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climatização
REFRIGERAÇÃO AR-CONDICIONADO VENTILAÇÃO AQUECIMENTO
A REFRIGERAÇÃO
CORRE PARA
BARRAR O
AQUECIMENTO
GLOBAL
Refrigerantes
alternativos aos
HFCs
Boas práticas
na instalação de
sistemas split
Aplicação nos
vários sistemas
EFICIÊNCIA
ENERGÉTICA:
COMPARAÇÃO
INVERTER X
ON-OFF
ISSN 2358-8926
índice
35 14
Negócios..................................................................................06
Fluidos refrigerantes
Diálogo...................................................................................... 37
Abrava........................................................................................38
Associados Abrava..................................................................40
Agenda.......................................................................................42
editorial
entidade internacional com atuação tura selecionada. Tudo isso com emis- cipação da empresa, como o COPE
em eficiência energética na área de são de baixo ruído e vibração durante de Brasília, Hospital de Ivaiporã
refrigeração. De acordo com Leandro seu funcionamento. (PR) e Hospital Águas Claras (DF),
Lourenço, gerente de engenharia de Outras funções são a sleep, que des- são destacados no balanço positivo.
produto da Daikin, os produtos que liga no momento programado, e timer, Satisfeito com os resultados no
a Daikin fabrica e comercializa no que liga o produto automaticamente. ano que passou, Prado ainda relem-
Brasil foram concebidos para entregar A função favorite permite a criação bra dois acontecimentos de sucesso.
desempenho e eficiência elevados nas de uma pré-seleção estabelecida pelo “Nossa planta de Araucária (PR),
condições reais de uso e estão prontos usuário, e a follow me garante que a pioneira no Brasil, completou 20
para atender os requisitos dessa nova temperatura estabelecida no controle anos. Tivemos também um cres-
atualização. remoto seja alcançada. A grantia é cimento considerável no setor de
Segundo o Procel, haverá um prazo de 10 anos no compressor e dois anos serviços. Apesar dos impactos e
de transição e os novos critérios só para todos os demais componentes. adversidades resultantes da pan-
serão válidos a partir de maio de demia, nosso saldo foi positivo”,
2022. Assim, os produtos que hoje aponta o executivo.
ostentam o Selo Procel, mas que não Trane anuncia
atingem os novos índices e demais
critérios definidos, não poderão resultados positivos Ecoquest prepara-se
mais ostentá-lo a partir desta data. em 2020 para o “novo normal”
A Daikin, segundo seus representan-
tes, foi a primeira empresa a apresen- A Trane, fornecedora de soluções de Espaços comerciais, sobretudo
tar ao mercado uma linha completa climatização para ambientes corpora- hotéis e restaurantes, que recebem
de produtos já aprovados também tivos e residenciais, fechou o ano de muitos clientes e com grande rota-
nos novos critérios do Selo Procel. 2020 com balanço e resultados posi- tividade, terão que se adequar ao
tivos. O cenário propicia à empresa “novo normal”. “A transformação
seguir investindo no contínuo desen- de espaços em ambientes saudá-
Mais um lançamento volvimento de novos produtos, solu- veis fará parte dos protocolos de
da Midea ções e novidades no setor de serviços. segurança no pós-pandemia, o que
“O compromisso, dedicação e resi- inclui, sobretudo, a qualidade do ar
A Midea, apresenta mais um lan- liência de nossa equipe no enfrenta- que respiramos”, afirma Henrique
çamento na linha Hi Wall Inverter, o mento das adversidades deste ano nos Cury, presidente da Ecoquest,
novo Xtreme Save. O produto tem ser- permitiram seguir em uma posição de empresa de descontaminação de
pentina em cobre e tecnologia Inverter destaque no mercado e os planos estra- ar que oferece a tecnologia IRC
Quattro, que proporciona mais efici- tégicos executados durante o período (Ionização Rádio Catalítica) que,
ência e conforto. A empresa diz que, nos ajudaram a enfrentar a realidade segundo a agência americana Food
na Função Eco Noite, a eficiência é do mercado atual e nos fortalecem and Drug Administration (FDA),
equivalente a até RS1,80 por noite de para emergirmos robustamente a elimina até 99,99% do novo coro-
funcionamento. longo prazo.”, comenta Diogo Prado, navírus do ambiente.
A função Ion + Sistema de tripla fil- diretor-geral da Trane no Brasil. O hotel Hilton São Paulo
tragem reduz impurezas, eliminando Durante a quarentena a empresa Morumbi, foi um dos que adquiriu
até 99% dos vírus e bactérias. A fun- instalou o home-office para os o sistema de higienização do ar
ção autolimpeza é outro diferencial, colaboradores administrativos e permanente, totalizando 117 equi-
a tecnologia active clean extingue montou um esquema especial de pamentos fornecidos pela empresa.
poeira, mofo e graxa, originadores de operação para os técnicos aten- A descontaminação do ar abrange
odores provenientes da evaporadora derem os setores essenciais. O toda a área do hotel, incluindo seus
da unidade interna. credenciamento online dos pro- 503 apartamentos, áreas sociais,
O Xtreme Save é equipado com fissionais, por meio do aplicativo assim como restaurantes e salas
compressores com ultra aceleração Refriplay, alcançou 1000 registros de eventos, além dos escritórios
que atingem 65Hz em seis segundos, em 2020 e mostrou eficiência à dos colaboradores. Segundo Cury,
possibilitando o resfriamento mais distância. A formação técnica de o segmento hoteleiro representa
rápido do ambiente. A função turbo profissionais do setor, na plata- 20% dos contratos da empresa, que
assegura que o compressor e o venti- forma Trane Education Center, foi atende também edifícios corpora-
lador trabalhem em modo máximo de outro marco importante no ano. tivos, hospitais, shopping centers e
desempenho até alcançar a tempera- Projetos importantes com a parti- escolas.
Mário Lantery, um dos fundadores equipamentos, peças e componentes Naquela época estava no auge a
da Coldex no início dos anos 1960 jun- da Carrier, onde conheceu o lendário famosa gravata Duplex, aí pensamos
tamente com o cunhado José Daniel Hans Robert Bodanzky. cold + ex, e assim surgiu o nome
Tosi, faleceu no último 8 de janeiro Foi também na Carrier que ele Coldex”, diz ele na mesma entrevista.
aos 100 anos de idade. Nascido em começou sua história profissional com Por volta de 1965 a Coldex fechou
Zadar, cidade da Costa da Dalmácia José Daniel Tosi. “O Tosi entrou na parceria com a americana Hyatt para
na Croácia, e criado em Turim, Itália, minha vida quando eu estava traba- produzir condensadores no novo
chegou ao Brasil com a família em lhando numa das fazendas do frigorí- galpão em Diadema. A partir daí, a
1924, fixando-se em Curitiba, PR. fico Anglo, em Pitangueiras, no inte- Coldex só cresceu em área de produ-
No início da adolescência, já vivendo rior paulista. Foi lá no escritório que ção, linhas de produtos e participa-
em Santos, litoral sul de São Paulo, conheci minha mulher, a Nadir, irmã ção de mercado. Em 1973 os sócios
graças à fluência no idioma inglês do José. O José aceitou o convite para se receberam a proposta de compra da
empregou-se como tradutor intérprete juntar a mim e ao Bodanzky na Carrier empresa pela Trane. O restante da
na inglesa Anglo, que à época explo- e foi morar conosco no Rio de Janeiro”, história é bem conhecido.
rava fazendas de frutas no Brasil. Dos contava ele em uma entrevista para a Após a venda para a Trane, Lantery
14 aos 18 anos exerceu a função indo seção Perfil da revista Climatização & seguiu seu caminho, criando a
de fazenda em fazenda. Refrigeração de junho de 2012. Ransburg, responsável pela primeira
Cumprida esta etapa da vida, Já de volta a São Paulo, em 1952, tra- instalação para pintura eletrostática na
transferiu-se para a capital pau- balhando com os Francini, Lantery Ford do Brasil. Foi nesse período que
lista, onde conseguiu um emprego montou a Solar, empresa fabricante aumentou sua participação associativa.
de taquígrafo na General Eletric. Em de componentes para refrigeração, Foi presidente da Abrava entre 1972 e
seguida, convidado por um amigo localizada no bairro da Mooca. 1974 e, posteriormente, membro do con-
com quem praticava o tênis, foi para Nesta época deu início às suas via- selho consultivo até 1977. Continuou,
a The American Rolling Mill Company gens internacionais, notadamente ainda, a participar do mercado AVAC-R
(ARMCO), representante da Carrier os Estados Unidos, para prospectar através da Lantery, fabricante de peças
no Brasil. Sua função era vender apa- novas tecnologias. e componentes para refrigeração, cujo
relhos de ar-condicionado de 12 mil Pouco tempo depois, já com o gestor é o filho Paulo Lantery. Mário
BTU, integrados a um móvel. cunhado Tosi, abriu uma firma era, ainda, pai de Beatriz.
Após o sucesso em vendas, para representar marcas como a “Decididamente Mário não era um
Lantery foi enviado ao Copeland e a Sporlan e propôs homem comum. Curioso das coisas
Rio de Janeiro para fazer sociedade a Moisés Warner, e da vida, devorava o que lhe vinha
um estágio na oficina de que produzia balcões frigorífi- pela frente para saciar sua ânsia de
cos e tinha algumas máquinas saber. Adepto do mens sana in corpore
necessárias para o empreen- sano manteve-se em excelente forma
dimento. “Investimos física e mental até quase o fim da sua
tudo o que tínhamos longa caminhada, 100 frutíferos anos.
de reserva fun- Vai fazer uma ‘baita’ falta. Uma pes-
dando a Coldex. A soa muito à frente do seu tempo”, diz
história do nome o filho Paulo Lantery.
da empresa foi A sobrinha, Patrice Tosi, con-
muito bacana. corda: “Tio Mário é a comprovação
que homem curioso não envelhece!
Foi curioso por inacreditáveis 100
anos. Um sábio que soube equilibrar
trabalho, família e lazer como pou-
quíssimos e desfrutou de cada parte
igualmente. Um exemplo que eu
tento seguir. Esse vai deixar muita
saudade!”
© Theodor38 | Dreamstime.com
Várias são as
alternativas para a
substituição dos HFCs,
cada uma com suas
vantagens e limites
Os clorofluorcarbonos (CFC) foram para os hidrofluorocarbonetos (HFC). banidos pelos CFC, voltaram a ganhar
revolucionários para a refrigeração Cedo percebeu-se que tampouco estes protagonismo. Ao mesmo tempo, os
na primeira metade do século XX. representavam uma saída para a pre- fluidos à base de hidrofluorolefinas
Praticidade na aplicação, baixa toxici- servação do meio ambiente. Apesar (HFO) ganharam espaço. A discussão
dade e inflamabilidade, e menor con- de inócuos em relação à camada de já não se resume aos impactos diretos,
sumo de energia facilitaram e popula- ozônio, são responsáveis por alto grau mas também indiretos sobre o meio
rizaram equipamentos de refrigeração. de emissão de gases de efeito estufa. ambiente.
Entretanto, já no início da década de Em 1997, dez anos depois de o mundo “A Chemours como líder global na
1980 verificou-se que os CFC eram os comemorar o triunfo de Montreal, fabricação, distribuição e desenvol-
principais responsáveis pela degene- assinava-se o Protocolo de Quioto, vimento de fluidos refrigerantes, está
ração da camada de ozônio. Em 1987, estabelecendo um plano de substitui- comprometida em oferecer ao mer-
através do Protocolo de Montreal, o ção e prescrição dos HFC. cado soluções que possam substituir
mundo começou a dar os primeiros Em resposta às novas necessidades, os HFCs de forma a obter o melhor
passos para a redução e banimento do abriu-se um amplo espectro de alter- equilíbrio de propriedades entre sus-
uso dessas substâncias. nativas. Fluidos que estiveram no nas- tentabilidade, segurança e perfor-
Os hidroclorofluorcarbonos (HCFC) cimento dos sistemas de refrigeração, mance. Entendemos que a quarta
se apresentaram enquanto alternativas como os hidrocarbonetos, propano e geração de fluidos refrigerantes desen-
transitórias. As pesquisas convergiram butano, R744 (CO2) e amônia, depois volvida à base de hidrofluorolefinas
(HFOs) oferece o melhor equilíbrio característica de leve inflamabilidade redes de supermercados no Brasil,
possível de atributos, pois, combina a série Opteon™ é indicada apenas como St. Marché, ABC, Centerbox,
simplicidade de aplicação, segurança, para o uso em novos equipamentos”, Jaú Serve, entre outras, já realizaram
eficiência e baixo impacto ambiental. esclarece Canozzi. essa conversão com sucesso. Também
Hoje a Chemours conta com amplo “Especificamente para aplicações é valido comentar que soluções de
portfolio, que atende todas as deman- em refrigeração são indicados os pro- baixíssimo GWP, como OpteonTM
das do mercado de refrigeração, que dutos Opteon™ XP40 (R-449A), para XL20, já estão sendo oferecidas em
vem sendo introduzido sob a marca aplicação em refrigeração comercial, países onde as diretrizes regulató-
comercial OpteonTM. Entendemos Opteon™ XP44 (R-452A), amplamente rias são mais restritivas, ou de forma
que as soluções à base de HFO terão aplicado em transporte refrigerado, inovadora para empresas que querem
papel fundamental na transição de Opteon™ XP10 (R-513A), como alter- avançar mais rapidamente em seus
tecnologias HFC e HCFC, trazendo nativa ao R-134a e com GWP 56% compromissos de redução da emissão
o equilíbrio necessário para que as inferior, Opteon™ XL20 (R-454C), que de gases de efeito estufa. No Brasil,
empresas e usuários possam converter oferece GWP abaixo de 150 para apli- onde a legislação ainda não restringe
suas aplicações de AVAC-R sem pena- cação em refrigeração comercial, e o uso de HFC, já contamos com algu-
lizar operações, de forma segura, efi- Opteon™ XL10 (R-1234yf), como alter- mas empresas adotando essas solu-
ciente e ambientalmente sustentável”, nativa de GWP igual a 1 em substitui- ções, como por exemplo o R-454C
diz Joana Canozzi, líder de desenvol- ção ao R-134ª”, continua a executiva (GWP 148).”
vimento de negócios e suporte técnico da Chemours. Ramos Quanto recomenda, na apli-
de fluorquímicos. Recomendação e limites para a cação de cada fluido, “focar nas orien-
Leonardo Ramos, gerente de vendas aplicação tações dos fabricantes e sempre tra-
da Koura, no Brasil, vê os principais Canozzi entende que o mercado balhar com empresas especializadas
fabricantes de fluidos refrigerantes brasileiro de refrigeração comercial e capacitadas. É importante também
desenvolvendo novos produtos para reúne condições para uma mudança consultar os fabricantes de compres-
substituição dos HFCs. “A Koura por mais acelerada por alternativas de sores e unidades condensadoras para,
exemplo, está desenvolvendo a linha menor impacto ambiental. “Já exis- junto com o fabricante de fluido refri-
de LFRs. Os LFRs serão utilizados em tem soluções simples e práticas que gerante, saber a compatibilidade com
diversas aplicações, como refrigeração permitem a conversão de sistemas tra- seus sistemas. No caso de equipamen-
doméstica, comercial, automotiva e dicionais com HCFC (R-22) e HFC tos novos, seguir sempre a orientação
em aparelhos de ar-condicionado.” De (R-404A) para soluções mais sustentá- do projeto.”
acordo com executivo, a empresa lan- veis e ainda assim melhorar a eficiên- A executiva da Chemours reco-
çou, recentemente, o primeiro de sua cia do sistema. O alto custo de energia menda sempre perseguir os objetivos
próxima geração de refrigerantes de no Brasil faz com que alternativas de eficiência energética combinados
baixo GWP, o Klea® 473A, seguindo como mesclas de HFC/HFO (R-449A aos requisitos de projeto. Uma vez
a classificação proposta como ou OpteonTM XP40 por exemplo), que são produtos não inflamáveis e
refrigerante A1 pelo comitê ASHRAE mais eficientes e de menor impacto não há limite de cargas impostas por
SSPC34. direto, se tornem viáveis. Essas alter- normas para sua aplicação. “Já em
Por seu lado, o Opteon™ pode ser nativas servem tanto para retrofit de relação a série de produtos OpteonTM
dividido em duas séries: Opteon™ XP e sistemas já em operação quanto para XL precisam ser observados limites
Opteon™ XL, ambas com característi- novos projetos. A operação de troca de carga relacionados à segurança do
cas de ODP nulo e baixo GWP. “A série é simples e pode ser feita da noite de produto, que envolvem requisitos de
OpteonTM XP oferece produtos de um dia para o outro evitando longas projetos, características da instalação
baixo GWP, todos classificados como paradas no funcionamento das lojas. e tipo e localização. Para garantia
não inflamáveis pela ASHRAE, pró- Além disso, as mesclas de HFC/HFO do uso seguro dos produtos da série
prios tanto para aplicação em retrofits possuem características similares aos OpteonTM XL a Chemours indica
e adequação de sistemas, quanto para HFC, inclusive na questão da segu- a observação de normas interna-
o uso em novos projetos e equipamen- rança e manuseio, permitindo que as cionais de segurança como a ISO-
tos. Já os produtos da série OpteonTM práticas adotadas para o HFC sejam 5149. Entretanto é relevante comentar
XL oferecem o mais baixo GWP pos- as mesmas. A experiência nos milha- que os produtos oferecidos dentro da
sível, de acordo com a aplicação indi- res de casos realizados no mundo linha OpteonTM XL são classificados
cada, entretantoo, todos os produtos é de que essas conversões puderam como A2L, o que os confere maior fle-
são classificados como A2L de acordo reduzir o consumo de energia em xibilidade de aplicação e maior limite
com a ASHRAE, ou seja, levemente até 12% preservando as característi- de cargas, visto que o risco de infla-
inflamáveis e não tóxicos. Devido à cas e capacidades do sistema. Várias mabilidade associado a tais produtos
refrigerante. A
adoção no mercado
brasileiro deverá
seguir esta mesma
linha, entretanto a
agenda regulatória
brasileira se difere
da dos países
desenvolvidos
como os da Europa
e Estados Unidos,
onde já há restri-
ções ambientais
que obrigam a
adoção de solu-
ções de baixíssimo
impacto ambien-
tal”, diz Canozzi.
“O R-1234yf é um
produto que ofe-
rece o menor GWP
possível, logo, a
principal vanta-
gem de utilizar
este produto está
relacionada à sus-
tentabilidade por
Joana Canozzi oferecer reduzido
impacto ambiental.
é significativamente inferior ao risco tema. Importante observar que os flui- Entretanto suas características ter-
associado ao uso de gases industriais dos refrigerantes sintéticos são sempre modinâmicas, muito similares às do
inflamáveis da classe A3, como os misturas, exigindo que realização da R-134a, também facilitam sua apli-
hidrocarbonetos (R-600a ou R-290). carga seja sempre na forma líquida”, cação em projetos já desenvolvidos
Já quando comparados a sistemas de recomenda. para o R-134a, facilitando a transição.
amônia, comumente utilizados em “Importante selecionar um fluido O R-1234yf é um produto levemente
aplicações industriais, os produtos da sempre com menor GWP possível. inflamável e não deve ser aplicado em
linha OpteonTM eliminam o risco Quando falamos em eficiência ener- veículos que não foram projetados
relacionado à toxicidade.” gética, não podemos apenas focar no de fábrica para a sua utilização, e os
Ramos insiste na necessidade de fluido refrigerante, mas sim avaliar equipamentos utilizados para a sua
sempre seguir as recomendações dos um sistema completo. A melhoria aplicação devem ser à prova de explo-
fabricantes do sistema, verificando pode vir, por exemplo, com novos são e possuir conexão compatível com
carga máxima permitida para as famí- componentes eletrônicos (válvula de a de produtos inflamáveis. Em relação
lias dos HCs e ter uma equipe qualifi- expansão eletrônica, micromotor ele- ao manuseio e armazenamento, além
cada para operar com os novos fluidos trônico), implementação de sistemas das recomendações já normalmente
refrigerantes. “O fluido que contiver o de monitoramento eficientes (tecno- observadas para os fluidos refrigeran-
menor GWP, por característica, terá a logias 4.0), e até uma manutenção tes, também devem ser observadas as
questão de flamabilidade (A2L). Nesse preventiva pode ajudar a eficiência de informações adicionais contidas na
caso, é importante utilizar equipamen- um sistema”, completa Ramos. FISPQ, que incluem referência a tem-
tos para manutenção que sejam proje- Uso automotivo peratura de armazenamento e requisi-
tados para antichamas (por exemplo, “O mercado automotivo já vem tos de segurança específicos”, conclui
bomba de vácuo, recolhedora de gás, adotando o OpteonTM yf (R-1234yf) Joana Canozzi.
detectores de vazamentos que identifi- como alternativa ao R-134a e,
inclusive no Brasil, já recebemos Ronaldo Almeida
quem os HCs). Na prática, recomendo
veículos importados com este fluido ronaldo@nteditorial.com.br
ter mais cuidado na reoperação do sis-
© Michael Vi | Dreamstime.com
Veja algumas alternativas ao R-141b para a limpeza de
sistemas
A+CR: Quais os novos fluidos indi- é pouco agressivo. Outra caracterís-
cados para a substituição do 141b? Para apresentar tica muito importante é o fato dele
Colombo: A saída do 141b direciona ser comercializado em litro e não em
o mercado na busca de alternativas.
alternativas ao R141b quilo. Se atentarmos para o fato do
O ideal é que o produto seja especi- convidamos os 141b ser um fluido e talvez por isso
ficamente desenvolvido para a lim- sempre ter sido vendido em quilo e
peza dos sistemas (Flushing). O nosso especialistas Roberto sua densidade ser de 1,25 g/l, podemos
produto é importado diretamente da Colombo, da Quimital, verificar que quando se compra 1 kg
Itália e possui nossa marca própria, de 141b, na realidade adquirimos 0,8
pois estamos fazendo o envase aqui e Joana Canozzi, da litro de produto, ou seja, é um volume
no Brasil, aumentando a oferta do menor que um litro para efetuar a lim-
produto. Trata-se do Total Flush, pro-
Chemours peza do sistema.
duto que até pouco tempo ofertávamos Canozzi: Opteon™ SF80 possui exce-
ao mercado com o nome de Belnet. lente poder de solvência, que supera
Trata-se do mesmo produto, com as o do R-141b. O poder de solvência é
mesmas características. medido em valores de KB. Enquanto o
Canozzi: A Chemours lançou em Opteon™ SF80 oferece valor de KB=99,
setembro de 2019, durante a Febrava, o HCFC-141b apresenta valor de KB
um produto chamado OpteonTM = 56. Em termos práticos isso quer
SF80, próprio para ser utilizado como dizer que executando o serviço com
substituto ao R-141b em limpeza de OpteonTM SF80 o resultado será
sistemas de forma tão segura quanto ainda mais satisfatório. Uma das gran-
o uso do R-141b, já consolidado no des facilidades do Opteon SF80 é que
mercado. sua aplicação requer cuidados e roti-
A+CR: Quais as características e nas de aplicação muito similares aos
propriedades de cada um deles? já executados com R-141b, pois, não
Colombo: No caso do Total Flush, é um produto tóxico nem inflamável,
além da excelente limpeza que pro- e é compatível com grande variedade
porciona, é um produto leve, de fácil de metais, plásticos elastômeros
retirada do sistema, não mancha e Roberto Colombo aplicados a sistemas de refrigeração e
de 32.000 Btu/h.
Apesar de também
ser um HFC, o R-32 pos-
sui 1/3 do potencial de aque-
cimento global apresentado pelo
R-410A. Após muitos testes a
conclusão foi de que o R-32 é
o refrigerante mais equi-
librado e adequado em
termos de impacto
ambiental, eficiên-
cia energética,
segurança e custo/benefício quando “Acredito que no Brasil a adoção de formance energética excelente em
aplicado a condicionadores de ar fluidos refrigerante com baixo GWP equipamentos de ar-condicionado;
e bombas de calor”, diz Leandro serão mais uma imposição tanto permite carga de fluido refrigerante
Lourenço, gerente de engenharia de dos fornecedores pela limitação de menor em comparação ao R-410A,
produtos da empresa. componentes, bem como da parte além de equipamentos com dimen-
Lourenço explica que os fluidos dos clientes que tenham políticas de sões menores, mas com maior efi-
refrigerantes com baixa agressão cli- proteção ao meio ambiente e exigem ciência energética; o ferramental é
mática utilizados nos chillers são aplicação de fluidos de baixo GWP, compatível com o R-410A”, resume
mais caros e demandam mais emis- movimento já iniciado na Europa. Lourenço.
sões de CO2 para serem produzidos, A aposta da empresa no R-32 parte O gerente de produtos da Daikin
ou seja, “a visão global da produção das suas vantagens ambientais. O argumenta, ainda, que apesar de o
até a sua rejeição é fator preponde- R-32 possui 1/3 do GWP (Global R-32 ser um fluido que não possui
rante na determinação de um novo Warming Potential) do R-410A, de uma ampla distribuição no mercado,
fluido dito como menos agressor.” 675 contra 2.090, respectivamente. principalmente em regiões mais
Ele argumenta, entretanto, que a Este é um índice representado por remotas, esse é um problema tem-
empresa já oferece chillers prepa- um valor numérico relativo, quanto porário que desaparecerá à medida
rados para trabalhar com fluidos maior o seu valor, maior o potencial que surgirem mais equipamentos no
refrigerantes de baixo GWP, tendo para aquecimento global. O valor de mercado. “Quando o R-410A surgiu
sido a primeira a lançar chillers com GWP igual a 1 foi definido em rela- como substituto do R-22 a condição
o R-32, por enquanto disponíveis ção ao potencial para aquecimento era a mesma, mas isso logo foi supe-
somente para os mercados europeu e global apresentado pelo Dióxido de rado. O mesmo deve ocorrer com o
outros países que operam em 50 Hz. Carbono (CO2), e os valores de todas R-32 em breve.”
“Tal família apresenta novo projeto as outras substâncias estão referen- O R-32 é um fluido de baixa infla-
que permite inclusive a geração de ciados neste fluido natural e calcu- mabilidade, classificado na categoria
água gelada por meio de free coo- lado sobre um período específico A2L pelas normas ASHRAE 34 e
ling, aproveitando baixas temperatu- (normalmente 20, 100, ou 500 anos). ISO 817, e que pode ser utilizado de
ras ambientes que, por diferença da Dentre as vantagens do R-32, forma segura em sistemas de menor
pressão entre os trocadores de calor, Lourenço enumera: porte. “A norma técnica interna-
fazem com que haja migração do 1-Pressão de trabalho e compatibi- cional e que é utilizada no Brasil
R-32 circulando pelo equipamento lidade de óleo lubrificante similares pelo Inmetro para a avaliação da
com baixíssimo consumo de ener- ao R-410A, o que facilita o desenvol- segurança dos condicionadores de ar
gia”, argumenta. vimento de novos sistemas com base domésticos, a IEC 60335-2-40, já tra-
Além da linha BluEvolution, com em uma plataforma antiga, além da zia requisitos específicos para equi-
compressores scroll e fluido R-32, compatibilidade de ferramentas; pamentos que utilizam fluidos refri-
a Daikin também fabrica chillers 2-Capacidade de refrigeração gerantes inflamáveis. Em sua última
parafuso e centrífugos com fluidos volumétrica superior e densidade versão publicada em 2018, os fluidos
da família HFO com baixo GWP, inferior ao R-410A, o que resulta refrigerantes de baixa inflamabi-
como o R-513A e o R-1234ze. “Somos em menor massa de fluido refrige- lidade, que são classificados como
um país tropical, ar-condicionado rante para um sistema de mesma A2L, foram levados em considera-
para resfriamento é utilizado até capacidade, reduzindo ainda mais o ção, trazendo requisitos específicos
no inverno, em shoppings, aeropor- impacto ambiental; para este tipo de fluido. Os labora-
tos, data centers, indústrias e até -Unidades de produção já conso- tórios acreditados pelo Inmetro no
prédios comerciais. Mesmo com lidadas (o R-32 é uma das substân- Brasil para a realização dos testes de
a temperatura externa abaixo de cias que compõem o R-410A, que é segurança já efetuam testes em pro-
15°C é necessário combater a car- amplamente utilizado atualmente); dutos com fluidos inflamáveis. Ao
gas térmicas internas, tanto latente -Estima-se que já existem mais de ser testado e aprovado nesses testes
quanto sensível”, entende o gerente 100 milhões de splits com o fluido de segurança, os sistemas são con-
da Daikin. R-32 no mundo com presença nas siderados seguros para utilização”,
Assim, acredita ele, os equipa- Américas, Europa, Oriente Médio, conclui Leandro Lourenço.
mentos com inversor de frequência Ásia e Oceania.
Trane acompanha várias
já são utilizados há pelo menos 15 “O R-32 possui propriedades supe-
alternativas
anos no Brasil, enquanto no Japão riores sendo a escolha natural para
o inverter já é realidade desde 1950. substituição do R-410A; tem per- “Os sistemas split em geral uti-
De acordo com Dutra, os fluidos ção atual.” ponto de vista direto do efeito do
de alta pressão mais aplicados no Dutra lembra a classificação 2L do refrigerante na atmosfera, quando
mercado são o R-452B e o R-32. R-32, “embora não devamos tratar do ponto de vista indireto em relação
Uma vantagem, segundo ele, é que já isso de forma alarmista e despropor- à eficiência, sabendo que a produ-
existem produtos testados e em linha cional, esta classificação gera uma ção de energia também impacta no
de produção de alguns fabricantes, exigência de segurança maior do que efeito estufa dependendo de como é
o que indica uma maior confiança os fluidos da classe 1 como era o caso gerada). Neste cenário, ganham força
na adoção destes fluidos. Possuindo do R-410A. Precisamos nos assegu- os HFOs e os refrigerantes naturais
certa inflamabilidade, é importante rar de que os procedimentos de fabri- (propano, R-290) como soluções de
atentar para os limites descritos em cação, transporte, armazenamento, longo prazo e, de forma transitória,
norma. instalação, manutenção e operação as misturas (blendas) dos HFOs com
“Para os fluidos de baixa pres- sejam todos adequados para um nível HFCs, como o R-452B e o R-454B
são, o R-514A é o principal substi- aceitável de segurança. Além disso, e o R-32, que é um dos componen-
tuto do R-123, sendo praticamente não é um fluido que substitui dire- tes do R-410A, principal refrigerante
um drop-in, com pouca redução tamente o R-410A como um drop- utilizado atualmente em splits”, se
de capacidade ou performance. O -in e, portanto, exige equipamentos posiciona Cláudio Kluwe, gerente de
R-133zd(E) já possui características devidamente projetados para o uso engenharia de produtos da Midea
que o restringem a aplicações de do novo gás.” Carrier.
maior capacidade. Dentre os fluidos “Segundo a ASHRAE Standard 15, No caso dos chillers, Kluwe, a
de média pressão para substituir o fluidos do grupo A2 (o que inclui o exemplo dos demais entrevistados,
R-134a, temos três principais opções: subgrupo A2L) não podem exceder esclarece ser necessário diferenciar
O R-513A é a única opção de classi- 500kg de fluido total na instalação. as diversas aplicações. “Para sistemas
ficação 1 não inflamável, porém com Caso a quantidade de fluido exceda de baixa pressão, a tendência são os
uma pequena redução de eficiência e 25% o limite inferior de inflamabili- HFOs puros como o R-1233zd ou o
capacidade, e necessita de pequenas dade (LFL), de acordo com o volume R1234ze/yf, já lançados comercial-
modificações nos equipamentos para do espaço ocupado, os componen- mente em chillers na Europa. Nos
sua adoção, o que tem feito com que tes elétricos nestes lugares deverão sistemas de média e alta pressão,
a adoção deste fluido seja mais rápida estar preparados para atmosferas com a solução se aproxima do que está
e de forma preferencial. As outras presença de material combustível. evoluindo para os sistemas split em
duas alternativas são o R-1234ze Além disso, as restrições de limite de função das temperaturas de traba-
e o R-1234yf ambos da classe 2L, concentração de fluido, em caso de lho, com maior cautela em função
que, além de exigirem o redesenho vazamentos, se aplicam conforme o da inflamabilidade apresentada por
completo dos equipamentos que os informado pela Standard 15”, conclui algumas das soluções propostas, em
utilizarão, apresentam significativa Dutra. função das maiores quantidades de
redução na eficiência e capacidade refrigerantes envolvidas.”
Midea Carrier considera
dos equipamentos quando compa- “Para todas as alternativas levan-
fatores técnicos, comerciais e
rado com o R-134a”, explica Dutra. tadas acima”, continua ele, “além
ambientais
O executivo da Trane esclarece dos aspectos que foram citados no
que o R-32 possui pressões de traba- “A escolha do refrigerante que item 1 para a escolha do refrige-
lho similares ao R-410A e tem sido substituirá os HFCs (nesse caso, para rante, também deve-se considerar o
aplicado já em alguns produtos no splits, estamos falando quase que grau de inflamabilidade e toxicidade
mercado. “Dessa forma, é um fluido com exclusividade no R-410A) deve já que, no caso de vazamentos, o
para ser utilizado em sistemas com- se dar com base nos seguintes fato- refrigerante pode ter contato com
pactos que utilizam compressores res: técnicos (capacidade, eficiência, pessoas que prestam serviço ou com
rotativos ou scroll, como é o caso estabilidade em diferentes condições o público em geral. Além disso, o
de splits. Os produtos desenvolvi- do envelope de operação do sistema glide (diferença de temperatura de
dos para utilizar o R-32 estão apre- etc.), segurança (inflamabilidade e mudança de fase dos componentes
sentando uma eficiência energética toxicidade), sustentabilidade (custo, da mistura) também é um fator a ser
comparável e até superior ao R-410A atendimento a normas e códigos, analisado no caso das misturas ou
e, em alguns casos, requerem menor possibilidade de utilização com com- blendas, uma vez que pode impac-
carga de fluido por kW de refrigera- ponentes e equipamentos existen- tar em eficiência e confiabilidade do
ção. Além disso, o GWP na ordem de tes), ecologicamente correto (baixo sistema.”
670 o coloca dentro da regulamenta- impacto no efeito estufa, tanto do O gerente da Midea Carrier aponta
a similaridade do R-32 com o na fábrica. Outro ponto a ser consi- tipo A2L, como o R-32 (levemente
R-410A, do qual é um dos compo- derado durante a qualificação de um inflamável) e de um equipamento do
nentes, em relação à faixa de apli- sistema com R-32 é a maior tempera- tipo A2 ou A3 (como o R-290, por
cação, o que o torna um candidato tura de descarga nos sistemas que o exemplo). De qualquer forma, fontes
potencial para splits em substituição utilizam, que necessita de diferentes de ignição devem ser verificadas no
ao R-410A. “O principal ponto favo- parâmetros de controle em relação projeto do equipamento, bem como
rável é a similaridade com o R-410A, ao R-410ª”, diz, ainda, Kluwe. deve-se buscar reduzir ao máximo o
demandando poucas alterações no “Os cuidados em relação ao R-32 volume do sistema para redução da
sistema de refrigeração e compo- iniciam no momento do desenvol- massa de refrigerante”, completa o
nentes utilizados, incluindo o com- vimento do sistema, do projeto, e gerente da Midea Carrier.
pressor. Normalmente o compressor estendem-se à produção e manu-
Um panorama mundial da
desenvolvido para R-32 pode ser uti- seio do fluído e do equipamento
substituição, segundo Roberto
lizado para o R-410A, tal a similari- em campo. Em função do volume
Peixoto
dade de ambos sob o ponto de vista do ambiente em que é instalado,
de características de operação.” existe um limite máximo de massa Roberto de Aguiar Peixoto, pro-
“O principal ponto desfavorável é de refrigerante para cada tipo de fessor pleno do Instituto Mauá
a inflamabilidade, que exige cuida- equipamento e devem ser seguidos de Tecnologia (IMT) e consul-
dos adicionais do produto e da linha os requisitos de ventilação estabe- tor independente em vários orga-
de produção e montagem. O R-32 lecidos pela norma. Este limite de nismos internacionais, incluindo
é considerado um fluído levemente concentração em um ambiente para o Programa das Nações Unidas
inflamável (A2L - segundo classifica- onde o fluido possa vazar, varia em para Desenvolvimento (PNUD),
ção da IEC 60335-2-40), e demanda função da classificação de infla- acompanha de perto a substituição
cuidados adicionais e mão de obra mabilidade do refrigerante, sendo dos HFCs em todas as regiões do
treinada para manuseio em campo e diferente para um equipamento do mundo. “O HFC-32 tem apresen-
novos fluidos na climatização
tado uma introdução generalizada sor scroll) está mudando para HFC- gasosa; os sistemas que funcionam
em unidades residenciais split em 32, R-466A, R-452B, R-454B; com R-32 exigem aproximadamente
muitos países ao redor do mundo. -Chillers que usam R-717, R-718 um quarto a menos de carga em
No entanto, empresas continuam a e HC-290 também estão disponí- comparação com os sistemas de ar-
avaliar e desenvolver produtos com veis em uma base regional (como os -condicionado que funcionam com
várias combinações de HFC/HFO, códigos de segurança de construção R410A; GWP médio (675), dois ter-
como R-454B, R-452B, R-454C e diferem de região para região). Os ços menor do que o R-410A; dispo-
R-513A. O HFC-32 é um dos com- produtos que utilizam esses refrige- nível agora de vários fornecedores”,
ponentes da maioria des- aponta.
sas misturas. Em alguns Por outro
casos, um iodo-fluo- lado, é “media-
rocarbono (IFC) faz namente infla-
parte da composição”, mável - classi-
começa explicando. ficação A2L, é
Peixoto diz que inf lamável em
foram feitas conver- condições muito
sões de linhas de pro- particulares - e
dução de equipamentos considerações
split para HC-290 na adicionais de
China, Sudeste Asiático segurança preci-
e América do Sul. “Há sam ser levadas
introdução limitada em considera-
no mercado, devido a ção; a tempera-
requisitos restritivos de tura de descarga
padrões de segurança pode ser de 5 K
estabelecidos pelas nor- a 30 K mais alta
mas, que estão em pro- do que R-410A
cesso de revisão (IEC ou HCFC-22,
60335-2-40 no caso de no entanto, isso
ar-condicionado e bom- pode ser geren-
bas de calor). Na Índia, ciado por tecno-
a adoção de condiciona- logia de injeção
dores de ar split HC-290 ou controle de
continua a aumentar, sucção úmida,
principalmente por um embora isso
fabricante nacional. implique um
Fabricantes nacionais custo e / ou pena-
em países em desenvol- lidade de desem-
vimento estão adotando penho para o ar-
HFC-32 e R-410A.” -condicionado; o
O professor do IMT GWP ainda não
aponta algumas substi- é baixo o sufi-
tuições em curso: ciente: o HFC-32
-HCFC-123 (em tem um GWP
chillers centrífugos) está muito mais baixo
mudando para HCFO-1233zd (E), rantes já estão disponíveis no mer- que o R-410A, conforme mencionado
R-514A; cado há algum tempo, afirma. anteriormente, no entanto, ainda
- O HFC-134a (em chillers de Peixoto diz, também, que, em não é considerado uma solução de
compressor centrífugo e parafuso) princípio, o R-32 é um substituto longo prazo”, opina o especialista.
está mudando para R-513A, HCFO- para todas as aplicações que usam
1233zd (E), HFO-1234yf e HFO- R-410A. “Substância simples, não é
1234ze (E); mistura, sem glide de temperatura; Ronaldo Almeida
-R-410A (em chillers de compres- pode ser carregado na fase líquida ou ronaldo@nteditorial.com.br
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O papel da engenharia é oferecer soluções sustentáveis
Entendo que os HFOs seriam os características muito bem definidas gindo-se precauções e procedimentos
substitutos dos HFCs, porém apresen- que regem os projetos de sistemas de de trabalho que mitiguem o risco
tam características que dificultam sua refrigeração que os utilizam: infla- oferecido.
aplicação, como o alto preço, indis- mabilidade, altas pressões e toxidade. Entendo que o que nos trouxe ao
ponibilidade no mercado e dúvidas De forma generalista, Propano, CO2 patamar onde nos encontramos hoje
que ainda persistem sobre o impacto e Amônia seriam recomendados para foi a demanda por escolhas sustentá-
do produto no meio ambiente, além aplicações em sistemas de refrigera- veis e ambientalmente corretas. Então,
do fato de terem classificação A2L. Se ção de baixa capacidade (< 100 kW), as emissões equivalentes e a eficiência
avaliarmos todos estes fatores e defi- média e alta (100 – 1.000 kW), e energética dos fluidos refrigerantes são
nirmos que a disponibilidade no mer- muito altas (> 1.000 kW), respecti- fatores de fundamental importância
cado e o impacto ambiental são pre- vamente. De qualquer forma, cada na execução de um projeto de refrige-
ponderantes sobre os demais, chega- projeto demanda análises específicas, ração, porém, a segurança operacional
remos à conclusão que os fluidos con- que vão além da capacidade final do deve ser outro fator preponderante,
siderados naturais, como o Propano sistema de refrigeração, exigindo-se já que tudo o que fazemos tem por
(R290), CO2 (R744) e Amônia (R717), uma avaliação criteriosa para a esco- finalidade a qualidade de vida do ser
possuem qualidades superiores aos lha do fluido correto. humano. Cabe à engenharia conciliar
HFOs e seriam eles as alternativas Estes 3 fluidos refrigerantes pos- todas estas questões e oferecer soluções
para substituição dos HFCs, como suem características que são deter- que atendam todas estas necessidades.
está se efetivando no mercado brasi- minantes para definições de projeto e
leiro de refrigeração comercial, onde que estão diretamente relacionadas à
o Propano e o CO2 já estão presentes segurança operacional. O Propano é
em milhares de estabelecimentos do um fluido inflamável, o que demanda
varejo alimentar. Estas são soluções projetos específicos para garantir que
à prova de futuras restrições que os o risco de incêndio ou explosão tenda
fluorados ainda possam sofrer, além à nulidade. O CO2 e suas altas pressões
das atuais definidas pelos Protocolos de trabalho vai exigir conhecimentos
de Montreal e Emenda de Kigali. de dimensionamento de tubulações e
Propano, CO2 e Amônia são simila- componentes diversos, além da pre-
res quando comparados sob o prisma visão de sistemas de alarme e venti-
de impacto ambiental, além de possu- lação que permitam segurança caso
írem baixíssimo ou nenhum índice de haja o vazamento deste em ambientes
GWP e terem um custo de aquisição fechados. A Amônia, em função da Rogério Marson Rodrigues
extremamente baixo quando compa- sua toxidade, demanda total atenção Gerente de Engenharia da Eletrofrio
rado aos HFCs e HFOs. Fora estas às possibilidades de vazamento, exi- Refrigeração
similaridades, cada qual possui outras
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O que observar quanto à aplicação de fluidos na
refrigeração comercial
É importante, quanto à aplicação Global), Grupo de Segurança (quanto cipal aplicação é para médias e altas
de cada fluido refrigerante, definir o à inflamabilidade e toxicidade) e temperaturas de evaporação, sendo
motivo da substituição, se por retrofit, Temperatura Glide, por serem variá- também grupo de segurança A2L,
ou para um novo projeto. No primeiro veis que têm grande peso na definição baixa inflamabilidade, o que impõe
caso, é importante que o proprietá- técnica e comercial do fluido a ser especificidades com relação aos itens
rio e o mantenedor do equipamento escolhido com grande grau de influên- de segurança do projeto.
tenham recebido as informações com- cia em custo e complexidade do pro- Para o caso dos HCs (hidrocarbo-
pletas sobre a aplicação do novo fluido jeto. É oportuna a observação de que netos), a aplicação atende muito bem
refrigerante: eficiência, disponibili- existe um excelente documento dis- os três principais regimes (BT, MT,
dade, classe de segurança, pressões ponibilizado pela Abrava, a Renabrava AT), porém são fluidos do grupo de
de trabalho, compatibilidade material 5 - Guia para Uso e Aplicação dos segurança A3, inflamáveis, o que
etc., bem como a justificativa pela Fluídos Frigoríficos. requer projeto específico de segurança
substituição. Para o caso de novos pro- No caso das blendas HFC+HFO e observação da carga máxima permi-
jetos, a situação é mais simples, pois a a aplicação é extensa e variada tida por legislação para equipamen-
definição pelo novo fluido foi tomada (BT,MT,AT) para equipamentos de tos conforme meio a ser resfriado.
por critérios técnicos e comerciais. pequeno, médio e grande porte com Normalmente são fluidos aplicados
Existem diversas opções técnicas os tipos construtivos comuns de com- para equipamentos de pequeno porte
homologadas, como por exemplo as pressores e componentes, podendo ser com expansão direta (R-290, R-600a)
misturas HFC+HFOs, os HFOs puros utilizado como fluido de retrofit, sem- e carga até 150g., porém, já há sistemas
ou os naturais. Essas opções apre- pre observando através de software de grande capacidade em operação em
sentam caraterísticas distintas às dos dos fabricantes dos componentes qual regime de expansão indireta (chillers
HFCs aplicados até então, o que deverá é a variação de resultado apresen- de propano com Glicol, cascata R290
alterar pontos de projetos devido à tada no equipamento, mas de forma x CO2). Não são opções para retrofit
eventual inflamabilidade, toxicidade e geral é bem satisfatório, com poucas direto em equipamentos de média e
pressão, que deverão ser avaliadas caso alterações ou mudanças significativas. alta capacidade. Para retrofit em equi-
a caso de acordo com a opção definida. Observar, quando aplicável, a altera- pamentos de pequena capacidade é
É importante sempre avaliar ção do fluido lubrificante e dispositi- obrigatório seguir as recomendações
características técnicas, GWP (ou vos de expansão. do fabricante, a legislação local, bem
PAG - Potencial de Aquecimento Para o caso dos HFOs puros a prin- como a adequação de segurança para
(divulgação Trox)
está sob risco. Entre os componentes nado a uma certa distância permitida,
para controle são utilizados os dampers tais instalações são aprovadas desde que
corta-fogo, com tipos de acionamentos observado rigorosamente as recomen-
variados e dampers de regulagem, com dações do fabricante.
elevado grau de estanqueidade. O dam- sendo que esses dois últimos coman- Enquanto a parede resistir ao fogo o
per corta fogo tem entre suas funções dam o damper à distância, tanto para damper não pode cair ou se desprender
evitar propagação de chama e radia- abrir como fechar. A decisão quanto ao da mesma.
ção de temperaturas elevadas entre o tipo de acionamento e a possibilidade Se Isto ocorresse permitiria passa-
ambiente sob sinistro e os que o cir- de abertura e fechamento à distância é gem de chama, calor ou fumaça pela
cundam. Outras funções do damper muito importante. É imprescindível que abertura exposta ou entre carcaça e
corta fogo, também usado em extração de tempos em tempos os dampers sejam alvenaria, comprometendo, também, a
de fumaça, e do damper de regula- acionados para verificar seu funciona- isolação térmica contra radiação que
gem, estão as de controlar a exaustão mento e aplicada eventual manutenção deve ser equivalente ao próprio damper.
de fumaça, bem como evitar sua pro- se necessário. Por isso e por exemplo, Quanto à disseminação de fumaça, a
pagação para áreas não atingidas pelo numa instalação com muitos rearmes norma determina métodos de ensaio
incêndio e criar rotas de fuga seguras. nos próprios dampers e sob condições de que atestam se a construção é propícia
É importante frisar que a fumaça é o difícil acesso isso pode ser um enorme para se obter um grau de estanqueidade
que mais causa óbitos num incêndio e complicador. adequado.
não o fogo. Uma forma de entender a função do Existem critérios de compartimenta-
A fumaça, além dos danos causados à damper corta-fogo é defini-lo como o ções horizontais e verticais para as edi-
saúde pela sua inalação e que pode levar elemento que “reconstitui” uma parede ficações, com classes de resistência para
ao óbito é considerada um “inimigo que necessita de abertura, por exem- 30’, 60’, 90’ e 120’. Da mesma forma,
silencioso”, pois causa pânico ao ser plo para passagem de um duto de ar. existem dampers compatíveis com essas
notada, o que provoca sérias consequên- Ao fazer abertura na parede, além de classes. No caso de áreas que envolvem
cias num momento crucial para se quebrada sua resistência ao fogo, este processos, a escolha depende da ativi-
adotar os procedimentos de segurança ponto passa a ficar vulnerável. No caso dade exercida e os impactos que um
necessários. de incêndio, a rede de dutos cai devido eventual incêndio causaria.
Dampers destinam-se não apenas à elevação da temperatura, que ultra- A escolha da classe de resistência do
para segurança e proteção de pessoas, passa 800ºC em 30’ e 1.000ºC em 120’, damper tem que ser compatível com a
além de patrimonial, mas também para como prevê a norma. Caindo a rede de classe da edificação. Deve-se tomar cui-
a proteção de processos, equipamentos, dutos, a abertura fica exposta, passando dado para evitar escolhas equivocadas,
dados e outros ativos. Por exemplo, uma chamas, fumaça e calor. Vale ressaltar por exemplo colocar damper para 30’
sala de data center que necessita classe que mesmo que os dutos não caíssem, numa parede para classe 120’, pois, até
de resistência para 120’ devido a impor- sua chapa sofreria deformações, além 120’, a parede se manteria e a partir de
tância de sua atividade. de não ter isolação térmica adequada, 30’ o damper poderia romper ou, o con-
Quanto aos tipos de acionamentos a permitindo da mesma forma a passagem trário, colocar damper para 120’ numa
escolha não interfere na classe de resis- desses elementos. parede para 30’, visto que passados 30’
tência ao fogo, mas como será operado Tão importante quanto o uso do a parede poderia cair e junto com ela, o
o sistema. O acionamento pode ser por damper corta-fogo é a maneira como é damper para 120’.
fusível, que dispara somente se o damper instalado. Como elemento de reconsti- Os estados brasileiros têm suas
estiver submetido a 72ºC, acionamentos tuição de uma parede, a forma de insta- legislações regidas pelo Corpo de
elétricos por eletroímã ou solenoide, lação mais eficaz e segura é chumbando Bombeiros, sendo que a referência tem
que são comandados à distância, e com o damper na própria abertura. Desta sido o estado de São Paulo. A legis-
rearme no próprio damper, com atuado- maneira o damper fica embutido de tal lação paulista está referenciada, prin-
res elétricos ou cilindros pneumáticos, forma que, quando fechada, a aleta se cipalmente, na Instrução Técnica
09/2019: Compartimentação horizontal ultrapassar 180ºC em qualquer ponto aleta não pode ser superior a 180ºC.
e compartimentação vertical, e Decreto de medição, destacando que para classe • Quanto à realização de testes, é de
63911/18: Regulamento de segurança 120’ a temperatura de teste chega a extrema importância que o órgão
contra incêndios das edificações e áreas aproximadamente 1.050ºC. certificador seja reconhecido por
de risco do Estado de São Paulo. As normas detalham suas exigên- sua capacidade técnica, como é o
Existem diferentes normas em todo cias, mas em particular quanto à norma caso do IPT – Instituto de Pesquisas
o mundo, com as suas particularida- ABNT NBR 6479:1992, e sempre asso- Tecnológicas de São Paulo, fundado
des, que definem os requisitos e suas ciado aos tempos de resistência de 30’, em 1899.
classes. No Brasil tem a norma ABNT 60’, 90’ e 120’, podem ser destacados: Um detalhe importante quanto à ava-
NBR 6479:1992 – Portas e Vedadores – • Confinamento ao fogo: O damper não liação de um certificado de teste diz res-
Determinação da Resistência ao Fogo, pode permitir a passagem de chamas, peito às dimensões do corpo de prova,
que é idêntica à norma DIN 4102, que o que é possível devido a sua resistência visto que qualquer damper com dimen-
foi cancelada e substituída pela norma mecânica; sões superiores ou inferiores aos testa-
EN 1366 – parte 2. As diferenças entre • Resistência mecânica: O damper não dos não se enquadram no certificado
essas normas são mínimas, voltadas pode sofrer deformações e danos como determina a norma. Dampers
para métodos de ensaio, permanecendo parciais ou totais que comprometam com dimensões pequenas passam nos
toda essência entre ambas. sua integridade; testes muito mais facilmente, o que já
É importante ressaltar que a norma • Estanqueidade: Verificado com uso de não ocorre com medidas maiores.
brasileira tem exigências não só um chumaço de algodão, que colocado Por isso, ao adquirir um damper com
com relação à passagem de chamas, a uma distância entre 20 e 30 mm do certificado é importante checar se as
mas também requisitos quanto à perímetro da aleta, não pode inflamar, medidas do produto desejado são com-
estanqueidade, para evitar passagem o que indicaria pontos falhos e que patíveis com o certificado.
de fumaça, e isolação térmica que, na comprometem resultado;
pior das hipóteses, determinam que • Isolamento térmico: Em qualquer Claudio José Kun,
a temperatura na superfície da aleta ponto de medição no lado oposto à Gerente Corporativo de Vendas da
no lado oposto à chama não pode chama, a temperatura na superfície da Trox do Brasil
tecnologia
EPE-MME,
2017) (Fonte:
Plano Decenal
de Expansão
de Energia
2027.
Considerando a importância do conforto térmico para as da velocidade do compressor, propiciando a redução de seu
residências e escritórios e visando diminuir o seu impacto consumo de energia em decorrência da redução da vazão de
no consumo de energia e no meio ambiente, tecnologias fluido refrigerante, por outro lado, apesar do condicionador
eficientes têm que ser apoiadas e incentivadas. O impacto convencional tipo on-off operar a plena carga nessas mes-
de equipamentos de climatização sobre o clima do planeta é mas condições, o compressor fica ligado apenas uma fração
devido a dois efeitos: direto, causado pelas emissões de flui- do tempo. Qual fator é preponderante?
dos refrigerantes gases de efeito estufa; e indireto, devido Para avaliar esta questão, em continuidade ao estudo
ao consumo de energia elétrica, considerando a emissão de experimental desenvolvido, o grupo de pesquisa do IMT,
gases de efeito estufa que ocorre na produção da energia em conjunto com pesquisadores da EPUSP, está desenvol-
elétrica consumida. O impacto indireto depende da inten- vendo um simulador computacional para avaliar o desem-
sidade de carbono ou fator de emissão de CO2eq da matriz penho e consumo de energia de equipamentos split inverter
elétrica do país ou região. em diferentes condições operacionais e em diferentes regi-
Uma alternativa para otimizar o desempenho e reduzir o ões do Brasil.
consumo de energia de unidades de ar-condicionado tipo O desenvolvimento do simulador em curso, contou com
split é o uso de compressores de rotação variável utilizando uma etapa inicial quando o desempenho de equipamento
inversores de frequência que ajustam continuamente a split inverter (controle de capacidade obtido pelo uso de
capacidade de refrigeração das unidades às suas demandas. compressores de velocidade variável) foi comparado a
Esta tecnologia – cujos equipamentos nela baseados rece- um modelo não-inverter, on-off (controle de capacidade
bem a denominação de split inverter - é uma alternativa mediante o ligamento-desligamento do equipamento), uti-
ao tradicional controle on-off do compressor. Foi realizado lizando um modelo matemático preliminar simplificado.
em 2018, pelo grupo de pesquisa em Refrigeração e Ar Este artigo apresenta os resultados de simulações numéricas
Condicionado do IMT, um estudo experimental visando feitas para esses dois tipos de condicionadores de ar, tendo
comparar o consumo de energia apresentado por essas como principal foco a análise do efeito da diferença de tem-
duas estratégias de controle de capacidade, o qual envolveu peratura nos trocadores de calor sobre o consumo diário de
a realização de testes de campo. A unidade split inver- energia para operação em um ambiente com perfil de carga
ter apresentou desempenho energético significativamente térmica típico.
melhor do que o da unidade split não-inverter. As reduções O modelo matemático foi construído a partir das equa-
do consumo de energia elétrica apresentadas pela unidade ções fundamentais da termodinâmica, transferência de
inverter em relação ao da unidade não-inverter foram de calor, mecânica dos fluidos, particularmente de escoamento
61,2%, 64,0% e 69,8%, respectivamente nos meses de março, bifásico (líquido-vapor); e/ou de informações experimen-
abril e maio (Peixoto, Paiva, Melero, 2019). Os resultados tais dos componentes do equipamento, principalmente
dos testes permitiram também verificar outro benefício da para o compressor, cujo desempenho nem sempre é bem
tecnologia inverter, que foi a melhoria do conforto térmico descrito com a utilização de modelos teóricos. Além disso,
proporcionado aos ocupantes do ambiente climatizado, para as simulações realizadas foram necessários dados de
como decorrência da elevação e da maior uniformidade no temperatura e umidade do ambiente externo, variação da
tempo da temperatura de insuflamento do ar em relação à carga térmica do ambiente condicionado ao longo do dia,
do split não-inverter. set-point de temperatura do ambiente condicionado, taxa
Além dos benefícios com relação aos impactos climáticos, de renovação de ar.
a diminuição do consumo de energia elétrica devido ao uso Além das análises de desempenho mencionadas, simula-
de equipamentos inverter acarreta também uma redução na dores numéricos permitem a avaliação do uso de diferen-
demanda de energia elétrica, diminuindo a necessidade de tes fluidos refrigerantes, considerando suas características
investimentos públicos e privados na construção de novas (GWP, inflamabilidade, toxidade, custo de produção etc.).
usinas de geração de energia elétrica. Para cada tipo de refrigerante é possível estimar a massa
de fluido refrigerante instalada no equipamento (carga de
Simulação numérica do ciclo de refrigeração
fluido) tamanho dos trocadores de calor e compressor. A
por compressão de vapor utilizado em
título de exemplo, um fluido refrigerante pode produzir
condicionadores de ar split
excelente desempenho energético, ser pouco tóxico, ter
A investigação das causas principais da redução de con- baixo GWP, mas se ele tiver um elevado volume específico
sumo de energia obtida pelo condicionador de ar do tipo nas condições de temperatura e pressão na entrada do com-
inverter é um dos aspectos importantes quando esse tipo de pressor, a taxa de deslocamento requerida desse equipa-
equipamento é analisado. Ao abordar qualitativamente essa mento seria elevada, ou seja, ele teria que ser relativamente
questão, surgem de início algumas dúvidas. Argumenta-se grande, provavelmente inviabilizando a utilização de tal
que, se por um lado o condicionador inverter se adapta à fluido.
demanda de resfriamento reduzida por meio da diminuição Com o modelo simplificado desenvolvido foi realizada a
Nas equações anteriores, a letra “h” designa a proprie- para o condicionador inverter, uma vez que a carga térmica
dade entalpia específica e os índices são: 1, entrada do com- e Tar,ext podem sofrer igualmente variações consideráveis
pressor; 2,iso, saída do compressor na compressão isoentró- nesse intervalo de tempo e o compressor se ajusta para
pica; 2, saída do compressor na compressão real; 3, saída do satisfazer a equação (12).
condensador; 4, entrada do evaporador. A variável W éa
cp
potência do compressor (W). A eficiência isoen- • Condicionador não-inverter
trópica do compressor é definida por: São apresentadas a seguir as principais modificações
adotadas em relação ao modelo matemático desenvolvido
W para o condicionador inverter. A temperatura Tsala não tem
(10)
ηCP = cp,ideal mais um valor constante. Ela varia ao redor da temperatura
W de set-point Tset-point, na faixa de controle fixada (+/- 1oC).
cp
A taxa de resfriamento produzida pelo evaporador não se
O coeficiente de desempenho do ciclo é calculado pela iguala mais à carga térmica do ambiente; é um valor deter-
relação: minado pela capacidade do condicionador não-inverter. A
Q diferença entre elas é responsável pela taxa de variação de
(11) COP = evap temperatura do ar no ambiente condicionado. A variação de
W Tsala com o tempo é obtida por meio do balanço de energia,
cp
igualar os valores entre a demanda e a capacidade. O perfil A Figura 6 é uma ampliação da anterior para a faixa de
de carga térmica corrigido obtido é apresentado na figura 3. horário entre 11 e 13 h, visando destacar o intervalo de
Para a temperatura do ar externo, foi considerada o perfil tempo “ligado” e o “desligado”.
diário típico do mês de janeiro da cidade de São Caetano
do Sul, segundo os valores produzidos pelo software HAP Figura 6. Intervalos de tempo “ligado” e “desligado” para
(2019) (vide Figura 4). o condicionador não-inverter.
Resultados
Foram realizadas simulações numéricas da operação dos
dois condicionadores de ar e os principais resultados obtidos
são a seguir apresentados na forma de gráficos. O set-point
de temperatura adotado para o ambiente condicionado foi
de 24oC, fixo para o inverter e com faixa de variação de +/-
1oC, para o não-inverter. A Figura 5 apresenta a variação
da temperatura do ambiente condicionado ao longo do dia.
O que pode ser destacado nessa figura é a duração do ciclo
liga-desliga para o condicionador não-inverter. O intervalo A Figura 7 apresenta a variação da taxa de resfriamento
de tempo na condição “ligado” é pequeno nos momentos de produzida pelos evaporadores dos dois condicionadores de
baixa carga térmica e longo ao redor das 15h, horário em ar. Para o condicionador inverter, a curva é idêntica à de
que o equipamento está operando a plena carga. carga térmica. Para o não-inverter, ela oscila um pouco ao
redor do valor de 2750 W. O ajuste da carga de resfriamento
Figura 3. Perfil de carga térmica do ambiente média à carga térmica do ambiente é conseguido às custas
condicionado tomado como caso de estudo. do ligamento e desligamento do equipamento, como fica
evidenciado na figura.
∆T
condensador
= Tcondensação − Tar ,ext
(20)
∆Tevaporador =
Tsala − Tevaporação
No evaporador do condicionador não-inverter, a dife- Figura 10. COP dos condicionadores ao longo do dia.
rença de temperatura no evaporador é sempre próxima de
23oC, ao longo de todo o dia. Para o não-inverter, o valor
máximo de ∆T é obtido apenas no instante de carga
térmica de pico. Quando a carga térmica é parcial, essa
variável tem valor sempre menor, atingindo o valor mínimo
de cerca de 12oC às 7h. Isso ocorre em virtude da equação
. O equipamento não-inverter fica ligado o tempo todo e
quanto menor a taxa de transferência de calor instantânea,
menor o ∆T requerido. Para o condicionador não-inver-
ter, no entanto, a vazão mássica de fluido refrigerante é
praticamente invariante e a taxa de calor transferida é pra- Novamente, os COPs igualam-se apenas no instante de
ticamente aquela da condição nominal durante o intervalo carga de pico, quando atingem valor próximo de 4. Nos
de tempo “ligado” do ciclo, exigindo um ∆T elevado nesse demais instantes, o modelo inverter tem COP sempre maior
período. Em resumo, em cargas parciais o condicionador que o não-inverter, chegando a ter um valor máximo de 12,
inverter opera durante todo o tempo com um pequeno ∆T às 7h. Isso ocorre essencialmente em virtude do modelo
, enquanto o não-inverter opera, sempre que está ligado, inverter operar com valores médios menores de ∆T nos
com o máximo ∆T . Para o condensador os resultados são trocadores de calor. Como se sabe, a diferença de tempe-
análogos. ratura em trocadores de calor é uma causa de ineficiência
As figuras 9 e 10 apresentam o consumo dos compres- (maior ∆T , processo mais irreversível, maior potência
sores e o COP dos dois condicionadores ao longo do dia. consumida). O gráfico da figura 8 é suficiente para se poder
Como se observa, a potência demandada pelo compres- afirmar que o consumo de energia em Wh ao final do dia
sor do condicionador inverter é sempre menor do que a será menor para o condicionador inverter, uma vez que:
do modelo não-inverter. Não obstante, o compressor do
equipamento não-inverter não fica ligado todo o tempo. A (21)
igualdade entre os dois ocorre apenas no momento de carga
Calor total transferido no evaporador (J) x fator de conversão J-->Wh
térmica de pico. É importante destacar que essa igualdade COPmedio =
foi uma condição imposta no modelamento numérico, ou Consumo total de energia do compressor no dia (Wh)
seja, que a potência consumida em condições de plena carga Como o calor total transferido nos dois equipamentos
fosse a mesma para os dois equipamentos, pois só assim o é o mesmo (o calor total transferido do ambiente condi-
efeito da carga parcial sobre o desempenho dos equipamen- cionado para o evaporador desde o início até o final da
tos poderia ser aquilatado. operação, isto é, das 7h às 21h), o consumo total de energia
A rigor, a figura 9 é insuficiente para determinar se o no compressor do condicionador inverter será menor em
modelo inverter é mais econômico do ponto de vista ener- virtude de seu COPmédio ser mais elevado, como é evidente
gético, uma vez que isso depende da fração de tempo que o pela figura 10. Isso fica também evidenciado na curva de
compressor do não-inverter fica ligado. consumo de energia (Wh) integralizado ao longo do dia,
conforme apresentado na figura 11. O consumo calculado
Figura 9. Potência dos compressores ao longo do dia. de um dia no condicionador não-inverter foi de 6247 Wh
e, no inverter, 4870 Wh, uma redução de consumo de 22 %.
apresenta consumo diário de energia elétrica menor, prin- devido à condensação de umidade do ar e utilizando o
cipalmente devido à menor diferença de temperatura que conceito de potencial de entalpia;
ocorre nos trocadores de calor entre o fluido refrigerante e • Consideração da resistência térmica do lado interno
outro meio. Em virtude disso, o COP médio do condiciona- dos tubos;
dor inverter é mais elevado do que o do condicionador não- • Os trocadores de calor com as regiões de superaqueci-
-inverter. Para o ambiente considerado no estudo de caso, a mento e/ou subresfriamento na transferência de calor
redução de consumo do condicionador inverter em relação do lado do fluido refrigerante;
ao não-inverter foi de 22%. A magnitude do aumento de • A carga de fluido refrigerante (massa) é constante para
eficiência energética é bastante influenciada pelo perfil de qualquer condição de operação;
carga térmica do ambiente condicionado. Quanto maior a • Deverão ser obtidas mais informações junto aos fabri-
parcela do tempo em que a carga térmica do ambiente for cantes sobre a filosofia de controle por eles utilizadas;
menor do que a capacidade nominal do condicionador de • Estão sendo introduzidos modelos mais precisos para
ar, e também quanto maior for essa diferença, maior a redu- determinação de Hext,evap e Hext,cond;
ção de consumo em relação ao condicionar com controle • Avaliação da influência da inércia da sala no ciclo liga-
liga-desliga. Esse é um dos motivos pelos quais não é possí- -desliga do condicionador não-inverter e, subsequente-
vel comparar os resultados das simulações numéricas deste mente, o efeito disso no consumo de energia;
trabalho com os resultados obtidos no trabalho de Peixoto, • Avaliação da elevação da velocidade do ar nos tro-
Paiva e Melero (2019), porque, naquele trabalho, o perfil de cadores de calor, para elevar os valores de Hext,evap e
carga térmica era diferente do utilizado no presente estudo. Hext,cond. Deverá ser considerada a limitação para essa
Outro provável motivo para justificar tal diferença de ação devido a elevação do ruído com a velocidade do ar;
resultados contra os valores reais medidos por Peixoto, • Avaliação do efeito da variação de velocidade dos venti-
Paiva e Melero (2019), são as simplificações realizadas no ladores de ar no consumo de energia.
presente trabalho. Os aprimoramentos no simulador numé-
rico que estão sendo atualmente considerados na continui- M. A. Paiva1, R. A. Peixoto1, G. D. Macedo1, F.
dade da pesquisa são: Fiorelli2, C. Bessa1
1 Instituto Mauá de Tecnologia (IMT)
• Consideração de um modelo de tubos parcialmente 2 Escola Politécnica da Univ. de S. Paulo (EPUSP)
molhados, para transferência de calor no evaporador,
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