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SUMARIO

CONCEITOS, HISTÓRICO E SITUAÇÃO ATUAL DA IRRIGAÇÃO ........................ 1


1. Conceitos ................................................................................................................. 1
2. Origem e Evolução.................................................................................................. 1
3. Situação da irrigação no Brasil e no mundo............................................................ 1
4. Função, Importância e Necessidades da irrigação .................................................. 3

RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA-ATMOSFERA ....................................................... 4


1. Classificação da Água no Solo ................................................................................ 4
2. Características Físico-Hídricas do Solo .................................................................. 4
2.1. Composição do Solo ................................................................................ 4
2.2. Amostragem de Solo para Irrigação ........................................................ 6
2.3. Métodos para determinação da Umidade do Solo ................................... 7
2.4. Disponibilidade de Água no Solo ............................................................ 9
2.5. Cálculo da Água Disponível .................................................................. 10
2.6. Evapotranspiração .................................................................................. 11
2.6.1-Determinação da Evapotranspiração Potencial de Referência
(ETo) ............................................................................................................. 12
2.7. Precipitação ............................................................................................ 18
2.8. Infiltração de Água no Solo ................................................................... 19
2.8.1. Taxa de Infiltração (VI) .......................................................... 19
2.8.2. Taxa de Infiltração Básica (VIB)............................................ 19
2.8.3. Fatores que Afetam a Taxa de Infiltração (VI) ....................... 19
2.8.4. Curva da Taxa de Infiltração Básica (VIB) ............................ 19
2.8.5. Infiltração Acumulada (I) ....................................................... 20
2.8.6. Métodos de Determinação de VI ............................................ 20
2.8.7. Classificação dos Solos Segundo a VIB. ................................ 20
2.8.8. Descrição do Método do Infiltrômetro de Anel...................... 20
2.9. Cálculo de Parâmetros de Projeto Relacionados com Água disponível,
Evapotranspiração e Infiltração................................................................................. 22

Exercícios Resolvidos ............................................................................................... 24


Exercícios Propostos ................................................................................................. 26
FONTES DE SUPRIMENTO DE ÁGUA PARA IRRIGAÇÃO ................................... 29
1. Hidrologia ............................................................................................................. 29
2. Ciclo Hidrológico ................................................................................................. 29
3. Fontes de Água ...................................................................................................... 29
3.1. Água Superficial .................................................................................... 29
3.1.1. Classificação dos rios de acordo com o regime ...................... 30
3.2. Água Subterrânea ................................................................................... 30
3.2.1. Lençóis Artesianos ou Confinados ......................................... 30
Exercícios Propostos ................................................................................................. 32

QUALIDADE DA ÁGUA PARA IRRIGAÇÃO ............................................................. 33


1. Parâmetros analisados na determinação da qualidade da água para irrigação ...... 33
1.1. Concentração total de sais ou salinidade ............................................... 33
1.2. Proporção Relativa de Sódio, em relação a Outros Cátions ou
Capacidade de Infiltração do Solo ............................................................................ 33
1.3. Concentração de Elementos Tóxicos ..................................................... 34
1.4. Concentração de Bicarbonatos............................................................... 35
1.5. Aspecto Sanitário ................................................................................... 35
2. ANÁLISE E AMOSTRAGEM DA ÁGUA PARA IRRIGAÇÃO....................... 36
3. CLASSIFICAÇÃO DA ÁGUA PARA IRRIGAÇÃO ......................................... 36
Exercícios Resolvidos ............................................................................................... 38
Exercícios Propostos ................................................................................................. 39

MEDIÇÃO DE VAZÕES .................................................................................................. 40


1 – MÉTODOS UTILIZADOS ................................................................................ 40
a) Método Direto .......................................................................................... 40
b) Método do Vertedor ................................................................................ 41
c) Método do Flutuador ............................................................................... 42
d) Método do Molinete ................................................................................ 44

ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS E DIMENSIONAMENTO DE


CONJUNTO MOTO-BOMBA .......................................................................................... 48
1 . Considerações Gerais ........................................................................................... 48
2. Equação de Bernoulli Aplicada aos Fluídos Reais............................................... 48
3. Regimes de Escoamento ...................................................................................... 49
Escoamento Laminar .................................................................................... 49
Escoamento Turbulento ................................................................................ 49
4. Perda de Carga ao Longo da Tubulação ............................................................... 49
4.1 - Fórmulas Práticas mais utilizadas. ....................................................... 50
a) Equação de Hazen-Williams ........................................................ 50
c) Equação de Darcy Weisbach ........................................................ 51
5. Perdas de Cargas Localizadas ............................................................................... 52
5.1. Cálculo das Perdas Localizadas (Dh) .................................................... 53
6. Conjunto Motobomba ........................................................................................... 54
6.1 - Altura Máxima de Sucção .................................................................... 55
6.2 - Curvas Características das Bombas Centrífugas .................................. 55
6.3- Potência do Conjunto Motobomba ........................................................ 57
Exercícios Resolvidos: .............................................................................................. 59

OS MÉTODOS DE IRRIGAÇÃO ..................................................................................... 64


IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO........................................................................................ 64
1- Considerações Gerais............................................................................................ 64
2 - Componentes de um Sistema de Aspersão .......................................................... 64
3 - Tipos de Sistemas de Aspersão ............................................................................ 65
Sistemas de Aspersão Móveis....................................................................... 65
Sistemas de Aspersão Fixos .......................................................................... 66
Sistema de Aspersão Portátil ........................................................................ 66
Sistema de Aspersão Semi-portátil ............................................................... 66
Sistema de Aspersão por Canhão Hidráulico Portátil ................................... 66
Sistema de Aspersão Por Mangueira ............................................................ 67
Sistema de Aspersão por Tubos Perfurados Portáteis................................... 67
Sistema de Aspersão Sobre Rodas com Deslocamento Longitudinal ....... 67
Sistema de Aspersão Sobre Rodas com Deslocamento Lateral. ................... 68
Sistema Pivô Central ..................................................................................... 68
Sistema Autopropelido com Canhão Hidráulico .......................................... 69
Irrigador de Braços Tubulares Suspensos ..................................................... 70
Sistema de Aspersão Fixo Portátil ................................................................ 70
Sistema de Aspersão Fixo Permanente ......................................................... 70
4. Planejamento de Sistemas de Irrigação por Aspersão........................................... 70
4.1 - Distribuição do Sistema no Campo ...................................................... 70
4.2 - Procedimento de Cálculo Seguido em um Projeto de Irrigação por
Aspersão .................................................................................................................... 71
4.3 - Dimensionamento de Linhas laterais.................................................... 74
1) Dimensionamento da Linha Lateral com um Diâmetro ............... 75
a) Linha Lateral em Nível .................................................... 75
b) Linha Lateral em Aclive (Morro acima) .......................... 76
c) Linha Lateral em Declive (Morro abaixo) ....................... 76
4.4 - Dimensionamento das Linhas Principais e Secundárias....................... 76
Condições Gerais para o Dimensionamento ..................................... 76
5. Exemplo ................................................................................................................ 82

IRRIGAÇÃO LOCALIZADA ........................................................................................... 83


1- Gotejamento .......................................................................................................... 83
2- Microaspersão ....................................................................................................... 83
3. Principais Vantagens da Irrigação Localizada ...................................................... 83
4. Principais Desvantagens da Irrigação Localizada ................................................. 84
5. Componentes dos Sistemas de Irrigação Localizada ............................................ 84
6. Distribuição do Sistema no Campo ....................................................................... 87
7. Quantidade de Água Necessária............................................................................ 87
8. Tempo de Funcionamento por Posição ................................................................. 89
9. Número de Unidades Operacionais ....................................................................... 89
10. Vazão Necessária ................................................................................................ 90
11. Dimensionamento da Linha Lateral .................................................................... 90
12. Dimensionamento da Linha de Derivação .......................................................... 91
13. Dimensionamento da Linha Principal ................................................................. 92

GABARITO COM RESPOSTAS DOS EXERCICIOS PROPOSTOS ......................... 93

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................. 94


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano – Campus de Guanambi C. E. Cotrim

` CONCEITOS, HISTÓRICO E SITUAÇÃO ATUAL DA IRRIGAÇÃO

1. Conceitos

IRRIGAÇÃO - É o aporte artificial de água (suplementar ou total) ao solo com objetivo


de manter o equilíbrio das partes líquidas e gasosas do espaço poroso do mesmo de modo que as
plantas disponham de água e arejamento adequados ao seu crescimento e desenvolvimento.

DRENAGEM - É o processo de remoção artificial do excesso de água dos solos, de modo


que lhes dê condições de aeração, estruturação e resistência, a fim de torná-los viáveis à exploração
agrícola.

2. Origem e Evolução

A irrigação teve origem nas antigas civilizações há aproximadamente 4000 anos.


Surgiu principalmente em regiões áridas, normalmente às margens de grandes rios como
o Yang-tse-kiang e Huang Ho na China, o rio Nilo no Egito, os rios Tigre e Eufrates na Mesopotâmia
e o Rio Ganges na Índia.
Só há cerca de 1500 anos é que as populações da terra passaram a ocupar regiões úmidas,
quando então a irrigação perdeu a sua necessidade vital.
Mais recentemente, com crescimento demográfico excessivo, a humanidade é novamente
compelida a usar os recursos da irrigação com complementação das chuvas e também para tornar
produtivas zonas áridas e semi-áridas, diante da necessidade de grande aumento na produção de
alimentos.
A origem da drenagem, juntamente com a irrigação, perde-se na remota antigüidade.
Existem relatos de escritores romanos que citam sua prática no Oriente Médio. Existem relatos
também da sua utilização por parte da antiga civilização egípcia, no vale do Nilo a cerca de 400 a. C.

3. Situação da irrigação no Brasil e no mundo.

A superfície irrigada no mundo é citada pela FAO (2000), como sendo da ordem de 275
milhões de hectares, representando 18% da área total mundial cultivada (1,51 bilhão de hectares),
com a agricultura irrigada responsável por 42 % do total das colheitas agrícolas, conforme
Christofidis (2002).
As áreas irrigadas e cultivadas no mundo e nos diversos continentes indicam que na Ásia
ocorre o maior índice de área irrigada em relação à área cultivada. Nessa região aproximadamente
35% da área cultivada e irrigação, conforme Tabela 1 que mostra a situação das áreas irrigadas no
mundo até 2000.

Tabela 1. Área irrigada e área cultivada por continente.

Continente ou País Área irrigada (AI) Área cultivada (AC) AI/AC


(1000 ha) (1000 ha) (%)
África 12.538 199.340 6,28
América do Norte e Central 31.395 268.265 11,70
América do Sul 10.326 116.186 8,88
Ásia 192.962 557.581 34,60
Europa 24.406 311.214 7,84
Oceania 2.539 57.856 4,38
Mundo 274.166 1.510.442 18,15
Para posicionar o estudante sobre a área irrigada no Brasil, apresenta-se a Tabela 2 que
contém um resumo da distribuição da irrigação no País até 2003/2004, segundo Christofidis (2008).

1 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano – Campus de Guanambi C. E. Cotrim

Tabela 2. Áreas irrigadas através dos diversos métodos de irrigação, por região e por estados no
Brasil.

Brasil Áreas Irrigadas por método (ha) – ano 2003/2004


Regiões/Estados Aspersão Pivô
Superfície
Convencional Central
Localizada Total
Brasil 1.729.834 662.328 710.553 337.755 3.440.470
Sul 1.155.440 94.010 37.540 14.670 1.301.660
Paraná 21.240 42.210 2.260 6.530 72.240
Santa Catarina 118.200 21.800 280 3.140 143.420
Rio Grande do Sul 1.016.000 30.000 35.000 5.000 1.086.000
Sudeste 219.330 285.910 366.630 116.210 988.080
Minas Gerais 107.000 107.970 89.430 45.800 350.200
Espírito Santo 17.340 56.480 13.820 11.110 98.750
Rio de Janeiro 15.020 15.250 6.760 2.300 39.330
São Paulo 79.970 106.210 256.620 57.000 499.800
Centro-Oeste 63.700 35.060 193.880 25.570 318.210
Mato Grosso do Sul 41.560 3.980 37.900 6.530 89.970
Mato Grosso 4.200 2.910 4.120 7.300 18.530
Goiás 17.750 24.350 145.200 10.400 197.700
Distrito Federal 190 3.820 6.660 1.340 12.010
Nordeste 207.359 238.223 110.503 176.755 732.840
Maranhão 24.240 12.010 3.630 8.360 48.240
Piauí 10.360 7.360 880 8.180 26.780
Ceará 34.038 18.238 2.513 21.351 76.140
Rio Grande do Norte 220 2.850 1.160 13.990 18.220
Paraíba 30.016 8.420 1.980 8.184 48.600
Pernambuco 31.640 44.200 9.820 12.820 98.480
Alagoas 7.140 58.500 6.060 3.380 75.080
Sergipe 30.445 8.825 310 9.390 48.970
Bahia 39.260 77.820 84.150 91.100 292.330
Norte 84.005 9.125 2.000 4.550 99.680
Rondônia - 4.430 - 490 4.920
Acre 550 160 - 20 730
Amazonas 1.050 750 - 120 1.920
Roraima 8.350 420 150 290 9.210
Pará 6.555 165 - 760 7.480
Amapá 1.480 370 - 220 2.070
Tocantins 66.020 2.830 1.850 2.650 73.350

A relação entre a área irrigada, de 3.440.470 ha, e a área plantada, de 58.460.963 ha,
ainda é baixa no País (aproximadamente 6%), mas a participação da produção das lavouras irrigadas
já é expressiva. O estudo da ANA comenta, a respeito: "ainda que se verifique uma pequena
porcentagem de área irrigada em nossas terras, em comparação com a área plantada, cultivos
irrigados produziram, em 1998, 18% de nossa safra de alimentos e 35% do valor de produção. No
Brasil, cada hectare irrigado equivale a três hectares de sequeiro em produtividade física e a seis em
produtividade econômica" conforme Figura 1 a seguir. No mundo situação semelhante à descrita
anteriormente é apresentada na Figura 2.

2 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Figura 1. Superfície e produção agrícola, de sequeiro e irrigado, colhido anualmente no Brasil, em


percentual.

Figura 2. Superfície e produção agrícola, de sequeiro e irrigada, colhida anualmente no mundo.

4. Função, Importância e Necessidades da irrigação

Função
A irrigação tem como função principal o fornecimento de água ao solo, para a planta,
visando o seu crescimento e desenvolvimento. A drenagem tem por função principal a retirada do
excesso de água fornecido ao solo, dando-lhe condições ao crescimento e desenvolvimento.

Importância
- Aproveitamento de áreas consideradas marginais à agricultura
- Melhor aproveitamento do solo;
- Fixação do homem no campo;
- Regularização do mercado de produtos agrícolas;
- Melhoria das condições de vida da população que vive da agropecuária.

Necessidades
- Água de boa qualidade e em abundância;
- Capital disponível para bancar o projeto e sua manutenção;
- Tecnologia.

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RELAÇÃO SOLO-ÁGUA-PLANTA-ATMOSFERA

1) Classificação da Água no Solo

A) Água Gravitacional - Corresponde à fração da água do solo que fica “livre” quando o
solo está próximo da saturação. Isto é, retida sob potenciais de pressão próximos ao da água pura e
livre, ou seja, entre 0 e -1/3 de atmosfera.
Água que se move em resposta a um campo gravitacional e que é removida do solo por
drenagem profunda, não permanecendo disponíveis às plantas.
B) Água Capilar - Água retida no solo por tensão superficial. Água retida entre a
capacidade de campo (A potencial de -1/10 e -1/3 de atm) e o potencial do ponto higroscópico (-30
atm).
C) Água Higroscópica - Água retida a potenciais entre -30 e -10.000 atmosferas,
completamente indisponíveis às plantas. Está fixada tão firmemente por adsorção na superfície dos
colóides, que não se move pela ação da gravidade ou capilaridade, mas somente na forma de vapor.

Capacidade de Campo (Cc) - Corresponde ao teor de água do solo no momento em que este deixa
de perder água pela ação da gravidade. Água retida no solo a potencial de -1/3 de atmosfera (solo
mais arenoso) e -1/10 de atmosfera (solo mais argiloso).
Ponto de Murcha (Pm) - Corresponde ao teor de umidade do solo em que, abaixo dele, a planta não
consegue retirar água do solo na mesma intensidade em que transpira. Água retida no solo a potencial
de -15 de atmosfera.
Água Disponível - Água retida no solo entre o potencial equivalente à capacidade de campo e o
potencial equivalente ao ponto de murcha.
A Figura 3 esquematiza a água do solo, conforme a classificação anterior e obedecendo aos conceitos
de capacidade de campo, ponto de murcha e água disponível para as culturas.

Saturação
ARMAZENAMENTO
TEMPORÁRIO

Capacidade de Campo

ÁGUA TOTAL 50% de água
DISPONÍVEL •
prontamente
• Ponto de murcha permanente
ÁGUA NÃO
DISPONÍVEL

• Conteúdo de água = Zero

Figura 3. Esquema mostrando a disponibilidade da água no solo.

2. Características Físico-Hídricas do Solo

2.1. Composição do Solo

Constituído essencialmente por matéria mineral e orgânica (fração sólida), água (fração
líquida) e ar (fração gasosa) o solo é, por este motivo, considerado um sistema trifásico. As
proporções de cada constituinte variam, principalmente, de acordo com a natureza deste.
4 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada
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A matéria orgânica do solo é constituída por restos de plantas e outros organismos, em


estado mais ou menos avançado de decomposição, acumulando principalmente na superfície. A água
e o ar do solo ocupam os espaços existentes entre as partículas terrosas e entre agregados de
partículas. O ar ocupa os espaços não preenchidos pela água e a quantidade de água é variável devido
à precipitação e irrigação, à textura, estrutura, relevo e teor em matéria orgânica, podendo estar
associada a uma grande variedade de substâncias.
O solo é o resultado de mudanças ocorridas nas rochas – denominadas intemperismo.
Ações dos ventos, chuvas e organismos vivos (processos físicos, químicos e biológicos) são os
responsáveis por este lento processo – calcula-se que cada centímetro do solo se forma em intervalo
de tempo de 100 a 400 anos. As condições climáticas existentes são a principal influência das
características de cada solo.
A análise do perfil do solo, ou seja: as parcelas horizontais que o constituem desde sua
origem até a superfície - local da ação do intemperismo, é um referencial para entendermos a
constituição e intemperismos que sofreu. Ao nos referirmos ao perfil do solo, devemos considerar 5
parcelas, denominadas horizontes Figura 4. Vale ressaltar que nem todo solo possui todos os
horizontes bem definidos:

Figura 4. Esquema mostrando os horizontes do solo.

- Horizonte O: Camada orgânica superficial. Drenado, com cor escura.


- Horizonte A: Constituído, basicamente, de rocha alterada e húmus, sendo a região onde se fixa a
maior parte das raízes e vivem organismos decompositores e detritívoros.
- Horizonte E (ou B): Camada mineral constituída de quantidade reduzida de matéria orgânica,
acúmulo de compostos de ferro e minerais resistentes, como o quartzo. Pode ser atingido por raízes
mais profundas.
- Horizonte C: Camada mineral pouco ou parcialmente alterada, podendo ou não ter se formado o
solo.
- Horizonte R: Rocha não alterada que deu origem ao solo.

a) Textura do Solo

A textura do solo diz respeito à distribuição das partículas do solo, de acordo com o
tamanho, envolvendo conotações quantitativas e qualitativas. É considerada argila partículas com
diâmetro inferior a 0,005 mm; silte as com diâmetro entre 0,005 mm e 0,05 mm; areia fina as com

5 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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diâmetro entre 0,05 mm e 0,42 mm; areia média, entre 0,42 mm e 2,00 mm; areia grossa, entre 2,00
mm e 4,80 mm e, finalmente, pedregulho, entre 4,80 e 76 mm de diâmetro.
Quantitativamente – proporções relativas dos vários tamanhos de partículas num dado
solo (areia, silte e argila) – a quantidade de cada uma destas frações conferem denominações
específicas aos diferentes solos.
Qualitativamente - a textura não é alterada apreciavelmente no espaço abrangido por uma
geração, por exemplo, daí ser uma qualidade inerente ao solo, determinando inclusive seu valor
econômico.

Classificação Textural Simplificada

Arenosa - menos de 15 % de argila


Média - de 15 a 35 % de argila
Argilosa - de 35 a 60 % de argila
Muito argilosa - mais de 60 % de argila

b) Estrutura do Solo

É a distribuição ou agrupamento total das partículas do solo, seguindo um arranjamento


mútuo orientado. Sendo este arranjo complexo, não existe uma metodologia de determinação prática
e direta da estrutura, daí serem usado conceitos qualitativos.

c) Densidade do Solo

A densidade do solo ou massa específica do solo é obtida dividindo-se o peso de um


determinado volume de solo natural (incluindo os espaços ocupados pelo ar e água), após sua
secagem em estufa, por este volume.
Unidade - g/cm3
Varia com a estrutura e compactação do solo, sendo tanto maior quanto menos
estruturado e mais compactado for este.
Boa estruturação implica em menor densidade e maior capacidade de retenção de água
pelo mesmo.

d) Porosidade do Solo

A porosidade é constituída pelos vazios do solo, sendo inversamente proporcional à


densidade aparente.
Depende da textura, da estrutura, da compactação e do teor de matéria orgânica.

2.2. Amostragem de Solo para Irrigação

Para a retirada da amostra inalterada, na falta de amostradores, pode-se utilizar um


pedaço de cano de descarga de automóvel ou cano galvanizado de diâmetro parecido, com mais ou
menos 10 cm de altura. Procede-se a limpeza do terreno e em seguida, batendo-se uma marreta em
um pedaço de madeira sobre o cilindro, faça com que este seja introduzido totalmente no solo.
Retira-se o cilindro cheio do solo, com cuidado para não perder a amostra, envolva o cilindro com
plástico, e, após isto, identifique a amostra enviando-a em seguida para o laboratório.
Para retirar a amostra alterada é necessário apenas fazer a limpeza do local, escavar uma
trincheira até a profundidade desejada (20 ou 40 cm) e posteriormente tirar uma fatia completa ao
longo do perfil, misturando o solo no fundo da cova e coletando uma pequena parte. Este
procedimento deve ser repetido várias vezes dependendo do tamanho e da uniformidade da área a ser

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amostrada. A Tabela 3 mostra o tipo de amostra que deve ser retirada para a determinação dos
diversos parâmetros de solo necessários na confecção de projetos de irrigação.

Tabela 3. Tipo de amostra que deve ser utilizada na determinação dos parâmetros de solo
pertinentes à elaboração de projetos de irrigação.

Tipo de amostra O que determinar


Fertilidade geral
Condutividade elétrica da solução
Textura
Alterada Capacidade de campo
Ponto de murcha
Umidade
Densidade das partículas
Densidade do solo
Inalterada Porosidade
Estrutura

2.3. Métodos para determinação da Umidade do Solo

É de capital importância a determinação da umidade do solo para:


Movimento d’água no solo (Condutividade Hidráulica, Capilaridade)
Disponibilidade d’água no solo (CC e PM)
Quando e quanto irrigar.
Métodos:
Método da frigideira
Método Gravimétrico Método padrão de estufa
Método das pesagens

Método de Bouyoucos
Método Eletrométrico Método de Colman

Método Tensiométrico Tensiômetro

Método da Frigideira: Neste método pesa-se uma amostra de solo ao natural (PN) e
coloca-se em uma frigideira, em seguida encharca-se este solo com álcool e coloca-se fogo. Depois
de cessado o fogo pesa-se essa amostra, conseguindo desta maneira o peso do solo seco (PS).

  
  100


PN - peso do solo ao natural, g;


PS - peso do solo seco, g;
U - umidade do solo em percentagem, %.

Método Padrão de Estufa - É um método direto, bastante preciso e consiste em retirar


amostras de solo, na área e na profundidade que se deseja saber a umidade, colocá-las em um
recipiente fechado (pesa filtro, lata) e trazê-las para o laboratório. Pesa-se o recipiente com amostra
(M1), coloca-se o recipiente aberto em uma estufa a 105-110oC. Após 24 horas, no mínimo, retira-se
a amostra da estufa, pesando-a novamente (M2). Sendo (M3) o peso do recipiente, a percentagem de
umidade em peso será dada pela equação:
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   á   


 100
       105 °!
"1  "2
  100
"2  "3

Método das Pesagens - É também um método direto e de precisão relativamente boa. Ele
consiste no seguinte:
- Colocar 100 g de terra seca a 105 ºC, proveniente da gleba onde se deseja irrigar, em
um balão de 500 ml;
- Completar o volume com água e pesar, para se ter o peso-padrão M;
- Anotar o valor do peso padrão M, o qual será determinado somente uma vez, para
aquela gleba;
- Em qualquer época que se desejar saber o teor de umidade daquela gleba, retirar a
amostra de solo e colocar 100 g desta amostra no referido balão, completar o volume com água e
pesar, obtendo-se o peso M’;
- O peso da umidade do solo, em gramas, será dado pela equação

'
%  "  "&   
'  1

onde: Dp = densidade das partículas do solo = 2,65 g/cm3

Para expressar o resultado em percentagem de umidade, em peso na base seca, utiliza-se


a equação:
100  &

100   &

onde: U = % de umidade em peso.

Método de Bouyoucos - Este método é baseado na resistência elétrica entre dois


eletrodos inseridos em um bloco de gesso (célula). A resistência elétrica é medida por um “medidor”
de corrente alternada, que é calibrado para leituras diretas de“percentagem d’água no solo”, Figura 5.
A umidade do solo é determinada indiretamente por meio da medição da resistência
elétrica no bloco de gesso que se encontra enterrado no solo.

Figura 5. “Medidor” e célula de Bouyoucos.

Método de Colman - É também um método indireto para a determinação da umidade do


solo, baseado no mesmo princípio do anterior, mas o bloco onde estão inseridos os eletrodos é de
fibra de vidro, envolvida em duas placas de metal “monel” perfuradas.

8 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano – Campus de Guanambi C. E. Cotrim

Método do Tensiômetro - É um método direto para a determinação da tensão d’água no


solo e indireto para determinação da % de água no solo.
O tensiômetro é constituído de uma cápsula de cerâmica, ligada por meio de um tubo a
um manômetro, onde a tensão é lida. As figuras abaixo mostram esquema e fotografia de
tensiômetros com manômetro metálico (Figura 6).

Tampa

Manômetro
Joelho de
PVC

Tubo de PVC

Cápsula de
porcelana

Figura 6. Esquema e fotografias de tensiômetros.

2.4. Disponibilidade de Água no Solo

A água do solo é dinâmica, movimentando-se segundo um gradiente de potencial,


passando sempre do maior para o menor potencial. A disponibilidade da água no solo é
esquematizada na Figura 7.

Saturação
DRA
L
DTA
Cc

Uc

Pm

Figura 7. Esquema mostrando a disponibilidade total e real de água no solo

Capacidade de Campo (Cc) - Corresponde ao teor de umidade do solo no momento em


que este deixa de perder água pela ação da gravidade.

Ponto de Murcha (Pm) - Corresponde ao teor de umidade do solo em que, abaixo dele, a
planta não consegue retirar água do solo na mesma intensidade em que transpira.

Umidade Crítica (Uc) – Umidade mínima a que uma cultura poderá ser submetida sem
afetar significativamente sua produtividade, que é determinada pelo (f).
9 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada
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Determinação da Capacidade de Campo e do Ponto de Murcha - Para fins de projeto


a capacidade de campo é determinada em laboratório. Pode-se também fazer a determinação dos dois
parâmetros direto no campo, entretanto estes métodos são mais demorados.

2.5. Cálculo da Água Disponível

Para o cálculo da água disponível, além da capacidade de campo, do ponto de murcha e


da densidade aparente do solo, devemos ainda ter conhecimento da profundidade efetiva do sistema
radicular da cultura a ser irrigada.

a) Disponibilidade Total de Água do Solo (DTA).

!   '
'() 
10
onde:
DTA = Disponibilidade total de água, mm/cm;
Cc = Capacidade de campo, % em peso;
Pm = Ponto de murcha, % em peso;
Ds = Densidade do solo, g/cm3.
ou
*  !   '

em que V = m3 de água disponível, por hectare, em cada cm de profundidade do solo, sendo Cc e Pm,
% em volume.

b) Disponibilidade Real de Água no Solo (DRA).


A disponibilidade real de água no solo é definida como a fração da disponibilidade total
de água no solo que a cultura poderá utilizar sem afetar significativamente a su produtividade,
podendo ser expressa por:

'+)  '() , em mm;

c) Capacidade Total de Água no Solo (CTA)


Tanto a quantidade de água de chuva com a de irrigação só devem ser consideradas
disponíveis para a cultura no perfil do solo que esteja ocupado pelo seu sistema radicular. Por isso, a
capacidade total de água do solo somente deve ser calculada até a profundidade do solo
correspondente ao sistema radicular da cultura a ser irrigada, ou seja.

!()  '() ,, em mm;


Z = Profundidade efetiva do sistema radicular da cultura, em cm;

d) Capacidade Real de Água do Solo (CRA)


Numa lavoura irrigada nunca se deve permitir que o teor de umidade do solo atinja o
ponto de murchamento, ou seja, deve-se somente usar, entre duas irrigações consecutivas, uma fração
da capacidade total da água no solo.

!+)  !() , em mm;


f = fator de disponibilidade de água, em decimal.

c) Irrigação Real Necessária (IRN)


É a quantidade real de água que necessita ser aplicada por irrigação.

10 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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- Com irrigação total – Quando toda a água necessária à cultura for suprida através da
irrigação.
-+  !+), em mm.

- Com irrigação suplementar – Quando uma parte da água necessária à cultura for
suprida pela irrigação e a outra parte pela precipitação efetiva (Pe).

-+  !+)   , em mm.

Pe = Precipitação efetiva em mm ( Precipitação provável com 75 a 80 % de ocorrência).

e) Irrigação Total Necessária (ITN)

-+
-( 
.

Sendo: ITN em mm;


Ea = eficiência de aplicação de água do sistema de irrigação, em decimal.

2.6. Evapotranspiração

Inclui:
- evaporação da água do solo
- a evaporação da água depositada pela irrigação
- evaporação de chuva ou orvalho na superfície das folhas
- transpiração vegetal;
Unidade: volume por unidade de área ou em lâmina d’água no período considerado
(m3/ha/dia, mm/dia etc.)
Depende principalmente da quantidade de energia solar recebida.

Evaporação da água do solo: em um solo saturado e com lençol freático próximo à


superfície, sua evaporação aproxima-se da evaporação de um recipiente com água, com a superfície
livre exposta às mesmas condições atmosféricas.

Transpiração: é o processo pelo qual a água vai da planta para a atmosfera, através dos
estômatos, sob forma de vapor.

Evaporação: É a passagem da água do estado líquido para o estado gasoso (vapor).

Evapotranspiração Potencial: é aquela que ocorre quando não há deficiência de água


no solo, que limite o seu uso pela planta.

Evapotranspiração Potencial de Referência (ETo): é a evapotranspiração de uma


superfície extensiva, totalmente coberta com grama, de tamanho uniforme, entre 8 e 15 cm de altura e
em ativo crescimento, em um solo com ótimas condições de umidade.

Evapotranspiração Potencial da Cultura (ETc): é a evapotranspiração de determinada


cultura quando há ótimas condições de umidade e nutriente no solo, de modo a permitir a produção
potencial desta nas condições de campo.

.(  .( /, em mm dia-1


onde:

11 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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ETo = Evapotranspiração potencial de referêcnia, em mm dia-1;


Kc = Coeficiente da cultura em decimal.

2.6.1-Determinação da Evapotranspiração Potencial de Referência (ETo)


Para a determinação da ETo serão considerados nesta apostila apenas alguns métodos
mais generalizados. Didaticamente eles são divididos em métodos diretos e indiretos.

Métodos diretos - dão diretamente a evapotranspiração.


a) Lisímetros
b) Parcelas experimentais no campo
c) Controle da umidade do solo
d) Método da entrada-saída (em grandes áreas).

Métodos indiretos - não dão diretamente a evapotranspiração.


a) Evaporímetros
b) Equações

Método do Lisímetro

Dos métodos diretos descreveremos apenas o método do lisímetro por ser o de maior
aplicabilidade, apesar dos custos consideráveis necessários na construção dos mesmos.
Os lisímetros são tanques enterrados no solo, dentro dos quais se mede a
evapotranspiração. É o método mais preciso para a determinação da ETo, desde que eles sejam
instalados corretamente.
Lisímetro de Percolação - consiste em enterrar um tanque com dimensões mínimas de
1,5 m de diâmetro por 1 metro de altura, no solo, deixando sua borda superior a 5 cm acima da
superfície, Figura 8.

Do fundo do tanque sai uma tubulação que conduzirá a água drenada até um recipiente.
• o solo do tanque deve ser o mesmo do local onde está instalado o lisímetro, inclusive a
ordem dos horizontes deve ser obedecida;
• no fundo do tanque coloca-se uma camada de mais ou menos 10 cm de brita coberta
com uma camada de areia grossa, visando facilitar a drenagem da água que percolou
através do tanque;

Solo
4,5m
Solo
Tanque
Solo
Brita

Tubo de ½”
coletor

Figura 8. Esquema e fotografia do Lisímetro de Percolação.


.
A ETo em um período qualquer é dada pela equação.

12 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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onde:
EToo = Evapotranspiração potencial de referência em mm;
I = Irrigação do tanque em litros;
P = Precipitação pluviométrica no tanque, em litros;
D = Água drenada do tanque, em litros;
S = Área da boca do tanque em m2.

Métodos indiretos - não dão diretamente a evapotranspiração e para determiná-la


determiná
multiplica-se
se o valor encontrado por um fator (K), a ser determinado para cada região e método. O
fator K é determinado em comparaçação com valores encontrados em lisímetros. Os métodos indiretos
se resumem nos evaporímetros e nas equações.

Evaporímetros

São equipamentos usados para medir a evaporação direta da água.

Tipos:
Tanque de evaporação - a superfície d’água fica livremente exposta ao ambiente;
Atmômetros - a evaporação se dá através de uma superfície porosa.

Tanque U.S.W.B. Classe A - Tanque “classe A” - É mais utilizado em virtude do custo


relativamente baixo e do fácil manejo. Mede a evaporação de uma superfície de água livre, associada
aos efeitos integrados da radiação solar, do vento, da temperatura e da umidade do ar.

Características:

Tanque circular de aço inox ou galvanizado, chapa nº 22, com 121 cm de diâmetro e 25,5
cm de profundidade, Figura 9.
Deve ser instalado sobre um estrado de madeira, de 15 cm de altura e ficar cheio de água
até 5 cm da borda superior, conforme Figura
Figura abaixo. Não se deve permitir variação do nível da água
maior que 2,5 cm. A evaporação é medida em um micrômetro de gancho, assentado em poço
tranquilizador.
5cm

∅=121cm

Poço
tranqüilizador

25,5cm

15cm

Figura 9. Esquema e fotografia do Tanque Classe A.

O poço tranqüilizador pode ser de metal ou com tripé sobre parafuso, colocado dentro do
tanque ou um cilindro de 10 cm de diâmetro, que se comunica com o tanque por meio de um tubo.
Neste último pode-sese instalar uma régua graduada em milímetros para as leituras, não sendo estas
esta tão
precisas quanto às feitas com micrômetro, mas satisfatórias para fins de irrigação.

13 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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.(  / .*
onde:
Kt = Coeficiente do tanque, decimal;
EV = Evaporação do tanque em mm.dia-1;

Tabela 4. Valores de coeficiente do tanque “Classe A”, em função dos dados meteorológicos da
região e do meio em que ele está instalado, segundo Doorenbos e Pruitt (FAO).
Exposição A Exposição B
Tanque circundado pôr grama Tanque circundado pôr solo nú
UR Baixa Média Alta Baixa Média Alta
(média) < 40 % 40 a 70 % > 70 % < 40 % 40 a 70 % > 70 %
Vento Posição do
Tanque
Posição do
Tanque
(Km/dia) R(m)* R(m)*
1 0,55 0,65 0,75 1 0,70 0,80 0,85
Leve 10 0,65 0,75 0,85 10 0,60 0,70 0,80
<175 100 0,70 0,80 0,85 100 0,55 0,65 0,75
1000 0,75 0,85 0,85 1000 0,50 0,60 0,70

1 0,50 0,60 0,65 1 0,65 0,75 0,80


Moderado 10 0,60 0,70 0,75 10 0,55 0,65 0,70
175-425 100 0,65 0,75 0,80 100 0,50 0,60 0,65
1000 0,70 0,80 0,80 1000 0,45 0,55 0,60

1 0,45 0,50 0,60 1 0,60 0,65 0,70


Forte 10 0,55 0,60 0,65 10 0,50 0,55 0,75
425 a 700 100 0,60 0,65 0,75 100 0,45 0,50 0,60
1000 0,65 0,70 0,75 1000 0,40 0,45 0,55

1 0,40 0,45 0,50 1 0,50 0,60 0,65


Muito 10 0,45 0,55 0,60 10 0,45 0,50 0,55
Forte 100 0,50 0,60 0,65 100 0,40 0,45 0,50
> 700 1000 0,55 0,60 0,65 1000 0,35 0,40 0,45
Food and Agricultural Organization (FAO).
Obs.: Para extensas áreas de solo nu, reduzir os valores de Kt em 20%, em condições de alta temperatura e vento forte, e de 5 a 10%
em condições de temperatura, vento e umidade moderados.
* Por R(m) entende-se a menor distância (expressa em metros) do centro do tanque ao limite da bordadura (grama ou solo nu).

Existem outros evaporímetros como o tanque Colorado, o tanque “Young Screen” e o


Evaporímetro de Piche, que, entretanto não serão aqui detalhados.

Equações

Há um grande número de equações baseadas em dados meteorológicos, para o cálculo da


ETo.
A maioria delas é de difícil aplicação, na prática, não só pela complexidade do cálculo,
mas também por exigir grande número de elementos meteorológicos, somente fornecidos por
estações de 1a. classe ou automáticas. Na Figura 10 é apresentada uma estação climatológica
automática.
Algumas das equações mais divulgadas serão discutidas a seguir:
Método de Blaney-Criddle, que foi desenvolvido relacionando os valores da ET mensal
com o produto da temperatura média mensal pela percentagem mensal das horas anuais de luz solar.
Ele foi modificado pela FAO, incluindo ajustes climáticos locais, ou seja:

14 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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.(   0 0,457 ( 4 8,13 6


onde:
ETo = Evapotranspiração potencial de referência em mm mês-1;
T = Temperatura média mensal, em ºC;
P = Percentagem mensal das horas anuais de luz solar;
c = coeficiente regional de ajuste da equação.

Figura 10. Estação climatológica automática.

Os valores de P, que variam com a latitude, estão na Tabela 05. E os valores do fator de
ajuste “c”, que variam de acordo com as condições regionais de brilho solar, velocidade diurna do
vento e umidade relativa mínima diurna, encontram-se na Tabela 06.

Tabela 05. Valores de percentagem mensal de horas anuais de luz solar (P) para latitudes sul (6o a
26o) segundo Blaney-Criddle
Lat. sul Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
6o. 8,69 7,79 8,51 8,13 8,32 7,98 8,27 8,37 8,20 8,58 8,42 8,74
8o. 8,77 7,83 8,52 8,09 8,27 7,89 8,20 8,33 8,19 8,60 8,49 8,82
10o. 8,82 7,88 8,53 8,06 8,20 7,82 8,14 8,23 8,18 8,63 8,56 8,90
12o. 8,90 7,92 8,54 8,02 8,14 7,75 8,06 8,22 8,17 8,67 8,63 8,98
14o. 9,98 7,98 8,55 7,99 8,06 7,68 7,96 8,18 8,16 8,69 8,70 9,07
16o. 9,08 8,00 8,56 7,97 7,99 7,61 7,89 8,12 8,15 8,71 8,76 9,16
18o. 9,17 8,04 8,57 7,94 7,95 7,52 7,79 8,08 8,13 8,75 8,83 9,23
20o. 9,26 8,08 8,58 7,89 7,88 7,43 7,71 8,02 8,12 8,79 8,91 9,33
22o. 9,35 8,12 8,59 7,86 7,75 7,33 7,62 7,95 8,11 8,83 8,97 9,42
24o. 9,44 8,17 8,60 7,83 7,64 7,24 7,54 7,90 8,10 8,87 9,04 9,53
26o. 9,55 8,22 8,63 7,81 7,56 7,14 7,46 7,84 8,10 8,91 9,15 9,66

Para determinar o valor de ETo mensal de uma cultura, é necessário verificar a


temperatura média mensal (T), a percentagem mensal de horas anuais de luz solar (P), utilizando-se a
Tabela 05, e determinar o valor de correção “c”, utilizando informações médias regionais da umidade

15 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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relativa mínima diurna (URmin), da velocidade do vento a 2 m de altura (U2) e da razão entre as horas
de luz solar real e o máximo possível (n/N), para a região, conforme Tabela 4.

Tabela 06. Fator de correção “c” para a equação de Blaney-Criddle modificada pela FAO.
Brilho Solar Velocidade do Vento Umidade relativa mínima (%)
(n/N) (m s-1) <20% 20 – 50% >50%
Baixo 0–2 0,92 0,82 0,64
(0,45) 2–5 1,06 0,91 0,72
5–8 1,16 0,98 0,77
Médio 0–2 1,02 0,91 0,75
(0,70) 2–5 1,19 1,06 0,83
5–8 1,35 1,12 0,88
Alto 0–2 1,14 1,02 0,83
(0,90) 2–5 1,23 1,12 0,91
5–8 1,49 1,24 0,97

Método de Hargreaves

Hargreaves aplicando a análise de regressão em dados diários de evapotranspiração


potencial de referência em Davis-California, obteve a equação seguinte:
>
.(  (  4 17,8 9,38 1089 + (max  (=?

onde:
ETo = evapotranspiração potencial de referencia, mm dia-1;
Tmed = temperatura média diária, em oC;
Tmax = temperatura máxima diária, em oC;
Tmin = temperatura mínima diária, em oC; e
Ra = radiação no topo da atmosfera, em MJ m-2 dia-1.

Tabela 07. Valores de radiação no topo da atmosfera (Ra) para latitudes sul entre 0 e 30 graus.

Lat. grau JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
0 36,2 37,5 37,9 36,8 34,8 33,4 33,9 35,7 37,2 37,4 36,3 35,6
2 36,9 37,9 38,0 36,4 34,1 32,6 33,1 35,2 37,1 37,7 37,0 36,4
4 37,6 38,3 38,0 36,0 33,4 31,8 32,2 34,6 37,0 38,0 37,6 37,2
6 38,2 38,7 38,0 35,6 32,7 30,9 31,5 34,0 36,8 38,2 38,2 38,0
8 38,9 39,0 37,9 35,1 31,9 30,0 30,7 33,4 36,6 38,4 38,8 39,4
10 39,5 39,3 37,8 34,6 31,1 29,1 29,8 32,8 36,3 38,5 39,3 40,0
12 40,1 39,6 37,7 34,0 30,2 28,1 28,9 32,1 36,0 38,6 39,8 40,6
14 40,6 39,7 37,5 33,4 29,4 27,2 27,9 31,3 35,6 38,7 40,2 41,2
16 41,1 39,9 37,2 32,8 28,5 26,2 27,0 30,6 35,2 38,7 40,6 41,7
18 41,5 40,0 37,0 32,1 27,5 25,1 26,0 29,8 34,7 38,7 40,9 42,1
20 41,9 40,0 36,6 31,3 26,6 24,1 25,0 28,9 34,2 38,6 41,2 42,6
22 42,2 40,1 36,2 30,6 25,6 23,0 24,0 28,1 33,7 38,4 41,4 43,0
24 42,5 40,0 35,8 29,8 24,6 21,9 22,9 27,2 33,1 38,3 41,7 43,3
26 42,8 39,9 35,3 29,0 23,5 20,8 21,8 26,3 32,5 38,0 41,8 43,6
28 43,0 39,8 34,8 28,1 22,5 19,7 20,7 25,3 31,8 37,8 41,9 43,9
30 43,1 39,6 34,3 27,2 21,4 18,5 19,6 24,3 31,1 37,5 42,0 44,1

16 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Método de Thornthwaite

Método empírico baseado apenas na temperatura média do ar, sendo esta sua principal
vantagem. Foi desenvolvido para condições de clima úmido e, por isso, normalmente apresenta sub-
estimativa da ETP em condições de clima seco. Apesar dessa limitação, é um método bastante
empregado para fins climatológicos, na escala mensal. Esse método parte de uma ET padrão (ETp), a
qual é a ET para um mês de 30 dias e com N = 12h. A formulação do método é a seguinte:
( A
.(  16 10  0 B Tm D 26,5E
-
.(  415,85 4 32,24 Tm  0,43 Tm F Tm ≥ 26,5 E
I  12 0,2 Ta >,H>9

a  0,49239 4 1,7912 108? I – 7,71 108H I? 4 6,75 108J IK


ETo  ETp COR
N NDP
COR 
>? KU
onde:
ETo = evapotranspiração de referencia, mm mês-1;
Tm = temp. média do ar mensal, oC;
Ta = temp. média anual normal, oC;
N = fotoperíodo do mês em questão, h;
NDP = dias do período em questão.

Exemplo
Local: Piracicaba (SP) – latitude 22o42´S
Janeiro – Tmed = 24,4oC, N = 13,4h, NDP = 31 dias, Ta = 21,1oC
I = 12 (0,2 21,1)1,514 = 106,15
a = 0,49239 + 1,7912 10-2 (106,15) – 7,71 10-5 (106,15)2 + 6,75 10-7 (106,15)3 = 2,33
ETp = 16 (10 24,4/106,15)2,33 = 111,3 mm/mês
ETP = 111,3 x COR
COR = 13,4/12 x 31/30
ETP = 111,3 x 13,4/12 x 31/30 = 128,4 mm/mês
ETP = 128,4 mm/mês ou 4,14 mm/dia

Método de Penman-Monteith

Método físico, baseado no método original de Penman. O método de PM considera que a


ETo é proveniente dos termos energético e aerodinâmico, os quais são controlados pelas resistências
ao transporte de vapor da superfície para a atmosfera. As resistências são denominadas de resistência
da cobertura (rs) e resistência aerodinâmica (ra).

ETo = [ 0,408 s (Rn – G) + γ 900/(T+273) U2 ∆e ] / [ s + γ (1 + 0,34 U2) ]


s = (4098 es) / (237,3 + T)2
es = (esTmax + esTmin) / 2
esT = 0,611 x 10[(7,5xT)/(237,3+T)]
ea = (URmed x es) / 100
URmed = (URmax + URmin)/2
T = (Tmax + Tmin)/2

onde:
ETo = evapotranspiração de referência, mm dia-1;
Rn = radiação líquida à superfície de cultura, MJ m-2 dia-1;
17 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada
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G = densidade do fluxo de calor do solo, MJ m-2 dia-1;


T = temperatura do ar média diária, °C;
U2 = velocidade do vento a 2 m de altura m s-1;
es = pressão de vapor de saturação, kPa;
ea = pressão de vapor atual, kPa;
es - ea = déficit de pressão de vapor, kPa;
∆e = declividade da curva de pressão de vapor, kPa °C-1;
γ = constante psicrométrica, kPa °C-1;

Exemplo Dia 30/09/2004


Rn = 8,5 MJ/m2d, G = 0,8 MJ/m2d, Tmax = 30oC, Tmin = 18oC, U2m = 1,8 m/s, URmax = 100% e
URmin = 40%
esTmax = 0,611 x 10[(7,5x30)/(237,3+30)] = 4,24 kPa
esTmin = 0,611 x 10[(7,5x18)/(237,3+18)] = 2,06 kPa
es = (4,24 + 2,06)/2 = 3,15 kPa
T = (30 + 18)/2 = 24oC
s = (4098 x 3,15) / (237,3 + 24)2 = 0,1891 kPa/oC
URmed = (100 + 40)/2 = 70%
ea = (70 x 3,15)/100 = 2,21 kPa
∆e = 3,15 – 2,21 = 0,94 kPa
ETP = [0,408x0,1891x(8,5-0,8) + 0,063x900/(24+273)x1,8x0,94]/[0,1891+0,063x(1+0,34x1,8)]
ETP = 3,15 mm/d

2.7. Precipitação

Do total de precipitação que incide em uma área,


- parte é retida pela cobertura vegetal;
- parte escoa sobre a superfície do solo;
- parte infiltra no solo;
- parte é retida na zona radicular;
- parte percola para a camada mais profunda (Lençol freático).
A distribuição de cada fração depende de:
- do total precipitado;
- da intensidade e da freqüência de precipitação;
- da cobertura vegetal;
- da topografia local;
- do tipo de solo;
- do teor de umidade do solo antes da chuva.
Quanto à irrigação, interessa, principalmente, a parte da irrigação que será utilizada
diretamente pela cultura (precipitação efetiva), a freqüência e a magnitude de precipitação que se
podem esperar na área do projeto (precipitação provável) e a quantidade de água que abastecerá os
rios e represas a fim de ser usada na irrigação.

a) Precipitação Efetiva - Pe

É a parte da precipitação que é utilizada pela cultura para atender sua demanda solo e a
parte que percola abaixo do sistema radicular da cultura.
b) Precipitação provável

18 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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É a quantidade mínima de precipitação com determinada probabilidade de ocorrência.


Normalmente em irrigação trabalha-se com a probabilidade de 75 ou 80%, ou seja, com a lâmina
mínima de chuva que pode esperar em três a cada quatro anos (75%) ou em quatro a cada cinco anos
(80%) em determinado período do ano.

2.8. Infiltração de Água no Solo

É o processo pelo qual a água penetra no solo através de sua superfície.

2.8.1. Taxa de Infiltração (VI)

- A taxa de infiltração da água em um solo é muito importante para a irrigação.


- Determina o tempo em que se deve manter a água na superfície.
- Determina a duração da irrigação por aspersão.
- É parâmetro utilizado na seleção do sistema de irrigação a ser utilizado.
- A VI é expressa em altura de lâmina d’água pôr unidade de tempo (mm/h).

2.8.2. Taxa de Infiltração Básica (VIB)

É a magnitude da taxa de infiltração de água no solo, quando esta se torna praticamente


constante, em cm/h ou mm/h. É de grande utilidade na escolha do aspersor a ser utilizado no sistema
de irrigação, pois a intensidade de aplicação de água do mesmo deve ser inferior ao valor da VIB.

2.8.3. Fatores que Afetam a Taxa de Infiltração (VI)

- Textura do solo;
- Estrutura (Porosidade) do solo;
- Teor de umidade do solo;
- Existência de camadas menos permeável no perfil do solo.

2.8.4. Curva da Taxa de Infiltração Básica (VIB)

A Figura 11 abaixo descreve o comportamento da água no solo durante a infiltração.


No momento em que a taxa de infiltração (VI) está praticamente constante temos a Taxa
de Infiltração Básica (VIB).

VI inicial
VI 4
(cm/h)
3

2 VI básica

0
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
Tempo(h)

Figura 11. Taxa de infiltração de água no solo com o tempo.

Obs.:

19 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Em irrigação pôr aspersão e inundação teremos somente infiltração vertical


Em irrigações pôr sulcos teremos infiltração horizontal e vertical.

2.8.5. Infiltração Acumulada (I)

É a quantidade total de água infiltrada, durante determinado tempo, geralmente expressa


em mm ou cm. A Figura 12 mostra a curva de infiltração acumulada com o tempo em um
determinado solo.
I 8
(mm)
6

Curva de I
4

0
0,5 1,0 1,5 2,0 2,5
Tempo(h)

Figura 12. Curva de infiltração acumulada de água no solo.

A infiltração acumulada em função do tempo pode ser utilizada para se determinar o


tempo necessário para infiltração de determinada quantidade de água, o que é de suma importância
no dimensionamento da irrigação por superfície.

2.8.6. Métodos de Determinação de VI

Em Irrigação pôr Sulco


Devemos utilizar os seguintes métodos na determinação da taxa de infiltração (VI).
* Método da entrada e saída de água no sulco;
* Método do infiltrômetro de sulco.
* Método do balanço de água no sulco.

Em Irrigação pôr Aspersão e Localizada

São recomendados os seguintes métodos de determinação de VI.

* Método das bacias;


* Método do infiltrômetro de anel;
* Método do infiltrômetro de aspersor.

2.8.7. Classificação dos Solos Segundo a VIB.

Solo de VIB muito alta - > 3 cm/h;


Solo de VIB alta - de 1,5 a 3,0 cm/h;
Solo de VIB média - de 0,5 a 1,5 cm/h;
Solo de VIB baixa - < 0,5 cm/h.

O valor da VIB indicará os métodos de irrigação possíveis de serem usados naquele solo,
bem como determinará a intensidade de precipitação máxima dos aspersores.
2.8.8. Descrição do Método do Infiltrômetro de Anel

20 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Utilizado para a determinação da VIB, quando se pretende implantar sistemas de


irrigação pôr aspersão e localizada. Pôr serem estes os sistemas de irrigação mais utilizados na região
será detalhado apenas o método do infiltrômetro de anel.

Infiltrômetro: Dois cilindros, sendo um com diâmetro de 50 cm, outro com diâmetro de 25 cm e
ambos com altura de 30 cm. Uma das bordas do cilindro deve ter a forma de bisel, para facilitar a
penetração no solo. Os anéis devem ser instalados concêntricos, conforme Figura 13.

30 cm 15cm

=#=#=# =#=# =#=#=#=#=#=


15 cm

25cm

50 cm

Figura 13. Detalhe de instalação do infiltrômetro de anel

A importância do anel externo é evitar que a água do anel interno infiltre lateralmente.
A lâmina d’água dentro dos anéis deve estar em torno de 5 cm, permitindo uma oscilação
de 2 cm.
As leituras devem ser medidas da borda superior do anel até a superfície da água dentro
dele.
Adiciona-se água nos cilindros e fazem-se leituras da lâmina infiltrada, no cilindro
interno de período em período (5 em 5 minutos).
A lâmina infiltrada dividida pelo tempo decorrido para sua infiltração dá a VI média:

- 60
*- 
(

Onde:
VIm = Taxa de infiltração média, em cm/h
I = Infiltração acumulada, em cm;
T = Tempo decorrido desde o início do teste, em min.

A velocidade de infiltração aproximada (VIa) pode ser calculada pela expressão:

∆- 60
*- 
∆(

Onde:
VIa = taxa de infiltração aproximada (infiltração instantânea) em cm/h;
21 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada
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∆I = variação na lâmina infiltrada em cm;


∆T = variação de tempo em minutos.

No Quadro abaixo temos um exemplo de determinação da infiltração acumulada (I) e da


taxa de infiltração (VI) utilizando-se o método do infiltrômetro de anel.

Tabela 8. Determinação da Velocidade de Infiltração de Água no Solo e da Infiltração acumulada


(Método do Infiltrômetro de Anel)

Tempo Diferença Infiltração VIa VIm


Hora Acumulado Leitura na Régua (∆I ) Acumulada(I) (∆I/∆T) (I/T)
(min) (cm) (cm) (cm) (cm/h) (cm/h)
9,2333 10,00
9,2833 3,00 8,00 10,00 2,00 2,00 40,00 40,00
9,3667 8,00 8,50 10,00 1,50 3,50 18,00 26,25
9,4500 13,00 9,40 0,60 4,10 7,20 18,92
9,5333 18,00 8,70 10,00 0,70 4,80 8,40 16,00
9,6167 23,00 9,60 0,40 5,20 4,80 13,57
9,7000 28,00 9,20 0,40 5,60 4,80 12,00
9,7833 33,00 8,80 10,00 0,40 6,00 4,80 10,91
9,9500 43,00 9,30 10,00 0,70 6,70 4,20 9,35
10,1167 53,00 9,40 0,60 7,30 3,60 8,26
10,2833 63,00 8,90 10,00 0,50 7,80 3,00 7,43
10,6167 83,00 9,20 10,00 0,80 8,60 2,40 6,22
11,1167 113,00 8,90 10,00 1,10 9,70 2,20 5,15
11,6167 143,00 9,00 10,00 1,00 10,70 2,00 4,49
12,2667 182,00 8,80 10,00 1,20 11,90 1,85 3,92
12,7667 212,00 9,00 10,00 1,00 12,90 2,00 3,65
13,2667 242,00 9,10 10,00 0,90 13,80 1,80 3,42
13,7667 272,00 9,20 10,00 0,80 14,60 1,60 3,22
Obs.:Teste efetuado em área da Escola Agrotécnica Federal de Guanambi em nov/2001. As leituras de lâmina foram
feitas em uma régua graduada a partir da superfície do solo. Toda vez que a lâmina de água dentro do infiltrômetro
atingia a profundidade de 8 cm o volume era novamente completado para 10 cm.

2.9. Cálculo de Parâmetros de Projeto Relacionados com Água disponível,


Evapotranspiração e Infiltração

Turno de Rega (TR) - É o intervalo em dias entre duas irrigações sucessivas, em um


mesmo local.

!+)
(+ 
.(

onde:
TR = turno de rega, em dias.

Período de Irrigação (PI) - É o número de dias necessários para completar a


irrigação de uma área.

PI deve ser menor ou igual ao TR

22 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Escolha do Aspersor - Neste ponto do procedimento deve ser escolhido o aspersor a ser
utilizado no sistema de irrigação. Naturalmente que a sua escolha não é um parâmetro numérico e
sim uma seleção baseada em critérios relacionados a clima da região, cultura a ser irrigada e custo de
implantação do sistema de irrigação dentre outros. A Intensidade de Aplicação de Água do
Aspersor (IA) - É a intensidade com que o sistema aplicará água sobre o solo que deve ser menor ou
igual à VIB do mesmo.

W 3600
-) 
1 2

onde:

IA = intensidade de aplicação, em mm/h


q = vazão do aspersor escolhido, em l/s;
S1 = espaçamento entre aspersores ao longo da linha lateral, em m;
S2 = espaçamento entre linhas laterais, em m.

Tempo de Irrigação por Posição (TI) - Equivale ao tempo de funcionamento do sistema


por posição em horas;

-(
(- 
-)

onde:
TI = tempo de irrigação Por posição, em h.

23 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Exercícios Resolvidos:
1) Na determinação do teor de umidade do solo, utilizando-se o método padrão de estufa, uma amostra de solo
úmida foi retirada no local e na profundidade desejada, colocada em um “pesa filtro” e levada à balança,
traduzindo em um peso igual a 250 gramas. Em seguida a amostra com o recipiente foi levada à estufa com
temperatura entre 105 e 110 º C, durante 24 horas, pesando-se o conjunto novamente obteve-se um valor de
200 gramas. Sabendo-se que o recipiente (“pesa filtro”) pesa 20 gramas, pede-se calcular o teor de umidade
da amostra de solo.

Resolução:
U = M1 - M2 x 100 U = 250g – 200 g x 100 U = 27,78 %
M2 - M3 200g – 20g

2) Calcular a disponibilidade de água para as seguintes condições.

Local: Muqui Cultura = Milho


Irrigação total Prof. raiz (Z) = 50 cm
Solo: Fator disp. Água (f) = 0,50
CC = 32 % (em peso)
Pm = 18 % (em peso) Sistema de Irrigação
Da = 1,2 g/cm3 Eficiência (Ea) = 60 %.

Resolução:

DTA = (Cc - Pm) x Da DTA = 32 – 18 x 1,2 = 1,68 mm/cm


10 10

CTA = DTA x Z CTA = 1,68 mm/cm x 50 cm CTA = 84 mm

CRA = CTA x f CRA = 84 mm x 0,50 CRA = 42 mm

IRN = CRA IRN = 42 mm

ITN = IRN ITN = 42 mm ITN = 70 mm


Ea 0,60

Portanto para as condições apresentadas o solo tem uma capacidade total de armazenamento de água de 84
mm ou seja 840 m3/ha, sendo a capacidade real de armazenamento de 420 m3/ha uma vez que o fator de
disponibilidade de água da cultura é 0,50. A lâmina de irrigação real necessária é de 42 mm ou 420 m3/ha e a
irrigação total necessária é de 70 mm ou 700 m3/ha uma vez que a eficiência de aplicação de água do sistema é
de apenas 60 %.

3) No acompanhamento de um lisímetro de percolação, durante o mês de janeiro, foram anotados os seguintes


dados:
Irrigação do tanque no período (I) = 310 litros
Precipitação pluviométrica do período (P) = 150 mm
Água drenada do tanque (D) = 110 litros
Calcular a Evapotranspiração Potencial de Referencia (Eto) no período, sabendo que o diâmetro do tanque do
lisímetro é de 2 metros.

Resolução:

Eto = I + P - D P = 150 mm que deve ser transformado em litros


S

P(l) = P (mm) x S(m2) S = π x R2 S = π x 12 S = 3,14 m2

24 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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P(l) = 150 l/ m2 x 3,14 m2 P = 471 litros

Eto = 310 l + 471 l + 110 l Eto = 213,69 mm


3,14 m2

Eto = 213,69 mm Eto = 6,89 mm/dia


31 dias

4) Calcular a Evapotranspiração Potencial de Referência para as condições abaixo, com base em dados de
Doorembos e Pruit (FAO).

Período - 8 a 14 de setembro de 1985;


Velocidade (média período) = 190 km/dia;
Umidade Relativa (média do período) = 60 %;
Tanque circundado com grama R(m)= 10 m;
Evaporação do tanque no período (EV)=42 mm;

Resolução:

Entrando com os valores fornecidos no Quadro 1 da página 12, chegaremos a um valor de Kt = 0,70

Eto = Kt x EV .... Eto = 0,70 x 42mm .... Eto = 29,4 mm

Eto = 29,4 mm Eto = 4,2 mm/dia


7 dias

5) Calcule a Evapotranspiração Potencial de Referência (Eto), utilizando-se a equação de Blaney-Criddle, para


o mês de julho/2009 em Guanambi, sabendo-se que a temperatura média mensal foi de 24,64 ºC, que o
fotoperíodo para o mês é de 11,2 horas, que o brilho solar real diário foi em média de 10,8 horas, que a
velocidade do vento foi em média de 3,35 m/s e que a umidade relativa do ar média foi de 58,4%. Considerar
também que a cidade de Guanambi está localizada a 14 º de latitude sul.

Resolução:

Para Guanambi, a 14o. de latitude sul, no mês de julho,temos, através do Quadro II da página 13, uma valor de
(P) percentagem mensal de horas anuais de luz solar igual a 7,96 %.
Utilizando a Tabela 6, com n/N = 0,96, Vv = 3,35 m/s e UR = 58,4% temos C = 0,91

ETo = C x [ (0,457 x T + 8,13) x P] ETo = 0,91 x [(0,457 x 24,64 + 8,13 ) x 7,96]

ETo = 140,46 mm/mês. ETo = 140,46/31 = 4,53 mm/dia.

6) De uma amostra de solo enviada a laboratório obtivemos os seguintes resultados:


Capacidade de Campo: 26 % em peso;
Ponto de Murcha: 13 % em peso;
Densidade Aparente: 1,2 g/cm3
Sabendo-se que nesta área será implantada a cultura de milho, solicitamos dos senhores alunos nos auxiliar no
manejo da irrigação da referida cultura no mês de junho, calculando o turno de rega (TR) e o tempo de
funcionamento do equipamento pôr posição (TI).
Considerando para a cultura do milho no referido mês os seguintes dados:
Evapotranspiração potencial da cultura (Etpc) = 5 mm/dia
Profundidade do sistema radicular da cultura (Z) = 40 cm;
Fator de disponibilidade de água para a cultura (f) = 0,5
Considerar também que o equipamento de irrigação por aspersão conv. apresenta as seguintes características:
Eficiência de aplicação de água do sistema(Ea): 80 %;
Intensidade de Aplicação de Água do Aspersor utilizado: 15 mm/h.

25 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Resolução:
Passos:
1) CRA = (Cc – Pm) x Da x Z x f 1 – Calcular a CRA que é igual a IRN
10 2 – Calcular o Turno de Rega (TR)
3 – Calcular a ITN
CRA = (26 - 13) x 1,2 x 40 x 0,5 CRA= IRN = 31,2 mm 4 – Calcular o Tempo de Irrigação (TI)
10

2) TR = CRA TR = 31,2 mm TR= 6,24 dias Considerar TR = 6 dias.


Eptc 5 mm/dia

3) ITN = IRN ITN = 31,2 mm ITN = 39 mm


Ea 0,80

4) TI = ITN TI = 39,00 mm TI = 2,6 horas


IA 15 mm/h

Portanto no manejo da cultura do milho, durante o mês de junho e de acordo com os dados
fornecidos, devemos irrigar a área a cada 6 dias e utilizar um tempo de 2,6 horas para cada posição da linha
lateral com aspersores.

7) Considerando que, no sistema de irrigação por aspersão utilizado na Agricultura II, o espaçamento entre
aspersores (S1) é de 12 metros e o espaçamento entre linhas laterais (S2) é também de 12 metros, calcule a
intensidade de aplicação de água (IA) dos aspersores utilizados sabendo que a vazão dos mesmos é de 1 l/s.

Resolução:

IA = q x 3600 IA = 1 l/s x 3600 s/h IA = 25 mm/h.


S1 x S2 12 m x 12 m

Exercícios Propostos:

1) Assinale V ou F conforme sejam verdadeiras ou falsas as afirmativas e posteriormente marque a


alternativa que corresponde à seqüência correta.

( ) A história da irrigação confunde-se com a história da civilização, pode-se dizer que ela começou com o
antigo Egito, há 5.000 anos;
( ) A água do solo é tradicionalmente classificada em água gravitacional, água capilar e água disponível;
( ) Os métodos de determinação do teor de umidade do solo, baseados em pesagens, são o padrão de estufa,
o de Bouyoucos, o de Colman e o das pesagens;
( ) Em um solo na capacidade de campo os espaços porosos do mesmo estão todos preenchidos com água;
( ) No ponto de murcha o teor de umidade é tal que, abaixo dele, a planta não consegue retirar água do solo
na mesma intensidade em que transpira;
( ) A água do solo disponível às plantas é aquela que fica retida entre a capacidade de campo e o ponto de
murcha;
( ) O (f) fator de disponibilidade de água da cultura é que determina o percentual da água disponível no solo
que a planta pode absorver, sem que ocorra queda na produtividade, ou seja, determina a água facilmente
disponível.
( ) Toda a água capilar do solo está disponível às plantas.

a) V, V, F, F, F, V, V, F
b) V, F, F, F, V, V, V, F
c) V, F, F, V, V, V, F, F
d) V, F, F, F, V, F, V, F
e) F, F, F, F, V, V, F, V

26 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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2) Relacione a segunda coluna de acordo com a primeira e posteriormente assinale a alternativa que
corresponde à seqüência correta.

(1) Disponibilidade total de água do ( ) Quantidade total de água que se necessita aplicar pôr irrigação,
solo em mm;
(2) Irrigação total necessária ( ) Utilizado para estabelecer o percentual da água disponível no
solo, que a cultura consegue absorver sem que haja queda de
produtividade;
(3) Capacidade total d’ água no solo ( ) É uma característica do solo que corresponde à quantidade de
água que o solo pode reter ou armazenar pôr determinado tempo;
(4) Irrigação real necessária ( ) Quantidade real de água que se necessita aplicar pôr irrigação;
(5) Fator de disponibilidade (f) ( ) Quantidade de água que o solo pode reter em uma profundidade
equivalente ao sistema radicular da cultura.

a) 1, 5, 2, 4, 3 d) 2, 5, 3, 4, 1
b) 2, 5, 1, 3, 4 e) 3, 5, 1, 4, 2
c) 2, 5, 1, 4, 3

3) Com base nos dados abaixo, calcule a quantidade total de água que se necessita aplicar por irrigação
na cultura do tomate, em mm;
Dados de solos: Cc = 20 % em peso , Pm = 13 % em peso; da = 1,2 g/cm3
Dados da Cultura: Tomate, f = 0,5; Z=30 cm
Sistema de Irrigação: Ea = 75 %
a) 12, 6 mm
b) 168 mm
c) 25,2 mm
d) 16,8 mm
e) 8,4 mm

4) Marque a alternativa correta sobre a seqüência de palavras que completam as frases abaixo.
I - Da água que chega ao solo parte é ______________________, parte é _______________diretamente do
solo, parte é ___________________ e parte é perdida pôr _______________superficial.
II - A função do manejo de irrigação é ___________________as perdas de água, buscando maior
_____________________ no uso da mesma.
III - O consumo de água no sistema de irrigação varia ao longo do _______________da cultura e com as
condições _____________________.
IV- O método do turno de rega pré-fixado se baseia na determinação do ________________e da
_____________________ a ser aplicada em cada irrigação.
I) infiltrada, evaporada, percolada, escoamento
II) minimizar, eficiência
III) ciclo, climáticas
IV) potencial osmótico, qualidade da água
a) todas as seqüências estão corretas d) as seqüências I, II e IV estão corretas
b) apenas as seqüências I e II estão corretas e) as seqüências I, II e III estão corretas
c) as seqüências I, III e IV estão corretas

5) Com base nos dados das tabelas abaixo, podemos dizer que o valor da evapotranspiração potencial
da cultura do milho, para o mês de agosto, em segundo estágio de desenvolvimento é:
a) 5,70 mm
b) 6,35 mm
c) 6,65 mm
d) 7,35 mm
c) 8,40 mm

6) Qual o tempo de funcionamento pôr posição, do sistema de irrigação convencional que o produtor
dispõe, para irrigação da cultura do tomate, sabendo-se que a intensidade de aplicação de água do
aspersor é de 10 mm/h e que a irrigação total necessária é de 30 mm.
27 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano – Campus de Guanambi C. E. Cotrim

a) 3h
b) 5h
c) 4h
d) 6h
e) 2h

7) Qual a Evapotranspiração Potencial de Referência (Eto) para as condições abaixo, baseando-se em


dados de Kt (constante do Tanque) da tabela da apostila.
Período : 15 a 30 de setembro de 1995.
Velocidade média do vento: 150 km/dia
Umidade Relativa do Ar (média do período) = 60 %
Tanque Circundado com Grama R(m) = 10 m
Evaporação do tanque no período (Ev) = 64 mm
a) 54,40 mm
b) 41,60 mm
c) 48,00 mm
d) 44,80 mm
e) 51,20 mm

Quadro 01 - Dados para a cultura do milho


Ciclo: 140 dias
Estádios de I II III IV V
desenvolvimento
Z (cm) 10 20 40 40 40
f (decimal) 0,3 0,4 0,5 0,5 0,5
kc* 0,30-0,50 0,80-0,95 1,05-1,20 0,80-0,95 0,55-0,60
Duração(dia) 10 30 40 30 30
* O primeiro valor é usado sob condições de baixa demanda evapotranspirativa;
O segundo valor é usada sob condições de alta demanda evapotranspirativa.

Quadro 02 - Dados climáticos


Mês ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT
Eto (mm/dia) 7 6 5 5 7 7 8
UR(%)* 60 65 68 68 50 56 65
Temp. (°C) 25 23 22 22 26 25 26
* UR> 70% implica em condições de baixa demanda evapotranspirativa.
UR< 70% implica em condições de alta demanda evapotranspirativa.

28 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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FONTES DE SUPRIMENTO DE ÁGUA PARA IRRIGAÇÃO

1. Hidrologia - É a ciência que trata do estudo da água na natureza, sua ocorrência,


distribuição e circulação.
2. Ciclo Hidrológico - É o fenômeno global de circulação da água entre a superfície
terrestre e a atmosfera, impulsionado principalmente pela energia solar, associada à gravidade e à
rotação terrestre.
Compreende a água desde a ocorrência de precipitações até seu retorno à atmosfera sob
forma de vapor, conforme representado na Figura 14.

Condensação

nuvem Precipitação

Transpiração
Evapotranspiração

Interceptação Transpiração
Infiltração Depressões
Escoamento
Zona
de Superficial
Aeração
Evap. sup. Prec. Evap. Solo
Capilaridade Esc. Sub. líquida Direta

Percolação Superficial Evaporação


sup. líquida

Zona Escoamento subterrâneo Rio, Lago


de
Saturação oceano

Figura 14. Representação simplificada do Ciclo Hidrológico segundo (Silveira, 1993)

3. Fontes de Água

3.1. Água Superficial

São as águas que estão na superfície do terreno, encontradas principalmente em forma de


lagos e na calha dos rios, etc.
As águas de uma determinada região são divididas pelas Bacias Hidrográficas.
Denominam-se Bacias Hidrográficas, Vale, Área de Drenagem, Bacia Contribuinte,
Bacia de Recepção ou, simplesmente, Bacia de um Rio, toda zona ou região cujas águas de chuva
descarregam ou são drenadas por esse rio. Essa bacia é limitada pelo “Dinortim Aguarium”, isto é,
uma linha que acompanha as maiores altitudes das serras, planaltos, etc., separando uma bacia de
outra. Em pequenas bacias, costumam dar o nome de “águas vertentes” ou “divisor de águas” a essa
linha de separação. A Figura 15 mostra a representação esquemática dos divisores topográficos e
freáticos em uma bacia hidrográfica.

29 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Divisores Topográficos
Superfície do Lençol freático na
terreno estação das chuvas
Divisores Freáticos
Lençol freático na
estiagem
Curso d’água
intermitente

Rocha Impermeável

Rio X Rio Y Rio Z

Figura 15. Corte transversal de uma bacia hidrográfica mostrando divisores topográficos e freáticos
(Villela e Mattos, 1975).

3.1.1. Classificação dos rios de acordo com o regime.

Rios de regime torrencial (temporários) - são aqueles que têm crescidas impetuosas
durante e logo em seguida às chuvas e degelos, voltando sua vazão a ser desprezível ou nula algum
tempo depois. São rios de regiões áridas e semi-áridas.
Rios de regime normal (permanente) - são, os que, embora apresentando variação, às
vezes grande, na vazão, oferecem, mesmo nas estiagens máximas, caudais suficientes para sua
utilização (irrigação, abastecimento de água, navegação, etc.).
Rios efêmeros – São aqueles que apresentam vazões apenas após as chuvas.

3.2. Água Subterrânea - São águas que estão abaixo da superfície do terreno que
compreende o lençol freático e o lençol subterrâneo.
3.2.1. Lençóis Artesianos ou Confinados
São os que correm ou que estão compreendidos entre duas camadas impermeáveis,
estando submetidos à pressão, conforme Figura 16, e apresentam as seguintes características:
- a água provém geralmente de infiltrações distantes
- de regiões mais altas (brejos, lagos, rios, chuvas ou neve das serras, cordilheiras etc.)
- água sob pressão
- existência de uma camada porosa entre duas camadas impermeáveis (ou de pouca
permeabilidade).
Área de abastecimento Poço Artesiano Poço Freático
Nível da água Jorrante
Poço
Superfície Semi-artesiano
Piesométrica
Superfície
do terreno

Nível da água

Aqüífero Freático

Estrato Confinante
Aqüífero Artesiano

Estrato Impermeável

Figura 16. Esquema mostrando aqüíferos confinados e livres (Todd, 1967).


30 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada
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Quando a água, estando submetida à pressão, subir em um poço aberto até atingir o nível
da linha piezométrica, passando acima da superfície do terreno, e jorrar, dará origem a um poço
artesiano.
Caso Contrário, isto é, caso a linha passe abaixo do nível do terreno, a água subirá até ela,
mas não jorrará acima do terreno, formará o poço denominado semi-artesiano.
Este é o caso mais comum e de ocorrência mais generalizada na prática.
A linha piezométricas corresponde a uma linha imaginária que liga o nível da origem do
lençol ao nível do seu término, que pode ser o mar, um lago ou outra formação interior.
O lençol artesiano é alcançado por meio de poços tubulares (poços de pequenos diâmetro,
geralmente de 6 a 10 polegadas), encontrando-se às vezes, a pouca profundidades (algumas dezenas
de metros).
Em alguns casos, aparecem na perfuração vários lençóis sobrepostos com distintas
capacidades e qualidades de água, sendo freqüente, todavia, perfurações completamente secas, em
que nenhum lençol é atingido.
Quando um rico lençol é atingido a vazão é, geralmente, suficiente para o abastecimento
de várias casas (bairros residenciais), indústrias e até mesmo para irrigação. A água geralmente é de
boa qualidade, podendo, todavia, em alguns casos ser salobra. Isto acontece, regra geral, com os
poços mais profundos, visto a água salobra ser de maior densidade que a água pura e ficar por baixo
desta.
O nome Artesiano surgiu por estes lençóis terem sido estudados na região de Artois, na
França, onde há muitos poços que se abastecem neles.
Incrustações amigdalares podem produzir variações no nível e na capacidade de poços
comuns, conforme Figura 17. As roturas de camadas, falhas e fendas etc., também podem produzir
fenômenos idênticos, isto é, produzir poços secos, com escassez ou com abundância de água.

Poço Pequeno
seco Pequeno rendimento
Abundante
rendimento

γ⌠ζ√√ϒγ⌠ √ϒγ⌠ζ√√ϒγ ⌠ζ√√ϒγ⌠ ζ√√ϒ γ⌠ζ √ϒ γ⌠ζ


=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//=//
Camada
Permeável

Rocha Imperm

Rocha
Impermeável
Lençol freático Rocha Imperm.

Camada Impermeável

Figura 17. Esquema mostrando incrustações amigdalares produzindo variações no nível e na


capacidade de poços comuns.

31 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Exercícios Propostos:

8) Das afirmativas abaixo assinale aquela que não é verdadeira.

a) A hidrologia é a ciência que trata do estudo da água na natureza, sua ocorrência, distribuição e circulação;
b) Dinortim Aguarium é uma linha imaginária que acompanha as encostas das serras, separando uma bacia da
outra;
c) O ciclo hidrológico é impulsionado pela energia solar, associada à gravidade e à rotação terrestre;
d) Em pequenas bacias hidrográficas a linha divisória é comumente chamado de “águas vertentes” ou
“divisor de águas”.
e) O ciclo hidrológico é o elemento fundamental da hidrologia, representando a água em fases distintas e
independentes, desde a ocorrência de precipitação até o seu retorno à atmosfera sob forma de vapor.

9) Complete as sentenças corretamente.

1) As águas _____________________ são aquelas que estão abaixo da superfície do terreno, que compreende
o lençol freático e o lençol subterrâneo.
2) Os lençóis artesianos são os que correm ou que estão confinados entre duas camadas
____________________, estando submetido a pressão.
3) Um poço é artesiano quando a linha ___________________ passa acima do nível do terreno, promovendo o
escoamento da água pela boca do mesmo.
4) Muitas vezes, só a título de qualidade de água, refere-se à sua salinidade, com relação à quantidade total de
sais expressa em miligramas pôr litro, partes pôr milhão ou pôr meio de sua ___________________________.
5) O que realmente limita o uso da água para irrigação é a ________________ e a natureza dos
________________ solúveis encontrados na água.
A seqüência de palavras que corresponde à resposta correta é:
a) subterrâneas, vizinhas, piezométrica, molaridade, concentração, sólidos
b) subterrâneas, impermeáveis, piezométrica, condutividade elétrica, concentração, sólidos
c) subterrâneas, permeáveis, piezométrica, condutividade elétrica, quantidade, materiais
d) superficiais, semipermeáveis, de nível, condutividade elétrica, concentração, sólidos
e) freáticas, impermeáveis, piezométrica, condutividade elétrica, qualidade, sólidos

32 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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QUALIDADE DA ÁGUA PARA IRRIGAÇÃO

A qualidade da água para irrigação nem sempre é definida com perfeição.


Muitas vezes refere-se apenas à salinidade da água.
- quantidade total de sólidos dissolvidos (mg/l, ppm)
- ou por meio de sua condutividade elétrica
Porém, para que se possa fazer correta interpretação da qualidade da água para irrigação,
os parâmetros analisados devem estar relacionados com os seus efeitos no solo, na cultura e no
manejo da irrigação, os quais serão necessários para controlar ou compensar os problemas
relacionados com a qualidade da água.

1. Parâmetros analisados na determinação da qualidade da água para irrigação;

• Concentração total de sais (salinidade);


• Proporção relativa de sódio, em relação aos outros cátions (capacidade de infiltração
do solo);
• Concentração de elementos tóxicos;
• Concentração de bicarbonatos;
• Aspecto sanitário.

1.1. Concentração total de sais ou salinidade – O aumento da concentração total de sais


solúveis de um solo tem como principal conseqüência a elevação do seu potencial osmótico,
prejudicando as plantas devido ao decréscimo da disponibilidade de água daquele solo.
Depende de:
- da qualidade da água usada na irrigação;
- do manejo da irrigação;
- da existência e do nível de drenagem natural e/ou artificial do solo;
- da profundidade do lençol freático;
- da concentração original de sais no perfil do solo.
A concentração total de sais da água de irrigação pode ser expressa em partes por
milhão (ppm) ou em relação à sua condutividade elétrica (CE).
Procedimento padrão - condutividade elétrica (CE) devido à facilidade e rapidez de
determinação;

Testes rápidos para avaliar a qualidade da água, no que diz respeito à concentração
total de sais.

1) A razão entre a condutividade elétrica (em “micromhos” por centímetro), dividida


pela concentração de cátions (em miliequivalente por litro), deve aproximar-se de 100.
Próximo de 80 - para águas ricas em cálcio e magnésio;
Próximo de 110 - para águas ricas em sódio.

2) A razão entre a concentração de sólidos dissolvidos (em partes por milhão) dividida
pela condutividade elétrica (em “micromhos”, por centímetro), deve aproximar-se de
0,64.

1.2. Proporção Relativa de Sódio, em relação a Outros Cátions ou Capacidade de


Infiltração do Solo
O decréscimo da capacidade de infiltração de um solo torna difícil a aplicação da lâmina
de irrigação necessária, num tempo apropriado, de modo a atender a demanda evapotranspirométrica
da cultura.

33 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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A capacidade de infiltração de um solo cresce com o aumento de sua salinidade e


decresce com o aumento da razão de adsorção de sódio (RAS) e/ou decréscimo de sua salinidade.
RAS e Salinidade, devem ser analisados conjuntamente para se poder avaliar
corretamente o efeito da água de irrigação na redução da capacidade de infiltração de um solo.
A proporção relativa de sódio, em relação a outros sais é expressa pela razão de adsorção
de sódio (RAS), a qual pode ser assim calculada:

 X
+) 
Y! 4 "XX
XX
2

Com as concentrações de Na, Ca e Mg, em miliequivalente por litro.

A Figura 18 ilustra os efeitos interativos do RAS e da salinidade na capacidade de


infiltração de água no solo.
_
_
_ Redução
_ moderada na
__ Redução severa na capacidade de
30_
capacidade de infiltração do
_
R _ infiltração do solo solo
a
z _
ã __
o 25_
d _
e
_
a _
d
s __
o 20_
r
ç _
ã _
o
_
d
e __
15_
s
ó _
d _
i
o _ Praticamente nenhuma
__
R 10_ redução na capacidade de
A
S _ infiltração do solo
_
_
__
5_
_
_
_
0_ | | | | | |
0 1 2 3 4 5 6
o
Condutividade elétrica da água de irrigação em milimhos/cm a 25 C

Figura 18. Efeitos interativos do RAS e da salinidade na capacidade de infiltração de água no solo.

1.3. Concentração de Elementos Tóxicos

Os elementos encontrados nas águas de irrigação não poluídas pelo homem que mais
comumente causam problemas de toxidez às plantas são os íons cloro, sódio e boro.
A magnitude do problema depende de:
- concentração do íon na água de irrigação;
- da sensibilidade da cultura ao íon;

34 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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- da demanda evapotranspirométrica da região;


- do método de irrigação em uso.
Estes íons geralmente acumulam-se nas folhas, causando
- problemas de clorose e queima dos tecidos;
- reduz a produção vegetal;
- podendo causar a morte da planta (acúmulo muito elevado).

Toxicidade acompanham e complicam salinização e/ou sodificação do solo.


- íons cloro e sódio são mais comuns nas águas de irrigação.
- podem ser absorvidos pelas raízes, movimentados pelo caule e acumulados nas
folhas
- podem também serem absorvidos diretamente pelas folhas molhadas durante a
irrigação por aspersão.
De um modo geral, as culturas perenes, tais como as árvores frutíferas, são mais sensíveis
do que as culturas de ciclo curto, no que diz respeito à toxidez por íons de cloro, sódio e boro.

1.4. Concentração de Bicarbonatos


Nas águas que contém concentrações elevadas de íons bicarbonatos, há tendência para a
precipitação do cálcio e do magnésio, sob a forma de carbonatos, reduzindo, então, a concentração de
cálcio e magnésio, na solução do solo, e, conseqüentemente aumentando a proporção de sódio, uma
vez que a solubilidade do carbonato de sódio é superior a dos carbonatos de cálcio e de magnésio.
Esse processo pode ser ilustrado pela seguinte reação química.
Ca++ + Na+ + 3HCO3- CaCO3 (precipita) + Na+ + HCO3- + CO2 + H2O que favorece a
elevação da percentagem de sódio no solo.

1.5. Aspecto Sanitário


Três casos a considerar:
- contaminação do irrigante durante a condução da irrigação;
- contaminação da comunidade ao redor do projeto de irrigação;
- contaminação dos usuários dos produtos irrigados.
Nos dois primeiros casos, a principal doença é a esquistossomose, cuja contaminação se
dá, por meio do contato direto do irrigante com a água de irrigação, conforme exemplo na Tabela 9.
No terceiro, temos as verminoses, de um modo geral, cuja contaminação se dá por meio
do consumo dos hortifrutigranjeiros contaminados pela água de irrigação.

Tabela 9. Aumento da incidência de esquistossomose em alguns projetos de irrigação no Mundo.

País Projeto Porcentagem de contaminação


antes após
Egito Represa de Aswan (1906) 6 % (1910) 60%
Sudão Gezira (1925) 0 % (1940) 45%
Tanzania Arucha Chini (1937) 5 % (1967) 60 %
Zambia Lago Kariba (1958) 0 % (1968) 35 %
Nigéria Lago Kaingi (1969) 5 % (1971) 45 %
Iran 10 Projetos Pilotos (1965) 15 % (1967) 27 %

2. ANÁLISE E AMOSTRAGEM DA ÁGUA PARA IRRIGAÇÃO

A concentração total e individual dos elementos de maior importância tem de ser


determinada para que possa julgar a qualidade da água para irrigação. Na Tabela 10 encontram-se as
determinações usualmente necessárias para análise de água.

35 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Tabela 10. Determinações usuais na análise de água para irrigação.

Determinações Símbolos Unidades


Condutividade Elétrica CE x 106 a 25 º C Micromhos/cm
Percentagem de sódio solúvel PSS %
Razão de adsorção de sódio RAS -
Boro B Ppm
Sólidos dissolvidos SD Ppm
PH - -
Cátions
Cálcio Ca m.e./l
Magnésio Mg m.e./l
Sódio Na m.e./l
Soma de cátions - m.e./l
Aniônios
Carbonatos CO3 m.e./l
Bicarbonatos HCO3 m.e./l
Sulfatos SO4 m.e./l
Cloro Cl m.e./l
Soma de aniônios - m.e./l.

Para muitos casos, a condutividade elétrica é suficiente para avaliar a concentração total
de sais, dispensando a determinação dos sólidos dissolvidos.
Uma vez determinado que a concentração de boro é baixa, em determinada região, sua
determinação pode ser omitida nas análises subseqüentes.
As amostras de água deverão ser, enquanto for possível, as mais representativas. De
modo geral, recomendam-se os seguintes procedimentos no processo de análise de água para
irrigação;
 poços profundos, com condições normais de operação, estando a intensidade de
recarga do poço em equilíbrio com a retirada de água, as características químicas da
água serão praticamente constantes.

 para rios ou córregos a amostragem deve ser feita todas as semanas ou mensalmente,
e, sempre que se tirar a amostra, deve se procurar caracterizar o estádio de fluxo do rio
ou sua vazão.
 para pequenos reservatórios, a água é praticamente homogênea, e a amostra pode ser
coletada, à saída do reservatório.
 para grandes reservatórios, a água não é homogênea ao longo da profundidade, sendo
necessário que as amostras sejam retiradas de diversas profundidades.
Quantidade = 1 a 2 litros Vasilhame: garrafas de vidro ou de plástico bem limpas.

3. CLASSIFICAÇÃO DA ÁGUA PARA IRRIGAÇÃO

3.1 - Classificação Proposta Pelo “U. S. Salinity Laboratóry Staff - U.S.D.A .

Esta classificação é baseada na C.E., como indicadora do perigo de salinização do solo e


na Razão de Adsorção de Sódio (RAS), como indicadora do perigo de alcalinização ou sodificação
do solo.
a) Perigo de Salinização – Com relação a este parâmetro as águas são divididas em
quatro classes, segundo a condutividade elétrica.

C1–Salinidade baixa (CE entre 0 e 250 micromhos/cm, a 25 ºC ).

36 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Pode ser utilizada para irrigação na maioria das culturas e na maioria dos solos com
pouca probabilidade de ocasionar salinidade. A lixiviação necessária ocorre nas práticas normais de
irrigação, à exceção de solos de permeabilidade extremamente baixa.

C2–Salinidade média (CE entre 250 e 750 micromhos/cm,25 ºC).


Usada sempre que houver um grau moderado de lixiviação. Plantas com moderada
tolerância aos sais podem ser cultivadas sem práticas de controle de salinidade.

C3–Salinidade alta (CE entre 750 e 2250 micromhos/cm, 25 ºC).


Não pode ser usada em solos com deficiência de drenagem;
Pode ser usada somente para irrigação de plantas com boa tolerância aos sais;
Podem ser necessárias práticas especiais para controle de salinidade.

C4–Salinidade muito alta (CE entre 2250 e 5000 micromhos/cm)


Não é apropriada para irrigação em condições normais, podendo ser usada em
circunstâncias muito especiais. Os solos deverão ser muito permeáveis e com drenagem adequada,
devendo aplicar excesso de água nas irrigações para se ter uma boa lixiviação.

b) Perigo de Alcalinização ou Sodificação – Ás água são divididas em quatro classes


segundo a RAS.

S1 – Água com baixa concentração de Sódio


(RAS ≤ 18,87 – 4,44 x log CE)
Pode ser ursada para irrigação em quase todos os solos, com pequena possibilidade de
alcançar níveis perigosos de sódio trocável.

S2 - Água com concentração média de sódio


(18,87 – 4,44 x Log CE < RAS ≤ 31,31 – 6,66 x Log CE)
Só pode ser usada em solos de textura grossa ou em solos orgânicos com boa
permeabilidade. Ela apresenta um perigo de sodificação considerável em solos de textura fina, com
alta capacidade de troca catiônica, especialmente sob baixa condição de lixiviação, a menos que haja
gesso no solo.

S3 – Água com alta concentração de sódio


(31,31 – 6,66 x Log CE < RAS ≤ 43,75 – 8,87 x Log CE)
Pode produzir níveis maléficos de sódio trocável, na maioria dos solos, e requer práticas
especiais de manejo do solo, boa drenagem, alta lixiviação e adição de matéria orgânica. Em solos
que têm muito gesso, ela pode não desenvolver níveis maléficos de sódio trocável.

S4 – Água com muito alta concentração de sódio


( RAS > 43,75 – 8,87 x Log CE)
É geralmente imprópria para a irrigação, exceto quando a sua salinidade for baixa, ou, em
alguns casos, média, e a concentração de cálcio do solo ou o uso de gesso ou outros corretivos
tornarem o uso desta água viável.

c) Efeito da concentração de boro – O boro é um elemento essencial para o crescimento


dos vegetais, mas a quantidade requerida é muito pequena. Porém, em concentrações um pouco
maiores, torna-se muito tóxico para alguns vegetais. O nível da concentração que o torna tóxico varia
de acordo com a espécie vegetal. O nível que é tóxico para uma planta sensível como o limão pode
ser tolerante para uma planta tolerante como a alfafa.

37 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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d) Efeito da concentração de bicarbonato – Nas águas que contém concentrações


elevadas de bicarbonatos, há tendência para a precipitação de cálcio e do magnésio sob a forma de
carbonatos, reduzindo, então, a concentração de cálcio e magnésio na solução do solo e,
conseqüentemente, aumentando a proporção de sódio.
A classificação da água para irrigação pode ser feita em função do conceito de
“Carbonato de Sódio Residual” (CSR), proposto por Eaton:

!+  !ZK 4 [!K  !XX 4 " XX 

I – Águas com CSR superior a 2,5 miliequivalentes por litro não são recomendadas para
irrigação.
II – Águas que contenham CSR entre 1,25 e 2,5 miliequivalentes por litro são duvidosas
para irrigação.
III – Águas que contenham “CSR” inferior a 1,25 miliequivalente por litro são
normalmente apropriadas para irrigação.

Exercícios Resolvidos

1) A análise da água do Rio Grande, no Novo México (EUA) apresentou os seguintes resultados
(Israelsen e Hansen)
Condutividade Elétrica (CE) -.........870 micromhos/cm
Sólidos Totais ...................................641 ppm
Cálcio ................................................3,76 meq/l
Magnésio...........................................1,34 meq/l
Sódio .................................................4,03 meq/l
Cloro .................................................1,53 meq/l

Pede-se classificar esta água segundo a proposta do U.S. Salinity Laboratory - U.S.D.A. sabendo que as
denominações e os limites são os seguintes:
Denominação Salinidade Val. limites Denominação Alcalinidade Valores limites de RAS
(1) de CE (2)
C1 baixa 0-250 S1 baixa < 18,87 - 4,44x log CE
C2 média 250-750 S2 média 18,87 - 4,44x log CE < RAS
< 31,31 - 6,66 x log CE
C3 alta 750-2250 S3 alta 31,31 - 6,66 x log CE < RAS
< 43,75 - 8,87x log CE
C4 muito alta > 2250 S4 muito alta > 43,75 - 8,87 x log CE

Resolução:

Analisando com relação à condutividade elétrica (salinidade) podemos concluir que a água é da Classe C3,
pois o valor de 850 micromhos/cm está entre 750-2250 micromhos/cm traduzindo em água de salinidade alta.
Com relação à alcalinidade, ou sodificação teremos que calcular o valor da Razão de Adsorção de Sódio para a
posterior classificação.
X
+) 
Y! 4 "XX
XX
RAS = 4,03 meq/l RAS = 2,52
√ 3,76 + 1,34
2 2

Classe S1 - RAS < 18,78 – 4,44 x log10 850 RAS < 5,77

Portanto não é necessário fazer mais cálculos pois o valor de RAS é inferior a 5,77 traduzindo a esta água uma
classificação S1 quanto a alcalinidade.
A classificação da água é C3S1 ou seja água de salinidade alta e alcalinidade baixa.

38 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Exercícios Propostos:

10) Nos parênteses à esquerda, coloque C ou E conforme considere certos ou errados os conceitos,
assinalando em seguida, entre as alternativas abaixo, a seqüência correta.

( ) - Quando a água de irrigação apresenta alta concentração de sais existe o perigo de o solo tronar-se salino
pelo seu uso.
( ) - Quando a salinidade da água é baixa, o risco do solo tornar-se salino é alto, à exceção daqueles com
permeabilidade extremamente baixa.
( ) - Quando a água apresenta salinidade média, deve haver uma lixiviação moderada no solo e as culturas
irrigadas devem apresentar também uma moderada tolerância a sais.
( ) - A água com alta concentração de sais pode ser usada em solos com deficiência de drenagem.
( ) - Água com alta concentração de sais pode ser usada somente para irrigação de plantas com boa tolerância
a sais.
( ) Quando a concentração de sais é muito alta a água não é apropriada para a irrigação.

a) C, E, C, E, C, C
b) C, E, E, E, C, C
c) C, E, C, E, C, E
d) C, E, C, C, C, C
e) E, E, C, E, C, C

11) São parâmetros normalmente avaliados para uma completa análise da qualidade da água para
irrigação.

a) Concentração total de sais ou salinidade, concentração de bicarbonatos, concentração de elementos tóxicos


e aspecto sanitário.
b) Concentração total de sais ou salinidade, proporção relativa de sódio em ralação a outros cátions e
concentração de bicarbonatos.
c) Concentração total de sais ou salinidade, proporção relativa de sódio em ralação a outros cátions,
concentração de bicarbonatos, concentração de elementos tóxicos e o aspecto sanitário.
d) Concentração total de sais ou salinidade, proporção relativa de sódio em ralação a outros cátions,
concentração de elementos tóxicos, aspecto sanitário e a presença de partículas estranhas.
e) Concentração total de sais ou salinidade, concentração de bicarbonatos e concentração de elementos
tóxicos.

12) A análise da água de um Rio apresentou os seguintes resultados.

Condutividade Elétrica (CE) -..............500 mmhos/cm


Sólidos Totais .....................................641 ppm
Cálcio .................................................4,0 meq/l
Magnésio.............................................1,3 meq/l
Sódio ..................................................5,0 meq/l
Cloro ..................................................1,5 meq/l

Pede-se classificar esta água segundo a proposta do U.S. Salinity Laboratory - U.S.D.A. conforme dados já
apresentado em exemplos anterior e assinalar a alternativa correta.
a) C3S2
b) C3S3
c) C2S1
d) C3S1
e) C3S4

39 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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MEDIÇÃO DE VAZÕES

Para se projetar sistemas de irrigação, onde a água é fator limitante, há inicialmente a


necessidade de se quantificar a vazão da fonte de água disponível na propriedade. Seja ela um
córrego, um pequeno riacho, uma cisterna, um poço artesiano ou tubular, teremos que primeiramente
quantificar fluxo de água disponível na unidade de tempo. Também, para um bom manejo da
irrigação já implantada é necessário saber a quantidade de água a ser aplicada na mesma.
Esses controles são possíveis através de conhecimentos que possibilite a medição de
vazões desde um simples aspersor até vazões de rios, poços etc.

1 – MÉTODOS UTILIZADOS

Os principais métodos empregados são os seguintes:

a) Método Direto
b) Método do Vertedor
c) Método do Flutuador
d) Método do Molinete

a) Método Direto

Consiste em determinar o tempo que a água levará para encher um recipiente de volume
conhecido. A vazão será o volume do recipiente dividido pelo tempo necessário para preencher o
mesmo.
*
\
(

onde:
Q = vazão em litros por segundo;
V = volume do recipiente em litros;
T = tempo necessário para preencher o recipiente em segundos.

A Figura 19 ilustra a utilização do método para um córrego onde pode-se desviar a vazão
por um tubo até um recipiente conforme ilustração abaixo.

b
a

Onde:
a = superfície da água no córrego ou sulco e
b = superfície do terreno f
c = tubo
d = distância entre o tubo e a superfície da água (mín. 4 cm)
e = recipiente de volume conhecido
f = trincheira feita no solo.

Figura 19. Ilustração mostrando a aplicação do método direto em córrego ou pequenos riachos.

40 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Observações:
Na determinação do tempo para encher o recipiente deve-se fazer três repetições no mínimo;
Este é um método simples, requer poucos equipamentos e apresenta boa precisão;
Pelas características do processo ele só pode ser aplicado a pequenos cursos d’água.

b) Método do Vertedor

Vertedores – São aberturas com dimensões conhecidas destinadas à passagem de


líquidos, quando se quer determinar vazões do mesmo.

O método do vertedor consiste em represar a água por meio de um vertedor, forçando-a a


passar toda sobre a sua soleira.
A soleira dos vertedores devem ser delgada, ficar na horizontal e perpendicular à direção
do fluxo, ficando também a parede do vertedor na vertical.
Este método é aplicado a pequenos e médios cursos d’água, normalmente com vazões
inferiores a 300 litros por segundo.

Vertedor Retangular (Francis) - É o mais antigo e mais usado; a sua simplicidade de


construção tornou-o muito popular (Figura 20). No cálculo da vazão vamos utilizar a fórmula de
Francis que á mais empregada.
≥ 5H
≥ 3H ≥ 3H ≥ 3H

L H

≥ 3H Soleira 10 cm

Figura 20. Esquema ilustrativo da utilização do vertedor retangular na medição de vazão.

Observações:
- Para vertedores retangulares e trapezoidais a carga H não deve ser maior do que 1/3 da soleira;
- O ar deve circular livremente por baixo da lâmina d’água que sai do vertedor.
- A altura da lâmina d’água (H) deve ser medida a uma distância de pelo menos 5H da soleira do
vertedor.
- A largura da soleira deve ser maior ou igual a três vezes a altura da lâmina vertente (H).

A Fórmula de Francis, utilizada para o cálculo da vazão é a seguinte:


^
\  1,838 ] [_

onde:
Q = vazão em metros cúbicos por hora;
L = largura da soleira do vertedor em m;
H = altura da lâmina d’água que passa sobre a soleira em m.

Vertedor Triangular (Thompson) – Os vertedores triangulares são mais precisos para


medição de pequenas vazões. É conveniente a colocação de chapas metálicas na sua crista. O

41 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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vertedor triangular aqui estudado apresenta um ângulo θ = 90 º e a ilustração do seu uso na medição
de vazões é apresentado na Figura 21.
≥ 5H
≥ 3H ≥ 3H ≥ 3H

θ H

≥ 3H
10 cm

Figura 21. Esquema ilustrativo da utilização do vertedor triangular na medição de vazão.

A vazão é dada pela Fórmula de Thompson, válida quando θ = 90 º:


H
\  1,40 [ ?

onde:
Q = vazão que passa pelo vertedor em metros cúbicos por segundo;
H = altura da lamina vertente em m.

Vertedor Trapezoidal de Cipolletti - É um vertedor trapezoidal com as faces inclinadas


de 1:4 (1 na horizontal para 4 na vertical), e a ilustração do seu uso na medição de vazões é
apresentado na Figura 22.
≥ 5H
≥ 3H ≥ 3H ≥ 3H

L H

≥ 3H
Soleira 10 cm

Figura 22. Esquema ilustrativo da utilização do vertedor trapezoidal na medição de vazão.

A vazão é dada pela fórmula de Cipolletti, válida para inclinação das faces igual 1:4.
K
`  1,86 ] [?

onde:
Q = vazão que passa sobre a soleira do vertedor, em m3/s;
L = largura da soleira do vertedor, em m;
H = altura da lâmina vertente (carga), em m.

c) Método do Flutuador

Este método é menos preciso que os dois primeiros e deve ser utilizado em curso d’água
maior e em canais principais de perímetros de irrigação. Consiste em medir a velocidade média (Vm)

42 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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da correnteza, num trecho escolhido do curso d’água ou canal, usando para isso um flutuador, e
determinar a área da seção média (S) do referido trecho.

\   *

onde:
Q = vazão em metros cúbicos por segundo;
S = área da seção do riacho, em metros quadrados;
Vm = velocidade média da água naquele trecho, em metros por segundo.

A velocidade (V) é medida com auxílio de um flutuador que pode ser um pequeno vidro
parcialmente cheio de água. Mede-se uma distância qualquer no curso d’água e anota-se o tempo
necessário para o flutuador percorrer a mesma conforme ilustração na Figura 23.

Figura 23. Esquema ilustrativo da determinação da velocidade da água utilizando um flutuador.

] a
* 
∆( b_ 8bc

V = velocidade da água no riacho ou córrego, em m/s;


L = comprimento do trecho percorrido pelo flutuador, em m;
∆T = tempo gasto para o flutuador percorrer o referido espaço L, em segundos.

Pode se tomar a velocidade média como sendo igual a 80 % da velocidade medida.


A velocidade encontrada geralmente coincide com a velocidade máxima (V) já que o
flutuador é levado normalmente, na região de velocidade máxima do curso d’água.

A velocidade média (Vm) é determinada experimentalmente pelas seguintes expressões.

*  0,85  0,95 * (canais com paredes lisas);


*  0,75  0,85 * (canais com paredes pouco lisas);
*  0,65  0,75 * (canais com paredes irregulares e vegetação no fundo).

Quando se faz medição em um córrego ou riacho, cujo trecho foi previamente limpo de
vegetação e irregularidades (canal de terra), pode se tomar a velocidade média como sendo igual a 80
% da velocidade medida.

*  0,80 *

A área da seção do curso d’água deve ser a média da medição de três seções, pelo menos,
no trecho considerado, conforme esquema ilustrativo apresentado na Figura 24.

43 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Figura 24. Esquema ilustrativo da determinação da área da seção do rio.

Quando o canal tem forma irregular deve-se fazer várias medidas de profundidades da
seção e desenhar o perfil em papel milimetrado, com escalas conhecidas, calculando em seguida a
área, através da soma dos quadrados.

d [ d 4 e [ e [
1  2  3 
2 2 2
Á    çã   1 4 2 4 3

Se o canal tiver forma próxima do trapézio, deve-se considerar a área da seção


semelhante à área do trapézio e assim por diante, conforme seja a figura geométrica que a seção do
córrego ou canal assemelhar.

d) Método do Molinete

É o método utilizado para a medição de vazão de grandes rios. Normalmente quando é


necessária a obtenção de dados rápidos.
Molinetes são os mais aperfeiçoados aparelhos para a medição da velocidade em um
ponto qualquer da corrente de um rio. A Figura 25 mostra o aparelho e a sua aplicação na medição da
velocidade das água de um rio.

Figura 25. Ilustração do molinete e de sua utilização na determinação da velocidade do rio

Os molinetes mais comuns são o de Waltmann e o de Price.


O molinete de Waltmann é constituído de uma hélice com duas ou mais pás que giram
sob a ação da água em movimento. Quando o aparelho é imerso na água sua hélice começa a girar.
Este movimento de rotação é transmitido a um dispositivo eletro-mecânico que emite um sinal para
determinado número de voltas. Para se determinar a velocidade da água basta contar determinado
número de impulsos em determinado intervalo de tempo.
Vazão do Rio – Para se chegar à vazão do rio há necessidade de se definir, inicialmente,
o ponto onde vai ser feita a determinação. Em seguida representa-se o perfil da seção transversal

44 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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molhada. Divide-se a secção molhada em partes e determina-se a área e o centro geométrico de cada
uma delas. A vazão do rio será a soma do produto da área de cada elemento pela velocidade medida
no seu centro geométrico, conforme Figura 26.

Figura 26. Esquema ilustrando a utilização do molinete na determinação de vazão em rios.

`  ij kj 4 iF kF 4 il kl 4 im km 4 in kn

Exercícios Resolvidos

1) Determinar a vazão (Q) bombeada por um conjunto motobomba sabendo-se que a mesma foi desviada para
um recipiente de volume (V) igual a 200 litros e que os tempos medidos para enchimento do recipiente, em
três repetições, foram T1 = 102 s; T2 = 98 s e T3 = 100 s.

Tm = T1 + T2 + T3 Tm = 102 + 98 + 100 Tm = 100 s


3 3

Q = V .. Q = 200 litros Q = 2 l/s


Tm 100 s
2) Calcular a altura mínima que deve ter o sangrador de uma barragem de forma retangular, com 20
metros de largura, sabendo-se que no período chuvoso, a vazão máxima atinge 20.000 l/s.

Q = 1,838 x L x H 3/2 H 3/2 = .......Q...... H =[ .....20 m3/s...... ]2/3 H = 0,67 m


1,838 x L 1,838 x 20 m

3) Calcular a largura do sangrador (vertedor) de uma pequena barragem sabendo que a vazão máxima do
riacho onde ela será construída é de 80 m3/s. Sabe-se também que a altura máxima da lâmina de água
“sangrada” é de 0,80 m.

Q = 1,838 x L x H 3/2 . . . L = .......Q............. . . . L = ...........80........... . . . L = 60,83 m


1,838 x H3/2 1,838 x (0,8)3/2

4) Calcular a altura máxima da lâmina vertente em um sangrador de uma barragem, de forma triangular (θ =
90°), sabendo que no período chuvoso, a vazão máxima do rio atinge 5000 l/s.

Q = 5000 l/s = 5 m3/s

Q = 1,40 x H 5/2

H = { ......Q..... }2/5
1,40
H = { ....5...... }2/5 . . .
1,40
H = 1,66 m

45 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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5) Determinar a vazão que escoa em um curso d’água natural, cuja velocidade de deslocamento foi
determinada pelo método do flutuador. Num trecho de 15 metros de extensão fez-se 3 repetições do tempo de
deslocamento do flutuador e estes foram: 30, 33, 27 s . A largura média das seções medida foi de 1,20 m e
para determinar sua área, ela foi dividida em 3 subseções de largura média igual a 40 cm e as profundidades
médias medidas de margem a margem foram: 0, 20, 25 e 0 cm.

0,40m 0,40m 0,40m V = S/T

T = (T1 + T2 + T3)/3 . . . T = (30 + 33 + 27)/3


20cm 25cm
m T = 30 segundos

V = 15 m/ 30 s = 0,5 m/s

Vm = 0,80 x 0,50 m/s . . . Vm = 0,40 m/s.

Cálculo da Área

Subárea(1) - Triângulo Subárea (2) – Trapézio Subárea (3) - Triângulo

S1 = (0,4 x 0,2)/2 S2 = [(0,20 + 0,25) x 0,40]/2 S3 = (0,4 x 0,25)/2


S1 = 0,04 m2 S2 = 0,09 m2 S3 = 0,05 m2
St = S1 + S2 + S3 St = 0,04 + 0,09 + 0,05 St = 0,18 m2.

Q = Vm x St . . . Q = 0,40 m/s x 0,18 m2 Q = 0,072 m3/s

6) Calcular a vazão do canal de irrigação, cuja seção está desenhada abaixo, sabendo que as velocidades
médias medidas com molinete, nas subseções 1, 2 e 3, foram V1 = 1 m/s, V2= 2,0 m/s e V3 = 1 m/s.

2m 4m 2m

V1 V3
V2 1m

S1 = (2 x 1)/2 . . . S1 = 1 m2 . . . Q1 = V1 x S1 . . . Q1 = 1 m/s x 1 m2 . . Q1 = 1 m3/s

S2 = (1 x 4) .... S2 = 4 m2 . . . Q2 = V2 x S2 . . . Q2 = 2 m/s x 4 m2 . . . Q2 = 8 m3/s

S3 = (2 x 1)/2 . . . S3 = 1 m2 . . . Q3 = V3 x S3 . . . Q3 = 1 m/s x 1m2 . . . Q3 = 1 m3/s

Qt = Q1 + Q2 + Q3 . . . Qt = 1 + 8 + 1 = 10 m3/s.

Exercícios Propostos

13) Qual a vazão de um córrego sabendo-se que a altura da lâmina vertente medida em um vertedor retangular
(Francis) foi de 40 cm e que a largura da soleira do vertedor é de 0,80 m.

a) 37,1 l/s
b) 37,10 m3/s
c) 371 m3/s
d) 0,37 m3/s
e) 371 l/h

46 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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14) Qual a largura que deve ter o sangrador (vertedor) de uma barragem, sabendo-se que ele deve ter forma
retangular, que no período chuvoso, a vazão máxima do riacho em que ela está localizada atinge 30.000 l/s e
que a altura máxima da lâmina de água vertente deve ser de 50 cm.

a) 10,21 m
b) 19,49 m
c) 46,17 m
d) 35,00 m
e) 39,00 m

15) Qual é a vazão que escoa em um curso d’água natural, cuja velocidade de deslocamento foi determinada
pelo método do flutuador. Num trecho de 20 metros de extensão fez-se 5 repetições do tempo de deslocamento
do flutuador e estes foram: 40, 45, 35, 43, e 37s . A largura da seção foi medida em três locais, resultando em
um valor médio de 1,20 m e para determinar sua área, ela foi dividida em 5 sub-seções de largura igual a 24
cm e as profundidades médias medidas de margem a margem foram: 0,10, 40, 50, 40 e 0 cm.

SEÇÃO

24cm 24cm 24cm 24cm 24cm

a) 0,134 m3/s
b) 13,40 m3/s
c) 11,28 m3/s
d) 112,8 l/s
e) 282,0 l/s

16) Qual é a vazão do rio de seção transversal mostrada abaixo, sabendo-se que as velocidades da água, no
centro geométrico de cada elemento de área (medidas com molinete) foram respectivamente V1 = 1,5 m/s; V2
= 4,0 m/s; V3 = 1,5 m/s e V4= 2,0 m/s.

1m 2m 1m

V1 V2 V3
S1 S2 S3
1m
a) 10,5 m3/s
b) 9,0 m3/s
c) 115,0 l/s
V4
d) 13,0 m3/s S4 1m
e) 11,50 m3/s

47 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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ESCOAMENTO EM CONDUTOS FORÇADOS E


DIMENSIONAMENTO DE CONJUNTO MOTO-BOMBA

1 . Considerações Gerais

Tendo em vista a pressão de funcionamento, os condutos hidráulicos podem se classificar


em:
Condutos forçados - nos quais a pressão interna é diferente da pressão atmosférica. Neste
tipo de conduto as seções transversais são sempre fechadas e o fluído circulante as enche
completamente.
Condutos livres - nestes o líquido escoante apresenta superfície livre, na qual atua a
pressão atmosférica. A seção não necessariamente apresenta perímetro fechado e quando isto ocorre,
a seção transversal deve funcionar parcialmente cheia.

2. Equação de Bernoulli Aplicada aos Fluídos Reais

A Equação de Bernoulli relaciona a pressão de escoamento do fluído e a velocidade com


que ele desloca em um conduto, com o peso específico do fluído, com a altura geométrica do local e
com a aceleração da gravidade e é representada pela expressão abaixo.

 *?
4,4  !
o 2

Esta equação quando aplicada em seções distintas da canalização, fornece a carga total
em cada seção. Se o líquido é ideal, sem atrito, a carga ou energia total permanece constate em todas
as seções, porém se o líquido é real, para ele se deslocar da seção 1 para a seção 2 (Figura 27), ele irá
consumir energia para vencer as resistências ao escoamento entre as seções 1 e 2. Portanto a carga
total em 2 é menor do que em 1, e esta diferença é a energia dissipada em forma de calor. Como a
energia calorífica não tem utilidade no escoamento de fluídos, diz-se que esta parcela é a perda de
carga ou perda de energia, simbolizada por hf.

V12 /2g
hf

P1
γ V22/2g

P2
E1 γ
1
E2

Z1 2 Z2

Figura 27. Esquema mostrando a variação da energia em dois pontos de um conduto forçado.

.1  .2  p ou .1  .2 4 p

q s_
Como .  r 4 , 4 ?t

48 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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tem-se:

*1? 1 *2? 2
4 4 ,1  4 4 ,2 4 p
2 o 2 o

onde:
V1 = velocidade do fluido no ponto 1, em m s-1;
V2 = velocidade do fluido no ponto 2, em m s-1;
P1 = pressão de escoamento do fluido no ponto 1, em kg m-2;
P2 = pressão de escoamento do fluido no ponto 2, em kg m-2;
Z1 = altura geométrica do local no ponto 1, em m;
Z2 = altura geométrica do local no ponto 2, em m;
g = aceleração da gravidade, em m s-2;
hf = perda de carga ou perda de energia, em m.

Que é a equação de Bernoulli aplicada a duas seções quaisquer de um fluído em


movimento.

3. Regimes de Escoamento

Escoamento Laminar - Quando o líquido escoa de forma ordenada, como se lâminas do líquido se
deslizasse uma sobre a outra.

Escoamento Turbulento - Quando o líquido se escoa de forma desordenada, com as trajetórias das
partículas se cruzando, sem direção definida.

Para se determinar se o regime de escoamento é laminar ou turbulento, utiliza-se o


número de Reynolds (Rn)

* '
+ 


onde:
Rn = número de Reynolds, admensional;
V = velocidade da água, em m/s;
D = diâmetro da tubulação, m;
v = viscosidade cinemática da água em m2/s.

Para as condições normais de escoamento nas tubulações pode-se afirmar que:


Rn > 4.000, regime de escoamento turbulento.
Rn < 2.000, regime de escoamento laminar.
Quando o número de Reynolds é igual a 4000 ocorre a passagem do regime laminar para
o turbulento e quando o número de Reynolds é igual a 2000 ocorre a passagem do regime turbulento
para o laminar. Na faixa de velocidade com número de Reynolds entre 2000 e 4000 não se pode
definir com exatidão qual o regime de escoamento, denominando-a como faixa de transição.

4. Perda de Carga ao Longo da Tubulação

A perda de carga atribuída ao movimento da água, ao longo das tubulações é a principal


perda de carga na maioria dos projetos de condução de água.
Darcy, hidráulico suíço, dentre outros concluíram, no século XVIII, que a perda de carga
ao longo das canalizações era:
49 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada
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- diretamente proporcional ao comprimento do conduto;


- proporcional a uma potência da velocidade;
- inversamente proporcional a uma potência do diâmetro;
- em função da natureza das paredes no caso de regime turbulento;
- independente da pressão sob a qual o líquido escoa;
- independente da posição da tubulação e do sentido de escoamento.
Naquela época surgiram numerosas fórmulas para o dimensionamento das canalizações,
entretanto hoje o número de fórmulas utilizadas é bem menor.

4.1 - Fórmulas Práticas mais utilizadas.

a) Equação de Hazen-Williams
É a fórmula mais utilizada nos países de influencia americana. Deve ser usada para
dimensionamento de canalizações com diâmetro igual ou superior a 50 mm, conduzindo água à
temperatura ambiente, em regime turbulento. Possui várias apresentações:

*  0,355 ! 'U,uK vU,H9 (a)


ou
\  0,279 ! ' ?,uK vU,H9 (b)
ou
>U,u9u wc,xy
v (c)
z c,xy { |,x}

[  v ] (d)

em que:
V = velocidade da água na tubulação em m s-1;
D = diâmetro da tubulação em m;
Q = vazão em m3 s-1;
J = perda de carga unitária em m m-1;
C = coeficiente de Hazen-Willians (Tabela 11);
Hf = perda de carga total em m;
L = comprimento da tubulação em m.

Tabela 11. Valores do Coeficiente de Hazen-Williams para materiais normalmente utilizados em


tubulações para conduzir fluidos ( C ).
Tipos de Condutos C Tipos de Condutos C
Alumínio 130 Aço soldado com revestimento especial 130
Aço corrugado 60 Aço zincado 120
Aço com juntas “loc-bar”, novas 130 Cimento-amianto 130 a 140
Aço com juntas “loc-bar, usadas 90 a 100 Concreto, bom acabamento 130
Aço galvanizado 125 Concreto, acabamento comum 120
Aço rebitado, novo 110 Ferro fundido, novo 130
Aço rebitado, usado 85 a 90 Ferro fundido, usado 90 a 100
Aço soldado, novo 130 Plásticos 140 a 145
Aço soldado, usado 90 a 100 PVC rígido 145 a 150

Observaçoes:
O coeficiente de Hazen-Willians depende da natureza e estado de conservação do material da
tubulação.
As equações (b) e (c) são obtidas substituindo o valor de velocidade na equação (a) pela expressão
obtida abaixo:

~ {_ 9 w
\ ) * ) 9
*  ~ {_
50 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada
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onde:
A = área da seção da tubulação em m2.

b) Equação de Manning

Esta equação é mais recomendada para o dimensionamento de canais, mas pode também
ser usada para o dimensionamento de condutos sob pressão, desde que se use o coeficiente
apropriado.
0397 ' ?⁄K v>⁄?
*


0,312 ' €⁄K v>⁄?


\


10,273 ? \?
v
' >u⁄K

[  v ]

em que:
Q = vazão que passa no conduto em m3s-1;
V = velocidade da água na tubulação em m;
D = diâmetro da tubulação em m;
J = perda de carga unitária em m m-1;
n = coeficiente de Manning, que depende da natureza da parede do tubo (Tabela 12)
Hf = perda de carga total em m;
L = comprimento da tubulação em m.

Tabela 12. Valores do Coeficiente de Manning (n)

Tipo de Conduto n
Tubos de ferro fundido limpo, sem revestimento 0,014
Tubos de ferro fundido, com revestimento de alcatrão 0,012
Tubos de ferro fundido, com incrustações 0,017
Tubos de aço rebitado 0,015
Tubos de aço soldado 0,012
Tubos de aço galvanizado 0,013
Tubos de latão ou cobre 0,013
Tubos de cimento amianto 0,012
Tubos com revestimento de cimento bem alisado 0,012
Revestimento de argamassa de cimento 0,013
Condutos de concreto liso (formas de aço) 0,013
Tubos de concreto com juntas 0,017
Condutos velhos de concreto ou toscamente alisados 0,015
Condutos cerâmicos de esgoto 0,015
Tubos de drenagem de cerâmica 0,014

c) Equação de Darcy Weisbach

Esta fórmula é de uso mais geral, tanto serve para escoamento em regime laminar, quanto
para turbulento, sendo também utilizado para uma gama de diâmetro. É mais utilizada para o
dimensionamento de tubulação de ferro fundido.

51 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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 *?  ] *?
v [ 
' 2  ' 2 
Ou
8  \? 8  ] \?
v [ 
 ?  'H  ?  'H

em que:
J = perda de carga unitária, em m m-1;
f = coeficiente de atrito que depende do material e do estado de conservação das paredes;
V= velocidade da água na tubulação, em m s-1;
D= diâmetro da tubulação, em m;
g = aceleração da gravidade, em m s-2;
Hf = perda de cargas total, em m;
L = comprimento da tubulação, em m;
Q = vazão que passa pelo tubo, em m3s-1.

Para regime de escoamento laminar (Rn < 2000), o coeficiente f pode ser calculado pela
fórmula:
f = 64 onde Rn = n º de Reynolds
Rn
Nestas condições o coeficiente (f) depende exclusivamente do líquido escoado, do
diâmetro da tubulação e da velocidade de escoamento, independendo do material da tubulação.
Para regime de escoamento turbulento (Rn > 4000), f é função do diâmetro da tubulação
(D), da rugosidade interna da parede da tubulação (e), do líquido escoado e da sua velocidade de
escoamento. À relação entre a rugosidade interna da parede do tubo e o seu diâmetro (e/D)
denominamos de Rugosidade Relativa.
O valor de f é encontrado no Diagrama de MOODY, entrando com valores de (e/D) e do
numero de Reynolds.
Na Tabela 13 são apresentados os valores de f para alguns materiais utilizados em
tubulações e canais de irrigação e na Tabela 14 são apresentados valores de rugosidade interna da
parede de alguns materiais utilizados em condutos forçados.

Tabela 13. Valores de f da fórmula de Darcy-Weisbach.


Tipo de Material f Tipo de Material f
Ferro fundido incrustado 0,020 a 1,500 Concreto moldado em ferro 0,009 a 0,060
Ferro fundido revestido com asfalto 0,014 a 0,100 Concreto centrifugado 0,012 a 0,085
Ferro fundido revestido com cimento 0,012 a 0,060 Cimento-amianto novo 0,009 a 0,050
Aço galvanizado novo com costura 0,012 a 0,060 Cimento-amianto usado 0,100 a 0,150
Aço galvanizado novo sem costura 0,009 a 0,012 PVC 0,009 a 0,050
Concreto moldado em madeira 0,012 a 0,080

5. Perdas de Cargas Localizadas

Sempre que ocorrem mudanças de direção do fluxo e/ou da magnitude da velocidade,


haverá uma perda de carga localizada decorrente da alteração das condições de movimento, à qual se
adicionará a perda causada por atrito.
São causadoras dessas perdas peças especiais como curvas, registros, tês, válvulas,
reduções, etc....
Estas perdas podem ser desprezadas quando a velocidade da água é muito pequena (V < 1
m/s), quando o comprimento da tubulação e maior que 4000 vezes o diâmetro e quando existem

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poucas peças especiais nos condutos. Considerar ou não as perdas localizadas é uma atitude que o
projetista irá tomar em face das condições locais e da experiência do mesmo.

Tabela 14. Valores de rugosidade interna da parede (e) dos principais materiais empregado em
condutos forçados

Tipo do Material e (mm) Tipo do Material e (mm)


Ferro fundido novo 0,26 a 1 Aço rebitado, com cabeças cortadas 0,3
Ferro fundido enferrujado 1 a 1,5 Cobre ao vidro 0,0015
Ferro fundido incrustado 1,5 a 3 Concreto centrifugado 0,07
Ferro fundido asfaltado 0,12 a 0,26 Cimento alisado 0,3 a 0,8
Aço laminado novo 0,0015 Cimento bruto 1a3
Aço comercial 0,046 Madeira aplainada 0,2 a 0,9
Aço rebitado 0,92 a 9,2 Madeira não aplainada 1 a 2,5
Aço asfaltado 0,04 Alvenaria de pedra bruta 8 a 15
Aço galvanizado 0,15 Tijolo 5
Aço soldado liso 0,1 Alvenaria de pedra regular 1
Aço muito corroído 2,0

5.1. Cálculo das Perdas Localizadas (∆


∆h)

a) Expressão de Borda-Belanger

Partindo do Teorema de Borda-Belanger chegou-se à seguinte expressão para o cálculo


das perdas de cargas localizadas.

/ *?
∆p 
2 

onde:
∆h = perda de carga localizada, em m;
K = coeficiente que depende do elemento causador da perda;
V = velocidade média da água na tubulação, em m s-1;
g = aceleração da gravidade (9,81 m s-2).

O valor de K depende do regime de escoamento. Para escoamento plenamente turbulento


(Rn > 50.000) o valor de K para as peças especiais é praticamente constante. São os valores
encontrados na tabela 15.

Tabela 15. Valores de coeficiente K, para cálculo das perdas de carga localizadas, em função do tipo
da peça, segundo J. M. Azevedo Neto.

Tipo da Peça K Tipo da Peça K


Ampliação gradual 0,30 Junção 0,40
Bocais 2,75 Medidor venturi 2,50
Comporta aberta 1,00 Redução gradual 0,15
Controlador de vazão 2,50 Registro de ângulo aberto 5,00
Cotovelo de 90 º 0,90 Registro de gaveta aberto 0,20
Cotovelo de 45 º 0,40 Registro de globo aberto 10,00
Crivo 0,75 Saída de canalização 1,00
Curva de 90 º 0,40 Tê, passagem direta 0,60
Curva de 45 º 0,20 Tê, saída de lado 1,30
Curva de 22,5 º 0,10 Tê, saída bilateral 1,80
Entrada normal de canalização 0,50 Válvula de pé 1,75
Entrada de borda 1,00 Válvula de retenção 2,50
Existência de pequena derivação 0,03

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b) Método dos Comprimentos Virtuais

Ao se comparar a perda de carga que ocorre em uma peça especial, pode-se imaginar que
esta perda também seria oriunda de um atrito ao longo de uma tubulação retilínea. Calcula-se a partir
daí o comprimento virtual que provocaria a mesma perda da peça especial

 *? ] Perda de carga contínua


[ 
' 2 

/ *? Perda de carga localizada


∆p 
2 

[  ∆p  *? ] / *? / '
 ]
' 2  2  

Calcula-se, a partir daí, o valor de L (virtual) para cada peça (Tabela 16).

Tabela 16. Comprimentos virtuais em metros das principais peças especiais, para os diâmetros
comerciais mais usados.

Tipo de Diâmetros comerciais (mm)


Peça 50 63 75 100 125 150 200 250 300 350
Cotovelo de 90 º 1,7 2,0 2,5 3,4 4,2 4,9 6,4 7,9 9,5 10
Cotovelo de 45 º 0,8 0,9 1,2 1,5 1,9 2,3 3,0 3,8 4,6 5,3
Curva de 90 º 0,9 1,0 1,3 1,6 2,1 2,5 3,3 4,1 4,8 5,4
Curva de 45 º 0,4 0,5 0,6 0,7 0,9 1,1 1,5 1,8 2,2 2,5
Entrada normal 0,7 0,9 1,1 1,6 2,0 2,5 3,5 4,5 5,5 6,2
Entrada de borda 1,5 1,9 2,2 3,2 4,0 5,0 6,0 7,5 9,0 11
Registro de gaveta 0,4 0,4 0,5 0,7 0,9 1,1 1,4 1,7 2,1 2,4
Registro de globo 17 21 26 34 43 51 67 85 102 120
Registro de ângulo 8,5 10 13 17 21 26 34 43 51 60
Tê de passagem direta 1,1 1,3 1,6 2,1 2,7 3,4 4,3 5,5 6,1 7,3
Tê de saída de lado 3,5 4,3 5,2 6,7 8,4 10 13 16 19 22
Tê saída bilateral 3,5 4,3 5,2 6,7 8,4 10 13 16 19 22
Válvula de pé c/ crivo 14 17 20 23 30 39 52 65 78 90
Saída de canalização 1,5 1,9 2,2 3,2 4,0 5,0 6,0 7,5 9,0 11
Válvula de retenção 4,2 5,2 6,3 8,4 10 13 16 20 24 28

Este método, portanto consiste em adicionar ao trecho retilíneo real da canalização, um


trecho retilíneo fictício, gerando um comprimento virtual maior que o real. Este comprimento deve
ser usado na fórmula de perda de carga contínua total.

6. Conjunto Motobomba

Como a maioria das bombas usadas em irrigação é do tipo centrífuga de eixo horizontal,
serão discutidas aqui apenas as suas características.
Elas requerem escorvamento, válvula de pé, e é necessário observar o limite máximo de
altura geométrica de sucção.
Podem ser portáteis, fixas e são acionadas por motores elétricos, a óleo ou a gasolina.
Bombas de um só rotor são denominadas de simples estágio. Quando a altura
manométrica requerida na bomba for muito grande, serão usadas bombas com dois ou mais rotores,
denominadas bombas multiestágio. Na Figura 28 e mostrado um esquema que evidencias as peças
componentes de um conjunto moto-bomba tipo centrífuga de eixo horizontal, que são as mais
utilizadas em irrigação.

54 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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4
1 2 3
6
1 – Motor
2 – Bomba
3 - Redução concêntrica
7
4 - Válvula de retenção
5 - Registro de gaveta
6 - Redução excêntrica
7 - Curva de 90 º
8 - Válvula de pé com crivo

Figura 28. Esquema ilustrativo da sucção e tomada de pressão de um conjunto moto-bomba tipo
centrífuga de eixo horizontal.

6.1 - Altura Máxima de Sucção

A tubulação de sucção nas bombas que não trabalham afogadas, como as usadas na
maioria dos projetos de irrigação, trabalha com pressão inferior à pressão atmosférica. Se na entrada
da bomba houver pressão inferior à pressão de vapor d’água, haverá formação de bolhas de vapor,
podendo até interromper a circulação de água ou formar muitas bolhas menores que, ao atingirem as
regiões de pressão positiva, ocasionam implosões, causando ruídos e vibrações no sistema. Este
fenômeno é denominado cavitação e provoca a “corrosão” das paredes da carcaça da bomba e das
palhetas do rotor, bem como reduz a sua eficiência. É o fator que limita o valor da altura máxima de
sucção.
A queda de pressão desde a entrada da tubulação de sucção até a entrada da bomba
depende de:
- Altura geométrica de sucção;
- Do comprimento da tubulação de sucção;
- Do material da tubulação e das perdas de cargas localizadas ao longo da tubulação;

*?
[‚Aƒ D   „ 4 4 ∆p…
2 
onde:
Hsmax = altura máxima de sucção, em m;
Po = Pressão atmosférica do local, em m;
Pv = Pressão de vapor da água à temperatura local, em m;
V = Velocidade da água na entrada da bomba, em m s-1;
∆h = Perda de carga localizada na tubulação de sucção em m.

De uma análise da equação anterior verifica-se que:


Hsmax é função da pressão atmosférica local, que varia com a altitude, da pressão de vapor
d’água, que varia com a temperatura, da velocidade na entrada da bomba e das perdas localizadas.

6.2 - Curvas Características das Bombas Centrífugas

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Cada bomba possui uma relação entre a vazão (Q), a altura manométrica total (Hman), a
potência absorvida (Pa) a velocidade de rotação (rpm) e o rendimento (n). Estas variáveis geralmente
aparecem associadas, formando as curvas características das diversas bombas. Através destas curvas
características, que são obtidas em laboratórios e fornecidas pelos fabricantes, pode-se também
chegar à altura manométrica máxima permitida para a sucção da bomba, quando e fornecido o NPSH
requerido pela bomba.
O ponto de funcionamento da bomba será a intercessão da linha horizontal, passando pela
altura manométrica total, com a curva característica da bomba.
Obs. As bombas devem ser selecionadas de modo que o ponto de funcionamento se
localize na zona de máximo rendimento.
A Figura 29 ilustra as Curvas Características da bomba centrífuga da KSB, modelo ETA
40-20, para 3470 rpm.
100

η%
φ (mm) 50 55 58
80 60
φ 205 60

H φ 200 58
61
m 55
a 70
φ 190
n
(m)
φ 180
60
φ 170

50
n = 3470

40

5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 20 30 40 50 60
Q (m3/h)
20

17
Pot
(CV) 14

12

10
φ (mm)
8 φ 205 Dados para água γ = 1

φ 200 Rotor Largura


φ 190 máx/mín=205/170 φ 5 mm
6 φ 180 n = 3470

φ 170
4

Figura 29. Curva característica da bomba centrífuga KSB, modelo ETA 40-20 com 3470 rpm.
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Observe na figura que a bomba em questão tem o seu melhor desempenho trabalhando
com uma altura manométrica de 70 mca e com uma vazão de aproximadamente 30 m3 h-1, quando
apresenta um rendimento de 61 %, trabalhando com um rotor de 200 mm de diâmetro.
Se projetarmos a linha vertical que passa pela vazão de maior rendimento da bomba até o
gráfico inferior, na curva equivalente ao rotor de 200 mm de diâmetro, no ponto de intersecção das
duas tiramos uma reta horizontal que nos indicará a potencia absorvida pela bomba, conforme mostra
as figuras abaixo a seguir.

6.3- Potência do Conjunto Motobomba

O trabalho realizado pela bomba para elevar água de um ponto a outro, com desnível H
entre eles é dado pela equação.

† [  o *

onde:
p = peso do líquido bombeado, kgf;
H = altura manométrica, em m;
γ = peso específico da água, em kgf m-3;
V = Volume do líquido, em m3.

Como a potência é a relação entre o trabalho realizado e o tempo para sua realização (T)
temos:
† o * [
 
( (

Como o volume do líquido dividido pelo tempo equivale à vazão (Q) temos:

 o \ [
sendo P em kgf m s-1.
Sabendo que 1 CV = 75 kgf m s-1 temos que:

o \ [

75
Onde:
P = potência útil da bomba, em CV;
Q = vazão, em m3 s-1;
H = altura manométrica, em m;
γ = peso específico da água em kg/m3.

\ [

75
Onde:
P = potência útil da bomba, em Cv;
Q = vazão em l/s;
H = altura manométrica em m;

A potência absorvida pela bomba (Pa) é a potência necessária no eixo da bomba, ou seja:
 \ [
  
e 75 e

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Onde:
Pa = potência absorvida pela bomba, em CV;
Q = vazão bombeada, em l s-1;
Hman = Altura manométrica, em m;
nb = rendimento da bomba, em decimal.

Potência absorvida pelo Motor (Pm) é a potência necessária ao motor.

 \ [
  
 75 e 
Onde:
Pm = potência do motor, em CV;
nm = rendimento do motor, em decimal.

A altura manométrica total (Hman) representa o aumento de pressão que a bomba deve
transmitir ao líquido, conforme Figura 30 e, na irrigação por aspersão, pode ser representada por:

[  [ 4 [ 4 [ 4 ∆p 4 -
onde:
Hs = altura geométrica de sucção, em m;
Hr = altura geométrica de recalque, em m;
hf = perdas de carga contínua na tubulação, em m;
∆h = perdas de carga localizadas, em m;
PIN = Pressão necessária no início da linha lateral do sistema de irrigação, em m.

Hr

Hs

Figura 29. Esquema mostrando a altura de sucção e a altura de recalque de um conjunto moto-
bomba em funcionamento.

58 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Exercícios Resolvidos:

1) Qual a energia “consumida” para vencer as resistências ao escoamento em um trecho do


conduto de 100 mm, conforme a figura abaixo. A pressão na seção 1 é de 0,2 Mpa e na 2, 0,15
Mpa. A velocidade média do escoamento é de 1,5 m/s e o diâmetro da tubulação é 100 mm.

18 m 17m

Resolução: Como o diâmetro e a velocidade são constantes, conseqüentemente a energia cinética é constante
e a equação de Bernoulli pode ser simplificada para:

P1 + Z1 = P2 + Z2 + hf
γ γ

P1 = 0,2 MPa = 200.000 Pa P2 = 0,15 MPa = 150.000 Pa


Z1 = 18 m Z2 = 17 m

γ = ρ x g = 1000 kg/m3 x 10 m/s2 = 10.000 N/m3

200.000 N/m2 + 18 m = 150.000 N/m2 + 17 m + hf


10.000 N/m3 10.000 N/m3

hf = 20 m + 18 m - 15 m - 17 m . . . hf = 6 mca.

2) Determinar o número de Reynolds para uma tubulação de 100 mm de diâmetro, sabendo que a
velocidade da água na tubulação é de 1,5 m/s. Caracterize o regime de escoamento.

Rn = V x D V = 1,5 m/s Rn = 147.059


v D = 0,1 m
v H2O = 1,02 x 10-6 m2/s Escoamento turbulento

3) Dimensionar um conduto de ferro fundido novo capaz de conduzir uma vazão de 30 l/s, com perda de
carga máxima de 0,002 m/m.

Solução : Utilizando Eq. de Hazen-Willians,


C = 130, tabela anterior
Q = 30 l/s = 0,03 m3/s
J = 0,002 m/m
D=?

D4,87 = 10,646 x (0,03)1,85


(130)1,85 x 0,002

D = {10,646 x (0,03)1,85 }1/4,87


(130)1,85 x 0,002

59 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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D = 0,241 m ou D = 241 mm, como não é disponível no mercado, adotamos o diâmetro


imediatamente superior ao encontrado, ou seja D = 250 mm (10 polegadas).

4) Calcular o diâmetro da tubulação, de ferro fundido incrustado, utilizada para conduzir uma vazão de
30 l/s com uma perda de carga máxima de 0,005 m/m.

Solução Utilizando a Eq. de Darcy-Weisbach

Q = 0,03 m3/h
J = 0,005 m/m
f = 0,020

J = 8 x f x Q2 D = [ 8 x f x Q2 ]1/5
D5 x π2 x g J x π2 x g

D = [ 8 x 0,02 x 0,032 ]1/5 D = 0,197 m D = 197 mm


2
0,005 x 9,81 x π
O diâmetro imediatamente superior encontrado no mercado é de 8 polegadas

5) Calcular as perdas de carga localizada que ocorrem em uma tubulação conduzindo uma vazão de 20
l/s, com diâmetro de 100 mm e comprimento de 1000 metros, sabendo-se que no referido trecho há duas
curvas de 90 º e um registro de gaveta.

Solução: Fórmula de Borda- Belanger

∆h = K x V2. V=4xQ V = 4 x 0,02......


2g π x D2 3,14 x 0,102

V = 2,54 m/s

Somatório de K
Tipo de Peça Nº de Peças K nxK
Curva de 90 º 02 0,40 0,80
Registro de Gaveta 01 0,20 0,20
ΣK 1,00

∆h = ΣK x V2.. h = 1,00 x 2,542 h = 0,33 mca.


2g 2 x 9,81

6) Determinar a altura máxima de sucção permitida para uma bomba, a ser instalada em local cuja
altitude é 900 metros, sendo a temperatura média da água de 30ºC, a perda de carga na tubulação de
sucção de 1,24 m e a velocidade da água na tubulação de sucção de 1,24 metros e a velocidade da água
na tubulação de 1,0 m/s. Desconsiderar a perda de carga no rotor (∆
∆hr).

Po (a 900 metros) = 9,22 mca;


Pv (p/ T= 30 ºC) = 0,43 mca;

Hsmax < Po - (Pv + V2 + ∆h)


2.g
Hsmax < 9,22 - (0,43 + 1...... + 1,24)
2x9,81
Hsmax < 7,5 m

7) Calcular a potência do motor elétrico e especificar a bomba a ser utilizada em um sistema de


irrigação localizada que requer uma vazão de 30 m3/h atendendo às seguintes condições.

60 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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 Desnível entre motobomba e a área a ser irrigada = 15 m;


 Conjunto motobomba montado sobre balsa flutuante a 2 metros do nível da água;
 Adutora do sistema de irrigação com comprimento igual a 1500 metros de tubos de alumínio com
diâmetro de 150 mm;
 Rendimento do motor = 90% , Rendimento da Bomba = 70 % (Ver curva característica da bomba)
 Pressão no início da linha lateral do sistema de irrigação (PIN) = 20 metros.
 C (Coeficiente de Hazen-Willians) para o alumínio = 130

Solução :
1 passo – calcular as perdas de carga na adutora (Hfr)
2 passo calcular as perdas de cargas na sucção (Hfs)
3 passo calcular as perdas de cargas localizadas (∆h)
4 passo calcular a altura manométrica total (Hman)
5 passo especificar a bomba
6 passo calcular a potência do conjunto bomba (Pm)
1) Hf = 10,646 x Q1,85 x L
C1,85 x D4,87 Hf = 10,646 x (0,138)1,85 x 1500
(130)1,85 x (0,150)4,87
3 3
Q = 50 m /h Q = 0,0138 m /s
3600
D = 150mm/1000 = 0,150 m Hf = 7,30 mca

2 e 3) Como não foram fornecidos dados suficientes para o cálculo das perdas de cargas localizadas e na
sucção, consideraremos um acréscimo de 5 % sobre a altura manométrica total para compensar as mesmas;

4) Hman = Hfr + Hfs + ∆h + Hr + Hs + PIN


Hs = 2 mca, Hr = 15 mca e PIN = 20 mca Hman = (7,3 + 15 + 2 + 20) x 1,05 = 46,5 mca.

5) A bomba a ser utilizada deverá atender os requisitos de vazão de 50 m3/h e pressão de 46,5 mca. No
exemplo em questão, entrando na curva de rendimento de uma bomba centrífuga MARK, com os dados
referidos encontrou-se um rendimento de 70 %;

6) Pm = Q x Hman Pm = 13,8 l/s x 46,5 mca


75 x nb x nm 75 x 0,90 x 0,70

Pm = 13,58 mca
Como não existe no mercado motor elétrico com esta potência, utilizaremos um motor elétrico trifásico com
potência de 15 CV, que e o primeiro de potência superior à calculada, encontrado no comercio

Exercícios Propostos:

17) Qual deve ser a potência do motor elétrico que deve ser acoplado a uma bomba centrífuga para ser
utilizada em um sistema de irrigação que necessita de uma vazão de 20 l/s e de uma atura manométrica
total de 115 mca. Considere o rendimento do motor elétrico igual a 90 % e o rendimento da bomba igual
a 70 %.
a) 50 CV
b) 40 CV
c) 30 CV
d) 70 CV
e) 60 CV

18) Que diâmetro deve ter a tubulação adutora, em PVC rígido, de um sistema de irrigação, que
necessita de uma vazão de 30 l/s, sabendo-se que a velocidade da água na tubulação não deve
ultrapassar de 2 m/s e que a perda de carga permitida na adutora é igual a 20 % da pressão de serviço
do aspersor utilizado (30 mca). A distância do ponto de captação de água ao início da área irrigada é de
300 metros e o coeficiente de Hazen-Willians (C ) é de 145 para o PVC rígido.

61 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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a) 6 polegadas
b) 7 polegadas
c) 8 polegadas
d) 9 polegadas
e) 10 polegadas

19) Qual é a altura máxima de sucção permitida para uma bomba a ser instalada na região de Viçosa
(MG), a 900 metros de altitude (Pressão atmosférica = 9,22 mca), sendo a temperatura média da água
igual a 30 ºC (Pressão de vapor da água = 0,43 mca) e a perda de carga na tubulação de sucção igual a
1,24 metros. Sabe-se também que NPSH exigido pela bomba igual a 2,0 metros.
a) 4,50 m
b) 6,55 m
c) 8,00 m
d) 7,55 m
e) 5,55 m

20) Em uma propriedade, um agricultor dispõe de um conjunto Motobomba e uma adutora de 2000
metros, sendo 1000 metros com diâmetro de 200 mm e 1000 metros com diâmetro de 150 mm, em aço
zincado (C=120). Sabendo que o desnível do ponto de captação (Conjunto motobomba) até o início da
área a ser irrigada é de 10 m e que a pressão de funcionamento do sistema, início da linha lateral (PIN),
é de 40 mca. A pressão manométrica na saída da bomba, sabendo que a vazão do sistema é de 30 l/s e
desprezando as perdas localizadas e na sucção, é de aproximadamente?
a) 40 mca,
b) 50 mca
c) 80 mca
d) 90 mca
e) 100 mca

6) Calcular o diâmetro de uma tubulação de PVC rígido com capacidade para conduzir uma vazão de
15 m3/h, sabendo que a perda de carga na adutora é de 0,008 m/m. Sabe-se também que para o PVC, o
valor de C= 145 e que no mercado são encontrados tubos com diâmetros em números inteiros de
polegadas. (2,3,4,5,6,7,8,9,10... polegadas). Assinale a resposta entre as alternativas abaixo.
a) 2 polegadas
b) 3 polegadas
c) 4 polegadas
d) 5 polegadas
e) 6 polegadas

7) Para irrigar uma área, afastada 1500 metros do rio, o produtor necessita de uma vazão de 40 l/s.
Pede-se calcular a perda de carga total que ocorre na tubulação sabendo que a mesma é de aço zincado
com diâmetro de 200 mm, que a perda de carga contínua hf é de 15 mca e que no trecho serão
colocadas as seguintes peças especiais:
Tipo de Peça Quantidade (N) Valor de K NK
Curvas de 45 º 04 0,2 0,8
Registro de Gaveta 02 0,2 0,4
Válvula de Retenção 01 2,5 2,5
Cotovelo de 90 º 03 0,9 2,7
a) 28,18 mca,
b) 16,18 mca
c) 30,18 mca
d) 40,18 mca
e) 50,18 mca

8) Calcular a altura máxima de sucção permitida para uma bomba centrífuga a ser instalada em local
cuja altitude é 3000 metros, sendo a temperatura média da água de 20ºC e a perda de carga localizada

62 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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na tubulação de sucção de 1,20 m. Sabe-se ainda que a vazão da bomba é de 30 l/s e que o diâmetro da
tubulação de sucção é de 150 mm.
Dados:
Para altitude de 3000 m temos pressão atmosférica de 7,03 mca
Para temperatura média da água de 20 ºC temos pressão de vapor de 0,24 mca.
a) 7,07 mca
b) 7,27 mca
c) 8,23 mca
d) 5,43 mca
e) 6,03 mca

10) Caracterize o regime de escoamento que acontece em uma tubulação com diâmetro de 25 mm,
sabendo que a velocidade da água na tubulação é de 0,05 m/s e que a viscosidade cinemática da água é
de 1,02 x 10-6 m2/s. Assinale a resposta entre as alternativas abaixo.
a) Regime de escoamento laminar
b) Regime de escoamento turbulento
c) Faixa de transição
d) Nenhuma das alternativas anteriores.

63 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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OS MÉTODOS DE IRRIGAÇÃO

Inicialmente falaremos sobre o método de irrigação por aspersão, passando na seqüência


para considerações sobre o método de irrigação localizada e finalmente discorremos sobre o método
de irrigação por superfície.

IRRIGAÇÃO POR ASPERSÃO

1- Considerações Gerais

É o método de irrigação em que a água e aspergida sobre a superfície do terreno, através


do fracionamento do jato d’água em gotas, por aspersores.
O jato - fracionamento da água pela passagem da mesma sob pressão através de orifícios
denominados bocais
- São necessários equipamentos como motobombas, tubulações e aspersores.
- Sistema versátil
- Possibilidade do uso em diversas culturas em diferentes tipos de solo e topografia
- É mais vantajoso a sua utilização em solos de textura grossa
- Alta capacidade de infiltração de água - alta percolação com irrigação por superfície
- Baixa capacidade de retenção de água - irrigações leves e freqüentes
- O vento, umidade relativa do ar e temperatura - principais fatores climáticos que afetam o uso da
irrigação por aspersão
- O vento - uniformidade de aplicação de água dos aspersores
- Temperatura e a umidade relativa do ar - perda de água por evaporação

2 - Componentes de um Sistema de Aspersão

- Aspersores - parte principal do sistema - distribuição da água em forma de chuva


- Estacionários ou rotativos, com um, dois ou três bocais
- Diâmetro dos bocais variam de 2 até 30 mm
- Aspersores rotativos - mais comuns - giro completo ou parcial de 90 a 180 graus
- Quanto à pressão de serviço os aspersores podem ser:
Aspersores de Pressão de Serviço Muito Baixa -micro aspersores ou aspersores de
jardins Operam com pressão entre 4 e 10 mca.
Aspersoress de Pressão de Serviço Baixa - rotativo, usado para irrigação de sub copa ou
para irrigação de pequenas áreas. Trabalhão com pressão entre 10 e 20 atm.
Aspersores de Pressão de Serviço Média - os mais usados. A pressão de serviço está
entre 20 e 40 metros de coluna de água e o raio de alcance entre 12 e 36 metros.
Aspersores de Pressão de Serviço Alta ou Canhão Hidráulico - aspersores de médio e
longo alcance. Médio alcance trabalhão com pressão entre 40 e 80 metros de coluna de água e tem
um raio de alcance entre 30 e 60 metros. São mais usados na irrigação de capineira, pomares etc...
Os de longo alcance trabalham com pressão entre 50 e 100 metros e alcançam um raio
entre 40 e 80 metros. São mais usados em sistemas de irrigação do tipo autopropelido ou de
montagem direta.
Acessórios - São peças utilizadas na condução da água até os aspersores.
Registros, curvas, redução, cruzetas, cotovelos, manômetro, braçadeiras, válvulas de
derivação, válvulas de retenção, válvula de pé, tubo de subida, tripé, pé de suporte para tubos e
borrachas de vedação.
Motobomba - O conjunto motobomba tem a finalidade de captar a água do reservatório
(rio, poço, açude) é impulsioná-la sob pressão, através do sistema.
- Mais comum bombas centrífuga de eixo horizontal
- Centrifuga de eixo vertical - água subterrânea (bombas submersas)

64 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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- Os principais motores - elétricos, a díesel e a gasolina


Tubulações - Transporte de água entre a motobomba e os aspersores.
- Ferro fundido, aço, cimento amianto, concreto, aço zincado, alumínio e PVC rígido.
- Os tubos, em geral, têm comprimento padrão de 6 metros
- A pressão de serviço e a espessura da parede variam com o material
- O conjunto de tubulações em um sistema de aspersão constitui-se de linha principal, linhas
secundárias (que nem sempre existem) e linhas laterais
- Linha principal conduz água da motobomba até as linhas secundárias ou laterais (fixas)
- Linhas secundárias fazem a conexão entre as principais e as laterais (fixas)
- Linhas laterais conduzem água da linha principal até os aspersores. Podem ser fixa e móvel e,
por este motivo, deve-se utilizar nestas, apenas materiais mais leves como PVC, Alumínio e Aço
Zincado

Linha Lateral

Sentido da irrigação
Fonte de água
Aspersores
Adutora Linha principal
MB

Sentido da irrigação
Área a ser irrigada

Figura 30. Esquema de um sistema de irrigação por aspersão convencional mostrando as tubulações e
aspersores.

3 - Tipos de Sistemas de Aspersão

Os diversos tipos de sistemas de irrigação por aspersão serão classificados segundo o tipo
de tubulação usada, o modo de instalação no campo, os tipos de conexões ou engates entre tubos, a
movimentação das linhas laterais no campo e o tipo de manejo da irrigação.

Sistema Móveis - Tubulações portáteis, instalados sobre a superfície do terreno,


permitindo que a linha lateral seja movimentada em diversas posições sobre a área do projeto. Tal
movimentação pode ser manual ou mecânica.

Sistemas Fixos - São constituídos de tubulações suficientes para irrigar toda a área do
projeto, sem mudança de tubulações.

Sistemas de Aspersão Móveis

a) Sistemas com movimentação manual


 Sistema de aspersão portátil;
 Sistema de aspersão semiportátil
 Sistema de aspersão por canhão hidráulico portátil;
 Sistema de aspersão por mangueira;
 Sistema de aspersão por tubos perfurados portáteis.

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b) Sistemas com movimentação mecânica


 Sistema de aspersão sobre rodas com deslocamento longitudinal;
 Sistema de aspersão sobre rodas com deslocamento lateral;
 Sistema Pivô Central;
 Sistema Autopropelido, com canhão hidráulico;
 Irrigador de braços tubulares suspensos;

Sistemas de Aspersão Fixos


 Sistema fixo portátil;
 Sistema fixo permanente.

Sistema de Aspersão Portátil

São sistemas móveis com tubbulações portáteis, tanto a linha principal quanto as linhas
laterais e o conjunto motobomba.
Materiais leves e de fácil montagem (acoplamento rápido);
Motobombas montadas em carretas - facilitar a movimentação;
Requer menos investimento e maior mão de obra que os demais.

Linha Lateral
Fonte de água
Sentido da irrigação
Adutora Aspersores
Linha principal
MB

Figura 31. Esquema mostrando um sistema de aspersão convencional móvel.

Sistema de Aspersão Semi-portátil

- Linhas laterais móveis e linhas principal e secundária (quando existe) são fixas
- Estas podem ser enterradas ou ficar na superfície do solo
- Mão de obra utilizada é menor em comparação com o sistema anterior.

Sistema de Aspersão por Canhão Hidráulico Portátil

São sistemas portáteis composto de uma linha lateral ou mais, com um aspersor gigante
apenas, por linha lateral. Terminada a irrigação em uma posição o canhão é removido para a posição
seguinte, na mesma linha lateral.
É comum a sua utilização na irrigação de pastagens, capineira e cana de açúcar.

66 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Aspersor em Sentido da
Funcionamento Irrigação
Área
irrigada
Hidrante de
Aspersor
MB
Hidrante de linha Área
com curva de irrigada
derivação

Figura 32. Esquema mostrando o sistema de aspersão por canhão hidráulico portátil

Sistema de Aspersão Por Mangueira

Constitui-se em um sistema de irrigação por aspersão semiportátil em que as linhas


laterais são de PVC flexível (mangueiras) e as linhas principais e secundárias são fixas, constituídas
de PVC rígido ou outro material resistente.
As linhas laterais funcionam com aspersor de subcopa de baixa pressão e baixa
intensidade de aplicação de água.
As mangueiras são puxadas a mão para mudar os aspersores de posição.
É mais comum o seu emprego em pomares, jardins e casas de vegetação.

Linha Lateral
Planta

Linha Secundária
Aspersores

mb
Linha Principal

Figura 33. Esquema do Sistema de Irrigação Mostrando as Partes

Sistema de Aspersão por Tubos Perfurados Portáteis

A aspersão é feita por meio de linhas laterais perfurados, do tipo leve com acoplamento
rápido, instalados sobre o solo ou suspensas em armações rústicas. Estas trabalham sob baixa
pressão, normalmente inferior a 10 mca, irrigando faixa de 8 a 10 metros de largura.
Exemplo: Mangueira santeno.

Sistema de Aspersão Sobre Rodas com Deslocamento Longitudinal

É um sistema de irrigação com movimentação mecânica, constituído de tubulações do


tipo leve (PVC, Alumínio), de acoplamento rápido e próprio para tração, com múltiplos aspersores ou
com um aspersor apenas do tipo gigante, montado sobre pares de rodas, de modo que se desloque no
sentido longitudinal na mudança da linha lateral ou do canhão.

67 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Trator Área já
irrigada
Área a ser
Fonte de água irrigada

Adutora
Linha principal
MB

Linha lateral
sob rodas
Torno

Figura 34. Esquema do Sistema mostrando partes.

Sistema de Aspersão Sobre Rodas com Deslocamento Lateral

Existem dois tipos destes sistemas:

 Um em que a linha lateral é o eixo das rodas. Neste a linha lateral constitui o próprio
eixo das rodas, que tem diâmetro de 1,20 a 1,40 metros, e o deslocamento lateral é
feito por meio de um mecanismo de engrenagens e correntes, acionado por um motor
localizado no meio da mesma (Rolão).
 Outro em que a linha lateral é instalada em plano superior ao topo das rodas,
suportadas por torres em forma de A, apoiadas em rodas e acionadas por um conjunto
motobomba para cada torre (Line matic).

Linha lateral
sobre rodas

Área já
Irrigada
Conjunto Motobomba
montado sobre carreta
que move com a lateral
Carreador Canal

Figura 35. Esquema do sistema de irrigação sob rodas com deslocamento lateral mostrando partes

Sistema Pivô Central

É um sistema de movimentação circular, autopropelido a energia hidráulica ou elétrica. É


construído de uma linha com vários aspersores ou difusores, de até 800 metros de comprimento, com
tubos de aço de acoplamento especial, suportada por torres em forma de A dotadas de rodas, nas
quais operam os dispositivos de propulsão do sistema.

68 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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O movimento do equipamento é de rotação em torno do ponto pivô, que lhe serve de


ancoragem e de tomada de água, que pode derivar de poços profundos e de adutora. O sistema é
dotado de recursos de ajustagem da velocidade de rotação e de alinhamento da tubulação.
A área irrigada por unidade, no Brasil, varia de 3 até 120 hectares.

As principais vantagens deste equipamento de irrigação em relação ao sistema tradicional


de irrigação por aspersão são as seguintes:
a) Economia de mão-de-obra na irrigação;
b) Economia de tubulações, quando se usa água subterrânea;
c) Boa uniformidade de irrigação;
d) Após completar uma irrigação o sistema já está no ponto p/ iniciar a próxima;

As principais desvantagens são as seguintes:

a) Dificuldade de mudança de área;


b) Perde aproximadamente 20 % da área (cantos);
c) Alta intensidade de aplicação de água na extremidade do equipamento.

Linha adutora
Fonte de enterrada
água Ponto Pivô

MB Tubulação
c/ aspersores

Torre c/
rodas

Figura 36. Esquema de um Sistema Pivô Central

Sistema Autopropelido com Canhão Hidráulico

- Canhão hidráulico, montado sobre carreta


- Desloca sobre um carreador, irrigando área de até 130 metros de largura por até 500 metros de
comprimento
- O conjunto é constituído por um canhão hidráulico, uma carreta com turbina e pistão hidráulico,
uma mangueira de alta pressão de até 200 metros de comprimento, um cabo de aço de até 400
metros, acoplado a uma linha principal com hidrantes, normalmente enterrada.
- O deslocamento do sistema sobre a faixa irrigada se faz pela ação do carretel, acionado pela
turbina e pistão hidráulico, enrolando o cabo de aço, que foi previamente esticado e ancorado na
outra extremidade da faixa a ser irrigada.
- Na carreta há um dispositivo para interrupção automática do funcionamento do sistema, quando
atingir o final da faixa
- A mudança do equipamento para a faixa seguinte deve ser efetuada com trator agrícola.

69 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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78 a 115 m

Caminho

Área
irrigada por Unidade
passagem. Autopropelida
Hidrante
400 m

Mangueira Linha
flexível Principal

Cabo de Adutora
aço

MB
Fonte de água

Figura 37. Esquema do Sistema Autopropelido com Canhão Hidráulico

Irrigador de Braços Tubulares Suspensos

São máquinas que irrigam por aspersão, por meio de braços tubulares, com aspersores
regularmente distribuídos, mantidos por tirantes entre a estrutura metálica central, com rodas para
deslocamento por tração ou por motor próprio, dando-lhe condições de altopropulsão. Os braços, em
alguns tipos, giram em círculo completo, enquanto irrigam. Em outros tipos movimentam-se apenas
alguns graus, na direção horizontal.

Sistema de Aspersão Fixo Portátil

É um sistema de irrigação por aspersão convencional, com tubulações leves de


acoplamento rápido, em quantidade suficiente para irrigar toda a área, sem que haja mudança de
linhas laterais.
De modo geral só funciona algumas linhas ao mesmo tempo, proporcionando menor
potência do conjunto motobomba e menor diâmetro das tubulações.
O sistema deve ser instalado no campo, no início do cultivo, e removido somente no seu
término, para novo preparo do solo.

Sistema de Aspersão Fixo Permanente

É o sistema de irrigação por aspersão em que as linhas principais, secundárias e laterais


são em quantidade suficientes para irrigar toda a área e enterradas a uma profundidade que permite o
preparo do solo, se for o caso. Como no caso anterior a área é dividida em parcela, irrigando apenas
uma parte por vez.

4. Planejamento de Sistemas de Irrigação por Aspersão

4.1 - Distribuição do Sistema no Campo

Vários pontos devem ser considerados na distribuição, no campo, das tubulações dos
sistemas de irrigação por aspersão.

70 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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a) Localização da fonte de água

Poços - Se possível, localizá-los próximo ao centro do terreno;


Canais - Caso seja viável, estudar a possibilidade de usá-lo de modo que minimize o
comprimento da linha principal do sistema;
Rios - Estudar a possibilidade de usar a motobomba móvel, ao longo do rio;
Barragem - Estudar a possibilidade de construir barragens de modo a usar o desnível do
terreno para fornecer parte da pressão necessária ao sistema.

b) Tamanho e forma da área

Tamanho - Área muito grande deverá ser dividida em subáreas, projetando-se um sistema
para cada uma delas;
Forma - A área ou subárea deverá ter forma retangular ou quadrada para facilitar a
rotatividade das linhas laterais de maneira a economizar mão de obra.

c) Direção e Comprimento das Linhas Laterais

Vento - Quando possível devem ser instaladas perpendicularmente à direção


predominante dos ventos;
Declividade - Se possível instalar perpendicularmente à maior declividade do terreno e
acompanhando as curvas de nível, objetivando diminuir a variação de pressão entre os aspersores;
Fileiras - A direção das linhas de plantio muitas vezes determina a direção das linhas
laterais, principalmente pela maior facilidade de movimentação dos tubos na hora da mudança de
posição.
Comprimento - É limitado pelas dimensões da área e pelo critério de dimensionamento
que permite uma perda de carga na linha lateral de 20 % da pressão de serviço do aspersor utilizado.

d) Linhas Principais e Secundárias

Direção - As linhas principais e secundárias devem ser instaladas, na medida do possível,


no sentido da maior declividade do terreno
Posição - As linhas principais e secundárias devem ser instaladas de modo que permitam
a rotatividade das linhas laterais, reduzindo a mão de obra utilizada na sua movimentação.

4.2 - Procedimento de Cálculo Seguido em um Projeto de Irrigação por Aspersão

Existem alguns parâmetros que precisam ser relembrados, uma vez que já foram
estudados anteriormente, além de novos parâmetros que devem ser adicionados no momento.

a) Disponibilidade Total de Água do Solo (DTA).

!   '
'() 
10
onde:
DTA = Disponibilidade total de água, em mm;
Cc = Capacidade de campo, em % em peso;
Pm = Ponto de murcha, em % em peso;
Ds = Densidade do solo, em g/cm3.

b) Capacidade Total e Real de Água no Solo (CTA e CRA)

71 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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!()  '() ,, em mm;


!+)  !() , em mm;
Z = Profundidade efetiva do sistema radicular da cultura, em cm;
f = fator de disponibilidade de água, em decimal.

c) Velocidade de Infiltração Básica (VIB) - É a magnitude da velocidade de infiltração


de água no solo, quando esta se trona praticamente constante, em cm/h ou mm/h. É de grande
utilidade na determinação da intensidade de aplicação de água do aspersor.

d) Evapotranspiração Potencial da Cultura (Etpc)

.(  .( /, em mm dia-1


onde:
Eto = Evapotranspiração potencial de referência, em mm dia-1;
Kc = Coeficiente da cultura em decimal.

e) Irrigação Real Necessária (IRN)

-+  !+), em mm ( com irrigação total).


-+  !+)   , em mm (com irrigação suplementar).

Pe = Precipitação efetiva em mm ( Precipitação provável com 75 a 80 % de ocorrência).

f) Turno de Rega (TR) - É o intervalo em dias entre duas irrigações sucessivas, em um


mesmo local.
!+)
(+ 
.(

g) Período de Irrigação (PI) - É o número de dias necessários para completar uma


irrigação
PI deve ser menor ou igual a TR

h) Irrigação Total Necessária (ITN)

-+
-( 
.

Sendo: ITN em mm;


Ea = eficiência de aplicação de água do sistema de irrigação, em decimal.

i) Escolha do Aspersor - Neste ponto do procedimento deve ser escolhido o aspersor a


ser utilizado no sistema de irrigação. Naturalmente que a sua escolha não é um parâmetro numérico
e sim uma seleção baseada em critérios relacionados a clima da região, cultura a ser irrigada e custo
de implantação do sistema de irrigação dentre outros.

j) Intensidade de Aplicação de Água do Aspersor (IA) - É a intensidade com que o


sistema aplicará água sobre o solo. Deve ser menor ou igual à VIB do mesmo.

W 3600
-)  em mm/h
1 2

onde:

72 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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q = vazão do aspersor escolhido, em l/s;


S1 = espaçamento entre aspersores ao longo da linha lateral, em m;
S2 = espaçamento entre linhas laterais, em m.

k) Tempo de Irrigação por Posição (TI) - Equivale ao tempo de funcionamento do


sistema por posição em horas;

-(
(- 
-)

l) Número de Horas de Funcionamento do Sistema por Dia (H)

- Sistemas mecanizados - 20 horas


- Sistemas manuais - 12 horas

m) Número de Posições Irrigadas por Lateral por Dia (N) - É o número de posições
que cada linha lateral cobrirá por dia, é função do número de horas em que o sistema funcionará por
dia (H) e do tempo necessário por posição (TI).

[

(-

n) Número Total de Posições (n)

Depende da área ( planta)


Depende do layout utilizado (Esquema de distribuição)

o) Número Total de Posições a Serem Irrigadas por Dia (Nd)



 
-

p) Número de Linhas Laterais do Sistema (Nl)


Š 


q) Espaçamento Entre Aspersores (S1) - O espaçamento entre aspersores está


relacionado com o diâmetro molhado pelo aspersor, condições de ventos e uniformidade de aplicação
de água.

O espaçamento deve ser checado, após o sistema em funcionamento, através da


uniformidade de distribuição de água (CUC), entretanto, a principio, pode-se usar a Tabela 17 abaixo
na sua determinação.

Tabela 17. Variação do Espaçamento entre Aspersores, com a Velocidade do Vento

Velocidade do Vento (km/h) Espaçamento em % do Diâmetro Molhado pelo Aspersor


Sem vento 80
Menor que 8 entre 70 e 75
de 8 a 17 entre 60 e 65
Maior que 17 entre 50 e 55

73 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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r) Número de Aspersores por Linha Lateral (Na)

Depende da planta topográfica da área a ser irrigada, da distribuição do sistema no campo


e do espaçamento utilizado entre aspersores.

s) Capacidade Requerida para o Sistema (Q) - É a vazão necessária para a irrigação


de toda a área do projeto.

2,78 ) -+
\
. . [ -

onde:
Q = vazão, em l s-1;
A = área do projeto, em ha;
IRN = irrigação real necessária, em mm;
Ea = eficiência de aplicação da irrigação, em decimal;
Ec = eficiência de condução da água, em decimal;
H = número de horas de funcionamento do sistema por dia, em horas;
PI = Período de irrigação, em dias.

4.3 - Dimensionamento de Linhas laterais

Antes de estabelecer o comprimento e o diâmetro de uma linha lateral, deve-se considerar


os seguintes pontos:
a) O diâmetro e o comprimento de uma linha lateral devem ser tais que a diferença de
vazão entre o primeiro e o último aspersor não exceda 10 % da vazão do último ou a diferença de
pressão não exceda a 20 % da pressão média ao longo da linha (pressão de serviço do aspersor).
b) A direção da linha latera, quando possível, deve ser disposta perpendicularmente à
maior declividade e, de preferência, em nível;
c) A linha lateral, quando possível, deve ser perpendicular à direção predominante dos
ventos;
d) A relação entre pressão no início (PIN), pressão no final (Pfim) e pressão média (Pm),
ao longo da linha lateral, é determinada pelas seguintes equações:
K
-   4 9[ ‹ 0,5 ∆, 4 )

>
=    9[ ‹ 0,5 ∆, 4 )

  = 4 [ ‹ ∆,

Onde:
Hf = perda de carga ao longo da linha lateral em mca;
∆Z = Diferença de nível ao longo da linha lateral em m;
Aa = Altura do Aspersor;
Pm = Pressão média da lateral que é igual à pressão de serviço do aspersor.

e) A perda de carga em tubulações com múltiplas saídas, que é o caso das linhas laterais,
é igual à perda de carga determinada como se a tubulação não tivesse saída alguma, multiplicada por
um fator F, que é função do número de saídas, ou seja:

[  [ & Œ

74 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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onde:

Hf = perda de carga em tubulações com múltiplas saídas;


Hf’= perda de carga em tubulação normal, sem saídas, com vazão constante até o final;
F = fator de correção, em função do número de saídas da linha lateral.

O fator de correção F pode ser calculado pela seguinte equação:

1 1 √  1
Π4 4
 4 1 2  6 ?

onde:
m = coeficiente correspondente ao expoente da velocidade na equação de perda de carga
em uso (m=1,852 p/ Eq. de Hazen-Willians, m=1,9 p/ Eq. de Scobey e m=2,0 para Eq. de Darcy).
N = número de saídas ao longo da linha lateral (no. de aspersores).
Sendo assim, na determinação da perda de carga ao longo da linha lateral, determina-se a
perda de carga como se toda a vazão fosse conduzida até o final da tubulação e depois multiplica-se o
valor encontrado pelo fator de correção F.

1) Dimensionamento da Linha Lateral com um Diâmetro

O critério mais empregado para o dimensionamento da linha lateral é permitir, no


máximo, 10 % de variação na vazão entre o primeiro e o último aspersor, o que corresponde a uma
variação de 20 % na pressão entre os aspersores externos.
Quando, por condições locais a linha lateral tiver que ficar morro acima e a diferença de
nível ao longo da mesma exceder a 50 % da variação de pressão permitida, recomenda-se usar
válvulas de controle de pressão.

a) Linha Lateral em Nível

O tipo de aspersor a ser usado especifica qual deve ser a vazão (q) a pressão de serviço
(PS) e o espaçamento (S1). O diâmetro ideal da linha lateral deve possibilitar que a pressão média ao
longo da mesma, seja igual à pressão de serviço. Conhecendo-se o comprimento da linha lateral (L) e
o espaçamento entre aspersores ao longo da linha lateral (S1), determina-se o número de aspersores
(N) na lateral e o fator de correção F.
Procura-se o diâmetro, que, com uma vazão Q = N x q e um comprimento L, haja uma
perda de carga Hf igual a 20 % de PS.
[  0,20 
ou
0,20 
[ & 
Œ
onde:
Hf é a máxima perda de carga permitida na linha lateral;
Hf’ é a máxima perda de carga permitida, caso a vazão do início da linha fosse conduzida
até o final da mesma.
A pressão no início da linha lateral (PIN) sou seja na conexão da linha lateral com a
principal será:
K
-   4 9[ 4 )

onde:
Aa = altura de elevação do aspersor em m;

75 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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b) Linha Lateral em Aclive (Morro acima)

Neste caso, a perda de carga permitida por causa do atrito será igual a 20 % da pressão de
serviço menos a pressão requerida para compensar a perda de carga em virtude da inclinação da
linha, ou seja:
[  0,20   ∆,
ou
0,20   ∆,
[ & 
Œ
K
-   4 9[ 4 0,5 ∆, 4 )

c) Linha Lateral em Declive (Morro abaixo)

Neste caso, a perda de carga permitida, ocasionada pelo atrito será igual a 20 % da
pressão de serviço do aspersor mais a pressão ganha pela diferença de elevação da linha lateral.

Ž ‘U,?U q’X∆“


[  0,20  4 ∆, ou
”

A pressão no início da linha lateral será:


K
-   4 9[  0,5 ∆, 4 )

Em declividades acentuadas, muitas vezes tem-se que reduzir o diâmetro da tubulação


para minimizar a diferença de pressão ao longo da linha lateral.
A condição ideal e quando se consegue equilibrar a perda de carga, por atrito, com o
ganho de pressão em virtude da declividade, ou suja: Hf = ∆Z. Neste caso a pressão será constante
ao longo da linha lateral.

- Dimensionamento das Linhas Principais e Secundárias

A função mais importante da linha principal é conduzir a água em quantidade e pressão


requeridas para o funcionamento das linhas laterais, em quaisquer posições.
O principal objetivo no dimensionamento da linha principal é selecionar os diâmetros das
tubulações, de modo que ela passe a cumprir sua função economicamente.

Condições Gerais para o Dimensionamento

a) A perda de pressão ocasionada por atrito, ao longo da tubulação (Hf), é o principal


fator a ser considerado no dimensionamento de qualquer tubulação.
b) No dimensionamento da linha principal, todas as perdas que ocorrem no sistema
devem ser consideradas, ou seja, as perdas de carga por atrito, ao longo das
tubulações, as perdas localizadas nas conexões, nas peças especiais, e as perdas de
cargas devido à variações de nível, bem como devem-se considerar a posição da linha
lateral que resulte na maior perda de carga na linha principal.
c) A distribuição de pressão, ao longo da linha principal, não é a somatória das pressões
das diversas linhas laterais, porém a distribuição de vazão é aditiva. A figura abaixo
ilustra a distribuição de pressão e vazão, ao longo de uma linha principal, com três
linhas laterais.

76 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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L2,Q2

PB=PA+Hf(AB)
PC=PB+Hf(BC)
PMB=PC+Hf(C-B) PA=Pin
C B A
MB
1 2 3
Q1+Q2 Q1
Q1+Q2+Q3

L3,Q3 L1,Q1

Figura 38. Esquema do sistema de irrigação mostrando a variação de vazões e pressão ao longo da
tubulação

d) Nos projetos de irrigação que apresentam ramificações da linha principal, será


considerada linha principal aquela que no ponto de ramificação requerer a maior
pressão, a outra será considerada secundária. O dimensionamento da linha secundária
será em função da diferença entre a pressão no ponto de entroncamento com a linha
principal e a pressão necessária, no início da linha lateral, na posição mais
desfavorável.

e) No dimensionamento da linha principal, tem-se que determinar as vazões máximas a


serem conduzidas nos diversos trechos, bem como relacionar as vazões conduzidas
em cada condição com o comprimento dos trechos nos quais elas são conduzidas. Por
exemplo, no projeto esquematizado na figura do ítem C, a vazão das três linhas laterais
será levada, no máximo até o ponto (1), a vazão de duas linhas laterais será conduzida
no máximo até o ponto (2), e a partir do ponto (2) será transportada somente a vazão
de uma linha lateral. E quando estiver sendo conduzida a vazão de duas linhas laterais
até o ponto (2), não haverá nenhuma vazão sendo conduzida além dele, porém quando
estiver sendo conduzida a vazão de uma linha lateral até o ponto (3), está será a única
vazão conduzida além do ponto (1).

Dimensionamento

São três os critérios mais usados para o dimensionamento das linhas principais e
secundárias: dimensionamento baseado na velocidade média permitida ao longo da linha,
dimensionamento baseado na perda de carga pré-estabelecida entre a primeira e a última posição da
linha lateral e dimensionamento baseado na análise econômica.

Dimensionamento em Função da Velocidade Média da


Água na Linha Principal ou Secundária

Este critério baseia-se na determinação dos diâmetros dos diferentes trechos da linha
principal e secundária, de modo que a velocidade média em cada trecho fique entre 1,0 e 2,5 m/s.
Nesse método para determinar o diâmetro aproximado utiliza-se a fórmula de Bresse.

'  / •\

onde:
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Q = vazão a ser conduzida no trecho, em m3s-1;


K = Coeficiente variável entre 0,75 e 1,40;
D = Diâmetro da tubulação, em metros.
Para efeito de exemplos em sala de aula vamos considerar o valor de K igual a 1,0.
Para o cálculo da velocidade utiliza-se a equação da continuidade.
w 9 w
* ou *
’ ~ { _

onde:
V = velocidade da água na tubulação, em m s-1;
Q = vazão da linha principal, em m3 s-1;
D = diâmetro da tubulação, em m.

Dimensionamento em Função da Perda de Carga Preestabelecida

Este critério baseia-se em permitir uma perda de carga no trecho da linha principal
compreendido entre a primeira e a última posição da linha lateral, de 15 a 20 % da pressão de serviço
dos aspersores. Nesta perda de carga não está incluída a diferença de nível ao longo da linha
principal. Quando as condições topográficas impõem um grande desnível ao longo da linha principal,
faz-se necessário usar válvulas de controle de pressão ou registros no início das linhas laterais.

[  0,15  ou [  0,20 

Exercícios Propostos

(Dimensionamento de linha lateral em nível)

1) Dimensionar uma linha lateral, em nível, para as seguintes condições:


* Linha Lateral
Comprimento (L) = 180 m;
Material (Aço Zincado ) - C = 120;
* Aspersor
Espaçamento = 18 x 24 m;
Pressão de Serviço = 3 atm;
Vazão (q) = 3,45 m3/h.
Considerar m = 2 para o cálculo de F.
Solução:

Perda de Carga (Hf)

Hf = 20 % de PS ... Hf = 0,20 x 30 m = 6,0 mca.

Número de Aspersores por Lateral (N)

N = 180 m N = 10 aspersores
18 m

Fator de Correção para Lateral com 10 saídas (F)


1 1 √  1
Π4 4
 4 1 2  6 ?

78 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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1 1 √2  1
Π4 4
2 4 1 2 10 6 10?
F=0,385
Hf’= 6/0,385 = 15,60 mca.

Vazão no início da linha lateral (Ql) = 10 x 3,45 m3/h = 34,5 m3/h = 0,0096 m3/s
3600s/h
Equação de Hazen- Willians

D = [ 10,646 x ( Q )1,852 x L ] 0,205


Hf’ C

D = [ 10,646 x ( 0,0096 )1,852 x 180 ] 0,205


15,6 120

D = 0,075 m = 75 mm = 3 polegadas.

(Dimensionamento de linha lateral morro acima)

2) Dimensionar uma linha lateral com as mesmas condições do exemplo anterior,


porém com um aclive de 2,5 %.

∆Z = 2,5 % x 180 m ∆Z = 4,5 m


100

Hf = 0,20 x 30 m - 4,5 m Hf = 1,5 m

Hf’ = 1,5m Hf’ = 3,9 m


0,385

D = [ 10,646 x ( Q )1,852 x L ] 0,205


Hf’ C

D = [ 10,646 x ( 0,0096 )1,852 x 180 ] 0,205


3,90 120

D = 0,100 m = 100 mm = 4 polegadas.

(Dimensionamento da Linha Principal em função da Velocidade Média da água na tubulação)

3) Dimensionar a linha principal esquematizada na Figura 38, para as seguintes


condições: vazão por linha lateral de 6,0 l/s, linha principal de aço zincado com 360 metros de
comprimento.
• comprimento do trecho MB - (1) será de 120 metros e conduzirá uma vazão máxima
de 18 l/s (3 linhas); O trecho de (1) a (2) será também de 120 metros e conduzirá, no
máximo, a vazão de duas linhas laterais (12 l/s); e o trecho do ponto (2) ao ponto (3)
será também de 120 metros e conduzirá uma vazão de 6 l/s.
Sendo assim:

a) Trecho MB - (1)
L = 120 metros
Q = 18 l/s = 0,018 m3/s ... D = K x Q ..... D = 1. 0,018 D = 0,134 m
79 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada
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Portanto devemos analisar os diâmetros 100 mm, 125 mm e 150 mm.

Para D = 100 mm ... Temos V=4xQ ..... V = 4 x 0,018 ... V = 2,29 m/s
πxD2 πx (0,1)2

Procedendo-se da mesma maneira chegamos a:

Para D = 125 mm ...... V= 1,47 m/s *


Para D = 150 mm ....... V = 1,02 m/s

Portanto recomenda-se o diâmetro de 125 mm ( 5 polegadas).

b) Trecho (1) - (2)


L = 120 metros
Q = 12 l/s = 0,012 m3/s ... D = K x Q ..... D = 1. 0,012 D = 0,109 m

Portanto devemos analisar os diâmetros 75 mm, 100 mm e 125 mm.

Para D = 75 mm ... Temos V=4xQ ..... V = 4 x 0,012 ... V = 2,71 m/s


πxD2 πx (0,075)2

Procedendo-se da mesma maneira chegamos a:

Para D = 100 mm ...... V = 1,52 m/s *


Para D = 125 mm ....... V = 0,98 m/s

Portanto recomenda-se o diâmetro de 100 mm ( 4 polegadas).

c) Trecho (2) - (3)


L = 120 metros
Q = 6 l/s = 0,006 m3/s ... D = K x Q ..... D = 1. 0,006 D = 0,077 m

Portanto devemos analisar os diâmetros 50 mm, 75 mm e 100 mm.

Para D = 50 mm ... Temos


V=4xQ ..... V = 4 x 0,006 ... V = 3,00 m/s
πxD2 πx (0,05)2
Procedendo-se da mesma maneira chegamos a:

Para D = 75 mm ...... V= 1,36 m/s *


Para D = 100 mm ....... V = 0,76 m/s

Portanto recomenda-se o diâmetro de 75 mm ( 3 polegadas).

(Dimensionamento em Função da Perda de Carga Preestabelecida)

4) Dimensionar a linha principal, esquematizada na figura abaixo, para as seguintes


condições: aspersor com vazão de 0,62 l/s, pressão de serviço de 30 mca e espaçamento de 18 x
24 m; e linha principal em aço zincado com 288 m e morro acima, com desnível, ao longo da
principal de 2 m.

80 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Hf = 0,15 x PS = 0,15 x 30 = 4,5 m

Q = 8 asp x 0,62 l/s = 5 l/s

L = 288 m
1,852 0,205
D = [ 10,646 x ( Q ) xL ] MB
Hf C
8 Aspersores
D = [ 10,646 x ( 0,005 )1,852 x 288 ] 0,205
4,50 120

D = 0,083 m = 83 mm

Como os diâmetros comerciais encontrados


são 75 mm e 100 mm e o diâmetro calculado Croquis da Área Irrigada
situa-se entre eles, pode se aplicar parte da
linha principal com diâmetro de 100 mm e
parte com diâmetro de 75 mm.

Para determinar o comprimento de cada segmento tem-se:


100 mm
75 mm

L1, D1, J1 L2, D2, J2


L

L = L1 + L2 ............. Hf = L1 x J1 + L2 x J2

L1 = L - L2 ................
L2 = Hf - L x J1 onde:
J2 - J1
L = comprimento total da tubulação, em metros;
L1 = trecho da tubulação com maior diâmetro, em m;
L2 = trecho da tubulação com menor diâmetro, em m;
Hf = perda de carga permitida ao longo da linha, em m;
J1 = perda de carga unitária na parte de maior diâmetro, em m/m;
J2 = perda de caga unitária na parte de menor diâmetro em m/m.

J1 = 10,646 x (0,005 )1,852 ............. J1 = 0,0061 m/m


(0,1)4,87 120

J2 = 10,646 x ( 0,005 )1,852 ............. J2 = 0,0248 m/m


(0,075)4,87 120

L2 = 4,5 - 0,0061x 288 ............ L2 = 146,7 m ........... L1= 288 - 146,7


0,0248 - 0,0061
L1 = 141,3 m, como os tubos são de 6 metros temos: L1 = 144 m com tubos de 100
mm
L2 = 144 m com tubos de 75 mm.

81 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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5) Dimensionar a linha principal para o projeto esquematizado na figura abaixo


sendo:

Vazão da Linha Lateral = 4 l/s


Pressão de serviço do aspersor = 30 mca
Linha Principal em aço zincado - C = 120
Comprimento da Linha Principal = 384 m
L = 348 m C
Hf = 0,20 x PS
MB
Hf = 0,20 x 30 = 6 mca. A B
Aspersores

D=Kx Q onde:

J = 10,646 x ( Q )1,852
(D )4,87 C

Trecho Vazão do Trecho Diâmetro da Tub. Velocidade J(Perda


(l/s) (mm) (m/s) Unitária)
(m/m)
125 0,65
AB 8 l/s 100 1,01 0,0145
192 m 75 1,81
100 0,51
BC 4 l/s 75 0,90 0,0163
192 m 50 2,03

Para a vazão de 8 l/s = 0,008 m3/s no trecho AB, aplicando a equação de Bresse D = 0,008,
encontramos D = 0,090 m = 90 mm, por isso testamos os diâmetros 75, 100 e 125mm.

Para o Trecho BC, Q = 0,004 m3/s, encontramos D = 0,063 m = 63 mm, por isso testamos os
diâmetros de 100 mm, 75 mm e 50mm.

A perda de carga total será Hft = JAB x LAB + JBC x LBC = 192 x 0,0145 + 192 x 0,0163

Hft = 2,78 m + 3,13 m = 5,91 m que é inferior à perda de carga permitida de 6 mca, portanto os
diâmetros escolhidos satisfazem o critério de dimensionamento.

82 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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IRRIGAÇÃO LOCALIZADA

1. Conceito - São todas as Irrigações em que a água é aplicada diretamente sobre a


região radicular das plantas com pequena intensidade e alta freqüência.

2. Tipos

1) Gotejamento
2) Microaspersão
3) Tubos Perfurados ou Porosos (Mangueira Santeno)
4) Xique-xique
5) Cápsulas porosas, “Potejamento”

1- Gotejamento

Compreende todos os sistema de irrigação nos quais a água é aplicada ao solo, diretamente
sobre a região radicular das culturas, em pequena intensidade (1 a 10 litros/hora) porem com alta
freqüência (Truno de rega entre 1 e 4 dias) de modo que mantenha a umidade na zona radicular
próximo à “capacidade de campo”.

Meios de Aplicação da Água:

- Tubos Perfurados (pequenos orifícios)


- Pequenas peças denominadas gotejadores

Forma de Aplicação (“Ponto Fonte”)

- Superfície do solo com área molhada de forma circular


- O volume de solo molhado em forma de bulbo – Cebola
- Gotejadores muito próximos – forma faixa molhada contínua

Exigências
- Cabeçal de Controle (Controle de Parcelas)
- Filtragem da água para evitar entupimento dos gotejadores

2- Microaspersão
Neste sistema a água é aspergida de maneira localizada, através de microaspersores,
próximo ao sistema radicular das plantas, com baixa intensidade e alta freqüência.
Normalmente
- maior intensidade/ menor freqüência que o gotejamento
- menos entupimento no sistema (> vel. da água, < sedimentação)

3. Principais Vantagens da Irrigação Localizada


a) Maior eficiência de uso da água
b) Maior produtividade
c) Maior eficiência de adubação
d) Maior eficiência no controle fitossanitário
e) Adapta-se a diferentes tipos de solo e topografia
f) Problemas são amenizados com água salina e solo salino
g) Economia de mão de obra
h) Não há erosão horizontal ou vertical
i) Menor interferência do vento

83 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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4. Principais Desvantagens da Irrigação Localizada


a) Entupimento do sistema
b) Distribuição do sistema radicular (bulbo)
c) Necessita de operadores habilidosos (sofisticação)
d) Acúmulo de sais nos limites da frente de molhamento (bulbo) – e na superfície
do solo (evaporação) – perigo potencial de estes sais serem levados ao sistema
radicular da cultura, quando chove.

5. Componentes dos Sistemas de Irrigação Localizada


Em geral os sistema de irrigação localizada são fixos e constituídos das seguintes partes:
- Motobomba
- Cabeçal de controle
- Linha principal
- Válvulas (facultativas)
- Linhas de derivação
- Linhas laterais
- Gotejadores
- Microaspersores

Lago Cabeçal
MB De
Controle

Parcela Linhas de
Derivação

Linhas Laterais com Linhas


Gotejadores ou Laterais
Microaspersores
Válvula

Figura 29. Esquema de Um sistema de irrigação Localizada (Microaspersão ou Gotejamento)

Motobomba

O conjunto motobomba é um dos componentes de maior importância no método de


irrigação localizada.
- Mais utilizadas bombas centrífugas de eixo horizontal
- Água de poço – Bombas centrífugas de eixo vertical (Submerça)
- Motores - Elétrico ou Diesel
- Potencia absorvida pelo motor

\ [
 
75 . .e

onde:
Pm = potencia do motor, em CV;

84 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Q = vazão bombeada, em l s-1;


Hman = altura manométrica total, em mca;
Em = rendimento do motor, em decimal;
Eb = rendimento da bomba, em decimal.
A altura manométrica total (Hman) representa o aumento de pressão que a bomba deve
transmitir ao líquido.
[  [ 4 [ 4 [ 4 [ 4 [
onde:
Hs = altura geométrica de sucção, em m;
Hr = altura geométrica de recalque, em m;
Hc = perda de carga no cabeçal de controle, em mca;
Hf = perda de carga ao longo de toda a tubulação, em mca;
Hp = Pressão necessária no gotejador ou microaspersor, mca.
Obs.: Acrescentar 5% à Hman para compensar as perdas localizadas

Cabeçal de Controle

Recebe a água do conjunto motobomba e libera água filtrada, na pressão certa e na vazão
determinada para o funcionamento do sistema.
É composto de:
Medidores de vazão
Manômetros
Filtros
Tanques de Fertilizantes e Injetores
Sistema de controle de operação

Linha Principal

A linha principal conduz água da motobomba até as linhas de derivação.


Material utilizado na linha principal (normalmente)
- PVC rígido ou flexível
- Tubos galvanizados (aço zincado, alumínio etc)
- Tubos de fibrocimento

Linha de Derivação

A linha de derivação conduz água da linhas principal até as linhas laterais.


Material utilizado
- Tubos de polietileno flexível – superfície do Solo
- PVC rígido - quando enterrados
Início da linha de derivação – registros/válvulas controle de vazão

Linha Lateral

São linhas onde estão instalados os gotejadores ou microaspersores que aplicam água junto
às plantas.
Materiais:
- Tubos de polietileno flexível com diâmetro de 12 a 32 mm
Espaçamento ao longo da linha de derivação – função do espaçamento entre fileiras de
plantas.

85 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Espaçamento entre gotejadores/microaspersores – função do espaçamento entre plantas ao


longo da fileira e do tipo de planta a ser irrigada (algumas plantas - mais de um gotejador/aspersor
por cova)
Emissores

São dispositivos que possibilitam a distribuição do fluxo de água com vazão e freqüência
constante, na forma de gotas ou pequenos jatos.

1) Tipos de Emissores:
a) Gotejadores – libera água em gotas
b) Gotejador integrado – já vem intercalados na tubulação a espaços constantes
c) Tubos de emissão – Tubos perfurados ou tubos porosos
d) Difusores – distribui a água de forma circular (sem peças móveis)
e) Microaspersores – libera água de forma uniforme em uma pequena área circular,
dispondo de peças móveis para auxiliar na distribuição de água

2) Características necessárias aos emissores

- fornecer vazão uniforme e constante


- sofrer pequenas variações devido a condições extremas
- ter uniformidade de fabricação
- ser resistente a agressões químicas e ambientais
- causar pequenas perdas de carga na tubulação
- não sofrer alterações significativas com a temperatura
- ter baixo custo.

3) Classificação dos Emissores


a) Quanto ao número de pontos
- uma saída
- múltiplas saídas

b) Quanto à pressão de trabalho


- baixa pressão: 2 a 5 mca
- alta pressão de trabalho: 8 a 15 mca

c) Quanto à vazão do ponto de saída


- baixa vazão: < 4 l/h
- média vazão: < 4 a 10 l/h
- alta vazão: > 10 l/h.

d) Quanto à seção de saída


- seção estreita: < 0,8 mm
- seção média: 0,8 a 1,0 mm
- seção larga: > 1,0 mm

e) Quanto ao mecanismo de perda de pressão


- orifício
- vortéx
- de longa passagem
- autocompensante

86 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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Gotejadores

São peças conectadas às linhas laterais capazes de dissipar a pressão disponível na linha e
aplicar vazões pequenas e constantes.

- Vazão de 2 a 20 l/h e pressão de 5 a 30 mca

1) Tipos de Gotejadores

- de microtubos
- de longo percurso integrado
- tipo orifício de saída
- tubos perfurados
- microgotejadores (autocompensante)
* vazão de 4 l/h
* pressão variando de 5 a 30 mca.

2) Quanto à conexão na linha podem ser:

- conectados sobre a linha


- conectados na linha
- conectados no prolongamento da linha

Gotejador
Gotejador

b) Gotejador na linha
a) gotejador sobre alinha
Gotejador

Prolongamento

c) Gotejador integrado

d) Gotejador no prolongamento
Figura 30. Esquema mostrando a conexão dos gotejadores na linha lateral.

Microaspersores

Tem a mesma finalidade dos difusores, só que dispõe de peças móveis, possibilitando boa
distribuição de água mesmo para baixas vazões.
Vazão de 20 a 140 l/h e pressão de serviço de 5 a 30 mca.

6. Distribuição do Sistema no Campo

87 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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- Linhas de derivação no sentido da maior declividade


- Pequena variação de nível ao longo da linha lateral (curva de nível)
- Cabeçal – sempre que possível na parte mais elevada do terreno
- Pequeno comprimento da linha principal (Distancia entre CC e Sistema)
- Área subdividida em subáreas retangulares ou parcelas (se possível)

Ë função da cultura a ser irrigada:


- Espaçamento entre linhas
- Entre gotejadores/microaspersores na linha
- O tipo de emissor (vazão e localização)

7. Quantidade de Ägua Necessária

- Demanda evapotranspirométrica da cultura (período crítico)


- Turno de rega variando de 1 a 4 dias (pequeno)
- Manter a umidade na zona radicular próximo à cap. de campo

7.1 Evapotranspiração

Lâmina evaporada + tanspirada/dia em toda a área


Irrigação localizada não se molha toda a área irrigada


.(Š  .(
100

onde:
ETl = evapotranspiração média, na irrigação localizada, mm dia-1
ETc = evapotranspiração potencial da cultura, em mm dia-1
P = percentagem da área molhada em relação à área total irrigada
.(  .( / .(  .* / .(  .* / /
q
.(Š  / / .* >UU

7.2 Irrigação Real Necessária

Lâmina real de água a ser aplicada na irrigação

-+  .(Š (+

onde:
IRN = irrigação real necessária, em mm
ETl = evapotranspiração na irrigação localizada, mm dia-1
TR = Intervalo entre irrigações em dias (turno de rega)

Em volume por cova

*+  .(Š (+ )

onde:
VRN = volume real necessário, em l cova-1
Ac = área representada por cova, em m2

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Em irrigação localizada:

!!   
-+  '  ,
10 100
onde:
IRN – Irrigação real necessário, em mm
CC – Capacidade de Campo, % em peso
Pm – Ponto de murcha, % em peso
Da – Densidade do solo, em g cm-3
Z – Profundidade efetiva do sistema radicular da cultura, em cm
f – Fator de disponibilidade de água do solo (f <1)
P – Percentagem da área molhada em relação à área total irrigada

7.3 Irrigação Total Necessária

Lâmina total a ser aplicada por irrigação

-+
-(  ,  
.
onde;
Ea = eficiência de aplicação de água do sistema, em decimal

*+
*(  ,  Š=  
.

VTN = volume total a ser aplicado por cova em litro.

8. Tempo de Funcionamento por Posição

O tempo de funcionamento da irrigação em faixa ou por árvore é dado pela seguinte


equação:

–b— ’t ’˜
( ™
, para irrigação em faixa contínua.
ou
–b— š› sb—
(  ™  œ ™ , para irrigação por árvore.
onde:
T = tempo de irrigação por posição, em horas
ITN = irrigação total necessária, em mm
Sg = espaçamento entre gotej. ao longo da linha lateral, em m
Sl = espaçamento entre linhas laterais, em m
Ac = área representada por cada árvore, em m2
n = número de gotejadores por árvore
q = vazão do gotejador, em l/hora
VTN = volume total a ser aplicado por cova, em litros.

9. Número de Unidades Operacionais

O número de unidades operacionais (N) em que o projeto de irrigação deve ser dividido
pode ser determinado pela seguinte equação:
(+ 24
D
(
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Sendo N um número inteiro, em geral par.


Esta equação considera que o sistema funciona 24 horas por dia, caso o sistema funcione
menos que 24 horas por dia o número deve ser substituído na forma.

10. Vazão Necessária

A vazão necessária ao projeto de irrigação é determinada pela seguinte equação:

2,78 ) -(
\
 (
onde:
Q = vazão necessária ao projeto, em l s-1
A = área do projeto, em ha
ITN = irrigação total necessária, em mm
N = número de unidades operacionais em que o sistema for dividido
T = tempo de irrigação por posição, em horas
>U š –b—
ou \ — b
, em m3/h

11. Dimensionamento da Linha Lateral

- Linhas nas quais estão inseridos os gotejadores/microaspersores


- Geralmente tubos flexíveis de polietileno
- Diâmetros mais comuns 3/8”, ½”, 5/8”, e ¾”
- Instaladas na direção das curvas de nível
- Admite-se uma variação de vazão de 20% ao longo da L.L.
- Em regime laminar – 20% de variação na pressão = 20% na variação da vazão
- Perda de carga (pressão) ao longo da tubulação (H.W. ou D.W.) lisa, sem gotejadores/
microaspersores.

Equação de Hazen-Willians

\ >,€H?
v  1,21 10>U  ž ' 89,€J
!
onde:
J = perda de carga unitária, em m m-1
Q = vazão que passa na tubulação, em l s-1
C = coeficiente que depende da parede do tubo – 144 (Cipla)
D = diâmetro da tubulação, em mm

Perda de carga total na linha lateral (c/ got ./microasp.)


! >,€H?
∆[  v ] Œ  ž
!
onde:
∆H = perda de carga na linha lateral, em mca
J = perda de carga unitária em tubos lisos (D. da L.L.), m m-1
C= coeficiente de Hazen-Willians do tubo da linha lateral
Cg = coeficiente de Hazen-Willians da linha lateral c/ gotejador
F = Fator de Christiansen, para tubulação de múltiplas saídas
1 1 √  1
Π4 4
 4 1 2  6 ?
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onde:
N = número de gotejadores na linha lateral
m = coeficiente da velocidade da equação de perda de carga
(m=1,85 para H.W, m=2 para D.W. e m =1,9 para Scobey)
Valores de Cg variam entre 80 e 140, são menores que os valores de C e dependem do tipo
de gotejador, do diâmetro da linha lateral e do espaçamento entre gotejadores.

12. Dimensionamento da Linha de Derivação

- Linha na qual estão inseridas as linhas laterais


- Liga a linha principal com as linhas laterais
- Em geral usam-se tubos flexíveis de polietileno ou PVC rígido
- Dimensionamento idêntico ao das linhas laterais
- F é função do número de linhas laterais conectadas à derivação
- Perda de carga permitida = 10 % da pressão de serviço emissor
- Registros ou válvulas de controle de vazão/inicio da derivação
- São instaladas no sentido da maior declividade do terreno
- Pressão necessária no inicio da derivação é igual à soma da pressão necessária na linha
lateral, com a perda de carga e o desnível ao longo da linha de derivação.

- Perda de carga (pressão) ao longo da tubulação (H.W. ou D.W.) lisa, sem linhas laterais
conectadas.

Equação de Hazen-Willians
\ >,€H?
v  1,21 10 >U
 ž ' 89,€J
!
onde:
J = perda de carga unitária, em m m-1
Q = vazão que passa na tubulação, em l s-1
C = coeficiente que depende da parede do tubo – 144 (Cipla)
D = diâmetro da tubulação, em mm

Perda de carga total na linha de derivação


! >,€H?
∆[  v ] Œ  ž
!
onde:
∆H = perda de carga na linha lateral, em mca
J = perda de carga unitária em tubos lisos (D. da L.L.), m m-1
C= coeficiente de Hazen-Willians do tubo da linha lateral
Cg = coeficiente de Hazen-Willians da linha lateral c/ gotejador
F = Fator de Christiansen, para tubulação de múltiplas saídas
1 1 √  1
Π4 4
 4 1 2  6 ?

onde:
N = número de gotejadores na linha lateral
m = coeficiente da velocidade da equação de perda de carga
(m=1,85 para H.W, m=2 para D.W. e m =1,9 para Scobey)
Valores de Cg variam entre 80 e 140, são menores que os valores de C e dependem do
diâmetro da linha de derivação e do espaçamento entre linhas laterais.

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13. Dimensionamento da Linha Principal

- Faz conexão entre o Cabeçal de Controle e linha de derivação


- Pode-se usar qualquer material, fibrocimento, ferro, aço zincado, alumínio, PVC e
polietileno.
- O dimensionamento pode seguir três critérios:
1 – Baseado na velocidade média permitida na linha (1 a 2,5 m/s)
2 – Baseado na perda de carga pré-estabelecida (15 a 20 % da Pressão de Serviço dos
Emissores) entre 1a. e última derivação)
3 – Baseado na análise econômica

Por ser o mais simples adotaremos aqui o primeiro critério

Este critério baseia-se na determinação dos diâmetros dos diferentes trechos da linha
principal, de modo que a velocidade média em cada trecho fique entre 1,0 e 2,5 m/s.
Nesse método para determinar o diâmetro aproximado utiliza-se a fórmula de Bresse.

'  / •\

onde:
Q = vazão a ser conduzida no trecho, em m3 s-1;
K = Coeficiente variável entre 0,75 e 1,40;
D = Diâmetro da tubulação, em metros.
Quando escolhemos o valor K igual a 1,0, estamos fixando a velocidade em 1,27 m/s
(Tab. Manual de Irrigação, Bernardo et al. 2006).

Para o cálculo da velocidade utiliza-se a equação da continuidade.


w 9 w
* ou *
’ ~ { _

onde:
V = velocidade da água na tubulação, em m s-1;
Q = vazão da linha principal, em m3 s-1;
D = diâmetro da tubulação, em m.

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GABARITO COM AS RESPOSTAS DOS


EXERCÍCIOS PROPOSTOS

Número do Alternativas
Exercício Proposto a b c d e
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24

93 Apostila: Noções Básicas de Irrigação – Aspersão e Localizada


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Editora UFV, 2006, 625 p.

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CHRISTOFIDIS, D. Irrigação, a fronteira hídrica na produção de alimentos, Revista ITEM, Brasília, no. 54, p. 46-55,
2o. trimestre 2002.

CHRISTOFIDIS, D. Água irrigação e segurança alimentar, Revista ITEM, Brasília, no. 77, p. 16-21, 1o. trimestre 2008.

DAKER, A. Irrigação e drenagem, 7a. ed. Rio de Janeiro, Livraria Freitas Bastos, S. A , 1987. 453p. (A água na
agricultura, 3)

DAKER, A. Hidráulica aplicada à agricultura, 7a. ed. Rio de Janeiro, Livraria Freitas Bastos, S.A , 1987. 316 p. (A
água na agricultura, 1)

DAKER, A. Captação elevação e melhoramento da água, 7a. ed. Rio de Janeiro, Livraria Freitas Bastos S. A ,
1987. 408 p. (A água na agricultura, 2)

HAGAN, R.M., HAISE, H.R. EDMINSTER, T.W., Irrigation of agricultural lends, American Society of Agronomy,
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ISRAELSEN, D. W., HANSEN, V.E. Irrigation principles and practices, 3a. ed. N. York: John Wiley and Sons, 1967.
447 p.

LEOPOLDO, P. R. Bombeamento para irrigação, ABEAS, Brasília, 1990, 82p. (Curso de Engenharia de Irrigação -
Módulo 09)

RAMOS, M. M. Hidráulica aplicada à irrigação e drenagem, ABEAS, Viçosa - UFV, 1998. 140p. (Curso de
Engenharia e Manejo de Irrigação - Módulo 1)

REICHARDT, K. A água na produção agrícola. São Paulo, McGraw-Hill do Brasil, 1978. 121p.

REICHARDT, K. Processos de transferência no sistema solo-planta-atmosfera, 4a. edição, Campinas, Fundação


Cargill, 1985, 466 p.

SEDIYAMA, G. C. Evapotranspiração: necessidade de água para as plantas cultivadas, ABEAS, Viçosa - UFV,
1996. 181 p. (Curso de Engenharia e Manejo de Irrigação)

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TUBELIS, A. Aspectos climáticos e hidrológicos, ABEAS, Brasília- DF, 1990. 88 p. (Curso de Engenharia e Manejo
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CODEVASF, 1990. 300 p.

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