No plano FUNCIONAL, a jurisdição administrativa deixa de poder ser considerada uma
jurisdição diminuída em face da jurisdição dos outros tribunais.
o Desde logo, os juízes passam a poder controlar o uso de poderes discricionários em função de um conjunto de princípios jurídicos fundamentais, detendo os tribunais todos os poderes normais de condenação e de injunção, tendo apenas por limite a separação dos poderes, isto é, a autonomia do poder administrativo (o núcleo da discricionariedade) e a autoridade do ato administrativo (a força do caso julgado do ato tornado impugnável). VPS: Tribunais Administrativos comportam-se como se nada tivesse mudado ➢ Caso do Recurso Hierárquico Obrigatório – ele era obrigatório para o particular ir a Tribunal; o Tinha de utilizar a garantia administrativa necessária. o O particular estava perante um ato que produzia todos os efeitos (o ato era perfeito), só que se o particular quisesse impugnar é que tinha que ir a tribunal – significava que estávamos perante a inversão da lógica da separação de poderes, pois ser preciso primeiro pedir à administração antes de ir a tribunal é uma inversão do princípio da tutela judicial plena efetiva. ▪ VPS: Portanto, não havia grandes dúvidas que isto era inconstitucional. Nos anos 90 Comissão faz um Código que Governo não implementa por ser fraco ➢ VPS: apesar de resolver algumas questões. Revisão Constitucional 1997 Avança-se no sentido da plena jurisdição administrativa, desde logo consagrando-se expressamente o Princípio da Tutela Jurisdicional Efetiva dos direitos e interesses legalmente protegidos dos cidadãos29 ➢ Art. 268º/4 (e 5) CRP30 o VPS: Revolução Copernicana no CAT – tudo passa a girar em torno dos direitos dos particulares (a tutela jurisdicional efetiva é o centro); o sol deixa de ser a Administração toda poderosa e passa a ser os direitos dos particulares. Criam-se ações e meios processuais semelhantes aos do Processo Civil – com as diferenças necessárias devido a estarmos no âmbito de relações jurídicas administrativas. Evolui-se num sentido de aperfeiçoamento das garantias das posições jurídicas substantivas dos cidadãos. ➢ Abandona-se a ideia do recurso contra atos como contencioso-regra; possibilita-se ao juiz condenar a Administração na prática de Atos Administrativos devidos; consagra-se uma proteção cautelar adequada; etc. 29 Vieirade Andrade: princípio que apenas resultava implicitamente da redação anterior. 30 Vieirade Andrade: Na realidade, desde logo o Art. 268º CRP não pretende estabelecer uma regulamentação global da justiça administrativa, mas apenas definir as garantias dos administrados nas suas relações com a Administração. ➢ Não assume, assim, uma função densificadora, não pretendendo regular em pormenor o processo administrativo, deixando tal tarefa de conformação dos seus aspetos fundamentais ao legislador ordinário.