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I.

situação de fraude à lei, a qual aquele Autor entende ser fundamento e cláusula
implícita desta alínea. De acordo com este entendimento, a alínea b) não se
aplicaria, sendo de analisar a verificação dos requisitos da al. e): neste caso,
poderia apenas estar em causa a verificação do requisito presente no inciso iii),
dependendo este da análise infra realizada a propósito da cooperação
internacional. Além das diferenças quanto aos fundamentos subjacentes, esta
divergência resultaria, neste caso, não só ao nível dos requisitos de aplicação
explanados, mas também em termos de consequências, uma vez que, de acordo
com a primeira posição, seria sempre aplicável a lei portuguesa (art. 6.º/3 CP),
enquanto a adopção da segunda orientação poderia resultar, caso se aplicasse a
al. e) e tivesse Portugal competência, uma restrição à aplicação da lei portuguesa,
por força do art. 6.º/2 CP, uma vez que a lei estrangeira era aparentemente mais
favorável.
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COMPETÊNCIA TERRITORIAL
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I. TERRITORIALIDADE: O Estado X ser a Alemanha Segundo o artigo 7.º
do CP, o lugar da prática do facto tanto se verifica no local onde o agente total ou
parcialmente actuou, como naquele em que se verificou o resultado (critério da
ubiquidade, misto ou plurilateral alternativo). O crime de perseguição consagrado
no art. 154.º-A do CP é um crime de mera actividade (basta-se, para a sua
consumação, com a realização de condutas reiteradas de assédio ou perseguição
adequadas, nas circunstâncias concretas, a provocar medo ou inquietação ou a
prejudicar a liberdade de determinação da vítima). Assim sendo, deve considerar-
se como lugar da prática do facto, relativamente às cartas enviadas por Abel a
Bárbara do estrangeiro, a Alemanha. Por conseguinte, está excluída a competência
portuguesa pelo princípio da territorialidade (art. 4.º CP).
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IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS
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I. ESPOSA EMBAIXADOR: Adélia cultiva cannabis no jardim da
embaixada. Trata-se de um crime de mera atividade, que se esgota no próprio
comportamento descrito pela lei – a ação de cultivar –, não carecendo de qualquer
evento externo (resultado), espacio-temporalmente dissociado daquele
comportamento. Segundo o artigo 7.º do CP, o facto considera-se praticado, tanto
no local em que o agente atuou, como naquele em que o resultado se verificou
(critério da ubiquidade, misto ou plurilateral alternativo). Considerando o que se
disse no parágrafo anterior, neste caso, relevaria apenas o local onde o agente
atuou. O agente atuou no jardim da embaixada, logo, em território português, uma
vez que as embaixadas não constituem qualquer forma de extensão do território do
Estado titular da missão diplomática. Contudo, Adélia é mulher do embaixador, pelo
que se pergunta se esta goza de alguma imunidade diplomática que impeça a
aplicação da lei portuguesa. As imunidades diplomáticas visam salvaguardar a
soberania dos Estados, impedindo que um Estado exerça jurisdição sobre outro ou
ponha em causa o exercício das funções próprias do outro Estado. Nessa medida,
segundo os artigos 31.º e 37.º do DL 48295, que transpõe para o ordenamento
português a Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, os membros da
família de um embaixador, que com este viverem, gozam de imunidade de
jurisdição penal do Estado acreditador (neste caso, o Estado acreditador seria
Portugal). Contudo, nesta hipótese, Adélia não gozaria de imunidade diplomática
por ser portuguesa (artigo 37.º, n.º 2, da Convenção). A lei portuguesa seria
aplicável a Adélia, nos termos do artigo 4.º, alínea a), do CP (à luz do princípio da

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