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RECURSO DE APELAÇÃO
com fulcro no art. 593, inciso III do Código de Processo Penal, pelos motivos de fato e direito
a seguir aduzidos.
Requer seja o presente recurso conhecido, e determinada a posterior remessa dos presentes
autos ao E. Tribunal de Justiça de Estado xxxxx.
PROCESSO Nº xxxxxxxxxxxxxx
APELANTE: FRANCISCA
Colenda Turma,
Ínclitos Julgadores.
DA TEMPESTIVIDADE
Conforme determina o art. 593, caput do Código de Processo Penal, o prazo para a
interposição de apelação será 5 (cinco) dias contados a partir da intimação da sentença, bem
como de 8 (dias) para a apresentação das razões recursais, nos exatos termos do art. 600 do
mesmo Diploma.
Tendo em vista que a acusada foi intimada da sentença no dia xx de xx de xxxx, e que a
interposição foi efetivada em tempo hábil, tendo sido dia xx de xx de xxxx, e considerando o
prazo de 8 (oito) dias para interposição de razões em processos comuns, o prazo terá como
termo final o dia xx de xxx de xxxx, razão pela qual a interposição na presente data faz-se
tempestiva nos termos da legislação vigente.
DOS FATOS
Narram os fatos que, segundos após o nascimento de seu filho, sob a influência do estado
puerperal, a acusada matou o recém-nascido na maternidade xxxxxxxx, em xxxxxxxx, dando
causa ao seu falecimento.
Diante disso, foi presa e processada criminalmente pelo crime de infanticídio, com base no
art. 123, do Código Penal e pronunciada nestes termos.
A pronúncia transitou em julgado e, em Plenário do Júri,o Conselho de Sentença votou pela
condenação da acusada. O juiz presidente, com base na decisão dos jurados aplicou a pena de
8 (oito) anos de reclusão, por crime de infanticídio nos termos da pronúncia.
DO CABIMENTO
Em que pese à decisão do Tribunal do Júri, a decisão merece ser totalmente reformada, tendo
em vista o previsto no artigo 593, III, alínea b do Código de Processo Penal. Desta forma,
baseado nos fatos a seguir dispostos e com fundamento no artigo 593, III, do CPP interpõe-se
o Recurso de Apelação do Tribunal do Júri.
DO DIREITO
O crime de infanticídio, previsto no art. 123 do Código Penal, prevê como pena miníma e
máxima de 2 (dois) a 6 (seis) anos respectivamente.
“Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto ou
logo após.”
Assim, salta aos olhos que a conduta se tipifica conforme o artigo acima mencionado,
devendo-se observar seus exatos termos. O que ocorre é que a sentença proferida, sendo
contrária ao que expressamente prevê o CP nos artigos 59 e 60 do CP , incorre em divergência
ao previsto na primeira parte do artigo 593, III, alínea b, do Código de Processo Penal, pois
seria uma decisão diversa do que a lei expressamente informa.
Desta feita, ao determinar a pena base de 8 (oito) anos, além de desconsiderar a primariedade
da acusada, a fixação da pena-base imposta ao apelante foi aplicada em dissonância com as
regras estabelecidas no arts. 59 e 68, do CP, devendo a mesma ser estabelecida no mínimo
legal.
As circunstâncias não foram devidamente valoradas, na medida em que não existem
circunstâncias negativas que permitam a aplicação acima do mínimo previsto, atendendo aos
critérios proporcionais e sendo esse necessário para a reprovação do crime ora praticado. Ao
contrário, a pena base imposta à apelante extrapola até mesmo ao máximo legal, tendo em
vista que a pena poderia atingir, em último caso, os 6 (seis) anos, conforme determina a lei.
“ Fixação da pena
Neste sentido, não se pode perder de vista que a acusada não possui antecedentes, sendo certo
que é primária na exata etimologia do termo, possuindo domicílio certo e profissão definida, o
que além disto, demonstra sua conduta social perfeitamente normal e comum.
Ora, excelências, a acusada foi movida por estado mental e psicológico abalados, em razão de
forte depressão que sofria e que foi intensificado com o estado puerperal.
Assim, deverá a pena ser fixada em seu patamar mínimo, já que a apelante é primária e tem
bons antecedentes, nos termos do art. 59 do Código Penal. Ademais, cabe a fixação do regime
inicial de cumprimento de pena mais brando, qual seja, o semiaberto, nos termos do art. 33, §
2º, alínea b, do Código Penal.
Alem disso não pode o regime inicial da pena ser fixado como fechado, tendo por base o art.
33, §2º, alínea “a” do CP, já que a pena aplicada jamais poderia ter alcançado os 8 (oito) anos
de reclusão. Devendo, entretanto, observar o disposto no art. 33, §2º, alínea “c”, tendo em
vista que a acusada é não reincidente, cuja pena seja igual ou inferior a 4 (quatro) anos,
poderá, desde o início, cumpri-la em regime aberto.
Desse modo, tendo em vista a aplicação da pena-base acima do máximo legal, cabe trazer à
lume o entendimento do STJ quando dos bons antecedentes e a aplicação da pena no mínimo
legal:
DOS PEDIDOS