45 aves da RPPN já são alimentadas com ração à base deste resíduo.
Outros resultados importantes:

• Redução de 90% no volume de resíduos orgânicos provenientes do preparo de alimentos.


• 3 toneladas de resíduo orgânico/mês deixam de ser enviadas para aterro sanitário.
• Redução das emissões de CO2 necessárias para o transporte dos resíduos orgânicos para os aterros.
• Transformação de 100% dos resíduos de restaurantes em composto orgânico.
• Reaproveitamento da água gerada no processo de desidratação do resíduo orgânico para lavagem de pisos.

Resíduo vira adubo orgânico em hortas e jardins Aves ão alimentadas com ração à base do resíduo

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