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Autores
Rodrigo Affonseca Bressan1
Paulo Michelucci Cunha2
Publicação: Jul-2006
O transtorno afetivo bipolar (TAB) faz parte dos transtornos do humor (afetivos), que incluem
também a depressão, a mania, a hipomania e os transtornos persistentes do humor (ciclotimia
e distimia).
A principal característica encontrada nos pacientes com TAB são os episódios de mania
(aceleração dos processos psíquicos, exaltação do humor, euforia, fuga de idéias) ou de
hipomania (mania atenuada), freqüentemente alternados por períodos de depressão
(lentificação dos processos psíquicos, inibição, tristeza, desesperança) e períodos de
normalidade ao longo da vida.
O tratamento do TAB, que inclui o gerenciamento de uma doença complexa, com fatores
psicológicos, biológicos e sociais, devendo ser feito pelo médico psiquiatra, não se limita
apenas a receitar medicamentos. É uma doença potencialmente grave, porém tratável. O
objetivo do tratamento é a remissão dos episódios depressivos e de mania/hipomania e
prevenção de novos episódios.
As fases de mania em sua expressão clássica são caracterizadas por intensa aceleração do
pensamento, exaltação do humor, euforia, hiperatividade, diminuição da necessidade de dormir
e comprometimento da crítica. Pode ocorrer exacerbação da sexualidade, agressividade e
incapacidade de controlar os impulsos. Nos casos mais graves, pode haver sintomas
psicóticos, com delírios de grandeza, de poder ou persecutórios e até mesmo alucinações,
causando muitas vezes dúvidas diagnósticas com quadros esquizofrênicos.
Os episódios de hipomania são uma forma mais atenuada do quadro maníaco, na qual
predominam aceleração do pensamento, euforia, hiperatividade, hipersexualidade, irritabilidade
e diminuição da necessidade de dormir. Não há comprometimento da crítica, sintomas
psicóticos e nem riscos evidentes à integridade do indivíduo ou de outros.
Na maior parte das vezes, pacientes em episódio depressivo bipolar apresentam sintomas
semelhantes àqueles encontrados em pacientes unipolares, tais como humor deprimido na
maior parte do dia e perda de interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades
diárias. Ocorrem variações para mais ou para menos no apetite, peso e ritmo do sono em
1
Professor do Departmento de Psiquiatria da UNIFESP; Honorary Lecturer, Section of Neurochemical
Imaging, Institute of Psychiatry, King’s College London, UK; Editor associado da Revista Brasileira de
Psiquiatria.
2
Psiquiatra do Hospital do Servidor Público Estadual de SP; Membro do Programa de Esquizofrenia da
UNIFESP; Membro do Laboratório Interdisciplinar de Neuroimagem e Cognição da UNIFESP.
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quase todos os dias. Agitação ou retardo psicomotor, fadiga ou perda de energia, sentimentos
de culpa excessivos, dificuldades para concentrar-se ou indecisão, pensamentos ou ideação
suicida são outros sintomas freqüentes. É necessário pesquisar a existência de sintomas do
espectro bipolar ao longo da vida ou durante o episódio de depressão para caracterizar
corretamente.
O TAB pode ser entendido em sua expressão plena como TAB I, compreendendo diversas
possibilidades de apresentação clínica: episódio mais recente hipomaníaco, maníaco, misto ou
depressivo. Estes quadros foram anteriormente chamados de psicose maníaca depressiva,
bastante conhecidos pelo acrônimo PMD.
Pacientes que alternam episódios depressivos maiores com episódios de hipomania, não tendo
histórico de episódios maníacos ou mistos são caracterizados como TAB tipo II. Estudos
indicam que pacientes não tendem a passar de TAB I para TAB II ou vice-versa.
Do ponto de vista prático, considera-se TAB III pacientes que apresentam um familiar de
primeiro grau (pai, mãe, irmãos, filhos) com TAB I, mesmo que nunca tenham apresentado
qualquer episódio anterior de mudança de humor, mas que, na vigência de um episódio
depressivo, por exemplo, deveriam ser tratados como “bipolares latentes”, com maior risco de
viragem hipomaníaca ou maníaca quando tratados de episódio depressivo.
Outros classificam nestes termos os pacientes com viragem maníaca ou hipomaníaca após
tratamento antidepressivo somático (medicamentos, terapia eletroconvulsiva, fototerapia), não
devendo nestes casos receber diagnóstico de TAB I pelo DSM-IV. Pacientes com maior risco
de ciclagem relacionada ao uso de antidepressivos compreendem aqueles com padrão
depressão-mania-eutimia, histórico de tomada de vários antidepressivos, abuso ou
dependência de álcool e drogas e antecedentes de ciclagem.
Os quadros mistos - estados mistos - ocorrem quando o paciente apresenta, ao mesmo tempo,
sintomas fundamentais da mania (fuga de idéias, euforia e hiperatividade) e da depressão
(abulia, inibição do pensamento e humor depressivo). Os pacientes satisfazem os critérios
tanto para o episódio maníaco quanto para o episódio depressivo maior (exceto pela duração),
quase todos os dias, durante um período mínimo de uma semana pelo DSM-IV.
Entende-se por ciclotimia a presença de vários períodos com sintomas hipomaníacos e vários
períodos com sintomas depressivos durante o período mínimo de dois anos. Esses sintomas
apresentados não podem preencher critérios diagnósticos para um episódio hipomaníaco ou
episódio depressivo maior. A duração é considerada de um ano para crianças e adolescentes.
Para considerar este diagnóstico o paciente não pode ter ficado sem sintomas por mais de dois
meses consecutivos, nem pode preencher critérios para outros transtornos psiquiátricos,
incluindo drogas de abuso e condições médicas gerais. Devem ocorrer prejuízos sócio-
ocupacionais.
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10 - O que é ciclagem rápida?
É uma forma de apresentação do transtorno afetivo bipolar (TAB) caracterizada pela presença
de pelo menos quatro episódios afetivos distintos de mania, hipomania, depressão ou misto
durante um ano. A ciclagem rápida costuma ser observada tardiamente no curso do TAB e foi
explicada pelo mecanismo de sensibilização progressiva com episódios afetivos espontâneos.
O tratamento é difícil e inclui a identificação de possíveis fatores de risco como sexo feminino,
antecedentes de diversos episódios de mania ou de ciclagem rápida, temperamento pré-
mórbido ciclotímico, TAB I e co-morbidades, como hipotiroidismo e transtornos relacionados ao
uso de substâncias psicoativas. Há dados associando o uso contínuo ou intermitente de
antidepressivos com indução de ciclagem rápida.
Bipolaridade é um tema extremamente atual que tem sido alvo de muitos estudos e debates na
psiquiatria contemporânea. Klerman (1981) descreveu o TAB tipo III, um quadro de episódios
depressivos recorrentes com virada hipomaníaca secundária ao uso de antidepressivos. Akiska
e Pinto foram mais além e descreveram outros subtipos de TAB, incluindo o tipo I ½ com
depressão e hipomania protraída (muito prolongada), o tipo II ½, caracterizado por depressão e
temperamento ciclotímico, o tipo III ½ com depressão e hipomania associada ao uso de drogas
e álcool, e o tipo IV apresentando comportamento hipertímico com depressão de início tardio.
A fase maníaca pode ser confundida com a esquizofrenia, embora nesta última os delírios
sejam incongruentes com o humor, ocorram sintomas schneiderianos de primeira ordem
(sonorização do pensamento, alucinações auditivas em terceira pessoa, irradiação do
pensamento), além de embotamento afetivo e idéias delirantes de grandeza sem humor
expansivo.
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14 - Como diferenciar uma depressão unipolar de uma depressão bipolar?
Boa parcela dos quadros depressivos, na verdade, fazem parte do espectro bipolar. É
importante estar alerta para evitar o subdiagnóstico dos quadros bipolares e evitar o uso
exagerado de medicações antidepressivas que podem ser nocivas para estes pacientes,
desencadeando quadros de hipomania (exaltação moderada do humor) ou acentuação da
instabilidade do humor.
A depressão bipolar é definida como episódio depressivo que incide em paciente portador de
transtorno bipolar. Há discussões sobre possível predomínio de sintomas atípicos na
depressão bipolar, tais como a inversão dos sintomas vegetativos (ex.: hipersonia),
hipersensibilidade à rejeição (principalmente em TAB II ou melancólicos) e retardo psicomotor.
Para Kraepelin teria uma maior inibição volitiva e um menor grau de disforia.
A depressão bipolar geralmente tem início mais precoce, instalação abrupta, maior freqüência e
número de episódios, maior comprometimento psicomotor (lentificação), mais sintomas
psicóticos, maior incidência no puerpério e maior risco de suicídio. A história clínica com dados
referentes a episódios prévios de exaltação do humor fornecidos pelo paciente ou por seus
familiares é fundamental para questionar se uma depressão é ou não bipolar, já que
clinicamente o TAB pode ser indistinguível de uma depressão unipolar. Até 60% dos pacientes
com TAB recebem um diagnóstico inicial de depressão unipolar.
Devido à instabilidade e muitas vezes agitação, os pacientes com transtorno bipolar são
diagnosticados erroneamente com déficit de atenção e hiperatividade e recebem tratamento
com psicoestimulantes. Estas medicações são extremamente nocivas aos pacientes bipolares
e podem desencadear quadros de grande agitação, atitudes violentas e até mesmo sintomas
psicóticos (delírios e alucinações).
O transtorno afetivo bipolar (TAB) é um dos quadros nosológicos mais consistentes ao longo da
história da medicina, com fases de doença bem demarcadas. Num episódio maníaco clássico,
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o humor torna-se expansivo ou disfórico, diminui a necessidade de sono, ocorre sensação de
aumento de energia, a atenção fica prejudicada e o paciente não foca numa única atividade ou
pensamento, apresenta episódios de agitação psicomotora, apresenta-se inquieto, volta-se
para atividades prazerosas. A aceleração do pensamento pode chegar à fuga de idéias. O
discurso é prolixo, com pressão para falar. As idéias costumam ser de grandeza, podendo ser
delirantes. A crítica está prejudicada. Ver tabela 1.
A hipomania é um estado semelhante à mania, porém mais leve na intensidade dos sintomas.
Ocorre mudança do humor habitual do paciente para euforia ou irritabilidade reconhecida pelos
outros, hiperatividade, tagarelice, diminuição da necessidade de sono, aumento da
sociabilidade, da atividade física, das iniciativas, das atividades prazerosas, da libido e sexo,
impaciência. Não ocorrem sintomas psicóticos e não necessita de internação.
Estima-se que um paciente de 20 anos de idade que desenvolva TAB perca 9 anos de vida, 12
anos de saúde normal e 14 anos de trabalho. Os pacientes com TAB ficam sintomáticos a
maior parte de suas vidas (53%), sendo que 68% dos pacientes em quadro agudo apresentam-
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se deprimidos. As repercussões psicossociais são significativas, com prejuízos na capacidade
individual e progressiva dependência. O TAB foi a sexta maior causa de incapacitação no
mundo em dados epidemiológicos de 1990. A tabela 2 correlaciona as complicações
psicossociais e sua freqüência.
Outros fatores correlacionam-se com uma tendência maior de ocorrência de TAB (não
mostrando associação com ocorrência de TAB), incluindo história de complicações obstétricas,
nascimentos no inverno e na primavera, eventos estressantes recentes, antecedentes de
trauma cranioencefálico e diagnóstico de esclerose múltipla.
Apesar de não haver marcadores biológicos que permitam o diagnóstico do TAB, uma série de
evidências sugere que os episódios maníacos e depressivos estão associados a alterações
bioquímicas e moleculares, incluindo distúrbios na neurotransmissão, mecanismos de
segundos mensageiros, vias de transcrição de sinal e regulação na expressão gênica em
neurônios e glia. Alguns estudos sugerem que há perda na capacidade celular de induzir
neuroplasticidade e neurotrofismo, secundária a prejuízos em diferentes mecanismos
adaptativos ao estresse em células neurais.
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Os neurônios noradrenérgicos parecem iniciar e manter a atividade do sistema límbico e
cortical, que determinaria os sintomas dos pacientes maníacos. A atividade serotonérgica
parece estar associada com a inibição de comportamentos agressivos, a regulação dos ritmos
circadianos e a facilitação de comportamentos como fome e sexo. Hipoatividade serotonérgica
em pacientes bipolares é mais consistente nos deprimidos e eutímicos. O sistema
dopaminérgico parece ter sua atividade aumentada na mania. Redução nos níveis de gaba
(principal neurotransmissor inibitório) são encontradas no cérebro, líquor e plasma de pacientes
bipolares.
Não existem muitas replicações dos achados dos estudos de neuroimagem do TAB. Mais
trabalhos são necessários para que os achados tornem-se consistentes.
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27 - Quais medicamentos ou substância podem estar associados à apresentação clínica
hipomaníaca ou maníaca?
A apresentação clínica hipomaníaca ou maníaca pode ser causada pelo uso ou abstinência de
diversas substâncias, tais como anfetaminas, cocaína, álcool e benzodiazepínicos. Outras
substâncias associadas estão na tabela 4.
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30 - Qual é o medicamento de primeira escolha na mania aguda?
O divalproato apresenta resposta clínica em estudos randômicos com placebo entre 48% e
53%. Sintomas depressivos acentuados durante a mania, vários episódios anteriores e estados
mistos evidenciaram melhor resposta ao valproato. A carbamazepina apresenta eficácia entre
50% a 60% dos casos, sendo sua ação antimaníaca menos comprovada do que a do lítio e do
valproato. A oxcarbazepina apresenta teoricamente eficácia semelhante à carbamazepina, com
melhor tolerabilidade e sem apresentar indução enzimática, sendo indicada a pacientes que
não toleram a carbamazepina. Indicada preferencialmente em manias leves a moderadas.
Episódios depressivos leves e moderados podem ser tratados com lítio como primeira opção.
Uma complicação freqüente da depressão é o suicídio, sendo que o lítio é o único
medicamento que apresenta propriedades anti-suicidas. Há controvérsias em relação ao uso
de antidepressivos, devendo ser individualizada esta conduta em casos graves, sendo
recomendada associação com um estabilizador de humor e a monitoração constante para
virada maníaca. Os inibidores da recaptação de serotonina e a bupropiona são primeira opção,
sendo os inibidores da monoamina-oxidase e a venlafaxina drogas alternativas. Os tricíclicos
devem ser evitados, pois estão associados a maiores taxas de virada. Outras possibilidades
terapêuticas embasadas cientificamente são a monoterapia com lamotrigina (anticonvulsivante
que apresenta maior número de evidências de eficácia antidepressiva) e a combinação de
olanzapina com fluoxetina.
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34 - Qual é o tratamento de manutenção da depressão bipolar?
A terapêutica de manutenção para quadros depressivos bipolares não deve ser feita com
antidepressivos, mesmo naqueles casos em que eles foram necessários na fase aguda. A
lamotrigina é um tratamento profilático para a depressão bipolar, tratando também a sua fase
aguda, porém não protege os pacientes da emergência de episódios maníacos. Outros
medicamentos com eficácia na fase de manutenção são o lítio, o valproato, a carbamazepina, a
quetiapina e a olanzapina, prevenindo tanto episódios depressivos quanto maníacos.
O medicamento que melhor preenche critérios como estabilizador de humor é o lítio, com
eficácia na mania e na depressão, além de eficácia profilática nas duas fases; apenas sua
eficácia profilática depressiva é questionável. Fatores que predizem boa resposta com
divalproato é a ciclagem rápida, o transtorno bipolar II e a presença de alterações neurológicas.
Ele apresenta resposta de 63% na profilaxia de episódios maníacos e depressivos. A
carbamazepina parece ser inferior ao lítio como droga profilática para bipolares I e semelhante
para bipolares II.
Antes de iniciar a litioterapia, o exame clínico e laboratorial com dosagens de creatinina, uréia,
eletrólitos, T4 livre, TSH, hemograma, ECG (em maiores de 40 anos ou com possibilidade de
cardiopatia) e teste de gravidez são necessários. Os exames indispensáveis são os testes de
função renal e tireóide (potencial tóxico). Pode-se iniciar com 300 mg de 12/12 horas,
aumentando após três dias para 300 mg de 8/8 horas. No caso da apresentação CR (liberação
lenta), pode-se iniciar com 450 mg ao dia, aumentando após três dias para 900 mg ao dia. A
variação usual das doses é de 900 a 1.200 mg ao dia, podendo chegar a 2.100 mg ao dia.
A dosagem do lítio é monitorada com exames de litemia, realizados 5-7 dias após o início do
tratamento ou após mudanças na dosagem prescrita. O sangue deve ser coletado 12 horas (+/-
2 horas) após a última tomada. O nível sérico para a fase aguda de mania deve estar entre 0,8
e 1,2 mEq/l e, na fase de manutenção, entre 0,6 e 0,8 mEq/l. Após estabilização dos níveis
séricos, o lítio pode ser tomado em dose única diária.
O paciente deve ser orientado sobre sinais de intoxicação – sonolência, diarréia intensa,
vômitos, tremores grosseiros, tontura e disartria – devendo interromper o tratamento e procurar
o seu médico. A higiene bucal deve ser enfatizada, já que o tratamento aumenta o risco de
cáries. Além disso, os pacientes devem ser avisados para restringir as calorias da dieta devido
o risco de ganho de peso.
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38 - Como é que a lamotrigina deve ser prescrita? Quais são os seus principais riscos?
A dose deve ser iniciada com 12,5 a 25 mg por dia e elevada gradualmente de 12,5 a 50 mg
por semana. A dose terapêutica usual está entre 50 e 150 mg ao dia, embora possa chegar a
300 mg. A monitoração hepática durante o seu tratamento é recomenda, já que existem relatos
de insuficiência hepática aguda. Há risco de rash cutâneo que algumas vezes implica na
suspensão do medicamento que, em situações adequadas, deve ser reduzido ao longo de
duas semanas pelo risco de crise convulsiva de rebote. Este risco está relacionado à
velocidade de aumento das doses do medicamento, principalmente no início do tratamento. Em
caso de associação com ácido valpróico, os riscos dérmicos são acentuados e pode ocorrer
necrólise epidérmica tóxica.
Embora ainda hoje se observe preconceito em relação a este procedimento, ele é uma
importante forma de tratamento, sendo insubstituível em certos casos mais graves ou
resistentes ao tratamento medicamentoso. Possui ação antidepressiva, antimaníaca e
estabilizadora de humor.
A ECT deve ser realizada sob supervisão de anestesista treinado com relaxantes musculares e
oxigenação. A monitoração com oximetria, eletroencefalograma e eletrocardiograma é
fundamental.
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41 - Como deve ser a abordagem do paciente com transtorno afetivo bipolar (TAB)?
Há evidências crescentes que o curso do TAB pode ser modificado com abordagens
psicoterápicas, com diminuição na freqüência e duração dos episódios de humor, aumento da
adesão à medicação, diminuição nas recaídas e melhora da impressão clínica global.
Independente da abordagem utilizada, os estudos sugerem que a psicoterapia deve ser
associada ao tratamento farmacológico.
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mostrando-se eficaz em diversos desfechos do TAB; estudos com abordagens psicodinâmicas
sugerem que possam ter algum benefício.
44 - Leitura recomendada
Mari JJ, Razzouk D, Peres MFT, Del Porto JA. Psiquiatria. Guias de Medicina Ambulatorial e
Hospitalar UNIFESP/Escola Paulista de Medicina, Editora Manole, Barueri, São Paulo, 2002.
Moreno RA, Moreno DH. Transtorno bipolar do humor, Lemos Editorial, São Paulo, 2002.
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