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E A EXPANSÃO
AVEIRO
As “Jornadas de História Local e Património Documental” são uma organização conjunta da Câmara
Municipal de Aveiro e da ADERAV–Associação para o Estudo e Defesa do Património Natural e
Cultural da Região de Aveiro
Nota: a opção, ou não, pelas regras do novo Acordo Ortográfico é da exclusiva responsabilidade de cada autor.
AVEIRO E A EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA
1400-1800
Obras publicadas nesta coleção:
9. Portugal no Mar
Álvaro Garrido (introd. e coord.)
PROGRAMA
sexta, 21 nov
ECONOMIA E SOCIEDADE
13
11:50h Aveiro na época dos Descobrimentos
Delfim Bismarck Ferreira (Investigador)
12:10h Gentes de Aveiro nos alvores de Quinhentos
Saul António Gomes (Universidade de Coimbra)
12:30h debate
13:00h almoço livre
14
sábado, 22 nov
15
14:20h A dimensão global da arte no contexto do diálogo
intercultural entre o Oriente e o Ocidente
Rui Oliveira Lopes (Faculdade de Belas Artes – Universidade de Lisboa)
14:40h Os retratos de João de Albuquerque e da Princesa Joana
Fernando António Baptista Pereira (Faculdade de Belas Artes
– Universidade de Lisboa)
15:00h A viagem das plantas
Rosa Pinho (Universidade de Aveiro)
15:20h debate
O QUE PERMANECE
16
ECONOMIA E SOCIEDADE
AVEIRO E AS SUAS GENTES
NA ABERTURA DE QUINHENTOS
85
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
86
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
Oliveira Marques – Ensaios de História Medieval Portuguesa. Lisboa: Ed. Vega, 1980, p. 84.
6
87
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
cavalarias que hy a que nuunqua virom nem ouverom inde faseer foro
ergo a Dom Pedre Anes.
Item Isgheyra non queserom por nos iurar. E diserom nos que a’y
iij cavalarias. E que nunqua inde virom fazer foro ergo a Lorvaoo. Item
diserom nos que a in Vilario hua cavalaria. (...)”7
7
TT – Gaveta 8, Mº 2, N.º 9.
8
Aveiro atraiu a atenção do rei D. Dinis, pelo qual não se jurava na vila, nem tinha el-rei
aqui qualquer colheita. (TT – Gaveta 8, Mº 2, N.º 9). Há notícia de uma outra inquirição
mandada tirar por esse rei, em Aveiro, pela qual se concluía que as justiças reais exor-
bitavam as suas competências neste lugar. O almoxarife régio cobrava, contra direito,
açougagem; o alcaide prendia os vizinhos e cobrava carceragens, o que só era consen-
tido se estivessem acusados de crime ou dessem ferida que fizesse negro ou sangue.
O monarca, tirada inquirição, mandou que se respeitassem os usos antigos de Aveiro, do
tempo em que pertencia às Ordens. TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 28, fl. 77v.
(Em confirmação de D. Manuel I, de 29 de agosto de 1497).
9
Vd. Maria João Branco Marques da Silva – Aveiro Medieval. Aveiro: Câmara Municipal
de Aveiro, 1991, pp. 27 e seguintes; Saul António Gomes – “Aveiro ao Tempo do
Infante D. Pedro e da Princesa Santa Joana”, Aveirenses Ilustres, Livro de Actas, Aveiro,
Câmara Municipal de Aveiro, 2009, pp. 36-54; Idem – “Aveiro ao tempo do foral manue-
lino”, O Foral de D. Manuel a Aveiro: uma memória de 500 anos. Aveiro: Câmara
Municipal de Aveiro, 2015, pp. 43-47; Idem – “Aveiro nos Alvores de Quinhentos –
Breves Considerações”, História de Aveiro. Sínteses e Perspectivas (Coord. de Delfim
Bismarck), Aveiro, C. M. Aveiro, 2009, pp. 91-95; Delfim Bismarck Ferreira – “A Vila de
Aveiro na Idade Média”, História de Aveiro. Sínteses e Perspectivas, cit., pp. 69-90; João
Cordeiro Pereira – “Organização e Administração Alfandegárias de Portugal no Século
XVI (1521-1557)”, Portugal na Era de Quinhentos. Cascais: Patrimonia Historica, 2003,
pp. 1-117: 38-41; Maria Helena da Cruz Coelho – “Aveiro – Reflexo da terra e das gentes
no foral manuelino”, O Foral de D. Manuel a Aveiro: uma memória de 500 anos. Aveiro:
Câmara Municipal de Aveiro, 2015, pp. 5-32.
TT – Gaveta 8, Maço 2, N.º 9
88
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
10
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 28, fl. 77v. (Em confirmação de D. Manuel I, de 29
de agosto de 1497).
11
Descobrimentos Portugueses. Documentos para a sua História. Publicados e Prefaciados
por João Martins da Silva Marques. Suplemento ao Volume I (1057-1460). Reprodução
Fac-similada. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, Lisboa, 1988, Doc.
667, p. 463.
89
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
12
Carta confirmada por D. Manuel I a 30 de março de 1497. (TT – Chancelaria de
D. Manuel I, Liv. 29, fl. 103v); pub.: Descobrimentos Portugueses. Documentos para a
sua História. Publicados e Prefaciados por João Martins da Silva Marques. Suplemento
ao Volume I (1057-1460). Reprodução Fac-similada. Lisboa: Instituto Nacional de
Investigação Científica, Lisboa, 1988, Doc. 89, pp. 116-117.
13
TT – Chancelaria de D. Afonso V, Liv. 34, fl. 30v; pub.: Descobrimentos Portugueses.
Documentos para a sua História. Publicados e Prefaciados por João Martins da Silva
Marques. Suplemento ao Volume I (1057-1460). Reprodução Fac-similada. Lisboa:
Instituto Nacional de Investigação Científica, Lisboa, 1988, Doc. 1019, p. 537.
14
Descobrimentos Portugueses. Documentos para a sua História. Publicados e Prefaciados
por João Martins da Silva Marques. Suplemento ao Volume I (1147-1460). Reprodução
Fac-similada. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, Lisboa, 1988, Doc.
386, pp. 485-486.
15
Descobrimentos Portugueses. Documentos para a sua História. Publicados e Prefaciados
por João Martins da Silva Marques. Suplemento ao Volume I (1057-1460). Reprodução Fac-
similada. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, Lisboa, 1988, Doc. 30, p. 39.
16
Descobrimentos Portugueses. Documentos para a sua História. Publicados e Prefaciados
por João Martins da Silva Marques. Suplemento ao Volume I (1057-1460). Reprodução
Fac-similada. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, Lisboa, 1988, Doc.
459, p. 415
90
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
17
TT – Chancelaria de D. Afonso V, Liv. 25, fl. 58; pub.: Descobrimentos Portugueses.
Documentos para a sua História. Publicados e Prefaciados por João Martins da Silva
Marques. Suplemento ao Volume I (1057-1460). Reprodução Fac-similada. Lisboa:
Instituto Nacional de Investigação Científica, Lisboa, 1988, Doc. 970, p. 527.
18
Descobrimentos Portugueses. Documentos para a sua História. Publicados e Prefaciados
por João Martins da Silva Marques. Suplemento ao Volume I (1057-1460). Reprodução
Fac-similada. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, Lisboa, 1988, Doc.
1191, p. 579.
19
TT – Livro dos Extras, fl. 168v; pub.: Descobrimentos Portugueses. Documentos para
a sua História. Publicados e Prefaciados por João Martins da Silva Marques. Volume
III (1461-1500). Reprodução Fac-similada. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação
Científica, Lisboa, 1988, Doc. 130, p. 172.
20
Os procuradores do concelho de Aveiro apresentaram capítulos específicos nas Cortes
de Lisboa, de 1439 (TT – Chancelaria de D. Afonso V, Liv. 11, fl. 59v; Estremadura,
Liv. 8, fl. 176v); de Évora, de 1444 (TT – Chancelaria de D. Afonso V, Liv. 24, fl. 55v;
Estremadura, Liv. 10, fl. 115v); Santarém, de 1451 (TT – Chancelaria de D. Afonso
V, Liv. 11, fl. 59v); Lisboa, de 1455 (TT – Chanc. de D. Afonso V, Liv. 15, fl. 142v;
Estremadura, Liv. 8, fl. 149); Lisboa, de 1456 (TT – Chancelaria de D. Afonso V, Liv. 13,
fl. 57v; Estremadura, Liv. 10, fl. 275v); Lisboa, de 1459 (TT – Chancelaria de D. Afonso
V, Liv. 36, fl. 166), Évora-Viana, de 1481-1482 (TT – Chancelaria de D. João II, Liv. 2,
fl. 52), Évora, de 1490 (TT – Chancelaria de D. João II, Liv. 16, fl. 18v). Vd. Armindo de
Sousa – As Cortes Medievais Portuguesas (1385-1490). Vol. II. Porto: INIC e Centro de
História da Universidade do Porto, 1990, pp. 9-68.
91
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
21
TT – Chancelaria de D. Afonso V, Liv. 11, fl. 61.
22
TT – Chancelaria de D. Afonso V, Liv. 11, fl. 59v; António de Sousa Lobo – História
da Sociedade em Portugal no Século XV e outros estudos históricos. Lisboa: História e
Crítica, 1979 [1.ª ed., Lisboa, 1903], pp. 560-561.
23
TT – Chancelaria de D. João II, Liv. 16, fl. 18v; Estremadura, Liv. 3, fl. 273v. Pub.:
Descobrimentos Portugueses. Documentos para a sua História. Publicados e Prefaciados por
João Martins da Silva Marques. Volume III (1461-1500). Reprodução Fac-similada. Lisboa:
Instituto Nacional de Investigação Científica, Lisboa, 1988, Doc. 391, pp. 655-658: 657.
92
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
24
TT – Chancelaria de D. Afonso V, Liv. 11, fl. 61. (Carta de 20 de abril de 1451, Santarém).
25
TT – Chancelaria de D. Afonso V, Liv. 36, fl. 166.
26
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 28, fl. 77v. (Em confirmação de D. Manuel I, de
29 de agosto de 1497).
27
Nesta data, o soberano concedeu a Álvaro Eanes de Cernache, cavaleiro da casa real,
uma tença anual de 10 000 reais brancos, para compensação do ofício de anadel-mor dos
besteiros de cavalo, exercido por seu pai, mas que el-rei não lhe renovara. Confirmado por
carta régia de 29 de fevereiro de 1496. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 32, fl. 143).
28
Por carta régia de 19 de fevereiro de 1501. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Livro
38, fl. 81). A 20 de março de 1501, D. Manuel integrou Montemor-o-Velho no patri-
mónio da casa ducal de D. Jorge (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Livro 35, fl. 144).
Ver João Cordeiro Pereira – “A renda de uma grande casa senhorial de Quinhentos”, in
Portugal na Era de Quinhentos. Cascais: Patrimonia Historica, 2003, pp. 235-260; Inês
Amorim – Aveiro e a sua Provedoria no Séc. XVIII (1690-1814). Estudo económico de
um espaço histórico. (Dissertação de Doutoramento). Vol. I. Porto: Faculdade de Letras
da Universidade do Porto, 1996, p. 26.
93
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
29
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 32 fl. 99; Estremadura, Liv. 2, fl. 146v; pub.:
Braamcamp Freire – “Cartas de quitação del Rei Dom Manuel”, Archivo Historico
Portuguez, Vol. III (1905). Lisboa, pp. 471-480: 470, carta n.º 402.
30
Data de 31 de julho de 1528, Aveiro, a procuração estabelecida para o levantamento dessa
dívida: “Saibham quamtos esta presemte procuraçam virem que no anno do nacimento de
Nosso Senhor Jhesu Christo de myll e quinhemtos vymte oyto annos aos xxxj dias do mes
de julho em a villa d’Aveiro nas moradas de Migell Gomez mercador estamdo hi presemte
Luis Allvarez cydadão da cidade do Porto morador na dita cydade. E loguo por ele Luis
Allvarez foy dito que fazia seu procurador soficiemte ao dito Migell Gomez que por ele e
em seu nome posa receber do almoxarife ou recebedor do allmoxarifado desta vila ou de
quem seu carrego tiver sesemta e cinquo mill reais de hum desembargo del rey noso senhor
que lhe foy quebrado no dito almoxarifado do rendimento deste anno presemte de empres-
tymo que fez ha sua alteza. He do que receber posa dar conhecimentos e quitaçoes, com
poder que nom lho pagando posa tirar estormentos e apelaçoes damte ho dito almoxarife e
as segyr na mor alçada he pedir comta do rendimento do allmoxarifado do que for rendydo,
he soestabelecer outro procurador e procuradores e os revogar se comprir e o oficio da
primeira em sy filhar. He se hobrigou relevar o dito procurador do encarrego da satisdaçam
que ho direito quer. Testemunhas que eram presemtes Jorje Martinz e Manoel da Veyga
moradores na dita villa per Manoell Dyaz tabeliam que ho esprevy e meu publico synall fiz
que tal he. (Sinal do tabelião).” (TT – Corpo Cronológico, Parte 2, Mº 150, Doc. 73).
31
TT – Livro do Armeiro-Mor, fl. 134v. A composição deste armorial é datada de 1509. Vd.
Livro do Armeiro-Mor. (Estudo de José Calvão Borges). Lisboa: Academia Portuguesa
da História e Edições INAPA, 2000, p. lxxii e 125. “Aveio” é o que surge no filactério
do brasão; no índice do Armorial, todavia, vem Aveiro. As armas de Luís Álvares de
Aveiro, segundo Braamcamp Freire, não eram de origem portuguesa. Vd. Francisco de
94
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
95
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
35
Carta de D. João II, de 14 de outubro de 1492, Lisboa; confirmada por D. Manuel em 18
de janeiro de 1498. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 28, fl. 75).
36
A tença correspondia a 24 000 reais de moradia, 4 240 reais de vestiaria e 4 380 de
cevada. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 32, fl. 49).
37
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 23, fl. 13v.
38
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 31, fl. 84; pub.: Descobrimentos Portugueses.
Documentos para a sua História. Publicados e Prefaciados por João Martins da Silva
Marques. Volume III (1461-1500). Reprodução Fac-similada. Lisboa: Instituto Nacional
de Investigação Científica, Lisboa, 1988, Doc. 397, pp. 665-666.
39
TT – Chancelaria de D. Manuel I, liv. 28, fl. 95.
40
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 41, fl. 60. (Carta de 6 de novembro de 1511).
41
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 7, fl. 39v. (Carta régia de 10 de setembro de 1512).
96
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
42
TT – Chancelaria de D. João II, Liv. 16, fl. 18v; Estremadura, Liv. 1, fl. 273v;
pub.: Descobrimentos Portugueses. Documentos para a sua História. Publicados e
Prefaciados por João Martins da Silva Marques. Volume III (1461-1500). Reprodução
Fac-similada. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação Científica, Lisboa, 1988,
Doc. 391, pp. 655-658.
43
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 42, fl. 7v. (Carta régia de 21 de janeiro de
1513).
44
Tenha-se presente a confirmação, de 6 de junho de 1511, do emprazamento, feito
a 11 de abril de 1511, na vila de Óis da Ribeira, terra e jurisdição de Álvaro de
Sousa, fidalgo da casa real, nas pousadas de João Eanes, seu almoxarife, perante
João Vaz, tabelião público dessa vila e seu termo, a Mestre Afonso e sua mulher,
Mécia de Ataíde, moradores em Aveiro, e a seus filhos, de um mato maninho, na
banda de Fermentelos, pelo foro anual de um alqueire de trigo, um de milho e uma
galinha, pagos por dia de Natal. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 8, fl. 63v).
Lembre-se a mercê, feita a 25 de abril de 1503, pelo rei, a Álvaro Anes, morador em
Aveiro, de um casal, foreiro da Coroa, que trouxera em sua vida um João Gonçalves,
aqui morador, e metade de um reguengo, já no termo de Águeda, de que se vendera
metade a um Gonçalo Lourenço, por 2 300 reais. Depois do falecimento deste, um
seu neto, João Martins, vendeu o seu quinhão a Tomé Vaz, por 1000 reais, o mesmo
tendo feito a mãe de Pêro Gonçalves, herdeira do outro quinhão, ao mesmo Tomé
Vaz, por 600 reais. Vendas inválidas por não terem tido autorização régia, pelo que
as perderam, entregando-se essas terras, agora, ao referido Álvaro Anes, que pagou
550 reais do sétimo de 3900 reais em que o dito casal foi avaliado. (TT – Chancelaria
de D. Manuel I, Liv. 21, fl. 15).
45
Como sucedeu com o aforamento de uma casas em Aveiro, a Rui Gomes, por carta
de D. Manuel I de 24 de dezembro de 1495. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv.
32, fl. 66). Por carta de 27 de novembro de 1499, D. Manuel I, confirmou a Sebastião
Fernandes o aforamento, em três vidas, feito a 12 de dezembro de 1492, em Aveiro, de
uma casas, na vila de Aveiro, as quais tinham sido trazidas por Afonso Rodrigues (carta
de aforamento de 20 de julho de 1430, Coimbra), avô de Brites Rodrigues, mulher do
foreiro, com o foro anual de 16,5 reais de prata. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv.
16, fl. 140v).
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Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
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D. Manuel I, por carta de 31 de agosto de 1502, consentiu no aforamento, feito em 26 de
junho de 1502, Aveiro, de toda a parte de dentro do corpo da torre da Porta da Ribeira, da
vila de Aveiro, a João Pires, homem do almoxarifado e requeredor da alfândega. Determina
o pagamento do foro anual de uma galinha. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 6, fl. 96).
47
Sabe-se que, em 1423, D. João I trazia propriedade urbana nesta vila. Data desse ano, por
exemplo, o emprazamento de umas suas casas, na rua Direita desta vila, que partiam com
outras casas do rei e com outras de Afonso Pires, mercador, pela pensão de 700 libras
do real de libra e meia. Descobrimentos Portugueses. Documentos para a sua História.
Publicados e Prefaciados por João Martins da Silva Marques. Suplemento ao Volume
I (1057-1460). Reprodução Fac-similada. Lisboa: Instituto Nacional de Investigação
Científica, Lisboa, 1988, Doc. 702, p. 472. Em 1503, D. Manuel I ordenou a Pêro de
Alpoim, escudeiro e administrador dos bens da capela instituída por Afonso Domingues
de Aveiro, que renovasse o emprazamento, em três vidas, de uma casa térrea vinculada a
essa capela, a Fernão Dias, clérigo de missa. O primeiro contrato enfitêutico dessa casa,
feito aos pais do novo foreiro, Diogo Afonso e Violante Afonso, datava do tempo do
Infante D. Pedro. Pagava de foro 60 reais ao ano, renovando-se, agora, o mesmo em 150
reais, exigindo-se fiança. Como fiador ficou André Gomes, escudeiro, morador na vila.
(TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 11, fl. 12).
48
D. Manuel autorizou o emprazamento a Henrique Dias, escudeiro, morador em Aveiro,
por carta de 10 de maio de 1510, dos moinhos de Lamas, pelo foro anual de 500 reais. Este
emprazamento fora ordenado pelo Conde de Faro e de Odemira, senhor de Aveiro, a 7 de
setembro de 1510, tendo sido lançado em instrumento notarial redigido por Lopo Dias,
público tabelião de Aveiro, a 15 de setembro de 1510. (TT – Chancelaria de D. Manuel I,
Liv. 8, fl. 5).
49
Caso das azenhas, construídas por mandado do Infante D. Pedro e que ficariam como bens
patrimoniais dos senhores de Aveiro que lhe sucederam desde então. Em 18 de outubro de
1497, D. Manuel I cedeu a sua exploração a Gonçalo Tavares, fidalgo da sua casa. Estas
azenhas rendiam de foro de 100 alqueires de trigo e de 50 alqueires de segunda em cada
ano: Estremadura. A Gomçalo Tavares merce do foro das acenhas em a vila d’Aveiro
que foram beens patrimonyaes do Ifamte Dom Pedro. Dom Manoel e ct. A quamtos esta
nossa carta virem fazemos saber que Gomçallo Tavares fidallguo de nossa casa nos disse
como elle tinha huũas acenhas em Aveiro que foram beens patremonyães do Ifamte Dom
Pedro meu tio que Deus aja, as quaaes o Comde d’Odemira e asy o Comde de Farom
seu jemrro teveram e pessoyram e foram em posse dellas como senhorios da dita villa
dizemdo que lhe pertenciam per bem de sua doaçam. E esto atee que a dita villa foy dada
a Ifamte Dona Joana minha prima que Deus tem a quall Ifamte aforou as ditas acenhas a
Joham de Leiria hy morador em vida de tres pessoas por foro de cem alqueires de triguo
e cimquoemta de segumda cad’ano. E que el Rei Dom Joham meu senhor que Deus aja
lhe dera o dito foro a elle dicto Gomçallo Taavares com outras rendas na dicta villa. E que
o prazo das ditas acenhas elle o comprara despoes ao dito Joham de Leiria asy como as
elle tinha em tres vidas. E que o dicto senhor lhe comfirmara a compra delle. E que a
Comdessa d’Odemira molher que foy do dicto Comde de Farom loguo quando a dita villa
lhe foy jullgada ouvera a posse das ditas acenhas. E que despois por demanda que o dicto
Gomçallo Tavares com ella houve foy jullgado que ho tornassem a posse da propeydade
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100
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
62
Cortes Portuguesas. Reinado de D. Manuel I (Cortes de 1498). (Org. de João José Alves
Dias). Lisboa: Centro de Estudos Históricos – Universidade Nova de Lisboa, 2002,
pp. 354-355.
63
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 41, fl. 19v.
64
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 14, fl. 78. (O documento traz a data de 18 de dezem-
bro de 1491, podendo haver lapso na escrita, pelo notário da chancelaria real, do milésimo).
65
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 14, fl. 3v.
66
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 23, fl. 37. (Carta régia de 15 de novembro de 1504).
67
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 31, fl. 132.
68
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 39, fl. 117.
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TT – Corpo Cronológico, Parte I, º 87, Doc. 115. Vd. Saul António Gomes – “Aveiro ao
tempo do foral manuelino”, cit.,. 43-47.
83
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 31, fl. 84. (Carta de 15 de dezembro de 1497).
84
Vd. Foral de D. Manuel a Aveiro: uma memória de 500 anos (Textos de Maria Helena da
Cruz Coelho e Saul António Gomes). Aveiro: Câmara Municipal, 2015;
85
Luiz Fernando de Carvalho Dias – Forais Manuelinos do Reino de Portugal e do Algarve
conforme o exemplar do Arquivo Nacional da Torre do Tombo de Lisboa, Estremadura.
Beja: edição do Autor, 1962, pp. 153-258: p. 255; Maria Helena da Cruz Coelho e Saul
António Gomes – O Foral de D. Manuel a Aveiro: Uma Memória de 500 Anos. Aveiro,
Câmara Municipal de Aveiro, 2015.
86
Luiz Fernando de Carvalho Dias – Ob. cit., p. 253.
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90
Anselmo Braamcamp Freire – “Povoação da Estremadura..”, p. 277.
91
O indicador de 3,5 habitantes por fogo, é o usado por João José Alves Dias – Gentes e
Espaços (Em torno da população portuguesa na primeira metade do século xvi). Lisboa:
Fund. Calouste Gulbenkian e JNICT, 1996, pp.
92
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 44, fls. 17v e 20.
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Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
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Em 13 de julho de 1502, D. Manuel confirmou a Cristóvão de Sousa, filho de Diogo
de Sousa, do conselho régio, o direito de apresentação na igreja de Santo Isidro e ane-
xas, na vila de Eixo, bispado de Coimbra. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 6,
fl. 79).
94
O rei doou a André de Sousa, fidalgo da sua casa, em 19 de abril de 1504, as vilas
de Miranda, Podentes, Jarmelo, Folgosinho e o Julgado de Vouga, com todas as suas
rendas, direitos, foros, tributos, pertenças e jurisdições cíveis e crimes, tal como já fora
confirmada a seu pai, Diogo Lopes de Sousa, do conselho real, por cartas régias de 23
de julho de 1484, Santarém e 28 de fevereiro de 1497, Évora. A primitiva doação fora
outorgada, a 21 de janeiro de 1434, a Álvaro de Sousa, do conselho régio e mordomo-
-mor, avô de André de Sousa, recebendo confirmação régia em 28 de julho de 1450,
Lisboa, e em 14 de julho de 1477, Évora. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 19,
fl. 13). A 25 de fevereiro de 1517, D. Manuel confirmou a D. Manuel de Sousa, fidalgo
110
95 96 97 98 99 Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
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frutos e renovos, rendas e direitos, de Santa Maria da Feira, com os seus julgados e
termos, de Cabanões, de Ovar, da terra de Canda, com seus julgados e termos, da terra
de Refoios, igualmente com seus julgados e termos, assim como a tivera e possuía o
Conde D. João Afonso Telo, por mercê do rei D. Fernando I. D. João I fizera deles doa-
ção a D. Nuno Álvares Pereira, filho de D. Álvaro Pereira, seu “marechal”, por carta de
19 de agosto de 1424, Porto. Os bens passaram a D. Brites e a D. Leonor Pereira, irmão
de João Álvares Pereira, morrendo sem herdeiros, pelo que ficaram devolutos à Coroa.
A doação foi feita por D. Afonso V, em 5 de abril de 1453, Évora, a Fernão Pereira;
e a Rui Pereira, filho lídimo deste, a 21 de dezembro de 1467, Santarém. D. João II
confirmou a doação a D. Diogo Pereira, a 7 de dezembro de 1486, Lisboa e D. Manuel
I por carta de 10 de março de 1496. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 15, fl. 134).
100
D. Manuel I, por carta de 14 de julho de 1497, garantia ao concelho de Esgueira, inte-
grado no almoxarifado da Beira, que seria terra sempre da coroa. (TT – Chancelaria de
D. Manuel I, Livro 29, fl. 103v). De notar que o lugar de Vilarinho, termo de Esgueira
(“entre Coimbra e o almoxarifado de Aveiro”), foi confirmado com o seu termo, ren-
das, direitos, foros, tributos e jurisdição, a D. Sancho de Noronha, conde de Odemira,
primo do rei, assim como o tinha de seu pai, João Álvares, conde de Faro, falecido.
(TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 8, fl. 9).
101
A 3 de julho de 1516, D. Manuel fez mercê a Simão Tavares, fidalgo da casa real,
em sesmaria, de uns mortórios de vinhas na vila de Mira, os quais nada rendiam.
(TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 25, fl. 85).
112
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
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102
Aveiro. Aos oyto dias do mes de dezembro do ditõ ano de mill e quinhemtos e vinte e dous
annos em ha villa d'Aveiro na camara della mesma semdo hy ho honrado Lopo Rodriguez
juiz ausencia dos juizes ordenarios em ha ditã villa loguo hy perante elle pareceo Joham
Fernandez camynheyro da correiçam da Estremadura e dise ao dito juiz em como elle
trazia hũa carta, scilicet, o trellado della del Rey noso senhor e asy do corregedor da dita
Estremadura que atras fiqua. A quall elle loguo amostrou. E loguo per ho dito juiz foy
mandado a mym esprivão que eu o trelladase no livro dos hacordos e veraçoes ha // [Fl. v]
quall carta eu Joham Vieira escripvão da camara da ditã villa d'Aveiro loguo trelladey no
ditõ livro das veraçoes. E loguo per ho ditõ camynheyro foy requerido ao dito juiz que lhe
mandase dar hũa certidam de como elle hapresentara a ditã carta e fiquava trelladada no
ditõ livro. E visto todo por ho ditõ juiz mamdou a mym esprivam que lhe pasase esta per
elle juiz asynada. Feita oje biijº dias do dyto mes de dezembro. Joam Vyeira escprivão da
camara ha fez, ano de myll e quinhentos e vynte e dous annos e asyney. (Assinaturas) Lopo
Rodryguez. – Joham Vieira: 1522.” (TT – Gaveta 19, Mº 14, N.º 16, fls. não numerados).
103
“Ylhevo. Saybham quamtos este estormento de certydam vyrem que no anno do nacy-
mento de Noso Senhor Jhesu Christo de myll e quynhemtos e vymte e dous annos aos nove
dyas do mes de dezembro do dyto anno em ho luguar de Ilhavo nas casas das moradas de
Alvaro Ferrnandez juiz ho presemte anno, presemte elle juyz apareseo Joham Ferrnandez
camynheyro da correyçam da Estremadura e apresemtou ao dytõ juyz hum alvara del Rey
noso senhor atraz espryto per ho quall ho dyto juyz mandou a mym tabeliam que eu pasase
este estormento e dyse que em o dytõ comselho de Ilhavo nom ha mais que // [Fl. v] hũa
hygreyja e ho pryoll della chama se Duarte Borges, a quall igreyja remde pouco maeis
ou menos quynze ou dezaseys mill reaes, [riscado: porem] e a terça della he do bispo de
Coimbra e ho nome da igreja he Sam Salvador e apresemtaçam he de Amtonyo Borges ho
senhor da tera, He ho dytõ camynheyro pydyo de tudo este estormento e ho dytõ juyz dyse
que eu ho fizese e asynou aquy ho dyto juyz. Eu Fernam de Fygueyredo tabeliam pubryco
judycyall por el Rey noso senhor em a vylla d'Esgueira em todo arcydyaguado de Vouga
que esto esprevy em que meu pubryco synall fyz que tall he. E nom fyca treladada por não
estar aquy ho espryvam da camara. Nom faça duvyda em hum ryscado homde dyz porem
porque fyz por fazer verdade. (Sinal do tabelião). Pagou nychill. (Assinatura e sinal)
Alvaro 8sinal) Ferrnandez juyz.” (TT – Gaveta 19, Mº 14, N.º 16, fls. não numerados).
104
“Vagos. Saybam os que este certidam virem como por Joam Fernandez caminheiro da
coreyçam da Estremadura foy apresentado este alvara del Rey noso senhor atras esprito a
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Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
Joam Anes juiz ordenairo na villa de Vagos tera do senhor regedor em a qual villa ha hũa
igreja da qual avocaçam he Santiago e he dos frades e Moesteiro de Sam Marcos setuado
no bispado de Coimbra e rende ao dito moesteiro trinta e cynquo mill reaes e ao vigairo
que tem perpetuum dezasete mill e quinhentos e ao senhor bispo da terça que nella tem
vimte e cinquo este anno diguo e os outros segundo sam os anos porque se lhe mays vem
pagam (?) e por tudo asy ser verdade o dito juiz amandou dar esta certidam por elle asy-
nada oje dez dias de dezembro Diogo da // [Fl. verso] Rocha esprivão da camara da dyta
vila a fez de Vc xxij anos. Da qual igreja agora he vigairo Joam de Saa, criado do senhor
bispo. (Sinais e assinaturas) (Sinal) Johane Annes juiz. Diogo da Rocha sprivam. Pagou
nihil.” (TT – Gaveta 19, Mº 14, N.º 16, fls. não numerados).
105
Nas declarações acerca destas igrejas de Eixo, Requeixo, e ainda as de Óis e de Paus,
os valores registados são ligeiramente diferentes dos sumariados na pauta documental.
Damos aqui o documento em causa: “+. D'Eixo. Aos que este estormento de fe e cer-
tydam dado e pasado per mym esprivão da camara da vyla d'Eyxo e Paos e Oys por el
Rey noso senhor por mandado dos juizes dos dytos concelhos e do que eu escryvão sey
acerqua do que o dyto seu priol manda diguo primeyramente que no concelho d'Eyxo a
duas igrejas, scilicet, hũa e he oraguo d'Eyxo se chama Santo Ysydoro de que he pryoll
da dyta igreja Gonçalo Gyl pryol de Santa Maria de Vaguos e rende corenta e cynquo
myll reaes e o padroado da dyta igreja tem no Alvaro de Sousa con sua doaçom de suas
terras que elle possa apresentar os pryores dellas quando vaguam; e asy a houtra igreja
em Requeyxo que se chama orago della Sampaio de que he pryol della huum Vasco Anes
e rende trynta myll reaes e tem Alvaro de Sousa em sua doaçom o padroadeguo della e
apresemtaçom dos pryores quando quer que vaguem as igrejas, scilicet, huum em vyla
d'Oys do oraguo de Sant'Adryam que he pryor dela Rodrigo Afonso e tem o padroadeguo
della Alvaro de Sousa em sua doaçom que quando quer que vagua que posa apresemtar
os pryores e rende a dyta igreja vynte myll reaes; e asy a no concelho d'Oys tem outra
igreja em Spynhal que se chama o oraguo della Santa Maria que he pryoll della Antonio
Alvarez // [Fl. v] e rende coremta myll reaes, e Alvaro de Sousa tem o padroadeguo
della e apresentaçom della em sua doaçom e apresentaçom dos pryores quando quer
que vagarem. E asy a ha outra igreja no concelho de Paos que tem o vigairo de Santa
Marinha de que he pryol e comendador Duarte de Lemos que rende trynta myll reaes
de que Alvaro de Sousa tem o padroadeguo della em sua doaçom e e tem apresentaçom
dos pryores quando vagarem. E por que he verdade que as dytas hygrejas aa os dytos
concelhos donde eu sam esprivão e rendem o acyma declarado cada hum em seu anno e
o senhor Alvaro de Sousa tem o padroadeguo delas todas em sua doaçom e apresentaçom
dellas, dey esta certydam por mym asynada de meu synall acutumado com o synal do juiz
114
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
106 107
d'Eyxo que ao presemte estava e com autorydade do juiz d'Oys da Rybeira e de Paos, eu
Joham Delgado escrivam da camara que este certydam pasey por todo ser verdade por
mandado dos juizes dos dytos concelhos e tomey o trelado da dyta carta do dyto senhor e
fyqua junto doo trelado della nos lyvros das camaras dos dytos concelhos, oje xxix dias
do mes de novembro de myll e quynhentos e vynte e dous annos. (Assinaturas e sinais)
(Sinal) Domingos Pyrez juiz. Joham Delgado. Jor (+) ge Pyrez juiz.” (TT – Gaveta 19,
Mº 14, Doc. 16, fls. não numerados).
106
Data de 23 de fevereiro de 1519, a carta régia autorizando Gaspar Barreto, clérigo de
missa, a ficar, por falecimento de seus pais, com uma herdade com os moinhos chamados
do Pano, situados entre Mamodeiro e a igreja de Requeixo, na terra reguenga de Álvaro
de Sousa. Depois do seu falecimento, todavia, esses bens deveriam passar para pessoa
leiga. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Livro 44, fl. 35).
107
“Esgueyra. Saybaham quantos este estormento de certydaam vyrem que no ano do nacy-
mento de Noso Senhor Jhesu Christo de myll e quynhentos e vynte e dous aannos aos
sete dyas do mes de dyzembro em a vylla d'Esgueira nas casas das moradas de Gonçalo
Coelho juiz do cryme da dytã vylla estamdo hy ho dytõ Gonçalo Coelho juiz presente
delle pareceo Joham Ferrnandez camynheyro da correyçam da Estremadura e aprese-
mtou huum alvara del Rey noso senhor atraz espryto o quall eu tabeliam ly e pobryquey
ao dytõ juyz. E lyda e pobrycada como dyto he ho dytõ juyz dyse que na dytta vylla e
termo ha duas igreyjas, scilicet, na dyta vylla do oraguo de Santo Andre de que he pryoll
ho doutor Martym de Fygueyredo e he d'apresentaçam do padre sancto, scilicet, oyto
meses e ho Mosteyro de Lorvam tem quatro meses e remde trymta myll reaes pera ho
byspo e trymta myll reaes pera ho pryoll e trymta pera quatro raçoeyro[s]. E a igreyja
do termo he em Cacya de que he prioll Fernande Afonso d'orago de Sam Gyam e rende
vynte e cymquo myll reaes de que ho Mosteyro de Lorvam tem apresentaçam he a //
[Fl. v] terça do dytõ mosteyro asy como a tem [o] bispo em as outras igreyjas. E ho
dyto Joham Ferrnandez quando lhe requereo (?) que lhe desem este estormento he ho
dytõ juyz mandou que lho dese ho quall alvara fyca treladado em ho lyvro da camara
e eu Fernam de Fygeyredo tabeliam pubryco judycyall em a vylla d'Esgueira em todo
arcydyagado de Vouga que esto esprevy em que ho meu pubryco synall fyz que tall
he. (Sinal do tabelião). Pagou nychill. (Assinatura) Gonçalo Coelho.” (TT – Gaveta 19,
Mº 16, N.º 16, fls. não numerados).
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Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
Palmaz - -
Castelãos (Prior: Vicente Eanes, Cabido 40 000
criado do bispo)
Cepolos Conde da Feira 15 000
Sangalhos Anexa a St.ª Clara de Coimbra 15 000
Oliveira do Bairro (Prior: Simão Vaz) D. João Telo 20 000
Águeda Conde de Faro 40 000
Aguada (Prior: João Gonçalves) Santa Cruz 15 000
Barro (Prior: Lopo Pacheco) Bispo 25 000
Espinhel (António Álvares, capelão Rei 40 000
do rei)
Óis da Ribeira (Prior: Rodrigo Afonso, Álvaro de Sousa, senhor de Eixo 20 000
filho de Cristóvão Correa)
Segadães Nuno Martins da Silveira 18 000
Covelas Conde de Faro 15 000
Recardães Cabido 15 000
Tamengos (Prior: Cosme Dias) Cabido 30 000
S. Pedro de Avelãs António Borges, 30 000
senhor de Carvalhais
S. Lourenço do Bairro Conde de Monção 30 000
(Prior: António Homem)
Ancas Nuno Martins da Silveira 15 000
Óis do Bairro (Prior: Fernão Eanes, Bispo 10 000
prior que foi de Botão)
Mira (Prior: Lopo de Azevedo) Rei 15 000
Vila Nova de Moçarros Cabido 15 000
Arcos (Prior João de Coimbra, António Borges 30 000
provisor de Braga)
Mouta António Borges 35 000
Cadima Cabido 35 000
Ançã (com anexas de Pena e Portunhos) Conde de Monsanto 90 000
(Prior: Manuel de Sande)
Cantanhede Cabido 300 000
O cargo estava vago porque o vedor anterior, Vasco Álvares, envolvido na morte de um
108
Miguel Fernandes, se evadira para Castela. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, liv. 23, fl. 41v).
116
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
109
Nuno de Lemos renunciou ao cargo por instrumento notarial, por ele feito e assinado,
como tabelião da Póvoa, termo de Recardães, de 11 de agosto de 1506. ( TT – Chancelaria
de D. Manuel I, Liv. 44, fl. 16).
110
Carta régia de 16 de julho de 1504. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 22, fl. 54).
111
Carta régia de 8 de janeiro de 1511. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 41, fl. 26).
112
Carta régia de 27 de julho de 1512. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 7, fl. 34).
113
Carta régia de 6 de dezembro de 1515. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 24, fl. 166).
114
Carta régia de 10 de maio de 1497. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 28, fl. 113v).
115
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 37, fl. 80. (Documento de 30 de agosto de 1501,
inserido em carta régia de 24 de novembro de 1501).
116
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 43, fl. 23. (Carta de 14 de maio).
117
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
117
Era contador de Coimbra e Aveiro já em 1506. Neste ano, a 30 de março, autorizou um afo-
ramento de uma mata maninha e quase paul, pela qual passava uma ribeira, a Jorge Anes,
no reguengo de Mira, terra senhoreada por Gonçalo Tavares, o qual requereu ao monarca
autorização para esse aforamento, a qual lhe foi dada por alvará assinado em Almeirim, a
24 de novembro de 1504. Comprometia-se o enfiteuta a limpar e aproveitar essas terras
para produção de cereal. O foro foi contratado por um real de prata e um capão em cada
ano. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Livro 38, fl. 71. Carta de 22 de dezembro de 1506).
118
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 25, fl. 35 e 53. (Carta de 13 de julho de 1513,
inserida em confirmações régias de 12 de dezembro de 1515 e de 2 de maio de 1516). Foi
também o contador Diogo Homem que, em 1514 ou 1515 regulou o contrato enfitêutico
de umas casas, em Coimbra, a Pêro Álvares, conforme a alvará real de autorização, dado
em Lisboa, a 4 de julho de 1514. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 24, fl. 41v).
119
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 39, fl. 104.
120
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Livro 38, fl. 109. (Carta de 16 de abril de 1518).
121
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 12, fl. 7v.
122
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 9, fl. 37; Estremadura, Liv. 12, fl. 23v.
118
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119
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
131
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 34, fl. 22. (Carta de 7 de maio de 1496).
132
Carta régia de 28 de setembro de 1497. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 28, fl. 26).
133
Carta régia de 27 de abril de 1496. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 40, fl. 46v).
134
Carta régia de 26 de abril de 1496. Entre os erros apontados a Pêro Vasques estava o de não
cobrar, aos pescadores da vila, o dízimo devido a troca da entrega de pescado, como sucedeu
com o arrais Álvaro Gil e com João Giraldes. Também João Gil e Maria Martins, siseiros
dos vinhos e dos azeites de Esgueira, requerendo-lhe que fizesse varejo com o porteiro das
sisas aos vendeiros e regatães, se comportara como se fosse procurador dos comerciantes.
Era acusado, ainda, de ter recebido vinho, a favor, de um almocreve que o ia vender a um
Afonso Pires. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 28, fl. 26; Liv. 40, fl. 66).
135
Carta régia de 28 de março de 1496. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 26, fl. 111v.
136
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 40, fl. 124. (Carta de 4 de maio de 1496).
137
Carta régia de 28 de abril de 1496. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 40, fl. 57v).
138
Carta régia de 26 de abril de 1496. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 40, fl. 57v).
120
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139
Carta régia de 26 de abril de 1496. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 40, fl. 46).
140
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 2, fl. 51. (Carta de 10 de agosto de 1502. A carta
de renúncia, feita pelo tabelião André Anes, datava de 4 de agosto de 1502).
141
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 23, fl. 56. (Carta de 10 de janeiro de 1505.
Substituiu Lopo Afonso, que renunciou ao cargo, conforme instrumento lavrado por
Nuno Gonçalves, tabelião em Águeda).
142
Com o mantimento anual de 53 reais e 3 pretos por milheiro até mil reais. O ofício
vagara por morte do anterior titular, Gonçalo Eanes do Arrabalde. (TT – Chancelaria de
D. Manuel I, Liv. 12, fl. 11v). (Carta de 31 de março de 1500).
143
Renúncia redatada pelo tabelião Vasco Afonso, em Brunhidos, a 24 de abril de 1501.
Carta régia de 9 de junho de 1501). (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 1, fl. 30).
144
Carta régia de 27 de dezembro de 1502 ou 1503. (TT – Chancelaria D. Manuel I, Liv. 35, fl. 66).
145
Carta régia de 10 de novembro de 1506. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 44, fl.20).
146
Renúncia lavrada pelo tabelião de Vouga, João Vaz, a 20 de setembro de 1511. Pagou 700
reais de dízima. Carta régia de 5 de março de 1511. (TT – Chancelaria de D. Manuel I,
Liv. 8, fl. 25v).
121
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147
Renúncia lavrada por João Dias, tabelião de Aveiro, em 10 de março de 1514. Carta régia
de 22 de março de 1514. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 15, fl. 186).
148
Carta de 6 de fevereiro de 1515. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 24, fl. 13).
149
Carta régia de 7 de março de 1515. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 24, fl. 150v).
150
Carta régia de 23 de junho de 1515. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, liv. 24, fl. 96).
151
Carta régia de 16 de março de 1519. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 35, fl. 106v).
152
Renúncia lavrada pelo tabelião aveirense Manuel Dias, em 17 de janeiro de 1519,
Aveiro. Carta régia de 18 de fevereiro de 1519. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv.
44, fl. 34v).
153
Carta de 26 de março de 1496. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 26, fl. 111v).
154
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 12, fl. 60v. (Carta de 10 de dezembro de 1500).
122
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155
TT – Chancelaria de D. Manuel I, liv. 42, fl. 85v. (Carta de renúncia feita em Aveiro, a 15
de julho de 1513. Carta régia de provimento no cargo de 30 de julho de 1513).
156
Carta de renúncia lavrada pelo tabelião Vasco Afonso. (TT – Chancelaria de D. Manuel
I, Liv. 1, fl. 15v). (Carta régia de 15 de janeiro de 1501).
157
Carta de 7 de março de 1504. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 23, fl. 6).
158
Carta régia de 30 de janeiro de 1501. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 1, fl. 1).
159
Carta régia de nomeação datada de 10 de maio de 1502. A renúncia de Francisco
Anes fora lavrada por Nuno da Cunha, tabelião de Aveiro, em 28 de abril de 1502.
(TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 2, fl. 28v).
160
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 2, fl. 28v.
161
Carta régia de 28 de março de 1496. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 26, fl. 111).
123
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
162
Carta régia de 8 de março de 1514. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, liv. 15, fl. 36v).
163
Carta de 7 de dezembro de 1515. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 25, fl. 16).
164
Ambas as cartas régias de quitação se encontram em TT – Mosteiro de Santa Cruz de
Coimbra, Pasta 41, documentos não numerados.
165
Carta régia de 20 de janeiro de 1515. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 24, fl. 12).
166
O ofício de requeixaria ou de requeixeiro, segundo o Diccionario da Lingua Portugueza,
de Antonio de Moraes Silva, Tomo II, F-Z, Lisboa, 1831, ), p. 629) aplicar-se-ia a ofí-
cios tais como de mantearia, copa, repostaria; poderá tomar-se, ainda, como cozinheiro,
requeijeiro ou pasteleiro de lacticínios, natas, etc.
167
Pagou 1500 reais de dízimo. TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 25, fl. 160.
168
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 25, fl. 174v. (Pagou 1500 reais de dízima. Carta
régia de 3 de setembro de 1517).
124
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
125
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
177
Era almoxarife de Aveiro Henrique Dias. Neste valor final entram 11 910 reais do 1%
do almoxarifado, e 4 550 reais do 1% da alfândega, a que se somou mais 47 250 reais
recebidos de Aires Ferreira, recebedor do almoxarifado de Coimbra, 1 800 reais de
Afonso de Barros, recebedor do mesmo, 28 700 reais do almoxarifado de Aveiro, relati-
vos ao ano de 1511, 28 871 do ano de 1510, do mesmo almoxarifado e 35 194 de Álvaro
Frade, almoxarife da alfândega de Barcelos. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 9,
fl. 37; Estremadura, Liv. 12, fl. 23v; Braamcamp Freire – “Cartas de quitação del rei
D. Manuel”, Archivo Historico Portuguez, Vol. III (1905), Lisboa, pp. 237-240: 237.
178
Anselmo Braamcamp Freire – “Outro capitulo das finanças manuelinas. Os cadernos de
assentamentos”, Archivo Historico Portuguez, Vol. X (1916), pp. 60-208.
126
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
127
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
128
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
129
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
182
António Gomes da Rocha Madahil – Milenário de Aveiro. Colectânea de Documentos
Históricos. Vol. I. 959-1516. Aveiro: Câmara Municipal de Aveiro, 1959, p. 235; Maria João
Branco Marques da Silva – Aveiro Medieval. Aveiro: Câmara Municipal de Aveiro, 1991, p. 80.
183
Vd. João Cordeiro Pereira – Op. cit., p. 40.
184
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 34, fl. 25v.
185
TT – Chancelaria de D. Manuel I, liv. 33, fl. 91v.
186
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 35, fl. 19v.
187
Vd. Maria Helena da Cruz Coelho – “Aveiro – reflexo da terra e das gentes...”, pp. 30-31;
Saul António Gomes – “Os forais de Esgueira: notas codicológicas”, Esgueira: 500 anos
do Foral Manuelino. Aveiro: Junta de Freguesia de Esgueira, 2015, p. 31, nota 1.
188
Carta de 24 de março de 1518. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 10, fl. 142v).
130
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
189
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 1, fl. 51v.
190
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 36, fl. 53v.
191
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 18, fl. 24v. (Carta de 17 de setembro de 1521).
192
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 6, fl. 96.
193
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 42, fl. 7. (Carta de 13 de novembro de 1512).
194
Mestre Abram fugiu da prisão em que estava, furando uma parede da cadeia. O corre-
gedor da comarca, todavia, julgando o caso veio a ilibá-lo. O processo subiu então ao
Desembargo Régio, perdoando-lhe o monarca, por carta de 7 de maio de 1496, as penas
cível e crime em que incorrera, com condição de pagar 10 000 reais para a Arca da
Piedade. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 40, fl. 101).
195
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 1, fl. 17v.
131
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
pudesse andar “fora das mãos dos requeredores”196. Meses mais tarde,
apurou-se que Pêro Vaz Arrobas obtivera o cargo ilicitamente, manean-
do informações falsas e cometendo erros no exercício do mesmo, pelo
que foi exonerado das funções, passando o ofício a João Ceiça, porteiro
da vila197. Em 1511, recaíam em Diogo Gil, morador na vila, os ofícios
de homem do almoxarifado, requeredor da dízima de fora do reino e de
selador da alfândega198.
O oficialato régio, em Aveiro e a sua região próxima, contava,
ainda, com coudéis199, escrivão da coudelaria200, escrivão da vedoria das
éguas do arcediagado de Vouga201, monteiros e guardadores das matas
de Paradela202, Soutelo203 e Perais204, entre outros monteiros da montaria
de Aveiro205, besteiros206 e espingardeiros207.
196
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 1 fl. 38.
197
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 1, fl. 64.
198
Pelo que recebia o mantimento de 600 reais ao ano. Substituiu nesses cargos a João Pires,
que os renunciara por instrumento lavrado pelo tabelião de Aveiro, Pêro Álvares, a 8 de
maio de 1511. A nomeação régia tem a data de 19 de maio de 1511. (TT – Chancelaria de
D. Manuel I, Liv. 8, fl. 56).
199
Por carta régia de 10 de fevereiro de 1496, foi nomeado coudel de Aveiro, João Pimentel,
escudeiro da casa real, servindo o dito cargo havia já três anos, no qual substituíra João
de Aveiro. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 26, fl. 15v).
200
Luís Eanes, escudeiro, foi nomeado escrivão da coudelaria da vila de Aveiro e seu termo
em 22 de junho de 1497. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 30, fl. 96).
201
A 15 de julho de 1513, Lourenço Peres, escudeiro régio, foi nomeado escrivão da vedoria
das éguas dos arcediagados de Vouga e de Penela, das quais era vedor-mor Gonçalo da
Silva, fidalgo da casa real. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 24, fl. 178).
202
Em 6 de setembro de 1497, João Afonso, almocreve, morador em Aveiro, foi nomeado
monteiro e guardador da Mata de Paradela, em lugar de Afonso Martins, morador na
Castanheira, que se aposentara. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 28, fl. 44).
203
Por carta de 6 de setembro de 1497, João Anes, morador em Aveiro, é apresentado como
monteiro e guardador da Mata de Soutelo, em vez de João Afonso, que renunciou ao
cargo. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, liv. 28, fl. 44).
204
Em 15 de maio de 1496, foi nomeado Pêro Dias, morador em Aveiro, para monteiro e
guardador da Mata de Perais, no termo da mesma vila, em lugar de Pedro Anes da Póvoa.
(TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 34, fl. 7v).
205
Por carta de 1 de março de 1520, D. Manuel I nomeou Álvaro Pires, morador na
Albergaria, monteiro da montaria de Aveiro. A 17 de novembro desse ano, foi nomeado
como monteiro-mor da montaria de Aveiro, João Martins, cavaleiro, morador na vila.
(TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 35, fl. 128 e Liv. 36, fl. 123).
206
Carta régia de 20 de março de 1496 confirma Diogo Vaz, morador em Esgueira, como
besteiro do monte. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 33, fl. 1).
207
Conhecem-se as nomeações para o cargo de espingardeiro de João do Crasto, sapateiro,
por carta de 4 de fevereiro de 1484, confirmada em 26 de abril de 1496, de João Pires,
132
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
Por c. entenda-se concelho. Fonte: João José Alves Dias – Gentes e Espaços
(em torno da população portuguesa na primeira metade do século xvi).
Lisboa, Fund. Calouste Gulbenkian e JNICT, 1996, pp. 224-225.
133
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
134
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135
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137
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
138
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
208
João Alves Dias, Op. cit., p. 448.
209
Carta régia de 7 de dezembro de 1499. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 14, fl. 74).
210
Carta de 4 de maio de 1500. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 12, fl. 17).
211
Carta de 22 de dezembro de 1502. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 2, fl. 61v).
212
Carta de 9 de janeiro de 1504. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 35, fl. 64).
213
Carta de 17 de março de 1514. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 15, fl. 16v).
214
Carta de 4 de abril de 1515. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, liv. 24, fl. 97v).
215
Carta de 14 de março de 1515. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 24, fl. 28).
139
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
a pedido dos juízes e homens bons dos mesmos216. Este mesmo Álvaro
de Aguiar, em 1521, viu-se investido no ofício de procurador do nú-
mero de Santa Maria da Feira, de Ovar e Figueiredo, a pedido dos
respetivos juízes e homens bons217. Citemos, por último, o caso de
Fernão Borges, morador na Bemposta, nomeado, por carta de 10 de
outubro de 1516, procurador das custas dos concelhos de Figueiredo,
Bemposta e Angeja, onde existiriam cerca de 600 fogos218.
O rei é, no campo da ideologia monárquica, um pai para a sua grei,
dispensador de graça, mercê e garante da justiça. Os órfãos são, neste
contexto, particularmente protegidos pela Lei e pelo rei. Nomeiam-se,
desse modo, juízes e escrivães dos órfãos que deveriam garantir o respei-
to pelos direitos patrimoniais deste grupo etário. Para juízes dos órfãos
de Aveiro, D. Manuel I nomeou, em 1496, Cristóvão Rebelo, escudeiro
da sua casa, em vez de João Luís, que renunciara219, e, para os órfãos de
Vouga, em 1521, Brás Dias, morador em Macinhata do Vouga220.
Os escrivães dos órfãos, acumulando ou não com outras funções,
como escrivaninhas da câmara ou da almotaçaria, documentam-se em
número maior, como sejam:
– Luís Eanes, escudeiro, de Aveiro, escrivão da almotaçaria e dos
órfãos desta vila, como o era já em tempo de D. João II, com licença
para poder fazer sinal público em todas as coisas que aos ditos ofícios
pertencessem, como se fossem feitas por tabelião público, devendo
registar as escrituras em livro (1496)221;
– Artur Lopes, criado de Estêvão Barradas, confirmado como escrivão
dos órfãos no arcediagado de Vouga (1502)222;
– Luís Gonçalves, escrivão dos órfãos da vila de Vouga (1503)223;
216
Carta de 16 de junho de 1516. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 25, fl. 74v).
217
Carta de 22 de abril de 1521. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 39, fl. 57v).
218
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 25, fl. 101v.
219
Carta régia de 18 de janeiro de 1496. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 32, fl. 60v).
220
Carta régia de 23 de outubro de 1521. Pagou 500 reais de ordenado. (TT – Chancelaria
de D. Manuel I, liv. 18, fl. 48).
221
Carta régia de 19 de março de 1496, confirmando a de D. João II, de 22 de fevereiro de
1494, Lisboa; e de 12 de maio de 1496. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 34, fl. 22,
Liv. 26, fl. 89).
222
Recebera o ofício em 27 de julho de 1502, confirmando-lho o monarca em 29 de julho
desse ano. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 2, fl. 45v).
223
Carta régia de 12 de maio de 1503. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 35, fl. 26).
140
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
224
Carta régia de 18 de junho de 1503). (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 35, fl. 34).
225
Carta de renúncia lavrada por Gomes Afonso, tabelião em Avelãs de Caminho; pagou
1000 reais de dízimo. Carta régia de 18 de abril de 1504. (TT – Chancelaria de D. Manuel
I, Liv. 23, fl.10).
226
Carta régia de 6 de agosto de 1516. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 25, fl. 91v).
227
Carta régia de 30 de outubro de 1521. As câmaras em causa haviam perdido a dada destes
ofícios. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 18, fl. 55v).
228
Carta régia de 25 de junho de 1503. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 35, fl. 34v).
229
Carta régia de 30 de dezembro de 1511; pagou 300 reais de dízimo. (TT – Chancelaria de
D. Manuel I, Liv. 8, fl. 103).
230
Carta régia de 3 de novembro de 1514. Lopo Fernandes substituía João Duarte, por
renúncia deste, lavrada pelo tabelião Duarte Sequeira, a 3 de novembro de 1514, em
Lisboa. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, liv. 15, fl. 154).
231
Renúncia lavrada na Vila da Feira, a 23 de março de 1512; carta régia de nomeação de 14
de fevereiro de 1503. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 42, fl. 9).
232
TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 1, fl. 38v.
141
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
142
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
solteira, moradora em Requeixo, por ter tido afeição carnal com, Pêro Martins, clérigo de
missa, tendo sido sua manceba. Perdão conquanto pagasse 500 reais. (TT – Chancelaria
de D. Manuel I, Liv. 34, fl. 65).
239
Francisco de Torres, morador em Aveiro, fora preso na cadeia da vila de Almeida, por
causa de uma querela que dele dera João Afonso, carcereiro, dizendo que arrenegara de
Deus. O feito foi por apelação perante o Dr. Rodrigo Homem, que andava com alçada na
comarca da Beira. Temendo-se de ser condenado, soltara-se da cadeia e fugira com outro
prisioneiro para Castela. Tendo-se livrado do dito malefício, e João Afonso condenado
nas custas, pedia ao rei o perdão, o qual lhe foi concedido, conquanto pagasse 300 reais
para a Relação, por carta de 20 de março de 1501. (TT – Chancelaria de D. Manuel I,
Liv. 45, fl. 71).
240
Perdão régio a Grácia Gonçalves, solteira, natural de Aveiro, acusada de feitiçaria e
condenada, por sentença do corregedor da Estremadura, Álvaro Dias, a degredo para
a vila e couto de Monforte de Rio Livre, por dois anos. Tendo adoecido no cumpri-
mento da pena, pede que o degredo fosse passado para a vila e couto de Arronches.
Carta régia de perdão de 21 de maio de 1496. (TT – Chancelaria de D. Manuel I,
Liv. 43, fl. 22v).
241
João Gil, alfaiate, morador no julgado de Avelãs do Caminho, acusado por culpas na fuga
de João Afonso, preso que lhe fora entregue por Álvaro Dias, corregedor da comarca
da Estremadura, João Afonso, acusado de arrenegar de Deus e de Santa Maria. Perdão
outorgado mediante pagamento de 1000 reais para a Arca da Piedade, que pagou a Frei
Fernando, esmoler. Carta régia de 31 de março de 1496. (TT – Chancelaria de D. Manuel
I, Liv. 33, fl. 7). Pêro Anes, morador em Ovar, sendo carcereiro, fora-lhe entregue preso
um João Delgado, culpado, em devassa, de ser ladrão. Este fugira-lhe mas entretanto
voltara a ser preso. Perdoado do erro mediante pagamento de 300 reais para a Arca da
Piedade, pagos a Frei Fernando, esmoler d’el-rei. Carta régia de 13 de fevereiro de 1496.
(TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 32, fl. 110). Perdão a João Álvares, lavrador,
morador em Paus, termo do concelho de Eixo, porque, havia um ano antes, sendo alcaide
posto por constrangimento do juiz e homens bons do concelho de Óis da Ribeira, rece-
bera à sua guarda um preso, João Álvares, morador em, Óis, porque não cumprira um
ano de degredo em Marvão a que fora condenado. O juiz mandara-lhe que lhe tirasse
as cadeias e lhe lançasse umas ferropeias com que pudesse andar a ganhar de comer,
o que ele fizera, vindo o prisioneiro a fugir-lhe. Perdoado, por carta de 28 de agosto de
1501, mediante o pagamento de 1000 reais para a Arca da Piedade. (TT – Chancelaria
de D. Manuel I, Liv. 46, fl. 46v). Perdão régio, de 11 de outubro de 1501, a Gonçalo
Fernandes, lavrador, morador em Eixo, por ter deixado fugir da prisão Fernando Afonso,
acusado de barregueiro, tendo sido achado e preso de novo em Soza, terra de António de
Sousa. Indo para o prender, apelou para o rei, acudindo muitos homens que começaram a
pelejar com eles, espancando-os e ferindo-os, dizendo que lhe deixassem o preso. Viera aí
o juiz e ordenara a prisão de Gonçalo Álvares, parceiro do suplicante, andando amorado.
Perdoado mediante o pagamento de 1000 reais para a Arca da Piedade. (TT – Chancelaria
de D. Manuel I, Liv. 46, fl. 82v).
143
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
242
Carta régia, com data de 6 de fevereiro de 1505, confirmando o alvará, dado a 1 de feve-
reiro desse ano, Lisboa, de apresentação de Vasco da Mota, capelão régio, no priorado da
igreja de Santa Olalha de Vale Maior, junto de Albergaria-a-Velha, bispado de Coimbra,
em lugar de Álvaro Pires. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 22, fl. 112).
243
Em 19 de dezembro de 1514, D. Manuel concedeu licença a Afonso Dias, prior de
S. Lourenço do Bairro, doente e de avançada idade, para ter em sua casa e ao seu ser-
viço, em trabalhos honestos, uma mulher, desde que com idade superior a 50 anos.
(TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 11, fl. 74).
244
D. Manuel concedeu esmola à ermida de Santa Maria de Vagos, pela qual o seu prior,
Gonçalo Gil, era autorizado a doar à dita casa as marinhas que fizera, com o seu foro.
Carta de 22 de fevereiro de 1505. (TT – Chancelaria de D. Manuel I, Liv. 20, fl. 3).
144
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
APÊNDICE DOCUMENTAL
DOC. 1
1439 Dezembro, Lisboa – Capítulos apresentados nas Cortes de
Lisboa de 1439 pelo concelho de Aveiro. Inserido em confirmação do
rei D. Afonso V, de 20 de Abril de 1451, Santarém.
Item Senhor, a vosa mercee sabera que esta villa he muito minguada
de mesteiraaes de todollos oficios que os nom podemos aver nem que-
rem aqui viir temendo se de os porem por beesteiros de conto. E porque
no corpo desta villa ha d’aver treze beesteiros e ella nom tem termo que
a ajude a soportar estes treze beesteiros porque o seu termo desta villa
he dado de tempo amtigo a anadaria de Vouga. E por esta rezom he
145
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
forçada a dita villa de buscar os ditos treze beesteiros, pella quall rezom
nenhuuns mesteiraaes se nom querem viir viver a dita villa temendo se
de os porem por beesteiros do conto como dito he. E por esta villa aver
alguum favor e poder aver em ella os ditos mesteiraaes pidimos aa vosa
mercee nos de por ajudoiro Esgueira e Soza per que em estes lugares
nom se fazem beesteiros. E sam lugares que nos podem ajudar estes
treze beesteiros. E per esta guisa poderemos aver os ditos oficiaes e a
villa e comarca d’arredor sera abastada e a nos sera fecta mercee.
§ Praz nos que ajaaes e per›ajuda dos ditos treze beesteiros, Esgueira.
Outrossy senhor pidimos a vossa [merce] que as cousa[s] que vie-
rem per mar da cidade do Porto pera fornimento das nosas casas e nom
pera vender nem regatar que nos nom levem dizimas dellas porquanto
senhor asy o soia de seer em tempo del rei voso padre cuiga alma Deus
aja segundo dello serees certo per testemunhas dinas e de creer.
Mandamos que em esto se guarde o custume amtigo.
E pidirom nos [os] ditos procuradores que lhe mandasemos dar hua
nossa carta com o trelado dos ditos capitolos <por>que lhe eram nese-
çareos. E nos visto seu dizer e pidir mandamos lhos dar segundo dito
he. E porem vos mam[d]amos que lhas compraaes e guardes e façaaes
comprir e guardar em todo asy e polla guisa que em[e]les com a dita re-
postas he conteudo sem poerdes a ello outro nenhuum embargo. Homde
all nom façaaes. Dada em a villa de Santarem a xx dias do mes d’abrill.
Rui Meendez a fez. Anno do Nacimento de Noso Senhor Jhesu Christo
de mill iiijc e cincoenta e huum.
DOC. 2
1444 Fevereiro, 14, Évora – Capítulos especiais apresentados pelos
procuradores de Aveiro nas Cortes de Évora de 1444.
Dom Afomso e ct. A quantos esta carta carta [sic] virem fazemos
saber que em nas cortes que hora fezemos em esta cidade d’Evora
146
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
147
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
A estes dous capitullos responde el rey que lhe praz que emquanto
forem achadas pessoas que escusadas nom sejam que sejam constran-
gidas pera taaes oficios. E quando taaes hy nom ouver que sejam cons-
trangidos pera ello allguuns priviligiados aquelles que maes idoneos
forem. E mais pequenos privilegios teverem.
DOC. 3
1451 Abril, 18, Santarém – Capítulos especiais da vila de Aveiro
apresentados nas Cortes de Santarém de 1451.
246
Riscado uma palavra.
148
Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
Dom Afomso e ctª. A quantos esta carta virem fazemos saber que
em as cortes que ora fezemos em esta cidade d’Evora polos procura-
dores da villa d’a Aveiro nos forom dados certos capitollos espiciaaes.
E ao pee de cada huum lhe mandamos dar nosa reposta, dos quaes o teor
de tres he o que se adiante segue.
149
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
seus privilegios porque vos pidimos por mercee que mandees que todos
sirvam em higualdade em tall guisa que a terra seja bem encaminhada.
E a estes dous capitollos responde el rei que lhe praz que enquanto
forem achadas pesoas que escusadas nom sejam que seja costrangidas
pera taaes oficios. E quamdo taaes hi ouver que sejam pera ello costran-
gidos alghuuns privilegiados aqueles que mais lidimos forem e mais
pequenos privilegios teverem.
DOC. 4
1459 Junho, 28, Lisboa – Capítulos especiais de Aveiro apresenta-
dos nas Cortes de Lisboa de 1459.
Dom Afomso, ect. A quantos esta etc. que nas cortes que ora fezemos
em a nossa cidade de Lixboa per Joham da Sartaae e Diogo Barreto pro-
curadores da villa da Aveiro nom [sic] forom dados certos capitulos ct.
Outrossi senhor sabera a vossa alteza que em esta villa soyam de
mandar suas procurações a Galiza que lhe fretassem navyos pera levar
seu sall. E avera certos annos que vossos contadores e almoxarifes nos
embargam que nom fretemos per procuraçoões salvo hirmos fretar nos
dictos navyos per pesoas, o que nos he gram trabalho, por que pidimos aa
vossa alteza que mandees que fretemos per procuraçoões segundo soyamos
de fretar. E em esto a nos farees mercee, nos farees mercee [sic].
A esto respondemos que pera esto he necesaria a reposta do contador.
Porem façan lhe requerimento com sua reposta e traguam estormento.
151
Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
E nos veendo e ct. Em forma dada em Lixboa, xxbiij dias [de] junho.
El Rey o mandou per Fernam da Silveira. Diogo Lopez a fez. Anno do
Senhor de iiijc Lix.
DOC. 5
1482 Janeiro, 18, Évora – Capítulos especiais da vila de Aveiro
apresentados nas Cortes de Évora-Viana de 1481-1482.
Dom Joham ect. A quoamtos esta carta virem fazemos saber que aas
cortes que ora fezemos por parte dos juizes oficiaaes e homeens boons da
villa d’Aveiro per Martim Vaaz que por procurador da dicta villa aas dictas
cortes foey emviado nos foram apresentados certos capitullos dos quãees
com nossas repostas a elles dadas o theor he este que se adiamte segue.
247
Repete “vem”, que riscou.
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Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
Responde el Rey que seja remetido ao juiz dos seus fectos que veja
esta causa e a determine.
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Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
sall que cada huum carregua e leva pera fora nenhuũa cousa salvo seu
mantimento que de vossa mercee ham e de pouco tempo a esta parte
começam de levar de seu asentamento que faz em vossos livros huum
espadim e depois veo a levar dez reaes. E agora leva XbIIIº donde
nunca levaram nenhũa coussa por nom dar alvara nem outra algũa reca-
daçam aos que o dicto sall carregam salvo o que escrepve em vosso
livro pera se saber o que vossa inposiçam rende. E porque lhe ja fosse
defesso per os oficiaes de vosso padre que Deus tem que tall dinheirro
nom levasem nunca o quis nem quer fazer levando muito injustamente
contra Deus e dirreito. pedimos por mercee que lhe mandees e defen-
daaes sob pena de privaçam do dicto oficio que tall dinheirro nom leve,
no que senhor nos farees dirreito e mercee.
Responde el Rey que vaa carta a Fernam Pirez que em breve despache
o fecto que sobre esto perante elle handa.
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Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
Item. Senhor muy gram tempo ha que hũa bõa molher por caridade
fez huũa ponte que se chama d’Almeara, que he acerqua desta villa e
depois que em ella gastou o que tinha se pos ao pee da dicta ponte e aly
pedia ajuda aos que per ella pasavam pello amor de Deus pera aveer
d’acabar como acabou. E depois da sua morte huum Afonso Martinz
cavaleiro senhor da Trofa morador em a dicta villa se tremeteo a sogi-
guar todos os que per a dicta ponte pasavam asy de Viseu e Lameguo e
Covilhaa e Guarda e Castella por seer hũa grande estrada pera a dicta
villa e comarqua e pera a cidade do Porto. E lhes demandava de pon-
tagem huum dinheirro que nam tam soomente. E depois os senhores
que do dicto lugar da Trofa foram acrecentaram sempre na dicta pon-
tagem que nam tam soomente aos dos dictos lugares mas ainda aos da
dicta villa e vezinhos d’arredor que agora a dicta ponte fazem levam
de cada hũa carregua tres reaes. E da pipa de vinho que vay embarcar
por baixo da ponte cinquo reaes, o que senhor he muito contra justiça
e dirreito o que per cima da ponte nom vay paguar. E asy como esto
vay mall levado asy o levam das barquas que vam per o rio de Vougua
que he sobre sy. E nom vam per so a dicta ponte. E dos homeens que
vam em besta d’albarda levam sem levar coussa algũa soomente seu
corpo a sobredicta pontagem. E ainda emadendo de mall em pior nom
abasta esta pontagem que de dirreito nom devem d’aver a tirar ao pee
da dicta ponte mais ainda põoe requeredores em Aguarda e em Hoões
e em Requeixo pello rio d’Agueda e pello de Vouga ataa hu lhe praz.
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Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
Item. Senhor, vosa alteza sabera que esta villa se nom governa nem
mantem senam per carreto e mantimentos que vem de fora asy per mar
como per terra pellos quaaes se ainda bem nom pode soportar e pera
senhor se milhor poder manteer e soportar pedimos vos por mercee que
nos façaes quita da dizima de todo pescado seco que quaaesquer pesoas
que a ella vierem trouverem per mar de quallquer madeira e tavoado
que os moradores della trouverem per mar pera a governança das suas
cassas ou de quallquer parelhos e coussas que mandarem trazer ou trou-
xerem pera seus navyos asy como senhor os rex que ante vos foram fi-
zeram aa cidade do Porto. E tambem senhor por asy esta se manteer per
carreto. Pedimos de muita mercee que mandees que se nom faça nenhũa
carregaçam de pam da Barra da dicta villa adentro nem pella Barra fora
e far nos ees eem ello senhor grande mercee.
Responde el rey que se faça como no porto de Lixbõa.
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Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
dictas pontes estam e per rezam e dirreito a nos pertence saber parte
como se as despesas fazem pera o que ficar deposito se por per recada-
çam em maão de huum muy boom homem em esta villa pera quando
mester forem pera repairo dellas e acharem hy. Pedimos vos senhor por
mercee que quando quer que taes pontes se ouverem de correger que os
oficiaes que dellas forem venham dar conta aa camara desta dicta villa
aos juizes e oficiaes della porque paguam em a mayor parte dellas e tem
rezam de se doerem dello mais que outros nenhuuns e nom leixarem
pagar o que nom devem no que senhor farees serviço a Deus e a nos
mercee e dirreito. // [Fl. 53v]
Responde el Rey que ha por bem que aquelles que atee qui tomarem
estas contas as tomem com deligencia e se per pesoa pera isto hy nom
ha certa hordenada que manda ao corregedor da comarqua ou a quems
eu carreguo tiver que a tome.
Item. Senhor esta villa com sua comarca estavam em custume os que
marinhas tem fretarem navios pera carregar seu sall per procuraçooes
sofecientes e de pouco tempo aqua nossos rendeiros e oficiaes o nom
querem consentir se nam que os vamos fretar per pesoa por nos sogi-
raram e fazerem muitas opresooes como fazem o que senhor he muito
contra dirreito porque vosa alteza sabe bem que todollos dirreitos dam
fee aas escrpituras publicas e pois que per procuraçoões publicas fretar-
mos nossos navios nom nos devem sobre ello poer duvida nem enbarguo.
Pedimos vos senhor por mercee que mandees que por nossas procurações
sofecientes posamos fretar quaeesquer navyos hasy como se faz em to-
dallas partes do mundo e quando vossos rendeiros ou recebedores prova-
rem que se faz hy alguum conluyo que aquelles que os fizerem paguem
os vossos dirreitos em dobro. E esto senhor vos farees dirreito e mercee.
Responde el rey que posam fretar navyos per procuraçoes.
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villa por mercee que por tal fama nom sayr de vossos regnos dees lugar
e consentimento que huum quallquer boom homem da dicta villa tenha
carreguo de defender suas demandas, que lhes poserem. E lhe deman-
dar outras se as tiverem contra quaaesquer pesoas e farees senhor serviço
a Deus e a elles dirreito e a nos mercee.
Responde el Rey que o arrtiguo nom defende que precurem contra os
rendeiros os procuradores que o sam por carta nossa ou graão pera hiso
mas outras pesoas que ho nom sam per carta que o nom posam fazer.
Item. Senhor, vossa alteza sabera que esta villa tem por termo da jur-
diçam crime o concelho d’Oões do Bairro e ho de Mogofores e Anadia
e o Pereyro e a Aguoada de Cima e o couto da Barroo que sam terras e
jurdiçam civell do bispo de Coynbra e Santa Cruz. E quando os juizes
desta villa vaão pellos dictos lugares em cada huum ano pera tirarem
inquiriçooes devasas sobre o crime e poerem jurados de crime de pren-
der e segurar os dictos juizes mandam que as despesas que se fazem
em tiramento das dictas inquiriçooes em os sobredictos lugares que os
moradores delles as paguem e elles entam se socorrem ao bispo e prioll.
E elle com a vara da Sancta Igreja per escumunham que poõe nos dictos
juizes defendem que nom levem taaes despessas nem costrangam seus
lavradores pera ello. E nos com temos da dicta escomunham os nom
mandamos costranger pera taaes despessas em que recebemos muito
agravo andarmos em serviço e bem seu avermos a paguar as despessas
que se fazem por seu proveito aa custa dos moradores da dicta villa.
Pedimos vos senhor por mercee que todas as despesas que se fizerem
em os dictos lugares em tiramento das dictas inquiriçooes per quallquer
modo que sejam que os moradores dos dictos lugares as paguem pois
que sobre elles redondam e em ello senhor farees a nos dirreito e mercee.
Responde el Rey que pedem bem e que asy se faça nom tendo o bispo
tall rezam e causa per honde com rezam e dirreito se nom deva de fazer.
Item. Senhor vossa mercee sabera que esta villa tinha por termo
a jurdiçam do civell e crime de Casall d’Alvaro e Bolfear que anda-
vam conjuntas com a [o]uvedoria d’Agueda que tambem he termo da
dicta villa e de pouco tempo aqua os dictos dous lugares andam fora da
dicta ouvedoria d’Agueda e do termo da dicta villa nom sabemos como
nem per que guissa. Pede vos senhor o povoo desta villa por mercee
que lhe mandees tornar sua jurdiçam dos dictos dous lugares que des
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Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
fundamento do mundo senpre foram seus e per dirreito lhe nom podiam
seer tirados. E far nos ees senhor dirreito e mercee.
Responde el Rey que se a jurdiçam he sua e se lha alguem embargua
que o citem e demandem e far lhe am dirreito.
Item. Senhor vosa merce sabera que esta villa248 <tem> pequeno
termo que se nom pode manteer nem soportar de carnes per seu termo
ser pequeno. E quando os carniceiros vaão pellas terras dos fidallgos
buscar as carnes que ham mister pera esta villa por ser lugar em que cada
huum anno veem muytos estrangeiros os dictos fidallgos em suas terras
nom querem consemtir que os dictos gaados sayam dellas pera esta villa
pella quall coussa padecemos. E aimda a vossa sisa da carne he por ello
muyto abatida. E a senhora vossa irmãa mall servida. Pedimos vos por
mercee que sob certa pena mandees aos fidallgos que taees defessas em
suas terras nom ponham e que leixem correr os dictos gaados e merca-
dorias de huuns lugares pera outros, segumdo vossas ordenaçõees. E que
tambem se emtemda vosso mamdado e defessa aos cidadaãos da cidade
do Porto que o tambem defendem tam bem do termo da cidade como
dos outros lugares que nam sam do seu termo porque nos a elles nom
fazemos mas amtes lhe leixamos aquy carregar sall e outras mercadorias
quaeesquer que elles querem no que nos farees direito e mercee.
Respomde el Rey que livrememte podem comprar e trazer doutras
terras os guaados comprados levamdo cartas de vizinhança, salvo se em
comprando os da terra omde se a dicta compra fezer quiserem os dictos
gaados tamto por tamto pagamdo logo que os poderam aver, e da dicta
tirada do gaado poderom assy hussar sallvo em aquelles lugares em que
privillego especiall del Rei he defesso e que defessas dos comcelhos e
dos senhores da terra em tall casso nom se guoardem amtes vezinhem
huuns com os outros nas tãees coussas como he rezam.
Dos quaees capitullos com 249 nossas repostas a elles dadas o dicto
Martim Vaãz procurador nos pedirom que lhe mamdassemos dar o tre-
llado porquamto se emtendia delles aajudar. E nos visto seu requeri-
mento lhe mandamos dar o dicto trellado em esta nossa carta pella qual
mandamos a todollos nossos corregedores, juizes e justiças, oficiãees e
pessoas a que o conhecimento desto pertencer per quallquer guissa que
Riscado: “tam”.
248
Riscado: “co”.
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DOC. 6
1490 Julho, 14, Évora – Capítulos especiais da vila de Aveiro nas
Cortes de Évora de 1490.
TT – Chancelaria de D. João II, Liv. 16, fl. 18v; Estremadura, Liv. 3,
fl. 273v.
Descobrimentos Portugueses. Documentos para a sua História.
Publicados e Prefaciados por João Martins da Silva Marques. Volume
III (1461-1500). Reprodução Fac-similada. Lisboa: Instituto Nacional
de Investigação Científica, Lisboa, 1988, Doc. 383, pp. 638-644
Dom Joham per graça de Deus rey de Portugal e dos Algarves da-
quém e dalem maar em Afryca, sennhor de Guine. A quantos esta nosa
carta virem fazemos saber que nas cortes que roa fizemos na nosa cyda-
de d’Evora por parte dos juizes e oficyaees e homens boons da nosa
villa d’Aveyro, per Bras de Fereyra escudeiro, que por precurador da
dicta villa as dictas cortes foy enviado nos foram apresentados certos
capitollos dos quaees com nosas repostas a elles dadas ho teor he este
que se ao diante segue.
Item. Outrosy, sennhor, a cadea desta villa no tempo do conde que
foy de Faram e depois em tempo da Sennhora Ifante irmãa de vosa al-
teza estava em hũa casa a quall tomou Afomso Feraz voso almoxaryfe
e fez dellas casa d’alfandegua. E nom nos deu casa em que estey a dicta
cadea, pollo que pedimos a vosa alteza que mande ao dicto almoxaryfe
que nos dee casa honde estee a dicta cadea ou torne a alfandegua honde
estava porque nom parece rezam tomar se a casa pera voso serviço e
a jurdiçam seer de vosa alteza e a villa aver de paguar casa honde se
ponha a cadea e [man]dee nos vosa alteza dar remedeo a ello e mandar
dar casa honde se ponha, fara justiça e muita merce.
Responde el rey que lhe façam certo per estrormento quem daa esta
casa se ho senhoryo se ho concelho e visto isto provera sobre ello.
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DOC. 7
1499 Novembro, 27, Lisboa – D. Manuel I confirma e renova a
Sebastião Fernandes e a sua mulher, Beatriz Rodrigues, o prazo em
três vidas, contratado em 12 de Dezembro de 1492, Aveiro, de umas
casas situadas em Vila Nova, junto a Aveiro, que iam “des o poço do
comcelho atee a casa torre del rey em que se ora faz allfandega”, pelo
foro de 16,5 reais de prata. Estas casas tinham sido emprazadas pri-
meiramente a Afonso Rodrigues, avô da dita Beatriz Rodrigues, pelo
Infante D. Pedro, em 20 de Julho de 1431, Coimbra, tendo passado
depois ao pai da enfiteuta, Rodrigo Afonso Leborinho.
Dom Manuell e ct. A quamtos esta nosa carta virem fazemos saber
que da parte de Bastiam Fernamdez morador em a nosa vila d’Aveiro
nos foy mostrado huum estormento d’emprazamento de que o theor de
verbo a verbo tall he como se segue.
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iiijc lRij aos xij dias do mes de dezembro em a vila d’Aveiro nas casas
da morada de Pero Afonso ho Moço pescador morador em Vila Nova da
dita villa omde se ora fazem os comtos e ora pousa Diogo Homem cava-
leiro da casa del Rey noso sennhor e seu comtador em os almuxarifados
da cidade de Coimbra e da dita villa e regemgos que o dito senhor haa
e tem em os ditos almuxarifados em presemça de mym Fernam Gomez
escprivam dos contos do dito sennhor em os ditos almuxarifados // [Fl.
141] e regemguos e das testemunhas ao diamte nomeadas presemte o
dito comtador pareceo Bastiam Fernamdez escudeiro morador em a
dicta villa e dise ao dito comtador que ele tinha huum prazo de huuas
casas que o Ifante Dom Pedro emprazara a Afonso Rodriguez avoo de
Brites Rodriguez sua molher. O quall prazo o dito Bastiam Fernamdez
loguo apresemtou ao dito comtador escprito em purgamynho e asiinado
per o dito Ifamte Dom Pedro e aseelado de huum selo pemdemte com
as quynas de Purtugall, o quall mostrava que fora feito aos vimte dias
de julho na cidade de Coimbra per huum Joam Cotrim na Era de Noso
Sennhor Jhesuu Christo de mill e iiijc xxxj.
E tanto que lhe o dito prazo apresemtou dise ao dito comtador que
se lhe elle quisese emnovar o dito prazo porque a sua molher era a
derradeira pesoa que ele daria mais do que senpre dera aquelo que
fose razam. E loguo por o dito comtador foy dito que lhe aprazia de
lho emnovar com tall comdiçam que eles emprazadores pagasem do
dito prazo em cada huum anno os ditos trimta reaes do prazo aalem
do que sempre pagaram das ditas casas. Com tall comdiçam que ele
dito comtador lhe emnovase o dito prazo per esta maneira, scilicet, que
ele e a dita sua molher fosem nomeados ambos por a primeira vida.
E mais pera duas depois delles. E o dito comtador dise que lhe aprazia.
E que lhe emprazava as ditas casas em a dita villa, scilicet, des o poço
do comcelho atee a casa torre del rey em que se ora faz allfandega,
as quaees emprazou aa dita Britiz Rodriguez e Bastiam Fernamdez
ambos conjuntos em a primeira vida dambos de dous e pera duas pe-
soas depois deles e que ho pustumeiro deles nomee a segumda e a
segumda nomee a terceira, as quaees casas lhe asy emprazou com to-
dalas suas emtradas, saidas novas e antigas e pertemças asy como as
trazia Rodrigo Afonso Leborinho pay da dita Britiz Rodriguez, come-
çamdo eles ditos emprazadores de pagar a dita pemsam das casas com
seu acrecentamemto este primeiro dia de Sam Migell de Setembro que
vinra da Era de mill e iiijc lRiij.
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Aveiro e as suas gentes na abertura de Quinhentos
Com tall preito e condiçam que ela dita Britiz Rodriguez e Bastiam
Fernamdez e as ditas duas pesoas que depois deles vierem repairem,
façam e reefaçam as ditas casas aas suas propeas custas e despesas de
todo o que lhe mester for em tall guisa e maneira que as ditas casas sejam
sempre melhoradas e nom pejoradas. E que em fim das ditas tres pesoas
as ditas casas fiquem ao dito senhor Rey com todo seu melhoramemto,
livres e desembargadas. E asy aos socesores do dito senhor. Os quaees
emprasadores e pesoas que depois deles vierem pagaram ao dito senhor
Rey e a seus socesores em cada huum anno de foro e pensam em a dita
villa dezaseis reaes e meo de prata de cemto de quatorze reaes o marco
da prata que sam trezemtos e trimta reaes de dez pretos o reall e ctª.
Com tall comdiçam que ela dita Britiz Rodriguez e Bastiam Fernamdez
e pesoas que depois eles vierem nom posam vemder nem doar nem dar o
dito prazo nem trocar nem escambar nem em outra pesoa emalhear sall-
vo fazemdo o primeiro saber ao dito senhor Rey ou ao seu comtador da
comarqua se as quer pera o dito sennhor pelo preso que outrem por elas
deer. E nam as queremdo que emtam as posam vender a tall pesoa que
nom seja de moor comdiçam que eles e pesoas depois deles e taees que
hao dito sennhor Rey pagem muy bem seus foros e pemsoes e nom seja
ha moesteiro nem a igreja nem a frade nem a crelleguo nem a allguũas
das pesoas defesas em ordenaçam do regnno. E a dita Britiz Rodriguez e
Bastiam Fernamdez em seu nome e das pesoas que depois deles vierem
tomou o dito prazo obrygamdo todos seus beens avidos e por aver a teer
e manteer as ditas crausollas e comdiçõees. E o dito comtador em nome
do dito sennhor e de seus socesores obrigou as remdas do dito sennhor
de lhe livrar e defemder as ditas casas de quem quer que lhas embargar
ou demamdar e de as manter em pose delas e ctª.
Em testemunho de verdade e de todo esto mandaram seer feitos se-
nhos estrumentos ambos de huum theor dos quaees este he huum que
foy feito pera a dita Britiz Rodriguez e Bastiam Fernamdez que foy feito
em o dito dia, mes e era sobredito. Testemunhas que eram presemtes
Amdre Gomez e Joam Teixeira e Pero de Viseu e Amdre Annes tabeliam
moradores em Aveiro e outros. E eu sobredito escprivam que o escprevi
e asyney de meu pruvico synall que tall he.
§ Pedindo nos o dito Bastiam Fernamdez em seu nome e da dita
sua molher que lhe comfirmasemos o dito emprazamento. O quall visto
per nos e seu requerimento e por lhe querermos fazer graça e mercee
temos por bem e lho confirmamos e damos por comfirmado em as ditas
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Saul António Gomes Aveiro e a Expansão Marítima Portuguesa 1400-1800
tres vidas pela guisa e comdiçooes que em cima he declarado com tall
comdiçam que o dito foro nos dem e pagem per dezaseis reaes e meo
de prata da moeda ora corremte de cemto e dezasete em marco e deles
de omze dinheiros ou seu imtrynseco valor em cada huum anno como
dito he. E bem asy com comdiçam que da feitura desta nosa carta a dous
meses primeiros seguimtes se ponham em cima d’almuceira do portall
das ditas casas nosas armas em pedra bem abertas e pimtadas pera se
em todo tempo saber como sam nosas e nos pertemce o foro delas.
E porem mamdamos ao noso comtador em a dita comarca que com esta
declaraçam lhe cumpra esta carta sem lhe niso ser posta duvida nem
outro embargo alguum porque asy he nosa mercee.
166
ÍNDICE
Nota de abertura
José Agostinho Ribau Esteves 7
Palavras Iniciais
Lauro Armando Ferreira Marques 11
ECONOMIA E SOCIEDADE
427
A navegação na Ria de Aveiro na época moderna:
arqueologia subaquática e marcas na paisagem
Patrícia Carvalho, José Bettencourt e Inês Pinto Coelho 167
A IMPORTÂNCIA DA DOCUMENTAÇÃO
E SUA PRESERVAÇÃO NA RELEITURA DA HISTÓRIA
428
As descobertas arqueológicas na Ria de Aveiro – qual a importância
do “Porto de Aveiro” no séc. xiv e xv
Sérgio Dias325
Aveiro e o Mar
Com. José Rodrigues Pereira 339
O QUE PERMANECE
429