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TITULAÇÕES EM MEIO NÃO AQUOSO

Os fármacos que são bases ou ácidos fracos não podem ser quantificados em
meio aquoso, mas podem ser em meio não aquoso. A titulação em meio não aquoso se
baseia no conceito ácido / básico de Brönsted-Lowry, no qual o ácido é uma substância
que doa próton e a base é aquela que recebe próton. Substâncias potencialmente ácidas
são ácidas somente em presença de base à qual possam doar próton e vice-versa.

O solvente desempenha, por conseguinte, papel muito importante na


determinação do caráter ácido / básico de uma substância, já que a força do ácido ou da
base depende da capacidade do solvente de receber ou doar prótons. A água deveria ser
o solvente de escolha, devido à fácil disponibilidade. Entretanto, o ácido mais forte que
pode existir em meio aquoso é o íon hidrônio (H3 O+) e a base mais forte o íon
hidróxido (OH-), isso é conhecido como efeito nivelador do solvente. No doseamento
de ácidos ou bases muito fracos, o titulante deve ser uma base ou ácido muito forte,
respectivamente, para que a reação ácido-base ocorra; contudo devido ao efeito
nivelador da água não é possível titular tais substâncias em meio aquoso.

Os solventes empregados na titulação em meio não aquoso devem satisfazer


certas exigências:

 não reagir com a substância nem com o titulante;


 dissolver a substância possibilitando, no mínimo, preparo de solução
0,01 M;
 dissolver o produto da titulação - se a precipitação for inevitável, o
precipitado deve ser compacto e cristalino;
 possibilitar, com facilidade, a visualização do ponto final, seja esse
medido com o uso de indicadores ou potenciômetro;
 ser de baixo custo e de fácil purificação.

Para a titulação de substâncias de caráter básico (aminas, heterocíclicos


nitrogenados, compostos de amônio quaternário, sais alcalinos de ácidos orgânicos e
inorgânicos e alguns sais de aminas) empregam-se solventes de natureza relativamente
neutra, ou ácida, sendo o ácido acético glacial o mais utilizado.

Para a titulação de substâncias que se comportam como ácidos (haletos de


ácidos, anidridos de ácidos, ácidos carboxílicos, aminoácidos, enóis, imidas, fenóis,
pirróis e sulfas) empregam-se como solventes os de natureza básica ou aprótica. No
doseamento de substâncias de acidez intermediária é comum o uso de
dimetilformamida.

Já no doseamento de ácidos fracos empregam-se bases mais fortes como


morfolina, etilenodiamina e n-butilamina. Os solventes básicos selecionados,
adequadamente, podem possibilitar a determinação seletiva de mistura de ácidos.
Duas classes de titulantes podem ser empregadas para determinação de substâncias
ácidas: os alcóxidos de metais alcalinos e os hidróxidos de alquilamônio quaternário.

O metóxido de sódio é o mais empregado dos alcóxidos em mistura de metanol e


tolueno ou metanol e benzeno. O metóxido de lítio em metanol e benzeno é utilizado
para os compostos que formam precipitado gelatinoso nas titulações com metóxido de
sódio.

O mais utilizado entre os hidróxidos é o de tetrabutilamônio. Com os hidróxidos


de amônio quaternário como os hidróxidos de tetrabutilamônio e o de
trimetilexadecilamônio (em mistura de benzeno e metanol ou álcool isopropílico) há a
vantagem de que o sal do ácido titulado é, em geral, solúvel no meio de titulação.
É importante que se protejam os solventes para a titulação de substâncias ácidas da
exposição excessiva à atmosfera devido à interferência de CO2. Por isso, pode-se
empregar atmosfera inerte ou aparelho especial durante a titulação.

O ponto final do doseamento pode ser determinado visualmente pela mudança


de cor ou potenciometricamente. Geralmente a escolha do método baseia-se no pKa dos
analitos em água. Para bases com o pKa da ordem de 4, a detecção é, em geral, por meio
de indicadores; para as que o pKa está entre 1 e 4, a detecção é potenciométrica. Nesse
caso, o eletrodo de vidro / calomelano é útil.

A determinação do ponto final na quantificação de ácidos cujo pKa em água é


em torno de 7 pode ser feita com o uso de indicador. Para os ácidos com pKa entre 7 e
11 recomenda-se determinação potenciométrica, ainda que em certos casos se recorra a
indicadores, como violeta azoico ou o-nitroanilina com menor precisão.
Com o uso de solventes orgânicos, deve-se considerar o alto coeficiente de expansão
cúbica da maioria desses em relação ao da água. Isso porque há possibilidade de ocorrer
variação do teor do titulante em meio não aquoso em função da temperatura. Deve-se
corrigir o volume do titulante, multiplicando-o pelo fator de correção:

[1 + coeficiente de expansão cúbica do solvente (t0 - t)]

em que:
t0 = temperatura de padronização do titulante;
t = temperatura de utilização do titulante.

Titulação de substâncias ácidas. Método I - Dissolver quantidade da substância


especificada na monografia no solvente ou mistura de solventes indicados. Adicionar o
indicador recomendado ou, se for o caso, usar o eletrodo adequado à determinação
potenciométrica. Titular com metóxido de sódio 0,1 M SV previamente padronizada
com ácido benzoico. Evitar a absorção de dióxido de carbono. Efetuar titulação na
preparação em branco. Fazer as correções necessárias.

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